ESUD 2012 – IX Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância
Recife/PE, 19 – 21 de agosto de 2012 - UNIREDE
PRESENÇA SOCIAL:
UMA REVISÃO DO CONCEITO E SUAS IMPLICAÇÕES
PARA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Willyans Garcia Coelho
UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco / Mestrado Profissional em Tecnologia e Gestão em
Educação a Distância, [email protected]
Resumo – Tornar tutores, professores e coordenadores mais próximos dos alunos, e
os alunos mais próximos entre si, sempre foi essencial para o sucesso da EAD.
Diante da necessidade de compreender e estimular um melhor relacionamento entre
esses agentes nos ambientes virtuais de aprendizagem destaca-se nas pesquisas
sobre EAD o conceito de presença social. Entende-se por presença social o grau em
que a outra pessoa é percebida como uma “pessoa real” na comunicação mediada
por tecnologia. Esse nível de percepção é influenciado tanto pelas características
pessoais de cada um, quanto pela capacidade que o meio oferece para transmitir
informações sociais e emocionais a respeito dos outros. O objetivo desse artigo é
delimitar o conceito de presença social, apresentar as pesquisas sobre EAD que
utilizam esse conceito, descrever as diversas formas de mensuração, apontar as
implicações para a EAD e defender seu uso mais amplo em qualquer iniciativa de
cursos na modalidade à distância. Considerada como uma das propostas mais
populares para descrever e compreender como as pessoas interagem socialmente
em ambientes virtuais de aprendizagem, a aplicação do conceito de presença social
ganhou destaque na EAD especialmente pela alta correlação existente entre seus
índices e o grau de satisfação dos alunos com o curso, com o tutor e com o seu
próprio nível de aprendizagem. Tradicionalmente, pesquisas são realizadas em
diversos países utilizando-se instrumentos distintos como escalas, análise de
conteúdo e questionários. No Brasil, a validação de instrumentos padronizados
poderia, sobretudo, facilitar a realização de análises comparativas a fim de apurar
e promover um melhor nível de presença social nas diversas iniciativas de EAD.
Porém, a falta de instrumentos de medida validados, nesse momento, não deveria
inviabilizar iniciativas que visam elevar o grau de percepção da presença social dos
alunos de EAD desde já.
Palavras-chave: Educação a Distância, Ambiente Virtual de Aprendizagem,
Presença Social, Interação.
Abstract - Making tutors, teachers and coordinators come closer to the students,
and the students closer to each other, has always been essential for the success of
Distance Learning. Faced with the need to comprehend and stimulate an improved
interaction between these agents in the Learning Management System, it is
highlighted that the concept of social presence stands out as an important theme in
researches on Distance Learning. By social presence it is understood the degree in
which the other person is perceived as a “real person” in the communication
intermediated by technology. This level of perception is influenced both by the
personal characteristics of each one and by the capacity that this technological
means offers to transmit social and emotional information in relation to the others.
The main objective of this article is to delimit the concept of social presence, to
present the researches on Distance Learning that utilize this concept, to describe the
various forms of mensuration, to point out the implications for Distance Learning,
and to advocate for its wider use in any course initiative in the distance modality.
Considered to be one of the most popular proposals to describe and comprehend
how people interact socially in Learning Management Systems, the application of
the social presence concept has been highlighted in Distance Learning especially
because of the existing high degree of correlation between its social presence and
the degree of satisfaction of the pupils with the course, the tutor, and with their own
level of learning. Traditionally, researches are carried out in several countries
using distinct instruments such as scales, content analysis, and questionnaires. In
Brazil, the validation of standardized instruments could, above all, facilitate the
development of comparative analysis in order to improve and foster a better level of
social presence in the Distance Learning initiatives. However, the lack of validated
measuring instruments at this time should not stop the development of initiatives that
aim to increase the degree of perception of social presence of Distance Learning.
Keywords: Distance Learning, Learning Management System, Social Presence,
Interaction.
1. Introdução
O ser humano é essencialmente social. Nascemos com a capacidade de nos relacionar com o
outro desde o nascimento (WALLON, 1995). Por isso, desde o início da vida nos
organizamos em grupos familiares que apoiam o desenvolvimento de cada pessoa. E isso se
estende por todas as nossas atividades, seja na família, na escola, no trabalho e no lazer. Em
todos esses momentos, sempre necessitamos estar com o outro.
E uma das nossas capacidades que mais se apoiam nesses relacionamentos sociais é a
capacidade de aprender. O fenômeno da aprendizagem é uma atividade essencialmente social
(VYGOTSKY, 1991). Nossa construção de conhecimento ocorre através dos relacionamentos
entre as pessoas, na interação de uns com os outros em ambientes de aprendizagem, num
processo dialógico (FREIRE, 1987).
De uma forma geral, quando se aborda essa necessidade de interação social, o que
visualizamos inicialmente, e temos como modelo, é o relacionamento face-a-face, é o estar
fisicamente no mesmo ambiente que a outra pessoa. Contudo, com o advento da tecnologia, o
relacionamento entre as pessoas vêm passando por diversas mudanças, desde o tempo dos
telégrafos até às redes sociais da Internet.
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Especialmente com a ampliação do uso da Internet, algumas atividades antes
realizadas presencialmente ganharam seus correlatos na rede, dentre elas, atividades que estão
amplamente difundidas hoje, como comércio eletrônico, leilões virtuais, internet banking,
revistas eletrônicas, e-learning e, mais recentemente, redes sociais. Destaca-se nessa
virtualização o fato de que todas essas atividades não eliminaram seus modelos presenciais,
pelo contrário, convivem de forma a ampliar seu alcance e facilitar a vida cotidiana das
pessoas, uma vez que a pessoa não precisa estar lá fisicamente, num horário previamente
delimitado. Aliás, conforme definido por Levy (1996), essas são as duas principais
características da virtualização, ou seja, é um processo de não estar presente no mesmo espaço
e ao mesmo tempo.
É nesse contexto de virtualização do real que está inserida a Educação a Distância
(EaD). Se compreendermos que na educação a distância o aprendizado ocorre num lugar
diferente do local de ensino (MOORE e KEARSLEY, 2010), então percebemos a necessidade
da criação de um espaço virtual que mediará a relação entre as pessoas envolvidas nesse
processo. A esse espaço, damos o nome de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Através do AVA busca-se não apenas transmitir os conteúdos essenciais, mas também
criar um espaço de interação entre as pessoas. As relações interpessoais começam a se formar
no momento em que as pessoas adquirem confiança e consideração em relação aos outros
(ANDRADE e VICARI, 2006). Contudo, uma condição essencial para que isso ocorra, é que
primeiro se perceba o outro nesse ambiente virtual de aprendizagem.
É diante dessa necessidade de se reconhecer o outro, que ganha relevância o conceito
de presença social. Considerado como um dos conceitos mais populares para descrever e
compreender como as pessoas interagem socialmente em ambientes virtuais de aprendizagem
(LOWENTHAL, 2010), entende-se por presença social o grau em que a outra pessoa é
percebida como uma “pessoa real” na comunicação mediada por tecnologia
(GUNAWARDENA e ZITTLE, 1997). Esse nível de percepção é influenciado tanto pelas
características pessoais de cada um, quanto pela capacidade que o meio oferece para
transmitir informações sociais e emocionais a respeito do outro (TU, 2000).
As pesquisas sobre presença social têm apontado diversas relações com outros fatores
associados à educação a distância (LOWENTHAL, 2009), por exemplo, o relacionamento
entre o nível de presença social e a satisfação dos estudantes com a experiência do curso
online; alunos com alto grau de presença social possuem alta satisfação com seu professor e
alta percepção de aprendizagem; a influência da presença social na motivação do aluno; o
impacto da presença social na percepção da qualidade e da quantidade de aprendizagem, e
ainda a relação direta entre a presença social e o nível de interação entre os alunos.
Contudo, ainda há um aspecto importante a respeito do conceito de presença social
que precisa ser mais bem explorado. Mesmo com sua importância reconhecida mundialmente,
aliada aos inúmeros estudos que já foram realizados sobre a presença social na educação a
distância em diversos países, no Brasil ainda são poucas as iniciativas que levam em
consideração a presença social como um aspecto essencial na interação dos alunos no
ambiente virtual de aprendizagem.
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Diante dessa realidade, o objetivo desse artigo é delimitar o conceito de presença
social, apresentar a sua aplicação nas pesquisas sobre EAD, descrever suas diversas formas de
mensuração, apontar suas implicações para a EAD e defender seu uso mais amplo em
qualquer iniciativa de cursos na modalidade à distância em nosso país.
2. Conceito de Presença Social
Numa conversa face a face existem muitos fatores que influenciam a intensidade e a
qualidade do relacionamento que é estabelecido, tais como a expressão facial, a direção do
olhar, a postura, o traje, os gestos, a entonação da voz, dentre outros aspectos. São esses os
fatores que nos fazem perceber a presença do outro e então estabelecer uma interação com
ele.
Quando essa interação deixa de ser face a face e passa a ser mediada por algum
aparato tecnológico, sejam as correspondências, o telefone ou mais recentemente o
computador, dependendo das características do meio utilizado, alguns desses sinais são
perdidos em maior ou menor grau. Mesmo assim, ainda é possível estabelecer a interação
entre as pessoas. A essa capacidade de perceber a relevância do outro na interação que
denominamos presença social.
Short et al. (1976) têm sido apontados como os primeiros a definir o conceito de
presença social, comparando as interações mediadas por tecnologia com as interações face a
face presenciais (KEHRWALD, 2008). Considerando o relacionamento face a face como
tendo o grau máximo de presença social e a correspondência o grau mínimo, eles exploraram
em que posição desse contínuo estaria situada a interação por telefone. A partir desse estudo,
eles definiram a presença social como o grau de relevância da outra pessoa na interação e a
consequente relevância do relacionamento interpessoal, ou seja, qual seria a nossa capacidade
de perceber a significância do outro na interação.
Como qualquer outro fenômeno psicossocial, o conceito de presença social apresenta
pequenas diferenças entre os diversos pesquisadores. Lowenthal (2010) apontou três fases
distintas da evolução e do uso deste conceito. A primeira fase, na década de 70, teria como
foco os meios de telecomunicações. Inicialmente, as pesquisas identificaram a presença social
como um atributo do meio estudado, concentrando-se o foco na capacidade do meio de
comunicação transmitir as informações necessárias para tornar a percepção da interação como
sendo real (KEHRWALD, 2008).
Numa segunda fase, iniciada na década de 80, com a difusão dos computadores
pessoais, o foco das pesquisas de presença social passou para a comunicação baseada no
computador. Com os inúmeros recursos que o computador oferecia, além da tecnologia
utilizada, as pesquisas também buscaram explorar as estratégias que as pessoas utilizavam
para transmitir suas emoções através do computador e, com isso, estabelecer uma melhor
interligação entre elas, tais como os “emoticons” (as conhecidas carinhas de sentimentos).
Na terceira e atual fase, que vem desde o meio da década de 90 até os dias de hoje, o
conceito de presença social começou a ser explorado mais fortemente na área de educação a
distância, especialmente nos ambientes virtuais de aprendizagem. Nesse momento, são
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exploradas as percepções das pessoas e não mais apenas as características do meio de
comunicação. Nessa perspectiva, Tu (2002) distinguiu pelo menos três dimensões do conceito
de presença social: o contexto social, a comunicação online e a interatividade.
O contexto social compreende as características dos usuários e a sua percepção acerca
do ambiente virtual, como a confiança e a disponibilidade do ambiente, os propósitos de
aprendizagem e a língua utilizada. Já a dimensão da comunicação online está relacionada à
habilidade da pessoa na utilização do computador, no uso de uma linguagem apropriada à
rede, sua capacidade de escrita e interpretação de textos. E por último, a interatividade
incluiria os estilos de comunicação da pessoa, o tempo de resposta às mensagens, o feedback
às mensagens dos outros e suas estratégias de aprendizagem.
Além das três fases descritas por Lowenthal (2010), pesquisas recentes podem apontar
uma quarta e nova fase, que seria a exploração desse conceito aplicado às mídias sociais,
como o Facebook (DESCHRYVER, MISHA, et al., 2009) e o Twitter (DUNLAP e
LOWENTHAL, 2009), e aos mundos virtuais em 3D como o Second Life (JIN, 2009), entre
outros recursos recentes da Internet.
3. Medidas Tradicionais de Presença Social
Assim como a própria definição do conceito vem sofrendo mudanças ao longo do tempo, a
forma de medir o grau de presença social nos diversos recursos tecnológicos ou ambientes
virtuais de aprendizagem também apresenta diferenças entre os pesquisadores (KIM, 2011).
Tendo como base uma compreensão mais atual de que presença social é uma variável
dinâmica e multidimensional, os critérios para construção dos recursos de medidas têm
abordado diversos aspectos desse fenômeno. Lowenthal (2010) destacou as três principais
contribuições para produção de um instrumento de medida da presença social, conforme serão
apresentadas a seguir.
3.1. Escala de Presença Social
Um dos primeiros estudos a medir o nível de presença social num ambiente virtual de
aprendizagem foi conduzido por Gunawardena (1995) utilizando-se 17 fatores de análise
distribuídos numa escala do tipo Likert de cinco pontos (partindo do negativo para o positivo).
Alguns dos fatores bipolares utilizados abordavam dimensões como pessoal/impessoal,
sociável/não sociável, sensível/insensível e quente/frio.
As críticas observadas em relação a esse método de medida estavam relacionadas ao
fato de que nem todas as variáveis importantes haviam sido consideradas, impossibilitando
reconhecer a percepção completa da presença social (TU, 2002).
3.2. Indicadores de Presença Social
Algumas pesquisas têm usado uma abordagem de análise de conteúdo das mensagens de
fóruns de discussão para apurar o nível de presença social dos participantes. A técnica
consiste em criar indicadores e então relacionar tais indicadores a trechos ou características
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das mensagens que são postadas, fazendo-se a contagem de quantas vezes tais indicadores
apareceriam nessas mensagens.
Um exemplo de uso de indicadores em fóruns de discussão online é a pesquisa
conduzida por Rourke et al. (2001). Eles identificaram três categorias de indicadores de
presença social – resposta de afetividade, resposta de coesão e resposta de interatividade. As
respostas de afetividade incluíam sinais de emoção, sentimentos, crenças e valores. Respostas
de coesão buscavam estabelecer e manter os sentimentos relacionados ao grupo, como as
saudações ao grupo ou a pessoas específicas. Já as respostas de interatividade eram aquelas
que demonstravam concordância ou discordância em relação às mensagens dos outros.
Entretanto, alguns pesquisadores acreditam que essa abordagem pode gerar uma baixa
confiabilidade da escala e não estão seguros de que se possa obter dessa forma o grau de
validade necessário para generalizar os resultados obtidos a partir dessa metodologia (Lin,
2004; Kim, 2011).
3.3. Questionário de Presença Social
Com o objetivo de ampliar os fatores de análise para medição da presença social, Tu (2002)
desenvolveu o Social Presence and Privacy Questionnaire (SPPQ) a partir de outros dois
questionários: um instrumento de medição de atitudes em ambientes virtuais e outro sobre a
privacidade percebida. De seu teste com esse novo questionário, surgiram cinco fatores de
análises: contexto social, comunicação online, interatividade, sistemas de privacidade e
sentimentos de privacidade.
Porém, mesmo com os resultados animadores conseguidos com esse teste, uma
pesquisa posterior conduzida pelo mesmo autor demonstrou que métodos de estudos mistos
que envolviam o questionário (abordagem quantitativa) e a observação dos participantes
(abordagem qualitativa) poderiam ampliar a quantidade de variáveis que contribuem com a
presença social (LOWENTHAL, 2010).
4. Presença Social e suas Implicações para a EAD
Apesar das pequenas diferenças em sua definição e dos diversos modos de medida, o conceito
de presença social ganhou relevância na EAD especialmente por conta das correlações
positivas que foram encontradas pelos pesquisadores da área.
Uma das primeiras descobertas é a forte correlação entre presença social e o grau de
satisfação dos estudantes com a experiência de realizar cursos através de ambientes virtuais de
aprendizagem (GUNAWARDENA e ZITTLE, 1997). Através da análise fatorial de um
questionário aplicado após o evento, os pesquisadores identificaram três fatores relacionados
à satisfação dos participantes, sendo a presença social o fator de maior impacto, contribuindo
com 60% da variância, seguido de percepção de oportunidades iguais (equidade), com apenas
7% da variância e, por fim, as habilidades técnicas contribuindo com somente 4% da
variância no nível de satisfação. Dessa forma, os pesquisadores concluíram que o nível de
presença social é sozinho um forte preditor do grau de satisfação dos estudantes.
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Outro estudo aponta alta correlação entre presença social e aprendizagem percebida
pelos alunos, bem como presença social e satisfação com o tutor/instrutor por parte dos alunos
(RICHARDSON e SWAN, 2003). Estudantes com alta percepção de presença social também
perceberam que sua aprendizagem foi maior do que aqueles que tinham baixa percepção de
presença social. No mesmo estudo, também foi verificado que alunos com alto escore de
presença social apresentaram-se muito mais satisfeitos com os seus instrutores, tanto em
relação à quantidade, quanto à qualidade da interação que esses instrutores mantiveram com
esses alunos.
A presença social também está relacionada com a interação entre os alunos (TU,
2000). Para que a interação ocorra é fundamental que os alunos reconheçam a presença dos
demais. Quanto maior a interação entre os alunos, maior o estímulo e a motivação para eles se
engajarem no processo de aprendizagem. Por outro lado, se a presença social for baixa, a
interação não ocorre, o que afetaria fortemente a socialização da aprendizagem num ambiente
virtual. Entretanto, não é somente a quantidade ou a frequência das interações no ambiente
virtual de aprendizagem que aumentará a percepção de presença social, e sim a qualidade
dessas interações (TU e MCISAAC, 2002).
A presença social é um fator chave para a percepção da qualidade na EAD a partir da
perspectiva do aluno (COBB, 2009). A criação de um alto grau de presença social pode
promover estratégias que são mais semelhantes aos cursos presenciais e, dessa forma, tornar o
ambiente virtual de aprendizagem mais familiar aos estudantes (MACKEY e FREYBERG,
2010). Os pesquisadores sugerem que a implantação de estratégias para aumentar a presença
social pode criar um clima de aprendizagem mais positivo, e assim melhorar a experiência
global de aprendizagem, ao tornar o ambiente virtual mais agradável para os alunos.
Diante das variadas implicações apresentadas, emerge a importância de se trabalhar a
percepção de presença social dos alunos na EAD. Os resultados dessas pesquisas sugerem que
alunos e tutores devem estabelecer e manter um elevado nível de percepção da presença social
no AVA. Quanto maior o nível de presença social, maior a interação entre alunos e tutores,
maior a interação entre os próprios alunos, melhor percepção de aprendizagem, maior
familiaridade com o ambiente virtual e, sobretudo, melhor nível de satisfação dos estudantes
com os seus cursos.
5. Conclusão
Não há dúvidas de que o fenômeno da presença social é um importante aspecto a ser avaliado
e estimulado nos ambientes virtuais de aprendizagem utilizados nas iniciativas de educação a
distância. Se considerarmos que a aprendizagem é uma atividade essencialmente social, elevar
a percepção de presença social dos alunos é fundamental para elevar o nível de aprendizagem
percebida pelos estudantes na EAD.
Infelizmente, ainda são poucas as pesquisas realizadas no Brasil sobre esse tema. É de
extrema importância a validação de instrumentos de medida que sejam adequados à realidade
país, bem como desenvolver estratégias para elevar os níveis de presença social dos alunos de
EAD adaptados para a cultura da população brasileira.
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A validação de instrumentos padronizados poderia, sobretudo, facilitar a realização de
análises comparativas entre, por exemplo, os diversos ambientes virtuais de aprendizagem
disponíveis no mercado, ou ainda entre cursos de diversas áreas, bem como em diferentes
níveis educacionais (graduação, pós-graduação, educação aberta, educação corporativa, entre
outros).
Dessa forma, propõe-se que nesse momento os estudos deveriam se concentrar
primeiro na identificação de quais seriam as múltiplas dimensões que comporiam a presença
social, para só então partir para construção dos instrumentos apropriados à medição desse
fenômeno que pudesse ser amplamente utilizados, a fim de identificar de fato quais seriam os
fatores que poderiam contribuir com a elevação do nível de presença social nas iniciativas de
educação a distância.
A falta de instrumentos de medida adequados, nesse momento, não deveria
inviabilizar iniciativas que visam elevar o grau de percepção da presença social dos alunos de
EAD. Tornar tutores, professores e coordenadores mais próximos dos alunos sempre foi
essencial na EAD. Inclusive, pesquisa realizada em cursos de graduação da Universidade
Aberta de Portugal apontou que, para os alunos, os coordenadores de cursos são mais
influentes na percepção da presença social, do que na presença de ensino ou na presença
cognitiva (CABRAL e AMANTE, 2011).
Utilizar os recursos disponíveis nas redes sociais, tão populares atualmente, também
pode ser uma iniciativa importante para que os alunos possam perceber a presença dos
demais. A construção coletiva de blogs e wikis para publicação de textos; além da utilização
de recursos informais no AVA como compartilhar, conectar ou “gostar” de algo, podem
assumir um papel de aproximação interessante. O uso de ferramentas como o Twitter, por
exemplo, pode incrementar a aprendizagem informal e manter o relacionamento entre os
participantes além do AVA (DUNLAP e LOWENTHAL, 2009).
Portanto, identificar estratégias adequadas, implementar ações junto aos alunos no
AVA e compartilhar as melhores práticas com a comunidade científica da área certamente
trará uma contribuição significativa para melhorar o nível de percepção da qualidade da EAD
no país por parte dos alunos.
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