Língua e Produção 3º ano Francisco Análise do discurso •Elementos básicos da comunicação; •Texto e discurso/ a intenção no discurso; •As funções intrínsecas do texto. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO Emissor – emite, codifica a mensagem Receptor – recebe, decodifica a mensagem Mensagem- conteúdo transmitido pelo emissor Código – conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem Referente – contexto relacionado a emissor e receptor Canal – meio pelo qual circula a mensagem Obs: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a comunicação. Todo ato comunicativo envolve componentes essenciais: Emissor - remetente, locutor, codificador, falante; Enunciatário - interlocutor, decodificador, ouvinte; Mensagem - prática social em que algo é comunicado, conteúdo transmitido pelo emissor; Intenção objetivo, intencionalidade; finalidade do discurso, Código / linguagem - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem (verbal, gestual, musical, visual, mista, etc); Interdiscurso- referente, momento histórico; Intradiscurso – situação de produção (compromisso profissional, social, acadêmico, lazer, etc); Suporte – canal, ambiente por onde a mensagem é veiculada ( tela de computador, livro, revista, placas, faixas, cd, etc); Recursos – formas de organizar o texto (diálogo, humor, linguagem poética, etc). Elementos Básicos da Comunicação Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a comunicação Texto É uma unidade lingüística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa. Elementos Auxiliares na Construção do Sentido de um Texto - o contexto discursivo Papel social dos interlocutores; O conhecimento de mundo do interlocutor; As circunstâncias históricas em que se processa a comunicação; A intenção do locutor. Discurso Discurso é a atividade comunicativa capaz de gerar sentido, interlocutores. desenvolvida Texto + Contexto discursivo. entre Intencionalidade Discursiva São as intenções, explícitas ou implícitas, existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa. Exemplo: -Por favor! Me joga uma corda que eu estou me afogando! - E além disso ainda quer se enforcar? (Jô Soares, Veja, 20/05/02) Na piada, o locutor, ao pedir uma corda, naturalmente deseja ser socorrido, prendendo-se a ela. O interlocutor, entretanto, interpreta sua pergunta como se o locutor desejasse se enforcar. O humor é extraído do fato de as personagens não levarem em conta um princípio básico das interações verbais: a intencionalidade discursiva. Carta Pessoal Condições de produção: Interlocutores conhecidos Objetivos variados: contar/relatar algo, solicitar algo, manter contato, aconselhar, defender uma idéia etc. Conteúdo temático: Em geral, questões de natureza pessoal Forma composicional Determinação do destinatário; Interpelação inicial e fórmula de cortesia; Possibilidade de uso de várias seqüências textuais – expositiva, descritiva, argumentativa, narrativa – definidas pela situação sociocomunicativa; Saudação; Fórmula de despedida; Identificação do remetente. CARTA DE LEITOR A RESPEITO DA REPORTAGEM SOBRE CÉLULASTRONCO VEICULADA NA REVISTA ÉPOCA, ALGUNS LEITORES SE POSICIONARAM DA SEGUINTE MANEIRA: “Admirou-me que Época, um excelente veículo de informação, publicasse uma reportagem com enfoque apenas em um lado da medalha. Deve ficar claro que o embrião não é apenas „um amontoado de células longe de ser uma vida‟, mas um amontoado de células com vida desde a fecundação. T.G. , Barueri, S. Paulo. “ Ótimo texto, além de muito oportuno. Ainda bem que o avanço científico é inexorável e caminha junto com a própria evolução humana. A Igreja Católica retarda o processo e interrompe a expectativa de milhares de pessoas. As autoridades religiosas precisam rever seus conceitos e se fazer presente de maneira mais consciente.” L. O . B. , Belo Horizonte, MG. 1. A partir da leitura das duas cartas de leitor acima, escolha um dos leitores e envie uma carta em que você deixe claro seu posicionamento favorável ou contrário em relação à opinião da carta escolhida por você. 2. Coloque-se no papel de um médico ou de um padre; 1. LÍNGUA E FALA / LÍNGUA E DISCURSO SAUSSURE: LÍNGUA – SOCIAL / FALA – OCASIONAL, HISTÓRICA E INDIVIDUAL ( SEPARAÇÃO SOCIAL / HISTÓRICO) AD: LÍNGUA E DISCURSO: SOCIAL E HISTÓRICO INDISSOCIADOS 2. O QUE É DISCURSO DISCURSO: EFEITO DE SENTIDOS ENTRE INTERLOCUTORES (PÊCHEUX,1969) LÍNGUA: A LÍNGUA NÃO É ESTRUTURA, MAS ACONTECIMENTO, A FORMA MATERIAL É VISTA COMO ACONTECIMENTO DO SIGNIFICANTE EM UM SUJEITO AFETADO PELA HISTÓRIA. (ORLANDI, 1999) 3. CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO 1. SITUAÇÃO: A) EM SENTIDO ESTRITO: AS CIRCUNSTÂNCIAS DA ENUNCIAÇÃO B) EM SENTIDO AMPLO: CONTEXTO SÓCIOHISTÓRICO IDEOLÓGICO 2. SUJEITO = DISCURSO POSIÇÃO SUJEITO PROJETADA NO A) FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS: SUJEITO / INTERLOCUTOR 1. A IMAGEM QUE O SUJEITO FAZ DELE MESMO 2. A IMAGEM QUE O SUJEITO FAZ DE SEU INTERLOCUTOR 3. A IMAGEM QUE FAZ DO OBJETO DO DISCURSO A.1. MECANISMOS DE ANTECIPAÇÃO: CAPACIDADE QUE O SUJEITO TEM DE COLOCAR-SE NA POSIÇÃO EM QUE SEU INTERLOCUTOR SE ENCONTRA, ANTECIPANDO, ASSIM, O SENTIDO QUE SUAS PALAVRAS PRODUZEM. A.2. RELAÇÕES DE SENTIDO : UM DISCURSO APONTA PARA OUTROS QUE O SUSTENTAM, ASSIM COMO PARA DIZERES FUTUROS A.3. RELAÇÕES DE FORÇA: O LUGAR DE ONDE SE FALA MARCA O DISCURSO COM A FORÇA DA LOCUÇÃO QUE ESSE LUGAR SUSTENTA. 4. A ANÁLISE, O TEXTO, O DISCURSO OS PERCURSOS DO ANALISTA: A – ANÁLISE DA SUPERFÍCIE TEXTUAL; B – DETERMINAR AS RELAÇÕES DO TEXTO COM AS FORMAÇÕES IDEOLÓGICAS: PASSAGEM DO OBJETO DISCURSIVO PARA PROCESSO DISCURSIVO PÊCEHEUX (1975) – PROCESSO DISCURSIVO CONSISTE NAS RELAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO: PARÁFRASES, SINONÍMIAS, ETC, QUE FUNCIONAM ENTRE ELEMENTOS LINGUÍSTICOS DE UMA FORMAÇÃO DISCURSIVA (FD) 5. FORMAÇÃO DISCURSIVA (FD) E INTERDISCURSO FD = PROJEÇÃO, NA LINGUAGEM, DAS FORMAÇÕES IDEOLÓGICAS – LÍNGUA X IDEOLOGIA = O DISCURSO É A MATERIALIDADE ESPECÍFICA DA IDEOLOGIA E A LÍNGUA É A MATERIALIDADE DO DISCURSO. INTERDISCURSO = AQUILO QUE FALA ANTES, EM OUTRO LUGAR, INDEPENDENTEMENTE; A MEMÓRIA DISCURSIVA 6. SUJEITO FORMA-SUJEITO = FORMA DE EXISTÊNCIA HISTÓRICA DE QUALQUER INDIVÍDUO AGENTE DAS PRÁTICAS SOCIAIS A INTERPELAÇÃO DO INDIVÍDUO EM SUJEITO DE SEU DISCURSO SE EFETUA PELA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO COM A FD QUE O DOMINA A IDEOLOGIA INTERPELA O INDIVÍDUO EM SUJEITO E ESTE SE SUBMETE À LÍNGUA SIGNIFICANDO E SIGNIFICANDO-SE PELO SIMBÓLICO NA HISTÓRIA; TEATRO DA CONSCIÊNCIA: EU VEJO / EU FALO = EFEITO IDEOLÓGICO PELO QUAL O SUJEITO SE COLOCA COMO ORIGEM DO QUE DIZ 7. ESQUECIMENTOS ESQUECIMENTO Nº 1 – ESQUECIMENTO IDEOLÓGICO = O SUJEITO TEM A ILUSÃO DE SER A ORIGEM DO QUE DIZ (INCONSCIENTE) ESQUECIMENTO Nº 2 – ESQUECIMENTO ENUNCIATIVO = O SUJEITO ESQUECE QUE HÁ OUTROS SENTIDOS POSSÍVEIS; “A SINTAXE SIGNIFICA” (ORLANDI, 1999) 8. MEMÓRIA DISCURSIVA INTERDISCURSO: O JÁ DITO QUE CONSTITUI TODO O DIZER. COURTINE (1985): EIXO DA CONSTITUIÇÃO DO DIZER / VERTICAL X EIXO DA FORMULAÇÃO / HORIZONTAL EIXO VERTICAL = MEMÓRIA DISCURSIVA – QUALQUER FORMULAÇÃO SE DÁ DETERMINADA PELO CONJUNTO DE FORMULAÇÕES JÁ FEITAS, MAS ESQUECIDAS. INTERDISCURSO X MEMÓRIA DE ARQUIVO (DISCURSO DOCUMENTAL, INSTITUCIONALIZADA, DISPONÍVEL). 9. TEXTO E DISCURSO TEXTUALIDADE = RELAÇÃO DO TEXTO CONSIGO MESMO E COM A EXTERIORIDADE . A PALAVRA TEM TEXTUALIDADE QUANDO SUA INTERPRETAÇÃO DERIVA DE UM DISCURSO QUE A SUSTENTA. INCOMPLETUDE TEXTUAL = RELAÇÃO COM OUTROS TEXTOS EXISTENTES OU IMAGINÁRIOS, COM SUAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO, COM SUA EXTERIORIDADE CONSTITUTIVA. HISTÓRIA X TEXTO = TEXTO ENQUANTO MATERIALIDADE HISTÓRICA 10. A FUNÇÃO DISCURSIVA AUTOR A FUNÇÃO AUTOR SE REALIZA TODA VEZ QUE O REPRODUTOR DA LINGUAGEM SE REPRESENTA NA ORIGEM, PRODUZINDO UM TEXTO COM UNIDADE, COERÊNCIA, PROGRESSÃO, NÃO CONTRADIÇÃO E FIM. FUNÇÃO AUTOR X HISTÓRIA: O AUTOR FORMULA E SE CONSTITUI, COM SEU ENUNCIADO, NUMA HISTÓRIA DE FORMULAÇÕES, NO INTERDISCURSO – HISTORICIZA SEU DIZER. 11. INTERPRETAÇÃO A) COMO PARTE DA ATIVIDADE DO ANALISTA = EXPLICITAR COMO UM OBJETO SIMBÓLICO PRODUZ SENTIDO. INTERPRETAÇÃO X IDEOLOGIA = A IDEOLOGIA NÃO É UM CONTEÚDO “X”, MAS UM MECANISMO DE PRODUZIR “X”. B) COMO PARTE DA ATIVIDADE DO SUJEITO = A INTERPRETAÇÃO APARECE PARA O SUJEITO COMO TRANSPARÊNCIA 12. DISPOSITIVOS DE INTERPRETAÇÃO DISPOSITIVO TEÓRICO: NOÇÕES E CONCEITOS DA AD DISPOSITIVO ANALÍTICO: ESPECIFICIDADE DA ANÁLISE FINALIDADES DO ANALISTA: *COMPREENDER O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SENTIDOS INSTALADO POR UMA MATERIALIDADE DISCURSIVA *MANTER RELAÇÃO CRÍTICA COM O CONJUNTO COMPLEXO DE FD - FAZER UMA LEITURA MENOS SUBJETIVA POSSÍVEL, MEDIADA PELA TEORIA E PELOS MECANISMOS ANALÍTICOS 13. EFEITO METAFÓRICO FENÔMENO SEMÂNTICO PRODUZIDO POR UMA SUBSTITUIÇÃO CONCEITUAL = DESLIZAMENTO DE SENTIDOS O DESLIZE É O LUGAR DA HISTORICIDADE, DA IDEOLOGIA, DA INTERPRETAÇÃO 14. FINALIZANDO A Análise de Discurso tem como característica ouvir no que é dito o que é dito ali ou em outro lugar, o que não é dito e o que deve ser ouvido por sua ausência necessária.