A Química Somando Forças: Ensino e Pesquisa com Empreendedorismo e Inovação
Moléculas: Investigações sobre as Concepções de Alunos Surdos
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F.J. Macieira , J.C. Tristão
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Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal, Rodovia LMG, 818 - Km 6, 35690-000, Florestal, MG, Brasil
*e-mail: [email protected]
Palavras chave: ensino para surdos, concepção de moléculas, inclusão de alunos surdos.
INTRODUÇÃO
A educação dos surdos tem se mostrado
sempre como um assunto polêmico que requer cada
vez mais a atenção de pesquisadores e estudiosos da
educação. Vygotsky defendia que a criança limitada por
uma deficiência não é uma criança menos
desenvolvida, mas uma criança que se desenvolve de
maneira diferente. No ensino de Química para surdos a
dificuldade é somada a falta de sinais para os conceitos
químicos, o que justifica a importância de pesquisas
que busquem a criação de sinais para terminologias
químicas e de metodologias para o ensino de alunos
1
surdos. Souza e Silveira (2010) buscaram sinais que
representassem a terminologia científica em Libras
como ácido, próton, elétron, substância, íon e tabela
periódica. Mas apesar de todos os esforços novas
propostas pedagógicas no ensino de Química ainda se
fazem necessárias.
O objetivo deste trabalho foi investigar as
concepções de moléculas por alunos surdos do Ensino
Básico assim como identificar as principais dificuldades
enfrentadas por esses alunos e intérpretes de Libras no
ensino de Química. Os professores também foram
questionados quanto a sua preparação em lidar com
alunos deficientes.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os dados foram coletados no primeiro
semestre de 2014 através da aplicação de
questionários contendo questões abertas e fechadas
para alunos surdos (9), intérpretes (6) e professores
(11) do Ensino Básico das escolas públicas das cidades
de Florestal e Pará de Minas.
Além de questões gerais tais como idade, sexo
e grau de surdez, os alunos surdos foram também
questionados a propor: (i) a definição de moléculas; (ii)
a representação e a (iii) identificação por meio de
representações em figuras do que entendem por
moléculas.
A principal dificuldade relatada que encontram
no ensino de Química foi a falta de sinais específicos
para os termos da química, além dos diferentes termos
técnicos utilizados. Ao serem solicitados a marcarem
opções na forma de modelo de bolas e fórmulas
químicas que representassem “moléculas”, pode-se
observar uma preferência por representações em
modelo de bolas o que estaria mais próximo do
entendimento visual que apresentam. Também
marcaram opções atribuídas a modelos atômicos e
composto
iônico,
mostrando
confusão
na
representação. Grande parte deixaram de assinalar
opções contendo moléculas diatômicas como N2, o que
mostra uma falta de entendimento do índice numérico.
Os intérpretes também apontaram que a maior
dificuldade em realizar a interpretação para os alunos
surdos em aulas de química se deve aos sinais
escassos para o conteúdo, tornando assim necessário
fazer uso de imagens que complementam sua
explicação e a criação de um sinal comum somente
entre aluno e intérprete para determinado conceito. O
sinal de moléculas foi apresentado pelos intérpretes
como convencional pela comunidade surda, no entanto,
parte dos intérpretes não fazem o uso desse sinal para
representar o conceito, uma vez que a compreensão
dos alunos não é satisfatória.
Os professores foram questionados sobre a
preparação em lidar com alunos deficientes em sala de
aula. Eles apontaram que não tiveram uma preparação
durante sua formação e que não consideram suas
atividades aplicadas em sala de aula adequadas para
alunos que apresentam qualquer tipo de deficiência.
CONCLUSÕES
O ensino de Química para alunos surdos é um
grande obstáculo a ser enfrentado, uma vez que a falta
de sinais em Libras para termos químicos dificulta a
aprendizagem desses alunos. É importante que
professores e intérpretes tenham um trabalho conjunto
no processo de aprendizagem dos alunos surdos, para
que haja sinais que representem apropriadamente
conceitos químicos que levem ao desenvolvimento do
conhecimento científico.
AGRADECIMENTOS
Aos alunos surdos, intérpretes e professores das
escolas das cidades de Florestal e Pará de Minas. A
FAPEMIG pelo auxílio financeiro.
REFERÊNCIAS
1
SOUZA, S.F. de; SILVEIRA, H.E. Terminologias Químicas em
LIBRAS: A utilização de sinais na aprendizagem de alunos
surdos. Química nova na escola. São Paulo, 2010, vol. 33, nº 1. 3746 p.
2
SALDANHA, J. C. A Química sinalizada em língua de sinais. IX
Congresso Internacional de Educação de Surdos. XV Seminário
Nacional de Educação de Surdos. Instituto Nacional de Educação de
Surdos – O lugar do conhecimento: identidade, sujeito e
subjetividade, 22, 23 e 24 de setembro de 2010.
XXVIII Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química – MG, 10 a 12 de Novembro de 2014, Poços de Caldas - MG
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