QUÍMICA E SURDEZ: NOVAS PROPOSTAS NO PROCESSO DE ENSINO
Kelry Cristina Muniz Barbosa e-mail: [email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
Manaus – Amazonas
Dalmir Pacheco e-mail: [email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
Manaus – Amazonas
Resumo: A presente pesquisa foi desenvolvida, em uma escola pública, pertencente ao
Distrito Escolar Sul – 01, no município de Manaus/Am, e teve como objetivo, analisar o
processo de ensino, através da identificação dos fatores que motivam os alunos surdos
no aprimoramento do conhecimento em química, enfatizando o papel das relações
sociais e escolares neste procedimento. O estudo toma como referência os alunos
surdos, das três turmas do 9o ano do ensino fundamental. Durante a pesquisa foi
aplicado um questionário para obter informações a respeito do interesse pela
disciplina. Ao analisar os resultados obtidos, pode-se perceber que os alunos sentem a
necessidade em aprender os conteúdos de Química, porém o problema observado é a
falta de sinais correspondentes em LIBRAS. Desta forma, a pesquisa provocou a busca
de possíveis soluções para a inclusão de alunos surdos em aulas práticas, a partir
experiências inovadoras desenvolvidas no ambiente de aprendizagem.
Palavras-chave: Práticas experimentais, Surdos, Química.
1
INTRODUÇÃO
A trajetória brasileira vem sendo marcada, nas últimas décadas, por posições que
se contrapõem umas as outras. No momento vemos a questão da educação, que ao longo
dos tempos, é alvo de debates e discussões. Dos muitos temas, um deles passa
necessariamente pelo âmbito do ensino e da aprendizagem, ou seja, uma das exigências
para se alcançar um elevado nível de qualidade na educação, é aprimorar o
conhecimento sobre esse processo e torna-lo capaz de responder as exigências deste
novo tempo.
Segundo Santos (2005) o processo de ensino e aprendizagem tem sido estudado
segundo diferentes enfoques, onde as correntes teóricas procuram compreender o
fenômeno educativo por meio dos diferentes aspectos, muito deles relacionados com o
momento histórico de sua criação e do desenvolvimento da sociedade na qual estavam
inseridas. E o caso de Piaget e Vygotsky, que independentemente de ambos terem se
preocupado em elaborar teorias de ensino com diferentes pontos de vista, se sobressaem
nessa discussão, visto que trazem boas reflexões que influenciaram as práticas
escolares.
Piaget (1998) considerou muitos fatores que interferem nessa construção, tais
como as estruturas operatórias, as experiências, o meio, dentre outras, que são
importantes para aquele que está aprendendo e, consequentemente, para aquele que está
ensinando, e a partir da teoria da epistemologia genética, colaborou com um novo
referencial para explicar a construção do conhecimento pela criança.
Vygotsky (1991) relaciona a educação com a produção material dos homens,
como um processo histórico e cultural. Por meio da mediação, o professor tem
possibilidade de assegurar aos alunos, os conhecimentos historicamente acumulados e a
compreensão da realidade.
Partindo do pressuposto de que o ensino de Química deve ser focado na
integração dos níveis macroscópico (dos fenômenos), microscópico (ou teórico) e
representacional (dos modelos usados), a pesquisa se direciona para a problemática da
inclusão de alunos surdos, durante as aulas desta disciplina. Segundo Skliar (2005) a
aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos o entendimento das mudanças
químicas que acontecem no mundo físico.
Desta feita, destacamos a concepção sócio-antropológica, onde os surdos são
vistos como tendo um acesso diferente ao mundo, o que implica em debates sobre
algumas diferenças em relação aos ouvintes. De acordo com Skliar (2005), pelo fato de
não ouvirem, os surdos constituem seu conhecimento de mundo através do canal visualgestual, adquirem a língua de sinais sem dificuldade, e esta, vai possibilitar o
desenvolvimento tanto dos aspectos cognitivos, como sócio-emocionais e lingüísticos.
A aula prática é uma maneira eficiente de ensinar e aprimorar a compreensão
dos conteúdos de Química, facilitando a aprendizagem. Os experimentos facilitam a
compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, auxiliam no desenvolvimento
de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não científicas. Além disso,
contribuem para despertar o interesse pela ciência. Assim, o objetivo deste artigo é
analisar o processo de ensino, através da identificação dos fatores que motivam os
alunos surdos em aprimorar o seu conhecimento, caracterizando o papel das relações
sociais e escolares nesta motivação e no processo educacional.
Neste enfoque busca-se a incentivar os alunos a participarem das aulas práticas,
tornando-as mais dinâmicas, proporcionando o desenvolvimento dos conteúdos,
segundo os seus anseios e de uma forma mais significativa.
Contexto Educacional Dos Surdos
Até o final do século XVI, conforme Dias (2006) os surdos eram considerados
como pessoas inúteis para o estudo, em conseqüência disto, sem valor para à
coletividade. Devido a este fato enfrentavam o preconceito, a piedade, o descrédito, e
até mesmo a denominação de loucos. De modo geral, quando analisamos as formas de
tratamento oferecidas às pessoas surdas, percebemos que estas se desenvolvem em
função da concepção do homem, difundida nos diferentes períodos do percurso da
humanidade.
Segundo Koslowski (2000) no século XVII deu-se inicio a primeira educação
dos surdos com Pedro Ponce de León (1520 -1584), que embora tenha deixado poucos
registros de seus métodos, devido naquela época ser tradição guardar segredo sobre os
métodos educativos, chegou a inventar o alfabeto manual, transformando-o em
instrumento de acesso à escrita e a leitura, para enfatizar a fala.
Essa história continuou até um marco mais significativo, quando Charles Michel
de L'Epeé, em 1775 Abbé de L'Epeé, cria em Paris, a primeira escola para surdos com
uma filosofia manualista e oralista. A mesma empregou a língua de sinais, na qual
houve uma aliança dos sinais com a gramática francesa, com o intuito de ensinar a ler,
escrever e transmitir a cultura, de maneira que houvesse acesso à educação. O método
de L’Epée apresentou sucesso e alcançou ótimos resultados na história da surdez. Em
1776, o mesmo publicou um livro para relatar as suas técnicas (Lacerda, 1998). Sua
escola, em 1791, tornou-se o Instituto Nacional para Surdos-Mudos em Paris (SILVA,
2003).
Segundo Perlin e Strobel (2006) em 1880 foi o clímax da história sobre a
educação dos surdos, um período de lutas opostas na educação: a língua de sinais e o
oralismo.
Constatamos que os surdos, durante os diversos períodos da história,
foram colocados às margens do mundo econômico, social, cultural,
educacional e político, sendo considerados como deficientes,
incapazes e desapropriados de seus direitos e da possibilidade de
escolhas. Como comenta o autor “a situação a que estão submetidos os
surdos, suas comunidades e suas organizações, no Brasil e no mundo,
têm muita história de opressão para contar. (SÁ 2003, p. 89)
Nunca houve nenhum evento na história dos surdos que se comparasse com esse.
O impacto do Congresso de Milão provocou uma desordem grave na educação, que
arrasou por mais de cem anos, nos quais os sujeitos surdos ficaram dominados ás
práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura, a sua identidade surda e se
sujeitaram a uma ‘etnocêntrica ouvintista’, tendo de copia-los. (PERLIN e STROBEL,
2006).
Depois do Congresso de Milão o oralismo puro invadiu a Europa. Lane (et al
1989), esclarece isto pela confluência do nacionalismo, etilismo, comercialismo e
orgulho familiar vigentes naquele momento, e ainda existia o anseio do educador em ter
total controle das salas e não se sujeitar a dividir o seu papel com um professor surdo.
Na década de 70 chega ao Brasil a Filosofia da Comunicação Total e a década de
80, através das pesquisas realizadas pela professora de Linguística Lucinda Ferreira
Brito, sobre LIBRAS. Assim, o Bilingüismo começou a ser utilizado no Brasil.
(GOLDFELD, 2002).
A partir da Declaração de Salamanca na década de 1990, surge no Brasil à
proposta do Bilingüismo, que contesta o modelo Oralista, a Comunicação Total e o
Português sinalizado ou Bimodalismo, que se traduz na utilização de recursos da língua
de sinais na mesma estrutura do português, defendendo a tese de que duas línguas não
podem ser faladas ao mesmo tempo sem que sua estrutura gramatical seja modificada.
(PIMENTA, 2008).
Segundo Saldanha (2011) a proposta educacional bilíngue caracteriza-se como
um avanço no processo educacional da pessoa surda, pois é o reconhecimento do surdo
enquanto cidadão integrante de uma sociedade surda com o direito assegurado da
aquisição da língua de sinais como primeira língua.
Contexto escolar dos surdos
Sendo a escola, o espaço primeiro e fundamental da manifestação da
diversidade, decorre a necessidade de repensar e defender a escolarização como
princípio inclusivo, reconhecendo a possibilidade e o direito de todos que não são por
ela alcançados.
Desta forma, o movimento de inclusão traz como premissa básica,
propiciar a Educação para todos, uma vez que, o direito do aluno com
necessidades educacionais especiais e de todos os cidadãos à educação
é um direito constitucional. No entanto, sabemos que a realidade desse
processo inclusivo ainda é bem diferente do que se propõe na
legislação e requer ainda muitas discussões relativas ao tema. O que
podemos perceber é que numa comparação entre a legislação e a
realidade educacional, a inclusão dos alunos que apresentam
necessidades educacionais especiais no ensino regular não se
consolidou da forma desejada, a proposta de educação atual vigente
ainda não oferece nem garante condições satisfatórias para ser
considerada efetivamente inclusiva. Ainda, se faz necessária uma
maior competência profissional, projetos educacionais mais
elaborados, uma maior gama de possibilidades de recursos
educacionais. (MENEZES, 2009).
Segundo o texto da Constituição de 1988, é garantido aos surdos o atendimento
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino; e estabelecidos currículos,
métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas
necessidades. (BRASIL, 1988). É importante salientar que, a educação do surdo deve
ser baseada na visão e não na audição. A lei dá abertura para as adaptações curriculares,
podendo assim todo o sistema educacional adaptar sua metodologia para atender a
todos, sem distinção.
Segundo Bortoleto, Rodrigues e Palamin (2002, 2003), a inclusão do surdo na
escola deve garantir sua permanência no sistema educacional regular, com igual
oportunidades para todos, quando o assunto é ensino de qualidade. Mas o que é
igualdade de oportunidades, com intérpretes em sala de aula, em vez de professor com
LIBRAS? Como se dá comunicação entre professores e alunos surdos? Qual a
qualidade do ensino?
No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – é uma língua que foi
oficialmente reconhecida pela Lei 10.436/2002. Ela possui os mesmos parâmetros da
American Sign Languages (ASL), que são configurações de mão, locação, movimento e
orientação da mão. Entretanto, a ampliação do vocabulário em LIBRAS se consegue por
criação de sinais compostos e por empréstimo de itens lexicais de outras LSs (Línguas
de Sinais). Em decorrência desse último processo, muitos sinais são iguais em várias
LSs.
A língua de sinais, não é apenas um conjunto de gestos que interpretam as
línguas orais; a LIBRAS, segundo a FENEIS ( Federação Nacional de Educação e
A legislação educacional, por meio da Lei no 10.098 de 2000, prevê
que o Poder Publico deve tomar providências no sentido de eliminar
as barreiras de comunicação, para garantir aos surdos o acesso a
informação, a educação, incluindo a formação de interpretes de língua
de sinais. (BRASIL,2000)
Integração dos Surdos) é a língua materna dos surdos brasileiros, e como tal poderá ser
aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com a comunidade surda
METODOLOGIA
De acordo com Vygotsky (1997), as funções psicológicas aperfeiçoam-se nas
interações da criança com os diferentes contextos culturais e históricos, levando em
conta a origem social do desenvolvimento das formas de ação de características
humanas e contestando a ideia do funcionamento mental como uma estrutura
homogênea de funções isoladas, ou seja, o funcionamento psicológico fundamenta-se
nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior e se desenvolve num processo
histórico.
Com relação ao ensino de química, o aluno ouvinte terá vantagens na
compreensão dos conceitos químicos por meio de informações que recebem por meio da
audição, ou seja, o aluno surdo fica em desvantagem com os demais pelo fato de não
dominarem a língua portuguesa, dessa forma, o processo de aprendizagem comparandose aos ouvintes é mais lenta. É nesse contexto que o professor como mediador de
informações e representante legitimo da cultura científica, poderá ajudá-lo de maneira
objetiva para a compreensão dos conceitos obtidos na química.
Local / Participantes
A pesquisa foi desenvolvida em uma escola pública, pertencente ao Distrito
Escolar Sul – 01, no município de Manaus/Amazonas (Figura1). Esta escola foi criada
pelo decreto n.º 6331 de 13 de Maio de 1982, especificamente para atender a clientela
com necessidades especiais, na área de surdez, em cumprimento aos princípios
estabelecidos na Constituição Federal e demais instrumentos legais.
Hoje a escola possui um total de 161 alunos matriculados nos turno Matutino e
Vespertino. A estrutura pedagógica e administrativa está composta de 01 diretora, 02
apoios pedagógicos, 38 professores com curso na área de atuação, 01 secretaria, 03
administrativos, 02 merendeiras, 05 vigiais e 03 auxiliares de serviços gerais.
O estudo enfoca os alunos surdos, das três turmas do 9o ano do ensino
fundamental, no total de vinte e cinco alunos, sendo dez alunos do sexo masculino e
quinze do sexo feminino, todos regulamente matriculados, e as duas professoras de
Ciências da escola.
Figura 1. E.E. Augusto Carneiro de Souza
As intervenções pedagógicas foram descritas em um diário de campo, produzido
nas observações durante as aulas, posteriormente transcritas e analisadas, bem como
todas as atividades realizadas pelos alunos nas aulas de Ciência /Química.
No primeiro momento foi aplicado um questionário com os alunos. Neste tipo de
estudo descritivo, buscamos observar, registrar, analisar e interpretar quais os fatores
que influenciam em motivação para obter conhecimentos na disciplina de Química,
como uma ciência presente no seu cotidiano e na sua vida futura.
A LIBRAS considerada a primeira língua (L1) dos surdos, como mencionado
em MEC (2004, p.21) deverá ser sempre contemplada como língua por excelência no
ensino em qualquer disciplina especialmente na língua portuguesa. Com isso, é válido
ressaltar que no momento da aplicação do questionário, houve muitas dificuldades em
se tratando do Português e Libras, uma vez que, as perguntas se encontravam na língua
portuguesa e a professora que nesse momento se tornou interprete, traduzia para que os
alunos entendessem, principalmente na turma do 9o 3, na qual é uma turma especial,
onde além da surdez, apresentavam outros tipos de pessoas com deficiência.
No segundo momento da pesquisa, foi ministrada uma aula, que serviu como um
pré-teste, para uma proposta de ensino ao referido público (alunos surdos), com objetivo
de testar se há possibilidade de obter resultados significantes e, dessa forma, dar
continuidade a pesquisa, visto que, a mesma tem um objetivo mais extenso. O tema da
aula foi sobre Funções Químicas (Ácidos e Bases), com intuito de estudar as funções,
classificação e importância dos ácidos e das bases. Em se tratando de alunos surdos, a
estratégia foi à utilização de slides em PowerPoint, com textos curtos e objetivos, porém
ilustrado com figuras em respeito à cultura desses alunos. Pois, segundo Pereira (et al
2011) utiliza a imagem como uma forma de materialização sensorial do concreto, e
ainda, a utilização de vídeos e experimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise e interpretação tiveram como parâmetro os questionários respondidos
pelas três turmas do 9o ano. Após analisar as respostas, foi feita uma releitura,
comparando os dados coletados com o referencial teórico.
Questionários/alunos
Gráfico 1: Identidade dos alunos surdo.
Fonte: Própria autora, 2014
Gráfico 2: Primeira língua que aprender.
Fonte: Própria autora, 2014
Gráfico 3: comunicação com o professor.
Fonte: Própria autora, 2014
Gráfico 5: Interesse dos alunos pela Química.
Gráfico 4: Dificuldade em acompanhar as aulas de química.
Fonte: Própria autora, 2014
Gráfico 6: Importância em estudar química.
Fonte: Própria autora, 2014
Fonte: Própria
autora, 2014
Gráfico
8: Laboratório
de química.
Fonte: Própria autora, 2014
Fonte: Própria autora, 2014
Gráfico 7: Sinais oficializados ou provisórios.
Gráfico 9: Equipamentos usados no laboratório.
Gráfico 10: Sinais de equipamentos e vidrarias.
Fonte: Própria autora, 2014
Fonte: Própria autora, 2014
Gráfico 11: Química e língua de sinais.
Gráfico 12: Batizar os sinais para simbolizar equipamentos
e vidrarias.
Fonte: Própria autora, 2014
Fonte: Própria autora, 2014
A pergunta do gráfico 1-“Qual a sua identidade? Teve como objetivo saber se
nasceram surdos, se adquiriram a surdez com o tempo ou através de doenças, e ainda
saber, se aceitava a surdez. Destes, 4% que usa aparelho, se trata de uma aluna ouvinte,
que adquiriu a perda de audição e usa aparelho, e aceita a comunidade surda como sua
identidade.
A pergunta do gráfico 2- “É usuário da língua de sinais?” Objetivou saber se
dominavam a língua de sinais, já que estudam numa escola que especificamente
trabalham com alunos surdos, tendo como resultado 100% de usuários da Libras.
A pergunta do gráfico 3- “Qual a primeira língua que você aprendeu?” Teve
como propósito perceber a diferença entre aprender primeiro a Libras e por segundo a
língua portuguesa ou vice-versa. Uma vez que, no Brasil, a metodologia de ensino para
Surdos mais utilizados e aceitos, nos dias atuais é a bilíngüe, que adota a LIBRAS como
primeira língua e o português escrito como segunda língua. Segundo Quadros (2005),
além de promover melhor aprendizagem por parte dos discentes, o bilingüismo
reconhece as diferenças e a língua passa a ser um instrumento de relações sociais.
A questão do gráfico 4- “Tem dificuldade de se comunicar com o professor (a)
de Química? Qual?”. Dos 25 alunos participantes 28% (7 alunos) têm dificuldade de se
comunicar com a professora de química, devido a falta de compreensão da disciplina, e
ainda, a professora por não dominar a língua de sinais, visto que não é formada na área.
32% (8 alunos) não tem dificuldade, pois são alunos que têm facilidade de aprender
qualquer tipo de assunto, 28% (7 alunos) a dificuldade é parcial, pois depende do grau
de dificuldade do assunto e 12% (3 alunos) não compreenderam a pergunta e deixaram
essa questão em branco.
A pergunta do gráfico 5-“Tem dificuldade em acompanhar as aulas de
Química?”. A química é uma disciplina que compreende, analisa e questiona os
fenômenos que ocorrem a nossa volta. Estuda as interações de átomos e moléculas que,
apesar de fazerem parte de nosso dia a dia, não consideramos tais interações, porém
estamos aptos para de observar as transformações ocorrerem. (SALDANHA, 2011). Um
dos maiores desafios do ensino de Química, nas escolas de nível fundamental e médio, é
construir uma ponte entre o conhecimento escolar e o mundo cotidiano dos alunos.
Habitualmente, a falta desta conexão há distanciamento entre alunos e professores
(VALADARES, 2001). Desta forma a pergunta tem como propósito saber que tipos de
dificuldades os alunos têm quando a professora ministra as aulas de Química, e
observou-se que apesar da professora não ser formada na área, a mesma tem
conhecimento da Libras, e isso faz com que diminua as dificuldades, pois dominando a
língua de sinais fica mais fácil para os alunos compreenderem os conceitos na química.
O gráfico 6-“ Você se interessa pela disciplina Química?”. Nessa pergunta
houve meios termos, pois uns se interessam, outros não e outros, mais ou menos, visto
que, todos consideram a química como uma disciplina muito pesada, principalmente por
não haver as simbologias necessárias na Libras, que facilitaria o ensino para esses
alunos. Essa dificuldade é complementada pela falta de compreensão e interpretação da
Língua Portuguesa e, das dificuldades com relação à coerência e coesão textuais, pois
dessa forma, os discentes surdos não compreendem facilmente o contexto do conteúdo
presente nos materiais didáticos, baseados na escrita, utilizados no ensino de Química.
O gráfico 7-“ Na sua opinião é importante estudar Química?”. Como mostra
gráfico, a maioria dos alunos disse ser muito importante estudar Química, pois é
possível observar as transformações que ocorrem na matéria, sabendo identificar suas
características de um fenômeno (transformação), para só então caracterizá-lo como
físico ou químico.
No gráfico 8-“ Os sinais usados na Química são oficializados ou provisórios?”
Apesar dos textos escritos utilizados, a simbologia química foi um fator complicador na
aprendizagem dos alunos, uma vez que a linguagem de sinais não abrange os termos
específicos da química, como as fórmulas, os nomes dos elementos químicos e palavras
utilizadas por essa ciência, como densidade, átomo, volume, massa, dentre outras
(SOUZA e SILVEIRA, 2011). Esta pergunta tinha como objetivo esclarecer qual era a
realidade, em se tratando dos sinais utilizados nas aulas de Química. Dessa forma,
verificou-se que a maioria dos sinais utilizados no ensino da Química, são sinais
provisórios, ou seja, ainda não foram denominados nacionalmente pela comunidade
surda, de modo que estão em constantes mudanças, dificultando o aprendizado desse
público alvo.
Os próximos gráficos “Você já teve oportunidade de conhecer um laboratório de
Química? Tem conhecimento dos equipamentos utilizados no laboratório? Tem
conhecimento de algum sinal para equipamentos de Química? Em sua opinião a
Química pode ser trabalhada com a língua de sinais? E na sua opinião, existe a
possibilidade de batizar nacionalmente os sinais para simbolizar os equipamentos
utilizados no laboratório de Química?”. Foram questões feitas como um pré-teste de
uma pesquisa que será realizada futuramente, com turmas do ensino médio que terá
como proposta: criação dos sinais com termos técnicos utilizados durante as aulas de
Química em laboratório. As respostas dessas perguntas obtiveram pontos positivos.
Dessa forma a aula ministrada no segundo momento foi bastante proveitosa, os alunos
mostraram-se motivados, pois foi totalmente ilustrativa e com as práticas experimentais
realizadas em sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando os resultados obtidos no questionário, pode-se perceber que os
alunos, até sentem vontade em aprender os conteúdos de Química, embora seja uma
disciplina considerada difícil pela maioria dos discentes. O maior problema observado,
foi à falta de sinais correspondentes em LIBRAS, para os termos técnicos em Química,
o que dificulta o processo de aprendizagem. Dessa forma, no ensino de Química, o
discente surdo recebe as informações distorcidas e apreende o conteúdo de forma
errônea, sendo muito prejudicado no processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Saldanha (2011) a Química possui uma linguagem característica,
distinta da linguagem comum. Trabalhar estes conteúdos com pessoas surdas requer
mais cuidado e atenção com o uso de termos técnicos, que começam a fazer parte do
vocabulário destes alunos, e a ausência de sinais para essa terminologia dificulta a
interação do aluno com o novo que lhe está sendo apresentado.
Durante a pesquisa foi utilizado um método diferente, como já havíamos dito,
pois foi uma aula que serviu como um pré-teste para dar continuidade a uma futura
pesquisa. A atividade buscou utilizar matérias de fácil acesso e baixo custo, ao valorizar
e contextualizar a química do cotidiano. Com intuito de instigá-los a um pensamento
crítico, trabalhamos os conhecimentos prévios dos alunos, o que proporcionou
resultados além do esperado. Essa atividade, teve como efeito a preparação da feira de
ciências, na qual irão apresentar os experimentos realizados em sala de aula, além de
motivá-los e conscientizá-los de seu papel na sociedade.
Este trabalho teve uma importância fundamental, para a formação de uma futura
educadora, pois permitiu a relação direta com a realidade de sala de aula e
especificamente com alunos surdos nas aulas de Química. Desta forma proporcionou a
busca soluções e a promoção condições para a inclusão de alunos surdos em aulas
práticas, utilizando experiências inovadoras em busca da melhoria do ensino de
Química. Essa investigação serviu de base para almejar um objetivo maior, que tem
como meta, a proposta de criação dos sinais em Libras, que simbolizem e denominem
os equipamentos utilizados no laboratório de Química.
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CHEMISTRY AND HEARING: NEW PROPOSALS IN THE PROCESS OF
TEACHING
Abstract: This research was conducted in a public school, part of the School District
South - 01, in Manaus / Am, and aimed to analyze the teaching process by identifying
the factors that motivate the deaf students in the improvement of knowledge in
chemistry, emphasizing the role of family and social relations in this procedure. The
study takes as reference the deaf students, the three groups of 9 th year of elementary
school. During the research a questionnaire was applied to obtain information about
the interest in the discipline. When analyzing the results obtained, it can be noticed that
students feel the need to learn the contents of Chemistry, but the problem noted is the
lack of corresponding signals in LBS. Thus, the research led to the search for possible
solutions to the inclusion of deaf students in practical lessons from innovative
experiences developed in the learning environment.
Key-words: Experimental Practice Deaf Chemistry.
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QUÍMICA E SURDEZ: NOVAS PROPOSTAS NO PROCESSO DE