Ano I - Número 15
26 de setembro a 9 de outubro /2005
Universidade abre fronteira
em plena Floresta Amazônica
Uma parceria entre a PUC-Campinas e a Mineração Rio do Norte, no Pará,
possibilitou a formação de 128 funcionários em cursos seqüencial e de pós-graduação
Fotos: Ricardo Lima
PRODUÇÃO - Saem do Porto Trombetas cerca de 16,3 milhões de toneladas de bauxita extraídas pela Mineração Rio do Norte
Rede avançada a serviço da ciência
Entrevista
Diretor da Fapesp, Carlos Brito Cruz, no Auditório Dom Gilberto
O Projeto KyaTera, que utiliza e pesquisa
a Internet Avançada interligando 15 instituições de ensino numa velocidade inédita no Hemisfério Sul, já é uma realidade para a comunidade científica. Criado em
2004 e com orçamento de R$ 8 milhões,
o projeto integra um programa de tecnologia da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp). Em 16
de setembro, o diretor-científico da fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz,
participou do evento que oficializou o
ingresso da PUC-Campinas no KyaTera,
quando conversou com a equipe do
Jornal da PUC-Campinas.
Página 04
Plano emergencial prevê mais rigor no trânsito
A Empresa de Desenvolvimento de
Campinas (Emdec), da Prefeitura de
Campinas, anunciou algumas ações para
minimizar os transtornos causados pelo
trânsito caótico nas ruas de acesso ao
Campus I. A fiscalização com mais rigor
na aplicação das leis do Código Nacional
de Trânsito, o monitoramento do tráfego de vans e ônibus e a sinalização são
as ações propostas pela empresa.
Página 06
TRANSTORNO - Acesso ao Campus I, à noite, continua complicado
A PUC-Campinas e a Mineração Rio do Norte
(MRN), localizada em Oriximiná, a 880 quilômetros de Belém (PA), desenvolvem uma parceria de sucesso em plena Floresta Amazônica.
Há quase seis anos, a Universidade oferece dois
cursos semipresenciais, um seqüencial e outro
de pós-graduação, para os funcionários da mineradora. Muitos deles alteraram o percurso de
suas vidas com a perspectiva de ampliar os seus
estudos. A PUC-Campinas formou 128 funcionários, uma empreitada que conta com a dedicação de 15 professores do Centro de Economia
e Administração (CEA) com apoio da Coordenadoria de Ensino a Distância . Eles viajam 4
mil quilômetros para ensinar, uma experiência
registrada em agosto pelo repórter-fotográfico
do Departamento de Comunicação, Ricardo
Lima, e que você confere nesta edição.
Página 05
MURAL
A coluna traz um pouco da profissão de produtor
artístico, tendo como protagonista Edmundo
Duran, responsável pela maior parte das peças de
teatro encenada na cidade. Ele integra um time
reduzido de profissionais, que fazem um verdadeiro
malabarismo para garantir que a produção cultural
de fora chegue aos palcos campineiros.
Página 07
Por causa da suspensão das atividades discentes de 10 a 15
de outubro, a próxima edição do Jornal da PUC-Campinas
circulará, excepcionalmente, no dia 17 de outubro de 2005.
Espaço Palavra Livre
fomenta debate
Página 02
MEC e o Ensino
a Distância
Página 03
Política federal de
bolsas gera protesto
Página 06
Trama Universitário
‘caça’ agentes
Página 08
02
26 de setembro a 9 de outubro /2005
Jornal da PUC-Campinas
Editorial
De portas abertas para o mundo
A
reportagem desta edição sobre os cursos oferecidos aos
funcionários da Mineração Rio do Norte pode surpreender quem não os conhece. Uma indagação natural: o que a PUC-Campinas, uma universidade com características regionais, estará fazendo no interior do Pará, em plena
selva amazônica? A participação da PUC-Campinas na formação de funcionários da Mineração Rio do Norte chega ao sexto ano. Nossos professores começaram com um curso seqüencial, depois foi solicitado um curso de pós-graduação lato sensu, ambos com significativos desdobramentos para a empresa e
para as carreiras das pessoas envolvidas. Temos orgulho de saber
que, graças à nossa colaboração, a empresa evoluiu e, sobretudo, que muitos dos ex-alunos, pessoas simples da região, são agora funcionários dos primeiros escalões. Alguns inclusive migraram para outras empresas mineradoras, onde ocupam funções
gerenciais. Todos eles destacam a importância dos cursos ministrados por nossos docentes para seu crescimento profissional. E
não é só. A marca comunitária da PUC-Campinas está presente nos vários projetos sociais patrocinados pela Rio do Norte
à população local. Voltemos à questão inicial: o que fazemos no
interior do Pará? A PUC-Campinas continua com raízes fir-
mes na comunidade campineira e, como Universidade, tem
também a missão de abrir suas portas para que os municípios
metropolitanos recebam influências de fora, por intermédio de
sua comunidade universitária. Nossas trocas de experiências
com profissionais e instituições de outros estados brasileiros e de
outros países são constantes. Neste mês promovemos um evento sobre o futuro das metrópoles latino-americanas, outro que
discute a internacionalização da economia regional com a ampliação do Aeroporto de Viracopos e, também, uma mostra sobre
cinema espanhol. Em novembro, universidades comunitárias
de todo o País estarão conosco debatendo os rumos da avaliação
institucional. Somente neste segundo semestre recebemos dezenas de alunos e professores de países dos vários continentes e
enviamos outro tanto de docentes e discentes por intermédio de
programas de cooperação internacional. Enfim, nossa presença
no Pará é apenas parte dessa constante interação com o mundo, que traz importantes subsídios às nossas atividades de ensino, pesquisa, extensão e, por conseqüência, à comunidade da
Região Metropolitana de Campinas.
Espaço Palavra Livre propõe
debate entre os universitários
Ricardo Lima
debatedores Gentil Neto de
Uma tenda montada no meio
Mendonça, representante dos
do campus, um tema polêmico
Movimentos Populares da
em debate e um microfone aberRegião de Campinas, e Anto para quem quiser dar a sua
tônio Álvaro Barbosa Sá, cienopinião. Esses são os ingredientista político e professor do
tes do Espaço Palavra Livre, um
CCH, enfrentaram a interpeprojeto de extensão do Núcleo
lação constante dos alunos a
de Pesquisa e Extensão do Centro
respeito da crise no governo
de Ciências Humanas (Nupex Luiz Inácio Lula da Silva. Os
CCH) em parceria com a Próestudantes da Faculdade de
Reitoria de Extensão e Assuntos
Direito Rodrigo Lorenti e
Comunitários (Proext). O proCoordenador do projeto, Paulo Pozzebon
Bruno Rodrigues de Lima,
jeto tem como objetivo levar para
o contexto dos alunos a discussão de questões que se ambos declaradamente petistas, polarizaram o debadestacam na sociedade e que nem sempre encontram te. Enquanto Lorenti acusava o PT de ser responsáespaço de reflexão dentro das salas de aula. "Nós que- vel pelo maior esquema de corrupção já visto no País,
remos lançar algumas sementes. O que irá brotar tere- Lima defendia o partido e o presidente, tendo como
mos de esperar para ver", analisou o coordenador do argumento os projetos sociais.
projeto, Paulo Moacir Godoy Pozzebon. O primeiro
debate, de uma série de quatro, aconteceu no dia 12 >> Serviços
30/09- Cultura Popular e Juventude, das 18h às 19h20, Campus I
de setembro, no Campus Central, e teve como tema
24/10- Bioética e Direito, das 11h15 às 12h35, Campus Central
a Conjuntura Política Atual.
23/11 - Opressões Sociais: gênero, raça e diversidade sexual, das
18h às 19h20, Campus I
Com a intermediação do professor Pozzebon, os
Notas
PUC-Campinas ganha destaque na Expocom
Quarenta e seis alunos e ex-alunos das faculdades de comunicação da PUC-Campinas conquistaram
prêmis na 12ª Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) e no 28º Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom-2005), ocorridos na Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UERJ), em setembro. O professor da Faculdade de Publicidade e Propaganda Seiji Hiraide
orientou quatro trabalhos vencedores na categoria Fotografia Publicitária. Além dessas premiações,
13 expositores graduados pela Faculdade de Jornalismo venceram em quatro categorias e
12 congressistas formados pela Faculdade de Relações Públicas receberam premiações nas categorias
Empresarial e Governamental. A professora de RP Cíntia Liesenber venceu na categoria Mestrado.
Reitor da PUC-Campinas
Padre José Benedito de Almeida David
Agenda
26/09
Inscrição nas oficinas de Leitura e Percepção Musicais e
Apreciação e Análise Musical. Informações: 3756-7282.
26/09 a 30/09
23ª Semana de Estudos de Teologia, às 19h30, no Auditório Dom
Gilberto, Campus I.
26/09 a 01/10
7º Congresso Médico Acadêmico Samuel Pessoa (Comasp), no
Campus II. Informações: www.puc-campinas.edu.br/centros/ccv
28/09
Encontro Integrado de Meio Ambiente, no Auditório Monsenhor
Salim, Campus II. Informações: www.puc-campinas.edu.br .
28 e 29/09
2º Seminário sobre Expansão do Aeroporto Internacional de
Viracopos, às 9h, no Centro Unisal.
28 e 29/09 e 01/10
Programa de Visitas na PUC-Campinas aberto ao Ensino Médio e
cursinhos pré-vestibular. Informações: www.puc-campinas.edu.br
29/09
Palestra sobre Saúde, Segurança e Meio Ambiente nos
Empreendimentos Solidários, às 19h, na Sala 900 do Prédio
H2, Campus I.
Palestra sobre Acessibilidade, às 18h, na Sala 900, Campus I.
30/09
Data-limite para trancamento de matrícula dos alunos de pósgraduação e de graduação dos cursos semestrais e anuais.
Informações nas secretarias de cada curso.
01 a 31/10
Inscrições para os cursos de doutorado e mestrado em
Psicologia, Ciência da Informação, Educação e Urbanismo.
Informações: www.puc-campinas.edu.br/pos
03 a 07/10
3º Integrar do Centro de Ciências Econômicas e Administrativas
(CEA), às 8h e às 19h, no Auditório Dom Gilberto, Campus I.
04/10
Palestra sobre O Direito do Consumidor de Serviços Turísticos,
às 9h55, na Sala 801, Campus I. Informações: (19) 3756-7158.
04 e 05/10
Programa Saúde na Praça, a partir das 9h, no Largo do Rosário,
Centro de Campinas. Informações: (19) 3729- 8515.
Expediente
Reitor- Padre José Benedito de Almeida David; Vice-rreitor - Padre Wilson Denadai; Conselho Editorial - Ciça Toledo, Wagner José de Mello e Domenico Feliciello; Coordenador
de Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Coordenador do Setor de Jornalismo - Aderval Borges; Editora - Eunice Gomes (MTB 21.390); Redatores Aderval Borges, Adriana Furtado, Du Paulino, Eunice Gomes e Rita Hennies; Revisão - Luiz Antonio Razera; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo
Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte Gráfica Digital; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136,
mail: [email protected]
Parque das Universidades. Telefones: (19) 3756-7147 e 3756-7674. E-m
03
Jornal da PUC-Campinas
26 de setembro a 9 de outubro /2005
Opinião
Inclusão social e novas tecnologias
Ronaldo Mota e Hélio Chaves Filho
A
gradativa evolução dos meios tecnológicos acabou por relativizar os
conceitos de espaço geográfico e
tempo, reduzindo virtualmente as distâncias globais e otimizando o tempo gasto
para acessar o vasto acervo cultural da
humanidade, que ora vem sendo disponibilizado na rede internacional de computadores. Semelhantemente ao impacto ocorrido com o advento da imprensa
na Idade Média, a emergência das chamadas sociedades da informação cristalizou profunda revolução no campo da
divulgação do conhecimento. Aliado a
esse fato, a expansão das tecnologias da
informação e comunicação para as mais
diversas áreas sociais, incluindo a educação, potencializou a modalidade de educação a distância, permitindo uma forma de educar cada vez mais próxima e
personalizada. Nela, os sujeitos envolvidos têm o relativo privilégio de escolher a
melhor forma de ensinar e de aprender,
além de privilegiar a permuta de conhecimentos em rede e, com isso, tornar
fecundo o campo para o surgimento de
...as demandas
por formação
continuada ao
longo da vida,
terão na
educação a
distância
forte aliado...
comunidades de aprendizagem.
Cogitando-se o potencial de inclusão
social latente em proposta autêntica de educação a distância, cumpre-nos observar o
binômio capilarização da oferta de educação nos diferentes rincões do globo e acessibilidade personalizada, conforme os interesses de instituições, professores e estudantes. Nessa linha, as demandas por formação continuada ao longo da vida, geradas pelo
modo de produção da sociedade do conhecimento, terão na educação a distância forte aliado e, em breve, é possível que não se
façam mais distinções entre formação inicial
e formação continuada. Importante desta-
Espaço leitor
car que, na modalidade educação a distância, baseada nas tecnologias de informação
e comunicação, a metodologia de trabalho
funde-se com o conteúdo conforme se desenvolve o processo de ensino e aprendizagem.
Assim, a prática mediada pelo conjunto das
mídias é, por si, conhecimento que coopera ao mesmo tempo com o saber específico e com o incentivo ao aprender a aprender. Constitui-se, ainda, estímulo à aprendizagem continuada.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação vigente ( Lei 9.394 de 1996), ainda que de forma incipiente, proporcionou a
imprescindível abertura, do ponto de vista da
legislação, para que a modalidade possa
conquistar o terreno da credibilidade social.
Essa é uma realidade promissora, tendo em vista o desafio de combater cenário
brasileiro desfavorável: o País ainda figura
entre as nações mais excludentes do globo,
no acesso ao Ensino Superior. Dados recentes (2004) indicam que apenas 10% dos
jovens com idade entre 18 e 24 anos têm
acesso à educação superior presencial.
Entretanto, se as novas tecnologias
podem contribuir para melhorias e transformações na educação, elas têm gerado novos
Galeria
@
NOTA DA REDAÇÃO - A edição do Jornal da PUC-Campinas
atende aos critérios jornalísticos, que permitem e propõem a criticidade dos fatos. Em momento algum pretendeu-se desligitimar a entidade, mas oferecer subsídios aos leitores para que eles formem uma
concepção sobre o caso.
"Não acho totalmente positivo,
principalmente pelo fato de você
não ter tanto contato com as
pessoas. Pode haver um problema
de falta de socialização, já que seu
contato com o professor e colegas
é mais virtual".
Rafael Henrique Salvador
Gonçalves, estudante da
Faculdade de Educação Física
Divulgação
Ronaldo Mota (foto), secretário de Educação a Distância
do Ministério da Educação (MEC) e Hélio Chaves Filho,
diretor de Políticas em Ensino a Distância do MEC.
COMO VOCÊ AVALIA A CRIAÇÃO E A
EXPANSÃO DO ENSINO A DISTÂNCIA?
"O Ensino a Distância possibilita
que as pessoas de qualquer lugar
façam os cursos. Pessoas do Brasil
todo podem, por exemplo, fazer
um curso oferecido em Campinas.
Há uma democratização do
ensino nesse aspecto".
André Luiz Silva,
professor da Faculdade
de Análise de Sistemas
Qual sua opinião sobre o Jornal da
PUC-Campinas? Quer sugerir uma pauta? Divulgar o
que você está fazendo? Participe! Mande uma mensagem
para a redação. [email protected]
CONTESTAÇÃO
Quanto ao repasse de verbas à UNE, abordado em entrevista na
edição n.º 13 do Jornal da PUC-Campinas, gostaríamos de esclarecer que: 1) A UNE sempre manteve relação institucional com
diferentes governos. Essa relação passa também pela legítima captação de recursos para a realização de atividades de interesse público. Parte desses recursos é proveniente de emendas parlamentares, não tendo origem no Executivo; 2) Nesse sentido, lamentamos a adesão da linha fina da edição citada às tentativas de parte
da imprensa de associar esses repasses a uma suposta moderação
diante dos escândalos de corrupção, o que não procede. Com isso,
buscou-se sistematicamente deslegitimar o posicionamento dos
movimentos sociais diante da crise; 3) Reiteramos nossa absoluta
independência diante deste ou de qualquer outro governo.
Gustavo Petta, presidente da
União Nacional dos Estudantes (UNE)
desafios para os educadores. É fundamental discutir e refletir criticamente o seu uso
com propósitos educativos para evitar tanto a postura vã da posição apocalíptica,
quanto a ingenuidade integrada diante do
domínio do discurso apologético da técnica. Os novos meios devem ser concebidos
como instrumentos de mediação e de
expressão com os quais se torna possível
provocar novos modos de produzir conhecimentos (CHAVES FILHO & DIAS, 2003)
rumo à inclusão digital autêntica e democrática.
Fotos: Ricardo Lima
"Faço Especialização em Educação e
Gestão de Pessoas na
PUC-Campinas, que é um curso
semipresencial e estou muito
satisfeita. É perfeito porque não
interfere na minha rotina de trabalho
e posso organizar meus horários de
acordo com minhas possibilidades".
Marjorie Helena Salim,
funcionária da Biblioteca Setorial
do Campus I
"Feliz
AQUELE que
Imagens
transfere o
QUE sabe
E APRENDE
VITRINE - A Campanha do Vestibular-2006 da PUC-Campinas, que
começou no dia 1º de setembro, ganhou novos espaços de propaganda. O
Mobiliário Urbano para Informação (Mupi), tipo de totem protegido por
vidro, e os outdoors em lona, todos iluminados, garantem a qualidade das
imagens e a difusão das informações, inclusive à noite. Os Mupis e os
outdoors fixos permanecem nas esquinas, praças e avenidas da cidade até
o dia 9 de outubro. As inscrições para o vestibular terminam em 10 de
outubro. Informações: www.puc-campinas.edu.br/vestibular2006
O que
ENSINA"
Cora Coralina (1889-1985),
poetisa brasileira que só aprendeu
as primeiras letras
26 de setembro a 9 de outubro /2005
04
Jornal da PUC-Campinas
Entrevista
Fotos: Ricardo Lima
Projeto KyaTera
interliga 15
instituições de ensino
numa velocidade
inédita no
Hemisfério Sul;
internautas comuns
ainda não têm acesso
a essa rede
C
Rita Hennies
[email protected]
Copiar arquivos de imagens pela internet requer paciência e disponibilidade de
recursos do internauta. No sistema banda larga, que não é gratuito e oferece as
maiores velocidades, essa operação ainda
é lenta. Imagine, porém, transmitir por
e-mail fotos armazenadas em um CD em
apenas 50 segundos, processo que leva
mais de cinco horas pela rede atual. Essa
possibilidade já existe para 15 instituições
de pesquisa do Estado de São Paulo, entre
elas a PUC-Campinas. Desde 2004, elas
estão interligadas pelo Projeto KyaTera,
um tipo de cooperativa que utiliza e pesquisa a Internet Avançada, cujo orçamento
é de R$ 8 milhões.
Para os 27 laboratórios de instituições
e centros de pesquisa ligados na nova rede,
cuja transmissão de dados ocorre por fibras
óticas, já é possível compartilhar equipamentos e realizar videoconferências e
experimentos na maior velocidade atingida no Hemisfério Sul, o que viabilizou
a criação de um grande laboratório integrado no Estado e reduziu os custos dos
participantes. O KyaTera integra o
Programa de Tecnologia de Informação
no Desenvolvimento da Internet Avançada
(Tidia), da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
e se divide em três grupos de pesquisa: o
que estuda as fibras óticas; o que pesquisa os equipamentos ligados pela rede e o
que realiza experimentos a distância em
diversas áreas do conhecimento.
Para o coordenador do Projeto
KyaTera na PUC-Campinas e professor
da Faculdade de Engenharia Elétrica,
Marcelo Abbade, a principal contribuição da Universidade, com a participação
de professores e estudantes do Laboratório
de Meios de Transmissão, consiste na formação de profissionais habilitados a desenvolver novas tecnologias.
Em entrevista ao Jornal da PUCCampinas, durante o evento que oficializou a participação da Universidade no
projeto, em 16 de setembro, o diretorcientífico da Fapesp, Carlos Henrique de
Brito Cruz, confirmou a futura expansão
da rede ao público em geral, mas ressaltou a necessidade de conclusão das pesquisas antes dessa fase.
Diretor-científico
da Fapesp, Carlos
Henrique de Brito
Cruz, oficializou o
ingresso da
Universidade no
KyaTera
Jornal da PUC-Campinas - Entre os objetivos do projeto está a acessibilidade da
rede para o público em geral?
Carlos Henrique de Brito Cruz - Nessa
primeira fase, o objetivo do KyaTera é a
pesquisa, portanto, não está aberto ao
público em geral. Por meio do KyaTera
pretende-se desenvolver tecnologia e descobrir conhecimentos que possam,
depois, ser aplicados por empresas, por
instituições, para dar acesso à internet ao
público em geral.
JP - O que a comunidade científica ganha
com a implantação do Projeto KyaTera?
Brito- O projeto é muito importante porque vai permitir que a comunidade científica no Estado de São Paulo se associe
numa rede para desenvolver pesquisas em
tecnologia da informação que não seria
possível fazer de maneira individualizada,
porque a rede exige vários pontos de conexão e vários laboratórios. Então, vai nos
permitir acelerar o avanço do conhecimento nessa área no Estado de São Paulo.
JP - Qual é a contribuição proporcionada pelo Projeto KyaTera aos estudantes
envolvidos nas pesquisas desenvolvidas
pelas instituições, como a PUCCampinas?
Brito - O Projeto KyaTera tem a participação de muitos estudantes, porque
um dos objetivos é a idéia de formarmos recursos humanos capazes de
desenvolver tecnologias no Estado de
São Paulo.
JP - Quais outras áreas que podem ser
beneficiadas com a implantação da rede
avançada ?
Brito - Todas, porque a internet e a comunicação de alta velocidade beneficiam
todas as áreas do conhecimento. A
Medicina e o Jornalismo são duas delas,
mas a Física, a Química, a Biologia, enfim,
todas serão beneficiadas. Quando se
aumenta a capacidade de comunicação a
sociedade inteira se beneficia.
INTERNET 2 - Nova rede de
transmissão de dados que iniciou
suas operações em 1999, nos
Estados Unidos, e que
desenvolve tecnologias e
aplicações avançadas para a
comunidade acadêmica e de
pesquisa. Interliga universidades,
agências do governo e indústrias.
É um tipo de banda larga
potencializada (2,4 bilhões de bits
por segundo) que transmite
dados de cem a mil vezes mais
rápido que as transmissões pela
internet comercial.
REDE GIGA - Rede experimental
de alta velocidade desenvolvida
pelo Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD) e pela
Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa (RNP), em maio de
2004. Permite o tráfego de dados
por meio de fibras óticas (10
bilhões de bits por segundo),
viabilizando projetos que
necessitem de alta capacidade de
transmissão, como os estudos de
prospecção de petróleo e a
transmissão de imagens digitais. É
restrita a 17 instituições de
pesquisa da região Sudeste, com
velocidade 39 mil vezes mais
rápida que a banda larga.
INTERNET AVANÇADA - Rede
de alta velocidade composta por
fibras óticas. Na prática, a rede
possibilita elevadas taxas de
transmissão (320 bilhões de bits
por segundo) e uma melhor
administração do tráfego de
informações. Da primeira
transmissão de dados pela
Internet Avançada participaram:
PUC-Campinas, Unicamp, USP
e CPqD.
>> Serviço
Informações: www.kyatera.fapesp.br
FONTES: PUC-Campinas, Unicamp,
CPqD e RNP
FAPESP
PUC-Campinas integra
INTERNET AVANÇADA
Redes agilizam
transmissão de dados
RECEITA TOTAL DE INVESTIMENTOS
R$ 520 milhões, sendo R$ 137
milhões em bolsas de estudo e
R$ 257 milhões em bolsas de
auxílio à pesquisa
ÁREAS DE MAIOR INVESTIMENTO
Saúde, Biologia e Engenharia
PREVISÃO DE RECEITA PARA 2006
Cerca de R$ 500 milhões
Grão-chanceler Dom Bruno Gamberini (ao centro) conferiu os avanços no Laboratório de Meios de Transmissão
05
Jornal da PUC-Campinas
26 de setembro a 9 de outubro /2005
Sem fronteiras
Universidade forma alunos na
FLORESTA AMAZÔNICA
Uma parceria firmada entre a Mineração Rio do Norte e a PUC-Campinas,
há quase seis anos, possibilitou a formação de 128 alunos em plena selva
Foi por meio de uma reportagem de jornal que a
Mineração Rio do Norte (MRN), localizada em Porto
Trombetas, no município de Oriximiná, a 880 quilômetros de Belém (PA), descobriu a PUC-Campinas
e a partir daí criaram um dos convênios mais desafiadores do Ensino Superior: a oferta de cursos em plena Floresta Amazônica. O projeto é desenvolvido pelo
Centro de Economia e Administração (CEA) e a
Coordenadoria de Ensino a Distância da PUCCampinas. Desde então a parceria cresceu e mudou
a vida de muita gente, como a da coordenadora de
Contratos da MRN, Arlete Ferreira dos Santos, 50
anos, que integra a turma de 128 alunos formada pela
parceria. Arlete nasceu em Alenquer, Oeste do Pará,
onde iniciou seus estudos. Mudou-se para Santarém,
formou-se em Magistério e não teve mais oportunidade de continuar seus estudos. Com um débito pessoal grande, Arlete teve a oportunidade de resgatar seu
sonho. Casada, com quatro filhos na faculdade e trabalhando na mineradora, ela matriculou-se no curso
seqüencial de Formação Específica em Gestão de
Recursos e Produção, o primeiro a ser oferecido pela
Universidade no Pará, em 2000.
O desafio exigiu muito esforço e solidariedade dos
colegas de trabalho. "No começo foi muito difícil. Na
primeira prova de matemática financeira, estudei muito e tirei só 7.0", contou Arlete. Decepcionada, mas sem
esmorecer, ela organizou grupos de estudo e sacrificou seus finais de semana. "Na prova seguinte, tirei
8.5. Mas não fiquei satisfeita e passei a estudar também após o horário de serviço. Alcancei a nota 9.5 e
com muita disciplina consegui a nota 10 na última
prova", contou. Já formada, Arlete visitou a PUCCampinas, em 2002. Sem descansar, ingressou no
curso de Especialização em Gestão Empresarial (pósgraduação).
O sucesso na vida pessoal e profissional da personagem desta matéria é ratificado pelos números da
parceria MRN e PUC-Campinas (veja quadro ao lado).
Segundo o gerente de Relações Comunitárias da
MRN, Ademar Cavalcante, também aluno da PUCCampinas, após quase seis anos de parceria verificouse a criação de um vínculo entre professores e funcionários-alunos. "Nossa avaliação é que se criou um vínculo muito forte. Os professores tornaram-se grandes amigos da MRN, a ponto do então vice-reitor
Acadêmico da PUC-Campinas, Carlos de Aquino
Pereira, presidir a formatura da primeira turma, em
2001", afirmou.
O intercâmbio entre realidades distintas extrapola a relação de mestres da Universidade e funcionários-alunos da MRN. O engenheiro elétrico, Rodrigo
de Campos Penteado, residia em Indaiatuba, graduou-se em Minas Gerais e trabalha na mineradora.
Ele vive uma situação inusitada. "Estou fazendo um
curso de pós-graduação da PUC-Campinas a 4 mil
quilômetros de Campinas. Isso é muito interessante.
Além disso, tenho amigos que também estudam na
PUC e temos aulas com os mesmos professores. É uma
prova que o mundo está cada vez mais globalizado. A
internet encurta as distâncias e possibilita interações
nunca antes imaginadas, no meio da Floresta
Amazônica".
Colaborou Adriana Furtado ([email protected])
DESTAQUE - Arlete Ferreira dos Santos, que visitou a PUC-Campinas em 2002, é nota 10 em perseverança e dedicação
Projeto envolve 15 professores
"É o trabalho que mais me
gratificou, porque os alunos
são muito aplicados e quando
você os vê destacando-se na
vida profissional e na
comunidade é muito bom,
como professor e também
como pessoa". É assim que o
coordenador e professor do
curso de pós-graduação na
MRN, Paulo Zucolotto, avalia
o projeto no Pará.
Superar barreiras como a
distância de 4 mil quilômetros,
utilizar metodologia específica
para o ensino a distância com
Paulo Zucolotto (à dir.) e Antônio Marcos Favarin viajam 4 mil quilômetros para ensinar
um corpo docente integrado
por 15 professores, que ministram aulas presenciais (25%) e via internet (75%), são os componentes que
levam a PUC-Campinas a imprimir sua marca em plena selva amazônica. Os professores viajam a cada
dois meses para o Pará. Para o professor Antônio Marcos Favarin, o envolvimento e o
comprometimento são fundamentais para o bom andamento do trabalho, que exige preparação das
aulas exclusivas, tempo de aula diferenciado (chat) e repetir a mesma aula 4 vezes por semana, além
de entregar um relatório descritivo das atividades para a direção da faculdade.
Ricardo Lima viajou para o Pará com apoio da MRN
Parceria em números
F
Fotos: Ricardo Lima
Ricardo Lima
[email protected]
> A Mineração Rio do Norte (MRN), fundada em 1974, explora e comercializa bauxita, a matériaprima para o alumínio. A produção anual é de 16,3 milhões de toneladas.
> A parceria da PUC-Campinas com a MRN começou em 2000.
> A Universidade oferece dois cursos semipresenciais na MRN:
Formação Específica em Gestão de Recursos e Produção
(seqüencial) e Especialização em Gestão Empresarial
(pós-graduação), com duração de dois anos e um ano e
meio, respectivamente.
> A PUC-Campinas formou 128 alunos durante os
cinco anos de atuação na Floresta Amazônica, dos quais
96 pelo curso seqüencial e 32 pela pósgraduação.
> A MRN investe R$ 731 mil por ano na
educação de seus funcionários.
FONTES: Centro de Economia e Administração
(CEA) e Mineração Rio do Norte
06
26 de setembro a 9 de outubro /2005
Jornal da PUC-Campinas
Trânsito
Emdec anuncia medidas para o Campus I
Fotos: Ricardo Lima
Ações da Empresa de
Desenvolvimento de
Campinas incluem o
controle de tráfego
de vans e ônibus, a
sinalização e
mais rigor na
aplicação da leis
A
Aderval Borges
[email protected]
Empresa de Desenvolvimento
de Campinas (Emdec) realizou, nas duas últimas semanas,
contagem dos veículos que passam pela
Avenida Professora Ana Maria Abade,
rumo ao Campus I, Unicamp e Barão
Geraldo. O propósito do levantamento é buscar alternativas para melhorar
o fluxo. Entre as medidas anunciadas,
a empresa promete atacar com rigor os
que infringirem o Código Nacional de
Trânsito - principalmente os carros
Aristides Vieira Júnior (à esq.) e Atílio Pereira (ao centro) durante reunião na Emdec
estacionados em locais irregulares -,
melhorar a sinalização do acesso alternativo pela Rua José Christoforo e controlar o fluxo de vans e ônibus.
Para o diretor de Operações da
Emdec, Atílio Pereira, essas medidas
serão paliativas. "A solução definitiva
para o trânsito do Campus I virá com
a construção de um novo acesso pela
Rodovia Mogi-Campinas", afirmou
Pereira. O projeto ao qual se refere foi
apresentado pela Universidade à
Prefeitura Municipal de Campinas e
discutido em uma reunião ocorrida
no dia 8 de setembro, na Reitoria.
Entretanto, segundo o gerente de
Operações da PUC-Campinas,
Aristides Vieira Júnior, as medidas
"paliativas", citadas pelo diretor da
Emdec foram consideradas como prioritárias e imediatas, com a finalidade de
minimizar os transtornos causados
pelo trânsito. A Emdec pretende ainda realizar um estudo minucioso sobre
a origem e o destino dos veículos que
circulam pelo local.
A proposta é criar um acesso com
duas vias, uma de entrada e outra de
saída, ambas passando pelo Bairro
Parque Rural Fazenda Santa Cândida,
e entrando no campus próximo a
Faculdade de Educação Física (Faefi).
No dia 3 de outubro haverá novo
encontro para a apresentação do projeto já orçado, para decidir o início das
obras.
Alunos protestam contra política federal de bolsas
A decisão da PUC-Campinas, e outras
universidades do País, de suspender o processo
seletivo para concessão de bolsas institucionais
para alunos ingressantes em 2005, gerou
protesto de um grupo de alunos do período
noturno no Campus I no dia 19 de setembro.
As universidades foram obrigadas a tomarem
essa decisão porque terão de se adequar ao
Artigo 8º do Decreto n.º 5.493, da Presidência
da República, de 18 de julho de 2005.
De acordo com as novas determinações do
governo federal, as concessões de bolsas
institucionais para alunos ingressantes a partir de
2005 devem atender às regras do Programa
Universidade para Todos (ProUni).
A Reitoria informou que não houve
alteração nas bolsas institucionais para
veteranos e nem nos outros oito programas
disponibilizados pela Instituição. Em 2004, a
PUC-Campinas concedeu 3 mil bolsas
institucionais, além das oferecidas pelos
programas citados acima.
A caloura da Faculdade de Ciências Sociais
Tânia Regina Cruz, uma da organizadoras da
manifestação, lamentou a interrupção das bolsas
institucionais. Tânia seria a terceira pessoa da
mesma família a receber bolsa de estudo da
PUC-Campinas, já que seus dois filhos são
beneficiados pelos programas da Universidade.
"Eu adoro a PUC, mas lamento a falta de
transparência nesse processo. Só entrei na
Universidade por causa da perspectiva de ganhar
bolsa ", afirmou. Ela é funcionária pública e
atualmente está afastada por questões médicas,
com redução salarial. Tânia não quis revelar o
valor de seus proventos.
De acordo com a Reitoria, as bolsas
institucionais da PUC-Campinas são
concedidas para alunos carentes de qualquer
série e curso, por critérios e análises da
Instituição, com percentuais de no mínimo 50%
e no máximo 100% da mensalidade.
(Colaborou Marcos Aurélio Besse)
>> Serviços
Departamento de Serviço Social ao Aluno (DSSA)
Informações: [email protected]
Local: Funciona no antigo Prédio da Pós-Graduação em
Informática, Campus I.
Horário de atendimento: de 2ª a 6ª, das 8h30 às 20h30
Obras do Prosa Caipira
estão em fase conclusiva
No número 76 da Rua 2, localizada no bairro Carlos Gomes, a 30 quilômetros do Centro de Campinas,
residem os sonhos e as expectativas
de uma vida melhor para os cerca de
5 mil moradores da região. O
Restaurante Prosa Caipira é resultado do Programa PUC-Campinas
Solidária, ligado à Pró-Reitoria de
Extensão e Assuntos Comunitários,
sob a coordenação da professora
Lenita Buchala. "O Prosa será o ponto inicial para o resgate dos valores e
costumes dessa população com geração de renda e de empregos", explicou
a coordenadora. Para ela, o programa
proporciona aos universitários a oportunidade de agregar valores de cidadania e inclusão social aos aspectos
técnicos aprendidos em sala de aula.
As obras para a abertura do Prosa
Caipira estão em fase de conclusão,
porém não foi definida ainda uma data
para a inauguração. Diferentes oficinas de capacitação são realizadas com
os integrantes do projeto, como as de
nutrição e higienização, feitas pelos alunos da Faculdade de Nutrição da
Universidade em 17 de setembro.
"Sabia que a higiene era importante
numa cozinha, mas não tinha noção
de tantos detalhes", enfatizou Lúcia
Estela Martins, que se prepara para trabalhar no local.
O Bairro Carlos Gomes pertenceu
a uma das mais ricas e prósperas regiões
produtoras de café do Brasil. Hoje
encontra-se no abandono e sem muitas perspectivas de desenvolvimento.
O Projeto do Restaurante Prosa Caipira
envolve a participação de dez faculdades, além de parceiros como o Centro
de Referência em Cooperativismo e
Associativismo (CRCA), Associação
Moradoras do bairro Carlos Gomes e universitárias durante treinamento de higienização
Brasileira de Preservação Ferroviária
(ABPF), Banco Real e Universidade
Solidária (Unisol)
A perspectiva de transformar o bairro em um destino turístico também
motiva os participantes do projeto.
"Esperamos que as pessoas façam turismo pela região e conheçam nosso restaurante e artesanato", reforçou a dona
de casa Dalila Almeida de Carles.
Além de gerar empregos diretos, a
abertura do Prosa Caipira deverá
melhorar a vida de pequenos produtores, como aponta a dona de casa Vera
Lúcia Gonçalves Ultremare. Ela fornecerá verduras, mel e frutas, cultivados
na propriedade da família, que vive no
bairro há mais de 20 anos.
Adriana Furtado
([email protected])
07
Jornal da PUC-Campinas
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MURAL
26 de setembro a 9 de outubro /2005
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Já imaginou um
grupo formado por
John Lennon
(vocal e guitarra),
Eric Clapton (guitarra),
Keith Richard (baixo) e
Mitch Mitchel, o baterista do Jimi
Hendrix Experience? Pois esse grupo
existiu por dois dias (10 e 11 de
dezembro de 1968), durante a produção do show-documentário Rolling
Stone Rock and Roll Circus. Os quatro
formaram a banda fictícia The Dirth
Mac. Também participaram da lendária produção o grupo The Who,
Taj Mahal, Yoko Ono, Mariane
Faithfull, Jethro Tull e os próprios
Stones (ainda com Brian Jones). O
DVD pode ser encontrado por R$
79,00 nas lojas de CDs e grandes livrarias. Dica: vasculhe nos balcões de
ofertas de DVDs dos hipermercados
da cidade e poderá encontrá-lo por
preço mais acessível.
Edmundo Duran é responsável pela
maior parte das peças de teatro trazida para
Campinas. Ele faz parte de um time reduzido
de profissionais imprescindíveis para que a produção cultural de fora chegue à cidade. É quem
cuida de todos os procedimentos práticos para
que o evento aconteça. A conversa com Duran
se deu no Centro de Convivência Cultural, em meio
a dezenas de telefonemas para pessoas que trabalham
nos espetáculos que vem produzindo. Falou sobre as
especificidades da profissão, reclamou da falta de mais
salas de espetáculo na cidade, cobrou menos interferência
da Secretaria Municipal de Campinas no segmento e defendeu uma maior atenção aos grupos de teatro da cidade.
O
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Aderval Borges
[email protected]
Mural- Como você trabalha?
Edmundo Duran - Minha equipe somos eu, minha mulher e
minha filha. Trabalhamos em parceria com vários profissionais,
inclusive com outros produtores.
Mural - Seu negócio sempre foi teatro?
Duran - Não. Já produzi muitos shows de música, mas acabei
me concentrando em teatro por ser um meio mais profissional.
Mesmo os atores mais famosos nos ajudam na divulgação dos
seus espetáculos, enquanto os músicos só querem se apresentar
e não assumem qualquer outro compromisso.
Mural - É arriscado produzir cultura?
Duran - Muito. Certeza de que será sucesso só tenho quando
o teatro está lotado. Já trouxe para Campinas espetáculos que tiveram grandes públicos em São Paulo e Rio de Janeiro, mas aqui
não deram certo.
Mural - Com você avalia o público de Campinas?
Duran - Excelente. Todos querem se apresentar por aqui. Não
trago mais peças porque faltam salas e as duas principais, a do
Centro de Convivência e a do Teatro Castro Mendes, estão com
equipamentos ultrapassados e precisam de reformas.
Mural - Os ingressos são caros?
Duran - Teatro só se torna mais acessível com mais patrocínios.
Reprodução
de quem vive da arte
Ainda assim, os espetáculos aqui são cerca de 20% mais baratos
que em São Paulo. Tenho um projeto de gravar as encenações
apresentadas na cidade para exibi-las gratuitamente àqueles que
não podem pagar pelo ingresso.
Mural - A Secretaria Municipal de Cultura colabora com vocês?
Duran - Interfere muito, isso sim. No período do Valter Pomar
havia o crivo ideológico esquerdista para aprovação dos projetos. A gestão atual quer destinar o Centro de Convivência à
Orquestra Sinfônica. Com isso, perde-se o teatro mais importante da cidade.
Mural - Como você está se virando?
Duran - Não durmo no ponto. Fecha-se um espaço, vou atrás
de outros. Estou levando espetáculos para locais atípicos e para
salas disponíveis em cidades do interior paulista. Estou com
espetáculo agendado até para o Hopi Hari!
Mural - Como está o teatro campineiro?
Duran - Existem bons grupos, sobretudo de teatro infantil. Mas
acho ridículo a Secretaria de Cultura destinar apenas o mês de
janeiro para as companhias locais, durante o Programa de
Popularização do Teatro. Os grupos da cidade deveriam contar com
programas de incentivo para se apresentarem durante todo o ano.
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Cão surrealista à solta pelo Campus I O 1º Ciclo de Cinema Espanhol,
classificados
de 26 a 30/09, das 19h20 às 22h35, nas Salas 800 e 801 do Campus I, é uma realização conjunta das Faculdades de Artes Visuais, Jornalismo e História e do Departamento de Relações
Externas (DRE). É uma oportunidade rara de se ver grandes filmes em língua espanhola como
Um Cão Andaluz (1928), dirigido pelos surrealistas Luis Buñuel e Salvador Dali. A programação
começa no dia 26/09, com vídeos e palestras sobre o cinema espanhol, em especial sobre o
cineasta catalão Fructuós Gelabert, um dos pioneiros da história do cinema. Um Cão Andaluz
será exibido no dia 28, juntamente com A idade do Ouro, outra obra da dupla Buñuel/Dali.
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26 de setembro a 9 de outubro /2005
08
Jornal da PUC-Campinas
Polêmica
Trama Universitário cria licença autoral
Documento on-line
permite a regulamentação
do uso de produções
intelectuais, sem fins
comerciais; qualquer autor
pode legitimar suas obras
Projeto ‘caça’ talentos
Eunice Gomes
[email protected]
Consultor jurídico Caio Mariano durante encontro em São Paulo
O Projeto Trama Universitário, um segmento da
gravadora Trama criado há um ano e que se norteia no
tripé música, trabalho e informação, lançou a Licença
para Integração das Mídias Universitárias. Um documento on-line que legitima qualquer pessoa a copiar
e distribuir uma obra, desde que sejam divulgadas a
autoria e os patrocinadores e a utilização não seja com
fins lucrativos. A licença não se restringe às produções
universitárias e estará disponível em outubro. Qualquer
autor poderá entrar no Portal Trama Universitário e
licenciar um texto, uma entrevista impressa, em rádio
ou TV, a partir deste mês. O assunto gerou polêmica
entre os 140 representantes de instituições de Ensino
Superior do País que participaram do 2º Encontro
Nacional de Mídia Universitária, em São Paulo nos
dias 2, 3 e 4 de setembro.
"Nossa intenção é democratizar cada vez mais a cultura e toda a produção intelectual, além de fortalecer
a mídia universitária no Brasil. A licença é um instrumento legal para a regulamentação do uso da produ-
ção ", esclareceu o consultor jurídico do Trama
Universitário, Caio Mariano. A licença segue os moldes da Criative Commons, uma licença pioneira disponível em mais de 30 países, entre eles o Brasil. Dois
tipos de licença serão disponibilizadas pelo Trama
Universitário. A primeira legitima o uso integral de
determinado produto. A segunda permite a utilização de trechos dos produtos, o famoso remix. No caso
da produção da Agência de Notícias Trama
Universitário, por exemplo, os usuários devem veicular, além da autoria, o nome das empresas fundadoras do projeto. "Até por uma questão de incentivar o patrocínio, os nomes dessas empresas devem
ser veiculados. Não apenas no caso da produção do
Trama, mas em todos os produtos que forem licenciados com patrocinadores", justificou o editor-chefe da agência, Alexandre Matias.
A obrigatoriedade da veiculação de patrocinadores gerou discussões entre os participantes. "Acontece
que os canais universitários, por exemplo, podem inte-
O
O Projeto Trama Universitário abriu a temporada de caça atrás
de 40 agentes divulgadores nas universidades brasileiras. Você
pode ser um. Informe-se no Portal Trama Universitário. Conheça
os números, referentes a 2004, desse projeto que levou música, trabalho e informação para as universidades.
Shows - Circularam em 15 universidades. Max de Castro cantou em outubro no Campus II da PUC-Campinas
Currículos - 11 mil cadastrados
Empregos - 100 universitários contratados
Empresas - 50 cadastradas
Bandas - 15 mil cadastradas no Trama Virtual
Recursos - R$ 13, 5 milhões para três anos vindos da Natura,
Philips e Vivo
Fonte - Coordenação do Projeto Trama Universitário
grar as TVs abertas ou as a cabo. Cada uma está sob
determinada legislação; umas permitem a divulgação
de patrocinadores, outras não ", argumentou o vicepresidente da Associação Brasileira de Televisão
Universitária (ABTU), Cláudio Magalhães. As rádios
e TVs comerciais universitárias, educativas e comunitárias, como a mídia impressa, trabalham para a criação de uma nova legislação sobre os veículos de comunicação, já que as atuais datam de 1967, no caso das
emissoras educativas e, de 1995, referente às TVs a
Cabo, que estabelece os canais universitários.
>> Serviços
Leia mais sobre o direito autoral
www.criativecommons.org
www.tramauniversitario.com.br
Lawrence Lessig, autor do livro Cultura Livre - www.lessig.org
A equipe do Jornal da PUC-Campinas viajou
a São Paulo a convite do Trama Universitário.
Download

(MRN), localizada em Oriximiná, a 880 quilômetros - PUC