Aptidão física relacionada à saúde
Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes
rurais e urbanos em relação a critérios de referência
CDD. 20.ed. 613.7
Maria Fátima GLANER*
* Universidade Católica de Brasília.
Resumo
O objetivo deste estudo foi comparar a aptidão física relacionada à saúde (AFRS) entre adolescentes
masculinos, residentes nos meios rural e urbano, e analisá-la em relação aos critérios-referenciado
estabelecidos pela AAHPERD (1988). Para tanto, compuseram a amostra 286 adolescentes rurais e 435
urbanos, com idades entre 10,50 a 17,49 anos. Os componentes da AFRS foram mensurados pelos
respectivos testes, conforme padronização da AAHPERD: gordura corporal (somatório das dobras cutâneas
tricipital (TR) + panturrilha (PA)); aptidão cardiorrespiratória (teste de 1600 m); flexibilidade (teste de
sentar e alcançar); força/resistência muscular (teste abdominal – 1 min). As variáveis com distribuição
normal foram analisadas através da estatística F e as sem distribuição normal através do teste KruskalWallis. Os resultados obtidos possibilitam concluir que os rapazes rurais possuem a AFRS significativamente (p ≤ 0,05) melhor que os urbanos. No entanto, somente 12,94% dos rurais e 6,67% dos urbanos
atendem concomitantemente, em todos componentes da AFRS, os critérios-referenciado. Por outro
lado, 88,81% dos adolescentes rurais e 43,68% dos urbanos, apresentam uma aptidão cardiorrespiratória
satisfatória em relação à saúde.
UNITERMOS: Saúde; Aptidão física; Gordura corporal; Aptidão cardiorrespiratória; Critério-referenciado.
Introdução
A capacidade do ser humano de realizar tarefas
diárias com vigor e, demonstrar traços e características que estão associados com um baixo risco do
desenvolvimento prematuro de doenças
hipocinéticas (PATE, 1988), depende da aptidão física relacionada à saúde (AFRS).
O conceito que engloba a AFRS é o de que melhores índices cardiorrespiratórios, de força/resistência muscular e flexibilidade, e níveis adequados
de gordura corporal, está associado com um menor
risco para o desenvolvimento de doenças
hipocinéticas ou crônico-degenerativas.
Isto porque, pesquisas feitas em diferentes épocas
apontam que doenças crônico-degenerativas como:
elevados níveis de colesterol sangüíneo, hipertensão,
osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral, vários
tipos de câncer, doenças coronarianas, depressão,
ansiedade, além dos problemas sociais, estão
diretamente relacionadas ao excesso de gordura
corporal (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE,
1996; BARRETT-CONNOR, 1985; BOUCHARD, 2000;
BROWNELL & KAYES, 1972; COATES & THORESEN,
1978; NIEMAN, 1999), e inversamente relacionadas
com baixos índices cardiorrespiratórios (ACSM, 1996;
BOUCHARD, 1997; HILL, 1997; HOOTMAN, MACERA,
A INSWORTH , M ARTIN , A DDY & B LAIR , 2001;
PAFFENBARGER JUNIOR & LEE, 1996; SHEPHARD, 1994).
Enquanto que juntos força/resistência e flexibilidade, previnem problemas posturais, articulares e
lesões musculoesqueléticas, osteoporose, lombalgia,
fadigas localizadas (BOUCHARD & SHEPHARD, 1994;
GEORGE, FISHER & VEHRS, 1996). No entanto, alguns dos benefícios destes para a saúde têm sido
questionados (ACSM, 1996; MAUD & CORTEZCOOPER, 1995).
Na literatura científica existem menos evidências
deste tipo para jovens do que existe de disponível em
relação aos adultos. Mas as evidências existentes não
deixam dúvidas, como o estudo feito nos Estados
Unidos da América do Norte pelo Center for Disease
Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005 • 13
GLANER, M.F.
Control (CDC), o qual evidenciou que 63% dos
adolescentes possuem dois ou mais dos cinco principais
fatores de risco (baixa aptidão física, tabagismo,
hipertensão arterial, colesterol sangüíneo elevado e
obesidade) de doenças crônico-degenerativas (NIEMAN,
1999), os quais são comprovadamente modificáveis
através da atividade física regular, exceto o tabagismo.
Antes do estudo feito pelo CDC, a AMERICAN
A LLIANCE FOR H EALTH , P HYSICAL E DUCATION ,
RECREATION AND DANCE (1988) já salientava que os
fatores de risco tendem a estender seu período de
latência desde a infância até o início da vida adulta.
Nesta perspectiva, de que melhores índices nos
componentes cardiorrespiratório, de força/resistência
muscular, flexibilidade e gordura corporal, estão
associados a doenças crônico-degenerativas, “experts”
(AAHPERD, 1988) estabeleceram padrões critériosreferenciado para estes componentes. Estes critériosreferenciado indicam o quanto cada avaliado deve
apresentar em cada componente para possuir uma
aptidão física recomendada em relação à saúde e, em
conseqüência, estar menos exposto ao desenvolvimento
de doenças crônico-degenerativas.
Ademais, a OMS (1990) destaca que as doenças
cardiovasculares que afetam os adultos têm seu princípio na infância e adolescência, sendo os principais
causadores a obesidade, hipertensão, diabetes, fumo e
vida sedentária. Ao classificar os problemas
comportamentais de saúde de jovens de países em
desenvolvimento, a OMS (1999) destaca, além do uso
de diferentes drogas, a falta de atividade física e a dieta
inadequada.
É de consenso que isto é conseqüência da mudança no estilo de vida, principalmente em relação
aos hábitos alimentares e de atividade física. Fatos
que se tornam mais evidentes quando estudos com
diferentes delineamentos permitem inferir que tanto
o nível de atividade física, como a AFRS de jovens
e adultos, são relacionados ou influenciados pelo
meio ambiente no qual estes estão inseridos (CRESPO, ANDERSEN, PRATT, SNELLING & FRANCKOWIACK,
1998; GLANER, 2002a, 2002b; PATE & ROSS, 1987;
ROSS & PATE, 1987).
As modificações ocorridas durante a filogênese
e a ontogênese humana, além de dependerem do
potencial genético, são influenciadas pelo meio
ambiente (PARÍZKOVÁ, 1982). Como o meio ambiente é um determinante do estilo de vida,
pessoas de uma mesma região geográfica, separados por apenas alguns quilômetros, podem ter
estilos de vida completamente diferentes, tanto
em relação aos hábitos alimentares como aos de
atividades físicas e laborais, principalmente entre os meios rural e urbano.
Fundamentando-se na importância destas premissas, bem como na lacuna da literatura no que
tange a comparação da AFRS de adolescentes rurais e urbanos, e como esta se apresenta neles, desenvolveu-se este estudo com o objetivo de comparar
a AFRS de adolescentes masculinos, rurais e urbanos, por idade, bem como verificar qual o percentual
deles que atende os critérios-referenciado estabelecidos pela AAHPERD (1988) para uma recomendada aptidão física em relação à saúde.
Procedimentos técnicos
Este estudo, caracterizado como transversal, teve por população adolescentes masculinos de 10,50 a 17,49 anos, caracterizando a
idade de 11 anos os adolescentes de 10,50 a
11,49 anos, e assim sucessivamente até a idade de 17 anos.
A amostra foi composta por estudantes matriculados em escolas públicas, localizadas nos
municípios de Erval Grande - RS, Concórdia
- SC, Saudades - SC e Chapecó - SC, localizados no norte gaúcho e oeste catarinense.
14 • Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005
Os adolescentes urbanos são domiciliados e freqüentam escolas na cidade de Chapecó. Baseandose nos dados apresentados no QUADRO 1, Chapecó
é um município onde a concentração da população
urbana (91,59%) é superior 11,91% a concentração
da população nacional urbana (79,68%) e superior
13,22% a concentração da população urbana da região sul do país (78,37%). Por este motivo, deste município fazem parte da amostra somente os adolescentes
residentes nesta área, por caracterizar-se como um
município essencialmente urbano.
Aptidão física relacionada à saúde
QUADRO 1 - População residente segundo situação de domicílio.
Local
Brasil a
Sul(RS, SC, PR) a
Erval Grande - RS
Saudades - SC b
Concórdia - SC b
Chapecó - SC b
b
População total
160.336.471
População rural
32.585.066
% população rural
20,32
% população urbana
79,68
24.514.219
5.303.526
21,63
78,37
5.646
8.270
3.536
5.374
62,63
64,98
37,37
35,02
62.961
146.534
17.792
12.324
28,26
8,41
71,74
91,59
A amostra rural foi composta por adolescentes
que residem na zona rural, e cujas famílias trabalham
na agricultura, nos municípios de Erval Grande RS, Saudades - SC e Concórdia - SC. Estes
municípios possuem uma população rural
sensivelmente superior (62,63%, 64,98% e
28,26%, respectivamente) a população rural da
região sul do país (21,63%), caracterizando-se como
municípios essencialmente agrícolas. Os
minifúndios, considerados aqui em até 100 hectares,
caracterizam mais de 95% das propriedades destes
três municípios. Neste tipo de propriedade a maior
parte das atividades de labor é realizada braçalmente
e/ou com auxílio de animais, com pouca
disponibilidade de mecanização agrícola, isto
também devido à topografia do terreno ser muito
ondulada.
Para formar a amostra urbana foram sorteadas
aleatoriamente três escolas, uma localizada no centro da cidade e as outras duas na periferia. Duas
escolas da periferia foram sorteadas, pois nesta região há mais do que o dobro de escolas do que no
centro da cidade.
Para a seleção da amostra rural não foi feito sorteio para escolas porque, devido à faixa etária envolvida neste estudo (alunos da 5a. série em diante),
os alunos são atendidos na escola que fica na sede
do município. Nestes municípios há uma escola,
em cada, que atende da 5a. série em diante.
Depois desta fase foram sorteadas duas turmas,
de cada série, em cada escola da área rural e urbana.
Sorteadas as turmas, os alunos foram convidados a
participar voluntariamente, depois de seus pais ou
responsáveis assinarem o termo de consentimento
livre esclarecido, no qual foi informado o objetivo
do estudo e, as medidas que seriam feitas. Sendolhes garantido o total anonimato, como exigem as
normas éticas da resolução no 196/out. do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996). Dos alunos
convidados, 98% participaram do estudo. Assim,
Dados gerais da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios 1999 (IBGE, 1999);
b
Resultados dos Dados
Preliminares do Censo
2000 (IBGE, 2000).
a
286 adolescentes rurais e 435 urbanos formaram a
amostra, sendo: 96% de cor branca, 3% de cor
mulata e 1% de cor negra.
Foram excluídos alunos que não estavam presentes no dia da coleta ou que não faziam aula de
Educação Física por recomendação médica. Todos
os voluntários apresentavam saúde aparente no momento da coleta.
Variáveis de estudo
As variáveis antropométricas foram usadas para
caracterizar a amostra em termos de crescimento
físico.
Estatura e massa corporal: medidas conforme
descrito em GORDON, CHUMLEA e ROCHE (1991).
As variáveis de AFRS foram medidas pelos respectivos testes, conforme descrito pela AAHPERD
(1988).
Gordura corporal: caracterizada pelo somatório
das dobras cutâneas tricipital e panturrilha
(TR+PA). As dobras cutâneas foram medidas com
um adipômetro analógico Lange, com valor de uma
divisão de 1 mm e resolução de 0,05 mm.
Aptidão cardiorrespiratória: medida pelo teste de
correr/caminhar 1600 m.
Força/resistência muscular da parte inferior do
tronco: medida pelo teste abdominal.
Força/resistência muscular da parte superior do
tronco: medida pelo teste da barra modificado, segundo padronização de PATE, ROSS, BAUMGARTNER
e SPARKS (1987).
Flexibilidade: medida pelo teste de sentar e alcançar.
Os testes físicos foram aplicados obedecendo tal
seqüência e intervalo que o dispêndio energético
requerido em um teste não influenciou em outro.
Os componentes da AFRS foram avaliados em
relação aos critérios-referenciado apresentados pela
AAHPERD (1988), conforme QUADRO 2.
Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005 • 15
GLANER, M.F.
QUADRO 2 - Critérios-referenciado, estabelecidos para
rapazes pela AAHPERD (1988), para uma
recomendável aptidão física relacionada à
saúde (AFRS) .
Sendo: TR + PA =
somatório das dobras
cutâneas tricipital e
panturrilha.
Testes/componentes da AFRS
IDADE
1600 m TR + PA
Sentar e
(anos)
Abdominal
11
12
13
14
15
16
17
(min)
(mm)
alcançar (cm)
9:00
9:00
8:00
7:45
7:30
7:30
7:30
12 - 25
12 - 25
12 - 25
12 - 25
12 - 25
12 - 25
12 - 25
25
25
25
25
25
25
25
36
38
40
40
42
44
44
Qualidade de dados
Para garantir a qualidade dos dados, foi considerado o desempenho técnico do avaliador através do erro
técnico de medida (ETM), conforme apresentado em
PEDERSEN e GORE (2000). Cada teste físico foi aplicado pelo mesmo avaliador, cada qual apresentou um
ETM menor que 0,5%, exceto para as dobras cutâneas,
cujo ETM foi menor que 3,5% para cada dobra.
Tratamento estatístico
Inicialmente foi testada, para toda a amostra, a normalidade dos dados através da estatística W de Shapiro-Wilk. As variáveis que
apresentaram distribuição normal (p ≥ 0,05)
foram: estatura, massa corporal e flexibilidade. Em função disto, os tratamentos estatísticos foram adotados em coerência à
distribuição dos dados na amostra e em conformidade aos objetivos estabelecidos.
A estatística descritiva foi usada para verificar o percentual de adolescentes que atinge
os critérios-referenciado e caracterizar a amostra nas variáveis massa corporal e estatura.
Para compor a variável da AFRS com distribuição normal foi usada a estatística de
Fischer (F) e, para as variáveis sem distribuição normal foi utilizado o teste de KruskalWallis (c 2) para verificar se existem diferenças
(p ≤ 0,05) por idade entre as áreas de residência. Todas as análises foram feitas através do
Statistical Analysis System (SAS, 1985), com
licença de uso para a Universidade Federal de
Santa Maria - RS.
Resultados e discussão
Na TABELA 1 são apresentados os valores
médios, por domicílio e idade, na estatura e massa
corporal, bem como o tamanho da amostra, com
fins de caracterizá-la.
TABELA 1 - Valores médios ( X ) e desvio-padrão (+) de estatura e massa corporal por domicílio e idade (n =
tamanho da amostra) em adolescentes.
Idade
(anos)
11
12
13
14
15
16
17
Massa corporal (kg)
Estatura (cm)
X urbano
n
Xrural
n
X urbano
X rural
39,16+9,26
40,58+9,01
45,38+10,69
53,87+13,39
55,84+9,97
56,63+8,49
63,64+13,65
54
66
74
72
63
60
46
35,26+4,44
40,46+10,00
43,31+9,53
48,35+10,20
54,12+8,29
57,27+7,92
62,33+9,03
36
36
44
44
40
41
45
144,69+6,30
148,78+7,60
156,04+8,57
163,43+8,28
166,93+7,39
168,28+6,56
173,14+7,10
143,20+4,89
148,85+6,61
154,24+8,70
161,34+9,63
167,77+8,49
170,86+6,69
172,05+5,83
Na FIGURA 1 pode ser visto que os adolescentes rurais possuem menos gordura subcutânea dos
11 aos 16 anos, diferindo estatisticamente (p ≤ 0,01)
aos 14 anos. As diferenças variam de 5 a 26%. A
gordura diminui gradativamente nos adolescentes
16 • Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005
rurais até os 15 anos, e se estabelece um platô desta
idade em diante. Ao passo que nos adolescentes urbanos diminui até os 13 anos, e apresenta um acentuado aumento aos 14 anos, diminuindo a partir
daí, igualando-se numericamente aos rurais aos 17
Aptidão física relacionada à saúde
anos. Dos 11 anos aos 17 anos a gordura nos adolescentes urbanos diminui 37% e nos rurais 22%.
A aptidão cardiorrespiratória dos adolescentes
rurais é estatisticamente melhor (p ≤ 0,01) em todas idades. As diferenças oscilam de 6 a 18%. Conforme as curvas mostradas na FIGURA 2, rurais e
urbanos apresentam uma evolução similar neste
componente da AFRS. Dos 11 aos 17 anos os adolescentes urbanos implementam sua aptidão
cardiorrespiratória em 20% e os rurais em 22%.
mm 32
30
urbanos
28
rurais
26
24
22
20
18
11
12
13
14
15
Idade em anos
16
17
p < 0,01: 14 anos.
FIGURA 1 -Distribuição de medianas no somatório
das dobras cutâneas tricipital e panturrilha
de rapazes rurais e urbanos.
Os adolescentes rurais possuem a força/resistência na parte inferior do tronco superior à dos urbanos, oscilando essa superioridade de 5 a 19%, sendo
as diferenças significativas estatisticamente aos 11
(p ≤ 0,01) e, 12, 14 e 16 anos (p ≤ 0,05), conforme
FIGURA 3. Salvo as discrepâncias, tanto os rurais
como os urbanos apresentam uma evolução similar
deste componente. De modo geral, os dois grupos
apresentam implementos até os 15 anos, para depois os rurais apresentarem uma força/resistência
discretamente diminuída até os 16 anos, estabelecendo-se um platô a partir daí, enquanto os urbanos apresentam uma diminuição gradativa até os
17 anos.
Na força/resistência na parte superior do tronco
e braços, os adolescentes rurais apresentam valores
estatisticamente superiores (p ≤ 0,01) em todas idades, variando esta diferença de 12 a 35% (FIGURA 4). Este componente evolui paulatinamente dos
11 aos 17 anos da mesma forma nos dois grupos,
salvo aos 16 anos quando os urbanos apresentam
um discreto decréscimo. Enquanto os adolescentes
urbanos implementam sua força/resistência dos 11
aos 17 anos em 111%, os rurais implementam esta
em 57%.
As médias, superiores, obtidas pelos adolescentes rurais dos 12 aos 17 anos no teste de sentar e
alcançar não são estatisticamente significativas.
Enquanto os rurais melhoram gradativamente a flexibilidade dos 11 aos 17 anos em 21%, os urbanos
dos 11 aos 13 anos e dos 16 aos 17 anos apresentam comportamento oposto (FIGURA 5).
40
09:00
urbanos
08:30
rurais
nº repetições
min 09:30
38
36
08:00
07:30
34
07:00
32
06:30
urbanos
30
06:00
05:30
rurais
28
11
12
13
14
Idade em anos
15
16
17
11
12
13
14
Idade em anos
15
16
17
p < 0,01: todas as idades.
FIGURA 2 - Distribuição de medianas no teste de
correr/caminhar 1600 m de rapazes
rurais e urbanos.
p < 0,01: 11 anos; p <
0,05: 12, 14 e 16 anos.
FIGURA 3 - Distribuição de medianas no teste
abdominal de rapazes rurais e urbanos.
Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005 • 17
GLANER, M.F.
nº repetições
24
22
20
18
16
14
12
p < 0,01: todas as idades.
urbanos
10
rurais
8
11
12
13
14
Idade em anos
15
16
17
FIGURA 4 - Distribuição de medianas no teste na
barra de rapazes rurais e urbanos.
cm
31
30
29
28
27
26
urbanos
rurais
25
24
23
p < 0,05: 11 anos.
11
12
13
14
Idade em anos
15
16
17
FIGURA 5 - Distribuição de médias no teste de sentar
e alcançar de rapazes rurais e urbanos.
Como os adolescentes urbanos apresentam uma
menor AFRS do que os respectivos pares rurais,
parece então que o estilo de vida naquela região
contribui sobremaneira para que eles obtenham melhores desempenhos na bateria de testes usada. Se
por um lado as atividades laborais, os hábitos e costumes cultivados na população rural interferem de
forma positiva sobre a AFRS, por outro, os hábitos
caracteristicamente urbanos parecem influenciar
negativamente a AFRS da amostra citadina.
Mesmo que a mecanização tenha diminuído o dispêndio energético na lavoura (MONTOYE, KEMPER,
SARIS & WASHBURN, 1996), ainda assim o gasto
calórico pode ser considerado bem mais elevado em
atividades rurais do que em urbanas, onde as atividades de labor são caracterizadas pelo sedentarismo, em
sua maioria. Isto porque, DURNIN e PASSMORE e
PASSMORE e DURNIN citados por ASTRAND e RODAHL
(1980) relatam respectivamente o gasto calórico em
18 • Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005
tarefas tipicamente rurais e em trabalho urbano (sedentário), sendo de: ordenha manual = 4,5 kcal/min;
ordenha mecânica = 3,5 kcal/min; lavrar a terra com
arado = 6 kcal/min; lavrar a terra com trator = 5 kcal/
min; trabalho sedentário = 1,6 a 1,8 kcal/min
(ASTRAND & RODAHL, 1980).
Como apresentado até aqui, os resultados caracterizam a AFRS dos adolescentes rurais e urbanos,
e permitem compará-los com resultados de outros
estudos e entre os sexos, possibilitando verificar se
são inferiores, similares ou superiores, e se estão de
acordo com o preconizado na literatura. Deduções
estas que, no entanto, não possibilitam inferir se
estes adolescentes têm um nível de aptidão física
suficiente em relação à saúde.
Para saber se o nível de aptidão física é suficiente
em relação à saúde é necessário que os escores de um
indivíduo, ou de um grupo, estejam dentro de limites
critérios previamente estabelecidos, chamados de critérios-referenciado (CR). Por exemplo, se o CR para
o teste de 1600 m, para um adolescente de 17 anos é
de 7:30 min, e ele obtém neste teste um tempo igual
ou inferior aos 7:30 min, consequentemente este adolescente apresenta uma aptidão cardiorrespiratória suficiente para uma recomendável AFRS.
Na TABELA 2, pode ser constatado que o
percentual de adolescentes rurais que não têm o
mínimo de gordura desejável é de 2,80%, e o de
urbanos é de 4,38%, totalizando 3,74% da amostra. Já a quantia deles que possuem mais gordura
do que deveriam ter é bem maior: 27,97% dos rurais e 42,53% dos urbanos. Portanto, somente
59,51% estão dentro dos critérios recomendados.
Diferentes estudos, feitos em diferentes países,
evidenciaram que crianças e adolescentes estão com maior
acúmulo de gordura do que crianças de gerações passadas
(BIANCHETTI & DUARTE, 1998; CORBIN & PANGRAZI,
1992; CRESPO et al., 1998; GLANER, 1998; GUEDES, 1994;
MAYER & BÖHME, 1996; MCNAUGHTON, MORGAN, SMITH
& HANNAN, 1996; ROSS, PATE, LOHMAN & CHRISTENSON,
1987). Diante destes achados, e os obtidos neste estudo,
parece que a obesidade continua evoluindo entre crianças
e adolescentes. Vindo ao encontro do fato que ela figura
entre os principais problemas de saúde em adolescentes
(OMS, 1999).
O excesso de gordura está associado a problemas como:
elevados níveis de colesterol sangüíneo, hipertensão,
osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral, vários tipos
de câncer, cardiovasculares, além de problemas psicológicos
e sociais (ACSM, 1996; BOUCHARD, DESPRES, MAURIEGE,
MARCOTTE, CHAGNON, DIONNE & BELANGER, 1991;
BROWNELL & KAYES, 1972; COATES & THORESEN, 1978;
Aptidão física relacionada à saúde
NIEMAN, 1999). Como o período de incubação destas
doenças dá-se na adolescência, então 27,97% dos
adolescentes rurais e 42,53% dos urbanos estão expostos
a algum risco para a saúde, associado ao excesso de gordura
corporal. Como crianças e adolescentes gordos, geralmente
tornam-se adultos obesos (BOUCHARD, 2000; BROOKS &
FAHEY, 1987; DIETZ, 1995), a tendência é que estes
adolescentes continuem neste estado até a idade adulta,
tornando-se candidatos em potencial aos problemas
anteriormente listados. Além do que, durante a infância e
adolescência a obesidade afeta a capacidade física, a de
socializar-se e a auto-estima (BAR-OR, 1987).
TABELA 2 - Percentual de adolescentes que obtém
escores abaixo e acima dos critériosreferenciado (CR) no somatório das dobras
cutâneas tricipital e panturrilha,
estabelecidos pela AAHPERD (1988), por
área de residência e idade.
Idade
(anos)
11
12
13
14
15
16
17
11-17
Abaixo do CR
rural urbano
2,78
0,00
4,54
0,00
5,00
2,44
4,44
2,80
5,56
0,00
4,05
0,00
6,35
3,33
15,22
4,38
rural e
urbano
4,44
0,00
4,24
0,00
5,83
2,97
9,89
3,74
Acima do CR
rural urbano
44,44
41,67
36,36
29,55
17,50
14,63
15,56
27,97
rural e
urbano
57,41 52,22
54,55 50,00
40,54 38,98
56,94 46,55
28,57 24,27
23,33 19,80
32,61 24,18
42,53 36,75
Existem várias explicações para o acúmulo excessivo de gordura. Uma de origem metabólica, e
outras relacionadas ao desequilíbrio energético. A
primeira contribui com uma proporção mínima de
pessoas acometidas por esta deficiência genética.
Estudos comprovam que a inatividade física e/ou o
excesso de ingesta calórica estão associadas ao
acúmulo excessivo de gordura (GLANER, 2002b; LEE,
CARTER & GREENNOCKLE, 1987; PATE & ROSS,
1987; PINHO & PETROSKI, 1999).
Ao passo que o excesso de gordura está associado às
doenças crônico-degenerativas, níveis extremamente
baixos podem estar associados à bulimia nervosa
(GENDALL, BULIK, SULLIVAN, JOYCE, MCINTOSH &
CARTER, 1999; JACKSON, GRILO & MASHEB, 2002) e,
desnutrição calórico-proteica (KERRUISH, O’CONNOR,
HUMPHRIES, KOHN, CLARKE, BRIODY, THOMSON,
WRIGHT, GASKIN & BAUR, 2002; PROBST, GORIS,
VANDEREYCKEN & VAN COPPENOLLE, 2001). Desta
maneira, 3,74% dos adolescentes podem ser
caracterizados como sujeitos com esta possível
deficiência que, além de refletir na AFRS, reflete-se
no crescimento físico (MALINA & BOUCHARD, 1991).
Na TABELA 3 estão os percentuais de adolescentes que atingem os CR na aptidão
cardiorrespiratória. Enquanto 88,81% dos adolescentes rurais atingem os CR, apenas 43,68% dos
adolescentes urbanos obtém o mesmo feito. Desta
maneira, fundamentando-se no que preconiza o
ACSM (1996), os urbanos estão mais vulneráveis
ao possível desenvolvimento de doenças associadas
à baixa aptidão cardiorrespiratória do que os rurais, principalmente as cardiovasculares.
Um aspecto curioso é que, a diferença entre os
percentuais de adolescentes que atendem os CR nos
1600 m (88,81%) e no TR+PA (59,55%) é grande. A literatura evidencia que o excesso de gordura
corporal está associado a baixos desempenhos em
testes físicos e/ou aptidão cardiorrespiratória
(A STRAND & R ODAHL , 1980; H OLLMANN &
HETTINGER, 1983; MALINA & BOUCHARD, 1991).
Parece então que, pelo menos, para parte desta
amostra a gordura não interfere de forma que chegue a comprometer um bom desempenho no teste
de correr/caminhar 1600 m.
TABELA 3 - Percentual de adolescentes que atendem os
critérios-referenciado estabelecidos pela
AAHPERD (1988), para o teste de correr/
caminhar 1600 m e para o teste abdominal,
por área de residência e idade.
Idade
(anos)
11
12
13
14
15
16
17
11-17
1600 m
Abdominal
rural urbano
rural e
urbano
rural urbano
88,89
94,44
75,00
81,82
90,00
95,12
97,78
88,81
65,56
69,61
49,15
51,72
53,47
71,29
78,65
61,58
55,56
36,11
13,64
31,82
25,00
24,39
17,78
28,32
50,00
57,81
33,78
33,33
29,51
55,00
59,09
43,68
rural e
urbano
33,33 42,22
27,27 30,39
14,86 14,41
31,94 31,90
20,63 22,33
10,00 15,84
19,57 18,68
22,53 24,83
Dos adolescentes rurais 28,32%, e dos urbanos
22,53%, atendem os CR na força/resistência da parte inferior do tronco. Apesar de um percentual mais elevado
de rurais atenderem os CR, não ofusca a debilidade deste
componente entre eles também (TABELA 3).
A força mecânica produzida pelas tensões musculares é um fator determinante na manutenção da
massa óssea (BOUCHARD, SHEPHARD & STEPHENS,
Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005 • 19
GLANER, M.F.
1994; DRINKWATER, 1994) e, como 90% do conteúdo ósseo mineral do adulto é depositado no final da adolescência torna-se importante apresentar
bons índices de força/resistência, ou implementálo, neste período da vida, uma vez que a predisposição a osteoporose inicia na infância e adolescência
(NIEMAN, 1999). Assim como debilidades neste
componente da AFRS são relacionadas a problemas posturais, articulares e músculo-esqueléticos,
diminuindo inclusive a auto-estima (ACSM, 1996;
GEORGE, FISHER & VEHRS, 1996; KNUDSON, 1999).
Então, face às premissas, 71,68% dos adolescentes
rurais e 77,47% dos urbanos, estão expostos a algum
tipo de risco que leva à manifestação daquelas doenças, devido à debilidade apresentada na musculatura.
Um fato notável que não foi controlado com rigor
científico é quanto ao conhecimento dos “exercícios físicos”
que caracterizam os testes usados. Durante a coleta de
dados no meio rural ouviu-se por várias vezes que eles (os
rurais) não conheciam o exercício abdominal, e que
estavam executando-o pela primeira vez. No meio urbano,
não se observou este fato. Pode-se afirmar que todos os
urbanos conheciam o exercício abdominal. Então, era de
se esperar que devido às experiências motoras das duas
amostras, a primeira vista não houvesse discrepâncias tão
amplas como observado, em favor dos rurais. Por fim,
acredita-se que este é mais um fato que fortalece o aspecto
de que o estilo de vida rural por si só é suficiente para
promover uma melhor AFRS.
No que se refere à flexibilidade (TABELA 4),
verifica-se que percentuais mais elevados atendem
os CR, com uma menor diferença entre rurais e
urbanos, do que nos demais testes físicos. Da amostra total 60,47% atinge os CR.
TABELA 4 - Percentual de adolescentes que atendem os
critérios-referenciado estabelecidos pela
AAHPERD (1988), para o teste de sentar e
alcançar e no conjunto de todos testes, por
área de residência e idade.
Idade
(anos)
11
12
13
14
15
16
17
11-17
Sentar e alcançar
Todos testes
rural urbano
rural e
urbano
rural urbano
rural e
urbano
50,00
63,89
50,00
68,18
72,50
70,73
88,89
66,78
48,89
48,04
48,31
63,79
65,05
74,26
76,92
60,47
13,89
19,44
0,00
11,36
17,50
17,07
13,33
12,94
8,89
12,75
3,39
8,70
9,90
8,91
13,48
9,15
48,15
39,39
47,30
61,11
60,32
76,67
65,22
56,32
5,56
9,38
5,41
7,04
4,92
3,33
13,64
6,67
Apesar das evidências sobre a importância da flexibilidade serem mais contundentes em relação ao desempenho no desporto de alto nível do que na AFRS,
MORROW JUNIOR, JACKSON e DISCH (1995) dizem que
junto com a força/resistência muscular a flexibilidade
tem bem estabelecidas suas relações com uma boa saúde. Em função disto, então se pode dizer que 39,53%
dos adolescentes estão propensos a algum risco de
doença associado a baixos índices de flexibilidade da
região lombar e musculatura posterior das coxas, como
por exemplo, a dor na coluna na região lombar.
No entanto, quando analisados os percentuais de
adolescentes que atingem os CR concomitantemente
em todos os testes (TABELA 4), a situação se torna
preocupante, pois, somente 6,67% dos urbanos e
12,94% dos rurais atendem os CR, totalizando 9,15%
da amostra. Estas evidências vão ao encontro às obtidas em outros estudos, onde crianças e adolescentes
apresentaram uma menor AFRS do que em décadas
passadas, e a grande maioria não atendeu aos critérios
mínimos, indicadores de uma recomendável AFRS
(CORBIN & P ANGRAZI, 1992; DOLLMAN , OLDS,
NORTON & STUART, 1998; GLANER, 2002a; GUEDES,
1994; MCNAUGHTON et al., 1996; ROSS & PATE, 1987;
WILCKEN, LYNCK, MARSHALL, SCOTT & WANG, 1996).
Olhando-se sob o ponto de vista do conjunto
dos testes físicos, a situação é de preocupante à alarmante. Porém, há de se salientar que, dos testes físicos o único que tem os CR estabelecidos, baseados
em estudos epidemiológicos e longitudinais, é o de
correr/caminhar 1600 m. Além do que, existem
evidências científicas de que um bom nível de aptidão cardiorrespiratória está significativamente e inversamente relacionado com a ausência de
indicadores de doenças crônico-degenerativas. Enquanto, em relação aos testes de sentar e alcançar e
abdominal, os CR foram estabelecidos levando em
consideração o julgamento dos pesquisadores e escores normatizados.
Portanto, considerando somente os resultados
obtidos em relação aos CR no teste de 1600 m,
pode-se notar que a situação deixa de ser menos
preocupante no meio rural do que no urbano, mas
que nem por isso deve ser menosprezada. Conclusões similares foram obtidas por GLANER (2002b)
ao comparar a AFRS de rapazes rurais e urbanos de
17 a 20 anos.
No momento em que apenas 11,19% dos
adolescentes rurais apresentam algum risco
associado à incubação, ou desenvolvimento de
alguma doença crônico-degenerativa associada a
baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória,
20 • Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005
Aptidão física relacionada à saúde
56,32% dos adolescentes urbanos apresentam
mesmo risco. Isto permite hipotetizar que,
enquanto o estilo de vida rural influencia uma
pequena parcela da amostra, deste local, para que
incube ou desenvolva doenças crônicodegenerativas, o estilo de vida urbano chega a
aumentar este risco em torno da metade da
amostra.
Conclusões
Os resultados obtidos, em função dos objetivos estabelecidos e as discussões decorrentes, possibilitam as conclusões que se seguem.
Os rapazes rurais possuem uma aptidão
cardiorrespiratória, força/resistência da parte inferior e superior do tronco e braços, significativamente melhor que os respectivos pares urbanos,
enquanto que a gordura e a flexibilidade são
iguais entre os rapazes dos dois domicílios.
Dos rapazes rurais 69,23% e dos urbanos
53,09% apresentam gordura corporal dentro da
faixa recomendada para uma boa saúde. A maior
parte dos que não atendem os CR estão acima
do limite superior recomendado.
Na aptidão cardiorrespiratória, 88,81% dos rapazes rurais e 43,68% dos rapazes urbanos satisfazem os CR.
Dos rapazes rurais 28,32% e 22,53% dos
urbanos possuem uma força/resistência da
parte inferior do tronco adequada para a saúde.
Na flexibilidade, os percentuais que atendem
os CR são semelhantes nos dois domicílios, sendo em torno de 60,47% dos rapazes.
O percentual de rapazes que atingem os CR
concomitantemente na gordura corporal, aptidão cardiorrespiratória, força/resistência da parte inferior do tronco e na flexibilidade, indica
uma situação preocupante à alarmante, uma vez
que apenas 12,94% dos rapazes rurais e 6,67%
dos urbanos atendem os CR em todos os componentes da AFRS. Desta forma, o restante pode
estar exposto ao desenvolvimento precoce das
doenças crônico-degenerativas associadas à baixa AFRS. Considerando-se somente o componente cardiorrespiratório, apenas 11,19% dos
rapazes rurais e 56,32% dos urbanos podem estar expostos àquelas doenças.
Abstract
Health-related physical fitness of rural and urban adolescents in relation to the reference criteria
This study aimed at comparing the health-related physical fitness (HRPF) between adolescent males,
who live in rural and urban areas, and analyze the HRPF in relation to the criterion-referenced standars
established by AAHPERD (1988). Sample was composed of 286 rural and 435 urbans adolescents (10.50
to 17.49 years old). HRPF was measured according to AAHPERD: cardiorespiratory fitness (1600 m);
muscular strenght/endurance (1-min sit-ups); flexibility (sit and reach); body fat (triceps + calf skin
fold). To analyze the variables with normal distribution the Fischer’s statistical test was used. For the
variables that did not present a normal distribuiton the Kruskal-Wallis’ test was used. The results and
conclusions were as follow: the rural adolescents have a higher HRPF (p ≤ 0.05) than the urban ones.
However, only 12.94% of all rural adolescents and 6.67% of all urban adolescents met the criterionreferenced. Otherwise, 88.81% of the rural and only 43.68% of the urban adolescents showed a desirable
cardiorespiratory fitness in relation to the health.
UNITERMS: Health; Physical fitness; Body fat; Cardiorespiratory fitness; Reference criteria.
Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005 • 21
GLANER, M.F.
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ENDEREÇO
Maria Fátima Glaner
Q 201 Lt 6 Bloco B - apto. 803
71937-540 - Brasília - DF - BRASIL
e-mail: [email protected]
24 • Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.19, n.1, p.13-24, jan./mar. 2005
Recebido para publicação: 09/03/2004
1a. Revisão: 21/02/2005
2a. Revisão: 30/05/2005
Aceito: 06/06/2005
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Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes rurais e