As Comunidades
Eclesiais de Base na
Igreja do Brasil
Aprovado na
7ª Reunião Ordinária do
Conselho Permanente
Brasília, DF, 23 a 26 de
novembro de 1982
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As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil
INTRODUÇÃO
3. Fenômeno estritamente eclesial, as CEBs em nosso
país nasceram no seio da Igreja/instituição e tornaram-se
“um novo modo de ser Igreja”. Pode-se afirmar que é ao
redor delas que se desenvolve, e se desenvolverá cada vez
mais, no futuro, a ação pastoral e evangelizadora da Igreja.
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40. Células vivas da Igreja, as CEBs (...) têm colaborado
poderosamente na renovação das paróquias e dos vários
processos pastorais, no sentido de uma crescente comunhão e
participação. (...) Na prática de sua vida elas têm encontrado
surpreendentes caminhos de uma evangelização, catequese e
liturgia encarnadas, muito ligadas à palavra de Deus. Em sua
“fome e sede de justiça”, têm encontrado caminhos de uma
prática ecumênica concreta. Desenvolvem, ainda, um fenômeno
de intercomunicação participativa e da formação do senso
crítico diante da massificação dos meios de comunicação. (...)
São uma alternativa de educação para os que buscam uma
sociedade nova, onde o individualismo, a competição e o lucro
cedem lugar à justiça e à fraternidade.
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48. Não seria certo, porém, concluir-se daí que as CEBs só
são possíveis entre as classes pobres. Pior ainda seria pensar-se
em duas igrejas irredutíveis entre si: uma dos pobres, nas CEBs,
e outra das classes médias ou ricas, na paróquia e outras
organizações.
49. Seria desfigurar a própria natureza das CEBs, isolá-las
dentro da Igreja ou dar-lhes como conteúdo primordial e
constitutivo uma conotação sociológica.
57. Também aqui as CEBs refletem a consciência da Igreja
em termos de missão evangelizadora. “A ação pela justiça e a
participação na transformação do mundo aparecem-nos
claramente como uma dimensão construtiva da pregação do
Evangelho”.
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63. O novo que as CEBs trouxeram foi o fato de
oferecerem, dentro da Igreja, um espaço para o próprio
povo simples participar da evangelização da sociedade
através da luta pela justiça. Nesse sentido, as CEBs têm se
manifestado como lugar privilegiado de educação para a
justiça e como instrumento de libertação.
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72. Para ser membro de uma CEB, não basta,
portanto, a prática da justiça. É preciso mais, é preciso
explicitar essa prática na pessoa e na obra de Cristo.
Igualmente, não basta a uma CEB promover os valores do
Reino. Para ser fiel à sua identidade, essa promoção tem de
guardar uma relação constante e explícita à pessoa e
missão de Jesus Cristo, Filho de Deus, e seu mistério
pascal, através do qual se deu a instauração do Reino de
Deus na humanidade.
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76. Sem destruir os laços fraternos criados e sem
prejudicar os passos dados, é necessário manter clara a distinção
entre CEBs e movimentos populares. Os movimentos populares
são movimentos sociais entre as classes mais pobres e seus
objetivos são a libertação e promoção sócio-política do povo.
Eles não são movimentos de Igreja, não dependem dela em sua
organização e atuação, tendo plena autonomia com relação à
Igreja.
As CEBs precisam tomar consciência disto para não
ocupar um espaço que não é seu e imprimir um ritmo de vida
eclesial a um movimento secular. Da mesma forma, as CEBs
perderiam sua identidade se, para se acomodar aos movimentos
populares, alterassem seu modo de vida e seus valores
explícitos de fé.
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79. Isso não quer dizer, porém, que as CEBs sejam um
novo movimento de leigos. A CEB não é um movimento, é nova
forma de ser Igreja É a primeira célula do grande organismo
eclesial ou, como diz Medellín, “a célula inicial de estruturação
eclesial”. Como Igreja, a CEB guarda as características
fundamentais que Cristo quis dar à comunidade eclesial. A CEB
é uma maneira nova de realizar a mesma comunidade eclesial
que é o Corpo de Cristo. Por isso mesmo, o ministério pastoral
ou hierárquico faz parte da CEB.
O Bispo ou o padre não são de fora, não são meros
assessores ou acompanhantes. Sua presença, mesmo não
contínua, tem um sentido especial e único, já que, como em
qualquer comunidade eclesial, eles tornam presente o Cristocabeça.
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80. Para as CEBs, portanto, não basta que, como
qualquer movimento cristão, estejam unidas a seus Bispos
e padres. As CEBs são células do corpo eclesial e por isso,
guardam laços de natureza mais íntima no relacionamento
com os pastores que, em nome do Senhor, estão à frente
das Igrejas. Isso não suprime a justa autonomia das CEBs
no desenvolvimento de sua vida e missão própria, mas
acarreta
especiais
exigências
de
comunhão
e
corresponsabilidade eclesial.
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Doc 25 CNBB - CEBs