INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA KELLY ARAÚJO FERREIRA KRAUZER PROJETO ESCOLAR DE BOTÂNICA SOB A PERSPECTIVA DA ABORDAGEM CTSA: UMA ESTRATÉGIA PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA NO ENSINO MÉDIO Vitória 2014 KELLY ARAÚJO FERREIRA KRAUZER PROJETO ESCOLAR DE BOTÂNICA SOB A PERSPECTIVA DA ABORDAGEM CTSA: UMA ESTRATÉGIA PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA NO ENSINO MÉDIO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação, em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação, em Ciências e Matemática. Orientadora: Prof. Dra. Manuella Villar Amado Vitória 2014 (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo) K91p Krauzer, Kelly Araújo Ferreira. Projeto escolar de botânica sob a perspectiva da abordagem CSTA: uma estratégia para promover a aprendizagem significativa crítica no ensino médio / Kelly Araújo Ferreira Krauzer. – 2014. 116f.: il. ; 30 cm Orientador: Manuella Villar Amado. Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática. 1. Ciência – Estudo e ensino. 2. Educação ambiental. 3. Plantas. 4. Didática (Ensino médio). I. Amado, Manuella Villar. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título. CDD: 507 Meu amor, a meu companheiro, familiares, amigos, alunos e colegas de profissão. AGRADECIMENTOS Ao meu pai Evandro de Aguiar Ferreira, a minha mãe Rita de Cássia Antunes Araújo e a minha avó Dilma Antunes Araújo, que sempre acreditaram nas minhas escolhas por mais difíceis que pudessem parecer. Aos familiares que sempre me incentivaram a estudar, apesar de todas as dificuldades e todos os momentos de ausência durante o mergulho nos estudos. Ao meu amado Rúdio Krauzer, pela compreensão, amor e companheirismo em todos os momentos. Aos meus alunos e colegas de trabalho pela colaboração e parceria e em todo processo de pesquisa. Aos meus amigos por tornarem as dificuldades uma graça e a persistência uma companheira constante. Aos parceiros do grupo de pesquisa que aproximam da realidade as possibilidades que transitam no mundo das ideias. Aos professores por me orientarem na formação como pesquisadora, em especial a minha orientadora Manuella Villar Amado, por me conduzir pelos caminhos da pesquisa com questionamento, firmeza, criatividade e ousadia. Se tivermos que esperar, que seja para acolher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos de solidariedade e de amizade. (Cora Coralina) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA RESUMO Considerando a forte relação que as plantas têm com as pessoas e a dificuldade de encontrar materiais didáticos que contribuam para a aprendizagem dos alunos sobre esse tema, o objetivo do trabalho foi investigar as contribuições de um projeto pedagógico multidisciplinar em uma escola pública de Ensino Médio, localizada no município de Serra, a fim de promover a alfabetização científica, contribuir para a aprendizagem significativa crítica e para a formação de um aluno capaz de relacionar os impactos da ciência, tecnologia, na sociedade e no ambiente. A pesquisa foi desenvolvida com abordagem qualitativa, aplicação de questionários, de registros por meio de diário de bordo, mapas conceituais e relatório de atividades dos alunos. Todos os dados produzidos foram organizados em categorias seguindo as orientações de Bardin. A análise dos dados resultante da elaboração do projeto escolar, ocorreu a partir de pressupostos da abordagem CTSA proposta por Fernandes, Pires e Villamañan. Os relatórios das práticas experimentais dos alunos forneceram dados para análise da alfabetização científica embasadas em Fourez. Os mapas conceituais criados pelos alunos antes e após a finalização do projeto foram comparados e analisados com base nos pressupostos da Aprendizagem Significativa Crítica, reiterada por Marco Antônio Moreira, a partir da Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, segundo técnica de Trindade e Hartwing. Os resultados obtidos indicam que a realização do projeto pedagógico contribuiu para o Ensino de Ciências por meio da produção de material didático, além de auxiliar na formação de aluno crítico para as demandas que envolvem o tema plantas. Como produto final foi desenvolvido um Guia Didático para professores sobre projeto pedagógico para Ensino de Botânica. Palavras-chave: Metodologia de Projetos. Escola pública. Abordagem CTSA. Ensino de Botânica. Aprendizagem Significativa Crítica. Alfabetização Científica. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ABSTRACT Considering the strong connection that plants have with people and the difficult of find teacher’s materials that contribute to students learning about plants, the objetive this work was to investigate the contributions of a multidisciplinary education project in a public high school, located of Serra- ES, to promote scientific literacy, contribute to meaningful critical learning and the formation of a student can relate the impacts of science and technology in society and environment. The search is qualitative. The gathering database used questionnaires, records book, concept maps and students experimental practices. The databases produced were organized into categories following of Bardin. The analysis of the school project, occurred from the assumptions CTSA proposed by Fernandes, Pires and Villamanãn. The student’s reports of experimental practices were analysed based on scientific literacy by Fourez. Student’s concept maps were comparate before and after the school projects and analyzed based on the technique of the Trindade and Harting based in Theory by David Ausubel. The results indicate that pedagogical project contribute to the science education because the production of education materials beside assist formation critical students. The final product this work was a didactic guide for teachers of Botany. Keywords: Pedagogical Project. Public school. CTSA. Teaching Botany. Meaningful Learning Critical. Scientific literacy. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Jornal escolar de botânica ................................................................ 55 Figura 2- Experimento da pilha de batata ........................................................ 57 Figura 3- Experimento com óleo de cravo ....................................................... 58 Figura 4- Piquenique saudável ......................................................................... 60 Figura 5- Pintura com pigmentos vegetais ....................................................... 62 Figura 6- Confecção de moléculas orgânicas .................................................. 63 Figura 7- Exibição de vídeo .............................................................................. 64 Figura 8- Mapa conceitual elaborado por aluno 1 ............................................ 88 Figura 9- Mapa conceitual elaborado por aluno 2 ............................................ 93 Figura10- Mapa conceitual elaborado por aluno 3 ............................................ 97 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Resumos dos dados a partir dos instrumentos de coleta .............. 38 Quadro 2- Resumo das atividades do projeto pedagógico e sua relação coma diretriz curricular estadual ................................................... Quadro 3- Temas com enfoque CTSA utilizados nas pesquisas orientadas e a relação com conteúdos de botânica ....................................... Quadro 4- Lista de experimentos realizados pelos alunos ............................ Quadro 5- Quadro dos instrumentos de análise dos pressupostos CTSA segundo Fernandes, Pires e Vilamanan (2013) ........................... Quadro 6- Quadro dos indicadores dos pressupostos CTSA presente nas atividades doprojeto pedagógico .................................................. Quadro 7- Quadro das práticas experimentais realizadas pelos alunos ........ Quadro 8- Quadro resumo dos procedimentos metodológicos das práticas experimentais ................................................................................ Quadro 9- Quadro das habilidades necessárias à alfabetização científica ... Quadro10- Quadro de orientações dos Moreira para construção de mapas conceituais .................................................................................... Quadro11- Quadro12- Quadro13- Quadro das categorias dos conhecimentos prévios dos alunos sobre plantas ................................................................................ Quadro das categorias dos conhecimentos dos alunos sobre as plantas no final do projeto pedagógico ......................................... Quadro sobre a análise da aprendizagem significativa dos alunos pós projeto pedagógico ..................................................... 49 53 56 66 68 72 73 76 86 89 95 95 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Faixa etária dos sujeitos da pesquisa ........................................... 44 Gráfico 2- Ocupação dos sujeitos da pesquisa ............................................. 45 Gráfico 3- Preferência das disciplinas escolares pelos sujeitos da pesquisa. 45 Gráfico 4- Horas dedicadas ao estudo dos sujeitos envolvidos na pesquisa. 46 Gráfico 5- Preferência por área de estudo na graduação ............................ 46 Gráfico 6- Acesso a tecnologia ...................................................................... 47 Gráfico 7- Acesso a internet .......................................................................... 47 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................... 19 2.1 O ENSINO DE CIENCIAS E ASPECTOS DE BOTÂNICA ................... 19 2.2 ENSINO POR PROJETOS ................................................................... 23 2.3 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA ....................................... 25 2.4 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COM ENFOQUE CTSA ..................... 31 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................ 34 3.1 O ESTUDO ........................................................................................... 34 3.2 LOCAL DA PESQUISA ......................................................................... 36 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA ................................................................... 36 3.4 PROJETO ESCOLAR ........................................................................... 36 3.5 LIMITES DA PESQUISA ....................................................................... 39 3.6 CATEGORIAS DE ANÁLISE E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA ........ 39 4 O CONTEXTO DA PESQUISA ............................................................. 40 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR .................................... 40 5 DIAGNÓSTICO DOS SUJEITOS DA PESQUISA ............................... 6 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO 44 SOBRE PLANTAS MEDICINAIS COM ENFOQUE CTSA................................. 49 6.1 PESQUISA ORIENTADA SOBRE CONTEÚDOS DE BOTÂNICA........ 52 6.2 PRODUÇÃO DE JORNAL DE BOTÂNICA ........................................... 54 6.3 PRÁTICAS EXPERIMENTAIS ............................................................. 56 6.4 AULA EM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: JARDIM BOTÂNICO DE SERRA ........................................................................ 58 6.5 PIQUENIQUE SAUDÁVEL ................................................................... 59 6.6 ESTUDO ETNOBOTÂNICO ................................................................. 61 6.7 ARTESANATO POR MEIO DA BOTÂNICA ......................................... 61 6.8 CONFECÇÃO DE MOLÉCULAS ORGÂNICAS ................................... 63 6.9 PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE BENZEDEIRAS ............. 64 6.10 EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS DE BOTÂNICA ................................ 65 7 ANÁLISE PEDAGÓGICA DO PROJETO ESCOLAR COM ENFOQUE CTSA ................................................................................. 66 8 AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EXPERIMENTAIS .......................................... 71 9 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA POR MEIO DOS MAPAS CONCEITUAIS..................................................... 85 10 PRODUTO FINAL ................................................................................. 99 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 100 REFERÊNCIAS...................................................................................... 102 APENDICES........................................................................................... 111 APENDICE A ......................................................................................... 112 Autorização da realização da pesquisa na escola ................................ 112 APENDICE B ......................................................................................... 113 Termo De Consetimento Livre e Esclarecido ........................................ 113 APENDICE C ........................................................................................ 114 Questionário diagnóstico dos sujeitos da pesquisa .............................. 114 APENDICE D ........................................................................................ 116 Capa do produto final ............................................................................ 116 APENDICE E ........................................................................................................... 117 Capa do informativo sobre plantas medicinais do estudo etnobotânico........................................................................................... 117 15 1 INTRODUÇÃO O mundo atual exige pessoas com diferentes conhecimentos que podem ser estimulados a partir da reflexão, discussão e explicação de situações do cotidiano (CACHAPUZ, 2011; CARVALHO, 2004; NARDI,1998).Para incitar esse processo de reflexão sobre os diversos conhecimentos numa formação crítica é necessária a criação de uma nova cultura científica, cultura aqui compreendida a partir de Geertz (1989) como um conjunto de formas simbólicas publicamente acessíveis e compartilhadas na sociedade. Porto (2011) afirma que o termo cultura, pode redimensionar-se através da história, mas que há entre essas linhas de pensamentos, uma conexão relativa à compreensão da mesma, como a construção de um saber coletivo, produzido por processos cognitivos e comunicativos, diferenciados em função de como os indivíduos, definem a realidade. Nesse contexto, Porto (2011) defende que a cultura científica, visa contribuir para além de melhorar conhecimentos dos conteúdos da ciência, como também das condições históricas, sociais e culturais, enfatizando a integração desse conhecimento ao conhecimento tecnológico e das competências a eles associados no exercício ativo da cidadania. E para alcançar esse caráter sócio cultural, algumas ações são importantes, como a transposição da linguagem científica específica para uma linguagem acessível; o recorte de informações que se deseja informar; busca de tramas e redes interdisciplinares para produzir a reforma dos paradigmas da ciência; e consideração dos campos científicos como uma instituição culturalmente construída no contexto social, político e econômico (PORTO, 2011). Nesta ótica, Vogt (2011) afirma que de alguma forma, todos reconhecem que a ciência contribui para a qualidade de vida do planeta, mesmo que não estejam cônscios de que seu acesso e benefício não estão destinados a todas as pessoas, e destaca que buscar a qualidade de vida com o auxílio da ciência e de suas aplicações é orientar para o bem estar social e cultural das populações. 16 Diante do exposto, é necessário repensar o papel da ciência na escola, para que possibilite a cultura científica, pois, apesar da escola ser um espaço propício para vivenciar a ciência, a sua prática como cultura depende da escolha das melhores estratégias que possibilitem alcançar o maior número de pessoas e estimulá-las a participar na construção do conhecimento científico. Entretanto, quando se avalia o ensino de ciências atualmente no Brasil, é notável que o perfil de trabalho de sala de aula está rigorosamente marcado por um ensino tradicional com memorização, descontextualização e ausência de articulação com as demais disciplinas do currículo (TEIXEIRA, 2003).Assim, vislumbra-se um quadro retrógrado, em que é necessário buscar alternativas para alterar o rumo da ciência que é ensinada nessas escolas. Para Chassot (2003), a alfabetização científica pode ser considerada como uma das dimensões para potencializar uma educação mais comprometida, pois as pessoas alfabetizadas cientificamente tendem a ler o mundo natural e a entender as necessidades de transformação da natureza em algo para melhorar a vida na Terra, já que percebem que novas descobertas tecnológicas e científicas podem proporcionar a melhora da vida ou podem ser altamente nocivas para a sobrevivência, se não forem bem aplicadas. Outro aspecto que precisa ser considerado, a fim de alcançar uma nova dimensão para o ensino de ciências, perpassa pela reflexão sobre o papel da ciência e da tecnologia e seus impactos na sociedade e no ambiente, apontado por Santos e Mortimer (2002) como uma possibilidade que traz questões importantes para a formação do cidadão e que precisam ser incorporadas nos currículos escolares. Essa concepção de cidadania também é considerada por Santos (2011) que afirma que os problemas ambientais gerados pelo cenário sócio econômico incitaram o surgimento de um movimento contrário a essa lógica, o movimento CTSA, que mais tarde impactou e contribuiu para a educação em ciências na perspectiva de formação para a cidadania. 17 Considerando que o Movimento CTSA, no ensino de ciências, advoga sobre a necessidade de utilização de metodologias pedagógicas diferenciadas, foi utilizado, nesta pesquisa, um projeto pedagógico sobre conteúdos de botânica como uma proposta de formação para a cidadania por meio da alfabetização científica e promoção da aprendizagem significativa crítica dos alunos. Logo, a presente pesquisa tem como objetivo geral: Investigar as contribuições de um projeto pedagógico multidisciplinar sobre botânica em uma escola pública de Ensino Médio com vistas a promover a alfabetização científica e a contribuir para a aprendizagem significativa crítica. Os objetivos específicos foram: I. Avaliar o projeto pedagógico multidisciplinar sobre botânica com enfoque CTSA como estratégia de promover a alfabetização científica. II. Avaliar a aprendizagem significativa crítica de conceitos de botânica no ensino médio, tendo em vista a Teoria da Aprendizagem Significativa. III. Avaliar a alfabetização científica por meio de uma atividade do projeto escolar sobre botânica com enfoque CTSA. IV. Elaborar um guia didático para professores do Ensino Médio, para implantação de projeto pedagógico sobre botânica com abordagem CTSA, com finalidade de atuar no aprimoramento da percepção ambiental dos estudantes, na valorização dos saberes populares e na condução de uma aprendizagem significativa crítica. A escolha do conteúdo Botânica como tema do projeto justifica-se como um enfrentamento para os problemas encontrados para o ensino desse conteúdo da área de ciências, a fim de contribuir para a aprendizagem do aluno. 18 Alguns problemas para o ensino desse conteúdo foram apontados por Ramos e Silva (2013), são eles: complexidade dos conteúdos; a falta de domínio dos professores para tratar o tema; o pouco tempo destinado ao ensino da temática; a diversidade das terminologias da área que se distanciam da realidade dos alunos; os aspectos limitantes no livro didático e as metodologias de ensinos. Assim, nesta pesquisa, temos o conteúdo de botânica sendo trabalhado por meio da metodologia de projetos e dos pressupostos do movimento CTSA, buscando a aprendizagem significativa crítica dos alunos. Em relação a esse tipo de aprendizagem foram analisados aspectos relacionados ao conhecimento prévio dos alunos, que é considerado a variável que mais influencia a aprendizagem, e também outros pontos específicos como a diferenciação progressiva, a reconciliação integradora, a utilização de estratégias diferenciadas, a organização sequencial e a consolidação, que estão inseridas nas teorias da Aprendizagem Significativa (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980). Neste contexto, para melhor compreensão deste trabalho, procuramos organizar os capítulos da seguinte maneira: no capítulo 2 apresenta-se a fundamentação teórica; no capítulo 3 a descrição do percurso metodológico; no capítulo 4 o contexto da escola; no capítulo 5, o diagnóstico dos sujeitos da pesquisa; no capítulo 6 a implementação do projeto pedagógico na escola; no capítulo 7 a análise da alfabetização científica; no capítulo 8 análise dos mapas conceituais; no capítulo 9, uma breve descrição do produto final e no capítulo 10 as considerações finais. 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O ENSINO DE CIÊNCIAS E ASPECTOS DO ENSINO DE BOTÂNICA. Alguns autores como Libâneo (1986), Saviani (2008), e Freire (1987) demonstraram, em seus trabalhos, a importância de pensar em uma escola pública que possa ser frequentada por muitas pessoas e que seja produzida nela conhecimentos de qualidade. Considerando esses pressupostos, o ensino de ciências adquire um caráter mais amplo que a transmissão do conhecimento científico, o que para Cachapuz e colaboradores (2011) é ir além da habitual transmissão de conhecimentos científicos no ensino e tornar a aprendizagem de ciências uma aventura potencializadora do espírito crítico. Sendo assim, a prática científica e tecnológica tem importância política considerável, e sua compreensão cria uma nova cultura de base, como afirma Vale (1998), apontando que os objetivos da educação científica são ensinar ciência de modo significativo, atendendo a todos, colocar os conteúdos a serem trabalhados em prática social e criar condições para a formação científica além do senso comum. Neste sentido, Cachapuz, Praia e Jorge (2004), destacam que, numa cultura científica e tecnológica, os saberes e as disciplinas devem ser aprendidos de forma diferenciada e não por meio de princípios isolados centrados na estrutura lógica das disciplinas. Assim, a aprendizagem em ciências não é concebida apenas como uma mudança nos conceitos, mas na participação do aluno, na construção ou reconstrução do conhecimento científico, favorecendo uma aprendizagem mais significante; para isso, é preciso também superar a fragmentação dos conteúdos e caminhar para a complexidade, como afirma Morin (2004). 20 Ainda para Morin (2003), o conhecimento pertinente é capaz de situar qualquer informação ao seu contexto e, se possível, no conjunto em que está inscrito. Pode-se dizer, então, que um conhecimento pertinente em ciências capacita o indivíduo a compreender o mundo ao seu redor e proporciona sua intervenção nele, corroborando com abordagens interdisciplinares que auxiliam a promoção de uma cultura científica. Um ensino com uma finalidade cultural mais ampla tem como objetivo a democracia e a moral que advém da tomada de decisões críticas sobre o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade (CARVALHO, 2004). Entretanto, vale ressaltar que, mesmo com objetivos de conteúdos com mais amplitude, a aprendizagem dos conceitos científicos não deve ser aleatória, deve estar fundamentada e organizada de forma que o ensino possa harmonizar as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais e, além de debater, justificar ideias, aplicar o conhecimento a situações novas, usando os conhecimentos teóricos e matemáticos (AZEVEDO, 2004). Dessa forma, para alcançar esse tipo de aprendizagem, é preciso que esses conteúdos estejam inseridos nas atividades investigativas, entendidas aqui como problemas a serem resolvidos com a participação argumentativa do aluno, levantamento de hipóteses, busca de soluções, por meio de diversidade de atividades colaborativas e relacionadas a diversos tipos de conhecimento (AZEVEDO, 2004). Pode-se perceber, então, que no ensino de ciências atual, o aluno necessita sair da postura passiva, para elaborar ideias e desenvolver habilidades. O currículo precisa apresentar-se de forma menos fragmentada, as metodologias precisam ser diversificadas e a escola deve torna-se um espaço de complexidade em que o professor é um mediador entre os diferentes saberes. Dentro desse contexto, ao considerar os parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio (2002), o ensino de botânica está inserido dentro de uma perspectiva que focalize a diversidade ecológica, dentro da escala evolutiva; propicie conhecimento sobre as funções básicas dos vegetais realizadas pelos seus órgãos e 21 sistemas; as possibilidades de adaptações a diversos meios; a relação com outros seres vivos e com o ambiente; noções de citologia que envolva funções vitais como, por exemplo, a fotossíntese; relações com outras áreas de conhecimento como física e química. Além disso, nos aspectos que envolvem aas intenções formativas da pessoa os parâmetros orientam que o ensino de ciências da natureza contemple a prática de procedimentos e atitudes com o desenvolvimento de posturas e valores pertinentes as relações entre os seres vivos e o ambiente, contribuindo para a formação cidadã, solidária, consciente, capaz de realizar ações práticas e de fazer julgamentos e de tomar decisões (BRASIL, 2002). Ao considerar as diretrizes curriculares do estado do Espírito Santo, o ensino de botânica está inserido dentro do eixo temático diversidade da vida, o desafio da classificação biológica e a biologia da vida. Esse eixo tem como objetivo de desenvolver a habilidade de caracterizar a diversidade biológica relacionada com a evolução dos seres vivos no planeta; estudar e comparar a anatomia e fisiologia dos seres vivos; analisar a distribuição geográfica da vida, refletindo sobre a diversidade biológica (ESPÍRITO SANTO, 2009). Além disso, a diretriz aponta para que os conteúdos sejam abordados dentro da perspectiva de desenvolvimento da competência de compreender o conhecimento sociocultural e socioambiental como construção humana nos aspectos históricos, sociais, econômicos, políticos, contribuindo para formação de pessoas participantes, ativas conscientes, éticas, críticas (ESPÍRITO SANTO, 2009). Mesmo considerando todas essa orientações do currículo nacional e estadual o ensino de botânica se apresenta no enfrentamento de dificuldades, como apontam Ramos e Silva (2013) que destacam o pouco tempo destinado ao ensino dessa temática, a diversidade de terminologias presente no conteúdo e as metodologias de ensino. 22 Considerando o último caso das metodologias, alguns trabalhos foram produzidos a fim de diminuir esse problema, como se observa em Cicillini (1997), que exemplifica sua prática por meio do conteúdo de botânica evolutiva; Martins e Braga (1999) que demonstram outras possibilidades didáticas diante de um ensino tradicional e Silva e Cavassan (2005) demonstram estudos sobre a influência da imagem para ensinar Botânica. Ainda dentro dessa mesma perspectiva de mudanças, os trabalhos de Seniciato e Cavassan (2008), apontam a necessidade de afetividade e motivação na construção de conhecimentos científicos; e Gullich (2003) destaca o ensino de Botânica do ponto de vista da história e do currículo. Todas as possibilidades apresentadas por esses autores enfatizam um ensino de botânica em que o professor tem alternativas diferenciadas para que a aula seja mais interessante, nitidamente percebido no manual de Santos e Ceccantini (2004), que descrevem atividades práticas a serem usadas em aulas no Ensino Fundamental e Médio. Apesar desses exemplos pelo Brasil, Guimarães e Santos (2011) fizeram uma descrição dos materiais produzidos para educação básica e demonstram que alguns materiais não são pedagogicamente adequados. Santos, Rodrigues e Pereira (2010) afirmam, em suas pesquisas, que é preciso adaptar esses materiais para outros públicos, como fizeram, descrevendo uma proposta para o ensino de Botânica na Educação de Jovens e Adultos. Além dos problemas citados o ensino de botânica ainda existe uma dificuldade própria dessa área da biologia relacionadas as terminologias e a taxonomia das espécies. Nesse caso, alguns autores como Raven (2008) e Joly (1998), auxiliam no trabalho docente a fim de esclarecer uma tendência para utilização de nomenclatura biológica. Em relação a pesquisa para os alunos, dentro dessa mesma perspectiva de diminuir a dificuldade de compreensão da classificação biológica e também da anatomia e fisiologia vegetal, autores como Lopes e Rosso (2013) e Silva outros (2013) estão disponíveis nas escolas públicas para pesquisa. 23 Dessa forma este trabalho, representa uma nova proposta didática com intuito de superar problemas enfrentados atualmente no ensino de botânica, considerando os aspectos de anatomia, fisiologia e classificação biológica designada pela biologia; além de aspectos de promoção da cultura científica por meio de um enfoque que valorize os conhecimentos populares, promova a criticidade e a sustentabilidade, que valorize a história da ciência e que promova a reflexão do uso da ciência e tecnologia em benefício socioambiental. 2.2 ENSINO POR PROJETOS Foi no contexto brasileiro do ideário do movimento da Escola Nova que se abriram os caminhos para a proposta de ensino por projetos com o objetivo de superar a educação por transmissão de conteúdos descontextualizados para o aluno, de maneira que este possa interagir com o objeto de conhecimento e se envolver com seu processo de aprendizagem (GIROTO, 2003). Atualmente, essa alternativa didática recebe denominações variadas como projetos de trabalho, metodologia de projetos, metodologia de aprendizagem por projetos e pedagogia de projetos, que tem como principal difusor de informações a respeito do tema, Fernando Hernández. Hernandez (1998) afirma que o trabalho com projetos significa dar um novo sentido ao processo de aprender e de ensinar, que devem estar voltado para ações concretas, partindo da necessidade do aluno de resolver problemas da sua realidade e para uma prática social que pode ser adaptada ao contexto escolar por meio de exposições, maquetes, música, dança, trabalhos artísticos, artesanatos, passeios e outros. A importância de repensar metodologias diferenciadas foi de extrema importância para romper com o modelo tradicional da educação, mas Hernandez (1998) afirma que existem diferentes visões com variações de contexto e conteúdo, por isso devese ter cuidado ao caracterizar um trabalho pedagógico como projeto, visto que já é 24 muito utilizado na sociedade e essa utilização de forma generalizada desvaloriza esse recurso pedagógico. De acordo com Oliveira (2006), ao adotar o trabalho com projetos na construção de conhecimento escolar, valoriza-se uma prática pedagógica que estimula a iniciativa dos alunos por meio da pesquisa, desenvolve o respeito às diferenças em decorrência dos trabalhos em equipe, incentiva o saber ouvir e saber expressar-se, o falar em público e o pensamento crítico e autônomo. Na utilização dos projetos, é preciso ter coragem de romper com as limitações do cotidiano (ALMEIDA e JUNIOR, 2000) e criar novas possibilidades, a partir das potencialidades de aprendizagem que valorizem a investigação, que possam ser significativas para o aluno, propicie repensar o papel do professor e valoriza os contextos em que as escolas estão inseridas. Dessa forma, os projetos podem ser exitosos, se os conteúdos forem desenvolvidos, valorizando os aspectos procedimentais, atitudinais de forma a garantir que o aluno adquira conhecimentos significativos por projetos interdisciplinares, pois esses formam o cidadão crítico e criativo, numa perspectiva de formação plena (FREITAS, 2003). Ainda considerando as vantagens desse recurso, Hernandez (1998, 2000) afirma que o trabalho com projetos traz uma perspectiva nova para o processo de ensino aprendizagem, em que o aprender deixa de ser um ato de memorização e o ensinar não significa repassar conteúdos prontos e baseando-se em pressupostos de Hernandez e Ventura (1998) destacam-se alguns aspectos relevantes em um projeto: - A escolha do tema a partir de experiências anteriores aos alunos. O tema pode fazer parte do currículo oficial, de uma experiência comum, de um fato da atualidade, de um problema proposto, dentre outros 25 - A atividade do professor deve ser de fio condutor que fará com que o projeto ultrapasse a aquisição de informações para construção de novos conhecimentos. Ele deve destacar os conteúdos conceituais e procedimentais possíveis de serem desenvolvidos; indicar fontes de informações, criar clima de interesse e planejar etapas do projeto. - A atividade dos alunos é a elaboração de investigação de classe; busca de informações que complementem e ampliem aquelas apresentadas inicialmente com a proposta; tratamento das informações, uma vez que elas possibilitam visões da realidade; síntese; novos questionamentos; avaliação do processo. - Aprender é um ato comunicativo. A autonomia dos alunos é favorecida, pelo diálogo estabelecido entre o professor e o aluno para estabelecer comparações e inferências e relações, o que ajuda a dar sentido à aprendizagem que se pretende com os projetos. Pontes e colaboradores (1995) também apontam algumas características fundamentais para o trabalho com projetos: é uma atividade intencional; a responsabilidade e autonomia dos alunos são essenciais; a autenticidade é uma característica fundamental; envolve complexidade e resolução de problemas e apresenta várias fases como a escolha do objetivo central, a formulação de problemas, planejamento, execução, avaliação e divulgação dos trabalhos. Pretende-se tratar, neste trabalho, uma proposta de projeto pedagógico como uma ferramenta didática para aprendizagem significativa de conteúdos de botânica, com enfoque CTSA, valorizando o trabalho coletivo e autônomo por considerar que esse recurso propicia uma experiência educativa que valoriza o contexto sócio cultural do aluno. 2.3 A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA A teoria da aprendizagem significativa foi proposta por David Ausubel, na década de 70, nas obras The psycology of meaningful verbal learning e Educational psycology: 26 a cognitive view, como uma tentativa de explicar os mecanismos psicológicos de aprendizagem, em oposição à aprendizagem verbal por memorização (NOVAK E GOWIN, 1996). Nessa obra, Ausubel (1963) aponta a necessidade de repensar o tratamento dominante da memorização em sala de aula e estabelecer uma forma de valorizar as pessoas no sentido de encarregar a elas próprias a construção do significado das experiências que vivem (NOVAK E GOWIN, 1996). Completando essa informação, Masini e Moreira (2008) ressaltam que a aprendizagem significativa e a aprendizagem mecânica não constituem uma dicotomia, e sim um contínuo, visto que existem algumas condições para que a aprendizagem significativa ocorra, como por exemplo, os materiais potencialmente significativos e a predisposição de aprender. Segundo a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (1963), toda aprendizagem é um processo no qual o aprendiz relaciona a nova informação com o conhecimento prévio que há no cognitivo, sendo esse considerado, o fator isolado que mais influencia a aprendizagem. Dessa forma, a teoria baseia-se no pressuposto de que a aquisição de conhecimentos é produto de um processo ativo, integrador e interativo entre o material de instrução e as ideias relevantes da estrutura cognitiva do aprendiz, com as quais as novas ideias estão relacionadas de formas particulares (AUSUBEL, 2003). Assim, a aprendizagem significativa apresenta um processo de assimilação na fase de aprendizagem que inclui a ancoragem seletiva do material de aprendizagem às ideias relevantes existentes na estrutura cognitiva; a interação entre as ideias acabadas de introduzir e as ideias relevantes existentes (ancoradas) e a ligação dos novos significados emergentes com as ideias ancoradas correspondentes no intervalo de memória (AUSUBEL, 2003). 27 Portanto, quanto mais um indivíduo domina um campo de conhecimento, mais se predispõem a novas aprendizagens e, no caso da aprendizagem mecânica, quanto mais o aprendiz tem que memorizar conteúdos mecanicamente, mais ele se predispõe contra esse conteúdo (MOREIRA, 2011,a). Dentro dessa perspectiva, a vantagem da aprendizagem significativa sobre a mecânica no início, é a compreensão, o significado, a capacidade de transferência a situações novas, e com o passar do tempo, maior será a retenção e a possibilidade da reaprendizagem e em muito menos tempo (MOREIRA, 2011,a). Na perspectiva da aprendizagem significativa ausubeliana, as ideias relevantes existentes na estrutura cognitiva, conhecidas como conhecimento prévio, são descritas na teoria como ideia âncora, chamados de subsunçor, que se caracterizam por sua dinâmica, pois tem a capacidade de se modificar (MOREIRA,2011,a). Moreira (2011, a) explica que, se um subsunçor se modifica de forma acentuada, caracteriza a subsunção correlativa, e se um subsunçor apenas corroba-se, caracteriza a subsunção derivativa, sendo que esses subsunçores se constroem por meio de processos de relação do sujeito com os objetos, eventos e conceitos. Progressivamente, as pessoas passam a aprender cada vez mais em função dos subsunçores já construídos e a mediação pessoal passa a ser uma negociação de significados aceitos e não aceitos no contexto de um determinado corpo de conhecimentos (MOREIRA, 2011,a). Na teoria, os subsunçores estão diretamente relacionados nas formas de aprendizagem significativa, ocorrendo por subordinação, por superordenação ou de modo combinatório, conceituados por Moreira (2011, p.36 e 37) da seguinte forma: - Subordinativa: quando a novos conhecimentos potencialmente significativos adquirem significado por um processo de ancoragem cognitiva interativa, em conhecimentos prévios relevantes mais gerais e inclusivos já existentes em sua estrutura cognitiva. 28 - Superordenada: quando os processos de abstração, indução e síntese, que levam a novos conhecimentos passam a subordinar aqueles que lhe deram origem. - Combinatória: quando a atribuição de significados a um novo conhecimento implica interação com vários outros conhecimentos já existentes na estrutura cognitiva, mas não é mais inclusiva nem mais específica do que os conhecimentos originais Sendo assim, a estrutura cognitiva é considerada como uma estrutura de subsuçores inter-relacionados hierarquicamente organizados e pode ser caracterizado por dois processos principais: a diferenciação progressiva e a reconciliação integradora (MOREIRA, 2011, a). A diferenciação progressiva caracteriza-se como o processo de atribuição de novos significados resultantes da sucessiva utilização do subsunçor para dar significado aos novos conhecimentos e por meio de sucessivas interações, vai ficando mais refinado, mais diferenciado e capaz de servir de ancoradouro para novas aprendizagens significativas (MOREIRA, 2011, a). Enquanto a reconciliação integradora ou interativa é um processo da dinâmica da estrutura cognitiva, simultâneo à diferenciação progressiva, que consiste em eliminar diferenças aparentes e resolver inconsistências, integrar significados e acaba-se por perceber tudo diferente (MOREIRA, 2011, a). Pode-se inferir, até o momento, que o conhecimento prévio é, na visão de Ausubel, o ponto mais importante que influencia na aprendizagem, mas Moreira (2011, a), alerta que há casos em que o conhecimento prévio pode funcionar como um bloqueador e que a aprendizagem significativa não é sinônima de aprendizagem correta, pois as concepções alternativas podem ser também significativas. 29 Apesar de a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (1963) ter sido descrita na década de 70, ela ainda é muito utilizada atualmente em aportes teóricos, como se pode observar nos trabalhos de Masini (2011); Valadares (2011); Souza e Boruchovitch (2010); Oliveira e Frota (2012) e Luna e Dantas( 2012). Pode-se dizer então que a teoria da aprendizagem significativa tem sido relida atualmente e o próprio Ausubel (2003) a reiterou. Uma visão contemporânea dessa teoria é proposta por Moreira (2006), incorporando à aprendizagem significativa uma visão crítica, subversiva e antropológica. Assim, Moreira (2006) chama de aprendizagem significativa crítica, a aprendizagem em que o aluno adquire novos conhecimentos criticamente ou subversivamente sem se subjulgar por sua cultura, e também lida com mudanças sem deixar ser dominado, não fica impotente diante das tecnologias e pelo fluxo das informações (MOREIRA,2006). Também por meio dessa aprendizagem o aluno trabalhará com a ideia de que o conhecimento é construção humana, que apenas representa o mundo e nunca o capta diretamente (MOREIRA, 2000). Dessa forma, Moreira (2000), caracteriza os princípios que facilitam esse tipo de aprendizagem: I. Princípio do conhecimento prévio; II. Princípio da interação social e do questionamento, em que o professor e o aluno negociam significados por meio de uma permanente troca de perguntas, numa postura dialógica; III. Não centralidade do livro texto e da diversificação de materiais didáticos; IV. O aprendiz é um receptor/representador, que se relaciona com a ideia de promover a capacidade da relatividade das respostas, as diferenças difusas, a probabilidade dos estados, a complexidade das causas, a informação desnecessária; V. A linguagem, pois tanto em termos léxico ou estrutural, representa uma maneira singular de perceber a realidade, aprendê-la significa falar e pensar diferentemente sobre o mundo; 30 VI. A consciência semântica, destacando alguns aspectos como: o significado está nas pessoas e não nas palavras, contudo, as pessoas não podem atribuir às palavras significados que estejam além de suas experiências; as palavras não são aquilo ao qual elas ostensivamente se referem; ao usar palavras para nomear as coisas é preciso não deixar de perceber que os significados das palavras mudam; VII. A aprendizagem pelo erro que reconhece que aprender criticamente é aprender a aprender rejeitar certezas, encarar o erro como natural e aprender por meio de sua superação, visto que o ser humano é limitado e faz parte de sua natureza errar; VIII. Desaprendizagem que se refere a não usar o conhecimento prévio que impede a captação de significados a respeito de um novo conhecimento; IX. Incerteza do conhecimento compreendendo que o conhecimento é construído com as definições criadas, com perguntas formuladas e com metáforas utilizadas, três elementos da linguagem humana; X. Abandono do quadro de giz para envolver a participação ativa do aluno e a diversidade de estratégias de ensino; XI. Abandono da narrativa, que aponta que o importante não é transmitir a ilusão da certeza, nem reproduzir informações e sim, promover a participação do aluno. Moreira (2000) ainda ressalta que mesmo que todos esses princípios facilitem a aprendizagem, outros fatores são relevantes nesse processo de torná-la significativa, como o currículo, o contexto e uma avaliação que seja coerente com uma prática que vise à aprendizagem significativa crítica. Embora proposto por Ausubel (1963), em uma visão exclusivamente cognitivista, pode-se perceber que essa teoria é compatível com novas visões filosóficas e concepções teóricas, ficando esclarecido que a análise da aprendizagem dos alunos na presente pesquisa foi embasada na Teoria da Aprendizagem Significativa e nos princípios propostos por Moreira (2001) para aprendizagem significativa crítica. 31 2.4 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COM ENFOQUE CTSA Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, muitas transformações aconteceram com a sociedade contemporânea, refletindo em mudanças nos níveis econômicos, políticos e sociais. Essas mudanças trouxeram a necessidade de aproximar as pessoas de maior compreensão da ciência (VAZ, FAGUNDES e PINHEIRO, 2009). Dentro desse contexto, surge o movimento CTS, com objetivo de oferecer educação científica para o público em geral, pois a supervalorização da ciência e a crença na sua neutralidade repercutiram no ensino de ciências de forma a promover desigualdades sociais (SANTOS e MORTIMER, 2002). Neste sentido, Pinheiro, Silveira e Bazzo (2007) ressaltam a necessidade de a população ter acesso às informações sobre o desenvolvimento científico- tecnológico e ter condições de avaliá-las. Essa necessidade pode ser percebida ao analisar o histórico do movimento CTS, que sofreu influência de ideários diferentes, como por exemplo, a inserção dos debates ambientais, a partir da década de 70, passando a ser chamado por alguns pesquisadores de movimento CTSA (SANTOS, 2011). Ao longo dos anos, esse movimento tem colaborado para que a educação científica se consolide no propósito para a formação para a cidadania, a fim de amenizar os impactos provocados na sociedade por um ensino de ciências que reproduza as mazelas sociais, principalmente advindas da ciência e tecnologia (SANTOS, 2011). Concordando com essa afirmação, Auler e Delizoicov (2006) afirmam que a sociedade, como um todo, possui o direito de participar de decisões que envolvem a ciência e a tecnologia e, para tal, defendem que é fundamental a democratização dos processos decisórios que envolvem esses temas. Nesse ponto, Praia, Perez e Vilches (2007), ressaltam que, mesmo que o cidadão esteja de posse de profundos conhecimentos científicos, isso não garante a tomada de decisão mais adequada. Por isso, Cachapuz (2011), aponta que é preciso refletir, criticamente, nas relações que existem entre tecnociência, poder e democracia, pois há de se considerar que essa compreensão desenvolve maior consciência sobre as circunstâncias sociais. 32 Santos (2007), com intuito de construir propostas para educação científica, alerta para a necessidade de se discutir as perspectivas da educação científica no Brasil, apontando reflexões das necessidades educacionais nos seguintes aspectos: avaliação da alfabetização da população brasileira, análise de proposições de propostas curriculares, características do livro didático, possibilidades na formação de professores e programas de melhoria na qualidade de ensino. No Brasil, a Diretriz Nacional Curricular para a Educação Básica (2013, p.162) destaca a importância do debate do tema tecnologia para os jovens e, muitos trabalhos têm sido publicados, destacando a importância desse tema, como observado nos trabalhos de Tomazello (2009); Araújo, Gehlen e outros (2009); Carletto e Pinheiro (2010), que apontam subsídios para aplicar, em diferentes contextos, as transformações que a serem alcançadas no ensino de ciências. Roehrig e Camargo (2012), realizaram uma análise sobre os trabalhos de CTSA no Brasil e concluíram que o ensino de ciência dentro de uma perspectiva CTS tem se configurado como uma tendência na produção acadêmica brasileira e questionam em que medida essa produção exercem efeito nas salas de aula brasileiras. Outros autores que destacaram o enfoque CTSA foram Santos, Oliveira e Cordeiro (2011), que apresentam as possibilidades do enfoque CTSA na educação de jovens e adultos, visto que essa modalidade de ensino apresenta suas particularidades. Ainda dentro dessa perspectiva, Menezes, Rossignolli e Santos (2012), apresentam resultados da produção de trabalhos em feira de ciências com enfoque CTSA, o que demonstra que o tema pode perpassar por diferentes situações. No Espírito Santo, trabalhos com enfoque CTSA, destacaram-se Kruguer e Leite (2011); Bastos, Alves e Amado (2012); Filho e Sgarbi (2012); Brasil e Leite (2012); Amorin (2013); Brasil (2013); Leite e colaboradores (2014); Rossi e colaboradores (2012); entre outros. 33 Entretanto, a Diretriz Curricular Estadual (2009) apenas sugere esse enfoque nas atividades de ciências da natureza, ficando a responsabilidade da educação científica com enfoque CTSA para a escolha filosófica do educador em suas práticas. Em linhas gerais, pode-se inferir que, mesmo que o conjunto de políticas construídas ao longo da história não insira CTSA nos programas oficiais de governo, a construção de propostas no ensino de ciências e os avanços nos estudos da área de ciências, mostram iniciativas reconhecidas de sucesso (BERNARDO, VIANNA e SILVA, 2011). Sendo assim, uma das contribuições desta pesquisa, refere-se a reflexões acerca da promoção da alfabetização científica por meio de conteúdos de botânica, com enfoque CTSA, capacitando os sujeitos para lidar com as questões pessoais e sociais relacionadas com a ciência. 34 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 O ESTUDO Segundo Moreira (2011,b), a pesquisa em Ensino de ciências é a produção de conhecimento sobre a educação em ciências que envolvem diferentes perspectivas, como a busca de respostas sobre a aprendizagem, contextos, currículos, formação de professores; dentro de um quadro epistemológico, teórico e metodológico consistente e coerente. Dessa forma, a presente pesquisa em Ensino de Ciências utilizou a metodologia qualitativa, caracterizada por Moreira (2011,b), como uma metodologia com pressupostos que envolvem a realidade socialmente construída e objetiva, a compreensão do fenômeno social, de acordo com as perspectivas dos atores sociais, e com foco em significados e experiências, procurando explicação interpretativa dos fatos. Assim, o papel do pesquisador foi fazer anotações, ouvir, observar, registrar, documentar, buscar significados, interpretar com a retórica sempre persuasiva, descritiva e detalhada, por meio de uma linguagem cotidiana e com detalhes suficientes para evidenciar que os dados são mais próximos da realidade dos atores (Moreira, 2011,b). Com base nessa descrição, para alcançar os objetivos da pesquisa e o pesquisador cumprir o seu papel, foi utilizado o método de pesquisa-ação que, de acordo com Moreira (2011), consiste na melhora da prática, levando em conta ao mesmo tempo os resultados. Segundo Kemmis e McTaggart (1998, apud MOREIRA, 2011, p. 90), a pesquisaação é definida: Como uma prática coletiva, autorreflexiva, empreendidas por participantes de situações sociais para melhorar a produtividade, racionalidade e justiça de suas próprias práticas sociais ou educativas, assim como para a 35 compreensão em relações a tais práticas e as situações em que ocorrem (KEMMIS E MCTAGGART, 1998, apud, MOREIRA, 2011, p. 90). Interessante destacar que a pesquisa-ação se caracteriza por uma espiral de ciclos de descobertas de fatos; planos e implantação da ação que gerarão mudanças e reflexões à luz das evidências coletadas (KEMMIS E MCTAGGART, 1998, apud MOREIRA, 2011, p.92). Esse caráter cíclico não deve ser linear, automático nem mecânico, afirma Moreira (2011,b), mas tem como objetivo a melhoria das práticas e a compreensão de situações, para isso é necessário o envolvimento, o quanto tanto possível, de todos os participantes do processo investigativo. Considerando os pressupostos, a pesquisa se caracterizou como uma prática autoreflexiva e de análise crítica com coleta de dados, objetivando melhorar a prática de atividades com conteúdo de botânica, na disciplina de biologia, contando com a participação de professores, alunos e pessoas da comunidade. Para melhor compreensão do processo, a pesquisa foi organizada nas seguintes etapas: Etapa I: No primeiro momento foram analisadas as condições para realização da pesquisa, por meio de visita ao campo, conversas informais com os atores do projeto e revisão bibliográfica, com o intuito de levantar informações acerca do tema e da importância do trabalho. Etapa II: O projeto foi apresentado ao corpo pedagógico e administrativo da escola para análise de viabilidade de execução, de forma concomitante aos projetos institucionais já desenvolvidos pela escola e se os objetivos e conteúdos propostos dialogavam com as diretrizes curriculares do Estado do Espírito Santo. Etapa III: Foram elaboradas as atividades de forma colaborativa entre os professores de língua portuguesa, biologia e química, com auxílio da pedagoga e dos alunos e, em seguida, foi construído o projeto escolar. 36 Etapa IV: As atividades do projeto escolar foram aplicadas e realizadas os ajustes necessários nos momentos de obstáculos; os dados foram coletados, analisados e discutidos, à luz dos referenciais teóricos, resultando em uma proposta para ensino de botânica com enfoque CTSA para o Ensino Médio. 3.2 LOCAL DA PESQUISA A pesquisa foi desenvolvida na escola pública estadual de Ensino Fundamental e Médio “Clóvis Borges Miguel”, situada à Rua dos Estudantes, s/nº - Centro – Serra, ES, CEP: 29176-852, que tem como entidade mantenedora a Secretaria de Estado da Educação. 3.3 SUJEITOS DA PESQUISA Os alunos participantes da pesquisa foram 100 estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, do turno matutino, moradores da comunidade de Serra sede e adjacências, que concordaram em participar da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, ou, no caso dos menores de 18 anos, seus pais ou responsáveis o fizeram. 3.4 PROJETO ESCOLAR A construção do projeto escolar seguiu as orientações do Hernandez (2000) para elaboração de projetos pedagógicos, com algumas adaptações, a fim de atender os aspectos teóricos para o ensino de ciências que embasam esse trabalho. Dessa forma, o projeto escolar intitulado “Plantas medicinais: Projeto pedagógico com enfoque CTSA” foi construído da maneira que segue abaixo: - O tema do projeto surgiu da avaliação preliminar dos conhecimentos prévios dos alunos, por meio dos mapas conceituais e as propostas de atividades que 37 surgiram com a colaboração de professores da área de Língua Portuguesa, Química e Arte. - O projeto escolar constitui-se de 10 atividades de Botânica, com enfoque CTSA, para desenvolver-se em 40 aulas, com envolvimento de diferentes conteúdos, descrição das habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos alunos e os materiais necessários para desenvolvimento das aulas. - No planejamento do projeto, buscou-se promover aprendizagem significativa de conteúdos de Botânica, de forma interdisciplinar e contextualizada com enfoque CTSA, aproveitando aspectos da cultura local e considerando a diretriz curricular estadual no que se refere às habilidades e competências que se pretende alcançar com as atividades. - O projeto escolar englobou atividades como pesquisas orientadas, práticas experimentais, confecção de jornal, piquenique saudável, levantamento etnobotânico, confecção de artesanatos, montagem de moléculas, produção de documentário e exposição de materiais. Os dados foram coletados a partir das observações feitas pelo pesquisador, questionário diagnóstico sobre os alunos, materiais resultantes das atividades realizadas pelos participantes e pela construção de mapas conceituais. As informações dos sujeitos foram coletadas por meio de questionário, antes da execução das atividades do projeto pedagógico, com questões abertas e fechadas a fim de capturar informações sobre os sujeitos da pesquisa e os resultados das questões organizados em forma de gráficos. O projeto escolar foi analisado, pedagogicamente, seguindo o instrumento de análise das inter-relações CTSA, proposto por Fernandes, Pires e Villamañan (2013) com a finalidade de reconhecer as potencialidades que o ensino com enfoque CTSA pode possibilitar. 38 Os relatórios das práticas experimentais foram analisados, a fim de compreender como ocorreu a alfabetização científica dos alunos, utilizando as recomendações de Fourez (1994) descritas e explicadas por Sasseron e Carvalho (2011). Para avaliar a aprendizagem significativa de conhecimentos dos conteúdos de Botânica, foram analisados os mapas conceituais construídos pelos alunos, seguindo uma adaptação/integração das recomendações de Costamagna (2001); Nunes e Pino (2008); e Trindade e Hartwing (2012). Os mapas conceituais e os relatórios de práticas experimentais foram organizados em categorias com base nas recomendações de Bardin (1977), o qual aponta que a análise de conteúdo tem sua importância, não simplesmente por descrever os resultados depois do tratamento, mas no que eles podem ensinar depois de tratado. O quadro abaixo apresenta um resumo dos instrumentos e técnicas de análise: Quadro 1- Resumo da análise dos dados a partir dos instrumentos de coleta INSTRUMENTO DE COLETA TÉCNICA DE ANÁLISE OBJETIVOS DE DADOS Questionário Bardin (1977). -Avaliação diagnóstica dos sujeitos da pesquisa Mapa conceitual inicial Bardin (1977). - Avaliar o os conhecimentos prévios dos alunos Mapa conceitual final Bardin (1977)/ Trindade e -Avaliar a aprendizagem Hartwing (2012). significativa dos sujeitos da pesquisa Relatórios de práticas Fourez (1994) experimentais -Avaliar a alfabetização científica dos sujeitos da pesquisa Proposta pedagógico de projeto Fernandes, Pires Villamañan (2013). e -Avaliar pedagogicamente os pressupostos CTSA presentes no projeto escolar validado com os sujeitos da pesquisa. Fonte: Elaborada pela autora, 2014 39 3.5 LIMITES DA PESQUISA A pesquisa limitou-se a produzir e validar uma proposta de projeto pedagógico, com conteúdo de botânica que previstos nas diretrizes curriculares do ES como ferramenta metodológica de ensino, para promover uma aprendizagem significativa crítica e para a formação de cidadão alfabetizado cientificamente frente às questões socioambientais relacionadas à ciência e tecnologia. Sendo assim, não foram esgotadas todas as possibilidades da abordagem CTSA e muito menos da Teoria da Aprendizagem Significativa para os conteúdos de botânica. Importante destacar que não foram considerados outros fatores como variáveis que poderiam influenciar na aprendizagem dos alunos, como por exemplo, a análise do currículo nos últimos anos e formação dos docentes. 3.6 CATEGORIAS DE ANÁLISE E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA Nesta pesquisa, o trabalho foi organizado em categorias de análise e discussão. Dessa forma, foram realizadas as seguintes abordagens para melhor organizar as ideias e completar as discussões: A) O contexto da Pesquisa; B) Implantação do Projeto Pedagógico com enfoque CTSA; C) Análise pedagógica do Projeto; D) Avaliação da Alfabetização Científica por meio das práticas experimentais; E) Avaliação conceituais. da Aprendizagem Significativa Crítica, utilizando os mapas 40 4 O CONTEXTO DA PESQUISA 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Clóvis Borges Miguel” está sob o registro no cadastro nacional de pessoas jurídicas – CNPJ- nº. 03.355.811/000101, com seu ato de criação fundamentado na Lei nº2576 de 13/02/71 e funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno. Atualmente, atende 412alunosno turno matutino, 373 alunos no turno vespertino e 239 alunos no turno noturno. Os alunos matriculados nessa unidade de ensino são, em sua maioria, oriundos da Serra Sede e dos bairros vizinhos, como: São Marcos, Vista da Serra, Cascata, Divinópolis, São Domingos, Jardim Guanabara, Macafé, Planalto Serrano, Campinho da Serra, Barro Branco, Areinha, Pitanga, Muribeca e Nova Carapina. A fundação da escola está datada em 1967, inicialmente anexa à Escola Maria Ortiz, Vitória- ES com a denominação de “Ginásio Estadual e Escola Normal da Serra”. Foi reconhecida pelo Ato de Aprovação Resolução CEE nº. 41/75 de 28/11/75. Passou a denominar-se Escola de 1º e 2º graus “Clóvis Borges Miguel”, de acordo com a Lei nº. 3.169 D.O. de 12/11/77, com os seguintes cursos: 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental, curso Habilitação para o Exercício do Magistério em 1º Grau – criado pela Lei nº2.361 de 03/12/68. Conforme Portaria nº. 2.140 de 17/06/85 Art. 1º foi criado, nessa escola, o curso de 2º Grau Assistente de Administração, retroagindo os efeitos da Portaria para o ano letivo de 1979 e aprovado pela Resolução CEE nº. 12/86 de 13/03/86. O curso Não Profissionalizante – Lei nº. 7.044/82 – foi criado sob a Portaria nº. 2.140/85, retroagindo seus efeitos da Lei para o ano letivo de 1984. Com o Decreto 2.208/97, que instituiu o Ensino Médio separado da Educação Profissional, a partir de 1999 foram sendo extintos, gradativamente, os cursos profissionalizantes e a escola passou a oferecer apenas o Ensino Médio. O Laboratório de Informática Educativa foi implantado no início do ano de 1999, pelo Governo Federal, por meio do PROINFO e possui um estagiário (técnico em informática) para cada turno; geralmente é utilizado para pesquisa pelos alunos e professores ou em aulas propostas pelos professores com objetivos específicos. 41 Além do laboratório de informática, a escola conta com uma rádio adquirida em julho de 1999, com a participação da comunidade por meio de uma festa julina, objetivando arrecadar fundos para a construção da Rádio Educativa. A aquisição da Rádio contou ainda com recursos da cantina escolar. Sua instalação custou cerca de R$ 5.000,00 e foi inaugurada no dia 04 de outubro de 1999 com a presença da comunidade, dos alunos e autoridades. No ano de 2002, a escola recebeu um prêmio no valor de R$ 20.000,00 da Secretaria de Educação Média e Tecnológica – SEMTEC/MEC no concurso do Ensino Médio intitulado “De Escola para Escola” com o Projeto “Rádio Instrumental Educativa CBM”. O Projeto foi apresentado no Fórum Regional em São Paulo e no Fórum Nacional em Brasília. O valor do prêmio, R$ 20.000,00, somado a outros recursos arrecadados, permitiu a construção de uma estrutura metálica coberta para uma quadra poliesportiva. Os serviços foram acompanhados por arquiteto e engenheiro, numa parceria com a Prefeitura Municipal de Serra e colaboração da comunidade. Ainda em 2002, foi realizado um projeto a fim de resgatar a história da escola, reunindo os filhos do Sr. Clóvis Borges Miguel, em um grande evento, junto a alunos, professores, funcionários e comunidade. No evento, a família Clóvis Borges Miguel proferiu palavras de orgulho e agradecimento, contando sua história na cidade de Serra; doou um quadro com a fotografia do Sr. Clóvis e R$ 2.900,00 que foram utilizados nas obras de construção de banheiros e vestiários da quadra poliesportiva, visando oferecer, aos alunos e comunidade, maior conforto. Em 2004, ocorreu a doação de 900m 2 de um terreno situado ao lado da escola, por meio dos processos nº. 0613253/00 e 28017404, possibilitando a ampliação e reforma do prédio escolar. No ano de 2005, a escola aderiu ao Programa “Escola Aberta” - projeto do Governo Federal e da UNESCO, que tem por finalidade oferecer a todos os moradores da comunidade, nos espaços da escola, atividades culturais, esportivas, artesanato, 42 cursos, palestras, preparação para o trabalho, com vistas a reduzir a criminalidade e socialização. Atualmente, a escola não participa mais do programa. Em abril de 2006, foi implantado o Curso Técnico em Informática de nível médio na Unidade e aderiu ao Programa “Mais Tempo”. No programa mais tempo, a escola tem o projeto jornal Focalize, a banda instrumental e o projeto de robótica. Atualmente, com os ótimos resultados das atividades de robótica, a escola participa todos os anos da Semana de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e das Olimpíadas Capixaba e Brasileira de Robótica. No ano de 2007, a escola foi ganhadora do Prêmio SEDU: Boas Práticas na Educação, com os projetos “Rádio Instrumental Educativa CBM”, “Releitura Fotográfica” e “Memórias Serranas” e, no mesmo ano, recebeu o 1º lugar capixaba do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, conhecido como um dos mais relevantes instrumentos de mobilização e de autoavaliação das escolas públicas brasileiras. Nesse mesmo ano, recebeu o Selo Cultura Viva, com o 2º Lugar Nacional na categoria Escolas de Ensino Médio. No ano de 2008, foi novamente ganhadora do Prêmio SEDU: Boas Práticas na Educação, com o projeto “Pesquisa Científica como Recurso Didático”, projeto que, atualmente, é institucional e tem por objetivo Promover a iniciação científica aos alunos do Ensino Médio. No ano de 2009, a escola recebeu o Prêmio INOVES Ciclo 2009, cujo objetivo é estimular a modernização da administração pública no Estado, reconhecendo, formalmente, os resultados alcançados por projetos que caracterizam a implantação de práticas inovadoras de gestão no setor público e, no ano de 2010, iniciou-se a reforma e ampliação do prédio escolar. Atualmente, estão inclusos nos programa anual e nos projetos institucionais as seguintes práticas pedagógicas com objetivo de resgatar valores éticos, sociais e culturais junto à comunidade escolar: a rádio educativa CBM; Laboratório de Informática educativa (LIED); Projeto: Na real, gravidez na adolescência não é legal; 43 PROEMI (com projetos de robótica, banda escolar e reforço escolar); Projeto: Pesquisa científica; Projeto: Coquetel cultural; Jogos interclasses; Projeto Livro de Memórias dos terceiros anos e Projeto: Família & Escola: uma conversa possível. Pode-se perceber que a instituição desenvolve diferentes projetos pedagógicos, o que resulta em um afastamento de uma concepção tradicional de ensino, mas ainda apresenta alguns entraves para uma concepção mais progressista, como plano de curso fragmentado e preparação de alunos de forma conteudista, para provas oficiais de ingresso em Universidades. Na disciplina de Biologia, os alunos desenvolvem, todos os anos, diversas atividades de alfabetização científica, como interpretação de bulas e rótulos de alimentos, atividades de reeducação alimentar, práticas experimentais, criação de jornal, aulas em espaços não formal de aprendizagem, produção de documentário e pesquisas de iniciação científica. Apesar de todas as atividades desenvolvidas pela escola, quando ocorriam aulas de botânica, observava-se em todos os turnos, aulas superficiais que apresentavam atividades que consideravam apenas aspectos de anatomia e fisiologia vegetal de forma descontextualizada, uma perspectiva criticada por seu aspecto tradicional, memorístico e desinteressante para o aluno. Portanto, pode-se perceber que a escola está organizada para desenvolver atividades que possibilitam aprendizagem para os alunos; esses, por sua vez, se diferenciam de alunos de outras escolas, por reconhecerem os trabalhos realizados e, por isso, são matriculados por seus responsáveis com a perspectiva de alcançarem melhores resultados, tanto para formação profissional como para formação humana. 44 5 DIAGNÓSTICO DOS SUJEITOS DA PESQUISA Os estudantes do Ensino Médio da escola, participantes da pesquisa, pertenciam a três turmas do terceiro ano e somavam um total de 100 alunos, sendo 65 do sexo feminino e 35 do sexo masculino, com faixa etária de 17 anos (70%), 18anos (19%), 16 anos (10%) e 19 anos (1%). Ao analisar esse aspecto pode-se inferir que os alunos de forma geral estão dentro da faixa etária normal requerida pela Lei de diretrizes e bases da educação para o nível de escolaridade que se encontram. Gráfico 1 –Faixa etária dos sujeitos envolvidos na pesquisa. FAIXA ETARIA 1% 10% 19% 19 ANOS 18 ANOS 17 ANOS 16 ANOS 70%; Fonte: Elaborada pela autora, 2014 No questionário aplicado, os alunos demonstraram interesse em terminar o ensino médio e fazer uma graduação e ter uma profissão, apenas três alunos têm interesse de somente finalizar o ensino médio e trabalhar. Desses alunos, 58 trabalham e 42 apenas estudam. 45 Gráfico 2–Ocupação dos sujeitos envolvidos na pesquisa OCUPAÇÃO 42% TRABALHAM E ESTUDAM APENAS ESTUDAM 58% Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Entre as disciplinas escolares oferecidas para o ensino médio nas escolas públicas, os alunos participantes preferem História (23%), Biologia (22%), Física (19%), Matemática (18%) e Português (13%) e utilizam, principalmente, as informações que adquirem na escola para leituras, questões financeiras do dia a dia ou para prevenção de doenças. Gráfico 3–Preferência das disciplinas escolares pelos sujeitos da pesquisa. 25% 23% 22% 19% 20% 18% 15% 13% 10% 5% 0% HISTÓRIA BIOLOGIA FÍSICA MATEMÁTICA PORTUGUÊS Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Ao referirem-se sobre suas horas de estudo fora da escola, apenas 18 alunos estudam até uma hora por dia; 37 estudam de 1 a 2 horas diárias; 14 estudam de 2 a 3 horas; e 30 estudam mais de 3 horas diárias. Foram consideradas as horas de estudo extraescolar, incluindo os momentos de aula dos cursinhos pré-vestibulares. 46 Gráfico 4–Horas dedicadas ao estudo dos sujeitos envolvidos na pesquisa. 40 37 35 30 30 25 20 18 14 15 10 5 0 ATE 1 H 1 -2 H 2-3H MAIS DE 3H Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Quanto ao que desejam cursar na graduação, os alunos têm preferência pela área de humanas (41%), sendo letras e pedagogia os mais citados; em seguida, a área de exatas (39%), com curso de arquitetura e engenharia; e depois a área de biomédica (20%), sendo a medicina mais desejada como curso superior. Gráfico 5– Preferência por área de estudo na graduação dos sujeitos da pesquisa. 45% 41% 39% 40% 35% 30% 25% 20% 20% 15% 10% 5% 0% HUMANAS Fonte: Elaborada pela autora, 2014 BIOMÉDICAS EXATAS 47 A maior parte dos alunos tem acesso a informações, principalmente pela internet do computador de casa ou celular. Apenas 4 alunos não tem computador; 3 não tem celular e 10 possuem celular mas não acessam a internet por ele. Gráfico 6–Acesso à tecnologia 97,2 97 97 96,8 96,6 96,4 96,2 96 96 95,8 95,6 95,4 TEM COMPUTADOR TEM INTERNET Fonte: Elaborada pela autora, 2014 Do total de horas que os alunos passam fora da escola e navegando na internet, 41 alunos ficam de 1 a 2 horas diárias, 29 por mais de 3 horas; 15 de 2 a 3 horas e 15 menos de uma hora por dia. Gráfico 7–Acesso à internet 50% 41% 40% 30% 20% 15% 15% 15% 2-3H MAIS DE 3 H 10% 0% MENOS 1H 1-2H Fonte: Elaborada pela autora, 2014. A maior expectativa dos alunos, em relação à pesquisa desenvolvida na escola foi de aprender mais do que sabem sobre botânica; ter aulas diferenciadas para aprender o conteúdo e ter uma avaliação diferente de provas realizadas nas aulas de biologia. 48 Os alunos, de forma geral, do turno matutino da Escola Estadual Clóvis Borges Miguel, acreditam que a escola apresenta uma estrutura adequada para permitir melhor aprendizagem e, pela primeira vez, participaram da avaliação Estadual PAEBES, para área de Ciências. Os resultados apontaram que os alunos apresentaram proeficiência na escala utilizada desde 2004, pela Secretaria de Estado de Educação, para avaliar as áreas de Matemática, Língua Portuguesa e, atualmente, Ciências. Como ainda não é possível realizar uma comparação com anos anteriores para a área, pode-se inferir que a forma de avaliação do perfil dos alunos restringe-se a observação da pesquisadora que acompanhou desde o primeiro ano a maior parte dos sujeitos participantes da pesquisa. Dessa forma, pode-se inferir que os sujeitos da pesquisam apresentam um sentimento esperançoso em relação aos espaços da escola, como possibilidade de melhorar os status social ou possibilitar melhores empregos, da mesma forma que aponta a pesquisa de Franco e Novaes (2001). 49 6 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO COM ENFOQUE CTSA O projeto intitulado “Plantas Medicinais: projeto pedagógico com enfoque CTSA” foi construído com base em 10 atividades diversificadas de caráter multidisciplinar e respeitando os conteúdos, habilidades e competências do Currículo Básico Estadual. A análise pedagógica das atividades do projeto foi realizada a partir dos trabalhos resultantes das atividades desenvolvidas no projeto escolar. As atividades do projeto com as habilidades e competências a serem desenvolvidas, bem como o número de aulas para desenvolvê-las, encontram-se resumidas no quadro abaixo: Quadro 2- Resumo das atividades do projeto pedagógico e sua relação com a Diretriz Curricular Estadual. Atividade Aulas Competências Habilidades Conteúdos 1) Pesquisas orientadas sobre conteúdos de Botânica. 4 -Desenvolver instrumentos da linguagem científica como descrever, explicar, argumentar, conceituar e criticar; -Elaborar textos; -Identificar situações do cotidiano e contextualizá-la -Relacionar causa e efeitos nas explicações científicas, considerando os aspectos éticos, sociais e socioculturais; -Avaliar a veracidade e posicionar-se criticamente diante das informações -Anatomia e fisiologia das plantas; Economia do espírito santo; Mapa físico do Espírito Santo; Técnicas, composição e cuidados com solo; Hidráulica; Funções químicas; História da ciência; Regulamentação de fitoterápicos Patentes; Lei de crimes ambientais 2) Produção de jornal de Botânica 3 -Elaborar, desenvolver e organizar conhecimentos adquiridos, refletindo sobre as informações surgidas das práticas humanas. -Avaliar com ética e responsabilidade social a produção de conhecimentos de forma coletiva e participativa. -Gêneros textuais; Noções gramática; Técnica redação; Anatomia fisiologia plantas. de de e das 50 3)Práticas experimentais 4 --Dominar instrumentos como percepção, categorização, comparação, explicação, pensamento lógico e crítico. -Interpretar esquemas, gráficos e símbolos. -Elaborar hipóteses. -Planejar intervenções. -Elaborar e desenvolver experimentos, avaliando os resultados obtidos. -Utilizar modelos explicativos de fenômenos. -Conhecer modelos explicativos de fenômenos. -Identificar as relações entre o conhecimento científico e não científico e o desenvolvimento tecnológico. 4)Aula em espaço de Educação não Formal: Jardim Botânico da Serra 6 -Analisar os limites e as possibilidades da intervenção humana na dinâmica do ambiente. -Organizar os conhecimentos adquiridos por meio da prática. -Dominar instrumentos de comparação, argumentação e classificação. 5)Piquenique saudável 3 -Compreender a saúde como resultado de bem estar físico, social, mental, e cultural dos indivíduos. -Compreender a diversidade de informações sobre o corpo humano e suas principais consequências em diferentes espaçostempos. -Compreender os processos vitais realizados pelas plantas, relacionando forma e função das estruturas com o ambiente. -Descrever estruturalmente e funcionalmente os órgãos e sistemas das plantas compreendendo sua relação com outros seres vivos. -Observar o uso do espaço público de forma crítica. -Diferenciar substâncias orgânicas e inorgânicas e compreender que tais substâncias constituem a matéria do corpo humano. -Identificar nos alimentos as substâncias bioquímicas. -Avaliar hábitos alimentares que contribuam para um bom desenvolvimento de boa saúde. -avaliar comportamentos sociais de boa -Técnicas, composição e cuidados com o solo; Hidráulica; Funções químicas. História da Ciência; Probabilidade; Unidades de medidas; Anatomia e fisiologia das plantas; Técnicas de poda e plantio; Noções de microbiologia e assepsia; Métodos científicos de experimentação. -Anatomia e fisiologia das plantas; Relações ecológicas; Equilíbrio ambiental; Importância da atividade física e o lazer. Bioquímica; Citologia; Calor e metabolismo; Unidades de medidas. 51 convivência. -Identificar métodos e procedimentos próprios da ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, cultural ou econômica. -Conhecer, aplicar e refletir sobre hábitos para uma boa saúde. 6)Estudo Etnobotânico 5 -Compreender a diversidade de informações socioculturais das comunidades, identificando e questionando as ações humanas em diferentes espaços- tempos. 7)Artesanato por meio da Botânica 2 -Compreender a saúde como resultado de bem estar físico, social, mental e cultural dos indivíduos. -Diferenciar técnicas artísticas de representar o mundo. -Valorizar a arte como componente da cultura. 8)Confecção moléculas orgânicas de 2 -Compreender a evolução da química por meio de técnicas de promover a saúde como resultado de contextos históricos. 9) Produção documentário sobre benzedeiras. de 8 -Compreender a diversidade de informações socioculturais das comunidades, identificando e questionando as principais ações humanas e suas principais consequências em diferentes espaçostempos. 3 -Articular, integrar e sistematizar o conhecimento sobre Botânica. -Diferencias as substâncias orgânicas das inorgânicas, compreendendo que tais substâncias constituem o corpo dos vegetais. -Identificar nas plantas substâncias bioquímicas. -Identificar métodos ou procedimentos próprios das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, cultural, ou econômica. -conhecer e aplicar e refletir sobre hábitos para promover boa saúde. -Capacidade de entender a integração dos diversos conhecimentos com os conteúdos de botânica. as 10)Exposição dos trabalhos de botânica Fonte: Elaborado pela autora, 2014. -História do ciclo de São Benedito; que compõem a cultura local; História da ciência; Regulamentação de fitoterápicos; Confecção de gráficos; Estatística; Proporção. -Química orgânica; Técnicas de pintura; Desenho; História da Ciência. -Composição e estrutura química das substâncias; Unidades de medida; Escala; História das Ciências. -História do ciclo de São Benedito; História da Ciência; Religião e sociedade; Técnicas de filmagem e edição. -trabalho colaborativo e diversos tipos de linguagem. 52 6.1 PESQUISA ORIENTADA SOBRE CONTEÚDOS DE BOTÂNICA Para essa atividade, foram utilizadas quatro aulas, sendo uma para orientações gerais e organização dos grupos, outra para os grupos organizarem seu trabalho e realizarem a pesquisa e as duas últimas aulas para apresentação das pesquisas. Os principais materiais utilizados no desenvolvimento da atividade foram: projetor de slides, internet, livros e ficha de planejamento do seminário. Em relação às pesquisas orientadas sobre os conteúdos de botânica, os alunos se dividiram em 11 grupos, com número variado de aluno, no mínimo quatro e no máximo oito, com objetivo de responder questões a respeito de temas que envolvem botânica. Além disso, os alunos prepararam e distribuíram, aos colegas, um resumo da temática pesquisada, apresentaram o tema em forma de seminário com tempo estimado de 15 minutos para cada apresentação, debatendo os trechos mais polêmicos de cada trabalho. Destaca-se que os alunos apresentaram os seminários com boa desenvoltura, mantiveram atenção no tema principal, usaram as referências mais conhecidas para os assuntos pesquisados e participaram, realizando perguntas sobre os outros temas apresentados, ou seja foi evidenciado conteúdos atitudinais e procedimentais na atividade. A potencialidade da atividade foi o fato de proporcionar o aprofundamento dos conhecimentos prévios dos alunos o que serviu de subsídio para as outras atividades que foram desenvolvidas subsequentemente, como o jornal de Botânica e as práticas experimentais. Abaixo se encontra um quadro com temas de Botânica com enfoque CTSA e seus respectivos conteúdos de biologia relacionados, presentes na Diretriz Curricular Estadual, para o Ensino Médio. 53 Quadro 3. Temas com enfoque CTSA utilizados nas pesquisas orientadas e a relação com conteúdos da Diretriz Curricular Estadual. 1- COMO AS PLANTAS SE NUTREM? -Conteúdos: As partes das plantas envolvidas na nutrição; diferenças de macro e micronutrientes. 2- DE QUE FORMA OS NUTRIENTES DO SOLO CHEGAM ATÉ AS FOLHAS MAIS ALTAS? - Conteúdos: Diferenças entre seiva bruta e elaborada, vasos condutores de seiva, aspectos físicos no processo de circulação de seiva. 3- PARA QUE SERVEM AS FOLHAS NA PLANTA? - Conteúdos: anatomia e funcionamento das funções das folhas, aspectos químicos que envolvem a clorofila. 4- COMO AS FÁBRICAS PRODUZEM PAPEL? - Conteúdos: Processo histórico de produção de papel e etapas de produção de papel na indústria. 5- QUAIS AS TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DA PRODUÇÃO ORGÂNICA DE ALIMENTOS NO ES? - Conteúdo: conceito de alimento orgânico, as técnicas utilizadas para produzi-lo, vantagens na produção, aspectos sociais envolvidos na produção de alimento. 6- SILVICULTURA: QUAIS OS DETAQUES NO ES? - Conteúdos: conceito de silvicultura, as vantagens e desvantagens; exemplos das principais culturas do estado, aspectos econômicos envolvidos na produção. 7- A PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS COM USO DE VEGETAIS. - Conteúdos: produção de álcool como combustível automotor, outros exemplos de biocombustíveis, vantagens e desvantagens da produção. 8- NO BRASIL TEM BIOPIRATARIA. AS PATENTES RESOLVEM O ESSE PROBLEMA? - Conteúdos: Conceito de biopirataria, as desvantagens desse problema, exemplos brasileiros, conceitos e processo de elaboração de patente. 9- DE ONDE VEM O CONHECIMENTO DOS MEUS ANTEPASSADOS SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS? - Conteúdos: A história do uso das plantas medicinais e a regulamentação brasileira sobre uso de fitoterápicos. 10-AS FLORES SÃO APENAS PRESENTES DE CASAIS APAIXONADOS? - Conteúdos: Função das flores, formação das sementes, polinização e vantagens desse órgão. 11- É VERDADE QUE AS PLANTAS TÊM HORMÔNIOS? - Conteúdos: Hormônios vegetais e suas funções, vantagens para os humanos. Fonte: Elaborado pela autora, 2014 54 6.2 PRODUÇÃO DE JORNAL DE BOTÂNICA A atividade consistiu na elaboração de um jornal escolar. As temáticas foram conteúdos de Botânica com enfoque CTSA. Foram utilizadas, nessa atividade, 4 aulas, uma sobre gêneros textuais com a professora de Língua Portuguesa, uma para planejamento e elaboração do texto, uma para edição do gênero textual e outra para edição do jornal. Os alunos se dividiram em 8 grupos de trabalhos,de acordo com os seguintes gêneros textuais: a história em quadrinhos, crônica, poesia, texto informativo sobre economia e cultura, texto lúdico como caça palavras, carta-denúncia, entrevista e charge. Os textos elaborados pelos alunos foram corrigidos quanto à gramática e adequação ao gênero pela professora de Língua Portuguesa. Depois, ficaram temporariamente expostos na sala, onde os alunos escolheram os textos que acharam mais interessantes para serem editados no formato de um jornal. O Jornal desenvolvido foi construído a partir de textos que respeitaram o gênero utilizado, tinham conteúdo sobre botânica com enfoque CTSA abordado de forma correta e que despertavam a curiosidade para leitura de outros alunos da escola. A prática de produção de jornal é utilizada há bastante tempo como um recurso pedagógico para promover aprendizagem de conteúdos, em especial os referentes à Língua Portuguesa. Outros trabalhos que também utilizaram a construção de jornal apontaram benefícios na utilização desse recurso, como promover a alfabetização científica e desenvolver a criticidade, percebidos na experiência de Kruguer (2012); Rauen (2003) e Bonini (2001). Dessa forma, pode-se destacar que a construção do jornal contribuiu para divulgação científica e também promoveu aprendizagem para produção de diferentes gêneros textuais. 55 Figura 1- Jornal Escolar sobre Botânica Fonte: autora, 2014 56 6.3 PRÁTICAS EXPERIMENTAIS A atividade consistiu em desenvolver uma prática experimental e, para isso, os alunos foram divididos em seis grupos, com aproximadamente seis componentes cada, e conduzidos a pesquisar um experimento, utilizando livros e internet. No momento da pesquisa, os alunos estavam acompanhados de um roteiro de planejamento e execução do experimento para facilitar a organização dos trabalhos. O roteiro continha os seguintes itens: objetivo, materiais, procedimentos, relevância social, contextualização, resultados esperados, resultados obtidos, conclusão. Foram utilizadas quatro aulas para essa atividade, uma para organização do trabalho, uma para o planejamento do experimento e duas para apresentação dos experimentos. Os grupos testaram os experimentos e elaboraram os relatórios como atividade domiciliar, por causa da falta de laboratório na escola, que estava em reforma. Os relatórios das práticas foram analisados no capítulo 6 quanto a indicadores de alfabetização científica, de acordo com pressupostos de Fourez (1994), descritos por Sasseron e Carvalho (2011). Quadro 4- Lista de experimentos realizados pelos alunos: 1- Produção de biocombustível a partir de caldo de cana 2- Produção de papel reciclado 3-Extração de óleo de cravo e teste do produto como fungicida 4-Extração de DNA de banana 5-Teste de transpiração de plantas 6-Produção de flor fluorescente por ação de agentes externos e atividade de vasos condutores de seiva 7-Produção da pilha de batata e limão 8-Produção de vegetal por propagação, utilizando folhas de violetas 9-Separação de pigmentos vegetais 10- Crescimento de feijões em diferentes condições ambientais 57 11- Produção de adubo por compostagem 12-Amadurecimento dos frutos por ação do etileno Fonte: Elaborado pela autora, 2014. Entre os principais conteúdos conceituais envolvidos na atividade estão: biodiversidade, tipos de nutrientes, translocação, hidráulica, monocotiledônea, dicotiledônea, tipos de raízes, tipos de caule, tipos de folha, partes da flor, partes da semente, tecidos vegetais, tipos de propagação vegetativa, polinização, capilaridade, teoria de Dixon, procedimentos industriais para produção de papel, transpiração, gutação, fotossíntese, alimento orgânico, agrotóxico, efeito estufa, aquecimento global, compostagem, desnutrição, obesidade, anorexia, silvicultura, biotecnologia, genética, espectro eletromagnético, fitormônio, senescência, abscisão, movimentos vegetais, princípio ativo, biopirataria, patente, regulamentação de fitoterápicos. Figura 2- Experimento da pilha de batata Fonte: autora, 2014. 58 Figura 3- Experimento com óleo de cravo Fonte: autora, 2014. 6.4 AULA EM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: JARDIM BOTÂNICO DE SERRA O Jardim Botânico conta com uma área de 181.853,25m2 e está localizado no Bairro Santo Antônio, em Serra, sendo utilizado, principalmente, como espaço de lazer para a comunidade local, área de visitação para escolas e produção de mudas de plantas para manutenção de praças e jardins do município. O espaço possui um herbário e um orquidário como potencialidades educativas. A atividade consistiu em uma visita com intuito de reconhecer os vegetais, de acordo com a classificação biológica das plantas e, para isso, os alunos foram divididos em 59 seis grupos de quatro alunos, com o desafio de descrever o espaço, observar as diferenças entre as plantas e elaborar uma proposta de classificação de acordo com as observações realizadas, além de registrar o nome das espécies exóticas que estavam marcadas no local. Depois, os grupos se reuniram e trocaram as informações sobre os tipos de classificação que propuseram e as plantas exóticas identificadas. Também naquele momento, a professora de Biologia aproveitou para apresentar alguns exemplares dos principais grupos de plantas. Entretanto, mesmo com essa atividade, os alunos ainda demonstraram dificuldades em diferenciar as principais características dos grupos vegetais e, por isso, foi necessário rever o assunto em uma aula expositiva e dialogada em momento posterior a visitação. A professora de Educação Física acompanhou as turmas com a professora de Biologia e abordou temas como a importância da alimentação saudável e a prática da atividade física para manutenção da boa saúde, desenvolvendo alguns exercícios físicos com os alunos durante a visita. Depois da vista, durante uma aula expositivo-dialogada com uso de projetor de slides, os alunos expuseram a sua impressão sobre a aula no Jardim Botânico, destacando o uso indevido do espaço pela comunidade. Ao todo, foram utilizadas seis aulas para essa atividade, um turno inteiro (5 aulas) para a aula no espaço do Jardim Botânico e uma aula em sala, em que foram trabalhados os conteúdos de anatomia e classificação vegetal; a importância das plantas no equilíbrio ambiental e a importância da atividade física. 6.5 PIQUENIQUE SAUDÁVEL A atividade consistiu em relacionar a bioquímica com alimentação, onde os alunos foram divididos em seis grupos para montarem um cardápio de um lanche saudável. Foram utilizadas três aulas: uma para construir o cardápio, outra para apresentação 60 dos nutrientes pelos grupos e degustação dos pratos e a última para criação de um relatório. No dia do lanche coletivo, cada grupo apresentou seu lanche, explicando sobre os benefícios e as desvantagens dos nutrientes presentes nos alimentos. Entre os pratos que constaram no cardápio da atividade estavam: assado de verduras, legumes, carnes, queijos; pratos doces de frutas; sucos de frutas diversos. Nas explicações, os alunos apontaram a presença dos vegetais nos pratos e as funções dos nutrientes que são importantes para saúde humana como carboidratos, vitaminas, proteínas, sais minerais e lipídeos. Figura 4- Piquenique saudável Foto: autora,2014 61 6.6 ESTUDO ETNOBOTÂNICO A atividade consistiu em realizar uma entrevista com familiares, a fim de comparar os saberes populares com o conhecimento científico sobre a utilização de plantas medicinais. Para tal, os alunos receberam uma ficha que requisitava dados pessoais como o nome, o número de pessoas que reside na casa e dados sobre as plantas utilizadas pela família com nome popular, parte da planta utilizada e finalidade. Depois da coleta de informações, os alunos foram divididos em seis grupos para organizar os dados, a fim de se conhecer quais as plantas que mais são lembradas e utilizadas pelas famílias. Em seguida, os alunos utilizaram o trabalho científico de alunos da escola sobre pesquisas universitárias sobre a eficácia das plantas utilizadas como medicinais para compararem os dados coletados por suas famílias. Então, os alunos realizaram um debate para trocar informações sobre o uso correto das plantas pelas famílias; registraram as conclusões e planejaram a confecção de um informativo sobre o uso correto das principais plantas medicinais utilizadas pela comunidade. Para a atividade, foram utilizadas três aulas: a primeira para organizar os dados e utilizar as pesquisas científicas, outra para o debate e a terceira para elaboração do informativo. Além desse tempo em sala, os alunos realizaram, em casa, a pesquisa com os familiares e confeccionaram os informativos. 6.7 ARTESANATO POR MEIO DA BOTÂNICA O objetivo da atividade foi utilizar elementos da natureza para confeccionar material de arte, visto que esse processo é uma referência a exploração do ser humano aos recursos naturais e por meio dessa atividade foi possível trabalhar conceitos como impactos ambientais, como desmatamento, queimadas, aquecimento global, matéria prima, pigmentos, essência, odores, órgãos dos sentido, bioquímica, molécula orgânica, simetria, formas geométricas, tipos de cores e óleos essenciais. 62 Para realizar a atividade, os alunos foram divididos em seis grupos e receberam um kit de materiais para confeccionar um desodorizador de ambiente e realizar um desenho com pigmentos extraídos dos vegetais. No total, foram utilizadas duas aulas, uma com a professora de Arte sobre desenho e técnicas de pintura, e uma aula para confeccionar o desodorizador e um desenho com pigmento, que foi extraído pelos alunos na prática experimental. Figura 5- Pintura com pigmentos vegetal. Foto: autora, 2014 63 6.8 CONFECÇÃO DE MOLÉCULAS ORGÂNICAS A atividade teve como principal objetivo conhecer os tipos de moléculas orgânicas presentes nos extratos vegetais e, para isso, os alunos receberam uma ficha com a estruturas de moléculas orgânicas presentes em planta medicinais. Em outra aula, os alunos foram divididos em grupos e, com a ajuda de dois professores em sala, de química e de biologia, os alunos montaram uma molécula orgânica, utilizando palitos de churrasco e bolas de isopor. Os alunos pintaram a molécula confeccionada com tinta fluorescente e, em casa, fizeram uma ficha com explicações técnicas sobre cada molécula. Foram utilizadas duas aulas para a atividade, uma para confecção da molécula outra para preparação da exposição. As moléculas e suas fichas técnica foram expostas em uma sala e visitadas por outros alunos. Figura 6- Confecção de moléculas orgânicas Foto: autora, 2014 64 6.9 PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE AS BENZEDEIRAS A atividade, realizada em oito aulas, objetivou aproximar os alunos de uma prática antiga que permanece latente na comunidade local sobre o uso de plantas medicinais, a prática do benzimento. Os alunos fizeram um levantamento sobre os locais da Serra com maior número de benzedeiras, depois planejaram a produção de um documentário e prepararam um questionário de campo com perguntas relacionadas ao uso de plantas medicinais. Em seguida, os alunos foram para o campo, realizaram as entrevistas e as filmagens e levaram o material para o laboratório de informática. Eles criaram um vídeo e depois apresentaram para os colegas; a seguir promoveram debates sobre essa prática que ocorre à muitos anos na Serra e suas diferentes formas de realização. No fim da atividade, os alunos conheceram as plantas utilizadas para benzimento e para produção de remédios caseiros e, assim, puderam debater sobre as crenças pessoais e também sobre o uso das plantas de uma forma religiosa. Figura 7- Exibição de vídeo Foto: autora, 2014 65 6.10 EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS DE BOTÂNICA A atividade objetivava expor todos os materiais produzidos no projeto pedagógico de forma a sistematizar os conhecimentos adquiridos pelos alunos, e para isso, os alunos montaram um painel para apreciação das outras turmas. Para a realização da exposição, foram utilizadas três aulas geminadas. A atividade possibilitou visualizar a participação de diferentes áreas de conhecimento durante o projeto como Arte, Química, Educação Física, Língua Portuguesa e Biologia Foi possível perceber que o desenvolvimento das atividades em grupo permitiu maior interação e colaboração entre os alunos e também a visualizar a satisfação ao relembrar das atividades que mais gostaram de desenvolver com o auxílio dos colegas. 66 7 ANÁLISE PEDAGÓGICA DO PROJETO ESCOLAR COM ENFOQUE CTSA A avaliação pedagógica do projeto escolar quanto aos indicadores dos pressupostos do movimento CTSA foi realizada a partir de um instrumento de análise construído e adaptado da proposta de Fernandes, Pires e Villamañan (2013) de avaliação curricular dos conteúdos de ciências das escolas de Portugal e Espanha. Apesar de o instrumento ter o objetivo de análise de currículos escolares, os próprios autores afirmam que ele apresenta contribuições em relação a sua aplicação para uma análise de práticas pedagógicas com enfoque CTSA. Esse instrumento apresenta as dimensões de análises centradas em três eixos: a dimensão procedimental, de conhecimento e das finalidades da alfabetização científica; os parâmetros de ideias chaves das inter-relações CTSA e os indicadores dessas inter-relações. Sendo assim, apresenta-se abaixo um quadro do instrumento de análise, acrescido de uma coluna a respeito dos indicadores presentes no Projeto Pedagógico Plantas medicinais com enfoque CTSA DIMENSÃO Quadro 5-Quadro dos instrumentos de análise dos pressupostos CTSA PARÂMETROS INDICADORES (EP1) Desenvolvimento de capacidades/ 1-Propõe o desenvolvimento de procedimentos procedimentos científicos, resolução de problemas e melhoria do FINALIDADES pensamento crítico. (EP2) Desenvolvimento de atitudes e 2-Fomento o desenvolvimento de princípios e valores. normas de conduta responsáveis e conscientes, individuais e coletivas. (EP3) Educação, cidadania sustentabilidade e ambiente. e 3-Promove o desenvolvimento de decisões conscientes, informadas e argumentadas face às consequências das ações humanas no ambiente. 4-Promove o envolvimento do aluno em questões problemáticas atuais relacionadas à cidadania, sustentabilidade e proteção ambiental. 67 CP1-Pertinência da abordagem dos temas 5-Sugere a abordagem contextualizada de temas atuais, relacionados aos conhecimentos prévios dos alunos e com seu dia a dia. 6-Propõe a discussão de temas científicos em função de sua utilidade social. CP2-Discussão de temas polêmicos 7-Sugere situações em que diferentes realidades relacionados com os avanços científicos sociais estão na origem de novas descobertas tecnológicos científicas e inovações tecnológicas. 8-Aborda as vantagens e os limites do conhecimento científico e tecnológico, bem como seus impactos na sociedade e ambiente. CONHECIMENTOS CP3- Influencia reciprocamente os 9-Evidencia as relações recíprocas entre ciência e avanços científicos e tecnológicos e as tecnologia mudanças socioambientais. 10-Realça as mudanças nas condições de vida das pessoas relacionadas aos avanços tecnológicos ao longo do tempo. 11-Enfatiza os impactos da sociedade e do ambiente nos avanços científicos e tecnológicos. CP4-Diversidade de conteúdos científicos e temas 12-Privilegia a exploração de conteúdos científicos e tecnológicos relacionados com outros campos do saber onde se exige a compreensão das interrelações CTSA CP5-Discussão de questões relativas a 13-Apresenta dados relacionados a natureza e a natureza do conhecimento científico. história da ciência e/ou diferentes visões de conhecimento científico ao longo dos tempos. 14-Apresenta conhecimento de uma forma não dogmática 15-Informa acerca do trabalho e função do cientista, bem como possíveis pressões sociais, políticas, religiosas ou econômicas que podem sofrer. PROCEDIMENTOS PP1-Natureza e diversidade de atividades e estratégias. 16-Incentiva o aluno para a utilização /manipulação de diferentes recursos dentro e fora da sala de aula. 17-Propõe a realização de aula prática, experimental, laboratorial, saídas de campo para explorar as relações CTSA 18-Envolve ativamente o aluno em atividades de debate, resolução de problemas, discussões, pesquisas sobre onde se manifeste as interações CTSA. Fonte: Fernandes, Pires e Villamañan, 2013. 68 Com o intuito de esclarecer os indicadores presentes nas atividades do projeto escolar, foi elaborada uma tabela com as atividades do projeto e, em seguida, foi inserido o indicador referente aos critérios de avaliação descritos na tabela anterior. Quadro 6 - Quadro dos indicadores dos pressupostos CTSA presentes nas 3 17 1 16 5 15 4 14 3 13 2 12 1 11 3 10 PP X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Aula em EENF X X X X X X X X X X X X X X X X Piquenique X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X por X X X X X X X X X X X X X X X X de X X X X X X X X X X X X X X X X X X de X X X X X X X X X X X X X X X X X X dos X X X X X X X X X X X X X X X X X X Pesquisa 9 CP 8 CP 7 CP 6 CP 2 2 CP 1 1 EP 5 EP EP 4 ATIVIDADES 18 atividades do Projeto Pedagógico orientada Produção de jornal botânica Práticas experimentais saudável Estudo Etnobotânico Artesanato botânica Confecção moléculas Produção documentário Exposição trabalhos. Legenda: EP1-Desenvolvimento das capacidade/ procedimentos, EP2- Desenvolvimento das atitudes e valores, EP3- Educação, cidadania e sustentabilidade, CP1-Pertinência da abordagem dos temas, CP2- Discussão dos temas polêmicos relacionados com avanços científicos e tecnológicos, CP3Influência recíproca dos avanços científicos e tecnológicos e as mudanças socioambientais, CP4Diversidade de conteúdos científicos e temas, CP5- Discussão de questões relativas a natureza do conhecimento científico, PP1- Natureza e diversidade de atividades e estratégias. Elaborado pela autora, 2014. Depois da classificação de cada atividade do projeto pelos indicadores das interrelações CTSA, é preciso destacar que diferentes autores listam a sua forma de análise e que, mesmo que haja algumas divergências entre os diferentes autores, foi 69 escolhido o uso de uma proposta que englobasse a maior parte dos mesmos tipos de indicadores. Entre os indicadores estão a pertinência e abordagens do tema e a discussão dos avanços tecnológicos que se aproximam dos apontamentos de Santos e Mortimer (2002), em relação à construção e à abordagem científica sem se afastar do contexto social e preparação do aluno para exercer a cidadania. Outro indicador presente na proposta é a educação para a cidadania e sustentabilidade, muito debatido em trabalhos de CTSA no Brasil e cujos objetivos são destacados por Auler (2007), como os de promover os interesses dos estudantes para relacionar a ciência com os aspectos tecnológicos e sociais, discutir as implicações sociais e éticas relacionadas ao uso da ciência e tecnologia, além de adquirir uma compreensão da natureza da ciência e do trabalho científico. Outro aspecto que precisa ser ressaltado para o resultado encontrado, é o fato dos indicadores reforçarem as ideias de Cachapuz, Praia e Jorge (2004) quando a relevância de uma proposta educativa que faça sentido para o aluno e seja capaz de entusiasmá-lo para o estudo científico, diminuindo a diferença entre as elites científicas e os cidadãos alfabetizados. Nesse sentido, pode-se afirmar que as atividades propostas no projeto pedagógico possuem articulação com os pressupostos do movimento CTSA buscando maior envolvimento dos alunos com o seu processo de construção do conhecimento, de forma que permita a saída de uma postura passiva, adquirindo mais autonomia. Essa possibilidade de mudança de postura, foi uma observação destacada por autores que utilizaram a prática pedagógica de projetos como Rodrigues, Anjos e Roças (2008), Silva e Amaral (2012), Amaral e Guerra (2012), Ventura (2002) e Delizoicov (2008). Frente a tantos indicadores necessários para compreender como uma proposta classifica-se com enfoque CTSA, percebe-se que não é fácil alcançar todos os indicadores em todas as atividades, porém é possível estabelecer um caminho de 70 superação de uma visão reducionista da Ciência e, como afirmam Praia, Gil-Perez e Vilches (2007), ter capacidade de fundamentar as opções educacionais e didáticas para a ciência que se ensina. 71 8. AVALIAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EXPERIMENTAIS A avaliação da alfabetização científica dos alunos ocorreu por meio das habilidades necessárias a serem alcançadas para um indivíduo ser considerado alfabetizado cientificamente, descritos nos relatórios decorrentes das atividades de práticas experimentais, uma das dez atividades do projeto pedagógico. Os relatórios continham objetivo da prática experimental; os materiais utilizados, inclusive os que foram substituídos para tornar a atividade viável; os procedimentos, incluindo as etapas que foram modificadas pelo grupo; o registro dos resultados, considerando o debate da turma e a impressão do grupo sobre o trabalho desenvolvido com seu contexto e relevância social. As práticas experimentais foram desenvolvidas pelas questões formuladas pela professora de Biologia e estavam relacionadas à botânica e a proposta era realizar uma pesquisa, selecionando um experimento que pudesse responder a questão formulada. Todos os experimentos foram apresentados e contaram com a participação da turma, realizando perguntas ou apontando sugestões, a fim de responder a questão proposta e, depois da apresentação e debate das práticas experimentais, os alunos confeccionaram o relatório. A seguir, encontra-se um quadro com as questões propostas para os alunos e alguns experimento selecionados por meio de pesquisas em site, guias didáticos, livros que fosse capaz de responder total ou parcialmente a pergunta realizada. 72 Quadro 7- Quadro das práticas experimentais realizadas pelos alunos QUESTÕES A EXPERIMENTO Como as plantas se nutrem? Crescimento de feijões em diferentes condições ambientais. B De que forma os nutrientes do solo chegam às Produção de flor fluorescente por agentes folhas mais altas? externos com influência da luz negra e atividade dos vasos condutores de seiva C Qual a função das folhas? A transpiração das plantas em condições naturais Como as fábricas produzem papel? A produção de papel reciclado de forma D artesanal Quais as principais técnicas e tecnologias E Produção de adubo por compostagem utilizadas na produção orgânica de alimentos no ES? F Quais os destaques tecnológicos na silvicultura Extração de DNA de banana. no ES? G Como ocorre a produção de biocombustíveis? Produção de álcool a partir de cana de açúcar. H Como ocorre a produção de biocombustíveis? A pilha de vegetais I Será que os remédios produzidos em casa Produção de óleo de cravo e teste do fazem efeito? produto como fungicida. J K Quais as melhores condições para o Produção de vegetal por propagação brotamento? vegetativa com folhas de violetas. É verdade que as plantas têm hormônios? Ação de hormônios vegetais em amadurecimento de frutos L Se a planta não for verde ela faz fotossíntese? Extração de pigmentos vegetais Fonte: Elaborado pela autora, 2014 Os procedimentos metodológicos, bem como os materiais utilizados pelos alunos no desenvolvimento da prática experimental, está explicado a seguir, no quadro 7, contendo resumo das práticas experimentais. Cabe ressaltar que as possibilidades não foram esgotadas, bem como o experimento escolhido não responde apenas a pergunta realizada, podem ser utilizados em outros contextos e outros objetivos. 73 Quadro 8- Quadro resumo dos procedimentos metodológicos das práticas experimentais Procedimentos metodológicos e materiais A- Crescimento de feijões em diferentes condições ambientais Procedimentos metodológicos: Colocar 3 grãos de feijões em 3 vasos diferentes. Colocar um dentro de uma caixa iluminada, outro exposto a luz natural, mas à sombra e outro em uma caixa fechada. Regar uma vez ao dia, durante dez dias. Registrar os resultados, ao regar. Materiais: feijão, vasos, terra preta, duas caixas de madeira, bocal, fio e lâmpada, caderno de anotações. B- Produção de flor fluorescente por agentes externos com influência da luz negra e atividade dos vasos condutores de seiva Procedimentos metodológicos: Retirar o refil de uma caneta marca texto fluorescente, retirar a tinta e dissolvê-la em ¾ de um copo de água. Cortar ao meio (vertical) os caules de três crisântemos, depois cortar, transversalmente, as pontas dos caules e colocar as flores na água. Aguardar dois dias. Expor à luz negra. Materiais: caneta marca texto, copo de água, estilete, crisântemos, lâmpada de luz negra. C-A transpiração das plantas em condições naturais Procedimentos metodológicos: Amarrar uma sacola transparente e amarrá-la na borda, um caule com folhas na ponta de uma planta, dentro e deixar por 3 dias. Registrar os resultados filmar e repetir em outros tipos de plantas. Materiais: sacola plástica transparente, barbante, caderno para registro e máquina para filmar. Ilustração 74 D-A produção de papel reciclado de forma artesanal Procedimentos metodológicos: Separe durante uma semana papéis usados (mas que não estejam sujos com gordura ou tinta), coloque-os de molho em um balde com água durante 24 horas, depois os bata num liquidificador, até formar uma massa homogênea. Passe-os aos poucos pela tela, pressione-o bem e depois os coloque para secar. Depois de seco, utilizar para fazer bloquinhos ou artesanatos. Materiais: papéis usados, liquidificador, água, telas para reciclagem de papel, panos. E-Produção de adubo por compostagem Procedimentos metodológicos: Em uma lixeira pequena, furar o fundo, colocar brita para escorrer o chorume, colocar uma camada de terra, uma de restos de alimentos e uma de pó de serra. Aguardar durante 10 dias, mexer todos os dias a partir do terceiro dia. Colocar um recipiente recolhedor de chorume e retirar e lavar todos os dias. Acrescentar borra de café para evitar cheiro ruim. Materiais: vasilha plástica pequena, pó de serra, terra, restos de alimentos. F-Extração de DNA de banana. Procedimentos metodológicos: Retirar uma banana da casca, e em uma sacola hermética, amassá-la até ficar bem pastosa. Em um béquer, misture bem, 150 ml de água, uma colher de sopa de detergente e ½ colher de chá de sal. Coloque 1/3 da mistura dentro da sacola hermética, aguarde 10 minutos, filtre e coloque o filtrado em um tubo de ensaio, acrescente devagar álcool e aguarde. Materiais: sacola hermética, sal, detergente incolor, banana, álcool, tubo de ensaio, béquer, caderno para anotações. 75 G-Produção de biocombustível com caldo de cana Procedimentos metodológicos: Pegar uma garrafa plástica, furar a tampa para passar uma mangueira fina, vedar, colocar o caldo de cana, o fermento e a água no vidro (verificar se está bem vedado). Coloque a outra ponta da mangueira em uma garrafa com uma solução de hidróxido de cálcio. Espere um dia e anote os resultados. Materiais: duas garrafas plásticas, mangueira fina transparente, caldo de cana, fermento biológico, água e hidróxido de cálcio. H-A pilha de vegetais Procedimentos metodológicos: Soldar os fios de um despertador, um nó terminal negativo e outro positivo. Cortar meio limão ou batata e em cada metade, colocar uma placa de cobre e de zinco. Ligar os pares ao relógio. Materiais: Batatas ou limões, fios de cobre, parafuso de zinco, despertador. I-Produção de óleo de cravo e teste do produto como fungicida. Procedimentos metodológicos: Colocar álcool em meio copo de cravo e depois de 24 horas separar o óleo. Aplicar diferentes quantidades em cultura de fungos e analisar. Materiais: cravos, álcool, ágar, fruta com fungo, vidro com tampa, seringa. J-Produção de vegetal por propagação vegetativa Procedimentos metodológicos: Cortar 8 folhas com pecíolos grande de uma violeta e colocar duas folhas um copo descartável com diferentes condições (areia, argila, terra preta, água). Aguardar uma semana para verificar o resultado e registrá-lo. Materiais: copos descartáveis, água, terra, argila, areia, violeta. K-Ação de hormônios vegetais em amadurecimento de frutos Procedimentos metodológicos: Colocar em uma caixa de sapato um mamão verde com uma banana madura e em outra caixa de papelão, somente o mamão verde. Fechar e aguardar 4 dias. Abrir a caixa e realizar as anotações. Materiais: Duas caixas de sapato de papelão do mesmo tipo, dois mamões e banana. 76 L- Extração de pigmentos vegetais Procedimentos metodológicos: ralar em pires diferentes pedaços de pimentão amarelo, beterraba, espinafre e cenoura. Acrescentar em cada um, acetona. Verificar o resultado e colocar o líquido em um tubo de ensaio, acrescentar um papel filtro em cada tubo e aguardar. Registrar os dados. Materiais: pimentão, beterraba, espinafre, cenoura, acetona, papel filtro e tubo de ensaio. Fonte: Elaborado pela autora, 2014. A análise dos relatórios ocorreu por meio da apreciação de 14 habilidades apresentadas por Fourez (1994, apud SASSERON E CARVALHO, 2011), consideradas como relevantes para os sujeitos serem classificados como alfabetizados cientificamente em contexto de educação formal. O resultado da análise foi organizado em um quadro, onde Q representa a quantidade de relatórios que apresentaram a habilidade, do total de 12 relatórios analisados, (n=12). Quadro 9- Quadro das habilidades necessárias à alfabetização científica. HABILIDADES Q (1) Utilizar conceitos científicos e é capaz de integrar valores, e sabe fazer 8 por tomar decisões responsáveis no dia a dia. (2) Compreende que a sociedade exerce controle sobre as ciências e as 6 tecnologias, bem como as ciências e as tecnologias refletem na sociedade. (3) Compreende que a sociedade exerce controle sobre as ciências e as 6 tecnologias por meio do viés das subvenções que a ela concede (4) Reconhece também os limites da utilidade das ciências e das tecnologias 6 para o progresso do bem estar humano (5) Conhece os principais conceitos, hipóteses e teorias científicas e é capaz 12 de aplicá-los (6) Aprecia as ciências e as tecnologias pela estimulação intelectual que elas 7 suscitam (7) Compreende que a produção dos saberes científico depende, ao mesmo 10 tempo, de processos de pesquisas e de conceitos teóricos. (8) Faz distinção entre os resultados científicos e a opinião pessoal 9 77 (9) Reconhece a origem da ciência e compreende que o saber científico é 10 provisório, e sujeito a mudanças, a depender do acúmulo dos resultados. (10) Compreende as aplicações das tecnologias e das decisões implicadas 10 nestas utilizações (11) Possui suficientes saber e experiência para apreciar o valor da pesquisa 6 e do desenvolvimento tecnológico (12) Extrai da informação científica uma visão de mundo mais rica e 8 interessante (13) Conheça as fontes válidas de informações científica e tecnológica e 8 recorre a elas quando diante de situações de tomada de decisões. (14) Certa compreensão da maneira como as ciências e as tecnologias 6 foram produzidas ao longo da história Fonte: Elaborado pela autora, 2014 embasado nos pressupostos de Fourez (1994) Com a finalidade de exemplificar o reconhecimento das habilidades nos relatórios de prática experimental dos alunos, foram realizados alguns recortes do material analisado e descritos a seguir, com uma legenda entre parênteses, em que a letra representa o experimento citado e o número a habilidade identificada. Foi possível observar que todas as habilidades foram reconhecidas nos relatórios de práticas experimentais. Algumas apareceram com maior frequência, como foi o caso da habilidade cinco que se referia ao conhecimento do aluno dos principais conceitos, hipóteses e teorias científicas e a capacidade de aplicá-la. Nesse caso, foram considerados os principais conceitos que envolviam os conteúdos de botânica e os exemplos da aplicação dada pelos alunos nos relatórios, como nos exemplos a seguir: (G5) “A fermentação é um processo de produção de energia... esse processo é utilizado pelo ser humano na fabricação de bebidas.” (H5) “A energia formada, não é eletricidade e sim energia química” (J5) “A raiz é um órgão que serve para fixação e absorção de compostos” (I5) “Antisséptico se refere a todas as substâncias que inibe a proliferação de microrganismos” (A5) “O estiolamento é uma possibilita o vegetal adaptar-se as condições do solo” 78 De acordo com Chassot (2003), é considerado alfabetizado cientificamente aquele que sabe ler a linguagem da ciência, compreendendo o mundo natural, como ocorreu nos exemplos em que os alunos citavam os conceitos relacionados a botânica e sabiam relacionar com as funções para a própria planta ou alguma utilidade para o ser humano. Outra habilidade reconhecida no material produzido pelos alunos, quando eles citavam fenômenos biológicos e usavam trechos da pesquisas que desenvolveram, foi a habilidade sete, que refere-se a compreensão de que os saberes científicos dependem, ao mesmo tempo, de processos de pesquisa e de conceitos teóricos, como observados nos exemplos a seguir: (A7) “Os experimentos com osmose em folhas de alface, podem explicar a ocorrência de folhas murchas.” (F7) “O uso DNA em pesquisas permitiu o desenvolvimento da área de biotecnologia.” (B7) “Os experimentos com vasos condutores mostram o deslocamento de líquidos no vegetal” (J7) “O experimento realizado se baseia na hidroponia que possibilita a obtenção de vegetais por meio de uma de suas partes que fica na água.” (L7) “Experimentos em pesquisas mostram a presença de estruturas vegetais que reservam pigmentos.” Essa aplicabilidade dos conceitos científicos, permitiu aos alunos, alcançarem a característica descrita por Santos (2000), quando se refere à formação da dimensão formativa e cultural dos alunos, a partir da dimensão conceitual. Essa dimensão formativa e cultural também perpassa por uma habilidade de suma importância na identificação de sujeitos alfabetizados cientificamente, que é a habilidade nove, que reconhece a origem da Ciência a partir da compreensão de que o saber científico é provisório e sujeito a mudanças, a depender do acúmulo dos resultados. 79 Essa habilidade foi reconhecida nos relatórios quando os alunos descreviam as suas expectativas para alcançarem um resultado e precisavam alterar algo no experimento e repetir algumas vezes as etapas necessárias, encontrando outras possibilidades, como nos exemplos a seguir: (J9) “Notamos que os pecíolos que estavam na água, tiveram a fisiologia modificada e por isso não estava dando certo, por isso tentamos de outra forma, o experimento” (C9) “Colocamos a sacola transparente no galho da árvore e ficou nublado, colocamos então uma lamparina.” (D9) “Devido ao material incorreto, não deu certo a primeira tentativa” Essa característica de repetir e rever procedimentos nos experimentos, desenvolve no aluno, a capacidade de refletir sobre o acesso da população aos conhecimentos científicos, como destacam Santos e Mortimer (2002), quando se referem a necessidade de oferecer educação científica para o público em geral. Mesmo quando objetiva-se apenas fazer uma distinção ente os resultados científicos e a opinião pessoal, como foi o caso dos relatos dos alunos que se referiam à habilidade oito, como percebido nos exemplos: (I8)“Esse óleo tinha o objetivo de matar os fungos dos alimentos e realmente ele matou...então podemos acreditar que algumas plantas medicinais funcionam” (G8)”Na nossa opinião, não tivemos sucesso no experimento...nas pesquisas descobrimos que passou ar pela tampa” (E8) “Achamos que deveria ter mais mobilização das pessoas sobre esse tema” No caso dos exemplos citados, a opinião dos alunos a respeito de seus experimentos ficou clara e, no caso do experimento da extração do óleo do cravo, a realização dos experimentos superou a expectativa dos alunos que achavam que não conseguiriam obter os mesmos resultados descritos em trabalhos universitários. 80 Neste sentido, Pinheiro, Silveira e Bazzo (2007) ressaltam a necessidade da população ter acesso às informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico e ter também condições de avaliá-las. Isso pode ser possível quando as pessoas possuem desenvolvida a habilidade 10, que refere-se à compreensão das aplicações tecnológicas e das decisões implicadas nessas utilizações. Essa habilidade foi identificada nos relatórios, a partir da citação do uso das tecnologias pelas pessoas em determinadas situações. (H10) “Utilizamos o multímetro para comprovar quanta corrente estava passando, ele também é usado por eletricistas no trabalho” (I10) “Agora tem anestesia, mas antes o cravo era utilizado por dentistas, pois deixa a boca dormente”. (K10) “Agora o agricultor pode usar o hormônio do laboratório para madurar as frutas para vender” A visão da aplicabilidade da tecnologia pelo ser humano é muito importante para os jovens, pois permite que possam se posicionar sobre as relações de poder que envolvem o uso desse recurso e também possibilita uma reflexão sobre o direito de participação das pessoas sobre as decisões que envolvem essa utilização, o que segundo Auler e Delizoicov (2006) defendem como fundamental para democratização dos processos decisórios que envolvem os temas Ciência e Tecnologia. Outro exemplo das habilidades identificadas nos relatórios de práticas experimentais refere-se à habilidade de utilizar conceitos científicos, sendo capaz de integrar valores e tomar decisões no dia a dia, como foi o caso do exemplo a seguir: (D1) “Com esse experimento podemos perceber a quantidade de papel que desperdiçamos” (A1) “Concluímos que o habitat natural de cada espécie é ideal para ela...não podemos pegar uma planta de um lugar e levá-la para outro” 81 (L1) “O betacaroteno é produzido pelos vegetais... é muito importante ingerir vegetais pois essa substância é essencial para os olhos, cabelos, crescimento e desenvolvimento” Essa característica de integrar valores corrobora com as ideias de Praia, Perez e Vilches (2007), que esclarecem que é preciso que o ensino possibilite o acesso à cidadania e que para isso é preciso ter noção correta dos conceitos científicos para a tomada de decisão. Além disso, quando o aluno alcança responsabilidade suficiente para tomada de decisões, também consegue ter uma visão de mundo mais rica e interessante, que referindo à habilidade 12, são identificadas nos relatórios da seguinte forma: (D12) “Podemos mostrar para as pessoas que podemos usar o papel e depois reutilizá-lo com praticidade em nosso meio” (B12) “Dedicamo-nos bastante para atingir os resultados esperados e por fim alcançamos nossa meta que era mostrar uma flor brilhante” (A12) “O grupo ficou surpreso com cada detalhe e o resultado que acontecia após o experimento” A habilidade seis refere-se à apreciação das ciências e às tecnologias pela estimulação intelectual que elas suscitam. Relacionando-se com a habilidade anterior, também identificada nos relatórios da seguinte forma: (L6) “Foi bom poder observar que o papel filtro ficou colorido, pela presença dos pigmentos solúveis em álcool.” (F6) “Achamos a experiência bastante interessante por que de forma simples e rápida conseguimos visualizar um grande estudo.” (K6) “Cada pessoa do grupo ficou surpresa com os detalhes e percebemos que o que tínhamos estudado sobre o tema foi percebido melhor com nossos testes.” 82 Tanto na habilidade doze como na habilidade seis, observa-se que os alunos se entusiasmaram com a atividade. Nesses casos, Sasseron e Carvalho (2011),afirmam que não se destaca uma visão de mundo mais rica apenas pelo fato de se ver as ciências e suas teorias como construções humanas, mas também se destaca o apreço e prazer na compreensão dos fenômenos e elementos naturais que fazem parte de nosso dia a dia, bem como o reconhecimento da importância das ciências para e na história da humanidade. Além disso, os alunos apresentaram algumas explicações embasadas em conhecimentos sobre Botânica, o que contribuiu para execução do experimento com certa facilidade, descrito como habilidade 11, que se refere a possuir saber suficiente e experiência para apreciar o valor da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico. Parte desse saber pode ser descrito por meio dos exemplos abaixo: (A11) “As folhas se originam dos primórdios foliares localizados nas extremidades dos ramos” (B11) “Por meio do xilema, um tecido formado por vasos, é transportado uma solução de água com nutrientes” (J11) “As plantas não estavam desenvolvendo por causa dos microrganismos que surgiam e por excesso de água” Mas, apesar do entusiasmo dos alunos com a realização das práticas experimentais, alguns relatórios mostraram limitações ao fazer os experimentos, reconhecido nos textos quando os alunos demonstraram suas frustrações diante dos experimentos ou quando chegaram à conclusão de que nem sempre a ciência pode oferecer a todas as pessoas os mesmos benefícios, exemplificados como: (C4) “Infelizmente em uma das visitas foi possível verificar que a única folha que havia desenvolvido havia murchado e morrido” (G4) “Deveria ter petrificado....mas isso não ocorreu no nosso experimento” (D4) “Esperávamos um papel como do caderno, mas para isso seriam necessários recursos mais industriais.” 83 A habilidade 13 também foi identificada e refere-se ao conhecimento das fontes válidas de informações científicas e tecnológicas, recorrendo a ela quando diante de situações de tomada de decisão. Nesse caso, os alunos citaram, em seus relatórios, os livros de Biologia do Ensino Médio que pesquisaram tanto para escolher o experimento que seria realizado como para relacionar aos conceitos envolvidos no processo de experimentação, além disso, os alunos também citaram os sites de busca e blogs com descrição dos experimentos. Apenas quatro relatórios não apresentaram suas fontes de pesquisas. Em relação à habilidade 2 e 3, que referem-se à compreensão do controle exercido pela sociedade sobre as ciências e as tecnologias e vice versa, pode-se inferir o seguinte: (F 2,3) “Podemos perceber que os benefícios do uso da genética para produção de alimento, mas dá para ter uma noção que só grandes indústrias têm dinheiro para isso” (L2,3) “Apesar de conseguir chegar ao resultados, nosso grupo sabe que as industrias possuem formas de fazer isso em maior quantidade para gerar mais compostos” (I2,3) “Fizemos nosso óleo de cravo, mas sabemos que as empresas produzem outros remédios...as pessoas que não tem dinheiro para comprar remédios podem usar para matar fungos” A capacidade de perceber que a tecnologia e a ciência poderiam servir às pessoas e serem utilizadas para o bem comum é destacada por Santos (2011) como um dos benefícios do Ensino com enfoque CTSA, que tem colaborado para que a educação científica se consolide no propósito de formação para a cidadania, a fim de amenizar os impactos provocados na sociedade por um Ensino de Ciências que reproduza as mazelas sociais, principalmente advinda da Ciência e da Tecnologia. Essas duas habilidades estão também relacionadas ao fato de reconhecer essas mazelas que foram produzidas e reproduzidas ao longo da História e, para tal, é preciso conhecer os fatos, o que remete à habilidade 14, que se refere à 84 compreensão da maneira como a ciência e a tecnologia foram produzidos ao longo da História, reconhecidas nos relatórios por citações de fatos relacionados aos experimentos, com visto abaixo: (I14) “O cravo da índia é usado desde a antiguidade na culinária, no fumo e antigamente no sec. XVI era uma especiaria muito valorizada, como ouro por exemplo” (A14) “No inicio do sec. XX, Franciz Went, usando aveia em germinação, demonstrou que se a ponta é removida a plântula não cresce mais e se ela for recolocada ela volta a crescer” (L14) “A cromatografia é uma técnica desenvolvida em 1910, pelo botânico russo Mikhail Tsvet, para retirar pigmentos vegetais” Sendo assim, pode-se perceber que os alunos, ao realizarem suas práticas experimentais, desenvolveram habilidades relativas à alfabetização científica, que é considerada por Santos e Schenetzler (2003) uma contribuição para as necessidades do mundo atual. Entretanto, cabe ressaltar que a análise proposta aqui considerou apenas uma atividade do projeto escolar composto por 10 atividades, por isso, pode-se considerar que, as habilidades que se apresentam com certa quantidade nos relatórios, podem ou não estar presentes em outras atividades do projeto. 85 9 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA CRÍTICA UTILIZANDO COMO RECURSO MAPAS CONCEITUAIS A construção de mapas conceituais foi, originalmente, proposta por Novak (1998), como uma ferramenta para a estruturação hierárquica de conceitos fundamentada na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel. Moreira (2010) afirma que: Os mapas conceituais são diagramas que indicam relações entre conceitos e procura refletir a estrutura conceitual de certo conhecimento. Mais especificamente podem ser vistos como diagramas conceituais hierárquicos, construí-los, negociá-los, apresentá-los, refazê-los, são processos altamente facilitadores da aprendizagem significativa. Sendo assim, os mapas conceituais podem ser utilizados para diferentes finalidades no ensino como leitura de textos, preparação de apresentação oral, avaliação formativa e para exploração do que o aluno já sabe e é considerada uma eficiente ferramenta para apontar os conhecimentos prévios dos alunos e permitir a escolha da melhor estratégia metodológica para alcançar a aprendizagem. De acordo com Tavares (2007), quando um aprendiz constrói seu mapa conceitual, ele desenvolve e exercita a sua capacidade de perceber as generalidades e peculiaridades do tema escolhido. Nesse sentido, foi proposto para 100 alunos do Ensino Médio da Escola Clóvis Borges Miguel a confecção de mapas conceituais com o tema plantas. Nesta pesquisa, os mapas conceituais foram utilizados como ferramenta de avaliação dos conhecimentos prévios dos alunos e como forma de análise quanto à promoção da aprendizagem significativa crítica. Entretanto, para facilitar e familiarizar os alunos quanto à utilização e produção de mapas conceituais, eles participaram de um momento de explicação sobre como construir um mapa conceitual, pesquisaram na internet exemplos de mapas e conheceram o programa cmaps tools antes da confecção do mapa inicial. As orientações para construção do mapa conceitual seguiram a proposta de Moreira 86 (2010). Segue, assim, algumas orientações a respeito dessa construção, a fim de esclarecer os procedimentos metodológicos utilizados no projeto escolar. Os passos para a construção de um mapa conceitual, de acordo com Moreira (2010),estão apresentados no quadro 10: Quadro 10- Quadro das orientações de Moreira (2010) para construção de mapa conceitual: I -Identifique os conceitos-chaves do conteúdo que vai mapear e ponha-os em uma lista (limite de 6 a 10 conceitos). II -Ordene os conceitos colocando os mais gerais, mais inclusivos, no topo do mapa e gradualmente, vá agregando os demais até completar o diagrama de acordo com o principio da diferenciação progressiva. No caso de dificuldade de identificar os mais gerais dos mais inclusivos, analisar o contexto no qual os conceitos estão sendo considerados ou ter uma ideia da situação em que quais conceitos devem ser ordenados. III-Conecte os conceitos com linhas e rotule essas linhas com uma ou mais palavras chaves que explicitem a relação entre os conceitos. Os conceitos e as palavras chaves devem sugerir uma preposição que expresse significado da relação. IV-Setas podem ser usadas quando se quer dar sentido a uma relação. No entanto, o uso de muitas setas acaba por transformar o mapa em um diagrama de fluxo. V-Evite palavras que apenas indiquem relações triviais entre os conceitos. Busque relações horizontais e cruzadas. VI-Exemplos podem ser agregados ao mapa, embaixo dos conceitos correspondentes, os exemplos ficam na parte inferior dos mapas. VII-Geralmente, o primeiro intento de um mapa, tem simetria pobre e alguns conceitos ou grupos de conceitos acabam mal situados em relação ao outros que estão mais relacionados. Nesse caso, é útil reconstruir o mapa. Fonte: elaborado pela autora embasado em Moreira (2010). Entre as orientações de Moreira (2010), foi realizada uma adaptação na primeira etapa da construção dos mapas, visto que, na identificação dos conceitos-chaves, os alunos ficaram livres para utilizar a quantidade de conceitos que eles achassem necessários para construção do seu mapa conceitual. 87 Depois da construção dos mapas pelos alunos, esses foram categorizados de acordo com os seguintes critérios: relação do conteúdo de botânica com outros conteúdos, contextualização do conteúdo com o cotidiano com ênfase no CTSA e abordagem da fisiologia, classificação e anatomia das plantas. Assim, as orientações a respeito da construção dos mapas auxiliaram os alunos em dois momentos distintos, um antes da execução do projeto escolar e outro no final das atividades, ambos sem consultar nenhum material de pesquisa sobre o tema, de forma a realmente expressar os conhecimentos dos alunos. A utilização do mapa conceitual antes da execução das atividades do projeto pedagógico funcionou como uma eficiente estratégia de verificação do conhecimento prévio do aluno sobre os conteúdos de botânica. Os resultados obtidos nessa etapa forneceram subsídios para o planejamento do Projeto Pedagógico desenvolvido nesta pesquisa. Os dois mapas confeccionados constituíram-se como um parâmetro de autoavaliação e comparação para os próprios alunos no final do projeto escolar, permitindo maior autonomia e responsabilidade sobre os resultados da sua própria aprendizagem. Como demonstrativo do trabalho de confecção dos mapas pelos alunos, pode-se observar, abaixo, um exemplo de mapa conceitual produzido por um aluno do terceiro ano do ensino médio com o tema plantas, onde é possível observar diversas conexões com o conceito planta e apresenta amplo conhecimento prévio. Além disso, percebe-se que mesmo que diferentes alunos utilizem o mesmo conceito na criação dos mapas, o sentido atribuído por meio das conexões realizadas, tornam os mapas bem diferenciados. Sendo assim, a figura abaixo demonstra o uso dos conceitos, as frases de ligação e o sentido atribuído para as palavras, de acordo com as experiências vividas pelos alunos. 88 Figura 8- Mapa conceitual elaborado por aluno do terceiro ano do Ensino Médio. Fonte: autora, 2013. Assim como neste exemplo, percebemos que, na construção do mapa conceitual dos conhecimentos prévios, os alunos não seguiram todas as orientações de Moreira (2010). Isso talvez se deva principalmente a falta de experiência na confecção de mapas conceituais, principalmente porque os mapas construídos no final do projeto apresentaram-se mais bem trabalhados com relação a essas orientações. A seguir, são apresentados os resultados para as categorias decorrentes dos mapas conceituais de conhecimentos prévios (Quadro 11) e dos mapas de avaliação final (Quadro 12), confeccionado após as atividades do projeto escolar. 89 Quadro 11- Quadro de categorias dos conhecimentos prévios dos alunos. CATEGORIAS CONCEITOS UTILIZADOS GRAMÍNEAS HERBÁCEAS 5 8 ARBÓREAS 22 OUTROS TERRESTRES AQUÁTICOS 6 9 8 OUTROS 2 ALIMENTAÇÃO 14 UTILIZAÇÃO MEDICINAIS ECONÔMICA 41 5 OUTROS CARACTERÍSTICAS 9 CONTEXTUALIZAÇÃO UTILIDADE MORFOLOGIA CLASSIFICAÇÃO PORTE HABITAT Q RAÍZ CAULE PARTES DAS FOLHA PLANTAS E FLORES SUAS 9 9 57 FUNÇÕES FRUTOS SEMENTES MEDICINAIS 15 6 62 COSMÉTICOS ALIMENTOS 5 58 RECURSOS PARA JARDINAGEM DECORAÇÃO MATÉRIA PRIMA HUMANOS RELAÇÃO COM OUTRAS ÁREAS 16 E 22 23 FOTOSSINTESE 12 CITOLOGIA GENÉTICA ECOLOGIA 8 4 51 DA BIOLOGIA, VISÃO CRÍTICA, 9 ALIMENTAÇÃO IMPACTOS 15 EXEMPLOS Grama protege o solo; gramíneas. Serve de alimento para animais; herbáceas. Árvores formam florestas; arbóreas; árvores Rasteira; trepadeira Árvores frutíferas; vivem no solo. Plantas que vivem em lagoas e oceanos (algas) Vivem sobre outras árvores; carnívoras. Produzem frutos; verduras; plantas da horta. Medicamentos naturais Produzem matéria prima; frutíferas; ornamental. Vasculares e avasculares; reprodução sexuada. Função da raiz, tipos de raízes. Função do caule, tipos dos caules. Função da folha; tipos de folhas, fotossíntese Função das flores; características das flores. Tipos de frutos Função das sementes Usado para amenizar ou curar problemas de saúde; Andiroba, aroeira; babosa; erva- doce Alimentos para as pessoas; funções nutricionais. rosas; tulipas; orquídeas; compostagem. Eucalipto; celulose; pinheiro; fabricação de móveis, objetos e produtos químicos. Produzem oxigênio para respiração das pessoas Citologia; bioquímica celular. Conhecimentos de genética; Associação com biomas e ecossistema ( mata atlântica, Floresta amazônica níveis tróficos, sucessão ecológica; conceitos básicos da ecologia vírus, biodiversidade, bactérias Relação com alimentação saudável e reeducação alimentar; Impactos ambientais na produção de 90 PERCEPÇÃO AMBIENTAIS DO COTIDIANO MEDICINAL 2 TECNOLOGIAS 10 HISTÓRIA 1 TOXINAS 4 DROGAS IRRITAÇÃO 4 1 móveis e papel; importância das plantas na manutenção do equilíbrio ecológico; relações com mudanças climáticas. Problemas relacionados à automedicação; diferenças entre uso homeopático e farmacêutico. Uso das plantas medicinais através da tecnologia; industrialização de alimentos (batatas); Utilização das plantas por pessoas ao longo da história da humanidade. Comigo ninguém pode; espada de São Jorge Tabaco e maconha Urtiga Fonte: Elaborado pela autora, 2013. Considerando que o conhecimento prévio é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem significativa, pode-se inferir, pelo resultado do quadro, que os alunos do terceiro ano do Ensino Médio, possuem um arcabouço de conhecimento suficiente para utilização de recursos pedagógicos relacionáveis com esses conhecimentos. Outro fator observado no resultado do quadro 11, é que existem conhecimentos prévios equivocados, por exemplo, quando o aluno atribui significado a classificação de Botânica, que não corresponde ao que é considerado atualmente aceito no campo das Ciências Biológicas e que por isso precisam ser ressignificados no contexto da aprendizagem, para que esse conhecimento prévio não se torne um obstáculo epistemológico. Outro conhecimento prévio equivocado que se observa como destaque é a concepção alternativa dos alunos a respeito da fotossíntese como um processo do metabolismo vegetal que serve para produzir oxigênio para o ser humano. Essa concepção pode funcionar como bloqueadora da aprendizagem de conceitos aceitos cientificamente e evidencia uma visão antropocêntrica sobre um processo biológico importante para a manutenção da vida no planeta. É importante ressaltar que os conceitos utilizados inicialmente nos mapas dos 91 alunos, fazem parte de um processo dinâmico na construção do conhecimento a respeito da botânica e que na aprendizagem significativa os subsunçores podem se modificar bastante ao longo do processo ensino aprendizagem. Sendo assim, observa-se, a seguir, o quadro resultante da avaliação final dos mapas confeccionados pelos alunos, depois da intervenção dos professores, por meio de atividades organizadas em um projeto escolar, a fim de verificar a aprendizagem significativa dos alunos. Quadro 12- Quadro de categorias dos conceitos sobre plantas utilizados pelos alunos após o projeto CONCEITOS Q EXEMPLOS BRIÓFITA PTERIDÓFITA GIMNOSPERMAS ANGIOSPERMA PLURICELULARES EUCARIÓTICA OUTROS 43 42 45 49 10 8 12 RAÍZ CAULE 61 67 PARTES DAS PLANTAS E SUAS FOLHA FUNÇÕES 92 Briófita Pteridófita gimnosperma angiosperma pluricelulares eucariontes Traqueófita, fanerógama, vascular, autótrofa Função da raiz, tipos de raízes. Função do caule, tipos dos caules, seiva, floema, xilema Função da folha; tipos de folhas, lenticelas, cutícula, fotossíntese, transpiração, respiração, gutação Função das flores; características das flores. Tipos de frutos Função das sementes Para amenizar curar problemas de saúde; função medicinal de diferentes plantas medicinais. Andiroba, aroeira; babosa; erva- doce Alimentos para as pessoas; funções nutricionais dos alimentos; taioba, couve; tempero verde; cebola; alface; tomate; beterraba; cenoura; batata; brócolis; laranja, banana; repolho. rosas; tulipas; copo de leite; girassol; orquídeas; compostagem. UTILIDADE MORFOLOGIA CATEGORIAS CLASSIFICAÇÃO pedagógico. BIOLÓGICA CÉLULA OUTROS FLORES 82 FRUTOS SEMENTES MEDICINAIS 32 31 54 COSMÉTICOS 3 RECURSOS PARA HUMANOS 24 ALIMENTOS JARDINAGEM DECORAÇÃO E 11 92 MATÉRIA PRIMA 31 Eucalipto; celulose; pinheiro; fabricação de móveis, objetos e produtos químicos. CONTEXTUALIZAÇÃO CITOLOGIA 17 Organelas vegetais, bioquímica celular; clorofila, cloroplasto, QUÍMICA 10 Fitormônios HISTÓRIA 1 História do uso das plantas medicinais ALIMENTAÇÃO 18 Relação com alimentação saudável, reeducação alimentar; agricultura orgânica RELAÇÃO COM IMPACTOS 53 Impactos ambientais na OUTRAS ÁREAS, AMBIENTAIS produção de móveis e papel; VISÃO CRÍTICA E importância das plantas na RELAÇÃO COM manutenção do equilíbrio COTIDIANO. ecológico; relações com mudanças climáticas, uso de agrotóxico; monocultura. MEDICINAL 5 Bem estar causado pelas plantas; cultura do uso de plantas TECNOLOGIAS 26 Transgênico; produção de adubo orgânico, produção de energia, energia limpa. GERAÇÃO DE 2 Uso das plantas para gerar EMPREGO renda BIOPIRATARIA 7 Patentes, trafico de espécies para uso industrial DROGAS 4 Uso ilegal das plantas para produzir drogas; problemas sociais ECOLOGIA 54 Conceitos básicos da ecologia, equilíbrio ecológico, impactos ambientais Fonte: Elaborado pela autora, 2014. Considerando a comparação entre os quadros, pode-se inferir na categoria classificação de plantas, que os alunos deixaram de utilizar uma classificação embasada no porte, no habitat e na utilidade das plantas e passaram a utilizar a classificação biológica nos mapas. Na categoria partes das plantas, os alunos citam as mesmas partes, mas ocorre aumento na quantidade de vezes que apareceram nos mapas e também aumentam 93 as informações a respeito das relações entre esses conceitos. Na categoria utilidade das plantas, os alunos também citam os mesmos conceitos e ocorre uma mudança dos conhecimentos prévios dos alunos a respeito da fotossíntese que, no mapa inicial, era apontada como um fenômeno de produção de oxigênio para os seres humanos, não repetindo essa concepção no mapa final. Na categoria contextualização, foi possível perceber que, depois das atividades do projeto escolar com enfoque CTSA, os alunos apresentaram maior contextualização dos conceitos biológicos relacionados à botânica, principalmente aos que se referiam aos impactos ambientais e a ecologia. Foi perceptível, também, que no tema tecnologia foram apontadas relações de produção de energia, além do aparecimento de novos conceitos nos mapas finais nessa categoria, como foi o caso dos conceitos geração de emprego e biopirataria. Um exemplo dessa observação pode ser observado na figura a seguir: Figura 8- Mapa conceitual com conceito sociocientífico Fonte: autora, 2013. 94 Nesse sentido, Moreira (2011,a) afirma que, por meio de sucessivas interações, um dado subsunçor vai, de forma progressiva, adquirindo novos significados, vai ficando mais rico, mais refinado, mais diferenciado e mais capaz de servir de ancoradouro para novas aprendizagens significativas. A partir dessas considerações a respeito dos mapas conceituais, foi realizada análise da aprendizagem significativa, depois do desenvolvimento do projeto pedagógico, embasando-se nos trabalhos de Costamagna (2001) e Trindade e Hartwing (2012). A partir do trabalho de Trindade e Hartwing (2012), foram usados os mesmos critérios para avaliar os mapas sob forma de questões. Para elaborar as questões, foram utilizadas as orientações de Costamagna (2001), em relação aos critérios da aprendizagem significativa que referem-se a hierarquização dos conceitos; as relações entre os conceitos; as explicações dos conceitos a sua relação com conteúdo. A adaptação aos trabalhos de Trindade e Hartwing (2012) e das orientações de Costamagna (2001), refere-se a inserção da categoria criticidade, a fim de atender a demanda da reiteração de Moreira (2006) à Teoria da Aprendizagem significativa de Ausubel, além disso, as perguntas foram direcionadas para botânica. As informações obtidas foram organizadas em um quadro com as categorias de análise dos mapas conceituais para aferir conceitos, onde Q corresponde a quantidade de mapas que apresentaram a informação requerida na categoria, sendo MCP, os mapas de conhecimento prévio e MAF, os mapas da avaliação final. Nas duas etapas foram analisados 100 mapas conceituais. Quadro 13. Categorias de análise de mapas conceituais para aferir conceitos. CATEGORIAS CONCEITOS ESTÉTICA HIERARQUIZAÇÃO DESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS FORMA DE QUESTÕES EM Foram usados conceitos importantes da botânica? Os conceitos aparecem em caixas? Os mapas apresentam palavras de ligação? Apresenta-se legível? Há uma ordenação sucessiva dos QMCP QMAF 100 100 67 63 89 74 93 95 98 100 95 DIFERENCIAÇÃO PROGRESSIVA RECONCILIAÇÃO INTEGRATIVA CRITICIDADE conceitos? Demonstrou pelo menos 3 níveis hierárquicos? As proposições estão de acordo com o que é cientificamente aceito para botânica? Há relações cruzadas e transversais entre os conceitos pertencentes a diferentes partes dos mapas? Foram utilizados conceitos para estabelecer relações críticas entre a ciência e a tecnologia e seus impactos na sociedade e no ambiente? 90 94 88 100 5 23 50 85 Fonte: Adaptado de Trindade e Hartwing, 2012. Em relação ao uso dos conceitos de Botânica, fica a ressalva que, mesmo os conceitos de uso mais popular, foram considerados no mapa de conhecimentos prévios, por isso, o resultado final não se alterou, tendo em vista que o conhecimento do aluno relaciona-se também a suas experiências vividas no seu contexto sócio cultural. Na qualidade do mapa conceitual, representado no quadro como estética, a maior parte dos alunos apresentou dificuldade de construir um mapa contendo as frases de ligação e o conceito dentro dos quadros, isso pode ter ocorrido, principalmente pelo fato de ser a primeira vez que trabalharam com esse tipo de recurso em sala de aula. Mesmo com a dificuldade na construção de um mapa conceitual com qualidade estética, os alunos foram capazes de hierarquizar os conceitos no mapa que construíram e estabelecer as relações entre os conceitos mais gerais e os mais inclusivos e mesmo que as frases de ligação não contenham muitas informações, foi possível compreender os aspectos de construção de ideias. O uso desses artifícios cognitivos de construção das ideias demonstrou que os alunos conseguiram realizar uma interação entre os conhecimentos novos e os conhecimentos prévios e essa interação pode servir de suporte para outros tipos de conhecimento o que, de acordo com Moreira (2013), pode ser chamado de aprendizagem significativa subordinada, que é a forma mais comum de aprendizagem significativa. 96 Outro elemento importante da aprendizagem significativa observado foi a diferenciação progressiva que, segundo Moreira (2011,a), depende da experiência concreta do sujeito e progressivamente pode ser uma negociação de significados no contexto de um determinado corpo de conhecimentos. Stanski, Nogueira e Rodrigues (2012) em seus resultados de pesquisa, ao desenvolverem as suas aulas com multimodos em botânica, demonstraram ao utilizarem recursos diferenciados também alcançaram a promoção da aprendizagem significativa. A diferenciação progressiva foi o aspecto da aprendizagem significativa que mais foi contemplado na construção dos mapas conceituais, demonstrando que mesmo o aluno com dificuldades de lembrar o que já sabia sobre o tema ele apresentou diversos conceitos que se relacionam com a cultura do indivíduo e ficou evidente em quase todos os mapas avaliados, principalmente em relação à classificação biológica. Na figura 11, é possível perceber a diferenciação progressiva com os conceitos mais gerais, em vermelho, os conceitos mais inclusivos, em amarelo. Fig. 9- Mapa conceitual com diferenciação progressiva Fonte: autora, 2013. 97 Outro ponto que merece destaque nos mapas conceituais o fato de os alunos expressarem seus conhecimentos em proposições hierárquicas, como observado na figura 10, em que, a partir do conceito plantas, todos os outros conceitos foram se derivando, o que, de acordo com Moreira (2013), configura-se como aprendizagem significativa superordenada. Depois do desenvolvimento das atividades do projeto escolar, foi possível identificar em diferentes mapas, os significados pessoais que foram dados aos conceitos e o posicionamento dos alunos diante de temas relacionados ao conteúdo estudado, mesmo que o tema não tenha sido aprofundado. Apesar de os alunos realizarem poucas relações cruzadas para expressarem seus conhecimentos a respeito da botânica, que configuraria a reconciliação integrativa, um dos aspectos mais profundos da aprendizagem significativa, as proposições lineares apresentaram sequência correta de informações e demonstraram que, mesmo em arranjo simples das proposições, foi possível avaliar que o projeto pedagógico contribuiu, positivamente, para aprendizagem de botânica. Dessa forma, pode-se afirmar que o projeto pedagógico contribuiu para aprendizagem significativa dos alunos, corroborando com trabalhos de Junior (2008), Nunes e Del Pino (2008), Tavares ((2007), Oliveira e Frota (2012), Valadares (2011), Souza e Boruchovich (2010) e Luna e Dantas (2012). Conclui-se que a construção de mapas conceituais foi eficiente para examinar a organização conceitual a respeito de conteúdos de botânica e que esse recurso somado as atividades do projeto pedagógico contribuíram para a aprendizagem significativa crítica dos alunos. 98 10 PRODUTO FINAL Considerando que a metodologia de projetos constitui-se como um recurso muito utilizado por professores em todos os níveis de ensino e que os resultados da pesquisa apontaram que esse recurso pode contribuir para promover a alfabetização científica e a aprendizagem significativa de conteúdos de Botânica, como produto final, foi construído um Guia de elaboração de projeto pedagógico com enfoque CTSA para promoção da aprendizagem significativa de Botânica. Esse Guia ficará disponível no site do EDUCIMAT para utilização por professores e pesquisadores da área de ciências que se interessam pela metodologia de projetos ou pela abordagem utilizada no material. Além disso, o Guia também poderá ser adaptado por outras áreas. O Guia pode ser considerado uma opção para ensino de botânica utilizado no enfretamento de práticas tradicionais, visto que essa área da biologia apresenta poucos recursos didáticos para auxiliar o trabalho docente. O material apresenta-se em forma de um livreto com capa, ficha catalográfica, texto de abertura, a proposta de trabalho e referências e seguiu as orientações de Hernandez (2000) para construir projetos pedagógicos, mas também contou com modificações como avaliação por meio de mapas conceituais. Cabe ressaltar que esse recurso pode contribuir para fortalecimento da Área de Ciências, reflexão sobre o Ensino de Botânica com enfoque CTSA e na promoção de alunos alfabetizados cientificamente. Além disso, coloca o Instituto Federal de Educação do Espírito Santo como referência na produção de materiais que aproximam da realidade a qualidade em educação, necessária no país. 99 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao partir desta pesquisa, conclui-se a que a metodologia de projetos contribuiu para alfabetização científica e na aprendizagem significativa crítica dos alunos sobre os conteúdos de Botânica. Além disso, durante o desenvolvimento do projeto escolar, os alunos demonstraram atitudes de colaboração uns com os outros nas atividades, conduta requerida na sociedade para minimizar os problemas de desigualdade sociais enfrentados. Embora as Escolas Públicas, de forma geral, ainda possuam muitos desafios que precisam ser superados, a pesquisa apontou que uma prática que articule diferentes disciplinas com enfoque CTSA, pode permitir, ao aluno, maior contextualização e significação dos conhecimentos. Além disso, a participação de forma colaborativa dos professores das diferentes áreas de conhecimento foi estabelecida e essa atitude é requerida cada vez mais dos profissionais da educação, diante da complexidade que envolve o processo de ensino aprendizagem. A metodologia de projetos oportunizou experiências aos educandos de ser ativo durante o processo de aprendizagem, ao dialogarem com outros sujeitos sobre diversos temas socioambientais e desenvolverem responsabilidades no processo de resolver problemas reais. E ainda, ampliar a reflexão sobre situações que ocorrem no mundo e que dependem de participação política para solucionar as problemáticas que as envolvem, permitindo a compreensão da cidadania que precisa ser exercida. Em relação à alfabetização científica, ficou evidente por meio da análise dos relatórios das práticas experimentais que os alunos atingiram as habilidades necessárias para compreensão dos conteúdos de botânica, em especial, a habilidade de compreender o papel da ciência e suas formas de construção ao longo da história. Ainda sobre esse ponto, foi perceptível o desenvolvimento da criticidade dos alunos ao longo do processo, por meio do estabelecimento de relações com conceitos da Botânica, principalmente a que se referiam à utilização dos recursos naturais de 100 forma sustentável e à necessidade de uma prática de alimentação saudável para obtenção de qualidade de vida. No que diz respeito ao aquecimento global, os alunos compreenderam o importante papel da fotossíntese no processo e a responsabilidade das pessoas para estabelecer uma relação com as plantas que minimizem os problemas ambientais. A respeito do produto final, pode-se considerar que a área de Biologia conta com mais um recurso para auxiliar no trabalho docente, em especial é preciso destacar que se trata de um material produzido e validado localmente, mas que está de acordo com a produção nacional, no que se refere ao Ensino de Ciências atual. Além disso, caracteriza-se como uma inovação para o Ensino de Botânica, por se tratar de um recurso com enfoque CTSA, a luz da Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica, considerando a promoção da alfabetização científica. Vale ressaltar que mesmo com todo o protagonismo dos alunos, durante a realização das atividades, os professores tiveram um papel fundamental na organização das etapas de trabalho, na orientação das fontes de pesquisa, na condução dos temas para debate e na orientação dos momentos em que a limitação do aluno por causa de sua pouca experiência se evidenciava. Por fim, essa proposta não corresponde à solução de todas as necessidades que ainda são percebidas para o Ensino de Botânica, pois se defronta com outros problemas que permeiam o processo de aprendizagem dos alunos, mas pode ser considerada uma proposta que convida os profissionais da educação a refletirem sobre sua prática e incentiva a busca de novas metodologias que direcionem o ensino público para uma fase bem melhor que se encontra atualmente. 101 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Fernando José; JUNIOR, Fernando Moraes Fonseca. Projetos e ambientes inovadores. Secretaria de educação a distância. PROINFO. Ministério da Educação. Brasília, 2000. ARAUJO, Maria Cristina Pausera; GEHLEN, Simoni Tormohlen; MEZALIRA, Sandra Mara; SCHEID, Neusa Maria John. Enfoque CTS na pesquisa em educação em ciências. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências. Bauru, V.9(3), 2009. AMARAL, Carmem Lucia Costa; GUERRA, Adilson dos Santos. 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Como participante terei a oportunidade de contribuir com um estudo que oferece uma metodologia de ensino diferenciada, a utilização de uma abordagem investigativa no ensino de biologia. Está sendo garantido que o conteúdo selecionado está de acordo com a minha faixa e que ainda serão realizadas aulas práticas, vídeos, informática, para a disciplina de biologia com a finalidade de melhor construir e entender os conceitos a serem discutidos. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso à pesquisadora responsável, Kelly Araújo Ferreira Krauzer, que pode ser encontrado no endereço Av. Vitória, 1729, JucutuquaraVitória- ES. Cep29040-780; no telefone (27) 81284792 e no email: [email protected]. As informações que eu fornecer para o pesquisador será lacrado e ficarão sob a responsabilidade da pesquisadora Kelly Araújo Ferreira Krauzer por 5 (cinco) anos. As mesmas não serão utilizadas em meu prejuízo ou de outras pessoas, inclusive na forma de danos à estima, prestígio e prejuízo econômico ou financeiro. Como voluntária, durante ou depois da pesquisa é garantido o anonimato das informações que eu fornecer. Posso entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto Federal do Espírito Santo, onde esta pesquisa foi aprovada, no endereço Av. Rio Branco, 50, 3º andar – Santa Lúcia – Vitória – ES – 29056-255 – Fone/Fax: + 55 27-32275564 / 27-3235-1741, pelo e-mail [email protected] ou pelo site www.ifes.edu.br. Ficam claros para mim quais são as finalidades do estudo, os riscos e benefícios para minha pessoa, à forma como a pesquisa será aplicada e a garantia de confidencialidade e privacidade de minhas informações. Concordo em participar voluntariamente deste estudo e, se for de meu desejo, poderei deixar de participar deste estudo em qualquer momento, durante ou após minha participação, sem penalidades, perdas ou prejuízos para minha pessoa ou de qualquer equipamento ou benefício que possa ter adquirido. Sendo assim, declaro para os devidos fins que eu ______________________________________________ aluno da turma _____, tendo como responsável __________________________________________, li ou foi lido para minha pessoa às informações sobre o estudo e estou claramente informado sobre minha participação neste estudo. Serra, ____ de ____________________ de 2013. _________________________________ Assinatura do Voluntário Participante 113 APÊNDICE C Questionário de coleta de informações sobre sujeitos da pesquisa (alunos) “A metodologia de projetos com enfoque CTSA como estratégia para aprendizagem significativa crítica de botânica no Ensino Médio” Pesquisadora: Kelly Araújo Ferreira Krauzer Orientadora:Profª. Drª. ManuellaVillar Amado LEVANTAMENTO DOS DADOS INICIAIS DE CADA ALUNO PARTICIPANTE OBJETIVO: Este questionário é parte do trabalho de pesquisa da pesquisadora Kelly Araújo Ferreira Krauzer e se destina a coletar dados para sua Dissertação, cujo objetivo é validar uma proposta de projeto pedagógico para a aprendizagem significativa sobre botânica. Dados Pessoais Nome: ___________________________________________________________ Data: ____/____/____ Sexo:( ) Feminino ( ) Masculino Série: __________ Turma: ________ Idade: ______ anos 1) Quais seus objetivos com os estudos? ( ) só terminar o EM ( )Fazer faculdade ( ) Ter uma profissão Outros:____________________________ 2) Você utiliza com frequência os conhecimentos adquiridos na escola em seu dia-a-dia? Não ( ) Sim ( ) Como?____________________________________________________________________ 3)Qual (is) disciplina(s) você mais gosta? Por quê? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4) Utilize os números abaixo para descrever a escolaridade de sua mãe, seu pai, irmão e/ou irmã (caso os tenha). E indique a idade dos mesmos no espaço ao lado. (1) Ensino Fundamental incompleto (2) Ensino Fundamental completo (3) Ensino Médio incompleto (4) Ensino Médio completo (5) Curso Técnico Mãe: ( (6) Ensino Superior ) _______ anos Pai: ( ) _______ anos Irmã I: ( ) ______ anos (7) Pós-graduação Irmão I: ( ) ______ anos Irmão II: ( ) ______ anos Irmã II: ( ) ______ anos Irmão III: ( ) ______ anos Irmã III: ( ) _______ anos Irmão IV: ( ) _____ anos Irmã IV: ( ) ______ anos 5)Qual curso pensa em cursar na graduação? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 6) O responsável por você trabalha? Em qual profissão? __________________________________________________________________________________________ 7) Você trabalha? Em qual profissão? __________________________________________________________________________________________ 8) Você possui computador em sua residência? Quantos? Você tem acesso à internet? Computador: ( ) Sim ( ) Não Quantidade: ___________________Acesso à internet: ( ) Sim ( ) Não 9) Você possui aparelho de TV em sua residência? Quantos? 114 Aparelho de TV: ( ) Sim ( ) Não Quantidade: ___________________ 10)Você tem celular? Celular: ( ) Sim ( ) Não E acesso a internet por ele? ( )sim ( )não 11) Quantas horas por dia você costuma estudar fora da sala de aula? ( ) menos que 1h. ( ) de 1h a 2h. ( ) de 2h a 3h. ( ) mais que 3h. 12) Quantas horas por dia você costuma ficar no computador? ( ) menos que 1h. ( ) de 1h a 2h. ( ) de 2h a 3h. ( ) mais que 3h. 13) Seu professor de biologia utiliza outros recursos didáticos como vídeos, slides, laboratório de informática? ( )sempre ( )frequentemente ( )as vezes ( ) nunca 14)Quais suas expectativas em relação ao Projeto de mestrado apresentado em sala para sua turma, intitulado “Proposta de projeto pedagógico com enfoque ctsa para aprendizagem significativa de conteúdos de botânica”? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 115 APENDICE D Capa do Produto Final 116 APENDICE E Capa do Informativo do Estudo Etnobotânico