A VIOLÊNCIA DE GÊNERO E A MASCULINIDADE 1 – GÊNERO: CATEGORIA ESTRUTURANTE Gênero Diferenças culturais entre os sexos, Rejeição ao determinismo biológico implícito nos termos sexo e diferenças sexuais Constitutivo das relações sociais ancoradas nas diferenças percebidas entre os sexos Primeiro campo no qual ou através dele o poder se articula Naturalização do gênero pode ser uma faceta da violência Violência de gênero: violência cultural violência simbólica. dominação, opressão e crueldade nas relações entre homens e mulheres atravessa classes sociais, raças, etnias e faixas etárias praticada por homens contra mulheres, por mulheres contra homens, entre homens e entre mulheres Eixos da relação violência-gênero Vítimas autores da violência/mulheres homens. Violência construção das identidades masculinas e femininas Masculinidade e Violência A masculinidade = conjunto de atributos, valores, funções e condutas que se espera que um homem tenha numa determinada cultura modelo de masculinidade hegemônica Dominação Heterossexualidade aquisição das atribuições masculinas costuma se caracterizar por um processo violento, sendo a violência fundante da própria masculinidade Violência entre homens e mulheres pode ser compreendida a partir da: oposição estabelecida entre o feminino e o masculino; organização social expressa em uma divisão moral na qual a força e a honra dos homens e a vergonha das mulheres são qualidades morais importantes; defesa da dupla moral sexual e a importância conferida ao controle da sexualidade feminina em oposição à ênfase na virilidade. Padrão da masculinidade Adoção por parte dos homens de comportamentos de risco, transformando-os nas principais vítimas da mortalidade por causas externas Dominação física ou simbolicamente sobre as mulheres Falas da Violência “O jovem, ele não sabe direito o que quer e [como] alcançar os objetivos deles, então muitas vezes ele encara a violência como a melhor forma de subir na vida e em alguma coisa” (Roberto, 16 anos). “[O jovem] vê que um homem adulto ta fazendo e acaba se baseando naquilo. Porque o adulto de alguma forma é referência pro jovem (...) quase sempre o jovem é reflexo do homem adulto” (Romário, 16 anos). Falas da Violência “Eu acho que tudo isso vem da sociedade, a violência é gerada mais pelo homem, por causa que a gente vê aqui dentro [comunidade], muita facção, falando de facção, isso gera muita violência porque (...) o homem, a violência só o homem causa” [e a mulher, não causa violência?] Se ela causa é em resposta ao homem, ela dá o troco, mas geralmente quem começou foi o homem” (Ricardo, 17 anos). Falas da Violência “Bem, é que tem algumas pessoas que acham que pra ser homem tem que ser violento. Ah! Homem é quando dá porrada, quando faz isso , quando faz aquilo e eu acho que não, eu já acho diferente” (Rico, 16 anos). Considerações Finais É importante não cristalizar a relação masculinidade-violência, mas ver também a violência como expressão de insegurança masculina ou como a não atualização de um padrão hegemônico de masculinidade. É importante levar em conta outros referenciais identitários, tais como: classe, geração/idade, raça/etnia, entre outros. Considerações Finais Apesar da constatação que a violência é marca identitária da masculinidade hegemônica, vale dizer que não se deve fixar estereótipos: o homem como eterno agressor e a mulher como vítima. A construção da masculinidade como fator da violência prejudica tanto a mulher quanto os homens. Considerações Finais No cenário da dominação masculina, as vítimas não são apenas as mulheres. Nele, os homens também estão aprisionados, sem que se percebam como vítimas da representação dominante. Assim, o que é tido como um privilégio masculino também pode ser uma cilada, fazendo com que o ser masculino, em tensão e contensão permanentes, seja a todo o momento testado em situações em que virilidade e violência se mesclam.