COMPETÊNCIA LEITORA E
ESCRITORA
A QUEM CABE TAL TAREFA?
COMPETÊNCIA LEITORA E ESCRITORA
Para Guedes e Souza:
Ler e escrever são tarefas da escola, questões para todas as
áreas, uma vez que são habilidades indispensáveis para a
formação de um estudante, que é responsabilidade da escola.
Ensinar é dar condições ao aluno para que ele se aproprie do
conhecimento historicamente construído e se insira nessa
construção como produtor de conhecimento;
Ensinar é ensinar a ler para que o aluno se torne capaz dessa
apropriação, pois o conhecimento acumulado está escrito em
livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos;
Ensinar é ensinar a escrever porque a reflexão sobre a
produção de conhecimento se expressa por escrito;

As habilidades envolvidas na leitura e na produção de textos
devem ser ensinadas em contextos reais de aprendizagem,
em situações em que faça sentido aos estudantes mobilizar
o que sabem para aprender com os textos;

Aprender a ler de forma competente é muito mais do que
decifrar mensagens, trata-se de procurar um sentido e
questionar algo escrito a partir de uma realidade. Para
tanto, é preciso colocar em prática estratégias de leitura que
auxiliem os alunos a interpretar e compreender os textos
lidos de forma mais autônoma;
Em uma sala de aula, há, geralmente, estudantes com
conhecimentos diferentes sobre a leitura e a escrita,
independentemente de manterem semelhanças quanto à
idade ou ao ano escolar. Lidar com essa diversidade é uma
realidade a ser enfrentada por professores de diferentes
áreas, que precisam dispor de sensibilidade e instrumentos
para diagnosticar a proficiência leitora e escritora de seus
alunos e, no processo de ensino e aprendizagem, escolher
situações didáticas que conciliem os conteúdos específicos
das áreas com aqueles que ampliam a formação também no
campo da leitura e da escrita;
Possibilitar aos estudantes reconhecer e conhecer diferentes
gêneros de texto é tarefa da escola, pois o simples fato dele
identificar antecipadamente a estrutura do texto que vai ler –
se uma peça de teatro, se um relato de experimento, se uma
notícia – contribui para ativar suas hipóteses para possíveis
conteúdos, em detrimento de outros, e se preparar para ativar
estratégias favoráveis a uma leitura mais significativa;
MAS, O QUE É NECESSÁRIO PARA QUE
OS ALUNOS LEIAM VERDADEIRAMENTE
EM QUALQUER DISCIPLINA,
COMPREENDENDO O QUE LEEM?
Segundo Délia Lerner é necessário:
Trabalhar na escola a leitura com duplo propósito: o propósito
didático e o propósito comunicativo.
O primeiro propósito corresponde ensinar certos conteúdos
constitutivos da prática social da leitura, com a finalidade de
que o aluno possa utilizá-la no futuro, em situações nãodidáticas.
O segundo propósito é da perspectiva do aluno.
Como trabalhar os dois propósitos?
Através de projetos/atividades que aliam a aprendizagem a
uma função real para os alunos, como por exemplo:
•Ler para definir um problema prática;
•Ler para se informar de um tema interessante;
•Ler para produzir um texto;
•Ler para buscar informações específicas;
•Ler para escolher, entre os contos, poemas ou romances.
A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE LEITURA
“...Se as estratégias de leitura são procedimentos e os
procedimentos são conteúdos, então é preciso ensinar as
estratégias para a compreensão dos textos.
Estas não amadurecem, nem se desenvolvem, nem emergem,
nem aparecem. Ensinam-se – ou não se ensinam – e se
aprendem - ou não se aprendem.
Se consideramos que as estratégias de leitura são procedimentos
de ordem elevada que envolvem o cognitivo o metacognitivo,
no ensino podem ser tratadas como técnicas precisas, receitas
infalíveis ou habilidades específicas”
Isabel Solé
HABILIDADES A SEREM EXPLORADAS ANTES DA
LEITURA INTEGRAL DO TEXTO
• Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto;
• Expectativas em função do suporte;
• Expectativas em função dos textos da capa, quarta-capa,
orelha etc.
• Expectativas em função da formatação do gênero (divisão em
colunas, segmentação do texto...);
• Expectativas em função do autor ou instituição responsável
pela publicação;
• Antecipação do tema ou idéia principal a partir dos elementos
paratextuais, como título, subtítulos, epígrafes, prefácios,
sumários;
• Antecipação do tema ou idéia principal a partir do exame de
imagens ou de saliências gráficas;
• Explicitação das expectativas de leitura a partir da análise
dos índices anteriores;
• Definição dos objetivos da leitura.
HABILIDADES A SEREM EXPLORADAS DURANTE DA
LEITURA INTEGRAL DO TEXTO REALIZADA PELO
ESTUDANTE INDIVIDUALMENTE, EM PEQUENOS GRUPOS
OU EM SITUAÇÃO DE LEITURA COMPARTILHADA
• Confirmação ou retificação das antecipações ou expectativas de
sentido criadas antes ou durante a leitura;
• Localização ou construção do tema ou da idéia principal;
• Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferência
ou consulta a dicionário;
• Identificação de palavras-chave para a determinação dos
conceitos veiculados;
• Busca de informações complementares em textos de apoio
subordinados ao texto principal ou por meio de consulta a
enciclopédias, Internet e outras fontes;
• Identificação das pistas lingüísticas responsáveis pela
continuidade temática ou pela progressão temática;
• Utilização das pistas lingüísticas para compreender a
hierarquização das proposições, sintetizando o conteúdo do
texto;
• Construção do sentido global do texto;
• Identificação das pistas lingüísticas responsáveis porm
introduzir no texto a posição do autor;
• Identificação do leitor-virtual a partir das pistas
lingüísticas;
• Identificar referências a outros textos, buscando
informações adicionais se necessário.
HABILIDADES A SEREM EXPLORADAS DEPOIS DA
LEITURA INTEGRAL DO TEXTO.
• Construção da síntese semântica do texto;
• Troca de impressões a respeito dos textos lidos,
fornecendo indicações para sustentação de sua leitura
e acolhendo outras posições.
• Utilização, em função da finalidade da leitura, do
registro escrito para melhor compreensão;
• Avaliação crítica do texto.
Aprendendo melhor ...
Competência Leitora e Escritora
As características de cada um dos tipos de texto delimitam os
procedimentos de escrita que lhe são próprios: a função, os modelos
sociais que incluem o conteúdo, o formato, as características
gramaticais.
E, além disso, procedimentos específicos de leitura para cada
um. Essas características são conteúdos de aprendizagem escolar. O
professor deve conhecer essas características para poder ensiná-las a
seus alunos. Não como "lição", mas pelo contato cotidiano com
textos, sua leitura, sua escrita, a reflexão sobre suas características
etc.
APRENDENDO MELHOR ...
COMPETÊNCIA LEITORA E ESCRITORA
O ato de ler não é uma habilidade inata, portanto, precisa ser
ensinado. O indivíduo pode ser conduzido para realizar essa ação a
qual, quando ocorre, é, de sua inteira responsabilidade (Neves,
1999).
APRENDENDO MELHOR ...
COMPETÊNCIA LEITORA E ESCRITORA
O SENTIDO DA LEITURA NA ESCOLA
Na escola, a leitura é antes de mais nada um objeto de ensino.
Para que também se transforme em objeto de aprendizagem, é necessário
que tenha sentido do ponto de vista do aluno, o que significa – entre outra
coisas – que deve cumprir uma função para a realização de um propósito
que ele conhece e valoriza. Para que a leitura como objeto de ensino não
se afaste demasiado da prática social que se quer comunicar, é
imprescindível “representar” – ou “reapresentar”,na escola, os diversos
usos que ela tem na vida social.
Cada situação de leitura responderá a um duplo propósito. Um
propósito didático, que é ensinar certos conteúdos constitutivos da prática
social de leitura, com o objetivo de que o aluno possa reutilizá-los no
futuro, em situações não-didáticas. E um propósito comunicativo
relevante desde a perspectiva atual
do aluno.
Délia Lerner
APRENDENDO MELHOR ...
COMPETÊNCIA LEITORA E ESCRITORA
O professor: um ator no papel de leitor
É muito importante que o professor assuma o papel de leitor
dentro
da
sala
de
aula.
Com esta atitude ele estará propiciando a criança a oportunidade
de participar de atos de leitura. Assumir o papel de leitor consiste
em ler para os alunos sem a preocupação de interrogá-los sobre o
lido, mas de conseguir com que eles vivenciem o prazer da
leitura, a experiência de seguir a trama criada pelo autor
exatamente para este fim, e ao terminar, que o professor comente
as suas impressões a respeito do lido, abrindo espaço para o
debate sobre o texto - seus personagens, suas atitudes.
Assumir o papel de leitor é fator necessário, mas não suficiente,
cabe ao professor ainda mais, cabe-lhe propor estratégias de
leitura que aproximem cada vez mais os alunos dos textos.
APRENDENDO MELHOR ...
COMPETÊNCIA LEITORA E ESCRITORA
AVALIAÇÃO
Para evitar que a avaliação seja um obstáculo para a formação de
leitores competentes, é preciso que o professor avalie de forma
adequada, levando-se em conta os propósitos da aprendizagem.
APRENDENDO MELHOR ...
COMPETÊNCIA LEITORA E ESCRITOR
Doug Lemov :
“Será que quatro a cinco horas diárias de leitura nos 200
dias do ano letivo, supondo que se pudesse garantir uma
leitura razoável qualidade, seria capaz de levar uma escola a
atingir melhores resultados do que muitas atingem hoje?”
“Ler é a habilidade. Ensinar os alunos a compreender o
sentido dos textos que leem é o resultado mais poderoso que
um professor pode obter. Se os seus alunos puderem ler bem,
eles podem fazer qualquer coisa.”
“Se uma professora tiver certeza de que seus alunos podem ler
bem, ela pode realizar atividades de leitura a qualquer
momento e por qualquer período de tempo, garantindo em sua
aula essa atividade de alto valor agregado – mais importante
habilidade de um cidadão educado”
PARA LEMOV:
São habilidades importantes e essencias que
devem ser desenvolvidas em todos os alunos:




DECODIFICAR – processo de decifrar um texto escrito para
identificar as palavras faladas que ele representa;
FLUÊNCIA – é automatização, ou seja, a habilidade da
competência de ler rapidamente, incluindo a expressão, que é, por
sua vez, a habilidade de agrupar palavras em frases para refletir
significado e tom.
VOCABULÁRIO – a base de conhecimento de palavras de um
aluno: quantas palavras conhece e quão bem as conhece.
COMPREENSÃO – quanto o aluno entende daquilo que lê.
LEITURA E ESCRITA NO CONTEXTO DIGITAL
O acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação,
sobretudo à Internet, é hoje imprescindível para o
desenvolvimento da leitura e da escrita. Não se trata somente
de mudar de caneta tinteiro para esferográfica, como
aconteceu no passado, ou trocar o teclado da máquina de
escrever pelo do computador. Trata-se de ter acesso a uma
grande quantidade de informações e de oportunidades de
comunicação, sem as quais fica difícil formar o cidadão
contemporâneo. Como em outros espaços letrados, o
leitor/escritor do mundo digital necessita desenvolver
competências leitoras e escritoras específicas, significativas
nessa forma de comunicação.
“A leitura exploratória das imagens — fotografias,
ilustrações, mapas, gráficos, tabelas, fórmulas matemáticas,
esquemas, além das saliências gráficas como estilo, tamanho e
cor da fonte e emprego de recursos como itálico, negrito é
essencial para o leitor escolher o que ler em função de seus
objetivos.” (Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência
leitora e escritora no Ciclo II do Ensino Fundamental – SMESP).
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
GUEDES, Paulo Coimbra; SOUZA, Jane Mari de. “Leitura e escrita são tarefas da escola
e não só do professor de português”. In: Ler e escrever: compromisso de todas as
áreas. Porto Alegre, RS: Editora da UFRGS, 2011; 9. ed;
LEMOV, Doug. Por que todos os professores podem (e devem) ser professores de
leitura. In: ________. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de
audiência. Trad. Leda Beck. São Paulo: Da Boa Prosa/Fundação Lemann, 2011. p.
269-78;
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
ARTMED, 2002;
NEVES, Conceição Bitencourt e outros (orgs.). Ler e escrever: compromisso de todas as
áreas. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1999;
Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora
no Ciclo II do Ensino Fundamental – SMESP);
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: ArtMed, 1998;
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São
Paulo: Cortez, 2008;
Download

Competência Leitora e Escritora (1819648)