QUÍMICA E SURDEZ: NOVAS PROPOSTAS NO PROCESSO DE ENSINO Kelry Cristina Muniz Barbosa e-mail: [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas Manaus – Amazonas Dalmir Pacheco e-mail: [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas Manaus – Amazonas Resumo: A presente pesquisa foi desenvolvida, em uma escola pública, pertencente ao Distrito Escolar Sul – 01, no município de Manaus/Am, e teve como objetivo, analisar o processo de ensino, através da identificação dos fatores que motivam os alunos surdos no aprimoramento do conhecimento em química, enfatizando o papel das relações sociais e escolares neste procedimento. O estudo toma como referência os alunos surdos, das três turmas do 9o ano do ensino fundamental. Durante a pesquisa foi aplicado um questionário para obter informações a respeito do interesse pela disciplina. Ao analisar os resultados obtidos, pode-se perceber que os alunos sentem a necessidade em aprender os conteúdos de Química, porém o problema observado é a falta de sinais correspondentes em LIBRAS. Desta forma, a pesquisa provocou a busca de possíveis soluções para a inclusão de alunos surdos em aulas práticas, a partir experiências inovadoras desenvolvidas no ambiente de aprendizagem. Palavras-chave: Práticas experimentais, Surdos, Química. 1 INTRODUÇÃO A trajetória brasileira vem sendo marcada, nas últimas décadas, por posições que se contrapõem umas as outras. No momento vemos a questão da educação, que ao longo dos tempos, é alvo de debates e discussões. Dos muitos temas, um deles passa necessariamente pelo âmbito do ensino e da aprendizagem, ou seja, uma das exigências para se alcançar um elevado nível de qualidade na educação, é aprimorar o conhecimento sobre esse processo e torna-lo capaz de responder as exigências deste novo tempo. Segundo Santos (2005) o processo de ensino e aprendizagem tem sido estudado segundo diferentes enfoques, onde as correntes teóricas procuram compreender o fenômeno educativo por meio dos diferentes aspectos, muito deles relacionados com o momento histórico de sua criação e do desenvolvimento da sociedade na qual estavam inseridas. E o caso de Piaget e Vygotsky, que independentemente de ambos terem se preocupado em elaborar teorias de ensino com diferentes pontos de vista, se sobressaem nessa discussão, visto que trazem boas reflexões que influenciaram as práticas escolares. Piaget (1998) considerou muitos fatores que interferem nessa construção, tais como as estruturas operatórias, as experiências, o meio, dentre outras, que são importantes para aquele que está aprendendo e, consequentemente, para aquele que está ensinando, e a partir da teoria da epistemologia genética, colaborou com um novo referencial para explicar a construção do conhecimento pela criança. Vygotsky (1991) relaciona a educação com a produção material dos homens, como um processo histórico e cultural. Por meio da mediação, o professor tem possibilidade de assegurar aos alunos, os conhecimentos historicamente acumulados e a compreensão da realidade. Partindo do pressuposto de que o ensino de Química deve ser focado na integração dos níveis macroscópico (dos fenômenos), microscópico (ou teórico) e representacional (dos modelos usados), a pesquisa se direciona para a problemática da inclusão de alunos surdos, durante as aulas desta disciplina. Segundo Skliar (2005) a aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos o entendimento das mudanças químicas que acontecem no mundo físico. Desta feita, destacamos a concepção sócio-antropológica, onde os surdos são vistos como tendo um acesso diferente ao mundo, o que implica em debates sobre algumas diferenças em relação aos ouvintes. De acordo com Skliar (2005), pelo fato de não ouvirem, os surdos constituem seu conhecimento de mundo através do canal visualgestual, adquirem a língua de sinais sem dificuldade, e esta, vai possibilitar o desenvolvimento tanto dos aspectos cognitivos, como sócio-emocionais e lingüísticos. A aula prática é uma maneira eficiente de ensinar e aprimorar a compreensão dos conteúdos de Química, facilitando a aprendizagem. Os experimentos facilitam a compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, auxiliam no desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não científicas. Além disso, contribuem para despertar o interesse pela ciência. Assim, o objetivo deste artigo é analisar o processo de ensino, através da identificação dos fatores que motivam os alunos surdos em aprimorar o seu conhecimento, caracterizando o papel das relações sociais e escolares nesta motivação e no processo educacional. Neste enfoque busca-se a incentivar os alunos a participarem das aulas práticas, tornando-as mais dinâmicas, proporcionando o desenvolvimento dos conteúdos, segundo os seus anseios e de uma forma mais significativa. Contexto Educacional Dos Surdos Até o final do século XVI, conforme Dias (2006) os surdos eram considerados como pessoas inúteis para o estudo, em conseqüência disto, sem valor para à coletividade. Devido a este fato enfrentavam o preconceito, a piedade, o descrédito, e até mesmo a denominação de loucos. De modo geral, quando analisamos as formas de tratamento oferecidas às pessoas surdas, percebemos que estas se desenvolvem em função da concepção do homem, difundida nos diferentes períodos do percurso da humanidade. Segundo Koslowski (2000) no século XVII deu-se inicio a primeira educação dos surdos com Pedro Ponce de León (1520 -1584), que embora tenha deixado poucos registros de seus métodos, devido naquela época ser tradição guardar segredo sobre os métodos educativos, chegou a inventar o alfabeto manual, transformando-o em instrumento de acesso à escrita e a leitura, para enfatizar a fala. Essa história continuou até um marco mais significativo, quando Charles Michel de L'Epeé, em 1775 Abbé de L'Epeé, cria em Paris, a primeira escola para surdos com uma filosofia manualista e oralista. A mesma empregou a língua de sinais, na qual houve uma aliança dos sinais com a gramática francesa, com o intuito de ensinar a ler, escrever e transmitir a cultura, de maneira que houvesse acesso à educação. O método de L’Epée apresentou sucesso e alcançou ótimos resultados na história da surdez. Em 1776, o mesmo publicou um livro para relatar as suas técnicas (Lacerda, 1998). Sua escola, em 1791, tornou-se o Instituto Nacional para Surdos-Mudos em Paris (SILVA, 2003). Segundo Perlin e Strobel (2006) em 1880 foi o clímax da história sobre a educação dos surdos, um período de lutas opostas na educação: a língua de sinais e o oralismo. Constatamos que os surdos, durante os diversos períodos da história, foram colocados às margens do mundo econômico, social, cultural, educacional e político, sendo considerados como deficientes, incapazes e desapropriados de seus direitos e da possibilidade de escolhas. Como comenta o autor “a situação a que estão submetidos os surdos, suas comunidades e suas organizações, no Brasil e no mundo, têm muita história de opressão para contar. (SÁ 2003, p. 89) Nunca houve nenhum evento na história dos surdos que se comparasse com esse. O impacto do Congresso de Milão provocou uma desordem grave na educação, que arrasou por mais de cem anos, nos quais os sujeitos surdos ficaram dominados ás práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura, a sua identidade surda e se sujeitaram a uma ‘etnocêntrica ouvintista’, tendo de copia-los. (PERLIN e STROBEL, 2006). Depois do Congresso de Milão o oralismo puro invadiu a Europa. Lane (et al 1989), esclarece isto pela confluência do nacionalismo, etilismo, comercialismo e orgulho familiar vigentes naquele momento, e ainda existia o anseio do educador em ter total controle das salas e não se sujeitar a dividir o seu papel com um professor surdo. Na década de 70 chega ao Brasil a Filosofia da Comunicação Total e a década de 80, através das pesquisas realizadas pela professora de Linguística Lucinda Ferreira Brito, sobre LIBRAS. Assim, o Bilingüismo começou a ser utilizado no Brasil. (GOLDFELD, 2002). A partir da Declaração de Salamanca na década de 1990, surge no Brasil à proposta do Bilingüismo, que contesta o modelo Oralista, a Comunicação Total e o Português sinalizado ou Bimodalismo, que se traduz na utilização de recursos da língua de sinais na mesma estrutura do português, defendendo a tese de que duas línguas não podem ser faladas ao mesmo tempo sem que sua estrutura gramatical seja modificada. (PIMENTA, 2008). Segundo Saldanha (2011) a proposta educacional bilíngue caracteriza-se como um avanço no processo educacional da pessoa surda, pois é o reconhecimento do surdo enquanto cidadão integrante de uma sociedade surda com o direito assegurado da aquisição da língua de sinais como primeira língua. Contexto escolar dos surdos Sendo a escola, o espaço primeiro e fundamental da manifestação da diversidade, decorre a necessidade de repensar e defender a escolarização como princípio inclusivo, reconhecendo a possibilidade e o direito de todos que não são por ela alcançados. Desta forma, o movimento de inclusão traz como premissa básica, propiciar a Educação para todos, uma vez que, o direito do aluno com necessidades educacionais especiais e de todos os cidadãos à educação é um direito constitucional. No entanto, sabemos que a realidade desse processo inclusivo ainda é bem diferente do que se propõe na legislação e requer ainda muitas discussões relativas ao tema. O que podemos perceber é que numa comparação entre a legislação e a realidade educacional, a inclusão dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais no ensino regular não se consolidou da forma desejada, a proposta de educação atual vigente ainda não oferece nem garante condições satisfatórias para ser considerada efetivamente inclusiva. Ainda, se faz necessária uma maior competência profissional, projetos educacionais mais elaborados, uma maior gama de possibilidades de recursos educacionais. (MENEZES, 2009). Segundo o texto da Constituição de 1988, é garantido aos surdos o atendimento especializado, preferencialmente na rede regular de ensino; e estabelecidos currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades. (BRASIL, 1988). É importante salientar que, a educação do surdo deve ser baseada na visão e não na audição. A lei dá abertura para as adaptações curriculares, podendo assim todo o sistema educacional adaptar sua metodologia para atender a todos, sem distinção. Segundo Bortoleto, Rodrigues e Palamin (2002, 2003), a inclusão do surdo na escola deve garantir sua permanência no sistema educacional regular, com igual oportunidades para todos, quando o assunto é ensino de qualidade. Mas o que é igualdade de oportunidades, com intérpretes em sala de aula, em vez de professor com LIBRAS? Como se dá comunicação entre professores e alunos surdos? Qual a qualidade do ensino? No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – é uma língua que foi oficialmente reconhecida pela Lei 10.436/2002. Ela possui os mesmos parâmetros da American Sign Languages (ASL), que são configurações de mão, locação, movimento e orientação da mão. Entretanto, a ampliação do vocabulário em LIBRAS se consegue por criação de sinais compostos e por empréstimo de itens lexicais de outras LSs (Línguas de Sinais). Em decorrência desse último processo, muitos sinais são iguais em várias LSs. A língua de sinais, não é apenas um conjunto de gestos que interpretam as línguas orais; a LIBRAS, segundo a FENEIS ( Federação Nacional de Educação e A legislação educacional, por meio da Lei no 10.098 de 2000, prevê que o Poder Publico deve tomar providências no sentido de eliminar as barreiras de comunicação, para garantir aos surdos o acesso a informação, a educação, incluindo a formação de interpretes de língua de sinais. (BRASIL,2000) Integração dos Surdos) é a língua materna dos surdos brasileiros, e como tal poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com a comunidade surda METODOLOGIA De acordo com Vygotsky (1997), as funções psicológicas aperfeiçoam-se nas interações da criança com os diferentes contextos culturais e históricos, levando em conta a origem social do desenvolvimento das formas de ação de características humanas e contestando a ideia do funcionamento mental como uma estrutura homogênea de funções isoladas, ou seja, o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior e se desenvolve num processo histórico. Com relação ao ensino de química, o aluno ouvinte terá vantagens na compreensão dos conceitos químicos por meio de informações que recebem por meio da audição, ou seja, o aluno surdo fica em desvantagem com os demais pelo fato de não dominarem a língua portuguesa, dessa forma, o processo de aprendizagem comparandose aos ouvintes é mais lenta. É nesse contexto que o professor como mediador de informações e representante legitimo da cultura científica, poderá ajudá-lo de maneira objetiva para a compreensão dos conceitos obtidos na química. Local / Participantes A pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública, pertencente ao Distrito Escolar Sul – 01, no município de Manaus/Amazonas (Figura1). Esta escola foi criada pelo decreto n.º 6331 de 13 de Maio de 1982, especificamente para atender a clientela com necessidades especiais, na área de surdez, em cumprimento aos princípios estabelecidos na Constituição Federal e demais instrumentos legais. Hoje a escola possui um total de 161 alunos matriculados nos turno Matutino e Vespertino. A estrutura pedagógica e administrativa está composta de 01 diretora, 02 apoios pedagógicos, 38 professores com curso na área de atuação, 01 secretaria, 03 administrativos, 02 merendeiras, 05 vigiais e 03 auxiliares de serviços gerais. O estudo enfoca os alunos surdos, das três turmas do 9o ano do ensino fundamental, no total de vinte e cinco alunos, sendo dez alunos do sexo masculino e quinze do sexo feminino, todos regulamente matriculados, e as duas professoras de Ciências da escola. Figura 1. E.E. Augusto Carneiro de Souza As intervenções pedagógicas foram descritas em um diário de campo, produzido nas observações durante as aulas, posteriormente transcritas e analisadas, bem como todas as atividades realizadas pelos alunos nas aulas de Ciência /Química. No primeiro momento foi aplicado um questionário com os alunos. Neste tipo de estudo descritivo, buscamos observar, registrar, analisar e interpretar quais os fatores que influenciam em motivação para obter conhecimentos na disciplina de Química, como uma ciência presente no seu cotidiano e na sua vida futura. A LIBRAS considerada a primeira língua (L1) dos surdos, como mencionado em MEC (2004, p.21) deverá ser sempre contemplada como língua por excelência no ensino em qualquer disciplina especialmente na língua portuguesa. Com isso, é válido ressaltar que no momento da aplicação do questionário, houve muitas dificuldades em se tratando do Português e Libras, uma vez que, as perguntas se encontravam na língua portuguesa e a professora que nesse momento se tornou interprete, traduzia para que os alunos entendessem, principalmente na turma do 9o 3, na qual é uma turma especial, onde além da surdez, apresentavam outros tipos de pessoas com deficiência. No segundo momento da pesquisa, foi ministrada uma aula, que serviu como um pré-teste, para uma proposta de ensino ao referido público (alunos surdos), com objetivo de testar se há possibilidade de obter resultados significantes e, dessa forma, dar continuidade a pesquisa, visto que, a mesma tem um objetivo mais extenso. O tema da aula foi sobre Funções Químicas (Ácidos e Bases), com intuito de estudar as funções, classificação e importância dos ácidos e das bases. Em se tratando de alunos surdos, a estratégia foi à utilização de slides em PowerPoint, com textos curtos e objetivos, porém ilustrado com figuras em respeito à cultura desses alunos. Pois, segundo Pereira (et al 2011) utiliza a imagem como uma forma de materialização sensorial do concreto, e ainda, a utilização de vídeos e experimentos. RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise e interpretação tiveram como parâmetro os questionários respondidos pelas três turmas do 9o ano. Após analisar as respostas, foi feita uma releitura, comparando os dados coletados com o referencial teórico. Questionários/alunos Gráfico 1: Identidade dos alunos surdo. Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 2: Primeira língua que aprender. Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 3: comunicação com o professor. Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 5: Interesse dos alunos pela Química. Gráfico 4: Dificuldade em acompanhar as aulas de química. Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 6: Importância em estudar química. Fonte: Própria autora, 2014 Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 8: Laboratório de química. Fonte: Própria autora, 2014 Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 7: Sinais oficializados ou provisórios. Gráfico 9: Equipamentos usados no laboratório. Gráfico 10: Sinais de equipamentos e vidrarias. Fonte: Própria autora, 2014 Fonte: Própria autora, 2014 Gráfico 11: Química e língua de sinais. Gráfico 12: Batizar os sinais para simbolizar equipamentos e vidrarias. Fonte: Própria autora, 2014 Fonte: Própria autora, 2014 A pergunta do gráfico 1-“Qual a sua identidade? Teve como objetivo saber se nasceram surdos, se adquiriram a surdez com o tempo ou através de doenças, e ainda saber, se aceitava a surdez. Destes, 4% que usa aparelho, se trata de uma aluna ouvinte, que adquiriu a perda de audição e usa aparelho, e aceita a comunidade surda como sua identidade. A pergunta do gráfico 2- “É usuário da língua de sinais?” Objetivou saber se dominavam a língua de sinais, já que estudam numa escola que especificamente trabalham com alunos surdos, tendo como resultado 100% de usuários da Libras. A pergunta do gráfico 3- “Qual a primeira língua que você aprendeu?” Teve como propósito perceber a diferença entre aprender primeiro a Libras e por segundo a língua portuguesa ou vice-versa. Uma vez que, no Brasil, a metodologia de ensino para Surdos mais utilizados e aceitos, nos dias atuais é a bilíngüe, que adota a LIBRAS como primeira língua e o português escrito como segunda língua. Segundo Quadros (2005), além de promover melhor aprendizagem por parte dos discentes, o bilingüismo reconhece as diferenças e a língua passa a ser um instrumento de relações sociais. A questão do gráfico 4- “Tem dificuldade de se comunicar com o professor (a) de Química? Qual?”. Dos 25 alunos participantes 28% (7 alunos) têm dificuldade de se comunicar com a professora de química, devido a falta de compreensão da disciplina, e ainda, a professora por não dominar a língua de sinais, visto que não é formada na área. 32% (8 alunos) não tem dificuldade, pois são alunos que têm facilidade de aprender qualquer tipo de assunto, 28% (7 alunos) a dificuldade é parcial, pois depende do grau de dificuldade do assunto e 12% (3 alunos) não compreenderam a pergunta e deixaram essa questão em branco. A pergunta do gráfico 5-“Tem dificuldade em acompanhar as aulas de Química?”. A química é uma disciplina que compreende, analisa e questiona os fenômenos que ocorrem a nossa volta. Estuda as interações de átomos e moléculas que, apesar de fazerem parte de nosso dia a dia, não consideramos tais interações, porém estamos aptos para de observar as transformações ocorrerem. (SALDANHA, 2011). Um dos maiores desafios do ensino de Química, nas escolas de nível fundamental e médio, é construir uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos alunos. Habitualmente, a falta desta conexão há distanciamento entre alunos e professores (VALADARES, 2001). Desta forma a pergunta tem como propósito saber que tipos de dificuldades os alunos têm quando a professora ministra as aulas de Química, e observou-se que apesar da professora não ser formada na área, a mesma tem conhecimento da Libras, e isso faz com que diminua as dificuldades, pois dominando a língua de sinais fica mais fácil para os alunos compreenderem os conceitos na química. O gráfico 6-“ Você se interessa pela disciplina Química?”. Nessa pergunta houve meios termos, pois uns se interessam, outros não e outros, mais ou menos, visto que, todos consideram a química como uma disciplina muito pesada, principalmente por não haver as simbologias necessárias na Libras, que facilitaria o ensino para esses alunos. Essa dificuldade é complementada pela falta de compreensão e interpretação da Língua Portuguesa e, das dificuldades com relação à coerência e coesão textuais, pois dessa forma, os discentes surdos não compreendem facilmente o contexto do conteúdo presente nos materiais didáticos, baseados na escrita, utilizados no ensino de Química. O gráfico 7-“ Na sua opinião é importante estudar Química?”. Como mostra gráfico, a maioria dos alunos disse ser muito importante estudar Química, pois é possível observar as transformações que ocorrem na matéria, sabendo identificar suas características de um fenômeno (transformação), para só então caracterizá-lo como físico ou químico. No gráfico 8-“ Os sinais usados na Química são oficializados ou provisórios?” Apesar dos textos escritos utilizados, a simbologia química foi um fator complicador na aprendizagem dos alunos, uma vez que a linguagem de sinais não abrange os termos específicos da química, como as fórmulas, os nomes dos elementos químicos e palavras utilizadas por essa ciência, como densidade, átomo, volume, massa, dentre outras (SOUZA e SILVEIRA, 2011). Esta pergunta tinha como objetivo esclarecer qual era a realidade, em se tratando dos sinais utilizados nas aulas de Química. Dessa forma, verificou-se que a maioria dos sinais utilizados no ensino da Química, são sinais provisórios, ou seja, ainda não foram denominados nacionalmente pela comunidade surda, de modo que estão em constantes mudanças, dificultando o aprendizado desse público alvo. Os próximos gráficos “Você já teve oportunidade de conhecer um laboratório de Química? Tem conhecimento dos equipamentos utilizados no laboratório? Tem conhecimento de algum sinal para equipamentos de Química? Em sua opinião a Química pode ser trabalhada com a língua de sinais? E na sua opinião, existe a possibilidade de batizar nacionalmente os sinais para simbolizar os equipamentos utilizados no laboratório de Química?”. Foram questões feitas como um pré-teste de uma pesquisa que será realizada futuramente, com turmas do ensino médio que terá como proposta: criação dos sinais com termos técnicos utilizados durante as aulas de Química em laboratório. As respostas dessas perguntas obtiveram pontos positivos. Dessa forma a aula ministrada no segundo momento foi bastante proveitosa, os alunos mostraram-se motivados, pois foi totalmente ilustrativa e com as práticas experimentais realizadas em sala de aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando os resultados obtidos no questionário, pode-se perceber que os alunos, até sentem vontade em aprender os conteúdos de Química, embora seja uma disciplina considerada difícil pela maioria dos discentes. O maior problema observado, foi à falta de sinais correspondentes em LIBRAS, para os termos técnicos em Química, o que dificulta o processo de aprendizagem. Dessa forma, no ensino de Química, o discente surdo recebe as informações distorcidas e apreende o conteúdo de forma errônea, sendo muito prejudicado no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Saldanha (2011) a Química possui uma linguagem característica, distinta da linguagem comum. Trabalhar estes conteúdos com pessoas surdas requer mais cuidado e atenção com o uso de termos técnicos, que começam a fazer parte do vocabulário destes alunos, e a ausência de sinais para essa terminologia dificulta a interação do aluno com o novo que lhe está sendo apresentado. Durante a pesquisa foi utilizado um método diferente, como já havíamos dito, pois foi uma aula que serviu como um pré-teste para dar continuidade a uma futura pesquisa. A atividade buscou utilizar matérias de fácil acesso e baixo custo, ao valorizar e contextualizar a química do cotidiano. Com intuito de instigá-los a um pensamento crítico, trabalhamos os conhecimentos prévios dos alunos, o que proporcionou resultados além do esperado. Essa atividade, teve como efeito a preparação da feira de ciências, na qual irão apresentar os experimentos realizados em sala de aula, além de motivá-los e conscientizá-los de seu papel na sociedade. Este trabalho teve uma importância fundamental, para a formação de uma futura educadora, pois permitiu a relação direta com a realidade de sala de aula e especificamente com alunos surdos nas aulas de Química. Desta forma proporcionou a busca soluções e a promoção condições para a inclusão de alunos surdos em aulas práticas, utilizando experiências inovadoras em busca da melhoria do ensino de Química. Essa investigação serviu de base para almejar um objetivo maior, que tem como meta, a proposta de criação dos sinais em Libras, que simbolizem e denominem os equipamentos utilizados no laboratório de Química. REFERÊNCIAS BORTOLETO, R. H.; RODRIGUES, O. M. R.; PALAMIN, M. E. G. A inclusão escolar enquanto prática na vida acadêmica de portadores de deficiência auditiva. In: Revista Espaço. Rio de Janeiro, 2002-2003 v.18/19, p.45-50. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Projeto escola Viva: Garantindo o acesso e a permanência de todos os alunos na escola-alunos com necessidades educacionais especiais: v.5 e 6. Brasília: MEC/SEESP, 2000. BRASIL. Lei nº 10.436,/2002, que dispões sobre a Língua Brasileira de Sinais. Brasil. Constituição de 1988. 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CHEMISTRY AND HEARING: NEW PROPOSALS IN THE PROCESS OF TEACHING Abstract: This research was conducted in a public school, part of the School District South - 01, in Manaus / Am, and aimed to analyze the teaching process by identifying the factors that motivate the deaf students in the improvement of knowledge in chemistry, emphasizing the role of family and social relations in this procedure. The study takes as reference the deaf students, the three groups of 9 th year of elementary school. During the research a questionnaire was applied to obtain information about the interest in the discipline. When analyzing the results obtained, it can be noticed that students feel the need to learn the contents of Chemistry, but the problem noted is the lack of corresponding signals in LBS. Thus, the research led to the search for possible solutions to the inclusion of deaf students in practical lessons from innovative experiences developed in the learning environment. Key-words: Experimental Practice Deaf Chemistry.