3 O debate sobre os desafios da gestão pública no Brasil ganha especial relevo neste limiar do século XXI, em razão, sobretudo, da moderna busca pela construção de um Estado eficiente e eficaz. Para ser democrático, esse Estado dispõe a sua carta de princípios, da mesma forma que impõe, norteador de suas ações, o resgate da cidadania, a qual exige, para sua efetividade, um serviço público de qualidade que garanta o direito à saúde, à educação e à segurança, ou seja, o Estado orientado para resultados. É trilhando esse caminho que o Conselho Nacional de Secretários de Estado de Administração (Consad) e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) realizaram o primeiro Congresso Consad de Gestão Pública. O Congresso alcançou seu objetivo, promoveu a reflexão crítica sobre o tema gestão pública, permitindo o intercâmbio de informações sobre a gestão governamental entre os entes federados e dos Poderes da República, além de se tornar um importante espaço para especialistas, pesquisadores e gestores públicos discutirem as inovações da gestão, na busca de resultados, da aplicação das novas tecnologias à gestão pública, para enriquecer ainda mais o fértil debate sobre a nova gestão pública, que já permeia a Administração Pública no Brasil. Os secretários de estado da Administração do país, por sua entidade associativa, o Consad, compartilham dessa busca por um Estado gerencial e convidam todas as pessoas envolvidas com a prática e com o estudo da gestão pública para esse importante fórum de debate, que visa a fortalecer o papel do Estado como agente de transformação para uma realidade social mais justa. Paulo César Medeiros Presidente do Consad Comissões Comissão organizadora: · Geraldo de Vitto Secretário de Administração do Mato Grosso · Paulo César Medeiros Presidente do Consad, Secretário de Administração do Rio Grande do Norte · Ricardo de Oliveira Vice-presidente do Consad, Secretário de Gestão e Recursos Humanos do Espírito Santo · Gustavo M. F. Nogueira Secretário de Administração da Paraíba · Maria Marta R.W. Lunardon Secretária de Administração do Paraná · Sergio Ruy Barbosa Martins Secretário de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro · Sidney Beraldo Secretário da Gestão Pública de São Paulo · Joaquim Castro Assessor da Secretaria do Planejamento e Gestão de Minas Gerais Coordenação: · Evelyn Levy (Coordenadora-geral) Especialista Sênior de Gestão Pública, Banco Mundial · Regina Pacheco Coordenadora Especial para Administração Pública e Governo da Eaesp/Fundação Getúlio Vargas Comitê Científico do Congresso: · Profa. Maria Arlete Duarte de Araujo Administração/UFRN · Profa. Regina Pacheco Eaesp/FGV · Prof. José Carlos Vaz Gestão de Políticas Públicas/EACH/USP · Ciro Campos Christo Fernandes Gestor Governamental/MP · Fátima Cartaxo Especialista Setorial - BID · Evelyn Levy Especialista Sênior em Gestão Públlica - Banco Mundial 4 Programação Segunda-feira 26/05/2008 Conferência de abertura - Mérito e Flexibilidade Conferencista: Francisco Longo Terça-feira 27/05/2008 1ª. Plenária - A Segunda Reforma Administrativa do Estado Capitalista Conferencista: Luiz Carlos Bresser Pereira III III IV V- A atuação das escolas de governo na inovação na gestão pública Convênios: em busca de um novo modelo para gestão das transferências voluntárias da União Novos desafios e estratégias para o governo eletrônico Inovações em gestão penitenciária Institucionalizando sistemas de monitoramento e avaliação de políticas sociais 2ª. Plenária - O Estado Comprador Conferencista: Stevan Kelman III III IV V- Novos modelos organizacionais dos municípios Melhoria de processos e atendimento ao cidadão Modelos organizacionais de gestão e prestação de serviços públicos por meios eletrônicos Experiências inovadoras em gestão da saúde A gestão das empresas estatais: contribuições para agências governamentais – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES III III IV V- Práticas inovadoras em gestão de compras públicas Desafios para a gestão financeira dos municípios Governo eletrônico, transparência e tributação O papel da gestão na melhoria da educação Sobre dirigentes públicos: o que há de novo no Brasil? Quarta-feira 28/05/2008 1ª. Plenária - Uma avaliação dos gastos públicos no Brasil Conferencista: Marcos Mendes III III IV V- Novos arranjos organizacionais em compras e contratações Gestão estratégica de programas e projetos Gestão de resultados: uma tendência em consolidação nos estados brasileiros Inovações na gestão da segurança pública Gestão do conhecimento no setor público III III IV V- Abordagens estratégicas para a gestão de compras Planejamento territorial participativo: experiências nos estados Experiências de inovação em gestão de recursos humanos Novas estratégias para melhoria da gestão local Gestão matricial de resultados - alinhando estruturas, projetos e resultados Painel de encerramento Reforma do Estado: tendências do mundo contemporâneo Painelistas: Fernando Abrucio, Mario Marcel e Nick Manning 5 Conferência de abertura Flexibilização e agilidade no processo de compras Conferencista: Francisco Longo A palestra ministrada por Francisco Longo (consultor do BID e diretor do Instituto de Direccion y Gestión Pública, Barcelona, Espanha) abordou as figuras do mérito e da flexibilidade na gestão pública. De início, o palestrante ressaltou a necessidade prioritária da profissionalização do serviço público visando a combater a “administração patrimonial” e o nepotismo. Dessa forma, mérito e flexibilidade seriam chaves do desenho institucional dos sistemas de recursos humanos das instituições públicas. As finalidades de um sistema meritocrático seriam segurança jurídica, imparcialidade, independência e proteção contra corrupção. Nas palavras do palestrante, “mérito não deve estar somente nos discursos acadêmicos, mas também na realidade”. Assim, o mérito faria parte de um sistema de garantias que transcende o serviço público e que deve ter por instrumentos o acesso competitivo e a estabilidade do emprego e fazer parte de uma construção de ética do serviço público. A esse sistema, que caracteriza uma noção formal de mérito, devem ser acrescidos conceitos como idoneidade do servidor, desenvolvimento como estímulo ao crescimento pessoal e desempenho caracterizando uma percepção substantiva do mérito na organização pública. A efetividade do mérito, dessa forma, exigiria adoção de procedimentos flexíveis, que consistem na facilitação do funcionamento das organizações públicas e do mercado. A flexibilidade exigiria a incorporação de um conjunto das maneiras de agir diferentemente do paradigma burocrático. Como exemplos de elementos próprios do serviço público dotados de flexibilidade, podem ser citados, na área de recursos humanos, a atração, a retenção e o reconhecimento de talentos, a avaliação de desempenho e a premiação, além do uso de cargos polivalentes. Em seguida, o palestrante enfatizou o cuidado ao lidar com os sistemas de mérito e flexibilidade, evitando as falácias “da seqüência” e “do jogo de soma zero”. Na primeira, há o mito de que mérito e flexibilidade seriam seqüenciais. No entanto, Francisco Longo defende a simultaneidade dos dois conceitos. Particularmente na América Latina, os dirigentes devem atentar à coexistência de arbitrariedades e rigidez em sistemas pouco profissionalizados, a falhas em algumas garantias de mérito e às exigências de flexibilidade numa visão pósburocrática. Na segunda falácia, haveria uma dinâmica em que a presença do mérito diminuiria a possibilidade da adoção da flexibilidade e vice-versa. Longo defende, porém, a possibilidade de equilíbrio entre os dois fatores. O palestrante apresentou, em seguida, as experiências recentes de reformas nas políticas de recursos humanos da Espanha e do Chile. Na Espanha houve a aprovação do estatuto básico do servidor público, no qual foi destacada a regulação das carreiras horizontais, em que não há ascensão hierárquica, além da consolidação da avaliação por competências e desempenho. Já no Chile, observou-se o consenso entre governo e oposição na aprovação de um pacote de reforma para a profissionalização da administração pública, com a criação de um sistema de alta direção pública. Em suas conclusões, Longo disse que é possível a consolidação de meritocracias flexíveis a partir do desenvolvimento de altos dirigentes, construção de capacidades técnicas e “doses massivas de mudança cultural”. 6 A segunda reforma administrativa do Estado capitalista Conferencista: Luiz Carlos Bresser Pereira Abrindo o segundo dia do Congresso Consad de Gestão Pública, Luiz Carlos Bresser Pereira tratou da Reforma Gerencial promovida em 1995 durante sua função de ministro da Administração e Reforma do Estado. Segundo Bresser, o mundo capitalista passou por duas reformas administrativas. A primeira aconteceu nos países desenvolvidos durante a segunda metade do século XIX; no Brasil, a partir de Vargas. Ele se referiu à transição de um Estado essencialmente patrimonial para um burocrático. A segunda, ainda em curso nos dias de hoje em grande parte dos países, teve como ponto de partida, no Brasil, a Reforma de 1995 e diz respeito à transição do Estado burocrático para o Estado gerencial, agregando maior eficiência ao setor público. Essa eficiência foi demandada, em particular, após a redemocratização do Brasil nos anos 80, em virtude da emergência do Estado Social: “A emergência do Estado social foi a principal causa da Reforma Gerencial. E a Reforma Gerencial causa e legitima o Estado Social”. De acordo com Bresser, foi uma reforma indispensável ao Estado brasileiro, que, juntamente com Chile, foi um dos primeiros países em desenvolvimento a realizar tal política, pois era necessário melhorar a gestão das despesas sociais e reavivar a carreira de gestor público, promovendo concursos públicos anuais. A reforma teve duas bases de apoio. A emenda constitucional, que “permitiu que a reforma fosse amplamente divulgada na imprensa”, de acordo com o exministro. E o Plano Diretor, que abrange aspectos de gestão – mudança da administração por auditoria e supervisão para outra por objetivos, que fornecia maior competitividade administrada e permitia um maior controle social, dando, também, maior autonomia ao gestor – e aspecto estrutural – com base na diferenciação entre propriedade estatal, pública não-estatal e privada, além de caracterizar as atividades exclusivas do Estado, as agências executivas e reguladoras, as entidades privadas e as organizações sociais. Na opinião do palestrante, a Reforma Gerencial ainda não acabou. Mudanças como essas demoram cerca de 30 a 40 anos para concretizar-se por completo. Ele afirma que, no entanto, hoje já podem ser vistas ações que corroboram o êxito do processo. “O atual governo, que antes fazia oposição às idéias da reforma, já passa a aceitá-las com maior naturalidade. Um outro exemplo é o Projeto de Lei das Fundações Estatais; pela primeira vez na história brasileira um governante foi reeleito em virtude de sua administração pública, como em Minas Gerais. Quase todos os estados adotaram a reforma de uma forma ou outra. “A reforma da gestão pública capturou os corações e mentes da alta direção federal e dos municípios, no intuito de valorizar o trabalho e os interesses públicos, a quem os gestores eram devotados”, disse Bresser. Quando questionado a respeito do uso da reforma como meio de conter a inflação e fazer ajustes fiscais, Bresser afirmou ser a favor de um Estado financeiramente sadio e que a reforma defende um Estado forte. Contudo, “que tipo de Estado forte vamos ter, se ele vive constantemente em déficit para estimular a demanda agregada e o gasto social? O Estado deve se tornar financeiramente capaz. A lógica não é aumentar o gasto, mas torná-lo eficiente”, conclui. 7 A atuação das escolas de governo na inovação na gestão pública Perspectivas para o desenvolvimento de dirigentes públicos: a experiência da Enap - Elaine Cristina Licio e Natália Massaco Koga O Concurso Inovação na Gestão Pública Federal - Elisabete Ferrarezi e Sônia Naves Amorim Gestão Pública na visão dos gestores - Cristina Penz e Gabriella Athias Múltiplas mídias na formação e desenvolvimento dos servidores públicos - do diagnóstico ao modelo de capacitação: a experiência da Escola de Governo do Paraná - Claudia Cristina Muller O direito à educação está na Constituição Federal e o governo se preocupa em garantir esse direito a todos os cidadãos. Mas não basta construir escolas, desenvolver programas e sistemas se não houver o investimento no profissional que representa a educação: os professores. O painel mostra que cada vez mais se investe em capacitação para os dirigentes públicos reforçando suas competências individuais e oferecendo ferramentas para sua gestão. Órgãos ligados à educação também promovem concursos, como forma de incentivo. A Escola Nacional de Administração Pública (Enap) oferece prêmios para os gestores e dirigentes que apresentam práticas inovadoras. O concurso foi criado em 1996 e tem sido exemplo de valorização e disseminação de soluções inovadoras. E essas experiências se tornam concretas com grande freqüência no Brasil. No Paraná, foi criada a educação a distância por meio da Escola de Governo. A experiência inovadora promoveu o aprendizado individual ou em grupo, otimizou os recursos federais e aumentou o avanço tecnológico. Convênios: em busca de um novo modelo para gestão das transferências voluntárias da União Implantação de políticas federais setoriais com a participação dos governos estaduais e organizações da sociedade civil. Como garantir eficiência e resultados? - Marianne Nassuno Análise histórica dos convênios e instrumentos congêneres - Carlos Henrique de Azevedo Moreira; Luis Antônio Tauffer Padilha e Vinício Rossetto Decreto nº 6.170: principais dispositivos e inovações - Carlos Henrique de Azevedo Moreira; Luis Antônio Tauffer Padilha e Vinício Rossetto Portal de Convênios: em busca de um novo modelo para as transferências voluntárias da União - Carlos Henrique de Azevedo Moreira e Vivian Grassi Sampaio Os recursos federais sempre chamam a atenção para si. Um assunto que interessa a todos os brasileiros, organizações e políticos. E, cada vez mais, o governo vem demonstrando boas e novas experiências para a aplicação correta e bem sucedida desses recursos. Nesse sentido, um tema que vem se destacando é a transferência voluntária dos recursos federais. Para garantir a qualidade nessas transferências há instrumentos normativos que estabelecem a qualidade em sua gestão. Além de convênios e contratos, existe o Decreto nº 6.170/07, que está em fase final de tramitação, e o Sicon - projeto de portal que possibilitará a interação dos atores envolvidos nas transferências voluntárias, facilitando o acesso da sociedade. Esse novo instrumento terá o objetivo de dar mais transparência e integração às etapas da transferência: negociação, execução e prestação de contas. Apesar de o tema ganhar destaque, o governo ainda se preocupa com os municípios que não têm capacidade técnica e administrativa para preencher as etapas previstas para a viabilização das transferências voluntárias e de convênios. 8 Novos desafios e estratégias para o governo eletrônico Fiscalização on line - Edilza J. Oliveira Fontes; Thiago Broni de Mesquita e Cássio Guilherme Franco de Andrade Ferramentas colaborativas e o escritório de Governo 2.0 - Álvaro Gregorio e Sérgio Bolliger Redes sociais, prevenção de crimes e espaço urbano: CiTIX - Marcos Antônio da Silva Costa e Silvio Meira Governança de Tecnologia da Informação: novas direções - Carlos Henrique de Azevedo Moreira; Fábio Perez Marzullo e José Roberto Blaschek Em pleno século XXI, é complicado imaginar como seria a vida da sociedade sem a internet e os recursos eletrônicos. E nesse cenário da dependência eletrônica, a Tecnologia da Informação (TI) vem ganhando sua importância. Vários estados apresentam inovações tecnológicas nesse ramo que contribuem para o lado social. Um exemplo são os programas nos quais o cidadão pode fazer uma denúncia de violência sem ser identificado e ajudar no trabalho da polícia. Uma experiência bem sucedida é o sistema CiTIX em Pernambuco, onde há um alto índice de criminalidade. O CiTIX é dotado de inteligência artificial que possibilita a participação de qualquer cidadão na coleta de dados para prevenir a violência. Já no Pará, há um sistema, funcionando em 143 municípios, que fiscaliza e monitora as obras do governo. A TI também está em vigor no governo federal e não pode mais ser vista como uma área secundária. É necessária a criação de quadros especializados e a redução da terceirização desse setor. Inovações em gestão penitenciária Sistema automatizado de pagamento do trabalhador preso - Quésia da Cunha Oliveira; Márcio Correia Guedes; Marcelo de Araujo Gouveia e José Osmar Martins Modelo de controle por resultados da parceria com o 3º Setor na promoção da saúde da população prisional do estado do Espírito Santo - Luciana Vanelli Gama e Maria Jovelina Debona Gestão de parcerias na profissionalização da população carcerária feminina do estado do Espírito Santo - “Projeto Maria Marias” - Quésia da Cunha Oliveira e Mônica Tamanine O Brasil ainda luta para mudar e reformar o sistema prisional. No país, os presos, muitas vezes, são esquecidos pela sociedade e pelo governo. Mas alguns estados já perceberam que investir na recuperação do presidiário é uma opção para reduzir a criminalidade. O estado do Espírito Santo tem programas que poderiam ser adaptados em todos os estados. São eles: pagamento do trabalhador preso, iniciado em 2006, Maria Marias, voltado para as mulheres, e o contrato de promoção à saúde dos presos. O primeiro programa permite que o preso saia com uma poupança de R$ 5 a 6 mil, tendo mais chances em seu retorno à sociedade, reduzindo a criminalidade pela reincidência. Já Maria Marias é uma assistência especializada para as mulheres, oferecendo cadeias adaptadas com espaço para amamentação, banheiros femininos e uma política de valorização para o trabalho autônomo. E, por fim, a prevenção de doenças dos presos que têm contato com outras pessoas durante as visitas. Uma forma de oferecer a prevenção básica e diminuir a contaminação dentro dos presídios brasileiros. 9 Institucionalizando sistemas de monitoramento e avaliação de políticas sociais O sistema de monitoramento e avaliação do Bolsa-Família - Juliana Wenceslau e Jason Hobbs O sistema de avaliação do MDS - Juliana Wenceslau e Jason Hobbs Avaliação da gestão das políticas públicas sociais: uma contribuição metodológica a partir da aplicação do sistema de indicadores sociais - Bernadete de Lourdes Figuerêdo de Almeida As políticas públicas ganharam força com o governo petista. O presidente Lula não mede esforços para criar programas que dão assistência à população brasileira. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) é o principal instrumento para que essas políticas sejam efetivas. O MDS teve sua estrutura reformulada para atender com qualificação aos municípios que necessitam das políticas públicas. O Programa Bolsa-Família é um bom exemplo dessa iniciativa e, por isso, já está sendo estudado pelo governo, que deseja melhorar o monitoramento dos programas sociais. A inovação para o Bolsa-Família vai além do monitoramento das informações e passa por um sistema de avaliação do gestor (município) responsável pelo programa. Com esse método de avaliação, o objetivo é comprovar se há mudanças nas condições de vida das pessoas que são beneficiadas pelos programas. E o método poderá ser investigativo, como um procedimento acadêmico, ou interventivo, como parte do processo de gestão. Novos modelos organizacionais dos municípios Novos arranjos organizacionais para prestação de serviços públicos: breve análise legal - Fátima Fernandes Araújo e Maria do Carmo MT Cruz Levantamento dos novos arranjos organizacionais nos municípios paulistas - Maria do Carmo MT Cruz e Fátima Fernandes Araújo Agência Reguladora do Serviço de Água e Esgotos (Arsae) - Carlos C. Leite e Isabete Gabriel da Silva O Brasil já se prepara para a discussão sobre os novos modelos organizacionais dos municípios. O primeiro estado que teve um estudo sobre essa possibilidade foi São Paulo. O estudo, realizado em 2006, foi baseado no Plano Diretor de Reforma do Estado, elaborado pelo governo federal em 1995. Essa discussão tem o objetivo de mostrar a flexibilidade dos municípios na gestão tanto de recursos humanos como em sua contratação, aderindo aos arranjos existentes: OS, Oscip, agência executiva, reguladora e de desenvolvimento e consórcio intermunicipal ou público. Mas o debate ainda precisa ser qualificado porque a maioria dos municípios enfrenta limitações para os novos arranjos. Em São Paulo, por exemplo, por meio do estudo, percebeu-se que só um município tem o formato de agência reguladora para os serviços de saneamento básico. E esse tipo de modelo, agência reguladora, é uma boa opção para os municípios, já que abarca grande variedade de modelos organizacionais. 10 O Estado comprador Conferencista: Stevan Kelman A palestra do professor de Harvard Stevan Kelman teve como objetivo central trazer a reflexão de ações possíveis para flexibilizar as compras públicas sem estimular a corrupção. O palestrante, além de professor universitário, trabalhou no governo federal norte-americano durante a gestão do presidente Bill Clinton, atuando diretamente com o vice-presidente Al Gore. Segundo o palestrante, um sistema de licitações contempla os objetivos que se deseja alcançar e os obstáculos que precisam ser superados (evitar a corrupção). Na busca de maximização dos objetivos e de respeito aos obstáculos, as organizações públicas precisam encontrar equilíbrio. Com base nessa reflexão, o governo federal dos Estados Unidos, em 1996, instituiu mudanças em seu sistema de licitações. A declaração do Federal Acquisition Regulation traz o objetivo geral do novo modelo: “A visão do Sistema de Compras do Governo Federal é disponibilizar em tempo hábil aos consumidores produtos e serviços de qualidade, enquanto mantém confiança do público e cumpre os objetivos das políticas públicas”, afirmou Kelman. A partir de um diagnóstico realizado, foram implementadas ações no sentido de permitir a comunicação entre os fornecedores e o governo, aproximar os servidores que manejam o sistema de licitação dos seus clientes, criar instrumentos de pré-seleção de fornecedores e utilizar cartões de crédito, flexibilizando as compras. Além disso, o governo enfatizou o processo completo de licitação. O professor Kelman explicou que o processo de licitação tem três fases: o desenvolvimento da compra, a licitação propriamente dita e o gerenciamento do contrato (pós-licitação). Geralmente, a ênfase é dada apenas à segunda fase e o governo norte- americano estipulou visualizar e acompanhar todo o processo, nas suas três fases. Para o Brasil, o palestrante sugeriu algumas idéias de ações, como por exemplo: - sempre que possível, realizar contratos pequenos, pois são mais passíveis de controle; - envolver número maior de servidores na equipe de compras e na tomada de decisões, pois dificulta a corrupção; - criar formas de transparência nos processos de compras; e - pensar em formas de como estabelecer padrão de procedimentos contra corrupção. O debate suscitou algumas questões relacionadas ao funcionamento do sistema de compras públicas nos Estados Unidos (como por exemplo o tempo de duração de uma compra pública), mas o enfoque maior foi sobre como o Brasil pode melhorar seu sistema de licitações. 11 Melhoria de processos e atendimento ao cidadão Agilidade, segurança e economia na tramitação de documentos oficiais - Angeliki N. Cestari; Maria Leila Casagrande e Gerson da Silva Leitão Kit Jucees - Registro fácil - Serviço de registro de empresas via Correios (Sedex personalizado) - Marcelo Zanúncio Gonçalves; Paulo Cesar Becacici Esteves; Valtemir Bahia Figueiredo; Antenor Costa Filho e Sandra Valéria Vieira Rocha Serviço de excelência ao cidadão móvel fluvial do estado do Pará - Eda Maria de Oliveira Fontes e Cláudio Alex Rocha Check-List de procedimentos administrativos para compras públicas - Maximiano Feitosa da Mata; Rafaela Morra Marques; Ubirajara Leão da Silva Júnior e Ipoliane Braga Dutra Boa notícia para os cidadãos brasileiros. Projetos inovadores nos municípios vão diminuir a burocracia existente e agilizar o envio de documentos e registros no país. O estado do Espírito Santo saiu na frente e vem se destacando. Já são três grandes programas que prometem revolucionar a vida do cidadão. No estado, foi criado programa de entrega de documentos oficiais, que agiliza o processo e reduz os custos do serviço de tramitação. A experiência já serviu de referência aos governos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Outra inovação foi o Kit Jucees, por meio do qual o cidadão recebe um kit com toda a documentação básica para abrir uma empresa. O que demorava cerca de 150 dias foi reduzido para 72 horas. E ainda o Check-List, uma cartilha eletrônica que instrui os servidores sobre o trâmite processual a ser seguido. No Pará, foi desenvolvido o serviço móvel fluvial de excelência para o cidadão. Aproveitando a rede hidrográfica, serviços públicos são oferecidos num navio, entre eles: emissão de certidão de nascimento, serviço de correios, carteira de trabalho, vacinação, serviços de saúde e inclusão digital. Modelos organizacionais de gestão e prestação de serviços públicos por meios eletrônicos Sistema de controle, acompanhamento e avaliação de resultados - ECAR/PTP/Sepof - Edilza Joana Oliveira Fontes; Cássio Guilherme Franco de Andrade e Thiago Broni de Mesquita Minas on line, Lig-Minas e UAIs: Modelos de entrega de serviços públicos aos cidadãos - Fernanda Girão E-democracia fortalecendo o relacionamento do cidadão com o Estado - Fernando Lobo e Bruno Reias Guia dos Serviços Públicos do Acre: o cidadão no controle da qualidade da atuação pública - Sidia Gomes; Daniel Pena e Vera Tokairim Experiências inovadoras nas gestões estaduais e municipais têm apresentado excelentes resultados. Canais de comunicação entre o cidadão e o gestor são formas de aproximar o governo da população e permitir que ela se sinta importante para a construção da política. Em Minas Gerais, alguns canais foram criados, entre eles está o Posto de Serviços Integrados Urbano (Psiu), que reúne em um mesmo espaço físico diversos serviços públicos. O objetivo é melhorar a qualidade e a rapidez na prestação dos serviços públicos. O governo do Acre já enfrenta uma outra realidade, onde as características climáticas e geográficas às vezes impedem o desenvolvimento de alguns programas eletrônicos. Mas nem por isso o governo deixa de apostar na relação cidadão-políticas públicas. A opção estratégica do estado foi o desenvolvimento sustentável, que se estende a todos os municípios. Independentemente do serviço oferecido, o monitoramento e a avaliação devem ser constantes para que ajudem na medição dos resultados e dos objetivos alcançados. 12 Experiências inovadoras em gestão da saúde Sistema Estadual de Transporte em Saúde (Sets) - Antônio Jorge de Souza Marques e Marta de Sousa Lima O Novo Enfoque da Fiscalização: avaliação de uma experiência de gestão da ANS - Cristiano Santos Oliveira; Graziela Scalercio; Luiz Antônio Nolasco de Freitas e Mirella Amorim Araujo E-procurement em hospitais públicos: perspectivas e desafios - Ana Flávia de Souza Timóteo e Anna Cláudia dos Santos Nobre Avaliação do processo de trabalho a partir do olhar do doador de sangue no hemonúcleo de Apucarana (PR) - Leonardo Di Colli; Liana Lopes Bassi e Claudete Ayame Omotto A Saúde no Brasil ainda é vista como uma área precária e que precisa de muito investimento. Mas o cenário vem mudando porque alguns estados saem na frente e estão buscando revolucionar os serviços oferecidos à população. Em Minas Gerais, por exemplo, foi desenvolvido um sistema de transporte para o paciente que dá agilidade nas transferências e, conseqüentemente, reduz os riscos de morte e de infecção. No Rio Grande do Norte, uma pesquisa realizada em 2002 mostra que o sistema de compras (E-procurement) desenvolvido para hospitais públicos melhorou a qualidade das compras e dos produtos utilizados pelos hospitais. Além de sistemas e iniciativas, a Agência Nacional de Saúde (ANS) intensificou a fiscalização nos planos de saúde e serviços oferecidos à população. A medida reduziu o número de reclamações e proporcionou mais segurança para quem depende dos serviços de saúde no país. A gestão das empresas estatais: contribuições para agências governamentais: Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES As empresas estatais estão cada vez mais preocupadas com a transparência dos serviços oferecidos aos cidadãos e com a melhoria das condições sociais. Partes dos lucros são destinadas às ações sócio-educativas, à preservação do meio ambiente e a projetos voluntários. Três das empresas mais conhecidas, e de grande importância para o país, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras, já apresentam projetos que comprovam essa responsabilidade com a população brasileira. A experiência do Banco do Brasil começou em 2001, com a descentralização das decisões em todos os níveis da empresa. O objetivo foi minimizar os riscos, compartilhar as visões e disseminar o conhecimento. Na Caixa Econômica Federal, o foco foi a aproximação com o cliente. Um projeto corporativo, implementado há 10 meses, reduziu a distância entre as decisões da empresa e o cliente, buscando um atendimento adequado a todos. A Petrobras reafirmou o compromisso integrado com seus funcionários, dirigentes e sociedade com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico. 13 Práticas inovadoras em gestão de compras públicas Sítio do Pregão - Centro de conhecimento - Roberto Meizi Agune e Horácio José Ferragino Sistema de Gerenciamento dos Contratos Terceirizados - Roberto Meizi Agune e Horácio José Ferragino Sanções Administrativas - Roberto Meizi Agune e Horácio José Ferragino Sistema de concessão de diárias e passagens - Januário Flores; Alexandre Puntar Roseira e Lúcia Machado Ferreira Caratti O serviço público tem uma ferramenta importante para otimizar o trabalho: os pregões eletrônicos. Por meio deles, são realizadas licitações e compras de produtos e serviços. No Brasil, o estado de São Paulo se destaca no ramo com ações inovadoras. São mais de 8 mil contratos em andamento, no valor de R$ 13 bilhões, e 683 tipos de serviços contratados, o que possibilitou o emprego de mais de 100 mil pessoas. Para o controle de todas essas informações, já está em estudo um site público - Cadterc -, que visa a apresentar os valores referenciais, o volume de compras e outros dados de relevância. Alguns governos estaduais já firmaram convênio com São Paulo e utilizam o site como teste. Além do cuidado com a solicitação de compras, o governo de São Paulo tem como experiência um outro controle: o das empresas que participam do pregão. Foi desenvolvido um site (www.sancoes.sp.gov.br) para divulgar as empresas selecionadas pelo pregão e as que são suspensas ou que não estão habilitadas para o processo. Desafios para a gestão financeira dos municípios O retorno social dos royalties do petróleo - Fernando Antônio Slaibe Postali e Marislei Nishijima A trajetória para o equilíbrio financeiro - análise dos elementos decisivos que interferiram na busca do equilíbrio em prefeituras municipais - Márcia Mazina Construção de um modelo de gestão para o equilíbrio financeiro - metodologia e estratégias para administrações municipais - Luiz Carlos Rossi Enfrentando o desequilíbrio financeiro - a prática do controle da gestão - Oswaldo Mochi Junior A grande dificuldade dos municípios brasileiros é saber administrar os recursos financeiros. Especialistas avaliam as situações em particular e apontam soluções para melhorar a gestão dos municípios. Uma delas diz respeito aos royalties, que são uma compensação financeira devida ao Estado pelas empresas concessionárias produtoras de petróleo e gás natural no território brasileiro. Os royalties aumentam significativamente os recursos de um município. É comum também entre os municípios existir o desequilíbrio financeiro, seja ele um déficit primário - despesas maiores que as receitas, ou déficit financeiro - passivo financeiro maior que ativo financeiro. Para garantir o ajuste financeiro é necessário aplicar o modelo de gestão entre teoria e prática e um processo colaborativo educacional - gestão do conhecimento, alinhado à vontade política do gestor e à sensibilização de todos os envolvidos. Um resultado bem sucedido foi registrado no município de Coxim (MS). 14 Governo eletrônico, transparência e tributação A nota fiscal eletrônica (NF-e) do município de São Paulo: o que podemos aprender com essa experiência? - Ricardo Matheus Estudo do impacto de práticas de governo eletrônico na redução de ineficiências causadas por disfunções burocráticas na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo - Hugo Coelho Como o governo eletrônico pode aumentar a transparência das compras governamentais? - Manuella Maia Ambiente on line de pagamentos de tributos de IPVA, licenciamento eletrônico, multas de trânsito e seguro obrigatório no estado de São Paulo - Ruggero Ruggieri; Mauricio Hiroki Chigashi e Teruo Miyamura A tributação dos impostos sempre foi um “bicho-papão” para os estados e municípios, mas projetos de alguns municípios estão mudando essa realidade e provando que o desconto dos impostos pode ser feito de uma forma transparente e equilibrada. A nota fiscal eletrônica (NF-e) no município de São Paulo, implantada em 2005, em resposta a sonegação e fraudes, trouxe bons resultados na mudança financeira e na tributação. Também ampliou o uso de tecnologias de informação, promovendo transparência, redução de custos operacionais e maior controle social. O uso do governo eletrônico já foi apontado como positivo para os estados e municípios. Pesquisas revelam o impacto dessa prática para a redução da ineficiência do Estado. Além disso, o governo eletrônico pode promover e aumentar a transparência das compras governamentais. Mas para o Brasil chegar a resultados positivos é preciso ampliar a tecnologia para as massas da população, porque pouco adianta a disponibilização da informação, se grande parte da população não tem acesso a ela. O papel da gestão na melhoria da educação Experiência com a metodologia de gestão estratégica na Administração Pública (educação) com base no balanced scorecard - Maurício Nascimento Filho A gestão autônoma nas escolas públicas e o papel do diretor: uma reflexão - Rosemeire Aparecida Garcia Betiati e José Santo Dal Bem Pires Educação de qualidade em Minas Gerais: a busca pela transformação - André Victor dos Santos Barrence; Flávia Nunes Reis e Vanda Catarina Duarte A Educação no Brasil não é feita de forma isolada, mas em equipe, que gerencia desde a construção de uma escola até os profissionais que são contratados para trabalhar nela. Pesquisas mostram que se há um investimento na gestão, há uma melhoria significante na Educação. Experiências implementadas em alguns municípios tornam esses resultados reais. Em Maringá, no Paraná, uma professora estudou e avaliou a “escola autônoma”, ou seja, a descentralização da organização, gestão e administração da escola. A gestão autônoma com diretores que propõem soluções permite a valorização pedagógica. A Paraíba também apostou nessa autonomia, criando o Plano de Organização Pedagógica da Escola (Pope). O plano é uma ferramenta que busca aproximar teoria e prática com base na gestão administrativo-pedagógica, criando diagnósticos, planejamentos que são executados e monitorados. Escolas que optaram pelo Pope fortaleceram sua autonomia escolar, construção coletiva e o foco no aprendizado do aluno. 15 Sobre dirigentes públicos: o que há de novo no Brasil? A certificação ocupacional como instrumento de profissionalização da Administração Pública: a experiência da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais - Maria Thais da Costa Oliveira Santos; Naide de Souza Albuquerque Roquette e Webert Meireles Pacheco Organizando o debate: dirigentes públicos no Brasil - Regina Silvia Pacheco Perfil acadêmico e associativo dos dirigentes públicos no primeiro Governo Lula - Maria Celina D'Araujo e Camila Romero Lameirão Os dirigentes públicos como categoria analítica e evidências da Prefeitura de São Paulo - Daniel de Bonis O termo gestão se tornou fundamental para a Administração Pública. Dirigentes e coordenadores deixam de lado o papel de chefe e ganham o de líder. Para se ter uma boa gestão, é preciso ser um líder. E os governos buscam os profissionais com esse perfil para mudar a realidade do serviço público. Um exemplo disso é o estado de Minas Gerais, que desenvolveu um programa que visa a mensurar capacidades de indivíduos aptos a ocupar cargos de livre nomeação e exoneração no Poder Executivo estadual. Após uma pré-seleção, há divulgação de edital listando aqueles que se encontram aptos às próximas etapas. O processo privilegia a transparência fazendo uso da divulgação dos desempenhos individuais e dos devidos resultados aos interessados. A certificação tem validade de quatro anos. Esse novo perfil foi destaque em uma pesquisa no estado de São Paulo. A amostragem foi feita com 302 pesquisados (de um total de 1.200 ocupantes de cargos de alta administração federal) e revelou que 3/4 desses possuem especialização e metade detém títulos de mestrado e doutorado. Novos arranjos organizacionais em compras e contratações A criação dos núcleos de administração sistêmica - inovando a gestão de serviços administrativos em Mato Grosso - Geraldo de Vitto e Maurílio Engel Central de compras - Leonam Quirino e Valéria Zenaide O processo de contratação centralizada utilizado pelo Governo do Estado de Sergipe: a experiência de gestão do abastecimento da frota de veículos - Jorge Alberto Teles Prado; Márcio Zylberman e Gustavo de Andrade Da previsão legal à aplicabilidade prática: a contratação via Sistema de Registro de Preço adotada pelo Governo do Estado de Sergipe - Jorge Alberto Teles Prado; Márcio Zylberman e Gustavo de Andrade Estados e municípios criam processos que centralizam as licitações e contratações. Essas inovações trouxeram experiências que fizeram os estados economizar, dar mais transparência e mais agilidade aos processos. Os estados de Mato Grosso, Paraíba e Sergipe obtiveram resultados positivos com a mudança na centralização. No Mato Grosso, foram criados os Núcleos de Administração Sistêmica com o objetivo de suportar as atividades-meio realizadas pelas secretarias, padronizando os processos de trabalho, melhorando a qualidade dos serviços, profissionalizando os servidores e reduzindo a descontinuidade da administração. Hoje, 12 núcleos, que atendem mais de 40 órgãos no estado, estão trabalhando de forma padronizada. Já na Paraíba, foi implantada a Central de Compras, que também padronizou os processos de compra do estado e já implementou novos trâmites com a Controladoria-Geral e com a Secretaria de Comunicação. Em Sergipe, além da padronização, o foco foi a centralização de parte importante das contratações e serviços do estado. A mudança ocorreu na compra de combustíveis para a frota de carros do estado. O resultado foi uma economia de 18%. 16 Uma avaliação dos gastos públicos no Brasil Conferencista: Marcos Mendes A palestra de Marcos Mendes, consultor legislativo do Senado, abordou o tema da eficiência do gasto público no Brasil. Em sua visão, gasta-se muito no país, tanto por causa da arrecadação elevada (em outras palavras, porque a disponibilidade de recursos pode estimular gastos, assim como a decisão de ampliar gastos pode ser facilmente financiada) como também em decorrência de decisão política, ou seja, de seu modelo político. O sistema federativo, lista aberta e representação proporcional, facilidade para criação e manutenção de partido, além de sistema presidencialista, são características do modelo político brasileiro que influenciam nos gastos. Segundo Mendes, o Brasil também gasta mal porque carrega problemas históricos, relacionados ao acesso à educação e à existência de desigualdades e porque em diversas áreas há incentivos à ineficiência. O caminho para a melhoria da eficiência do gasto público, para Mendes, não parece ser um corte geral na capacidade de financiamento do governo, uma vez que grupos com capacidade política se protegeriam e o investimento é que “pagaria o pato”, mas algo no sentido do desmonte de mecanismos de privilégio e de excesso de verbas localizadas. “A redenção não seria viável somente com reforma política, pois temos um sistema que dificulta reformas, porém não as impede”, afirma Mendes. Em sua avaliação, tem sido possível fazer reformas dentro do sistema político brasileiro, não havendo, portanto, impasse ou a tão falada crise de governabilidade, além de a Presidência dispor de instrumentos para negociar reformas tanto que um conjunto significativo de mudanças já foi feito, ainda que algumas estejam incompletas. A viabilidade de reformas, no sentido de melhorar a eficiência dos gastos públicos, pode ser potencializada por alguns fatores levantados pelo palestrante: além da necessidade de se ter uma agenda bem definida, é preciso começar a implantá-la no início de governo; optar pelo menor número possível de medidas e com maior impacto; priorizar medidas de aplicação imediata, que não dependam de regulamentação; minimizar perdas aos opositores das medidas; evitar necessidade de fiscalização; priorizar medidas que facilitem nova rodada de reformas, por exemplo. No debate, Mendes comentou que, nas últimas décadas, perdemos no Brasil a capacidade de planejar, mas de alguns anos para cá, com um maior espaço para se fazer investimento (que poderia ser potencializado se o gasto corrente fosse controlado), acredita ser possível retomar a capacidade de planejamento que se tinha na década de 70. Em sua opinião, o caminho para se combinar investimentos com a contenção do gasto público “seria o das concessões e das parcerias público-privadas, que reduziriam o ônus e a necessidade de organização para planejar e gerir infra-estruturas de grande porte”, finalizou Mendes. 17 Gestão estratégica de programas e projetos Sistema de tecnologia da informação para gestão de empreendimentos da Sabesp - Laércio de Oliveira Alves; João Luiz Bertagna e José Jairo Varoli Acompanhamento do processo de planejamento da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) do Município de São Paulo através de metodologias de gerenciamento de projetos, visando a ganho de efetividade na implantação do Suas - Paula Giuliano Galeano; Hélio Janny Teixeira; Rafael Xavier de Camargo; Camila Iwasaki e Mariana Ferreti Lippi Coordenação e controle das atividades de implantação do Projeto de Recuperação de Matas Ciliares da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo - Hélio Janny Teixeira; Sérgio Mattoso Salomão e Evelyn Mac Kay Dubugras Ribeiro O monitoramento de projetos como fator crítico de sucesso para o incremento das ações da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura e Obras de São Paulo Hélio Benedito Costa, Hélio Janny Teixeira, Maria Odeth Teixeira, Roy Martelanc e Rodolfo Victório Carvalho Guido Todos os projetos têm início, meio e fim. Isso é o básico de qualquer situação, mas em determinadas experiências, nesse processo, aparecem outras fases que precisam de uma atenção especial. E quando as empresas percebem isso, conseguem melhor em 100% sua gestão de projetos. Foi o que aconteceu com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), que mostrou a revolução da gestão de empreendimentos iniciada na companhia. A Administração Pública trabalhava com gestão de contratos e, hoje, dentro de uma nova visão, busca o empreendimento, entendido como todos os esforços necessários para a realização de uma instalação operacional. O Brasil tem avançado muito em termos de planejamento, mas ainda continua com má administração. Núcleos específicos devem estar ligados ao planejamento, no qual novos instrumentos vão promover a integração, dinamizar a rotina e buscar a adesão das pessoas, para que, compartilhando da visão de processo, olhem para o mesmo rumo. Inovações na gestão da segurança pública Projeto Mapa do Crime - Adriano Hantequeste; Leonardo Nunes e Pablo Lira Inovações na gestão da segurança pública - Modelo de gestão integrada do Sistema de Defesa Social de Minas Gerais - Geórgia Ribeiro Rocha; Jésus Trindade Barreto Júnior e Ricard Franco Gotijo PMESP: Planejamento Estratégico - do sistema integrado de gestão ao plano de policiamento inteligente (PPI) - Manoel Messias Mello e Roberval Ferreira França A Secretaria de Segurança Pública está inovando nos sistemas utilizados em seu dia-a-dia. O objetivo é mapear com precisão as áreas mais criminosas no Brasil. Esses sistemas elaboram relatórios de acompanhamento com o mapeamento das ocorrências. Os mapas possibilitam avaliar os tipos de crime, locais precisos de ocorrências, dias e horários mais freqüentes. O CIDSO (Centro Integrado de Defesa Social) é responsável pela padronização de dados estatísticos sobre criminalidade, que é fundamental para a correta decisão sobre as ações a serem tomadas. A tecnologia da informação e da comunicação está voltada para oferecer mais autonomia aos gestores policiais, que ajudam no mapeamento da criminalidade. O SIG (Sistema de Gestão Integrada) fornece dados e ferramentas operacionais. Integrado a esse sistema está o Infocrime, um sistema que fornece em tempo real informações sobre tipo, local e horário dos boletins de ocorrência para os gestores policiais, o que permite uma descentralização da informação e agilidade no processo. 18 Gestão de resultados: uma tendência em consolidação nos estados brasileiros Gestão empresarial por resultados - Genivaldo Cotta; Odylea O. Tassis; Maria Elisabeth Camatta; Maria da Gloria B. Aubin e Margareth C.C. Nicolau Contratualização de resultados com o terceiro setor (Oscip), desafios e potencialidades: a experiência de Minas Gerais - Frederico de Morais Andrade Coutinho; Renata Anício Bernardo e Felipe Antônio Rocha Silva O Estado para Resultado em Minas Gerais: inovações no modelo de gestão - Fernanda de Siqueira Neves e Frederico César da Silva Melo Compromisso Bahia: uma nova abordagem sobre a qualidade do gasto público - Juliana Cavalcanti e Marta Mascarenhas Empresas e o governo federal buscam resultados positivos para suas gestões. Novos projetos são criados para melhorar o serviço ou produto oferecido. Algumas empresas como a Cesan (Cia. Espírito Santense de Saneamento) estimulam os empregados, melhorando a qualidade dos serviços prestados, a cooperação e a interação no ambiente de trabalho. A Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas Gerais apostou nos termos de parceria com Oscips qualificadas pelo governo estadual. Das 133 entidades, 11 já firmaram esses termos, que são instrumentos de vinculação para a execução de atividades de interesse público. As potencialidades deste instrumento são o aumento da participação da sociedade civil e transparência, a agilidade e a flexibilidade e o controle intensivo de resultados. Já a Secretaria de Administração da Bahia tem trabalhado para caminhar da estabilidade ao desenvolvimento. Com isso, criaram o programa Compromisso Bahia, que tem como objetivos o combate ao desperdício, o monitoramento e a avaliação do gasto por parte do governo e a orientação da administração para a necessidade da reestruturação. Gestão do conhecimento no setor público Diretrizes orientadoras para a implantação da Gestão do Conhecimento na Administração Pública Federal - Paulo Sérgio Vilches Fresneda e Sônia Maria Goulart Gonçalves Programa de Estímulo à Inovação em Gestão Pública - A cauda longa e a gestão pública - Paulo Sérgio Vilches Fresneda; Roberto Meizi Agune e Francine Lia Wosniak Compartilhamento do conhecimento - estratégias, desafios e perspectivas: a experiência da Prefeitura Municipal de Curitiba - Francine Lia Wosniak Gestão participativa e Web 2.0 no Sistema Mineiro de Inovação (Simi) - Evaldo Ferreira Vilela; Heber Pereira Neves e Renato Aristides Orozco Pereira Um sério problema diagnosticado no governo é a falta de compartilhamento do conhecimento e das informações tanto na administração direta (Presidência e ministérios) quanto na administração indireta (autarquias e agências reguladoras). Para mudar essa realidade já existem sistemas em estudo. Um deles se baseia no compartilhamento de conhecimento referente a pessoas, processos e sistemas, além de visar ao desenvolvimento de uma cultura colaborativa. Para o sucesso do programa, são necessárias a sensibilização de dirigentes, divulgação e mensuração de resultados, além de incentivo do uso de novas tecnologias. Enquanto falta esse compartilhamento, pesquisas mostram que os servidores buscam cada vez mais o conhecimento especializado. Por meio de recursos presentes no Google, YouTube e Wikipedia, eles procuram histórias de governo e boas experiências. Agora, o governo luta para unir essas duas situações: o compartilhamento de informações com o conhecimento especializado, criando assim uma rede de servidores que vão incrementar a inteligência coletiva de uma administração. 19 Abordagens estratégicas para a gestão de compras Projeto GES - Gestão Estratégica de Suprimentos - Ana Cristina Braga Albuquerque e Helena Alaíde Mortimer Macedo O uso do poder de compra do governo estadual e municipal enquanto indutor do desenvolvimento econômico e social: o caso de Sergipe - José Leite Prado Filho Eficiência, qualidade e transparência no serviço público - Adriano Dirceu Strassburger Mudança institucional na forma de licitar: a lei do pregão e os custos de transação - Evandro Meira Baradel e Ivan Prado Silva O processo de licitação e compras muitas vezes exclui as micros e pequenas empresas. Mas especialistas mostram a importância que essas empresas têm para o processo. Em Sergipe, uma lei foi criada para fortalecer as micros e pequenas empresas e incluí-las nas licitações. A lei visou a dar benefícios extras às empresas de menor porte. Considerando que a média nacional de contratação de micros e pequenas empresas pelos três níveis do estado é de 17%, já se deu um importante passo no incentivo ao desenvolvimento local. Essas mudanças, como a ocorrida em Sergipe, ainda demoram a ocorrer porque, no Brasil, as licitações não recebem a importância que deveriam e são poucos os órgãos que fazem a análise jurídica necessária. Em Minas Gerais, foi desenvolvida uma parceria para melhorar os processos de licitação e reduzir a burocracia. O projeto Gestão Estratégica de Suprimentos, o GES, utiliza-se da metodologia strategic sourcing, que vai desde a definição dos requerimentos internos dos órgãos até a elaboração de editais e contratos, além da assessoria prestada pela empresa nas etapas finais de contratação. Planejamento territorial participativo: experiências nos estados O planejamento territorial e a experiência de participação popular no Pará - Edilza J. Oliveira Fontes; Thiago Broni de Mesquita e Cássio Guilherme Franco de Andrade SEPAq - Inovação na gestão pública da pesca e aqüicultura paraense - Antonia do Socorro Pena da Gama Planejamento territorializado e participativo de Sergipe - Maria Lúcia Falcón Uma parceria que tem dado certo é a interação entre governos e cidadãos. O Plano Plurianual 2008-2011 do estado do Pará foi construído com participação popular. A decisão de 72% das verbas de investimento foi dada nas plenárias, isso significa mais investimento para a população e mais acerto para o estado, que terá menos problemas sociais. Em Sergipe, foi instituído o planejamento participativo. Foram destacadas as três principais desigualdades: concentração social de renda, concentração espacial de infra-estrutura social e produtiva no litoral e concentração do PIB em setores industriais como petróleo e energia elétrica. A decisão sobre a adoção do planejamento participativo foi política, com os objetivos de avançar na qualidade de vida e desenvolvimento com sustentabilidade. O Pará, junto com Santa Catarina, criou uma secretaria específica para incentivo e valorização da pesca que surgiu de uma demanda da população no sentido de promover o desenvolvimento sustentável da pesca e da aqüicultura e potencializar vantagens competitivas. 20 Experiências de inovação em gestão de recursos humanos Gestão da qualidade de vida no trabalho em organização pública estadual: o exemplo de experiência vitoriosa no RN - Mário Varela Amorim; Jássio Pereira de Medeiros; José Arimatés de Oliveira e Washington José de Souza Mapeamento de competências profissionais e percepção do sistema de desenvolvimento de competências no Tribunal de Contas da União - Flávio Sposto Pompêo e Leonardo Pereira Garcia O lado humano do choque de gestão: uma análise do processo de avaliação de desempenho individual - Alketa Peci; Carolina Siqueira Lemos; Cecília Milagros Rosas Meneses; Daniela de Melo Faria e Marcelo Lima Véras Sistemas de carreiras e subsídio: ferramentas do Governo do Estado de Mato Grosso para melhoria do gerenciamento de pessoas e controle do gasto com pessoal - Ozenira Félix Soares de Souza Profissionais motivados e realizados com o trabalho que exercem rendem muito mais e o retorno para empresa é bem maior. Diante dessa realidade, empresas passaram a investir nos recursos humanos. Um caso vitorioso e que serve de exemplo está na Emater - autarquia pública estadual do Rio Grande do Norte, com foco na agricultura e nos agricultores familiares. O modelo de gestão foi desenvolvido nas pessoas, nas instalações e tecnologias existentes e foi premiado pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida, sediada em SP. Questionários estruturados foram aplicados aos funcionários, tendo como princípios o respeito e a valorização profissional, seguindo quatro âncoras: saúde, ambiente seguro e saudável, integração social e responsabilidade social. Mesmo com bons resultados, grande parte dos estados brasileiros ainda não tem investido nos recursos humanos. Uma pesquisa realizada no Tribunal de Contas apontou que o modelo de gestão de RH no Brasil necessita de uma mudança de foco: as unidades de gestão de pessoas devem passar do estrito controle de folha de pagamento para a avaliação do indivíduo por meio de mapeamento do perfil profissional por competências. Novas estratégias para a melhoria da gestão local Rede de Compromisso Social - Sandra Pinheiro Mendonça Estímulo à inovação na gestão pública do Espírito Santo produzindo motivação e comprometimento - Manoel Carlos Rocha Lima Capacidade de gestão como competência estratégica, construção e avaliação da capacidade de gestão municipal - Maria Teresa Augusti Compromisso social não pode ser confundido com assistencialismo e clientelismo. Empresas e o próprio governo investem no social com objetivos de melhorar a situação da população brasileira. Em São Paulo, uma rede de compromisso social foi desenvolvida em 2000 e está ligada à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), a partir da necessidade de estabelecer relações menos conflituosas com as associações que representam os usuários dos programas de habitação e de seus compromissos. A Secretaria de Gestão e Recursos Humanos do Estado do Espírito Santo se baseia em três fundamentos quando o tema é compromisso social. O primeiro é a gestão pública, que deve constituir instrumento de desenvolvimento e inclusão social. O segundo é a melhoria da qualidade de serviços prestados à sociedade e o terceiro é o estímulo, por parte do governo estadual, da cooperação entre as municipalidades. Com base no terceiro fundamento, foi constituído o Conselho de Secretários de Administração dos municípios, cujos objetivos são articular e coordenar os esforços entre os governos estadual e municipais para promover a melhoria da gestão. 21 Gestão matricial de resultados - alinhando estruturas, projetos e resultados Implantação do Modelo de Gestão para Resultados no Governo do Distrito Federal - Ricardo Penna e Ceres Prates O Mais Saúde - alinhando o Ministério da Saúde para resultados em saúde - Márcia Bassit Os Acordos de Resultados de 2º etapa- alinhando a SEPLAG com a segunda geração do Choque de Gestão em Minas Gerais - Renata Vilhena e Caio Marini Gestão matricial é uma administração voltada para resultados, em que seria privilegiado o alinhamento de gestão de projetos, contratualização de resultados e foco em processos e estruturas. Empresas modernas e o próprio governo estão aderindo a esse modelo de gestão para melhorar e aperfeiçoar os resultados. No Distrito Federal, o governo desenvolveu um programa que entre alguns motivos previa a adoção de um plano para gestão de resultados. Foram considerados: a existência de um cenário de superposição de tarefas e retrabalho e a inexistência de prioridades estratégicas. Com isso, o núcleo responsável pela elaboração de diretrizes da gestão matricial, apesar de ser formalmente subordinada a um setor ou secretaria, teria acesso direto ao governador, às demais áreas administrativas e à mídia. O Ministério da Saúde também aderiu à gestão matricial. O programa “Mais Saúde” visa à inovação na gerência da saúde, para que ela não seja encarada como gasto, mas como fator de desenvolvimento do Brasil. Painel de encerramento Reforma do Estado: tendências do mundo contemporâneo Conferencistas: Nick Manning, Pedro Farias e Fernando Abrucio Nick Manning, gerente do Setor Público para a América Latina do Banco Mundial iniciou o painel de encerramento do I Congresso Consad de Gestão Pública, Reforma do Estado: Tendências do Mundo Contemporâneo. A palestra procurou esclarecer três questões, no âmbito das reformas que vêm ocorrendo desde a segunda metade do século passado em grande parte do mundo: a primeira delas refere-se a quais políticas estão sendo realizadas nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico); a segunda é relativa às ações na América Latina. Por último, foram apresentados quais são os limites aos países latino-americanos quando tentam importar modelos de reforma de países ricos. As principais mudanças já realizadas foram em gestão do gasto público e responsabilização financeira, gestão de recursos humanos, estrutura do setor público, prestação alternativa de serviços e reformas do lado da demanda. 22 Em seguida, Pedro Farias, da gerência de Capacidade Institucional e Finanças do BID, falou da evolução das agendas de reforma em âmbito internacional, com enfoque na América Latina e no Brasil. Foram ressaltadas as crises fiscais e os processos de redemocratização como fatores em comum que auxiliaram a adoção de reformas nessa região. Particularmente no Brasil, observa-se na atualidade um conflito entre modelos de administração burocrático e pós-burocrático, co-existência essa que influência intimamente a agenda da reforma. Além disso, surgem como desafio para programas de reestruturações administrativas as seguintes demandas: aperfeiçoamento do modelo de gestão, gastos com qualidade, gestão do capital humano e melhoria na prestação dos serviços públicos. Como balanço dos diversos movimentos de reforma apresentados pelo painelista, verificou-se que as experiências internacionais são relevantes, mas não são reproduzíveis; a gradualidade é mais segura que programas que visam a grandes mudanças no curto prazo; e a sociedade civil deve desempenhar papel de destaque na fiscalização e na conseqüente melhoria da gestão. Pedro Farias concluiu lembrando que “Gestão por Resultados” é também alinhamento de recursos, informações e aprendizado. “Leis e decretos não fazem reforma. Liderança, compromisso, mudança cultural e conhecimento da realidade local, sim”, finalizou Farias. Encerrando as discussões do evento, Fernando Abru- cio, professor da Eaesp/FGV apresentou o questionamento sobre as lições aprendidas com as reformas da Administração Pública no mundo. Destacou que há uma tendência irreversível rumo a processos de democratização dos estados, o que significa uma tendência maior à exigência dos cidadãos em relação ao desempenho dos governos. Nesse sentido, torna-se fundamental a discussão da gestão pública e da melhoria de seus processos e resultados. As tecnologias de informação e de gestão estão cada vez mais presentes e oferecem conjuntos de ferramentas aos gestores públicos. O contexto do papel do Estado está mudando e, por conseqüência, seu espaço e forma de atuação também. Sua presença é cada vez mais importante e sua influência, maior, mais complexa e múltipla. Nesse novo cenário, o desenho de construção de legitimidade e construção de política mudou. Há pressões para mudanças de atuação decorrentes da interdependência nacional. É importante ter em mente que o sucesso das políticas públicas pode influenciar a agenda dos políticos: “isso significa, às vezes, apresentar resultados para mudar o rumo da agenda”, salienta Abrucio. O desafio a ser enfrentado é o fato de que a mudança da gestão pública não é central na agenda da sociedade. Assim, “o papel do Consad e de congressos como este (I Congresso Consad de Gestão Pública) é dar pistas para uma agenda integradora”, encerra. 23 Pacto para melhoria da Gestão Pública Por ocasião do I Congresso Consad de Gestão Pública, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Administração (Consad) reunidos em Brasília, nos dias 26, 27 e 28 de maio de 2008, firmaram o compromisso de Investir na melhoria da gestão pública. O documento, intitulado Carta de Brasília, traz as principais preocupações e diretrizes que devem orientar as estratégias e as ações em prol da construção de um pacto para melhorar a gestão pública. O documento, assinado no último dia de Congresso (28/05/2008), propõe a inclusão do tema nas agendas dos governos em todos os níveis, a fim de gerar respostas positivas para o cidadão. O texto contém também propostas para modernizar o setor. Durante a assinatura, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que a Carta de Brasília deverá ser um marco histórico em termos de acúmulo de esforços para melhorar as práticas de gestão no Brasil. “Nós sabemos que no dia-a-dia ainda estamos longe de atender satisfatoriamente o cidadão”, disse o ministro. “Exatamente por isso, queremos que esse compromisso que estamos firmando seja de fato um pacto em defesa da gestão pública”, acrescentou. O presidente do Consad, Paulo César Medeiros, destacou que a parceria firmada em torno de uma agenda de melhorias para o serviço público representa um desfecho feliz para todos os que trabalham com gestão pública no Brasil. “A gente agora não precisa só conversar sobre generalidades, temos um mapa com objetivos concretos que nos apontam aonde queremos chegar”, acrescentou Paulo César, referindo-se ao desafio de atender bem a população. “Nosso foco é alcançar quem está na ponta e normalmente é o que menos pode”, disse ele. As prioridades da Carta se voltam para a capacitação da força de trabalho, definição de critérios para a ocupação de cargos com melhor alocação e uso de talentos, criação de novas carreiras, simplificação dos processos de trabalho, melhor articulação entre orçamento e planejamento, eliminando a rigidez do modelo orçamentário atual, 24 mais facilidade na coordenação das ações intra e entre governos para eliminar duplicidades e sobreposições, e uso mais intenso dos sistemas informatizados. O documento destaca como fator importante a revisão do marco legal da Administração Pública, visando a maior flexibilidade gerencial, onde entram a Lei de Licitações, as regulamentações do direito de greve, da relação de parceria do Estado com a sociedade civil e do repasse de recursos da União, entre outras iniciativas. O combate à corrupção, com reforços na prevenção e nos mecanismos de transparência e controle social, também consta no rol das ações de parceria entre o Ministério do Planejamento e o Consad. Assinatura da Carta de Brasília Carta de Brasília O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e o Conselho Nacional de Secretários de Estado de Administração (Consad), considerando: a. Que o Estado Brasileiro precisa cumprir sua função precípua de desenvolver políticas públicas direcionadas para a garantia da igualdade de oportunidades, dos direitos básicos de cidadania e do desenvolvimento sustentado, produzindo resultados eficientes e efetivos para a sociedade. b. Que para dar conta das demandas da sociedade no contexto atual é necessário repensar a forma de organização e funcionamento do Estado. c. Que diante das restrições de recursos públicos, de um lado, e do aumento das demandas sociais, de outro, fica clara a necessidade de se trabalhar de forma coordenada no âmbito dos governos, em bases integradas e cooperativas, para obter maior sinergia entre as ações, com maior eficiência e efetividade das políticas públicas. d. Que o arcabouço legal e institucional da Administração Pública é, de maneira geral, muito pesado e calcado em valores e práticas que, em muitos casos, estão ultrapassados. e. Que a necessidade de se alcançar melhores resultados para a sociedade com maior qualidade do gasto público, ou seja, com a otimização da aplicação dos recursos disponíveis é consenso entre governo e sociedade. f. Que é necessário que os governos atuem preventivamente, antecipando-se a problemas. g. Que é urgente a inclusão do tema melhoria da gestão pública na agenda política dos governos. h. Que é fundamental orientar a atuação do Estado para resultados e com foco no cidadão. Decidem, 1. Que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Consad vão estabelecer uma parceria com o objetivo de propor e desenvolver ações voltadas a melhorar a gestão pública observando a agenda estratégica a seguir apresentada. 25 2. Submeter à sociedade a proposta de construção de um pacto para melhorar a gestão pública e articular uma frente parlamentar nesse sentido. A modernização da gestão implica repensar a organização e o funcionamento da Administração Pública. Nesse contexto, alguns tópicos merecem destaque na condição de elementos estruturais para o bom desempenho: Gestão de pessoas – profissionalizar e capacitar continuamente a força de trabalho. Neste sentido, ganham especial importância: a criação e o gerenciamento de carreiras específicas alinhadas às necessidades da administração e pensadas em uma perspectiva estratégica; a definição de critérios para a ocupação dos cargos e funções comissionados; a introdução da lógica de gestão por competências para melhor alocação e uso dos talentos; e a implementação de sistemáticas de incentivo e responsabilização. Modelos de gestão – simplificar os processos de trabalho, diminuindo o excesso de regras e controles; orientar a atuação do Estado para resultados e rever os mecanismos e instrumentos destinados a avaliar o desempenho institucional e a incentivar a boa gestão. Instrumentos do ciclo de gestão – propiciar melhor articulação entre planejamento e orçamento e rever o modelo de gestão orçamentária de forma a orientá-lo para resultados, tornando-o menos rígido. Mecanismos de coordenação e integração – desenvolver e implementar mecanismos que propiciem e facilitem a coordenação das ações intra e entre governos, de forma a diminuir as duplicidades e sobreposições e possibilitar a articulação de esforços e o uso coordenado de recursos com vistas ao alcance dos resultados desejados. Tecnologia - intensificar o uso de tecnologia, em especial estabelecer sistemas de informação, ferramentas de gestão e de apoio ao gerenciamento e à gestão do conhecimento, bem como estimular o mapeamento, disseminação e incorporação de boas práticas de gestão. Marco legal – rever o marco legal de forma a propiciar as condições estruturais necessárias e adequadas para a implementação de mudanças de paradigmas, com maior flexibilidade gerencial, em direção à excelência em gestão pública. Neste contexto, merecem destaque: alteração da Lei de Licitações; revisão das formas jurídico-institucionais vigentes; regulamentação do direito de greve no serviço público; regulamentação da relação de parceria do Estado com a sociedade civil; regulamentação da contratualização de desempenho institucional; diretrizes de gestão participativa para as estruturas colegiadas da Administração Pública Federal; e modernização da regulamentação que trata das transferências de recursos da União mediante convênios e contratos de repasse. Prevenção e combate à corrupção – reforçar os instrumentos de prevenção e combate à corrupção. Merecem destaque: a necessidade de reforçar e institucionalizar mecanismos de transparência e controle social; adoção de gestão da ética como uma medida relevante; e instituição de sistemas de alerta para subsidiar as decisões de alocação de recursos e para acompanhamento e atuação prévios. Estudos e pesquisas - realizar estudos e pesquisas para subsidiar as políticas e diretrizes para a modernização do Estado e para melhorar a gestão pública. Embora os principais entraves e problemas da Administração Pública sejam conhecidos, existe enorme carência de estudos e pesquisas sistematizados sobre o assunto que possibilitem entender a dinâmica dos problemas e a qualificá-los e quantificá-los para subsidiar a elaboração de propostas de solução adequadas. É fundamental investir na melhoria da gestão pública e dar visibilidade ao tema, de forma a incluí-lo nas agendas dos governos, mostrando a sua importância para que o Estado tenha condições efetivas de propiciar as respostas que a sociedade demanda. O desafio de modernizar a gestão é de todos os três níveis de governo, de todos os poderes e também da sociedade, em particular dos seus setores organizados. 26 I Congresso Consad de Gestão Pública A realização do I Congresso Consad de Gestão Pública, de 26 a 28 de maio de 2008, no Centro de Convenções em Brasília, trouxe contribuição incomensurável para o avanço da gestão pública no país. Em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o Consad, conseguiu reunir em Brasília mais de 1.500 pessoas, que participaram de palestras, conferências e 26 painéis. Na avaliação do presidente do Consad, Paulo César Medeiros, o Congresso foi um sucesso. “Tanto de público, porque reuniu mais de 1.500 pessoas de todos os estados do Brasil, como também porque trouxe para a discussão assuntos relevantes para o cenário nacional e internacional da gestão pública”, afirmou. Paulo César observou ainda que “o lado multifacetário do Consad possibilitou a abordagem de temas variados, originários dos mais distintos lugares, montando com isso um painel da gestão pública no Brasil”. Para Evelyn Levy, coordenadora-geral do Congresso, o resultado do evento superou totalmente as expectativas. Ela explica que o Congresso foi o produto de uma ação muito bem articulada dos secretários, que se empenharam para que houvesse presença e incentivo para a apresentação dos trabalhos. “Eles também se empenharam na divulgação e na obtenção de apoio financeiro e material, e isso explica todo o sucesso”. A coordenadora-geral disse ainda que o Consad conquistou o importante apoio do Ministério do Planejamento. Sobre a produção do evento, disse que “tivemos um time de muito boa qualidade que se encarregou da parte científica, da secretaria-geral, da área de comunicação e da organização”. Evelyn Levy finalizou dizendo que o Congresso demonstrou que a Administração Pública brasileira está, de fato, em busca do que há de mais avançado na gestão pública. E que a continuidade do Congresso “permitirá, a cada ano, a superação do patamar alcançado no ano anterior, colaborando definitivamente para o amadurecimento da gestão pública no Brasil”. Mesa de encerramento do I Congresso Consad de Gestão Públ ica