1
P
O
RU
MAMO
R
A
D
I
AT
E
R
MI
C
A
ME
N
T
EC
O
N
F
O
R
T
Á
V
E
L
V
E
R
N
E
RMA
XL
I
G
E
RD
EME
L
L
OMO
N
T
E
I
R
O
P
R
O
P
O
S
T
AD
EH
A
B
I
T
A
Ç
A
OD
EI
N
T
E
R
E
S
S
ES
O
C
I
A
LC
O
MÊ
N
F
A
S
EN
OC
O
N
F
O
R
T
OT
É
R
MI
C
O
P
O
RU
MAMO
R
A
D
I
AT
E
R
MI
C
A
ME
N
T
EC
O
N
F
O
R
T
Á
V
E
L
P
R
O
P
O
S
T
AD
EH
A
B
I
T
A
Ç
A
OD
EI
N
T
E
R
E
S
S
ES
O
C
I
A
LC
O
MÊ
N
F
A
S
EN
OC
O
N
F
O
R
T
OT
É
R
MI
C
O
V
O
L
U
ME1
V
E
R
N
E
RMA
XL
I
G
E
RD
EME
L
L
OMO
N
T
E
I
R
O
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO
TÉRMICO
Dissertação de Mestrado
NATAL-RN, 2012
1
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO
TÉRMICO
Dissertação submetida ao Mestrado Profissional
em Arquitetura, Projeto e Meio Ambiente do
Programa de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito para obtenção do
Título de MESTRE.
Orientadora:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso.
Co-orientador:
Prof. Aldomar Pedrini, PhD.
NATAL-RN
2012
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de
Arquitetura
Monteiro, Verner Max Liger de Mello.
Por uma moradia termicamente confortável: proposta de habitação de
interesse social com ênfase no conforto térmico. / Verner Max Liger de
Mello Monteiro. – Natal, RN, 2012.
127 f.: il.
Orientador (a): Maísa Dutra Veloso.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.
1. Habitação – Dissertação. 2. Interesse Social – Dissertação. 3.
Conforto térmico – Dissertação. I. Veloso, Maísa Dutra. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-ARQ
CDU 728
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO
TÉRMICO
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________________
Profª Drª. Maísa Dutra Veloso - PPGAU/UFRN (Presidente)
________________________________________________________
Prof. Aldomar Pedrini, PhD – PPGAU/UFRN (Examinador Interno)
________________________________________________________
Prof. Dr. Rubenilson Brazão Teixeira – PPGAU/UFRN (Examinador Interno)
___________________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Salazar Bittencourt – UFAL (Examinador Externo)
3
Este trabalho é dedicado à minha esposa. Sua presença ao meu lado
foi simplesmente o fator que me possibilitou o cumprimento desta
jornada.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por mais essa conquista na minha vida.
Aos meus pais, por investirem na base da minha educação, e pelo acompanhamento constante.
À minha avó, pelo carinho e presença intensiva dos últimos 12 anos.
À minha orientadora Maísa Veloso pela amizade, ensinamentos, paciência e acompanhamento
constante durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu co-orientador Aldomar Pedrini, pelo incentivo à reflexão e disponibilização de
recursos que viabilizaram o desenvolvimento da pesquisa.
Ao professor Rubenílson Teixeira pelas constantes “dicas”, presentes desde os primeiros
passos do Mestrado.
À equipe do LabCon, em especial ao colega Giovani Pachêco, pelo grande apoio e dedicação
em etapa decisiva da pesquisa.
5
RESUMO
Esta pesquisa abrange a temática da habitação de interesse social e sua relação com o conforto
térmico, de forma aplicada a uma intervenção urbanística e arquitetônica em terreno situado
na região central da zona urbana de Macaíba/RN. Refletir sobre o papel do projeto e da
utilização de materiais construtivos alternativos na busca por melhores resultados de
desempenho é um dos seus principais objetivos. A hipótese é que, através da mudança de
parâmetros de projeto e de escolha de materiais, é possível obter melhores resultados de
desempenho térmico, sem ultrapassar os limites orçamentários impostos pelos programas
habitacionais. Para tanto, foram realizadas simulações computacionais de desempenho
térmico e de ventilação natural através de dinâmica dos fluidos computacional ou CFD
(Computacional Fluid Dynamics). A apresentação dos dados de simulação térmica seguiu a
metodologia proposta na dissertação de Negreiros (2010), que visa encontrar o percentual da
quantidade de horas de conforto obtidas em todo o ano, enquanto que a análise dos dados de
ventilação natural foi feita a partir das imagens geradas pelas imagens extraídas do CFD. A
partir do modelo de edificação projetado, foi montado um quadro analítico que tem como
resultado um comparativo entre três diferentes propostas de habitações modelo de conjuntos
habitacionais, no qual é avaliada a questão do desempenho térmico das edificações, e também
são abordadas as variáveis espaciais de projeto, materiais construtivos e custos. Conclui-se
que o trabalho final confirmou as hipóteses gerais estabelecidas no início da pesquisa, tendo
sido possível quantificar os resultados e identificar que a importância do projeto e dos
materiais construtivos são equivalentes, e que, se somados, levam a ganhos de desempenho
térmico em potencial.
Palavras-chave: Habitação de Interesse Social; Conforto Térmico; Projeto de Arquitetura e
Urbanismo.
6
ABSTRACT
This research covers the topic of social housing and its relation to thermal comfort, so applied
to an architectural and urban intervention in land situated in central urban area of
Macaíba/RN, Brazil. Reflecting on the role of design and use of alternative building materials
in the search for better performance is one of its main goals. The hypothesis is that by
changing design parameters and choice of materials, it is possible to achieve better thermal
performance results. Thus, we performed computer simulations of thermal performance and
natural ventilation using computational fluid dynamics or CFD (Computational Fluid
Dynamics). The presentation of the thermal simulation followed the methodology proposed in
the dissertation Negreiros (2010), which aims to find the percentage of the amount of hours of
comfort obtained throughout the year, while data analysis was made of natural ventilation
from images generated by the images extracted from the CFD. From model building
designed, was fitted an analytical framework that results in a comparison between three
different proposals for dwellings housing model, which is evaluated the question of the
thermal performance of buildings, and also deals with the spatial variables design,
construction materials and costs. It is concluded that the final report confirmed the general
hypotheses set at the start of the study, it was possible to quantify the results and identify the
importance of design and construction materials are equivalent, and that, if combined, lead to
gains in thermal performance potential.
Key-words: Social housing; Thermal Confort; Architectural Design and Urban Planning.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Zonas de conforto representadas pelo nomograma de temperatura efetiva
(esquerda) e pela carta Bioclimática (direita). .......................................................................... 25
Figura 2 – Campos de pressão em um cubo. ............................................................................ 26
Figura 3 – Simulação computacional mostrando o escoamento dos ventos em torno de
edifícios com diferentes arranjos. ............................................................................................. 27
Figura 4 – Variação de coeficientes de pressão em função da direção do vento, em relação à
normal da abertura, e da densidade do assentamento. .............................................................. 27
Figura 5 – Corpo submetido a corrente de vento e sua respectiva esteira. ............................... 28
Figura 6 – Esquema elucidativo com sequência das etapas da construção das habitações. ..... 32
Figura 7 – Propostas para ampliação na parte lateral nas edificações. ..................................... 33
Figura 8 – Propostas para ampliações na parte posterior das edificações. ............................... 34
Figura 9 – Tipos de edificações relacionando suas ampliações às densidades das áreas nas
quais serão implantadas. ........................................................................................................... 35
Figura 10 – Desenho esquemático de sustentabilidade. ........................................................... 36
Figura 11 – Implantação do projeto vencedor do Concurso do CDHU-SP, 2010.................... 37
Figura 12 – Perspectiva de dois sobrados conjugados. ............................................................ 38
Figura 13 – Implantação do projeto Menção Honrosa do Concurso CDHU-SP, 2010. ........... 39
Figura 14 – Foto dos painéis pré-moldados de alvenaria prontos para a montagem. .............. 41
Figura 15 – Foto de um painel recém-montado, escorado após fixação da base. .................... 41
Figura 16 – Esquema conceitual de partido urbanístico. .......................................................... 42
Figura 17 – Tipologia geminadas em fita com dois e três pavimentos. ................................... 43
Figura 18 – Conjunto habitacional completo: todas as tipologias existentes. .......................... 43
Figura 19 – Panorama geral do conjunto Morada da Fé, entregue em 2010. ........................... 48
Figura 20 – Implantação do conjunto habitacional Morada da Fé. .......................................... 49
Figura 21 – Planta baixa da residência modelo do conjunto habitacional “Morada da Fé”. .... 50
Figura 22 – Corte transversal da residência modelo do conjunto habitacional “Morada da Fé”.
.................................................................................................................................................. 50
Figura 23 – Implantação do conjunto de 60 casas da prefeitura. ............................................. 51
Figura 24 – Planta baixa de habitação modelo para conjunto habitacional de 60 casas. ......... 51
Figura 25 – Cronograma físico-financeiro com custos por habitação. ..................................... 53
Figura 26 – Mapa do Rio Grande do Norte, com destaque ao município de Macaíba. ............ 54
Figura 27 – Mapa de integração global do sistema viário de Macaíba. ................................... 55
8
Figura 28 - Mapa do loteamento Nova Macaíba, com destaque para as áreas públicas. ......... 56
Figura 29 – Mapa do entorno, com destaque para a área de intervenção, em vermelho. ......... 57
Figura 30 – Usos existentes e previstos para a área institucional do loteamento Nova Macaíba.
.................................................................................................................................................. 58
Figura 31 – Topografia do terreno. ........................................................................................... 59
Figura 32 – Árvores frutíferas do terreno. ................................................................................ 60
Figura 33 – Massa arbustiva presente no terreno, com a presença do ginásio ao fundo. ......... 60
Figura 34 – Indicação da Zona Bioclimática 8, com destaque para a localização de
Macaíba/RN. ............................................................................................................................. 60
Figura 35– Carta Bioclimática com recomendações para climas quentes e úmidos. ............... 61
Figura 36 – Insolação incidente sobre as divisas do terreno. ................................................... 62
Figura 37 – Comportamento dos ventos na Região Metropolitana de Natal............................ 62
Figura 38 – Implantação de casas isoladas. Sem escala. .......................................................... 69
Figura 39 – Planta baixa da proposta de casa isolada. Sem escala. .......................................... 69
Figura 40 – Implantação com casas geminadas em fita. Sem escala. ...................................... 70
Figura 41 – Planta baixa da proposta de unidade geminada em fita. Sem escala. ................... 71
Figura 42 – Implantação com casas duplex. Sem escala. ......................................................... 72
Figura 43 – Planta baixa da proposta de unidade geminada a duas. Sem escala. .................... 73
Figura 44 – Implantação com casas geminadas duas a duas. Sem escala. ............................... 74
Figura 45 – Trecho da quadra-tipo. Sem escala. ...................................................................... 74
Figura 46 – Primeiro estudo volumétrico do conjunto habitacional. ....................................... 75
Figura 47 – Primeiro estudo volumétrico da unidade habitacional. ......................................... 75
Figura 48 – Segundo estudo volumétrico da unidade habitacional. ......................................... 76
Figura 49 – Implantação versão final. Sem escala. .................................................................. 76
Figura 50 – Terceiro estudo volumétrico da unidade habitacional. ......................................... 77
Figura 51 – Planta baixa da edificação. .................................................................................... 78
Figura 52 – Sequência construtiva das unidades habitacionais. ............................................... 78
Figura 53 – Implantação do conjunto habitacional e ginásio existente. Sem escala. ............... 80
Figura 54 – Perspectiva isométrica de duas habitações. ........................................................... 81
Figura 55 – Planta baixa das unidades habitacionais geminadas duas a duas. ......................... 82
Figura 56 – Perspectiva a partir da via pública de duas unidades habitacionais. ..................... 82
Figura 57 – Perspectiva a partir dos fundos do lote de duas unidades habitacionais. .............. 83
Figura 58 – Detalhes de fixação do Painel Wall na laje radier e face a face. .......................... 87
Figura 59 – Esquadrias do tipo tabicão, com mecanismo de controle. .................................... 88
9
Figura 60 – Telha Isotelha, fabricante Isoeste. ......................................................................... 89
Figura 61 – Vista explodida de duas habitações geminadas. ................................................... 90
Figura 62 – Detalhes da planilha de predição de desempenho térmico. ................................... 96
Figura 63 – Exemplo de gráfico para análise de avaliação de desempenho térmico. .............. 96
Figura 64 – Quadro de edição das informações de simulação CFD. ...................................... 101
Figura 65 – Processo de construção do modelo para simulação térmica. .............................. 105
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Lista de áreas e dimensões mínimas de ambientes para Macaíba. ......................... 64
Tabela 2 – Programa de necessidades e pré-dimensionamento proposto pelo autor................ 65
Tabela 3 – Densidades normais em diferentes tipologias habitacionais. ................................. 67
Tabela 4 – Relação entre densidades e aparecimento de problemas na urbanização. .............. 67
Tabela 5 - Orçamento unitário do modelo de habitação proposta do tipo “C”. ....................... 91
Tabela 6 – Modelo proposto de avaliação do desempenho térmico. ........................................ 97
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Possibilidades de ampliação da UH proposta. ....................................................... 84
Quadro 2 – Análise dos materiais aplicáveis à envoltória dos modelos de edificação. ........... 86
Quadro 3 - Resultados da simulação térmica dos ambientes da UH convencional. ................. 99
Quadro 4 - Resultados da simulação da UH convencional com direção do vento a 90º. ....... 102
Quadro 5 - Resultados da simulação da UH convencional com direção do vento a 135º. ..... 103
Quadro 6 - Resultados da simulação da UH convencional com direção do vento a 180º. ..... 104
Quadro 7 - Resultados da simulação térmica dos ambientes da UH Tipo “B”. ..................... 106
Quadro 8 – Resultados da simulação da UH proposta com direção do vento a 90º. .............. 107
Quadro 9 – Resultados da simulação da UH proposta com direção do vento a 135º. ............ 108
Quadro 10 - Resultados da simulação da UH proposta com direção do vento a 180º. .......... 109
Quadro 11 – Resultados da simulação térmica dos ambientes da UH proposta. ................... 110
Quadro 12 – Avaliação comparativa dos três tipos de habitação em estudo. ......................... 113
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
TCC: Trabalho de Conclusão de Curso.
HIS: Habitação de Interesse Social.
UH: Unidade Habitacional.
FCP: Fundação Casa Popular.
IAP: Instituto de Aposentadorias e Pensões.
BNH: Banco Nacional da Habitação.
SEAC: Secretaria Especial de Ação Comunitária.
PAIH: Plano de Ação Imediata para Habitação.
CEF: Caixa Econômica Federal.
PAC: Programa de Aceleração do Crescimento.
PAR: Programa de Arrendamento Residencial.
MCMV: Minha Casa, Minha Vida.
PSH: Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social.
CDHU-SP: Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do estado de São Paulo.
CFD: Dinâmica de Fluidos Computacional, do inglês Computacional Fluid Dynamics.
ACH: Trocas de Ar por Hora, do inglês Air Changes per Hour.
RTQ-C: Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios
Comerciais, de Serviço e Públicos.
RTQ-R: Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios
Residenciais.
CAERN: Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte.
BIM: Modelo de Informação da Edificação, do inglês Building Information Modeling.
13
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15
2
REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ............................................................. 20
2.1 A PROBLEMÁTICA DA HABITAÇÃO NO BRASIL .............................................. 20
2.2 CONFORTO TÉRMICO E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ...................... 23
3
ESTUDOS EMPÍRICOS ................................................................................................ 30
3.1 VENCEDOR DO CONCURSO “HABITAÇÃO PARA TODOS” – CATEGORIA
SOBRADOS ......................................................................................................................... 30
3.2 MENÇÃO HONROSA DO CONCURSO “HABITAÇÃO PARA TODOS” –
CATEGORIA SOBRADOS ................................................................................................. 38
3.3 CONJUNTO HABITACIONAL EM SÃO JOSÉ DO MIPIBÚ/RN ........................... 40
3.4 MENÇÃO HONROSA DO CONCURSO “10º PRÊMIO JOVENS ARQUITETOS”41
4
A SITUAÇÃO HABITACIONAL NO MUNICÍPIO DE MACAÍBA ....................... 45
4.1 O CONTEXTO ATUAL .............................................................................................. 45
4.2 OS PROJETOS DA PREFEITURA ............................................................................. 48
5
CONDICIONANTES PROJETUAIS ........................................................................... 54
5.1 A ÁREA DE INTERVENÇÃO.................................................................................... 54
5.2 ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS ..................................................................... 59
5.3 ASPECTOS LEGAIS ................................................................................................... 63
5.3.1
Lei de Parcelamento do Solo (1.222/2005) ........................................................ 63
5.3.2
Plano Diretor de Macaíba (01/2008) ................................................................. 63
5.3.3
Código de Obras e Edificações de Macaíba (149/1983)................................... 64
5.4 ASPECTOS FUNCIONAIS ......................................................................................... 64
5.5 ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS ............................................................................... 66
6
CONCEPÇÃO E EVOLUÇÃO DO PARTIDO ........................................................... 67
6.1 CASAS ISOLADAS .................................................................................................... 68
6.2 CASAS GEMINADAS EM FITA ............................................................................... 70
6.3 CASAS DUPLEX (TIPO SOBRADO) ........................................................................ 71
6.4 CASAS GEMINADAS DUAS A DUAS ..................................................................... 72
6.4.1
7
Evolução da Proposta ......................................................................................... 75
PROPOSTA PROJETUAL ............................................................................................ 80
7.1 IMPLANTAÇÃO ......................................................................................................... 80
14
7.2 UNIDADE HABITACIONAL ..................................................................................... 81
8
7.2.1
Opções de Ampliação ......................................................................................... 83
7.2.2
Seleção de materiais e sistemas construtivos .................................................... 85
7.2.3
Quantificação e Orçamento da Unidade Habitacional ................................... 90
SIMULAÇÕES ................................................................................................................ 94
8.1 MODELO DE HABITAÇÃO CONVENCIONAL - TIPO “A” .................................. 97
8.1.1
Desempenho térmico .......................................................................................... 97
8.1.2
Ventilação natural ............................................................................................ 100
8.2 MODELO DE HABITAÇÃO PROPOSTA - TIPO “B” ........................................... 105
8.2.1
Desempenho térmico ........................................................................................ 105
8.2.2
Ventilação natural ............................................................................................ 107
8.3 MODELO DE HABITAÇÃO PROPOSTA - TIPO “C” ........................................... 110
9
8.3.1
Desempenho térmico ........................................................................................ 110
8.3.2
Ventilação natural ............................................................................................ 111
ESTUDO COMPARATIVO ........................................................................................ 112
10 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 116
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 119
GLOSSÁRIO ........................................................................................................................ 122
APÊNDICES ......................................................................................................................... 124
15
1
INTRODUÇÃO
A importância do projeto de habitação de interesse social é um tema recorrente no
Brasil, que vem sendo discutido enfaticamente há pelo menos 80 anos. Em função da
condição crítica em que se encontravam as moradias que vinham sendo produzidas
aceleradamente desde a última década do século XIX, particularmente no estado de São
Paulo, acontece, durante o Estado Novo, sob a iniciativa do então presidente Getúlio Vargas,
a intervenção do Estado brasileiro na questão habitacional.
Foram então tomadas as primeiras iniciativas governamentais para a produção de
moradias para a população de baixa renda, e durante o I Congresso de Habitação no Brasil
(1931), discutem-se pela primeira vez itens relacionados à racionalização construtiva,
simplificação dos materiais de construção, redução dos padrões de acabamento, mudança dos
códigos de obras, padronização das unidades, normatização de materiais e viabilização de
acessos à periferia, aspectos que permanecem no centro do debate até os dias atuais.
Dessa forma, os itens que recebem maior importância nas discussões relacionadas ao
tema em questão são quase sempre aqueles que trazem à tona a máxima de se construir o
maior número de unidades com o mínimo de recursos, visando, sobretudo, a redução do
déficit de moradias. Ou seja, as preocupações giram mais em torno de itens relacionados à
quantidade, deixando muitas vezes de lado a questão qualitativa. Itens de qualidade como os
que levam em conta a satisfação do usuário são quase sempre deixados em segundo plano, em
razão da forte preocupação com a geração de ótimos resultados quantitativos, o que, para a
política, tem um cunho bastante apelativo.
As questões relacionadas ao conforto térmico em habitação de interesse social são na
grande maioria das vezes esquecidas, pelo que se observa na histórica trajetória brasileira de
produção de habitação para a população de baixa renda. Talvez a explicação para essa questão
seja que a adoção de um projeto de bom desempenho térmico está equivocadamente
relacionada ao aumento significativo de custos unitários na habitação.
O projeto de arquitetura tem um papel muito importante nesse contexto. Tratando-se
de um tema no qual os recursos são tão escassos, é na etapa de planejamento do projeto em
que se podem obter maiores ganhos do ponto de vista de desempenho térmico. A simples
adoção de diretrizes considerando as normas atuais de desempenho térmico em edificações já
seria o suficiente para obter ganhos significativos em projetos de baixo custo. Indo além dessa
estratégia, testar as certificações por métodos prescritivos e de simulação subsidiaria ainda
16
mais o desenvolvimento da ideia, embasando cada vez mais a tomada de decisões por parte
dos arquitetos projetistas.
Portanto, a questão problema que fomentou este trabalho foi como desenvolver um
projeto de um Conjunto Habitacional de Interesse Social com ênfase no conforto térmico,
considerando as diversas técnicas construtivas existentes no mercado, bem como as restrições
orçamentárias inerentes a esta categoria habitacional. A proposta arquitetônica partiu de
preceitos da norma NBR 15.220-3, que define o Zoneamento bioclimático brasileiro e as
diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, sempre tendo em vista
o aspecto do controle orçamentário.
Dessa forma, o objetivo geral do trabalho foi demonstrar que é possível alcançar níveis
de desempenho térmico adequados em uma habitação de interesse social sem ultrapassar o
limite orçamentário imposto pelo programa habitacional. Para tanto, os seguintes objetivos
específicos foram considerados:
- Compreender a conceituação, definição e aplicação dos princípios de conforto
térmico em uma habitação de interesse social;
- Realizar estudo de materiais e sistemas construtivos disponíveis no mercado e seus
custos, para uma aplicação viável e exequível na obra;
- Desenvolver estudos empíricos de edificações de interesse social que se destaquem
pelo seu desempenho ambiental e pela aplicação de materiais e sistemas construtivos pouco
convencionais;
- Elaborar projeto arquitetônico de um conjunto de habitações unifamiliares de
interesse social com ênfase no conforto térmico para ser executado pela Prefeitura Municipal
de Macaíba/RN.
A área escolhida para o desenvolvimento desse projeto está localizada na zona urbana
do município, bairro São José, em um terreno situado em uma área institucional
remanescente, doada ao poder público pelo loteamento Nova Macaíba. Além de ter sido
apontada pela prefeitura como área de potencial concretização da ideia, o local apresenta boa
localização em relação a acessos e infraestrutura da cidade.
Alguns procedimentos metodológicos foram adotados para a elaboração do projeto em
questão. Inicialmente, foi realizada pesquisa bibliográfica e eletrônica em livros, trabalhos
acadêmicos, anais de eventos e periódicos relacionados aos temas da Habitação de Interesse
Social e Conforto Térmico, além de sítios eletrônicos detentores de informações relacionadas
aos programas habitacionais do governo federal, aplicados pelo município de Macaíba.
17
Foram realizadas visitas de campo a dois diferentes conjuntos habitacionais do
município: o “Morada da Fé”, entregue pelo poder municipal em setembro de 2010, integrante
do programa habitacional PSH, onde foram extraídas fotografias e feitas entrevistas aos
usuários para uma breve avaliação da percepção deles em relação ao ambiente construído em
que moram; o segundo conjunto visitado, o “PAR” do bairro São José, adjacente à área de
intervenção, em que foram feitos fotografias, estudo cartográfico e entrevistas aos usuários,
conforme ocorreu na primeira visita.
Posteriormente, foram estudadas a legislação urbanística e ambiental incidente na área,
bem como as normas e regulamento de desempenho térmico de edificações. Na seqüência,
pesquisaram-se materiais e sistemas construtivos, e suas possíveis aplicações. O processo de
projeto daí resultante procurou considerar todas as variáveis pesquisadas, priorizando o
desempenho térmico, a qualidade espacial e estética e o custo total de construção das
Unidades Habitacionais.
Concluído o processo de projetação do conjunto habitacional proposto, procedemos à
etapa do trabalho que representa talvez sua maior contribuição: o estudo comparativo entre
três tipos de habitação, denominadas “A”, “B” e “C”. O primeiro corresponde a um tipo
utilizado de forma recorrente pela prefeitura de Macaíba, aplicado a um conjunto habitacional
de 60 casas, e atualmente em fase de execução. Os dois outros tipos são resultados do estudo
proposto por este trabalho, em que foi projetado um conjunto habitacional de 50 casas,
aplicando ao segundo tipo de habitação o sistema construtivo tradicional ao munícipio,
enquanto que o terceiro conta com sistema construtivo alternativo ao que costumeiramente se
aplica em edificações dessa categoria.
Através da montagem de um quadro comparativo, foram levantadas e comparadas,
para cada UH, as seguintes variáveis:
 Implantação no terreno;
 Organização espacial;
 Área construída;
 Materiais das envoltórias;
 Custo total;
 Ventilação natural;
 Desempenho térmico;
Para a implantação, foram avaliados itens relativos à orientação e ao espaçamento
entre as edificações. No item seguinte, organização espacial, avaliaram-se as propriedades
18
espaciais propriamente ditas da edificação, estudando-se desde questões de distribuição do
programa, possibilidades de ampliações futuras e solução formal adotada. Os materiais
construtivos da envoltória foram resultado de levantamento de possibilidades, seguido de
escolha daqueles que mais se adequaram a questões de custos, tempo de execução e mão-deobra. Para finalizar, como forma de avaliar o desempenho térmico e de ventilação natural,
foram realizadas simulações computacionais para cada tipo habitacional. Os dados dessas
simulações alimentaram tabelas quantitativas que deram origem a gráficos elucidativos, nos
quais foi possível aferir o desempenho dos modelos comparados.
Vale salientar que, neste trabalho, o traçado urbano foi estudado de forma a viabilizar
a melhor implantação das casas no terreno escolhido para implantação , considerando
essencialmente os itens relativos à espacialidade e ao conforto térmico das habitações (melhor
orientação notadamente). Não constituiu objetivo deste trabalho verificar as possíveis
variações de custos de diferentes organizações espaciais urbanas, ficando este aspecto
orçamentário centrado na unidade habitacional.
Este Trabalho de Conclusão de Curso de Mestrado Profissional é composto por dois
volumes, sendo o Volume 01 pelo presente memorial, e o Volume 02, pelo caderno de
pranchas e perspectivas do projeto arquitetônico.
O Volume 01 está estruturado da seguinte maneira: após a Introdução, apresenta-se o
referencial teórico-conceitual que aborda dois temas principais, sendo o primeiro relacionado
à problemática da habitação no Brasil e o segundo, ao conforto térmico na habitação de
interesse social.
No capítulo 3, são apresentados os estudos empíricos realizados para referenciação do
projeto, fazendo-se uma análise crítica dos pontos que possam ter rebatimento na nossa
proposta.
O quarto capítulo é dedicado à situação habitacional Município de Macaíba, no qual é
feito um panorama atual da problemática na cidade, considerando os principais programas
habitacionais implementados pelo poder público local.
O capítulo 5 é destinado à exposição dos condicionantes projetuais. Nele são
apresentados a área de intervenção, os aspectos físicos e ambientais, as normas e
regulamentos de desempenho térmico de edificações, além dos aspectos legais, funcionais e
orçamentários referentes à realidade do município e à população usuária dos conjuntos
habitacionais.
19
No capítulo 6, são apresentados o processo de concepção e a evolução do partido
arquitetônico e urbanístico, registrando os diferentes tipos arquitetônicos e implantações
testadas e os fatores responsáveis pela tomada de decisões.
O sétimo capítulo trata da proposta projetual propriamente dita, detalhando-a sob o
ponto de vista dos aspectos relacionados à implantação do Conjunto e à Unidade
Habitacional.
O capítulo 8 é reservado para as simulações do projeto do Conjunto Habitacional São
José e do Conjunto Morada da Fé, utilizando o software Design Builder 2.2.
No nono capítulo, propõe-se um estudo comparativo entre os três modelos de casa
estudados no trabalho, com a finalidade de atingir o último objetivo específico traçado.
Na sequência, chegam-se às considerações finais do trabalho, onde de forma
conclusiva são expostas todas as etapas do trabalho, as dificuldades que foram enfrentadas no
decorrer da pesquisa e desenvolvimento do projeto, além da análise geral dos resultados e
apontamentos para futuros trabalhos.
A parte relativa aos elementos Pós-textuais deste Volume 01 é composta das
Referências e dos Apêndices.
No Volume 02, além das perspectivas, estão contidas dez pranchas de projeto, assim
sequenciadas:
Prancha 01: Planta de situação;
Prancha 02: Implantação-Coberturas;
Prancha 03: Implantação-Unidades Habitacionais em Planta Baixa;
Prancha 04: Plantas da Unidade Habitacional Proposta;
Prancha 05: Cortes e Fachadas da Unidade Habitacional Proposta;
Prancha 06: Opção de Ampliação 01;
Prancha 07: Opção de Ampliação 02;
Prancha 08: Opção de Ampliação 03;
Prancha 09: Detalhes Construtivos de Esquadrias;
Prancha 10: Perspectivas.
20
2
REFERENCIAL TEÓRICO -CONCEITUAL
O referencial teórico-conceitual deste estudo contempla dois temas principais. O
primeiro, mais geral, discorre sobre a problemática da habitação no Brasil, traçando um breve
panorama histórico acerca de como foi e como é tratada essa questão no país. Essa é uma
reflexão importante para que se possa entender as diferentes posturas relativas à habitação, e
as principais razões do sucesso ou insucesso de cada uma delas. Maior ênfase será dada aos
programas atualmente voltados para a Habitação de Interesse Social (HIS).
A segunda parte trata de aspectos relacionados ao conforto térmico de edificações em
clima quente e úmido, apresentando os principais conceitos e variáveis arquitetônicas a eles
relacionadas, destacando principalmente a importância da ventilação natural como estratégia
de obtenção de conforto.
2.1
A PROBLEMÁTICA DA HABITAÇÃO NO BRASIL
Através de uma análise histórica, Gohn (1991, p.165) deixa claro que a questão da
habitação para população de baixa renda no Brasil não pôde ser resolvida pelo simples jogo
do mercado ou pelas políticas públicas.
Apesar de inúmeras iniciativas, os problemas
persistem.
O resultado da conjuntura histórica de déficit habitacional está em todas as cidades do
país, não havendo, em muitos casos, outra solução que não seja a busca por diferentes
alternativas, na maioria das vezes precárias, para a população de baixa renda.
De acordo com Bonduki (1998), os primeiros indícios de segregação espacial em
habitação surgem no final do século XIX, com a crescente vinda de imigrantes ao estado de
São Paulo e a consequente necessidade por habitações. É nesse contexto que surgem as
legislações de controle de uso do solo e de controle sanitário. A questão habitacional passou a
ser enxergada como um problema de saúde pública, pois o crescimento desordenado começou
a gerar situações insustentáveis de ocupação.
Enquanto foi possível autoconstruir nos terrenos clandestinos – à custa de enorme
esforço familiar –, invadir áreas, levantar barracos, alugar cortiços e pardieiros, a situação ia
“se ajeitando” (GOHN, 1991, p.165).
Até a década de 1930, a questão da habitação social não sofre intervenção por parte do
Estado, a não ser pela criação das leis de controle de ocupação e condições sanitárias. A ação
resumiu-se em “incentivar a iniciativa privada para a construção de vilas para operários”.
(BONDUKI, 1998, p. 41).
21
O governo de Vargas, entre os anos de 1930 e 1945, representa o que pode se chamar de
primeira fase da intervenção do Estado na questão habitacional, marcando o surgimento da
gestão pública da habitação social no Brasil. A iniciativa privada revela-se incapaz de lidar
com a questão, e o governo populista lança os primeiros programas habitacionais do país: os
Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAP’s - e a Fundação Casa Popular - FCP. O
primeiro, lançado nos anos 1930, surge com o propósito de promover planos de
aposentadorias e pensões, não tendo o tema habitação como foco principal. Mesmo assim, de
acordo com Soares (2006), os IAP’s constituíram o mais bem sucedido programa habitacional
do século XX no que se refere à qualidade da construção.
Instituída pelo Decreto-lei n. 9.218 de 1º de maio de 1946, a Fundação da Casa Popular
foi o primeiro órgão, de âmbito nacional, voltado exclusivamente para a provisão de
residências às populações de pequeno poder aquisitivo (AZEVEDO e ANDRADE, 1982,
p.19).
O embrião do programa político lançado na época e por outros que o sucederam
possuía falhas estruturais em diversos pontos. Um dos principais era o de deixar a Fundação
encarregada do papel de assumir atividades de infra-estrutura urbana que proporcionassem a
viabilidade de conjuntos habitacionais. Isso era um reflexo do forte indício de um ideal
paternalista, muito comum nos governos populistas.
Era preciso fortalecer o próprio mercado – estimulando a produção de materiais –,
modernizar as prefeituras, através de treinamento e qualificação de pessoal, e estudar
o processo de “morar” das classes populares, para se tirar partido da prática
comunitária de construir, das técnicas e dos materiais regionais utilizados.
(AZEVEDO e ANDRADE, 1982, p.21).
A iniciativa do FCP pode ser considerada como uma tentativa frustrada dos anos 1940.
De acordo com Bonduki (1998), o programa supracitado, que se estruturou como órgão de
âmbito federal exclusivo para questões habitacionais, produziu somente 18.132 moradias,
enquanto que os IAP’s, surgidos com o propósito inicial de cuidar de aposentadorias e
pensões, produziram 123.995 unidades habitacionais.
Da forma como historicamente tem sido implementada no Brasil, a política
habitacional, de uma maneira geral, tem a prática de beneficiar a população de baixa renda
construindo habitações de interesse social. Porém, essa produção sempre esteve atrelada à
lógica de mercado, tendo em vista o retorno de investimentos no setor.
Segundo Azevedo e Andrade (1982, p.38), o modelo da casa integralmente subsidiada,
nos momentos em que foi implementado, era um “poço sem fundo”. Sem retorno, por maiores
22
que fossem as inversões, não se lograria ampliar significativamente o atendimento de casa
própria.
Durante a época em que o Brasil foi governado pelo regime militar, a política
habitacional foi retomada e vista como oportunidade de aproximação do governo repressivo à
população de baixa renda.
É nesse encadeamento que emerge, de acordo com Azevedo e Andrade (1982, p.58), o
Plano Nacional de Habitação, e com este o BNH, que surge em um momento crucial para o
novo regime dar provas de que é capaz de atacar problemas sociais.
A produção habitacional na época populista representada pela Era Vargas,
especificamente pelos programas IAP’s e FCP, foi insignificante e inexpressiva considerando
as necessidades do país e a produção que foi realizada durante o período do regime militar,
que se iniciou no ano de 1964, por meio do programa do BNH. De acordo Bonduki (1998), a
habitação recebeu maiores investimentos em função da necessidade de legitimação do regime
militar perante as classes populares. A iniciativa habitacional do governo financiou cerca e 4,5
milhões de unidades habitacionais, e se sustentou até o ano de 1986, quando abriu falência, na
mesma época da transição que marcou o fim do regime militar no país.
O problema quantitativo da unidade habitacional foi ligeiramente amenizado,
contudo, a qualidade da maior parte destes conjuntos habitacionais, principalmente
os destinados às classes populares, não conseguiam garantir plenamente o direito à
habitabilidade e à própria noção subjetiva e objetiva da casa. (SOARES, 2006, p.4)
Remetendo-se a um histórico recente, Gohn (1991, p.56) destaca, na busca de
alternativas por moradia no Brasil, as invasões de áreas ocorridas na década de 1980:
São invasões de áreas públicas e privadas, mantidas à espera por valorização, ou
como estoque de terras públicas. Os invasores não construíram barracos de lata,
papelão e pedaços de madeira. Fizeram a demarcação da área em lotes e iniciaram as
construções em alvenaria. Tudo Planejado. E eles não estavam sozinhos. Tinham o
apoio de lideranças políticas ligadas a partidos políticos oposicionistas.
Com o fim do BNH, é a Caixa Econômica Federal que assume o financiamento de
moradias populares no país. Durante o período de governo do presidente José Sarney, a
Secretaria Especial de Ação Comunitária – SEAC é instituída, e surge, então, o Programa
Nacional de Mutirões Habitacionais. Posteriormente, o governo sucessor, de Fernando Collor
de Melo, lança o Plano de Ação Imediata para Habitação - PAIH. De acordo com Soares
(2006), só em 1995, com a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, desenhou-se a
implantação de um novo sistema financeiro, com novos esquemas de captação de capitais,
priorizando a concessão de créditos diretamente à população.
23
A produção habitacional do país se mantém estável até o ano de 2009, quando surge o
programa “Minha casa, minha vida”, lançado pelo governo federal como uma das iniciativas
do Programa de Aceleração do Crescimento1. O programa habitacional do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de forte apelo populista, envolve construtoras e órgão
financiador – Caixa Econômica Federal – como os principais atores da implementação do
programa. As parcerias relativas ao Estado são dispostas entre governo federal e prefeituras,
ficando o primeiro representado pela CEF e o poder municipal responsável pelo
cadastramento da população que será beneficiada. Esse processo será descrito de maneira
mais precisa no capítulo relativo à Situação Habitacional do Município de Macaíba, nosso
universo de intervenção.
2.2
CONFORTO TÉRMICO E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Um dos principais aspectos de Sustentabilidade que pode ser incorporado a uma
Habitação de Interesse Social em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é o do
Conforto Térmico. Essa premissa pode ser levada em consideração partindo do princípio que
construções dessa natureza apresentam, na maioria dos casos, orçamentos bastante restritos.
Nessa perspectiva, as estratégias mais eficientes são o recurso à ventilação natural e a escolha
de materiais construtivos de bom desempenho térmico, especialmente se considerado o clima
quente-úmido, que caracteriza o município de Macaíba.
Nesse contexto, é importante destacar as principais características climáticas das regiões
quentes e úmidas, quais sejam:

Alta umidade do ar

Baixas flutuações diárias e sazonais da temperatura

Intensa luminosidade
Nessas regiões, o desconforto é causado pela alta temperatura associada à alta
umidade do ar, que dificultam as trocas de calor entre a pele do ser humano e o ar, deixando a
pele úmida. O efeito da velocidade do ar no conforto térmico depende da temperatura e
umidade do ar ambiente, assim como da vestimenta e das características fisiológicas do
usuário. Dessa maneira, somente se pode obter alívio do desconforto em função da pele úmida
através da desumidificação da mesma, o que pode ser alcançado através da manutenção de
uma velocidade do ar suficiente sobre o corpo (GIVONI, 1998, p.18).
1
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u540229.shtml>
24
De acordo com Bittencourt (2005), as edificações devem evitar ganhos de calor
provenientes da radiação solar que atinge o envelope da construção e dissipar o calor
produzido internamente. Nesses casos, o resfriamento é a principal meta do projeto
arquitetônico, enquanto que o aquecimento é muito raro. O conforto térmico depende em alto
grau do movimento do ar e da alta prevenção de ganhos de calor. Segundo Szokolay (apud
TRINDADE, 2006), o projetista deve procurar aproximar ao máximo a temperatura interna da
externa, promovendo o resfriamento fisiológico da pele através da ventilação natural.
No que diz respeito à absorção de carga térmica por parte da edificação, Givoni
destaca que:
A radiação solar incidente em uma edificação pode ser controlada por
sombreamento eficiente das aberturas e pela cor de paredes opacas, além da escolha
de materiais de bom isolamento térmico. Uma parede branca, ou uma parede
sombreada por vegetação, absorve uma quantidade consideravelmente menor de
radiação, mesmo que esteja voltada para o leste ou oeste. (GIVONI, 1998, p.387)
Além dos aspectos relacionados à edificação propriamente dita, há de se considerar a
interferência que o entorno exerce sobre o seu desempenho térmico. As edificações próximas,
assim como a vegetação, desempenham um papel fundamental nesse contexto. Dessa forma,
Parker (apud Bittencourt, 2005) considera que o uso adequado da vegetação pode contribuir
significativamente para a redução dos ganhos externos de calor. Contudo, os elementos
paisagísticos de um projeto devem observar a não formação de barreiras às brisas dos
períodos mais quentes, para que a ventilação natural possa ocorrer no interior da edificação.
Em conjunto às estratégias de sombreamento e uso de materiais de bom desempenho
térmico, Bittencourt (1993) considera que o resfriamento por ventilação aparenta ser a solução
de melhor custo/benefício para o contexto de regiões quentes e úmidas.
Com relação ao papel desenvolvido pela ventilação natural, Bittencourt (2010) destaca
que ela pode ser usada com três finalidades complementares:
 Manter a qualidade do ar nos ambientes internos;
 Remover a carga térmica adquirida pela edificação, em decorrência dos ganhos
de calor externos e internos;
 Promover o resfriamento fisiológico dos usuários.
Ainda segundo Bittencourt (2010), para uma mesma combinação de temperatura do ar
e umidade relativa, as zonas de conforto podem ser ampliadas em função do aumento na
velocidade do ar, conforme expresso na Figura 1, em que estão relacionadas variáveis de
Temperatura de Bulbo Úmido, Velocidade do ar, Temperatura de Bulbo Seco e Umidade
25
relativa do ar. A mancha azul de cada gráfico aponta onde está situada a zona de conforto,
considerando o cruzamento das variáveis.
Figura 1 – Zonas de conforto representadas pelo nomograma de temperatura efetiva (esquerda) e pela
carta Bioclimática (direita).
Fonte: Bittencourt, 2010.
Em locais onde o vento é estável em direção e possui razoável intensidade (>3,0 m/s),
a ventilação proporcionada pela força do vento é a estratégia de refrigeração mais simples e
eficiente (GANDEMER apud BITTENCOURT, 2005, p.27). Considerando essa afirmativa, é
importante destacar a importância da estratégia de resfriamento das edificações utilizando o
recurso ventilação natural.
Bittencourt (2005) afirma ainda que o Nordeste do Brasil apresenta significativo
potencial para alcançar condições de conforto térmico com velocidades do ar interno
relativamente baixas (em torno de 1,0 m/s). Para proporcionar altas taxas de ventilação, as
janelas em regiões quentes e úmidas devem ser amplas, mas sombreadas.
Contudo, por mais bem ventilada que seja uma região, nela ocorrem períodos de
calmaria em determinadas épocas do ano, e o município de Macaíba não se isenta dessa
característica. Por ser potencialmente a estratégia de resfriamento principal para edificações
de interesse social, segundo a revisão de literatura, verificou-se também que é necessária a
previsão de ventilação mecânica como mecanismo auxiliar, para garantir a velocidade do ar
nos dias em que haja calmarias na ventilação natural (DUTT et al, apud BITTENCOURT,
2005).
Spain (apud BITTENCOURT, 2010) afirma que o movimento turbulento produzido por
ventiladores de teto é bastante eficaz para elevar a temperatura preferida. O funcionamento
26
desse equipamento foi observado nesse contexto por Clark (apud BITTENCOURT, 2010), o
qual constatou que a sensação de uma pessoa exposta a uma corrente de ar com velocidade de
1 m/s e temperatura de 29°C, foi equivalente a 24°C sem o ventilador de teto.
No que diz respeito ao comportamento da ventilação no exterior das edificações, é
importante destacar que um corpo exposto a uma determinada corrente de vento terá suas
superfícies submetidas a diferentes campos de pressão, conforme Figura 2.
Figura 2 – Campos de pressão em um cubo.
Fonte: Bittencourt, 2010.
As superfícies submetidas à zona de pressão positiva são aquelas que estão aproadas
para o vento, enquanto aquelas que não recebem o vento de frente ou de forma oblíqua estão
em zona de pressão negativa. Bittencourt (2005) afirma que o diferencial de pressão através
de uma construção é força motriz para que ocorra a ventilação no interior dela.
Nessas condições, o tecido urbano deve ser considerado, pois ele pode reduzir
drasticamente a velocidade do vento em razão de uma determinada rugosidade existente.
Bittencourt (2010) cita pesquisa realizada para dois tipos de arranjos tradicionais, o do tipo
grelha e do tipo tabuleiro de xadrez. Este último apresentou uma área de sombra de vento,
também denominada esteira, menor quando comparado ao primeiro tipo pesquisado.
27
Figura 3 – Simulação computacional mostrando o escoamento dos ventos em torno de edifícios com
diferentes arranjos.
TABULEIRO XADREZ
GRELHA ORTOGONAL
GRELHA OBLÍQUA
Fonte: Bittencourt, 2010.
Figura 4 – Variação de coeficientes de pressão em função da direção do vento, em relação à normal da
abertura, e da densidade do assentamento.
Fonte: Lee, Hussain, Solliman (1980 apud BITTENCOURT, 2010).
Bittencourt (2005) conceitua esteira como área demarcada pela zona de separação
entre o fluxo livre do vento e a região turbulenta localizada a sotavento dos corpos,
caracterizada pela formação de vórtices e recirculação de ar. Em outras palavras, é uma
sombra de vento na qual o fluxo de ar não tem regularidade o suficiente para se recuperar e
recircular através de um novo corpo que esteja logo a seguir. O tamanho da esteira é
caracterizado como a distância em que será possível haver uma recuperação da ventilação
natural, de modo que se considere a ventilação chegando ao próximo corpo.
28
Figura 5 – Corpo submetido a corrente de vento e sua respectiva esteira.
Fonte: Evans (1979 apud BITTENCOURT, 2010).
Avaliando as características do clima em questão e suas principais estratégias, é
importante destacar a influência que o arquiteto pode imprimir a um projeto nas fases de
concepção. As decisões iniciais do arquiteto caracterizam-se como elemento-chave, tanto no
que diz respeito a aspectos genéricos das custas de uma obra, quanto em relação a aspectos de
relativos ao desempenho térmico de uma edificação.
Sobre essa condição, Oliveira (2006) afirma que:
Embora as principais decisões relacionadas com o desempenho da edificação sejam
tomadas pelo projetista, a rotina desse profissional tem mostrado negligência para
com o desempenho térmico e energético. Como uma das causas, pode-se apontar a
falta de entendimento do impacto das decisões sobre os fenômenos físicos que
ocorrem entre o clima, a edificação e o seu usuário. (OLIVEIRA, 2006, p.23).
Considerando os aspectos decisórios durante o processo criativo de um projeto, os
ganhos de resultado no ambiente construído podem ser determinantes para classificar uma
edificação como confortável ou não confortável.
De forma objetiva, para se chegar um bom resultado de conforto térmico em regiões
quentes e úmidas, Givoni (1998) aponta os principais objetivos de projeto a serem seguidos,
conforme listados a seguir:

Minimização de ganhos de radiação solar por parte da edificação;

Maximização da taxa de resfriamento durante as noites;

Promoção de ventilação natural efetiva, mesmo durante períodos de chuva;

Prevenção de penetração da chuva nos ambientes da edificação, mesmo durante
as tempestades;

Prevenção da entrada de insetos enquanto as janelas estiverem abertas para
ventilação

Criação de espaços semi-abertos se integrando aos espaços de estar fechados.
29
Ainda segundo Givoni (1998), os principais detalhes de projeto que efetivamente
interferem no alcance desses objetivos são:

Leiaute da edificação;

Orientação dos ambientes principais e das aberturas;

Tamanho e detalhamento das janelas e portas;

Organização e subdivisão do espaço interno;

Sombreamento das aberturas e paredes;

Provisão de varandas e balcões;

Tipo de coberta e seus detalhes;

Propriedades térmicas e estruturais das paredes e da coberta;

Paisagismo do entorno;
Enquanto que o papel climático dos materiais é minimizar ganhos de radiação solar do
interior da edificação durante o dia e maximizar a taxa de resfriamento durante o início da
noite e as demais horas da madrugada, a função da ventilação cruzada é de atingir índices
suficientes para promover renovações do ar na edificação, na busca de maximizar a
desumidificação da pele dos usuários, buscando situa-los na zona de conforto sem a
necessidade da utilização de estratégias ativas.
Assim sendo, para habitações de interesse social situadas em climas quentes e úmidos,
o conforto térmico é função da ação combinada de várias estratégias e detalhes de projeto, os
quais podem ser resumidos em três grandes ações às quais as demais estão condicionadas: uso
correto
de
materiais
e
sistemas
construtivos
da
envoltória,
sombreamento
das
fachadas/aberturas e resfriamento passivo dos ambientes internos por meio da ventilação
cruzada.
30
3
ESTUDOS EMPÍRICOS
Este capítulo apresenta os estudos diretos e indiretos realizados em projetos de
conjuntos habitacionais de interesse social, do tipo unifamiliar. Os critérios técnicos utilizados
para a escolha dos projetos foram, principalmente, o bom desempenho térmico/ambiental das
propostas, além da utilização de materiais e sistemas construtivos alternativos aos que
usualmente são utilizados nas obras de habitação de interesse social.
Os dois primeiros estudos empíricos, que compõem este trabalho como itens 3.1 e 3.2,
foram resultado de um concurso de arquitetura publicado na segunda metade do ano de 2010,
e tratam-se de propostas de habitação de interesse social sustentáveis e de baixo custo, com a
utilização de materiais e sistemas construtivos alternativos. Foram escolhidos com o propósito
de subsidiar as escolhas do sistema construtivo do trabalho final, bem como utilizados como
critério de avaliação de bons resultados de desempenho ambiental, adequados à Zona
Bioclimática 3, local de implementação das propostas.
O terceiro estudo empírico é um conjunto habitacional em fase de execução no
município de São José do Mipibú, escolhido por utilizar uma nova proposta de sistema
construtivo.
Como não foi encontrado um projeto de habitação unifamiliar devidamente
enquadrado à Zona Bioclimática 8, utilizou-se como quarto estudo empírico um projeto
titulado com menção honrosa no concurso “10º prêmio jovens arquitetos – categoria HIS”,
realizado no ano de 2011.
Não foi possível estabelecer critérios idênticos de análise para os quatro estudos
empíricos, em virtude de se tratarem de projetos que se destacam por qualidades diferentes.
Enquanto os dois primeiros interessam-nos pela ênfase ao sistema construtivo e soluções de
sustentabilidade, o terceiro vem contribuir pela introdução de uma técnica construtiva
inovadora. Já o quarto estudo, destaca-se pela sua localização e pelas estratégias de conforto
térmico adotadas na fase do desenho urbano.
3.1
VENCEDOR DO CONCURSO “HABITAÇÃO PARA TODOS” – CATEGORIA
SOBRADOS
A proposta da equipe de projetistas vencedores do concurso “Habitação para todos” é
a construção de habitações compostas por elementos industriais pré-fabricados, como pode
ser observado através da Figura 6. Destaca-se a importância do processo de concepção de um
conjunto habitacional com ênfase no sistema construtivo e na rapidez de sua execução.
31
A produção industrial em larga escala demonstrada no projeto objetiva a diminuição
dos custos e a maior eficiência dos sistemas construtivos utilizados, com uma menor
quantidade de resíduos produzidos na etapa de fabricação.
O projeto explora uma tipologia de duas águas, sem beirais, apresentando esquadrias e
elementos vazados marcantes. O projeto conta com dimensões moduladas do sistema de
alvenaria estrutural, podendo ser adaptável ao sistema de painéis pré-fabricados de concreto
(Figura 3). O sistema também apresenta algumas desvantagens, como a impossibilidade de
reforma das paredes estruturais, demanda de maior perícia e acompanhamento na execução
das obras, e outras questões de ordem técnica.
Considerando o rigor construtivo inerente aos materiais pré-fabricados, os autores do
projeto propõem a utilização de opções de ampliação laterais e de fundos, direcionando e
ordenando os acréscimos posteriores de área conforme a proposta tipológica original de cada
geometria proposta no projeto (Figura 8).
32
Figura 6 – Esquema elucidativo com sequência das etapas da construção das habitações.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
33
Figura 7 – Propostas para ampliação na parte lateral nas edificações.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
34
Figura 8 – Propostas para ampliações na parte posterior das edificações.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
No que tange à escala das edificações, as propostas do embrião e as previsões de
ampliações futuras das edificações estão relacionadas a duas necessidades: às densidades das
áreas que irão ocupar e às características de famílias hipotéticas que venham a ocupar os
imóveis. A figura a seguir mostra a configuração espacial das habitações para pequena, média
e alta densidade do contexto urbano.
35
Figura 9 – Tipos de edificações relacionando suas ampliações às densidades das áreas nas quais serão
implantadas.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
O sistema construtivo apresentado pelo projeto ainda vai além, ao propor a utilização
de placas de concreto com camadas isolantes térmicas, a incorporação de coletores de energia
solar, um sistema de aproveitamento de água da chuva e outras estratégias voltadas para um
bom desempenho da edificação no que se refere às questões térmicas (Figura 10).
Não há comentários quanto às estratégias de sustentabilidade relacionadas ao projeto,
como utilização de dispositivos para promover sombreamento de fachadas/aberturas e a
orientação das edificações (Figura 11). De acordo com as diretrizes recomendadas pela NBR
15220-3, que classifica a região do projeto na Zona Bioclimática 3, o projeto deveria
apresentar mecanismos de controle que permitissem a entrada do sol durante o inverno,
sombreando as aberturas durante o verão. Além disso, no verão, deveria ser prevista a
ventilação cruzada, o que não pôde ser verificado, em função da representação apontar para
aberturas de alumínio e vidro sem elemento de proteção.
A cobertura não possui beirais e não há informações quanto à forma de escoamento
das águas pluviais pelas fachadas, visto que não há saliência dos planos de coberta com
relação aos elementos de vedação verticais da edificação.
36
Figura 10 – Desenho esquemático de sustentabilidade.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
37
Figura 11 – Implantação do projeto vencedor do Concurso do CDHU-SP, 2010.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
O custo por unidade habitacional, incluindo custos de implantação, fixado pelas bases
do concurso foi o intervalo de R$ 60.400,00 a R$ 69.000,00. Já que não foi encontrada a
informação do custo exato por unidade habitacional e implantação do projeto vencedor do
concurso, se for considerado que esse custo se enquadra no preço mínimo (R$60.400,00),
pode-se fazer uma avaliação do custo por metro quadrado comparando-se esse valor à área
construída da habitação, que é de 69,66m². Assim, chegou-se ao custo unitário de R$ 867,06 /
38
m². Porém, fica difícil mensurar qual o custo de implantação, pois é variável que depende da
complexidade do projeto.
Avaliando o valor por metro quadrado das unidades habitacionais do projeto em
questão, percebe-se que a realidade de investimento em habitações de interesse social na
região sudeste é bem diferente da praticada no nordeste do país. A faixa de custo de R$350,00
a R$500,00 por metro quadrado demonstra ser, para a região do Nordeste brasileiro - como no
caso do conjunto habitacional Morada da Fé, em Macaíba/RN – o investimento financeiro
usual. Além disso, há de se destacar que o estudo empírico supracitado apresenta total de área
construída bem acima do que se costuma ver em nossa região. Portanto, de uma maneira
geral, pressupõe-se que as habitações projetadas nesse concurso apresentam melhor qualidade
de acabamento, em razão do maior investimento por metro quadrado, além de apresentar
quantitativamente mais espaço.
3.2
MENÇÃO HONROSA DO CONCURSO “HABITAÇÃO PARA TODOS” –
CATEGORIA SOBRADOS
O projeto agraciado com menção honrosa, premiado na mesma categoria do projeto
avaliado no item anterior, apresenta uma solução de projeto de sobrados geminados dois a
dois, implantados no terreno em três orientações diferentes. O projeto também apresenta a
aplicação de materiais pré-fabricados, seguindo a exigência das bases do concurso, e
incorpora como elemento marcante a chapa reaproveitada de container, colorida, que é a
componente externa das vedações da envoltória da edificação.
Figura 12 – Perspectiva de dois sobrados conjugados.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
39
As edificações são distribuídas no terreno sem a inserção de vias internas de
circulação de veículos para contorná-las. Os automóveis estacionam como em um sistema
condominial, linearmente e nas margens das vias de circulação.
A implantação de uma mesma unidade habitacional em orientações variadas (Figura
13) pode implicar em perdas na adoção de estratégias que visam o bom desempenho térmico
da edificação. A exemplo do projeto avaliado no item anterior, a região onde está implantado
este projeto está enquadrado na Zona Bioclimática 3, e as estratégias recomendadas pela NBR
15220-3 estão aplicadas apenas de forma parcial no projeto. As aberturas para ventilação são
de porte médio, atendendo à norma, porém não existe mecanismo de controle que impeça o
sol de entrar durante o verão. Apesar de a parede ser leve e refletora, e a cobertura isolada,
atendendo a norma, não há potencial de ocorrência de ventilação cruzada, havendo
comprometimento do desempenho térmico.
Figura 13 – Implantação do projeto Menção Honrosa do Concurso CDHU-SP, 2010.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2010/09/26/premiados-concurso-habitacao-para-todos/
40
O valor de cada habitação propriamente dita, no caso desse projeto, foi de R$
52.000,00 por unidade habitacional, sem considerar os custos de implantação. Como a
unidade habitacional possui uma área de 67,01m², o custo unitário por metro quadrado é de
R$ 776,00. Este valor unitário de custo do metro quadrado construído segue a mesma faixa do
estudo empírico anterior.
Mesmo não sendo um projeto exemplo a ser seguido no tocante à adaptação à sua
realidade climática, os itens de maior valia desse estudo foram o sistema construtivo adotado
e a volumetria/forma final das edificações, que apresenta um jogo cromático de volumes bem
articulados.
3.3
CONJUNTO HABITACIONAL EM SÃO JOSÉ DO MIPIBÚ/RN
Um conjunto habitacional de oito casas, situado no município de São José do
Mipibú/RN, próximo à divisa com o município de Parnamirim/RN, apresenta forma
inovadora de utilização de materiais tradicionais da construção civil local. Trata-se da préfabricação de painéis estruturais verticais, denominados pela empresa fabricante de “Painéis
pré-moldados de argamassa armada e tijolo de oito furos”, que também cumprem a função de
vedação, utilizando o tijolo cerâmico local de oito furos, estruturado por uma malha de aço e
argamassa. De acordo com informações fornecidas pela Radier Fundações e Engenharia
Ltda., idealizadora da solução, nos painéis já estão previstas todas as instalações, aberturas
para fixação de janelas e fixação das caixas de porta, além de alças de aço que possibilitam o
içamento das peças para transporte e montagem na obra.
O processo de fabricação é realizado em um pequeno galpão, onde os painéis são
moldados em fôrmas que variam de acordo com o projeto apresentado. Concluída a confecção
do painel, que passa por tempo de cura da argamassa, este é transportado à obra e essas peças
pré-moldadas são nela inseridas com o auxílio de guindastes.
Porém, antes do transporte das placas à obra, é necessário que a fundação esteja
executada. Esta é moldada no local em forma de radier, e são deixadas valas de 15 cm de
largura por 20 cm de profundidade que recebem as placas pré-moldadas de envoltória e
divisórias internas.
Esse método de trabalho poupa tempo de execução e reduz o número de operários no
canteiro de obras, sem prejuízos ao resultado final de acabamento, apresentando aparência
idêntica à forma tradicional de assentamento do tijolo cerâmico de oito furos.
A contribuição deste estudo se dá pela possibilidade de uso de um material préfabricado, que ao mesmo tempo possibilita ampliações futuras da unidade habitacional, além
41
de poder ser fabricada em placas com formatos de empenas personalizadas, gerando
possibilidades formais e estéticas diferenciadas ao projeto.
Figura 14 – Foto dos painéis pré-moldados de alvenaria prontos para a montagem.
Fonte: Acervo do autor.
Figura 15 – Foto de um painel recém-montado, escorado após fixação da base.
Fonte: Acervo do autor.
3.4
MENÇÃO HONROSA DO CONCURSO “10º PRÊMIO JOVENS ARQUITETOS”
Trata-se de um conjunto habitacional de interesse social com proposta de implantação
mais adensada que as vistas nos estudos anteriores, e o propósito de sua escolha foi a
42
localização na Zona Bioclimática 8, particularmente na cidade de João Pessoa/PB, mesma
zona do projeto deste TCC.
Apesar da tipologia verticalizada, o projeto foi o único,
considerando os demais estudos pesquisados, que se preocupou em incorporar estratégias
gerais de implantação que favorecessem o bom desempenho térmico das unidades
habitacionais.
O partido urbanístico adotado pelos projetistas visa orientar os edifícios com as
maiores fachadas voltadas para Norte e Sul, evitando assim ganhos excessivos de calor,
conforme destacado na Figura 16.
Figura 16 – Esquema conceitual de partido urbanístico.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2011/10/08/10%C2%BA-premio-jovens-arquitetos-mencao-honrosa-habitsocial-pb/
Com relação à captação da ventilação natural como estratégia de resfriamento passivo,
com a finalidade de redução da carga térmica das edificações, percebe-se que o grande
comprimento dos blocos edificados gera, de acordo com o que foi revisado no referencial
teórico-conceitual, extensas sombras de vento, prejudicando as unidades habitacionais
localizadas na porção oeste de cada bloco. Outro fator que não favorece uma boa utilização da
ventilação natural é o tamanho das aberturas, que conforme observado nas Figura 17 e
Figura 18, poderiam ser maiores, proporcionando maiores velocidades de vento e
taxas de renovação de ar mais elevadas. Apesar disso, há um ponto positivo a ser considerado
43
no projeto das aberturas, que é a possibilidade de controle de ventilação, proporcionado pelas
venezianas móveis.
Figura 17 – Tipologia geminadas em fita com dois e três pavimentos.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2011/10/08/10%C2%BA-premio-jovens-arquitetos-mencao-honrosa-habitsocial-pb/
Figura 18 – Conjunto habitacional completo: todas as tipologias existentes.
Fonte: http://concursosdeprojeto.org/2011/10/08/10%C2%BA-premio-jovens-arquitetos-mencao-honrosa-habitsocial-pb/
Em linhas gerais, este estudo empírico traz sua contribuição na forma como apresenta
seu esquema conceitual de partido urbanístico, dando a devida importância ao grande
potencial contido na proposta de desenho urbano, do ponto de vista de captação de ventilação
natural e da orientação em função ao percurso percorrido pelo sol.
Como conclusão acerca dos estudos empíricos realizados, pode-se afirmar que
revelaram algumas estratégias diferenciadas na busca por melhores desempenhos de conforto,
44
além de materiais e sistemas construtivos alternativos para HIS. Mesmo não sendo as
referências mais adequadas para nossa zona bioclimática, em razão da dificuldade de se
encontrar melhores exemplos nas pesquisas, os estudos realizados permitiram alguns
rebatimentos no projeto proposto, sobretudo no que diz respeito a soluções formais e detalhes
construtivos, os quais devem ser cuidadosamente adequados à realidade física, econômica e
social do município de Macaíba.
45
4
4.1
A SITUAÇÃO HABITACIO NAL NO MUNICÍPIO DE MACAÍBA
O CONTEXTO ATUAL
Como evidenciado no item 2.1, a habitação para a população de baixa renda é um
problema histórico que ainda se faz presente nos dias atuais em diversos municípios
brasileiros. Este também é o caso do município de Macaíba/RN. Tal conjuntura aponta para a
presença de políticas habitacionais de cunho populista, que levam, em sua essência, a máxima
do assistencialismo como um mecanismo remediador dessa e de outras situações vividas pela
população menos abastada. A administração pública – Prefeitura Municipal -, através da
Secretaria de Trabalho e Ação Social, em parceria com os Governos Estadual e Federal - o
último representado pelo Ministério das Cidades -, contempla cidadãos inscritos em
programas habitacionais com imóveis de interesse social.
As obras em Macaíba são fruto de convênio com o governo federal e com a
Prefeitura. Os governos estadual e federal aplicam os recursos financeiros. A
Prefeitura fica encarregada por disponibilizar os terrenos onde as casas serão
construídas, pelo acompanhamento social dos beneficiários e pela infra-estrutura
necessária (ligações de água e luz). (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO NORTE, 2010, p.1).
Dentre os programas habitacionais atualmente praticados pela Prefeitura de Macaíba
estão o “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV) e o “Programa de Subsídio à Habitação de
Interesse Social” (PSH).
O programa MCMV, lançado pelo governo federal em 25 de março de 20092 como
uma das iniciativas do pacote governamental composto pelo Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), surgiu com a pretensão de beneficiar um milhão de famílias em todo o
país. De acordo com a Portaria do governo federal de nº 93, datada de 24 de fevereiro de 2010
que dispõe sobre a aquisição e alienação de imóveis sem prévio arrendamento no âmbito do
Programa de Arrendamento Residencial – PAR e do programa “Minha Casa, Minha Vida” –
MCMV, são atribuídos os papéis de cada ator ou participante do programa, no qual os
principais agentes diretos pela concretização do programa são: o poder público municipal, que
é responsável pelo cadastro e contemplação das famílias; a Caixa Econômica Federal (CEF),
como órgão financiador, aprovador e fiscalizador das obras e projetos; e as empresas de
2
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Economia&newsID=a2452694.x
ml
46
construção civil, encarregadas de apresentar à CEF projetos de produção de empreendimentos
para alienação dos imóveis e executar os projetos aprovados. Ainda de acordo com a referida
Portaria, o valor máximo para uma casa produzida pelo programa MCMV no estado do Rio
Grande do Norte é de R$ 37.000,00.
Os benefícios para o município de Macaíba são estimados em 4.000 habitações,
correspondente ao déficit atual de moradias, mas, nos dias atuais, o número de beneficiários
chega a apenas 640 famílias, em função de ter havido um único projeto, o Residencial
Francisco Alípio, localizado na região do Ferreiro Torto, aprovado habilmente nos âmbitos da
CEF e da Prefeitura de Macaíba. Para que uma família possa se cadastrar no programa, a
renda bruta familiar comprovada deve ser de até três salários mínimos mensais. O subsídio do
governo federal é de até R$ 17.000,00, sendo o restante do valor financiado diretamente com
o beneficiário, com parcelas mensais não inferiores a R$50,00. Ainda como fator limitador do
programa, está o fato de o empreendedor ter que atender à Cartilha Minha Casa, Minha Vida,
fornecida pela CEF, a qual prescreve que a casa deve ser térrea e ter área construída de
35,00m². Destaca-se que todos esses limites referem-se à modalidade de financiamento
enquadrada na faixa de renda familiar de até três salários mínimos.
Contudo, no programa MCMV, o papel da prefeitura municipal é de mero cadastrante
das famílias, não tendo influência sobre o projeto, a não ser no que diz respeito ao
atendimento dos parâmetros legais estabelecidos pela legislação urbanística municipal no
momento do licenciamento da obra.
As amarras impostas ao custo total e à área construída do projeto da unidade
habitacional do programa MCMV não contribuem para a busca de melhores soluções
espaciais, estéticas e de conforto, resultando em produtos praticamente idênticos um país de
regiões de climas tão diversificados. Caberia uma reflexão, por parte do poder público federal,
acerca da real necessidade da imposição de tais limites.
Em função da maior quantidade de agentes envolvidos na implementação do MCMV,
existe maior rigor nesse programa do que no PSH. Não se sabe até que ponto esse aspecto é
positivo, pois a cartilha do programa MCMV estabelece muitas restrições ao exercício
projetual das unidades habitacionais. Por outro lado, o programa PSH aponta para liberdades
na aplicação de normas questionáveis por parte do poder público municipal, por ser este o
órgão que projeta as unidades habitacionais, as fiscaliza e também as licencia.
O programa habitacional PSH, uma iniciativa também do governo federal, foi
regulamentado pela Medida Provisória (MP) n° 2.212, datada de 31 de agosto de 2001,
posteriormente revogada pela Lei nº 10.998, de 15 de dezembro de 2004, e tem como
47
objetivo, por meio da ação e apoio do poder público para construção habitacional para
famílias de baixa renda, viabilizar o acesso à moradia adequada aos segmentos populacionais
de renda familiar mensal bruta mínima de R$ 150,00 e máxima de R$ 900,00 para localidades
urbanas e rurais3. Os subsídios são concedidos no momento em que o cidadão assina o
contrato de crédito habitacional junto às instituições financeiras habilitadas a operar no
programa. Os cidadãos são beneficiados em grupos organizados pelos governos do Distrito
Federal (DF), estados e municípios.
O PSH oferece subsídio destinado diretamente à complementação do preço de
compra/venda ou construção das unidades residenciais, o que varia basicamente de acordo
com a localização do imóvel e com o projeto apresentado. O valor máximo de financiamento
é de R$ 10.861,12, tendo o imóvel valor de venda máximo de R$ 28.000,00. Dessa forma, de
acordo com a regulamentação do programa, o restante do valor é subsidiado pelo poder
público municipal e/ou estadual, de forma a viabilizar a construção das habitações.
Essa realidade se faz presente no último pacote representativo de habitações, lançado
em agosto 2010, em que 200 habitações foram autorizadas e que até o momento se encontram
em fase de construção.
A atual prefeita do município, Marília Dias, considera que beneficiar a população de
baixa renda com habitação é a principal ação desenvolvida atualmente por sua gestão,
conforme depoimento (abaixo transcrito) a respeito das 200 unidades habitacionais lançadas:
Este é um grande avanço social que estamos conseguindo empreender em apenas
doze meses de governo. Representa algo em torno de 30% do déficit habitacional do
nosso município. Até o último dia desta gestão trabalharemos para chegar perto de
uma solução real para esta injustiça social que acomete quase todo o país. Não
podemos continuar buscando apenas ações paliativas. (PREFEITURA MUNICIPAL
DE MACAÍBA, 2010, p.1).
Apesar disso, ainda verifica-se no município a ocorrência de invasão de áreas públicas
e privadas, especificamente na zona de expansão urbana, em loteamentos onde a ocupação do
solo ainda não está consolidada. Fenômenos como este, fazem com que o poder municipal
tome providências para conter a ocupação desordenada do território, acelerando a requisição
por moradias.
3
http://www.caixa.gov.br/pj/pj_social/mp/habitacao_social/psh/saiba_mais.asp
48
4.2
OS PROJETOS DA PREFEITURA
O processo de construção dessas edificações utiliza um projeto padrão, comumente
adotado por prefeituras do estado4. Esse procedimento traz sérios problemas de implantação
relativos principalmente a aspectos de conforto térmico, no que tange a quesitos como a
captação de ventilação natural e a absorção de calor da edificação.
As edificações são construídas nos locais determinados pela prefeitura, seja em áreas
onde normalmente existe uma maior carência por moradias, seja por estratégia política. O fato
é que não existem muitas reservas de áreas públicas, ficando o município obrigado a realizar
obras em áreas reservadas para o uso institucional ou promovendo a desapropriação de
terrenos privados.
Com base em visita feita ao conjunto de 40 casas da localidade Morada da Fé, parece
haver, por parte do poder público, certo comodismo em aplicar um projeto que vem
“funcionando” para eles pelos benefícios apresentados em obra, sem que necessariamente seja
o melhor produto que poderia ser extraído das possibilidades orçamentárias disponíveis,
sobretudo em termos de conforto e de qualidade estética das habitações. A Figura 19 ilustra
claramente esta situação.
Figura 19 – Panorama geral do conjunto Morada da Fé, entregue em 2010.
Fonte: Acervo do autor.
4
De acordo com a arquiteta e urbanista Larissa Leiros, integrante do corpo técnico da Secretaria Municipal de
infra-estrutura de Macaíba.
49
Figura 20 – Implantação do conjunto habitacional Morada da Fé.
N
Fonte: Adaptado da base da Secretaria de Infraestrutura de Macaíba, 2010.
O conjunto habitacional “Morada da Fé”, que à sua época teve um custo unitário por
habitação de aproximadamente R$10.000,00, trilha pela via oposta ao que é recomendado
como boas estratégias de conforto térmico para uma habitação situada em clima quente e
úmido. Sua orientação, de acordo com a Figura 20, segue azimute de 135 graus em relação ao
norte, e o formato de planta é compacto, enquanto que o mais recomendado para a obtenção
de melhores resultados de conforto térmico é o formato alongado.
Em relação ao quesito sombreamento das fachadas e aberturas, o que se percebe é que
a dimensão do beiral, de 30 cm (Figura 21 e Figura 22), praticamente não permite que seja
exercida a função desejada. Com relação à captação de ventilação natural do exterior da
edificação, as esquadrias constantes no projeto são bastante pequenas e não possuem ao
menos regulagem para permitir passagem de ventilação e controle de privacidade. Essas
deficiências do projeto são reflexo direto do valor que se emprega na obra.
50
N
Figura 21 – Planta baixa da residência modelo do conjunto habitacional “Morada da Fé”.
Fonte: Secretaria de Ifraestrutura de Macaíba, 2007.
Figura 22 – Corte transversal da residência modelo do conjunto habitacional “Morada da Fé”.
Fonte: Secretaria de Ifraestrutura de Macaíba, 2007.
No tocante à solução espacial da planta, o projeto, possui dimensão de 6,00 x 6,00
metros, com dois quartos, um banheiro social e uma pequena cozinha. Todos os ambientes da
casa, com exceção da sala, estão com áreas menores que as mínimas exigidas pelo Código de
Obras e Edificações do Município de Macaíba. Seus 36,00m² de área construída reduzem a
cozinha a uma pequena área de circulação, que é tida como principal ponto de insatisfação, de
acordo com relato dos usuários das residências.
51
Os conjuntos habitacionais atualmente executados pela prefeitura de Macaíba seguem
o projeto modelo aplicado para o Conjunto “Morada da Fé”, ou o modelo do novo conjunto
habitacional de 60 casas que está sendo atualmente executado pela prefeitura.
Figura 23 – Implantação do conjunto de 60 casas da prefeitura.
N
Fonte: Secretaria de Ifraestrutura de Macaíba, 2007.
Figura 24 – Planta baixa de habitação modelo para conjunto habitacional de 60 casas.
N
Fonte: Secretaria de Ifraestrutura de Macaíba, 2007.
52
Praticamente todas as características não recomendáveis de projeto presentes no
conjunto habitacional de 40 casas são encontradas naquele que utiliza o projeto modelo da
Figura 24. Isso significa que os equívocos persistem de um projeto para o outro, havendo uma
clara necessidade de sofrer uma alteração e adequação a um novo conceito de projeto. O
único benefício encontrado foi o aumento da área construída, que passou a ser 46,67m², um
aumento que representa de mais de 27%.
O modelo nitidamente despreza aspectos de conforto, tomando como objetivo
principal a construção de uma edificação que considera estritamente o alcance de custos muito
baixos (R$ 14.835,79 por unidade habitacional, em uma unidade habitacional com 46,67m² de
área construída, conforme Figura 25, representados pela utilização de materiais e aplicação de
técnicas construtivas tradicionais. Tal valor representa, à época, uma proporção de R$
317,88/m² de área construída. Como os terrenos constituem, na maioria das habitações
executadas pelo programa PSH, contrapartida dos poderes municipal e estadual (há poucos
casos em que a contrapartida pode ser do beneficiário), o custo do imóvel acaba sendo apenas
o valor da obra.
Se comparados o valor da obra da unidade habitacional executada pelo programa PSH
com o valor praticado pelo programa MCMV, tem-se que o valor deste último, R$
1.057,00/m², equivalente a três vezes o valor do primeiro. Apesar desse valor considerar a
compra do terreno, ainda assim o valor destinado a cada unidade habitacional é muito baixo
no caso do PSH, o que limita o projeto ao deixar de incorporar importantes itens de qualidade
no resultado final da habitação.
A Figura 25, apresentada a seguir, mostra cronograma físico-financeiro do final do ano
de 2008 para a construção de um novo conjunto de 60 casas em que cada UH possui área de
46,67 m² de área construída, que já está sendo executado, e representa o custo mais recente
que se tem de uma habitação de interesse social promovida pela Prefeitura Municipal de
Macaíba.
53
Figura 25 – Cronograma físico-financeiro com custos por habitação.
Fonte: Secretaria Municipal de Infraestrutura do Município de Macaíba, 2008.
Vale salientar que na época em que o orçamento da casa modelo do conjunto de 60
casas da prefeitura foi elaborado, a quantia de R$ 14.835,79 representava um valor menor que
o dos dias atuais em razão da inflação acumulada no intervalo de três anos. A variação
percentual ocorrida de dezembro de 2008 a dezembro de 2011 do Custo Unitário Básico da
construção civil (CUB), para categoria de Habitação de Interesse Social, foi de 40,96 pontos
percentuais5. Essa correção corresponde a um valor atualizado de R$ 20.912,52.
5
De acordo com o Sinduscon-RN. Disponível em: www.cub.org.br
54
5
5.1
CONDICIONANTES PROJ ETUAIS
A ÁREA DE INTERVENÇÃO
A escolha da área em que está inserido o projeto do conjunto habitacional de interesse
social ocorreu por apontamento da Prefeitura Municipal de Macaíba/RN, especificamente
pelo então Secretário Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Pedro Galvão do Amaral
Filho, que informou os anseios da Prefeitura em utilizar uma “sobra” de área institucional
para a construção de novas habitações. O terreno pertencente à prefeitura, é parte integrante
de área institucional do Loteamento Nova Macaíba, zona urbana, e está localizado no bairro
São José, município de Macaíba/RN.
Figura 26 – Mapa do Rio Grande do Norte, com destaque ao município de Macaíba.
N
Fonte: Adaptado de base cartográfica do IBGE, 2010.
Os acessos à zona urbana do município podem ser feitos através de São Gonçalo, por
meio da Rua Elói de Souza; de Natal, por meio das rodovias BR-304 e BR-226 e Mossoró,
pela rodovia BR-304. Partindo-se da via mais conectada do município, a Rua Dr. Pedro
Matos, marcada em vermelho à Figura 27, e posicionada no centro da malha urbana da
cidade, a variável espacial mostra que o acesso mais integrado ao terreno, que está delimitado
no mesmo mapa por um ponto vermelho, ocorre através da Rua Elói de Souza. Essa
constatação coincide com a variável de infraestrutura, pois é uma via provida de
pavimentação, serviços, comércio e transporte público.
55
Figura 27 – Mapa de integração global do sistema viário de Macaíba.
N
Fonte: Elaborado com base no software Mindwalk e base cartográfica do Google Earth, 2011.
A partir da escolha do terreno para a implantação do projeto, foi realizado diagnóstico
no âmbito da escala urbana, no qual foram considerados fatores como acessos, infraestrutura e
uso do solo da malha urbana do loteamento, do bairro e do núcleo urbano de Macaíba.
O terreno escolhido para a implantação do projeto representa cerca de 40% do total da
área institucional do loteamento, que é concentrada em uma grande porção e possui um
formato bastante alongado (Figura 29), e que já possui ginásio, posto de saúde, além de
espaços reservados para a construção de mais dois equipamentos de uso comunitário.
Avaliando a área indicada pela Prefeitura, existe o óbvio questionamento sobre a
utilização de áreas institucionais para fins habitacionais. Porém, essa postura também pode ser
vista como a intenção de se utilizar uma área mais integrada ao núcleo urbano, promovendo
maior inclusão social do projeto do conjunto habitacional, ao invés de localizá-lo em
periferias desprovidas de infraestrutura, como é mais comum na conjuntura da maior parte das
cidades brasileiras.
56
Figura 28 - Mapa do loteamento Nova Macaíba, com destaque para as áreas públicas.
N
Fonte: Elaborado a partir de base cartográfica do Google Earth, 2011.
A proposição do projeto nessa região apresenta, como ponto positivo, integração
social com mais dois conjuntos ali existentes: o “Residencial Aquarela”, que surgiu a partir de
iniciativa do Programa de Arrendamento Residencial – PAR, onde foram edificadas 256 casas
de aproximadamente 45,00 m² cada uma; e as casas construídas pela empresa “Brasil House
Empreendimentos Imobiliários Ltda.”, onde até o momento 48 unidades foram edificadas,
com padrão de área construída girando em torno dos 75,00 m².
A etapa que se seguiu aos estudos do entorno foi um mapeamento da área de
intervenção, que será considerada como sendo toda a área institucional do loteamento,
devidamente marcada na Figura 28. Porém, somente foi alvo de desenho urbano a área
específica do conjunto habitacional e a faixa de terreno que se integra ao ginásio poliesportivo
adjacente. Para as outras áreas, foram feitas indicações de equipamentos comunitários, cujas
57
necessidades foram identificadas a partir de questionários aplicados nos conjuntos
habitacionais “Morada da Fé” e no “Residencial Aquarela”.
Figura 29 – Mapa do entorno, com destaque para a área de intervenção, em vermelho.
N
Fonte: Elaborado a partir de base cartográfica do Google Earth, 2011.
Foi identificado, através da consulta a uma amostragem de 20% do número de
domicílios dos conjuntos habitacionais citados acima, que as maiores necessidades, além do
posto de saúde e da quadra poliesportiva, seriam, por ordem de prioridade, uma creche, uma
escola e uma praça. Considerando, os espaços configurados como vazios urbanos da área
institucional existente e já descrita, foi proposta, conforme indicação de legenda, a localização
de cada um desses equipamentos no futuro.
58
Figura 30 – Usos existentes e previstos para a área institucional do loteamento Nova Macaíba.
N
Fonte: Elaborado a partir de base cartográfica do Google Earth, 2011.
Através da indicação dos futuros equipamentos comunitários, evita-se que tais espaços
sejam utilizados para outras finalidades, que não sejam aquelas realmente necessárias para a
população residente no local e para a população que futuramente ali irá residir.
59
5.2
ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS
A faixa de terreno destinada ao projeto conta com uma área de superfície de
11.067,67m², tendo como confrontantes três ruas. O quarto confrontante está adjacente ao
equipamento esportivo, situado na continuidade da área institucional (Figura 31).
Figura 31 – Topografia do terreno.
N
Fonte: Elaborado com o auxílio do equipamento GPSmap 62s, Garmin, 2011.
De acordo com dados do levantamento planialtimétrico, o terreno possui desnível de
aproximadamente dez metros, ao longo de 163,78 metros de projeção horizontal. Isso
representa uma inclinação média aproximada de 6%.
A cobertura vegetal existente em todo o terreno é basicamente composta por uma
grande massa arbustiva, com a presença de poucas árvores frutíferas, conforme apontam a
Figura 32 e a Figura 33.
60
Figura 32 – Árvores frutíferas do terreno.
Figura 33 – Massa arbustiva presente no terreno,
com a presença do ginásio ao fundo.
Fonte: Acervo do autor.
Fonte: Acervo do autor.
Avaliando o quesito climático da região, foi detectado que o município de Macaíba, de
Latitude -5,86º e Longitude 35,35º, está enquadrado na Zona Bioclimática 8, conforme
expresso na Figura 34. Os dados expostos apresentam as recomendações que devem ser
aplicadas ao zoneamento bioclimático proposto pela NBR-15220-3, norma brasileira que trata
do zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares
de interesse social.
Figura 34 – Indicação da Zona Bioclimática 8, com destaque para a localização de Macaíba/RN.
Fonte: Software ZBBR 1.1, considerando dados da NBR 15.220-3/2003.
61
Figura 35– Carta Bioclimática com recomendações para climas quentes e
úmidos.
Fonte: Givoni, 1992.
De acordo com a norma, para que bons resultados de desempenho térmico sejam
alcançados, devem ser atendidas as seguintes diretrizes: grandes aberturas para ventilação,
sombreamento das aberturas, vedações externas leves e refletoras, utilização de ático
ventilado e ventilação cruzada permanente.
Apesar da combinação e utilização de todas das estratégias passivas de resfriamento
das edificações unifamiliares de interesse social, segundo a norma, ainda haverá momentos de
desconfortos nas horas mais quentes. Nesses casos, somente estratégias ativas de resfriamento
poderão fazer frente aos momentos de desconforto.
A trajetória solar incidente nas divisas do terreno ocorre a um ângulo aproximado de
45º em todas as condições, estando as divisas lateral esquerda e superior voltadas para o sol
poente, enquanto que as demais divisas estão orientadas predominantemente para o sol
nascente.
62
Figura 36 – Insolação incidente sobre as divisas do terreno.
N
Fonte: Elaborado a partir de cartas solares extraídas do programa SOL-AR.
Quanto ao comportamento dos ventos, observando os dados expressos na Figura 37, é
possível constatar que a ventilação predominante ocorre a sudeste, com velocidades mais
ocorrentes entre 2,0 e 10 m/s.
Figura 37 – Comportamento dos ventos na Região Metropolitana de Natal.
Fonte: INPE, 2009.
63
Apesar de predominantemente oriundos do sudeste, os ventos podem vir em grande
parte do sul, particularmente nas madrugadas. Os dados apontam que a segunda orientação
corresponde a cerca de 50% das incidências.
5.3
ASPECTOS LEGAIS
As diretrizes legais que nortearam a elaboração da proposta arquitetônica e urbanística
final levaram em consideração todo o conteúdo da legislação urbanística municipal de
Macaíba, deixando o projeto apto às condições legais de um futuro licenciamento ambiental e
urbanístico, passo necessário antes de sua implantação. Foram consideradas a Lei de
Parcelamento do Solo, o Plano Diretor e o Código de Obras e Edificações de Macaíba.
5.3.1 Lei de Parcelamento do Solo (1.222/2005)
As exigências da Lei de Parcelamento do Solo que se aplicam ao projeto aquelas
relativas ao tamanho mínimo do lote e do arruamento. O lote mínimo exigido é de 104,00m²,
cabendo uma crítica e sugestão de possível reformulação do valor, uma vez que o Estatuto da
Cidade, Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, é de 125,00 m². A via de circulação de
veículos e pedestres mínima deve ter 8,00m. Vale salientar que a via de circulação se estende
de testada a testada de lote, estando inclusas calçadas e faixas de rolamento veiculares.
A lei também especifica percentuais de terra que devem ser destinados a áreas verdes e
institucionais, porém, como a proposta de desenho urbano foi desenvolvida a partir de uma
área institucional existente, essas exigências foram desconsideradas, por se tratar de um
projeto de interesse da prefeitura e com fins sociais.
5.3.2 Plano Diretor de Macaíba (01/2008)
O Plano Diretor determina, além de área mínima do lote, já citado pela lei anterior,
que as construções residenciais devem ter recuos mínimos obrigatórios, a saber:
 Recuo lateral/fundos: 1,50 metros quando houver aberturas, ou dispensado,
quando da não existência delas;
 Recuo frontal: 3,00 metros;
Quanto à questão paisagística, o bairro de São José, onde se encontra o terreno alvo do
parcelamento, possui restrição de construções em altura. Por se tratar de um bairro inserido na
zona especial de interesse paisagístico, as construções são limitadas à altura máxima de 7,50
metros.
64
Por fim, quanto ao aproveitamento do lote, a ocupação máxima das construções deve
ser de 70%, e a taxa de infiltração do solo deve atingir mínimo de 30% da área total do
terreno de cada unidade habitacional.
5.3.3 Código de Obras e Edificações de Macaíba (149/1983)
A obrigatoriedade dos recuos é também determinada pelo Código de Obras, assim
como ocorre no Plano Diretor. Além disso, os parâmetros de maior relevância que devem ser
considerados são aqueles relativos ao dimensionamento interno dos ambientes de uma
residência unifamiliar, conforme apontado na Tabela 1, a seguir.
Tabela 1 – Lista de áreas e dimensões mínimas de ambientes para Macaíba.
Fonte: Macaíba, 2008.
5.4
ASPECTOS FUNCIONAIS
Para este item foi reservado o programa de necessidades e o pré-dimensionamento,
que foram construídos baseados nas informações fornecidas pela Secretaria de Ação Social de
Macaíba, nas visitas de campo realizadas a dois conjuntos habitacionais e na experiência da
prática profissional. A partir disso, foi estabelecida comparação entre o exigido pela
legislação e a necessidade real dos usuários.
Durante as entrevistas realizadas para a confecção desta dissertação de mestrado
profissional, foram identificadas pelos usuários as seguintes necessidades:

Banheiro maior e mais privativo;

Cozinha maior;

Fechamento da cozinha, gerando mais privacidade;
65

Área de ampliação disponível na lateral e nos fundos;

Área de serviço coberta;

Elemento de vedação para o perímetro do terreno.
Além dos itens acima mencionados, relativos à unidade habitacional, foram solicitadas
também melhorias relativas ao entorno, como melhores acessos e um maior número de
equipamentos comunitários.
Em entrevista realizada com assistente social da Secretaria de Ação Social,
responsável pelo cadastro de famílias beneficiadas pelos programas habitacionais de Macaíba,
foi dito que a composição padrão das famílias beneficiadas é composta principalmente por
mães solteiras com pelo menos dois filhos.
Comparando os dados de tamanho de lote, dimensionamento dos ambientes internos
estabelecidos pela legislação urbanística, em face às exigências detectadas na pesquisa,
percebe-se que deve existir uma mudança radical no dimensionamento da cozinha, alterando
também a maneira como ela irá se relacionar com o restante dos ambientes. Com isso, sua
área deve ser pelo menos dobrada de tamanho, e sua relação com espaços como sala e área
livre para ampliação do terreno, interligada por acesso mais direto possível. Esse é um fato
que pode ser comumente observado em áreas rurais e cidades pequenas do interior.
Tabela 2 – Programa de necessidades e pré-dimensionamento proposto pelo autor.
Ambiente/espaço
Área
Lote
115,00m²
Sala única
10,00m²
Cozinha
9,00m²
Banheiro social
2,40m²
Dormitório 01
8,00m²
Dormitório 02
8,00m²
Área de Serviço
1,20m²
Área construída total da UH
45,00m²
Fonte: Elaborado pelo autor.
Com relação às ampliações futuras, estas devem ser previstas de maneira a não gerar
interferências
à
qualidade
espacial
existente
na
unidade
habitacional,
estando
preferencialmente localizadas nas laterais e fundos do lote, em espaço de maior privacidade.
66
5.5
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS
Apesar do custo unitário por habitação ser de, no máximo, R$ 28.000,00, conforme
destacado no item 4.1, o orçamento de uma unidade habitacional atualmente construída pela
prefeitura de Macaíba está na faixa dos R$ 20.000,00, aplicada a correção monetária,
conforme apresentado no item 4.2 deste trabalho. É um valor equivalente a cerca de 70% do
teto orçamentário do PSH, permitindo à prefeitura construir praticamente três casas com o
valor de duas. Se por um lado existe a vantagem de se beneficiar mais famílias, por outro, há
de se avaliar a qualidade de cada unidade.
Com a finalidade de proporcionar aos beneficiários do PSH de Macaíba uma habitação
de maior qualidade espacial, estética e sobretudo ambiental, por meio de um melhor
desempenho térmico, propõe-se, para este projeto, estabelecer que o valor não seja superior a
R$ 28.000,00 por unidade habitacional. Mais adiante, serão feitos estudos comparativos para
a verificação de ganhos de qualidade com a proposta apresentada, em função do aumento
orçamentário.
67
6
CONCEPÇÃO E EVOLUÇÃO DO PARTIDO
Este capítulo destina-se à descrição do processo de projetação do conjunto
habitacional, que teve como principais determinantes os conceitos apreendidos, os estudos
tipológicos e de conforto térmico realizados, e as possibilidades oferecidas pelos recursos
tecnológicos disponíveis.
O processo de projetação passou por uma fase sequencial de amadurecimento que
compreendeu quatro estudos tipológicos, nos quais foram ponderados os aspectos envolvidos
em cada uma das soluções. A sequência de evolução do partido inicia-se com a proposta de
casas térreas individualmente isoladas; a segunda proposta aponta para um partido de casas
térreas geminadas em fita; a terceira a possibilidade de casas duplex geminadas duas a duas, e
por fim, a proposta de casas térreas geminadas duas a duas.
Pesquisas feitas por Lynch (apud MASCARÓ, 1989) na realidade habitacional norteamericana apontam parâmetros genéricos que podem ser considerados de maneira análoga ao
caso estudado, tratando a relação de densidade com respectivas implicações. O estudo retrata
que a densidade líquida refere-se ao número de famílias divididos exclusivamente pela área
privada dos quarteirões, enquanto que a bruta é o número de famílias dividido pela área total
da região ocupada pelo conjunto habitacional, incluindo todas as áreas públicas e privadas.
Tabela 3 – Densidades normais em diferentes tipologias habitacionais.
DENSIDADE EM FAMÍLIAS (hectare)
TIPO DE HABITAÇÃO
Líquida
Bruta (bairro)
20
12
Geminadas a dois
25 a 30
18
Geminadas em fita
40 a 50
30
Bloco de 3 plantas
100 a 110
50
Bloco de 10 plantas
200 a 210
70
Unifamiliares isoladas
Fonte: Lynch (apud. MASCARÓ, 1989).
Tabela 4 – Relação entre densidades e aparecimento de problemas na urbanização.
DENSIDADE LÍQUIDA
APARECIMENTO DE PROBLEMA
30 famílias por hectare ou mais
Aparecem problemas com ruído e com perda de
intimidade.
100 famílias por hectare ou mais
Perde-se o sentido da intimidade nos espaços verdes.
200 famílias por hectare ou mais
Aparecem dificuldades para arranjar espaço para
estacionamento e recreio.
450 famílias por hectare ou mais
O espaço público congestiona-se totalmente.
Fonte: Lynch (apud. MASCARÓ, 1989).
68
Considerando os dados acima e o parâmetros utilizados em projetos de casas pela
CDHU-SP, foi definido, para efeito de aproveitamento da área de intervenção, que o conjunto
habitacional deveria apresentar densidade líquida entre 60 e 90 famílias por hectare, para
evitar a perda do sentido de intimidade dos espaços verdes.
Com a definição da tipologia, baseada nos conceitos estudados e nos dados de
densidade, chega-se a uma nova fase de trabalho, inerente à evolução da ideia, no qual são
ensaiadas as escolhas dos materiais e a proposição da volumetria.
6.1
CASAS ISOLADAS
Tipologia atualmente adotada no Município de Macaíba e em praticamente toda a
região metropolitana de Natal quando se trata de casas feitas por prefeituras, o partido de
casas isoladas representa o reflexo cultural da utilização do lote individualizado, tendo como
características a utilização de terreno livre em todas as faces da casa, além da preservação da
individualidade de cada família, indício do padrão burguês de habitação. Aliado a esse
aspecto, vem o dilema do aproveitamento da gleba destinada ao projeto do conjunto
habitacional. A adoção dessa tipologia está fadada a um menor aproveitamento em termos de
unidades habitacionais, inviabilizando muitas vezes a escolha de terrenos estrategicamente
melhor localizados. Não faz sentido utilizar glebas da prefeitura com maior visibilidade se o
aproveitamento não é satisfatório.
Do ponto de vista da ventilação, a casa isolada no lote pode ser mais vantajosa. Pode
não ser do ponto de vista da insolação e, principalmente, dos custos.
Além desses aspectos acima mencionados, devem ser considerados outros fatores
como formato e orientação ideal das edificações para o seu melhor desempenho térmico, pois
estas estratégias certamente intercedem no desenho urbano do conjunto e em geral reduzem
ainda mais a potencialidade do terreno.
A proposta de casas isoladas pensadas para a área de intervenção (Figura 38) é reflexo
do formato e da orientação ideal que cada edificação deveria ter, considerando que as menores
fachadas devem estar voltadas para o sentido Leste-Oeste, correspondente à trajetória do sol e
às faces onde se tem a maior carga de radiação.
69
Figura 38 – Implantação de casas isoladas. Sem escala.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
A unidade habitacional (Figura 39) foi projetada sobre uma grelha modulada (1.35m x
1.35m), para facilitar a escolha do futuro material e sistema construtivo, e a estabelecer um
formato alongado de planta, justamente para minimizar as faces voltadas para o sentido LesteOeste. Vale salientar que o formato alongado, em contrapartida, gera maiores custos de obra,
uma vez que delimita uma mesma área construída com perímetros maiores, gerando mais
áreas de fachadas.
Figura 39 – Planta baixa da proposta de casa isolada. Sem escala.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
70
Porém, esse partido de casas isoladas, com 40 casas no terreno, foi considerado
insatisfatório, dada a subutilização da área de intervenção (densidade líquida de apenas 61
famílias/ha), considerando que as imediações possuem vários equipamentos comunitários e
que essa é uma oportunidade de se gerar a inclusão do maior número de habitações possível,
sem perder de vista as questões qualitativas, principalmente aquelas inerentes ao conforto
térmico.
Outro fator determinante para a sua eliminação enquanto partido foi que as
possibilidades de ampliação não foram possíveis de serem previstas, ficando o futuro morador
sem possibilidade de fazer a expansão planejada.
6.2
CASAS GEMINADAS EM FITA
Tentando gerar um aproveitamento maior do terreno, foi testada uma proposta de
transição que não considera a melhor orientação indicada e utiliza um partido de casas
geminadas em fita (Figura 40). A ocupação de 70 casas no terreno passa um pouco da
densidade prevista de projeto, ficando ligeiramente densa (densidade líquida de 93,3
famílias/ha). Além desse aspecto, o partido de casas geminadas em fita gera um problema de
circulação de ventilação no exterior das edificações, uma vez que corta a permeabilidade do
tecido urbano, gerando esteiras de vento maiores e comprometendo a continuidade da
ventilação natural.
Figura 40 – Implantação com casas geminadas em fita. Sem escala.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
71
Foi na unidade habitacional dessa tipologia, porém, que se observaram muitos
aspectos positivos. Dentre eles estão a modulação construtiva, a integração dos ambientes sala
e cozinha, sendo o segundo ambiente com dimensionamento privilegiado, rebatimento de
questões culturais constatadas na pesquisa com moradores de conjuntos habitacionais de
Macaíba. Há também espaço posterior voltado para a ampliação, demarcado na cor laranja
(ver Figura 41).
Figura 41 – Planta baixa da proposta de unidade geminada em fita. Sem escala.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
6.3
CASAS DUPLEX (TIPO SOBRADO)
Voltando a considerar a orientação das edificações como estratégia imprescindível de
projeto, foi realizada uma tentativa de se projetar casas de dois pavimentos, com implantação
em forma de edificações geminadas a duas (Figura 42), considerando o lote mínimo de
104,00m² determinado pelo Plano Diretor de Macaíba. Dessa vez, além da orientação correta
das edificações, foram atendidos itens como permeabilidade de ventilação, interferências das
esteiras de vento e possibilidades de futuras ampliações das unidades habitacionais.
72
Figura 42 – Implantação com casas duplex. Sem escala.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
Porém, os pontos negativos apresentados fizeram com que fosse pensada uma nova
proposta de projeto. As desvantagens apresentadas pela adoção dessa tipologia foram,
primeiramente, a questão do custo, pois obrigatoriamente teria de se fazer no mínimo uma laje
de piso, entre os dois pavimentos, carregando as fundações, que precisariam ser mais
robustas. A segunda desvantagem, também relacionada ao custo, foi detectada através da
simulação de ocupação da edificação, que em função da necessidade da escada, demanda uma
área de circulação de, pelo menos, cinco metros quadrados. Isso se reflete em um aumento na
área final da edificação, aumentando também seu orçamento final. Outro fator desfavorável
foi a constatação de que este tipo habitacional não faz parte da cultura local no que diz
respeito a moradias populares, principalmente.
6.4
CASAS GEMINADAS DUAS A DUAS
Essa tipologia foi determinada pela junção da solução de partido urbanístico da
proposta de casas duplex com a solução de partido arquitetônico da proposta de casas
73
geminadas em fita. Considerando as vantagens de cada uma, foi possível reduzir
consideravelmente os problemas de projeto encontrados até então.
Na proposta, foi adotada a mesma planta baixa da unidade habitacional da solução
geminada em fita, do item 6.2, tomando como eixo de simetria a longa parede que se prolonga
da sala à cozinha. As paredes dos quartos, geminadas na proposta anterior supracitada, foi
descolada e apresenta afastamento de 1,50m em relação à divisa lateral do terreno. Na parte
posterior, também foi deixado recuo de 1,50m.
Figura 43 – Planta baixa da proposta de unidade geminada a duas. Sem escala.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
O partido urbanístico dessa proposta, assim como o da anterior, conta com sistema
viário no sentido Leste-Oeste, e lotes no sentido norte-sul. Apesar da orientação dos lotes não
ser a mais recomendada, as edificações estão orientadas no sentido transversal, adquirindo
assim a orientação ideal.
A porção de terreno de formato triangular localizada a norte trata-se de área pública,
oriunda do traçado urbano oblíquo ao existente (Figura 44), conecta-se ao ginásio existente e
cria uma esplanada que desafoga o pequeno terreno no qual o referido equipamento esportivo
foi inserido.
74
Figura 44 – Implantação com casas geminadas duas a duas. Sem escala.
N
GINÁSIO
EXISTENTE
ESPLANADA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Outra estratégia adotada visando uma melhor distribuição dos ventos no conjunto
urbanizado foi o desencontro entre os alinhamentos verticais dos lotes. Dessa forma, as
esteiras de vento de cada edificação se distribuem de uma forma a não interferir as edificações
adjacentes, contribuindo para a recuperação da incidência e velocidade do vento originais da
região (Figura 45).
Figura 45 – Trecho da quadra-tipo. Sem escala.
Fonte: Elaborado pelo autor.
N
75
6.4.1 Evolução da Proposta
Uma vez definida a tipologia, na etapa seguinte houve a evolução desta idéia inicial,
tendo sido feitos alguns ajustes no traçado urbano do conjunto habitacional, estudadas as
possibilidades de materiais e sistemas construtivos, além dos estudos volumétricos, da relação
de cheios e vazios, e outros.
O primeiro estudo volumétrico reflete a implantação gerada na Figura 44, com a
utilização de três níveis de cobertura e empenas retangulares regulares arrematando as laterais
(Figura 47). As esquadrias em madeira, com grandes aberturas, sombreadas, e com
mecanismo de controle, visam atender ao recomendado na literatura pesquisada e pela NBR15.220-3.
O reservatório superior de água, em fibra de vidro, foi idealizado como aparente e
apesar de inicialmente gerar aspecto estético duvidoso, facilita a sua inspeção e lavagem,
sendo delimitado apenas por duas alvenarias de fechamento das laterais Leste-Oeste.
Figura 46 – Primeiro estudo volumétrico do conjunto habitacional.
GINÁSIO
EXISTENTE
ESPLANADA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 47 – Primeiro estudo volumétrico da unidade habitacional.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O segundo estudo volumétrico considera alguns elementos do primeiro, testando a
possibilidade da utilização de beirais ao invés das empenas laterais (Figura 48), e é
incorporada empena de 50cm de altura entre as duas unidades habitacionais, como exigência
da norma estadual de combate à incêndio e pânico do Rio Grande do Norte. A composição do
76
fechamento do reservatório superior de água é alterada em relação à primeira volumetria,
sendo os fechamentos feitos em material mais leve e em orientação norte-sul, contando
também com fechamento superior para melhor arremate volumétrico.
Figura 48 – Segundo estudo volumétrico da unidade habitacional.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Outra alteração feita foi em relação ao traçado urbano. As casas foram concentradas
em apenas três quadras, ficando a área da esplanada orientada para o ginásio completamente
livre de edificações.
Figura 49 – Implantação versão final. Sem escala.
N
GINÁSIO
EXISTENTE
ESPLANADA
Fonte: Elaborado pelo autor.
A terceira versão, mais consolidada, é aquela em que foram incorporados planos e
empenas em ângulos inclinados (Figura 50), para gerar maior dinamismo à volumetria, que
77
até então contava com bastante regularidade, gerada pelo excesso de ortogonalidade. Essa
idéia é aplicada também ao fechamento do reservatório superior de água.
Essa nova linguagem volumétrica de planos recortados faz com que sejam descartadas
as possibilidades de utilização de materiais pré-fabricados como a alvenaria estrutural, o tijolo
patenteado tecleve e o sistema wood framing. A alternativa pré-fabricada viável para essa
solução geométrica é a de painéis pré-moldados de argamassa armada e tijolo de oito furos,
apresentada no item 3.3 deste trabalho. As paredes de vedações direcionadas no sentido nortesul utilizam essa solução de alvenaria, cuja espessura aproximada é de 14 cm.
Figura 50 – Terceiro estudo volumétrico da unidade habitacional.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para as demais vedações foram adotados painéis pré-fabricados do tipo PainelWall, do
fabricante Eternit, de espessura igual a 4 cm. A razão da escolha e posicionamento desses
materiais de vedação está ligado à previsão de possíveis reformas e/ou ampliações, assim
como da facilidade de montagem da construção. O material PainelWall gera uma grande
facilidade de remoção, enquanto que a alvenaria pré-moldada é armada e permite que,
futuramente, os moradores possam erguer mais um pavimento na edificação (Figura 51).
A planta baixa da unidade habitacional, assim como o formato do terreno, foram
determinados por exigências legais, além de outras de razão técnica. Porém, as dimensões
finais são resultantes do material e sistema construtivo adotado.
78
Figura 51 – Planta baixa da edificação.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
A Figura 52, a seguir, explicita a seqüência construtiva proposta para as unidades
habitacionais, da locação à execução do muro, considerando a última versão do partido
adotado em nível de estudo preliminar.
Figura 52 – Sequência construtiva das unidades habitacionais.
01 – Locação do terreno
02 – Execução da fundação em radier
79
03 – Montagem das alvenarias pré-moldadas
04 – Instalação das vedações em Painel Wall
05 – Instalação das esquadrias
06 – Instalação das linhas de madeira
07 – Instalação das telhas
08 – Execução do muro
Fonte: Elaborado pelo autor.
A proposta de partido apresentada até então, considerada neste capítulo como solução
final em nível de estudo preliminar, será detalhada ao seu nível executivo no próximo
capítulo, no qual será apresentado o memorial descritivo e justificativo.
80
7
PROPOSTA PROJETUAL
O capítulo atual é de descrição das propostas urbanística e arquitetônica do conjunto
habitacional. Em um primeiro momento, é descrita a proposta definitiva de implantação, com
os principais aspectos a ela inerentes, e posteriormente será detalhada a proposta de unidade
habitacional final do trabalho, que irá contemplar descrição espacial, opções de ampliação,
materiais e sistemas construtivos escolhidos. É importante destacar que as pranchas do projeto
do conjunto habitacional proposto, assim como as perspectivas, estão contidas no Volume 02
deste trabalho.
7.1
IMPLANTAÇÃO
A partir do que foi trabalhado na evolução do partido urbanístico, em itens como
orientação, sintaxe espacial e tipologia das edificações, chegou-se ao resultado definitivo de
implantação do projeto.
O desenho final é de um conjunto habitacional que contém 50 unidades habitacionais,
geminadas duas a duas, distribuídas em três quadras conforme se observa a seguir, na Figura
53. A área privada final totaliza 6.566,00 m², correspondente a aproximadamente 60% da área
total destinada ao conjunto habitacional, que é de 11.067,00 m². Isso dá uma densidade
líquida final de 76,92 famílias por hectare, número que está dentro do intervalo estabelecido
no capítulo 6 deste trabalho.
As áreas públicas ocupam 4.501,00 m² da área total, e estão distribuídas em duas
praças, nas extremidades norte e sul do terreno, além de uma porção de terra a leste adjacente
à quadra 03, que está sendo destinada à doação para a Companhia de Águas e Esgotos do Rio
Grande do Norte – CAERN para a perfuração de um novo poço, em razão da necessidade de
consumo de água que as novas habitações irão demandar.
Figura 53 – Implantação do conjunto habitacional e ginásio existente. Sem escala.
Fonte: Elaborado pelo autor.
N
81
Foi proposto o desenho urbano das praças e conexão da esplanada com o ginásio
existente através de uma praça arborizada com um totem de identificação do conjunto
habitacional e de um estacionamento destinado ao equipamento esportivo. Ainda relativo ao
espaço público, acessibilidade a portadores de necessidades especiais foi contemplada em
todas as calçadas e praças através de rampas e faixas de pedestres nas esquinas.
7.2
UNIDADE HABITACIONAL
O resultado final do modelo de habitação a ser aplicado no conjunto habitacional é o
de casas geminadas duas a duas, com apenas um pavimento, distribuídas linearmente na
quadra.
A casa ocupa um lote padrão de formato 9,30m de frente por 12,50m de fundo,
totalizando 116,25 m² de superfície ortogonal, valor intermediário entre 104,00 m² mínimos
sugeridos pela Lei de Parcelamento do solo de Macaíba e 125,00 m² sugeridos pelo Estatuto
da Cidade. Alguns lotes possuem dimensão um pouco menor, em razão da não ortogonalidade
do desenho urbano, mas nunca inferiores a 104,00 m², área mínima exigida pela Lei de
Parcelamento do Solo de Macaíba. Os recuos são de 3,00 metros de frente, e 1,50m de
lateral/fundos, estando uma das laterais geminada.
Figura 54 – Perspectiva isométrica de duas habitações.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A execução dos muros está limitada às laterais e fundos do lote, fazendo com que seja
possível a utilização da vaga de garagem em forma de baia, onde o veículo possa ser
estacionado em sentido paralelo ao da via. A proposta é que seja maximizada a interação com
82
o meio urbano, tal como ocorre no Conjunto Habitacional “Morada da Fé”, fazendo com que
os moradores tenham acesso direto do espaço privado para o espaço público.
Figura 55 – Planta baixa das unidades habitacionais geminadas duas a duas.
N
Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 56 – Perspectiva a partir da via pública de duas unidades habitacionais.
Fonte: Elaborado pelo autor.
83
Figura 57 – Perspectiva a partir dos fundos do lote de duas unidades habitacionais.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Cada habitação possui área construída total de 44,78 m², onde estão dispostos os
seguintes cômodos: sala/cozinha, área de serviço, banheiro social, dois dormitórios e
circulação. A distribuição espacial definitiva foi definida de maneira a gerar possibilidades de
ampliações futuras, além de se contemplar outros itens de ordem técnica e cultural, já
abordados em capítulos anteriores do trabalho.
7.2.1 Opções de Ampliação
Foram desenvolvidas três propostas de ampliação para a unidade habitacional,
considerando as possíveis tendências identificadas nos questionários aplicados, levando em
consideração a adoção de soluções que menos comprometam a exequibilidade da futura obra
e os resultados de conforto térmico.
Por se tratarem de obras que serão feitas pelos próprios usuários, muitas vezes pelo
processo da autoconstrução, ficou determinado que o material utilizado para as paredes será o
mais simples encontrado na região, que é a alvenaria de tijolo de oito furos, devido apresentar
coeficientes de transmitância térmica praticamente idênticos aos do Painel Wall e da alvenaria
armada pré-moldada. Para a coberta, é importante que a prefeitura forneça os meios para que
os beneficiários possam ter acesso à compra da telha sanduíche de poliuretano, material de
transmitância térmica bastante inferior ao sistema de coberta tradicional de telha cerâmica.
A primeira opção de ampliação apresentada considera a utilização do espaço
remanescente no terreno, na área posterior e formato predominantemente quadrado, para a
criação de uma suíte. Dessa forma, a habitação modelo passaria a abrigar três dormitórios,
elevando assim a taxa de ocupação do terreno ao seu nível máximo, de 70%.
A segunda, por sua vez, acresce à habitação uma área de lazer voltada para a parte
posterior do lote, com acesso feito pela cozinha, para que seja haja uma socialização e
integração entre os ambientes sala/cozinha e área de lazer.
84
Conciliando parte de cada uma das duas propostas de ampliação anteriores, a terceira
opção apresenta os acréscimos de área no térreo em um pavimento superior, que poderá ser
criado pelo proprietário da UH apoiadas nas paredes armadas já existentes, que deverão ser
dimensionadas com o intuito de receber novo pavimento.
Quadro 1 – Possibilidades de ampliação da UH proposta.
PLANTAS
VOLUMETRIA FINAL
Indicações das áreas ampliadas
DO PÓS-AMPLIAÇÃO
OPÇÃO
01
PAV. TÉRREO - Acréscimo de suíte
ÁREA AMPLIADA TOTAL: 12,94m²
OPÇÃO
02
PAV. TÉRREO - Acréscimo de área de lazer
ÁREA AMPLIADA TOTAL: 12,94m²
PAV. TÉRREO - Acréscimo de área de lazer
OPÇÃO
03
PAV. SUPERIOR - Acréscimo de suíte
ÁREA AMPLIADA TOTAL: 27,52m²
Fonte: Elaborado pelo autor.
Avaliando a opção 01 de ampliação, é perceptível que a nova suíte gerada não
possuirá ventilação cruzada, sem falar que compromete o escoamento de saída dos ventos
85
provenientes dos dormitórios 01 e 02. A opção 02 distribui sua área ampliada de maneira
menos prejudicial à circulação dos ventos, uma vez que se trata de uma varanda
completamente vazada. É necessária a criação de uma janela na fachada posterior da
habitação para iluminar indiretamente o banheiro, uma vez que foi criado um ambiente de
circulação interno. A terceira opção traz as mesmas implicações em nível de pavimento térreo
que a segunda, e o surgimento do pavimento superior faz com que a sombra de vento seja
maior, comprometendo de certa maneira a captação de ventos por parte da fileira de casas da
quadra seguinte, na distribuição do partido urbanístico.
Não faz parte do escopo deste trabalho elaborar simulação de ventilação natural e
térmica do conjunto habitacional considerando as ampliações. Porém, é possível estimar que
todas as ampliações sugeridas afetam o desempenho térmico que se deseja atingir,
considerando que algumas diretrizes de afastamento entre edificações não são mais as
mesmas, causando certo comprometimento ao escoamento da ventilação natural externa.
Ao final da instalação do conjunto habitacional proposto por este trabalho, propõe-se
que seja criado um banco de dados com as possíveis ampliações do projeto da UH no âmbito
da Secretaria de Ação Social de Macaíba, e que haja uma campanha educativa por parte deste
órgão, perante a população, incentivando reformas e ampliações que atendam o rigor exigido
pelas normas e leis municipais, levando em conta também os aspectos técnicos propostos
durante o estudo projetual exposto neste trabalho.
7.2.2 Seleção de materiais e sistemas construtivos
A escolha dos materiais foi feita a partir de levantamento de materiais realizado e foi
determinada pela influência dos seguintes fatores, em ordem de importância variável de
acordo com o material e sua localização: propriedade térmica, propriedade geométrica (o caso
das portas e janelas, por exemplo, que podem trazer, em razão de sua geometria, resultado
térmico bom ou ruim), custo/interferência no resultado orçamentário, qualidade estética e
segurança.
A partir dos materiais de envoltória presentes no tipo “A” de habitação e de materiais
existentes no mercado passíveis de serem aplicados aos modelos de habitação tipos “B” e
“C”, foi elaborado um quadro analítico no qual são expostas as principais vantagens e
desvantagens de cada material, como maneira de justificar a adoção de cada um.
86
Quadro 2 – Análise dos materiais aplicáveis à envoltória dos modelos de edificação.
PAREDE
PRINCIPAIS VANTAGENS
ALVENARIA
ESTRUTURAL
(Não utilizada)
- Minimização de resíduos na obra;
- Resistência estrutural;
TECLEV
(Não utilizada)
- Minimização de resíduos na obra;
- Resistência estrutural;
- Transmitância térmica baixa;
ALVENARIA
PRÉ-MOLDADA
ARMADA
(Utilizada na casa
tipo “C”)
- Minimização de resíduos na obra;
- Grande economia de tempo com a
montagem;
- Possibilita a execução de paredes com
empenas inclinadas;
- Pré-fabricação;
- Instalações elétricas embutidas;
ALVENARIA
CONVENCIONAL
(Presente do tipo
“A” e utilizada na
casa tipo “B”)
- Possibilita a execução de paredes com
empenas inclinadas;
PAINEL WALL
(Utilizada na casa
Tipo “C”)
COBERTURA
ISOTELHA
(Utilizada no tipo
“C”)
TELHA
COLONIAL
(Presente no tipo
“A” e aplicada ao
tipo “C”)
FUNDAÇÃO
PLACA RADIER
DE CONCRETO
(Aplicada aos tipos
“B” e “C”)
BALDRAME DE
TIJOLO
DEITADO
(Presente no tipo
“A”)
- Pré-fabricação;
- Grande economia de tempo;
- Minimização de resíduos na obra;
- O próprio representante da placa é o
responsável por sua instalação;
- Pode ser aplicada diretamente sobre o
piso com aparafusamento;
PRINCIPAIS VANTAGENS
- Utilização de pouca estrutura de
madeiramento para recebimento das
telhas;
- Baixa transmitância térmica;
- Superfície branca, gerando alto índice
de refletância;
- Baixo tempo para montagem;
- Espaçamento entre telhas gera
convecção do ar quente;
- Material facilmente aceito pela
população;
PRINCIPAIS VANTAGENS
PRINCIPAIS DESVANTAGENS
- Não possibilita a execução de paredes com
empenas inclinadas;
- Necessita de mão-de-obra especializada;
- Grande espessura;
- Impossibilidade de reformar;
-Alto custo;
- Mão-de-obra especializada;
- Não possibilita a execução de paredes com
empenas inclinadas;
- Transmitância térmica intermediária;
- Fundação tem que ser geometricamente
projetada para a ancoragem das alvenarias;
- Alto índice de resíduos na obra;
- Alto índice de desperdício de materiais;
- Alto tempo de execução;
- Aceitação cultural devido à pouca espessura;
- Alto custo;
PRINCIPAIS DESVANTAGENS
- Alto custo;
- Logística de fornecimento;
- Aceitação cultural da população;
- Utilização de muitos elementos estruturais
de madeira para o recebimento das telhas;
- Alta transmitância térmica;
- Cor escura, alto índice de refletância;
- Baixo tempo para montagem;
PRINCIPAIS DESVANTAGENS
- Rapidez na execução;
- Demanda pouca de mão-de-obra;
- Alto custo do concreto maciço;
- Baixo custo;
- Alto tempo de execução;
- Alta produção de resíduos ;
- Demanda muita mão-de-obra;
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como estratégia de agilidade de execução da obra e de redução dos resíduos
produzidos nela, foi escolhido como sistema de fundação o radier, que tem a função de
87
fundação e contra piso, proporcionando uma rápida locação da obra e preparação para
recebimento da superestrutura, que é compreendida pelas vedações e paredes estruturantes da
edificação.
O processo executivo desta solução de embasamento estrutural compreende na locação
e definição de seu perímetro, colocação da forma no solo com tábuas, colocação da tubulação
de instalações elétricas e hidrossanitárias, seguido de compactação do solo e posterior
concretagem. Durante esse processo, ainda são determinados os espaços ocupados pelas
paredes de alvenaria pré-moldada, que serão encaixadas no segundo momento da construção.
Depois de concluída a fundação, é dada sequência à concepção da superestrutura.
Para as paredes foram escolhidos os painéis pré-moldados de argamassa armada e
tijolo de oito furos, para as vedações externas situadas no sentido norte-sul, para as demais foi
escolhido o material Painel Wall, da Eternit, por motivos já mencionados no capítulo seis que,
entre outros, estão a rapidez de execução e o formato das paredes, por questões formais. É
importante destacar que as alvenarias pré-fabricadas já contemplam todo o encaminhamento
das instalações hidrossanitárias e elétricas, incluindo conduítes e caixas de interruptores e
tomadas, assim como o quadro elétrico de disjuntores, de onde o usuário poderá controlar os
circuitos elétricos.
O processo executivo acontece com o auxílio de guindastes, onde são montadas as
alvenarias pré-moldadas, que se encaixam na fundação de concreto. O restante da vedação da
edificação, em Painel Wall, é aparafusado diretamente na fundação e em perfis metálicos
verticais auxiliares já inclusos pelo fabricante Eternit, conforme ilustrado pela figura a seguir.
A propriedade transmitância térmica do Painel Wall é 2,54 W/(m2.K), enquanto que a
dos painéis de alvenaria pré-moldadas em tijolo de oito furos é 2,48 W/(m2.K), se
aproximando bastante, gerando uniformidade de coeficientes térmicos da envoltória da
edificação.
Figura 58 – Detalhes de fixação do Painel Wall na laje radier e face a face.
Fonte: Catálogo técnico da Eternit, 2011. Disponível em: <www.eternit.com.br>
88
O momento posterior da obra é a instalação das esquadrias e estrutura de madeira de
suporte da coberta, onde também é feita toda a instalação elétrica (fiação) e hidráulica
(tubulação, registros de gaveta, reservatório superior, sanitário, tanque e bancadas).
As esquadrias escolhidas foram de geometria do tipo Tabicão (venezianas horizontais
móveis de 10cm de altura), feitas em madeira do tipo Jatobá. Refletem os preceitos da norma
NBR 15.220-3 e da literatura pesquisada no capítulo 2.2, que recomendam a utilização de
grandes aberturas para ventilação, com a utilização de mecanismo de controle, para gerar o
máximo de renovações de ar no ambiente ao mesmo tempo em que gera proteção solar e
contra chuvas, quando necessário.
Figura 59 – Esquadrias do tipo tabicão, com mecanismo de controle.
Fonte: Acervo do autor.
Para a fase seguinte, de instalação da cobertura, foi escolhida a telha do tipo sanduíche
de poliuretano de 30 mm com revestimento de alumínio, do tipo Isotelha, fabricante Isoeste,
material que dispensa laje e forro por ter revestimento da parte inferior em alumínio branco.
Os principais critérios para a escolha dessa telha foram a baixa transmitância térmica e
a alta refletância, em razão da coberta ser o elemento que mais interfere na captação de carga
térmica da edificação, em razão de Macaíba estar situada em latitude próxima à linha do
equador. A transmitância térmica apresentada pelo fabricante da telha é de 0,97 W/(m2.K),
enquanto que a da telha colonial de barro, de acordo com a NBR 15.220-3 é de 4,60
W/(m2.K).
Na sequência, foi avaliado o quesito velocidade de execução, considerando que são
telhas grandes, de dimensão 1,00x7,00 metros, que podem ser instaladas em uma habitação
desse porte em questão de poucas horas, barateando assim o custo da mão-de-obra.
89
Figura 60 – Telha Isotelha, fabricante Isoeste.
Fonte: Catálogo técnico da Isoeste, 2011. Disponível em: <www.isoeste.com.br>
A última fase é a pintura e acabamento do piso, em cimento queimado, trazendo
regularidade - uma vez que é feito em cima da fundação radier - baixo custo e rapidez, além
de não gerar desperdício de material, como quando se utiliza pisos, que geram trinchos em
demasia.
90
Figura 61 – Vista explodida de duas habitações geminadas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Através da vista explodida, pode-se ter uma leitura completa de todos os materiais
aplicados, assim como é possível entender como dar-se-á a sequência de montagem.
7.2.3 Quantificação e Orçamento da Unidade Habitacional
Baseado no modelo virtual construído na plataforma BIM (Building Information
Modeling), foram quantificados todos os materiais aplicados na unidade habitacional modelo,
para posterior extração do orçamento. Considerando o teto orçamentário por habitação
imposto pelo programa PSH, que é de R$28.000,00, ficou definido que o custo da unidade
habitacional proposta não poderia ultrapassar esse limite.
Com a finalidade de buscar igualdade de condições de quantificação e orçamento,
utilizou-se como base a planilha orçamentária praticada pela Secretaria de Infraestrutura,
porém com os preços atualizados à realidade dos dias de hoje e aos novos materiais
incorporados.
91
Para a infraestrutura urbana do conjunto habitacional, foram considerados apenas os
valores corrigidos dos itens que foram especificados pela planilha base da Secretaria de
Infraestrutura, referentes somente à ligação de água e energia. Essa decisão foi tomada para
que o valor referente às obras de urbanização seja uma contrapartida da Prefeitura, sem que os
valores interfiram no limite orçamentário tão baixo imposto pelo PSH.
A tabela a seguir mostra, em números absolutos e em percentuais, o orçamento total
por unidade habitacional que foi cotado para o projeto proposto para o Conjunto Habitacional
São José.
Tabela 5 - Orçamento unitário do modelo de habitação proposta do tipo “C”.
ITEM
1.0
1.1
HABITAÇÃO TIPO “C"
ÁREA CONSTRUÍDA (m²):
ESTIMATIVA DE CUSTOS DA OBRA
44,78
DESCRIÇÃO
SERVIÇOS
PRELIMINARES
DESMATAMENTO
MANUAL DO TERRENO
PREÇO
DO ITEM
(R$)
QUANT.
m2
116,25
0,53
61,61
m2
8,00
56,00
448,00
1,64%
0,21%
1.2
CANTEIRO DE OBRAS
2.0
INFRAESTRUTURA
2.1
LIMPEZA DO TERRENO
ATERRO COM
EMPRÉSTIMO
APILOADO
m3
116,25
0,50
58,13
m3
10,00
33,60
336,00
LOCAÇÃO DA OBRA
LAJE DE CONCRETO DO
TIPO RADIER
m3
48,09
2,66
127,92
m3
5,56
1.300,00
7.228,00
2.2
2.3
2.4
3.0
PAREDES E PAINÉIS
3.1
ALVENARIA ARMADA
m2
57,76
45,00
2.599,20
3.2
PAINEL WALL
unid
16,50
270,00
4.455,00
m2
3,84
295,00
1.132,80
m2
4,20
72,00
302,40
m2
12,60
295,00
3.717,00
m2
2,40
26,88
64,51
m
38,56
6,00
231,36
4.0
4.1
4.2
4.3
ESQUADRIAS E
COBOGÓS
PORTAS EXTERNAS
TIPO TABICÃO
PORTAS INTERNAS
MADEIRA LAMINADA
JANELAS DO TIPO
TABICÃO
4.4
COBOGÓ
5.0
COBERTA
ESTRUTURA DE
MADEIRA COM LINHAS
3X6" PARA
SUSTENTAÇÃO DAS
TELHAS
TELHA TIPO SANDUÍCHE
DE POLIURETANO
5.1
5.2
PREÇO
PARCIAL
(R$)
PORC.
DO
ITEM
(%)
PREÇO
UNITÁRIO
(R$)
UNIDADE
509,61
7.750,05
0,23%
1,23%
61,40
56,00
3.438,40
1,87%
28,44%
0,47%
26,52%
7.054,20
9,54%
16,35%
25,88%
4,16%
5.216,71
1,11%
19,14%
13,64%
0,24%
3.669,76
13,47%
0,85%
m2
PORC.
PARCIAL
(%)
12,62%
92
6.0
PINTURA
6.1
CAIAÇÃO DAS PAREDES
DE ALVENARIA ARMADA
7.0
INSTALAÇÕES
7.1
348,69
m2
162,18
2,15
348,69
ELÉTRICA-Pontos de luz
ELÉTRICA-Pontos de
tomada
ELÉTRICA-Caixa de
ligação ortavada 4x4
unid
7,00
17,95
125,65
unid
6,00
17,95
107,70
unid
7,00
5,28
36,96
7.4
ELÉTRICA-Entrada de
energia monofásica
unid
1,00
61,11
61,11
7.5
ELÉTRICA-Caixa para
disjuntor monofásico
ELÉTRICA-Disjuntor
monofásico 20A
ELÉTRICA-Entrada de
energia
unid
1,00
7,91
7,91
unid
1,00
14,00
14,00
unid
1,00
26,00
26,00
7.8
HIDRÁULICA-Entrada
unid
1,00
30,00
30,00
0,11%
7.9
HIDRÁULICA-Pontos
unid
5,00
20,25
101,25
0,37%
7.10
HIDRÁULICA-Registros
HIDRÁULICAReservatório
unid
2,00
13,20
26,40
unid
1,00
153,60
153,60
HIDRÁULICA-Chuveiro
SANITÁRIA-Pontos de
esgoto
unid
1,00
14,00
14,00
unid
5,00
14,05
70,25
7.14
SANITÁRIA-Caixa
unid
3,00
22,20
66,60
0,24%
7.15
SANITÁRIA-Fossa
SANITÁRIA-Sumidouro
d=1,00m
APARELHOS-Vaso
sanitário
unid
1,00
222,74
222,74
0,82%
unid
1,00
189,00
189,00
unid
1,00
123,30
123,30
7.18
APARELHOS-Lavatório
unid
1,00
50,89
50,89
0,19%
7.19
APARELHOS-Tanque
APARELHOS-Pia de
cozinha
APARELHOS-Caixa de
descarga
unid
1,00
46,41
46,41
0,17%
unid
1,00
58,66
58,66
unid
1,00
41,72
41,72
7.2
7.3
7.6
7.7
7.11
7.12
7.13
7.16
7.17
7.20
7.21
8.0
COMPLEMENTAÇÃO
DA OBRA
8.1
MURO H=1,50m
m2
29,13
38,00
1.106,94
8.3
LIMPEZA FINAL
unid
39,46
0,60
23,68
VALOR TOTAL ESTIMADO (R$)
27.253,79
1,28%
1,28%
0,46%
0,40%
0,14%
0,22%
0,03%
0,05%
0,10%
1.574,15
0,10%
5,78%
0,56%
0,05%
0,26%
0,69%
0,45%
0,22%
0,15%
1.130,62
4,06%
4,15%
0,09%
100,00%
Fonte: Elaborado a partir de base da Secretaria de Infraestrutura de Macaíba, 2012.
Os insumos que tiveram mais peso na formação do preço final do orçamento foram:
fundação do tipo radier, painéis de Painel Wall, e telha do tipo sanduíche de poliuretano.
Estes materiais apresentaram valores unitários relativamente altos em comparação a um
orçamento de casas populares regularmente construídas pela prefeitura. Outro item que
provocou o aumento do valor final do orçamento foi a quantidade e o tipo das esquadrias
utilizadas. As esquadrias do tipo tabicão possuem valor por metro quadrado três vezes mais
caro que esquadrias convencionais de veneziana fixa, e no caso do projeto proposto, a área
93
total de esquadrias é mais que o dobro daquela utilizada no modelo de habitação da prefeitura.
No entanto, estas especificações contribuem para uma maior qualidade e conforto do
ambiente construído.
94
8
SIMULAÇÕES
A hipótese levantada no início do trabalho foi que, através da mudança de parâmetros
de projeto e de escolha de materiais, seria possível obter melhores resultados de desempenho
térmico, sem extrapolar os limites orçamentários dos programas habitacionais implementados
no munícipio de Macaíba. A partir dela e considerando todas as variáveis contempladas por
esta pesquisa, foi elaborada uma classificação em três tipos de habitação. Os modelos a serem
simulados estão listados a seguir, com sua respectiva caracterização:
Tipo “A”: Projeto de edificação executada pela prefeitura em seu
último programa de conjunto habitacional de 60 casas, que possui uma
área construída de 46,67 m², de distribuição predominantemente
compacta, com a aplicação de materiais e sistemas construtivos
tradicionalmente aplicados na região. Seu custo atual é estimado em R$
20.912,52, considerando o valor de R$14.835,39 devidamente corrigido
aos dias atuais.
Tipo “B”: Projeto de edificação proposta para este TCC, que está
contemplada em conjunto habitacional de 50 casas, com área construída
de 44,78 m², de distribuição predominantemente alongada, em formato
de “L”, com a aplicação de materiais e sistemas construtivos
tradicionalmente aplicados na região. Há uma particularidade em relação
à cobertura, considerando que as perspectivas ilustram inclinação de
10%. É necessário pequeno ajuste de geometria das empenas para que se
adaptem à uma inclinação de 25%, necessária para a correta montagem
de cobertura de colonial de barro. O valor total de construção orçado
ficou em R$ 23.424,99.
Tipo “C”: Projeto de edificação proposta para este TCC, que está
contemplada em conjunto habitacional de 50 casas, com área construída
de 44,78 m², de distribuição predominantemente alongada, em formato
de “L”, com a aplicação de materiais e sistemas construtivos não
tradicionais aplicados na região. Seu orçamento foi apresentado através
da Tabela 5, estando em R$27.253,79.
95
Este capítulo apresenta as simulações térmicas e de ventilação natural, nas quais serão
expostos dados de simulação da habitação dos Tipos “A”, “B” e “C”, considerando desde já
que há muitas semelhanças entre os Tipos “B” e “C”. As análises de todos os tipos de
edificação bem como as diferenças contidas entre os dois últimos tipos serão apresentadas no
capítulo relativo ao Estudo Comparativo.
Antes de serem apresentados os resultados e análises das simulações, é preciso
esclarecer como normalmente é mensurado o desempenho térmico de edificações. Em
localidades de clima frio ou temperado, como nos casos da Europa e América do Norte, o
método de análise de consumo de energia para a avaliação de desempenho térmico é o mais
frequente na literatura, pois as edificações, inclusive as habitações, são climatizadas
artificialmente.
No Brasil, o Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética
de Edificações Residenciais (RTQ-R), desenvolvido pelo programa da Eletrobrás/Procel
Edifica, estabelece critérios de medição do desempenho térmico de edificações residenciais,
baseados em resultados que medem escalas de consumo de energia, traduzidas em etiquetas
que vão das letras “A” a “E”, sendo a primeira mais eficiente e a última menos eficiente. Isso
vale também para as edificações que não utilizam qualquer tipo de estratégia de resfriamento
ativo.
No caso da avaliação de desempenho térmico em climas quentes e úmidos,
especificamente em habitações de interesse social, onde não se utilizam estratégias de
resfriamento ativo, torna-se necessária, de acordo com Negreiros (2010), a aplicação de outro
critério porque não há consumo de energia diretamente relacionado ao desempenho térmico
da edificação.
Portanto, como forma de mensurar o desempenho térmico de cada UH presente nesta
pesquisa, foi aplicado o modelo de avaliação desenvolvido pela dissertação de Negreiros
(2010), que faz análise de métodos de predição de desempenho térmico de habitação em clima
quente e úmido, com condicionamento passivo.
O método consiste em extrair resultados obtidos em simulação ou medição, hora a
hora, durante todo o ano, da temperatura radiante média e da temperatura do ar, para um
determinado ambiente da edificação. Estas temperaturas alimentam uma planilha (Figura 62)
elaborada por Negreiros (2010), que resulta em um gráfico (Figura 63) no qual pode
visualizar, ao longo do dia durante todo o ano, a distribuição das faixas de temperatura, onde
96
são apresentadas as seguintes sensações: desconforto ao frio, conforto, conforto com
ventilação e desconforto ao calor.
Figura 62 – Detalhes da planilha de predição de desempenho térmico.
Fonte: Negreiros, 2010.
Figura 63 – Exemplo de gráfico para análise de avaliação de desempenho térmico.
Fonte: Negreiros, 2010.
As faixas de temperatura que refletem as sensações apresentadas no gráfico acima são
rebatimento da dissertação de Oliveira (2006) e de pesquisa realizada por Pedrini (2007) para
97
cidades do nordeste do Brasil, onde foram adotadas quatro zonas, identificadas na Tabela 6 a
seguir.
Tabela 6 – Modelo proposto de avaliação do desempenho térmico.
INTERVALOS DE
CONDIÇÕES
REFERÊNCIAS
TEMPERATURA
Desconforto ao frio
T < 19ºC
Givoni (1992)
Conforto térmico sem ventilação
Conforto térmico com ventilação
de até 1 m/s
Desconforto ao calor
19ºC < T < 29ºC
29ºC < T < 33ºC
T > 33ºC
Givoni (1992)
Humphreys (NICOL, 2004) e Szokolay e Docherty
(1999)
Humphreys (NICOL, 2004) e Szokolay e Docherty
(1999)
Fonte: Negreiros, 2010.
As simulações computacionais foram realizadas no software Design Builder 2.2 e seus
dados foram transferidos para a planilha-base que dá origem aos gráficos nos quais são
apresentados os resultados.
Como complementação dos resultados de desempenho térmico, foi necessário realizar
simulações de CFD para verificação de como será a movimentação de ar interna de cada
ambiente submetido à simulação térmica, uma vez que uma das zonas propostas na
metodologia de Negreiros (2010) é que, entre as temperaturas de 29ºC e 33ºC deve haver
velocidade de vento de até 1m/s. Os resultados são apresentados por meio de imagens onde
são apresentadas a distribuição do fluxo de ar e os campos de pressão, ambos à altura das
janelas das edificações. A escala de ventilação é medida por meio da coloração, no qual as
cores mais quentes representam valores mais altos de velocidade e pressão absoluta, enquanto
que as mais frias apontam para menores valores velocidades e pressão absoluta.
Associado à apresentação das imagens de CFD, é apresentado um gráfico de
estimativa da taxa de ventilação e velocidade interna do ar, desenvolvido pelo Laboratório de
Conforto e Eficiência Energética da UFRN, que é gerado através de uma planilha onde são
alimentados dados relativos aos tamanhos das aberturas de entrada e saída do ar, direção da
incidência de ventos, tamanhos do ambiente e da diferença do coeficiente de pressão obtida
através da simulação de CFD.
8.1
MODELO DE HABITAÇÃO CONVENCIONAL - TIPO “A”
8.1.1 Desempenho térmico
Para realizar a simulação térmica, foi necessário construir o modelo virtual através do
software Design Builder 2.2, inserindo a geometria da edificação, conforme o projeto. Além
98
da edificação propriamente dita, são consideradas as casas de seu entorno imediato, para que
possa haver a verificação da interferência de vento e de sombreamento da vizinhança.
Após a conclusão da modelagem, foram alimentadas no modelo informações relativas
aos materiais construtivos aplicados no projeto, como transmitância térmica e absortância,
além das rotinas de utilização da edificação. As rotinas utilizadas no processo modelagem
foram as seguintes:
 Aberturas de janelas: 100% das horas, apesar de as janelas não possuírem
mecanismo de controle da entrada do ar. Somente assim é possível ter uma
equiparação na avaliação do potencial de ventilação, já que nos tipos “B” e “C”
foram aplicadas janelas com grandes venezianas móveis, do tipo Tabicão;
 Aberturas de portas: Para aquelas situadas no interior da edificação, foi
considerado na rotina que estaria aberta 100% das horas, estando as portas
externas fechadas durante o período da madrugada.
 Densidade de potência: 15 W/m2, referente a todos os equipamentos da
edificação, que somam 675 W, divididos pela área construída da edificação.
Após a rodagem e conclusão da simulação, foram extraídas as temperaturas radiantes
médias e as temperaturas do ar de cada ambiente, que alimentaram a planilha de predição de
desempenho térmico, a partir da qual foram extraídos os resultados, que são apresentados a
seguir através de um quadro.
99
Quadro 3 - Resultados da simulação térmica dos ambientes da UH convencional.
AMBIENTE
DESEMPENHO TÉRMICO
SALA/COZINHA
Frio: 0,00%
Conforto com ventilação: 26,13%
Conforto: 69,82%
Calor: 4,05%
Frio: 0,00%
Conforto com ventilação: 26,67%
Conforto: 68,55%
Calor: 5,78%
Frio: 0,00%
Conforto: 68,08%
DORMITÓRIO 01
DORMITÓRIO 02
Conforto com ventilação: 26,67%
Calor: 4,25%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Percebe-se, através da análise dos gráficos expostos no quadro anterior, que as horas
de calor apresentadas se iniciam a partir das 10hs da manhã e se estendem até o final da tarde,
deixando a edificação em zona de desconforto ao calor durante uma quantidade razoável de
horas. Ainda durante a tarde, é possível perceber que em torno de 25% dos dias do ano, às
13hs, os ambientes da UH estão em zona de desconforto, sendo necessária a utilização de
100
sistema de condicionamento ativo. Esse período corresponde a praticamente toda a estação de
verão.
Outra constatação é que a habitação da prefeitura precisa ser ventilada durante
praticamente todo o dia e a noite, pois as horas de pleno conforto somente ocorrem em
intervalo de horas que vai das 23h às 7hs da manhã.
Particularmente em relação ao desempenho individual de cada ambiente, nota-se que
os desempenhos térmicos dos dormitórios foram piores do que o da sala, talvez em razão de o
último ambiente possuir algumas aberturas a mais, permitindo maiores trocas de ar com o
exterior.
8.1.2 Ventilação natural
A partir da implantação projetada pela Secretaria de Infraestrutura de Macaíba, foi
modelado o conjunto habitacional de 60 casas da prefeitura, com as simplificações de
geometria necessárias, para possibilitar a rodagem da simulação CFD.
A simulação de ventilação natural é realizada pelo mesmo software responsável pela
simulação térmica, porém utiliza dois modelos diferentes. Como as máquinas dos dias atuais
não possibilitam a rodagem de uma simulação de CFD em que estejam presentes as dezenas
de casas dos conjuntos habitacionais deste estudo, construídas internamente parede a parede, a
simulação foi dividida em duas partes: uma referente ao conjunto como um todo, onde cada
casa é um componente sólido completamente fechado e simplificado, sendo que, após a
rodagem, são verificados os campos de pressão absoluta em cada face do modelo; e outra de
uma casa isolada, em que é possível a modelagem das paredes para verificação do escoamento
do ar interno.
Conforme afirma Bittencourt (2005), a diferença de pressão é a força motriz para a
ventilação. Com essa constatação, é possível predizer que onde ocorrer essa diferença haverá
movimento de ar no interior daquele ambiente. A partir disso, encontradas as diferenças de
pressão a partir dos resultados extraídos pelo Design Builder 2.2, é possível entender como
funcionará o movimento de ar no projeto.
Para cada simulação de CFD realizada são alimentadas as seguintes informações: tipo
de grid, espaçamento do grid, tolerância admitida no espaçamento do grid, velocidade dos
ventos, direção dos ventos, característica do entorno e dimensões do domínio da simulação,
conforme mostra a seguir.
101
Figura 64 – Quadro de edição das informações de simulação CFD.
Fonte: Design Builder, 2012.
Como as condições de ventilação de nossa região apontam para basicamente três
direções de vento (90º, 135 e 180º), foram feitas três simulações diferentes, considerando os
ângulos mencionados.
Os dados de campo de pressão obtidos com a simulação do conjunto habitacional
foram cadastrados em planilha que gerou um gráfico de taxa de ventilação e velocidade
interna do ar para cada ambiente, em que são apresentadas taxas de renovação do ar para cada
hora do dia, durante todo o ano.
Os resultados para cada direção de vento são apresentados no quadro a seguir, no qual
o gráfico de taxa de ventilação apresentado refere-se ao ambiente sala/cozinha, de maior área
e onde haverá, supostamente, maior permanência dos usuários da edificação. Não serão
expostos os dados relativos aos quartos, mesmo sendo ambientes de considerável
permanência, já que os resultados foram muito próximos.
102
Quadro 4 - Resultados da simulação da UH convencional com direção do vento a 90º.
Resultado de CFD para a implantação
Resultado de CFD para a UH
Distribuição do fluxo do ar na altura de
Campos de pressão na altura de 1,00 metro
Direção
1,00 metro
Distribuição horária das trocas de ar do ambiente Sala/Cozinha
do vento
90º
Fonte: Elaborado pelo autor.
103
Quadro 5 - Resultados da simulação da UH convencional com direção do vento a 135º.
Resultado de CFD para a implantação
Resultado de CFD para a UH
Campos de pressão na altura de 1,00 metro
Distribuição do fluxo do ar na altura de
Direção
1,00 metro
do
vento
Distribuição horária das trocas de ar do ambiente Sala/Cozinha
135º
Fonte: Elaborado pelo autor.
104
Quadro 6 - Resultados da simulação da UH convencional com direção do vento a 180º.
Resultado de CFD para a implantação
Resultado de CFD para a UH
Campos de pressão na altura de 1,00 metro
Distribuição do fluxo do ar na altura de
Direção
1,00 metro
do
vento
Distribuição horária das trocas de ar do ambiente Sala/Cozinha
180º
Fonte: Elaborado pelo autor.
É perceptível uma gradação positiva dos resultados à medida em que eles são
apresentados. Como a ventilação mais ocorrente e de maior velocidade ocorre na faixa dos
135º de incidência, o resultado apresentado pelo Quadro 5 reflete a taxa de renovações de ar
mais recorrente durante o ano que estará ocorrendo no ambiente considerado.
De forma clara, avaliando e comparando as simulações de CFD, constata-se que os
melhores resultados de ventilação natural foram aqueles do modelo de UH proposta,
105
resultando em maior certeza no atendimento às horas de conforto com ventilação, que giram
em torno dos 20% da quantidade de horas. Para o modelo de habitação convencional,
executado pela prefeitura, o percentual médio de horas de conforto com ventilação é de 30%,
e mesmo sendo um percentual maior que o do modelo proposto, os resultados de CFD
direcionam para taxas de renovação de ar pequenas, havendo potenciais chances de condução
dessa faixa para a zona de desconforto.
8.2
MODELO DE HABITAÇÃO PROPOSTA - TIPO “B”
8.2.1 Desempenho térmico
Durante o processo de modelagem (Figura 65), ocorreram algumas simplificações
geométricas que buscam abstrair algumas representações, com o objetivo de gerar um modelo
mais leve e fácil de simular, sem perder, objetivamente, itens que pudessem interferir no
resultado final.
Figura 65 – Processo de construção do modelo para simulação térmica.
Fonte: Acervo do autor.
Finalizada a modelagem da edificação, foram alimentados os mesmos parâmetros de
modelagem e simulação aplicados ao modelo anterior, para que houvesse uma igualdade no
critério de uma comparação futura.
A partir das informações alimentadas no modelo Tipo “B”, surgiram os resultados
apresentados no quadro a seguir.
106
Quadro 7 - Resultados da simulação térmica dos ambientes da UH Tipo “B”.
AMBIENTE
DESEMPENHO TÉRMICO
SALA/COZINHA
Frio: 2,18%
Conforto com ventilação: 23,78%
Conforto: 71,21%
Calor: 2,83%
Frio: 3,05%
Conforto com ventilação: 22,59%
Conforto: 71,57%
Calor: 2,79%
Frio: 2,48%
Conforto: 70,67%
DORMITÓRIO 01
DORMITÓRIO 02
Conforto com ventilação: 24,43%
Calor: 2,42%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Percebe-se que do modelo anterior para o atual existe uma diminuição drástica nos
horários em que se tem conforto com o auxílio de ventilação. A geometria do projeto
107
proposto, principalmente em razão de suas grandes aberturas, sombreamento e orientação,
respondem por esse ganho qualitativo.
8.2.2 Ventilação natural
As mesmas condições de ventilação natural simuladas no Tipo “A” de habitação foi
aplicada ao Tipo “B”, quais sejam, as três direções de vento (90º, 135 e 180º), que são
expostas a seguir:
Quadro 8 – Resultados da simulação da UH proposta com direção do vento a 90º.
Resultado de CFD para a implantação
Resultado de CFD para a UH
Distribuição do fluxo do ar na altura de
Campos de pressão na altura de 1,00 metro em
1,00 metro
todo o conjunto habitacional
Direção
Distribuição horária das trocas de ar do ambiente Sala/Cozinha
do vento
90º
Fonte: Elaborado pelo autor.
Durante a maior parte das horas, o gráfico aponta para taxas de renovação de ar de 01
até 60 Ac/h. Isso ocorre porque a ventilação está orientada paralelamente ao sentido das
108
aberturas. Se fossem criadas aberturas no sentido leste/oeste da edificação, devidamente
protegidas contra a insolação, as taxas seriam mais elevadas. Porém, como o valor do
orçamento atual aponta que a habitação está muito próxima ao limite estabelecido pelo
programa habitacional PSH, optou-se pela não incorporação da abertura, uma vez que essa
atitude deixaria o valor total cerca de R$100,00 acima do teto orçamentário.
Através dos estudos das condicionantes do entorno, conforme mostra a Figura 37,
apresentada do capítulo 5.2, o intervalo de 135º representa a maior tendência de direção de
vento durante o ano na região de Natal. Considerando esta característica, são apresentados no
quadro a seguir os resultados da simulação para essa direção de vento.
Quadro 9 – Resultados da simulação da UH proposta com direção do vento a 135º.
Resultado de CFD para a implantação
Resultado de CFD para a UH
Distribuição do fluxo do ar na altura
Campos de pressão na altura de 1,00 metro
Direção
de 1,00 metro
Distribuição horária das trocas de ar do ambiente Sala/Cozinha
do vento
135º
Fonte: Elaborado pelo autor.
109
A quadra 01 do conjunto habitacional, situada mais acima e à esquerda do conjunto, é
a mais prejudicada do conjunto, apresentando menores diferenças de pressão entre entrada e
saída de ventos.
Os resultados apresentados mostram altas taxas de renovação de ar, que se mantém
entre 60 e 120 trocas de ar por hora na maior parte das horas do ano. Com resultado muito
próximo, a partir de ângulo de incidência de vento de 180º em relação ao norte, estão os dados
apresentados no Quadro 10.
Quadro 10 - Resultados da simulação da UH proposta com direção do vento a 180º.
Resultado de CFD para a implantação
Resultado de CFD para a UH
Campos de pressão na altura de 1,00 metro
Direção
Distribuição do fluxo do ar na altura de
do vento
1,00 metro
180º
Distribuição horária das trocas de ar do ambiente Sala/Cozinha
Fonte: Elaborado pelo autor.
110
O comportamento padrão frente à ventilação natural do partido urbanístico adotado,
para as três direções de vento consideradas, deixa mais desprivilegiadas as casas situadas na
porção leste da quadra 01. Apesar disso, observando-se as simulações de fluxo de ar na parte
interna das habitações há de se considerar que, em razão da alta permeabilidade das
esquadrias ao vento, o resultado real pode ser melhor do que foi apresentado, considerando a
retomada de velocidade e penetração dos ventos na malha urbana projetada.
8.3
MODELO DE HABITAÇÃO PROPOSTA - TIPO “C”
8.3.1 Desempenho térmico
Através da incorporação da telha do tipo sanduíche de poliuretano, a partir de uma
mesma base de projeto do modelo anterior, é possível visualizar progressos nos gráficos de
predição de desempenho térmico. Os resultados do desempenho térmico são expostos no
quadro a seguir.
Quadro 11 – Resultados da simulação térmica dos ambientes da UH proposta.
AMBIENTE
DESEMPENHO TÉRMICO
SALA/COZINHA
Frio: 1,46%
Conforto com ventilação: 20,07%
Conforto: 78,34%
Calor: 0,13%
Frio: 2,63%
Conforto com ventilação: 19,99%
Conforto: 77,15%
Calor: 0,24%
DORMITÓRIO 01
111
DORMITÓRIO 02
Frio: 2,13%
Conforto: 76,62%
Conforto com ventilação: 20,73%
Calor: 0,51%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como os resultados foram bastante parecidos para a casa geminada do lado direito, foi
apresentado apenas o resultado da casa do lado esquerdo.
De uma maneira geral, os resultados da simulação de desempenho térmico apontaram
zona de desconforto ao calor em apenas menos de 0,5% das horas, estando o restante das
horas compreendidas em zona de conforto, em média 78%, e em conforto com ventilação, em
aproximadamente 20% das horas. Com relação às horas de frio, podem ser sanadas com um
tipo de vestimenta mais adequado à temperatura, sem a necessidade do gasto de energia para
aquecimento.
8.3.2 Ventilação natural
Os resultados obtidos pelas simulações do Tipo “B” são aplicados para o do Tipo “C”,
por se tratar de dois projetos com a mesma geometria. Nesse caso, a variável do sistema
construtivo não interfere nos resultados.
112
9
ESTUDO COMPARATIVO
Este capítulo foi destinado ao estudo comparativo entre três modelos de habitação,
derivados dos estudos realizados por este trabalho, com a finalidade de fazer uma verificação
de desempenho geral de cada edificação.
O objetivo é comparar os três tipos de habitação, verificando individualmente quais
são os pontos mais relevantes em um projeto de HIS, principalmente aqueles relativos ao
conforto térmico, estabelecendo conclusões acerca de cada critério que está sendo avaliado.
Os critérios utilizados para compor o estudo comparativo são: projeto, materiais da
envoltória, custo, desempenho térmico e desempenho de ventilação natural. Chegou-se à
determinação dessas variáveis através do que foi estudado no referencial teórico e na
problemática do tema HIS no município de Macaíba, que destacaram fatores importantes
como redução de custos, rapidez de execução e desempenho térmico na Zona Bioclimática 8.
Foi criado um quadro comparativo com todos os critérios avaliados e o desempenho
de cada um dos três tipos de habitação, expostos a seguir:
113
Quadro 12 – Avaliação comparativa dos três tipos de habitação em estudo.
UNIDADE
HABITACIONAL
IMPLANTAÇÃO
N
MATERIAIS DA
ENVOLTÓRIA
CUSTO TOTAL
DA U.H.
DESEMPENHO TÉRMICO
VENTILAÇÃO NATURAL
Considerando ambiente sala/cozinha
Considerando vento a 135º, no ambiente sala/cozinha
COBERTURA:
N
Telha cerâmica
TIPO
“A”
PAREDES:
R$ 20.912,52
14.835,39x40,96%
(R$448,09 por m²)
ÁREA CONSTRUÍDA:
46,67 m²
LOTE PADRÃO:
104,00 m²
DENSIDADE LÍQUIDA:
Alvenaria moldada in
loco
76,92 famílias/ha.
Frio: 0,00%
Conforto com ventilação: 26,13%
Conforto: 69,82%
Calor: 4,05%
Frio: 2,18%
Conforto com ventilação: 23,78%
Conforto: 71,21%
Calor: 2,83%
Taxa de renovação de ar dominante: 01 a 60 ACH
N
N
COBERTURA:
Telha cerâmica
TIPO
“B”
R$ 23.424,99
PAREDES:
(R$523,77 por m²)
ÁREA CONSTRUÍDA:
44,78 m²
LOTE PADRÃO:
116,25 m²
DENSIDADE LÍQUIDA:
Alvenaria moldada in
loco
76,92 famílias/ha.
N
Taxa de renovação de ar dominante: 60 a 120 ACH
COBERTURA:
N
Telha de Poliuretano
PAREDES:
R$ 27.253,79
TIPO
“C”
(R$608,61 por m²)
ÁREA CONSTRUÍDA:
44,78 m²
LOTE PADRÃO:
116,25 m²
DENSIDADE LÍQUIDA:
76,92 famílias/ha.
Alvenaria armada
+
Frio: 1,46%
Conforto: 78,34%
Taxa de renovação de ar dominante: 60 a 120 ACH
Conforto com ventilação: 20,07%
Calor: 0,13%
Painel Wall
Nota 01: O custo total da U.H do Tipo “A” reflete atualização de 40,96% no valor da construção da UH, a partir do valor apresentado pela Prefeitura de Macaíba, no mês de dezembro de 2008.
Nota 02: Os gráficos de desempenho térmico consideram o ambiente definido pela zona térmica da sala/cozinha, onde se prevê a maior ocupação por parte dos usuários das edificações. Os resultados dos demais ambientes estão apresentados nos Apêndices.
Nota 03: As imagens inseridas na coluna “Unidade Habitacional” para os Tipos “B” e “C” representam a planta de duas unidades geminadas, sendo a área construída apresentada de apenas uma unidade.
114
Coincidentemente, as densidades líquidas das implantações apresentadas no quadro
foram idênticas, inclusive nas casas decimais. A implantação do tipo “A” alcançou tal índice,
mesmo com um partido de casas isoladas, por não obedecer ao que o Plano Diretor determina
em sua seção de recuos laterais, pois o projeto apresenta 1,00 metro ao invés de 1,50 metro de
afastamento lateral, como recomenda o Código Civil Brasileiro, em seu artigo 1.301. Se
fossem aplicados os recuos regulares exigidos, o lote padrão seria mais largo e teria mais área
de superfície, e certamente essa densidade líquida seria significativamente menor que 76,92
famílias por hectare, como foi apresentada.
Observando-se o custo de cada habitação, pode se perceber que, de uma maneira geral,
o modelo de projeto de habitação proposto por este trabalho (Tipo “C”) é, de fato, mais caro
que o Tipo “A”, chegando a uma variação orçamentária de aproximadamente 23%. Os
principais fatores que causaram a alta no preço final foram também aqueles que propiciaram,
em grande parte, aumento na eficiência térmica da edificação.
As esquadrias, por exemplo, foram itens que tiveram quantidade mais do que dobrada
quando se comparam o Tipo “A” aos Tipos “B” e “C”. A elevação da metragem quadrada de
janelas no projeto até se atingir a taxa de 40% da área de piso propiciou alto índice de
renovação de ar nos ambientes e manutenção de uma velocidade do ar suficiente para o
aumento da sensação de conforto térmico nos ambientes.
Porém, é importante destacar que o custo suplementar que está sendo gerado pelos
projetos de Tipos “B” e “C” se reflete em altos ganhos de desempenho térmico, reduzindo
consideravelmente as horas de calor que o usuário da habitação terá durante o ano, reduzindo
também a quantidade de horas em que se é necessário utilizar a ventilação natural ou artificial
no interior da edificação, para que dessa forma possa se alcançar condições de conforto
adequadas ao usuário.
Comparando-se os resultados gerais apresentados no quadro comparativo para as
habitações do Tipo “B” e “C”, pôde-se perceber que a utilização de materiais tradicionais
impulsionou a alteração de duas outras variáveis: o custo e o desempenho térmico.
O Tipo “B” ficou R$ 3.799,16 mais barato, se comparado com o Tipo “C”. Essa
diferença de custo representou, de forma direta, uma grande diferença de desempenho térmico
em favor da última, resultando em uma edificação melhor adaptada à Zona Bioclimática 8,
ligada à escolha dos materiais. Isso se reflete em maior satisfação dos usuários, como também
um menor consumo de energia na unidade habitacional, seja pelo uso de mecanismos de
resfriamento ativos, ou pela maior utilização de luz artificial, através do acendimento de
lâmpadas.
115
Uma constatação importante que pôde ser verificada durante a elaboração dos
orçamentos e simulações foi a de que, criando um modelo derivado do Tipo “B”, denominado
de “B-1”, substituindo-se a cobertura de telha cerâmica pela telha tipo sanduíche de
poliuretano, resulta em custo global da edificação de R$ 23.568,55. Este valor representa uma
economia de 13,5% no valor total se comparado com o Tipo “C”, mantendo o mesmo
desempenho térmico, uma vez que a alvenaria possui a mesma transmitância térmica do
Painel Wall, adotado pelo Tipo “C”. Porém, destaca-se que há uma grande perda em relação à
rapidez da execução e à limpeza do canteiro de obras, uma vez que a alvenaria executada no
local produz mais resíduos que o Painel Wall e a alvenaria armada pré-fabricada.
No que diz respeito à ventilação natural, tem-se que os resultados dos tipos “B” e “C”
são iguais, por se tratar de projeto com mesma geometria, orientação e esquadrias, não tendo a
alteração dos materiais da envoltória interferência na ventilação natural. Enquanto que a casa
Tipo “A” apresenta, na maioria das horas do ano, taxa que varia entre 1 e 60 trocas de ar por
hora, nos Tipos de habitação “B” e “C” esse número é maior que 120 na maior parte do ano.
Em face aos dados expostos e ao que foi analisado, cabe a este estudo concluir que os
valores globais da casa “B” e “C”, mesmo sendo mais elevados, se justificam por estarem
dentro dos limites orçamentários do programa do governo. A diferença de custo representada
pelos dois últimos modelos de projeto é de fundamental importância na temática de HIS, e
deve ser considerada como extremamente positiva pelo poder público, para que possa tomar
decisões em razão do aumento das horas de conforto que podem ser oferecidas, reduzindo
quase que completamente as horas de calor sentidas pelo usuário, onde seria necessária a
utilização de Condicionadores de Ar.
Além do ganho na qualidade térmica desses tipos de edificação, é notável o progresso
da qualidade espacial e de aproveitamento dos espaços internos, gerando possibilidades de
várias opções de ampliação. O resultado final não só apresenta uma edificação mais eficiente
termicamente e espacialmente, mas também uma HIS com qualidade estética mais apurada.
116
10 CONCLUSÕES
O trabalho apresentado reflete o rebatimento dos conteúdos ministrados nas disciplinas
cursadas no decorrer do Curso de Mestrado Profissional em Arquitetura, Projeto e Meio
Ambiente. Os conteúdos de teoria e metodologia, responsáveis pela organização e
sistematização do trabalho; os de morfologia, e a sua importância tanto no âmbito da
aplicação de diretrizes como na verificação de propriedades da sintaxe espacial, por meio de
softwares específicos; os de sustentabilidade, como a principal fonte de reflexão proposta pelo
curso, trazendo a aplicação de conceitos indispensáveis e de aplicação de normas específicas e
regulamentos técnicos; e por fim, os conhecimentos relacionados à tecnologia BIM, que
possibilita total interação com simulações de desempenho térmico das edificações e como
ferramenta aceleradora de documentação projetual, de quantificações e orçamentos.
A pesquisa se originou com a intenção de se investigar o peso representado pelas
variáveis de projeto e de materiais construtivos nos resultados de desempenho térmico de três
modelos de Habitação de Interesse Social. O questionamento de ordem era saber quais dessas
duas variáveis mais iriam interferir e possibilitar os melhores resultados de desempenho
térmico em uma edificação modelo, a ser utilizada pela Prefeitura de Macaíba. De acordo com
a ideia inicial, a edificação Tipo “A” seria a menos eficiente, a Tipo “B”, que teria resultado
intermediário e a Tipo “C” a mais eficiente.
Como o tema é bastante complexo, e sua história apresenta discussões intermináveis
acerca de diversos condicionantes e variáveis a serem consideradas, foi necessário estudar, em
âmbito nacional, um resumido panorama da questão habitacional a partir de 1930. A
problemática do tema da habitação, especificamente no Município de Macaíba, foi mais
detalhada e apresentou os entraves e falhas existentes na produção de habitações que não
atendem aos preceitos da norma NBR 15.220-3, que dispõe sobre o desempenho térmico de
edificações de interesse social.
Através do desenvolvimento deste trabalho foi possível ter uma visão panorâmica da
problemática habitacional do Município de Macaíba e, utilizando como ferramenta de suporte
a pesquisa que foi realizada, foi possível encontrar soluções projetuais adequadas para o
problema.
No contexto desses estudos partimos para a escolha de um terreno onde se pudesse
aplicar o projeto de um Conjunto Habitacional, e daí surgiram os primeiros estudos projetuais.
117
A partir de diversas tentativas, registradas no capítulo 6 deste trabalho, foi possível
registrar todo o caminho e fatores que influenciaram a tomada de decisões, considerando
aspectos que vão desde a análise da densidade urbana possível para o futuro conjunto
habitacional, passando pela escolha do tipo arquitetônico, materiais e sistemas construtivos,
até chegar-se a detalhes como o tipo de janela, mecanismos de abertura e posicionamento de
instalações das áreas molhadas do futuro modelo de habitação.
Depois de desenvolvida a proposta projetual, foi possível realizar simulação
computacional térmica e de CFD da habitação executada pela prefeitura e da habitação
proposta por este trabalho, extraindo as informações necessárias para a composição dos
principais elementos que dariam corpo à análise comparativa.
Através da utilização da metodologia de Negreiros (2010), foi possível quantificar,
através de percentual do número de horas do ano, se o usuário estaria em estado de conforto,
conforto com ventilação ou sentindo calor. Os resultados de cada habitação, expostos através
de um gráfico, apontaram para a confirmação do que se buscava investigar.
Durante o desenvolvimento do trabalho, dentre outras dificuldades, foram três as
principais. A primeira foi encontrar projetos de conjunto habitacional de casas de tipologia
horizontal adequados à realidade da Zona Bioclimática 8 para um melhor embasamento a
partir de soluções projetuais anteriores, o que talvez seja um reflexo de como a questão ainda
não é priorizada pelo Estado. Essa falta de aprofundamento na questão se reflete
economicamente nas quantias que são destinadas unitariamente a cada habitação, sem
mencionar o não atendimento ao que a norma brasileira preconiza em termos de desempenho
térmico.
A dificuldade seguinte se deu durante a fase das simulações computacionais. Durante
a simulação térmica do modelo Tipo “B”, primeiro a ser modelado no computador, problemas
de configuração do arquivo climático de Natal (mais próximo possível à área de estudo)
demandaram tempo para serem resolvidos, como também foi identificado que durante a
rodagem da simulação térmica, ambientes que possuíam entrada de ventilação através de
outro ambiente, apresentavam taxa de renovação de ar tendendo a zero. A solução foi
considerar que a captação de ventilação externa estava sendo feita diretamente através do
ambiente adjacente, de modo a sanar o problema.
Conciliar bom aproveitamento no número de unidades habitacionais a bons resultados
térmicos foi a terceira dificuldade encontrada no decorrer do trabalho. Atingir aos níveis de
densidade satisfatórios em um terreno que, apesar de ser de propriedade da prefeitura, está
rodeado por terrenos de relativa especulação imobiliária. Por essa razão, o conjunto
118
habitacional proposto deveria atingir o número máximo de habitações, considerando as
recomendações de orientação e afastamento entre as edificações. Ainda relativo a essa
questão, não se pôde proporcionar desempenho igualitário de ventilação natural às unidades
habitacionais do conjunto, conforme análise dos resultados de ventilação natural externa.
Este trabalho buscou um enfoque que resgatasse questões ligadas à inserção urbana,
espacialidade, estética, sistemas construtivos e orçamento relativos a projetos de HIS
unifamiliares aplicadas a um caso específico, enfatizadas em discussão de resultados de
conforto térmico adaptado adaptados ao clima do local.
A natureza comparativa do estudo foi de grande importância no desenvolvimento do
trabalho, uma vez que permitiu a verificação, em um quadro resumido, de como está a
situação atual das habitações modelo e como esta pode ser alterada, por meio de novos
projetos, novos materiais e um aumento orçamentário dentro dos limites previstos pelos
programas habitacionais, para uma alternativa mais eficiente do ponto de vista de vários
aspectos, estando entre os principais o melhor rendimento de conforto térmico, a melhor
qualidade espacial e um resultado estético mais refinado.
Ao final da avaliação do trabalho, chegamos à conclusão de que para se chegar a
melhores resultados quantitativos e qualitativos em HIS é necessário que o arquiteto tenha a
liberdade de associar soluções de projeto aos materiais mais recomendados para cada
situação, a fim de se possibilitar uma busca por resultados de desempenho térmico mais
adequados à condição climática do local, naturalmente sem deixar de considerar aspectos
orçamentários e de infraestrutura urbana das cidades que estão recebendo conjuntos
habitacionais de interesse social.
É de nosso anseio que esta investigação e projeto possibilitem novas linhas de estudo
relativas ao tema, que mesmo tão discutido em nosso país ainda não é encarado com a atenção
necessária. Esperamos também que a nossa proposta de projeto possa abrir novas
possibilidades de trabalho em HIS, concretizando-se em projetos mais adequados às
realidades do clima em que estão sendo implantados na região.
119
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220-1 - Desempenho
térmico de edificações. Parte 1: Definições, símbolos e unidades. Rio de Janeiro, 2005.
______. NBR 15220-2 - Desempenho térmico de edificações. Parte 2: Método de cálculo da
transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos
e componentes de edificações. Rio de Janeiro, 2005.
______. NBR 15220-3 - Desempenho térmico de edificações. Parte 3: Zoneamento
bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse
social. Rio de Janeiro, 2005.
AZEVEDO, Sérgio de e ANDRADE, Luis Aureliano Gama. Habitação e Poder. Da
Fundação da Casa Popular ao Banco Nacional da Habitação. Rio de Janeiro: Zahar Ed.,
1982. 135 p.
BITTENCOURT, Leonardo Salazar; CÂNDIDO, C. Introdução à ventilação natural.
Maceió: EDUFAL, 2005.
______. Ventilação Natural em Edificações. Rio de Janeiro: ELETROBRAS PROCEL,
2010.
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. Estação Liberdade /FAPESP, São
Paulo: [s. n.], 1998.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Cartilha do programa “Minha casa, minha vida”.
Disponível em: <http://www1.caixa.gov.br/download/index.asp>. Acesso em: 05 out. 2011.
CARVALHO, M. T. M. Metodologia para Avaliação de Sustentabilidade de Habitações
de Interesse Social com Foco no Projeto. 2009. 241 p. Tese (Doutorado em Estruturas e
Construção Civil) – Universidade de Brasília / Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil e Ambiental. Brasília: EnC/FT/UnB, 2009.
CUNHA, Leonardo. Anteprojeto de uma Habitação de Interesse Social segundo as
recomendações de Conforto Térmico. Trabalho Final de Graduação. Natal: 2005.
DESIGNBUILDER SOFTWARE LTD. DesignBuilder. 2000-2005.
120
EDUARDO CUCOLO. Governo investirá R$ 34 bilhões para construir 1 milhão de casas.
Folha.com. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u540229.shtml>. Acesso em: 13 dez.,
2010.
FONTENELLE, Tâmara Batista. Anteprojeto de uma habitação segundo os parâmetros
do Programa de Arrendamento Residencial – PAR. Trabalho Final de Graduação. Natal,
2007.
GIVONI, B. Climate considerations in buildings and urban design. New York: John
Wiley e Sons, 1998.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos Sociais e Luta pela Moradia. São Paulo: Ed. Loyola,
1991. 190 p.
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Macaíba receberá 200 novas
casas populares até dezembro. Agência RN. Disponível em:
<http://www.rn.gov.br/imprensa/noticias/macaiba-recebera-200-novas-casas-populares-atedezembro/5655/>. Acesso em: 10 dez., 2010.
HOLANDA, A. D. Roteiro para construir no Nordeste. Recife: UFPE. 1976. 48 p.
MACAÍBA. Código de Obras do Munícipio de Macaíba - Lei Nº 149, de 03 de outubro de
1983, alterada pela Lei nº 1.401 de 14 de outubro de 2008: Diário Oficial, 2008.
________. Lei de Parcelamento do Solo - Lei Complementar Nº 1.222, de 07 de julho de
2005: Diário Oficial 2005.
________. Plano Diretor Participativo do Município de Macaíba - Lei Complementar Nº
01, de 19 de dezembro de 2008: Diário Oficial, 2008.
NEGREIROS, Bianca de Abreu. Análise de métodos de predição de desempenho térmico
de habitação em clima quente-úmido, com condicionamento passivo. (2010). Mestrado Programa de Pósgraduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2010.
OLIVEIRA, A. G. D. Proposta de método para avaliação do desempenho térmico de
residências unifamiliares em clima quente-úmido. (2006). Mestrado - Programa de Pós-
121
graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2006.
PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAÍBA. Prefeitura e parceiros constroem casas
populares. Disponível em: <http://www.prefeiturademacaiba.com.br/noticias.php?id=160>.
Acesso em: 11 dez., 2010.
RORIZ, Maurício. ZBBR. Versão 1.1. Universidade Federal de São Carlos, Programa de PósGraduação em construção Civil. 2004.
SILVA, Elvan. Uma Introdução ao projeto arquitetônico. 2. ed. Porto Alegre: UFRGS,
2000.
TRINDADE, Cileno Cirne. Simulação computacional como ferramenta de auxílio ao
projeto: aplicação em edifícios naturalmente ventilados no clima de Natal/RN. 2006. 136 p.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte / Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Natal: CT/PPGAU,
2006.
VARGAS, Júlio Celso. Densidade, paisagem urbana e vida da cidade: jogando um pouco
de luz sobre o debate porto-alegrense. Arquitextos, n. 039.07, ano 04, Ago 2003. Disponível
em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.039/663>. Acesso em: 10 jan.
2012.
122
GLOSSÁRIO
Abertura: Todas as áreas da envoltória do edifício, com fechamento translúcido ou
transparente (que permite a entrada da luz), incluindo janelas, painéis plásticos, clarabóias,
portas de vidro (com mais da metade da área de vidro) e paredes de blocos de vidro. Exclui
vãos sem fechamentos e elementos vazados como cobogós. (COMITÊ GESTOR DE
INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Absortância à radiação solar (a): Quociente da taxa de radiação solar absorvida por uma
superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma superfície. (COMITÊ
GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Ambiente: Espaço interno de um edifício, fechado por superfícies sólidas tais como paredes
ou divisórias, teto, piso e dispositivos operáveis tais como janelas e portas. (COMITÊ
GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Área de projeção da cobertura (m²): Área da projeção horizontal da cobertura, incluindo
terraços cobertos ou descobertos. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Área de projeção do edifício (m²): Área da projeção horizontal do edifício (quando os
edifícios são de formato uniforme) ou área de projeção média dos pavimentos, excluindo
subsolos (no caso de edifícios com formato irregular). (COMITÊ GESTOR DE
INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Área total de piso (m²): Soma das áreas de piso fechadas de construção, medidas
externamente. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA et al., 2009)
Área Útil (m²): Para uso neste regulamento, a área útil é a área realmente disponível para
ocupação, medida entre os paramentos internos das paredes que delimitam o ambiente,
excluindo garagens. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA et al., 2009)
Brise: Elemento arquitetônico de sombreamento originado da expressão francesa brise-soleil,
composto geralmente por várias lâminas fixas ou móveis.
Capacidade térmica (C): Quantidade de calor necessária para variar em uma unidade a
temperatura de um sistema, [J/K]. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Capacidade térmica de componentes (CT): Quociente da capacidade térmica de um
componente pela sua área, [J/m2 K]. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Carga térmica: Calor que deve ser removido ou adicionado para um ambiente para atingir
conforto térmico.(COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA et al., 2009)
Cobogós: Elemento perfurado ou vazado de concreto, cerâmica ou similar, para favorecer
ventilação e iluminação naturais.
123
Condicionamento de ar: processo que objetiva controlar simultaneamente a temperatura, a
umidade, a movimentação, a renovação e a qualidade do ar de um ambiente. Em certas
aplicações controla também o nível de pressão interna do ambiente em relação aos ambientes
vizinhos (ABNT, 2008 ).
Diagrama Solar: Representação gráfica da trajetória do Sol durante todo o ano
(BITTENCOURT, 2004).
Envoltória: Planos externos da edificação, compostos por fachadas, empenas, cobertura,
brises, marquises, aberturas, assim como quaisquer elementos que os compõem. (COMITÊ
GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA et al., 2009)
Equinócio: data em que os hemisférios Sul e o Norte ficam igualmente expostos
geometricamente ao Sol. A data varia: dia 20 ou 21 de março, 22 ou 23 de setembro.
Fachada oeste: Fachada cuja normal à superfície está voltada para a direção de 270º em
sentido horário a partir do norte geográfico. Fachadas cuja orientação variar de +45º ou - 45º
em relação a essa orientação serão consideradas como fachadas oeste para uso neste
regulamento. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA et al., 2009)
Fachada: Superfícies externas verticais ou com inclinação superior a 60o em relação à
horizontal. Inclui as superfícies opacas, translúcidas, transparentes e vazadas, como cobogós e
vãos de entrada. (COMITÊ GESTOR DE INDICADORES E NÍVEIS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA et al., 2009)
124
APÊNDICES
Apêndice A – Orçamento da casa Tipo “B”
HABITAÇÃO TIPO "B"
ÁREA CONSTRUÍDA (m²):
ESTIMATIVA DE CUSTOS DA OBRA
44,78
QUANT.
PREÇO
UNITÁRIO
(R$)
PREÇO DO
ITEM
(R$)
PREÇO
PARCIAL
(R$)
m2
116,25
0,53
61,61
509,61
m2
8,00
56,00
448,00
m3
116,25
0,50
58,13
ATERRO COM
EMPRÉSTIMO
APILOADO
m3
10,00
33,60
336,00
2.3
LOCAÇÃO DA OBRA
m3
48,09
2,66
127,92
2.4
LAJE DE CONCRETO
DO TIPO RADIER
m3
5,56
1.300,00
7.228,00
3.0
PAREDES E PAINÉIS
3.1
ALVENARIA
MOLDADA NO LOCAL
m2
105,28
32,00
3.368,96
4.0
ESQUADRIAS E
COBOGÓS
4.1
PORTAS EXTERNAS
TIPO TABICÃO
m2
3,84
295,00
1.132,80
4.2
PORTAS INTERNAS
MADEIRA LAMINADA
JANELAS DO TIPO
TABICÃO
m2
4,20
72,00
302,40
m2
12,60
295,00
3.717,00
4.4
COBOGÓ
m2
2,40
26,88
64,51
5.0
COBERTA
5.1
ESTRUTURA DE
MADEIRA
m
61,40
31,31
1.922,43
5.2
TELHA COLONIAL DE
BARRO
m2
61,40
26,12
1.603,77
6.0
PINTURA
6.1
CAIAÇÃO DAS
PAREDES DE
ALVENARIA ARMADA
m2
162,18
2,15
348,69
ITEM
1.0
1.1
1.2
2.0
2.1
2.2
4.3
7.0
7.1
7.2
DESCRIÇÃO
SERVIÇOS
PRELIMINARES
DESMATAMENTO
MANUAL DO
TERRENO
CANTEIRO DE
OBRAS
INFRAESTRUTURA
LIMPEZA DO
TERRENO
INSTALAÇÕES
ELÉTRICA-Pontos de
luz
ELÉTRICA-Pontos de
tomada
UNIDADE
PORC.
DO
ITEM
(%)
0,26%
PORC.
PARCIAL
(%)
2,18%
1,91%
0,25%
7.750,05
1,43%
33,08%
0,55%
30,86%
3.368,96
14,38%
14,38%
4,84%
5.216,71
1,29%
22,27%
15,87%
0,28%
3.526,20
8,21%
15,05%
6,85%
348,69
1,49%
1,49%
unid
7,00
17,95
125,65
unid
6,00
17,95
107,70
1.574,15
0,54%
0,46%
6,72%
125
7.3
ELÉTRICA-Caixa de
ligação ortavada 4x4
unid
7,00
5,28
36,96
7.4
ELÉTRICA-Entrada de
energia monofásica
unid
1,00
61,11
61,11
7.5
ELÉTRICA-Caixa para
disjuntor monofásico
ELÉTRICA-Disjuntor
monofásico 20A
unid
1,00
7,91
7,91
unid
1,00
14,00
14,00
7.7
ELÉTRICA-Entrada de
energia
unid
1,00
26,00
26,00
7.8
HIDRÁULICA-Entrada
unid
1,00
30,00
30,00
0,13%
7.9
HIDRÁULICA-Pontos
HIDRÁULICARegistros
unid
5,00
20,25
101,25
0,43%
unid
2,00
13,20
26,40
HIDRÁULICAReservatório
HIDRÁULICAChuveiro
unid
1,00
153,60
153,60
unid
1,00
14,00
14,00
SANITÁRIA-Pontos de
esgoto
unid
5,00
14,05
70,25
7.14
SANITÁRIA-Caixa
unid
3,00
22,20
66,60
0,28%
7.15
SANITÁRIA-Fossa
unid
1,00
222,74
222,74
0,95%
7.16
SANITÁRIASumidouro d=1,00m
APARELHOS-Vaso
sanitário
APARELHOSLavatório
unid
1,00
189,00
189,00
unid
1,00
123,30
123,30
unid
1,00
50,89
50,89
APARELHOS-Tanque
APARELHOS-Pia de
cozinha
unid
1,00
46,41
46,41
unid
1,00
58,66
58,66
7.21
APARELHOS-Caixa
de descarga
unid
1,00
41,72
41,72
8.0
COMPLEMENTAÇÃO
DA OBRA
8.1
MURO H=1,50m
m2
29,13
38,00
1.106,94
8.3
LIMPEZA FINAL
unid
39,46
0,60
23,68
7.6
7.10
7.11
7.12
7.13
7.17
7.18
7.19
7.20
VALOR TOTAL ESTIMADO (R$) 23.424,99
0,16%
0,26%
0,03%
0,06%
0,11%
0,11%
0,66%
0,06%
0,30%
0,81%
0,53%
0,22%
0,20%
0,25%
0,18%
1.130,62
4,73%
4,83%
0,10%
100,00%
126
Apêndice B – Orçamento da casa Tipo “B-1”
HABITAÇÃO TIPO "B-1"
ÁREA CONSTRUÍDA (m²):
ESTIMATIVA DE CUSTOS DA OBRA
44,78
QUANT.
PREÇO
UNITÁRIO
(R$)
PREÇO DO
ITEM
(R$)
PREÇO
PARCIAL
(R$)
m2
116,25
0,53
61,61
509,61
m2
8,00
56,00
448,00
m3
116,25
0,50
58,13
ATERRO COM
EMPRÉSTIMO
APILOADO
m3
10,00
33,60
336,00
2.3
LOCAÇÃO DA OBRA
m3
48,09
2,66
127,92
2.4
LAJE DE CONCRETO
DO TIPO RADIER
m3
5,56
1.300,00
7.228,00
3.0
PAREDES E PAINÉIS
3.1
ALVENARIA
MOLDADA IN LOCO
m2
105,28
32,00
3.368,96
4.0
ESQUADRIAS E
COBOGÓS
4.1
PORTAS EXTERNAS
TIPO TABICÃO
m2
3,84
295,00
1.132,80
4.2
PORTAS INTERNAS
MADEIRA LAMINADA
JANELAS DO TIPO
TABICÃO
m2
4,20
72,00
302,40
m2
12,60
295,00
3.717,00
4.4
COBOGÓ
m2
2,40
26,88
64,51
5.0
COBERTA
5.1
ESTRUTURA DE
MADEIRA COM
LINHAS 3X6" PARA
SUSTENTAÇÃO DAS
TELHAS
m
38,56
6,00
231,36
TELHA TIPO
SANDUÍCHE DE
POLIURETANO
m2
ITEM
1.0
1.1
1.2
2.0
2.1
2.2
4.3
5.2
DESCRIÇÃO
SERVIÇOS
PRELIMINARES
DESMATAMENTO
MANUAL DO
TERRENO
CANTEIRO DE
OBRAS
INFRAESTRUTURA
LIMPEZA DO
TERRENO
6.0
PINTURA
6.1
CAIAÇÃO DAS
PAREDES DE
ALVENARIA ARMADA
7.0
7.1
INSTALAÇÕES
ELÉTRICA-Pontos de
luz
UNIDADE
56,00
0,26%
PORC.
PARCIAL
(%)
2,16%
1,90%
0,25%
7.750,05
1,43%
32,88%
0,54%
30,67%
3.368,96
14,29%
14,29%
4,81%
5.216,71
1,28%
22,13%
15,77%
0,27%
3.669,76
61,40
PORC.
DO
ITEM
(%)
0,98%
15,57%
3.438,40
14,59%
m2
162,18
2,15
348,69
348,69
1,48%
1,48%
unid
7,00
17,95
125,65
1.574,15
6,68%
0,53%
127
ELÉTRICA-Pontos de
tomada
ELÉTRICA-Caixa de
ligação ortavada 4x4
unid
6,00
17,95
107,70
unid
7,00
5,28
36,96
ELÉTRICA-Entrada de
energia monofásica
ELÉTRICA-Caixa para
disjuntor monofásico
unid
1,00
61,11
61,11
unid
1,00
7,91
7,91
7.6
ELÉTRICA-Disjuntor
monofásico 20A
unid
1,00
14,00
14,00
7.7
ELÉTRICA-Entrada de
energia
unid
1,00
26,00
26,00
7.8
HIDRÁULICA-Entrada
unid
1,00
30,00
30,00
0,13%
7.9
HIDRÁULICA-Pontos
HIDRÁULICARegistros
unid
5,00
20,25
101,25
0,43%
unid
2,00
13,20
26,40
HIDRÁULICAReservatório
HIDRÁULICAChuveiro
unid
1,00
153,60
153,60
unid
1,00
14,00
14,00
7.13
SANITÁRIA-Pontos de
esgoto
unid
5,00
14,05
70,25
7.14
SANITÁRIA-Caixa
unid
3,00
22,20
66,60
0,28%
SANITÁRIA-Fossa
SANITÁRIASumidouro d=1,00m
unid
1,00
222,74
222,74
0,95%
unid
1,00
189,00
189,00
APARELHOS-Vaso
sanitário
APARELHOSLavatório
unid
1,00
123,30
123,30
unid
1,00
50,89
50,89
7.19
APARELHOS-Tanque
unid
1,00
46,41
46,41
7.20
APARELHOS-Pia de
cozinha
unid
1,00
58,66
58,66
7.21
APARELHOS-Caixa
de descarga
unid
1,00
41,72
41,72
8.0
COMPLEMENTAÇÃO
DA OBRA
8.1
MURO H=1,50m
m2
29,13
38,00
1.106,94
8.3
LIMPEZA FINAL
unid
39,46
0,60
23,68
7.2
7.3
7.4
7.5
7.10
7.11
7.12
7.15
7.16
7.17
7.18
VALOR TOTAL ESTIMADO (R$) 23.568,55
0,46%
0,16%
0,26%
0,03%
0,06%
0,11%
0,11%
0,65%
0,06%
0,30%
0,80%
0,52%
0,22%
0,20%
0,25%
0,18%
1.130,62
4,70%
4,80%
0,10%
100,00%
2
P
O
RU
MAMO
R
A
D
I
AT
E
R
MI
C
A
ME
N
T
EC
O
N
F
O
R
T
Á
V
E
L
V
E
R
N
E
RMA
XL
I
G
E
RD
EME
L
L
OMO
N
T
E
I
R
O
P
R
O
P
O
S
T
AD
EH
A
B
I
T
A
Ç
A
OD
EI
N
T
E
R
E
S
S
ES
O
C
I
A
LC
O
MÊ
N
F
A
S
EN
OC
O
N
F
O
R
T
OT
É
R
MI
C
O
P
O
RU
MAMO
R
A
D
I
AT
E
R
MI
C
A
ME
N
T
EC
O
N
F
O
R
T
Á
V
E
L
P
R
O
P
O
S
T
AD
EH
A
B
I
T
A
Ç
A
OD
EI
N
T
E
R
E
S
S
ES
O
C
I
A
LC
O
MÊ
N
F
A
S
EN
OC
O
N
F
O
R
T
OT
É
R
MI
C
O
V
O
L
U
ME2
V
E
R
N
E
RMA
XL
I
G
E
RD
EME
L
L
OMO
N
T
E
I
R
O
2
escala 1:45.000
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
NG
NQ
NM
LEGENDA
DATUM OFICIAL - SAD 69
d
c
01
06
02
07
03
08
CASAS DA "BRASIL HOUSE"
04
09
RESIDENCIAL AQUARELA (P.A.R)
Data: 16/05/2011
1
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
escala 1: 2.000
Orientadora:
Co-orientador:
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Prancha:
01 /10
05
Arquivo:
HIS-01-SITUACAO-R00.DWG
Data:
FEVEREIRO / 2012
Escala:
INDICADAS
47
R U A
M A R I A
M E D E I R O S
RAMPA TIPO "A"
2.50
VAGA 28
2.50
VAGA 29
P
2.50
VAGA 9
2.50
VAGA 31
VAGA 13
2.50
2.50
2.50
R
RAMPA TIPO "A"
O
A
E
A
0
UH-04
UH-15
0
9.3
0
9.3
UH-03
2.50
2.50
2.50
2.50
VAGA 38
VAGA 17
2.50
VAGA 39
UH-01
.20
R7
.20
0
0
9.3
UH-23
2.50
2.50
2.50
2.50
VAGA 20
2.50
2.50
VAGA 42
VAGA 21
2.50
2.50
VAGA 43
0
2.5
.00
12
0
9.3
UH-49
0
9.3
0
9.3
0
9.3
UH-48
9.3
0
9.3
0
9
4.2
R
0
9.3
T
A
40.00
.32
33
UH-46
40.00
6
.20
0
9.3
A
E
D
4
0
9.3
9.0
6
0
U
O
J
A
UH-47
8
5.6
UH-28
.2
R1
0
R
P
.30
UH-38
UH-29
0
0
9.3
UH-39
0
4.0
0
9.3
0
9.3
UH-40
9.0
.50
3.11
0
9.3
0
9.3
0
9.3
0
1
4.9
UH-41
UH-50
UH-32
0
9.3
UH-18
2
R1.
Q.03
6
2.1
10
UH-21
UH-30
UH-08
0
9.3
UH-43
A
U
40.00
0
9.3
0
9.3
UH-19
RAMPA TIPO "A"
J
UH-44
UH-31
0
9.3
UH-09
O
T
A
A
UH-42
UH-11
0
9.3
P
R
E
D
0
9.3
0
9.3
UH-20
25
VAGA 41
R
UH-34
UH-12
.50
VAGA 19
UH-24
0
9.3
3
UH-33
10
12
VAGA 40
A
9.3
A
0
0
9.3
UH-35
UH-10
VAGA 18
3.11
U
O
E
UH-36
0
9.3
0
9.3
0
9.3
VAGA 36
VAGA 16
P
R
J
T
A
D
2
UH-22
VAGA 35
VAGA 37
UH-45
0
9.3
0
9.3
0
9.3
2.50
2.50
2.50
R
UH-14
0
9.3
R13
VAGA 15
0
0
9.3
R6.00
VAGA 14
0
9.3
UH-13
VAGA 32
VAGA 34
0
9.3
0
9.3
UH-25
UH-02
VAGA 33
2.50
2.50
VAGA 12
2.50
VAGA 11
2.50
VAGA 10
VIA PARTICULAR
2.50
VAGA 30
2.50
VAGA 8
UH-37
0
9.3
0
9.3
2.50
VAGA 7
U
R
J
T
A
D
8
1.8
5
3.1
UH-16
9.3
CAERN
6
UH-26
UH-05
1
42.20
70.91
2.50
VAGA 6
0
40.00
6.1
UH-17
9.3
41.00
42.30
0
9.3
2
3.8
+48.20
42.30
99.9.599
2.50
VAGA 27
8
5.6
14.08
43.00
Q.02
UH-27
0
9.3
7.00
E 240695.8795
N 9353346.7512
22.01
VAGA 5
2.50
VAGA 26
PARA PLAYGROUND
Q.01
7.76
44.00
0
9.3
UH-06
+48.10
0
40
25.33
UH-07
RAMPA TIPO "A"
LIMITE DO TERRENO DO CONJUNTO HABITACIONAL
2.50 1.20
2.50
2.50
VAGA 25
2.50
VAGA 4
2.50
2.50
VAGA 3
2.50
2.50
2.50
2.50
VAGA 24
22.91
44.80
.04
10
VAGA 2
41
V-02
26.75
6
9.0
+49.00
.50
12
VAGA 23
42
RAMPA TIPO "B"
.50
0
9.3
.20
VAGA 1
R O C H A
24.41
R1
VAGA 22
D A
+47.00
+48.20
5.00
43
11.72
18.17
LIMITE DO TERRENO DO CONJUNTO HABITACIONAL
FAIXA ELEVADA PARA PEDESTRES
(VER DETALHE NA PRANCHA 03)
44
163.78
R1.20
+50.00
45
RAMPA PARA PESSOA
RAMPA TIPO "A"
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
41.50
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
46
RAMPA TIPO "B"
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
E 240571.8137
N 9353453.6743
48
R1.2
0
V-01
49
.50
50
0
9.3
R1
R1.20
R1.2
0
V-03
V-04
E 240526.1154
N 9353400.6492
1.20
6.00
9.46
1.92
17.79
7.12
1.84
24.41
17.79
7.12
1.84
24.41
9.83
E 240641.5860
N 9353301.1336
21.70
152.44
R U A
P R O J E T A D A
(origin ria do loteamento nova maca ba)
49
48
47
46
45
44
1
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
43
42
41
40
39
escala 1: 300
+0.10
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
LADRILHO=25cm
RA
MP
A
SO
B
EI
=
RAMPA SOBE I=8,33%
LADRILHO=25cm
10
+0.10
RAMPA SOBE I=8,33%
0.00
RAMPA SOBE I=8,33%
+0.10
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
A
MP
%
BE
SO
%
10
I=
Orientadora:
Co-orientador:
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
RA
0.00
Prancha:
2
DETALHE RAMPA TIPO "A"
escala 1: 25
3
DETALHE RAMPA TIPO "B"
escala 1: 25
02 /10
DETALHE DE RAMPAS
Arquivo:
HIS-02E03E09-IMP-R01.DWG
Data:
FEVEREIRO / 2012
Escala:
INDICADAS
47
R U A
M A R I A
M E D E I R O S
RAMPA TIPO "A"
2.50
VAGA 29
0
9.3
P
2.50
VAGA 9
2.50
VAGA 31
VAGA 13
R
RAMPA TIPO "A"
2.50
2.50
2.50
VAGA 34
O
A
E
0
A
UH-04
UH-15
0
9.3
0
9.3
UH-03
2.50
2.50
2.50
2.50
2.50
2.50
VAGA 17
2.50
2.50
VAGA 39
U
O
A
E
R7
.20
0
9.3
0
9.3
UH-23
2.50
2.50
2.50
2.50
VAGA 20
2.50
2.50
VAGA 42
VAGA 21
2.50
2.50
VAGA 43
.00
12
0
9.3
UH-49
0
9.3
0
9.3
0
9.3
UH-48
9.3
0
9.3
0
9
4.2
R
0
9.3
T
A
40.00
.32
33
UH-46
40.00
6
.20
0
9.3
A
E
D
4
0
9.3
9.0
6
0
U
O
J
A
UH-47
8
5.6
UH-28
.2
R1
0
R
P
.30
UH-38
UH-29
0
0
9.3
UH-39
0
4.0
0
9.3
0
9.3
UH-40
9.0
.50
3.11
0
9.3
0
9.3
0
9.3
0
1
4.9
UH-41
UH-50
UH-32
0
9.3
UH-18
2
R1.
Q.03
6
2.1
10
UH-21
UH-30
UH-08
0
9.3
UH-43
A
U
40.00
0
9.3
0
9.3
UH-19
RAMPA TIPO "A"
J
UH-44
UH-31
0
9.3
UH-09
O
T
A
A
UH-42
UH-11
0
9.3
P
R
E
D
0
9.3
0
9.3
UH-20
25
VAGA 41
R
UH-34
UH-12
.50
VAGA 19
UH-24
0
2.5
10
12
VAGA 40
A
0
9.3
3
UH-33
UH-01
.20
0
0
9.3
UH-35
UH-10
VAGA 18
UH-36
0
9.3
0
9.3
0
9.3
VAGA 36
VAGA 38
P
R
J
T
A
D
2
UH-22
VAGA 35
VAGA 16
UH-45
0
9.3
0
9.3
0
9.3
VAGA 37
3.11
R
UH-14
0
9.3
R13
VAGA 15
0
0
9.3
R6.00
VAGA 14
0
9.3
UH-13
VAGA 32
VAGA 33
0
9.3
0
9.3
UH-25
UH-02
2.50
2.50
VAGA 12
2.50
VAGA 11
2.50
VAGA 10
VIA PARTICULAR
2.50
VAGA 30
2.50
VAGA 8
UH-37
0
9.3
0
9.3
2.50
VAGA 7
U
R
J
T
A
D
8
1.8
5
3.1
UH-16
9.3
CAERN
6
UH-26
UH-05
1
42.20
6.1
UH-17
+48.20
40.00
70.91
2.50
VAGA 28
PARA PLAYGROUND
41.00
42.30
0
9.3
2
3.8
UH-06
42.30
99.9.599
2.50
VAGA 6
8
14.08
43.00
Q.02
UH-27
5.6
7.00
E 240695.8795
N 9353346.7512
22.01
2.50
VAGA 27
Q.01
7.76
44.00
0
9.3
0
9.3
+48.10
0
40
25.33
UH-07
RAMPA TIPO "A"
LIMITE DO TERRENO DO CONJUNTO HABITACIONAL
2.50 1.20
2.50
2.50
VAGA 5
2.50
VAGA 26
2.50
VAGA 4
VAGA 25
2.50
2.50
VAGA 3
2.50
2.50
2.50
2.50
VAGA 24
22.91
44.80
.04
10
VAGA 2
41
V-02
26.75
6
9.0
+49.00
.50
12
VAGA 23
42
RAMPA TIPO "B"
.50
0
9.3
.20
VAGA 1
R O C H A
24.41
R1
VAGA 22
D A
+47.00
+48.20
5.00
43
11.72
18.17
LIMITE DO TERRENO DO CONJUNTO HABITACIONAL
FAIXA ELEVADA PARA PEDESTRES
(VER DETALHE NA PRANCHA 03)
44
163.78
R1.20
+50.00
45
RAMPA PARA PESSOA
RAMPA TIPO "A"
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
41.50
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
46
RAMPA TIPO "B"
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
E 240571.8137
N 9353453.6743
48
R1.2
0
V-01
49
.50
50
0
9.3
R1
R1.20
R1.2
0
V-03
1.20
V-04
E 240526.1154
N 9353400.6492
6.00
9.46
1.92
17.79
7.12
17.79
7.12
1.84
24.41
9.83
E 240641.5860
N 9353301.1336
21.70
152.44
R U A
P R O J E T A D A
(origin ria do loteamento nova maca ba)
49
48
0.00
47
46
45
PINTURA BRANCA NO PISO
.05
1
44
BANCO CORRIDO AO LONGO
DE ENCOSTO DE ALVENARIA
H=45cm
43
42
41
40
39
escala 1: 300
.95
1.00
1.84
24.41
.50
R3
.0
0
.25
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
.50
.50
.50
.50
.50
.50
.50
.50
.50
.50
.50
.76
PINTURA BRANCA NO PISO
3.00
3.00
+0.10
2.50
JARDIM ELEVADO 25cm
R.0
Orientadora:
Co-orientador:
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
1.39
.95
.05
1.00
.25
.50
5
PINTURA BRANCA NO PISO
.45
.20
05
R.
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
R.05
.10
.80
.20
.80
.20
.80
.20
.80
.20
.80
.20
.80
.10
0.00
3
2
Prancha:
DETALHE BANCO CORRIDO DE ALVENARIA
03 /10
escala 1: 50
DETALHE FAIXA ELEVADA
escala 1: 50
Arquivo:
HIS-02E03E09-IMP-R01.DWG
Data:
FEVEREIRO / 2012
Escala:
INDICADAS
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
05
4
1
05
PAINEL WALL DE
ENVOLTÓRIA DA CAIXA
D'ÁGUA
A
B
C
TELHA TIPO SANDUÍCHE
DE POLIURETANO, FAB.
ISOESTE, REF. "ISOTELHA"
3
05
D
E
F
PAINEL WALL DE
ENVOLTÓRIA DA CAIXA
D'ÁGUA
G
BARROTES DE MADEIRA
3X6", PARA SUSTENTAÇÃO
DA CX. D'ÁGUA
N
BARROTES DE MADEIRA
3X6", PARA SUSTENTAÇÃO
DA CX. D'ÁGUA
LINHA DE MADEIRA
3X6", APOIADA NAS
ALVENARIAS ARMADAS
PROJEÇÃO DO LIMITE DA
EDIFICAÇÃO
7
4.39
1
8.00%
CX. DAGUA DE FIBRA
CAP=500L
1.664
LINHA DE MADEIRA
3X6", APOIADA NAS
ALVENARIAS ARMADAS
LINHA DE MADEIRA 3X6",
APOIADA NAS ALVENARIAS
ARMADAS
CX. DAGUA DE FIBRA
CAP=500L
TELHA TIPO SANDUÍCHE
DE POLIURETANO, FAB.
ISOESTE, REF. "ISOTELHA"
QUADRO DE ESQUADRIAS - JANELAS
QT LARGURA ALTURA PEITORIL
AREA
CÓD
CB-106
JM-90
JM-120
JM-240
JM-240b
RUFO DE CONCRETO
5X20cm
6
921
1.708
RUFO DE CONCRETO
5X20cm
1.444
2
2
2
4
4
2
05 5
05
2.40
0.60
1.50
1.50
0.60
0.00 m
1.80 m
0.90 m
1.00 m
2.40 m
2.54 m²
0.54 m²
1.80 m²
3.60 m²
1.44 m²
Cimento farofado
De correr do tipo tabicão
De correr do tipo tabicão
De correr do tipo tabicão
De correr do tipo tabicão
QUADRO DE ESQUADRIAS - PORTAS
QT LARGURA ALTURA
ESPECIFICAÇÃO
CÓD
PM-60
PM-70
PM-81
2
4
4
0.66
0.76
0.70
2.10
2.10
2.35
De giro em madeira laminada
De giro em madeira laminada
PORTA DE FERRO
6
1.444
10.00%
6
6
1.06
0.90
1.20
2.40
2.40
ESPECIFICAÇÃO
1.444
ÍNDICES E TAXAS
5 449 6
3
RÉGUA DE MADEIRA
PARA ARREMATE DE
COBERTURA 2X6"
14
2.40
14
2.41
14
ÁREA DO
TERRENO
ÁREA CONSTRUÍDA
APROVEITAMENTO
116.25 m²
44.78 m²
0.39
2.50
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
DE COBERTURA
1 PLANTA
ESCALA 1 : 75
7
05
1
05
3
05
05
4
1
05
3
05
9.30
D
1.57
40
14
1.20
14
1
E
2.65
2.65
2.51
2.51
PM-81
JM-120
14
1.20
2
05
N
G
2.54
14
1.57
40
JM-120
4
4
1.17
+0.17
F
2.54
1.57
C
2.54
1.17
B
2.54
PM-81
A
1.57
9.30
2
05
77
projeção da coberta
BANHO
2.61 m²
905
PM-60
4
50
4
SALA/COZINHA
17.73 m²
+0.17
17.73 m²
+0.17
2.24 m²
+0.17
12.50
DORMITÓRIO 02
8.07 m²
+0.17
PM-81
8.07 m²
+0.17
PM-81
DORMITÓRIO 02
JM-120
JM-120
3.78 m²
14
2.40
14
2.41
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
1.66
VARANDA
3.78 m²
JM-240
70
60
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:
projeção da coberta
25
25
70
projeção da coberta
VARANDA
60
4
JM-240
4
1.66
4
JM-240
4
JM-240
3
05
4.40
8.40 m²
+0.17
6
3.50
PM-70
DORMITÓRIO 01
8.40 m²
+0.17
3.35
DORMITÓRIO 01
3.35
3.50
4.40
PM-70
CIRCULAÇÃO
PM-70
12.50
JM-240b
CB-106
4
2.24 m²
+0.17
SALA/COZINHA
4
CIRCULAÇÃO
92
CB-106
PM-70
94
JM-240b
0
4
2
4
2.60
2.60
4
2.41
14
2.40
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
14
3.07
GARAGEM EM FORMATO DE BAIA
2.20
2.20
3.07
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO TÉRMICO
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
GARAGEM EM FORMATO DE BAIA
Orientadora:
Co-orientador:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Nome / Endereço do empreendimento:
90
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
1
05
7
05
3
05
BAIXA
2 PLANTA
ESCALA 1 : 50
1.20
PASSEIO PÚBLICO
30
30
PASSEIO PÚBLICO
1.20
1.20
90
RUA PROJETADA, S/N, LOTEAMENTO NOVA MACAÍBA, BAIRRO SÃO JOSÉ, MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
1.20
05 5
50
PM-60
905
68
2.61 m²
+0.17
2.37
BANHO
68
projeção da coberta
2.35
77
3.46
JM-90
3.46
JM-90
Conteúdo:
Prancha:
PLANTAS DA UNIDADE HABITACIONAL
Arquivo: C:\1. VERNER\UFRN Mestrado\TCC - PROJETO\1-PROJ
EXECUTIVO\HIS-04e05e10-UH-R04.rvt
T CUD ORP T NE DUT S KSE D OT UA NA YB DE CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
7.59
04 /10
Data:
FEVEREIRO / 2012
Escala:
As indicated
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
1
2
3
G
1.10
TELHA TIPO SANDUÍCHE DE
POLIURETANO, FAB. ISOESTE,
REF. "ISOTELHA"
RUFO DE CONCRETO
20X5cm
E
D
C
B
A
ALVENARIA ARMADA
TELHA TIPO SANDUÍCHE DE
POLIURETANO, FAB. ISOESTE, REF.
"ISOTELHA"
RUFO DE CONCRETO 20X5cm
26
10
RUFO DE CONCRETO 20X5cm
2.55
86
LINHA DE MADEIRA 3X6",
APOIADA NAS
ALVENARIAS ARMADAS
2.55
60
20 14 22 14
F
TELHA TIPO SANDUÍCHE DE
POLIURETANO, FAB. ISOESTE, REF.
"ISOTELHA"
COBERTURA
COBERTURA
2.40
2.40
2.38
1.70
2.40
3.36
COBOGÓ DE CIMENTO FAROFADO
2.544
COBOGÓ DE CIMENTO FAROFADO
3.26
50
JANELA DO TIPO TABICÃO
BANHO
CIRCULAÇÃO
DORMITÓRIO 02
2.61 m²
2.24 m²
8.07 m²
15
PAV. TÉRREO
92
92
PEITORIL EM PAINEL WALL
BANHO
SALA/COZINHA
SALA/COZINHA
BANHO
2.61 m²
17.73 m²
17.73 m²
2.61 m²
15
PAV. TÉRREO
0
0
TERRENO
TERRENO
B-B
2 CORTE
ESCALA 1 : 50
A-A
1 CORTE
ESCALA 1 : 50
1
2
3
20
G
1.041
TELHA TIPO SANDUÍCHE DE
POLIURETANO, FAB.
ISOESTE, REF. "ISOTELHA"
E
D
C
B
A
PAINEL WALL COMO ENVOLTÓRIA
DA CX. D'ÁGUA DE FIBRA DE 500
LITROS
RUFO DE CONCRETO
20X5cm
PAINEL WALL COMO ENVOLTÓRIA
DA CX. D'ÁGUA DE FIBRA DE 500
LITROS
14
LINHA DE MADEIRA 3X6",
APOIADA NAS
ALVENARIAS ARMADAS
2.55
36
F
2.55
COBERTURA
ALVENARIA ARMADA
PINTADA COM DUAS
DEMÃOS DE CAL
2.60
PAINEL WALL APARENTE OU
PINTADO NA TONALIDADE MARROM
PAINEL WALL APARENTE OU
PINTADO NA TONALIDADE MARROM
90
2.40
1.50
ALVENARIA ARMADA
PINTADA COM DUAS
DEMÃOS DE CAL
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
SALA/COZINHA
VARANDA
17.73 m²
3.78 m²
15
15
PAV. TÉRREO
PAV. TÉRREO
0
0
TERRENO
TERRENO
NORTE
4 FACHADA
ESCALA 1 : 50
C-C
3 CORTE
ESCALA 1 : 50
1
PAINEL WALL COMO ENVOLTÓRIA
DA CX. D'ÁGUA DE FIBRA DE 500
LITROS
2
3
3
TELHA TIPO SANDUÍCHE DE
POLIURETANO, FAB. ISOESTE, REF.
"ISOTELHA"
PAINEL WALL COMO ENVOLTÓRIA
DA CX. D'ÁGUA DE FIBRA DE 500
LITROS
2
TELHA TIPO SANDUÍCHE DE
POLIURETANO, FAB. ISOESTE, REF.
"ISOTELHA"
2.55
2.55
COBERTURA
ALVENARIA ARMADA
PINTADA COM DUAS
DEMÃOS DE CAL
1
COBERTURA
ALVENARIA ARMADA PINTADA COM
DUAS DEMÃOS DE CAL
ALVENARIA ARMADA PINTADA COM
DUAS DEMÃOS DE CAL
ALVENARIA ARMADA
PINTADA COM DUAS
DEMÃOS DE CAL
15
15
PAV. TÉRREO
PAV. TÉRREO
0
0
TERRENO
TERRENO
LESTE
5 FACHADA
ESCALA 1 : 50
A
PAINEL WALL COMO ENVOLTÓRIA
DA CX. D'ÁGUA DE FIBRA DE 500
LITROS
B
C
OESTE
6 FACHADA
ESCALA 1 : 50
D
E
F
G
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
PAINEL WALL COMO ENVOLTÓRIA
DA CX. D'ÁGUA DE FIBRA DE 500
LITROS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
2.55
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO TÉRMICO
COBERTURA
ALVENARIA ARMADA
PINTADA COM DUAS
DEMÃOS DE CAL
ALVENARIA ARMADA
PINTADA COM DUAS
DEMÃOS DE CAL
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
Orientadora:
Co-orientador:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso
PAINEL WALL APARENTE OU
PINTADO NA TONALIDADE MARROM
PAINEL WALL APARENTE OU
PINTADO NA TONALIDADE MARROM
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Nome / Endereço do empreendimento:
RUA PROJETADA, S/N, LOTEAMENTO NOVA MACAÍBA, BAIRRO SÃO JOSÉ, MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
15
Conteúdo:
PAV. TÉRREO
0
Prancha:
CORTES E FACHADAS DA UNIDADE HABITACIONAL
TERRENO
SUL
7 FACHADA
ESCALA 1 : 50
Arquivo: C:\1. VERNER\UFRN Mestrado\TCC - PROJETO\1-PROJ
T CUD ORP T NE DUT S KSE D OT UA NA YB DE CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
COBERTURA
EXECUTIVO\HIS-04e05-UH-R03.rvt
Data:
FEVEREIRO / 2012
05 /10
Escala:
1 : 50
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
06
5
2
06
A
B
C
2.54
D
2.54
E
F
5.30
G
2.54
2.54
1.57
1.57
1.57
14
14
BANHO
CIRCULAÇÃO
PM-70
PM-70
2.55
CIRCULAÇÃO
2.987
17.73 m²
PM-70
2.40
17.73 m²
3
06
4
SALA/COZINHA
4.00
68
14
COBERTA
PM-70
3.44 m²
PM-70
DORMITÓRIO 01
DORMITÓRIO 01
8.40 m²
8.40 m²
DORMITÓRIO 02
DORMITÓRIO 02
8.07 m²
8.07 m²
3.35
4.40
3.50
06 4
8.13 m²
3
PM-60
2.61 m²
4
3.44 m²
SALA/COZINHA
92
4
50
PM-60
4
PM-70
50
68
14
93
3
06
DORMITÓRIO 03
2.35
2.61 m²
2.50 m²
2
2.40
PM-60
2.25
BANHO
77
8.13 m²
1
JM-240
BANHO 02
JM-90
77
DORMITÓRIO 03
JM-90
PM-81
JM-90
2.50 m²
14
1.60
PM-81
4
BANHO 02
2.25
3.32
3.46
2.45
14
JM-90
1.17
JM-240
2
4
93
1
1.11
JM-120
14
14
JM-120
14
1.11
3.32
4
BANHO 02
CIRCULAÇÃO
DORMITÓRIO 02
2.50 m²
3.44 m²
8.07 m²
15
PAV. TÉRREO
0
3.50
2.45
PM-60
14
TERRENO
A-A
2 CORTE
ESCALA 1 : 75
4
4
PM-81
PM-81
JM-120
JM-120
4
96
JM-240
96
JM-240
60
3
VARANDA
VARANDA
3.78 m²
3.78 m²
B
C
D
E
F
G
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
2.55
1.20
COBERTA
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
2
06
6
06
BAIXA
1 PLANTA
ESCALA 1 : 75
DORMITÓRIO 03
CIRCULAÇÃO BANHO
8.13 m²
3.44 m²
2.61 m²
SALA/COZINHA
SALA/COZINHA
BANHO
CIRCULAÇÃO
DORMITÓRIO 03
17.73 m²
17.73 m²
2.61 m²
3.44 m²
8.13 m²
15
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
1
2
B-B
3 CORTE
ESCALA 1 : 75
3
2.55
COBERTA
G
F
E
D
C
B
A
2.55
15
COBERTA
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
OESTE
4 FACHADA
ESCALA 1 : 75
15
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
NORTE
5 FACHADA
ESCALA 1 : 75
A
B
C
D
E
F
G
2.55
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
COBERTA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO TÉRMICO
15
PAV. TÉRREO
0
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
TERRENO
SUL
6 FACHADA
ESCALA 1 : 75
Orientadora:
Co-orientador:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Nome / Endereço do empreendimento:
RUA PROJETADA, S/N, LOTEAMENTO NOVA MACAÍBA, BAIRRO SÃO JOSÉ, MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
VOLUMETRIA DA OPÇÃO DE AMPLIAÇÃO 01
Conteúdo:
Prancha:
OPÇÃO DE AMPLIAÇÃO 01
06 /10
ÁREA AMPLIADA= 12,94 m2
Arquivo: C:\1. VERNER\UFRN Mestrado\TCC - PROJETO\1-PROJ EXECUTIVO\UH
Data:
AMPLIACAO 01.rvt
T CUD ORP T NE DUT S KSE D OT UA NA YB DE CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
2.45
A
FEVEREIRO / 2012
Escala:
1 : 75
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
07
5
1
07
N
A
1.57
B
C
2.54
2.54
3.595
14
1.57
D
E
F
5.30
1.195
15
14
2.51
2.54
14
2.51
JM-120
JM-90
G
1.195
14
JM-120
2.54
3.595
15
1
77
2
3
JM-90
PM-80
2.55
1.48
1.48
1.60
1
PM-80
BANHO
BANHO
CIRCULAÇÃO
PM-70
DORMITÓRIO 01
12.44 m²
8.40 m²
15
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
2.25 m²
PM-70
DORMITÓRIO 01
8.40 m²
8.40 m²
DORMITÓRIO 02
DORMITÓRIO 02
8.07 m²
8.07 m²
3.35
4.40
ÁREA DE LAZER
PM-70
CIRCULAÇÃO
DORMITÓRIO 01
JM-120
4
JM-240
JM-120
A-A
1 CORTE
ESCALA 1 : 75
JM-240
VARANDA
VARANDA
3.78 m²
3.78 m²
A
B
C
D
E
F
G
2.45
2.55
1.20
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
4.141
2.40
2.411
2.40
2.411
4.00
4.141
COBERTA
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
ÁREA DE LAZER
BANHO
SALA/COZINHA
SALA/COZINHA
BANHO
ÁREA DE LAZER
12.44 m²
2.60 m²
19.12 m²
19.12 m²
2.60 m²
12.44 m²
15
PAV. TÉRREO
0
6
07
2
TERRENO
BAIXA
3 PLANTA
ESCALA 1 : 75
B-B
2 CORTE
ESCALA 1 : 75
3
2.55
COBERTA
G
F
E
D
C
B
A
2.55
COBERTA
15
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
OESTE
4 FACHADA
ESCALA 1 : 75
15
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
NORTE
5 FACHADA
ESCALA 1 : 75
A
B
C
D
E
F
G
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
2.55
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:
COBERTA
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO TÉRMICO
15
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
SUL
6 FACHADA
ESCALA 1 : 75
VOLUMETRIA DA OPÇÃO DE AMPLIAÇÃO 02
Orientadora:
Co-orientador:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Nome / Endereço do empreendimento:
RUA PROJETADA, S/N, LOTEAMENTO NOVA MACAÍBA, BAIRRO SÃO JOSÉ, MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
Conteúdo:
Prancha:
OPÇÃO DE AMPLIAÇÃO 02
07 /10
ÁREA AMPLIADA= 12,94 m2
Arquivo: C:\1. VERNER\UFRN Mestrado\TCC - PROJETO\1-PROJ EXECUTIVO\UH
Data:
AMPLIACAO 02.rvt
T CUD ORP T NE DUT S KSE D OT UA NA YB DE CUD ORP
1
07
1
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
966
60
3
2.40
1.98
19.12 m²
2
07
CB-106
4
2.25 m²
07 4
SALA/COZINHA
19.12 m²
92
PM-70
SALA/COZINHA
PM-60
50
68
4
2
50
PM-60
CB-106
68
1.98
2
07
12.44 m²
2.60 m²
2.35
2.60 m²
77
ÁREA DE LAZER
12.44 m²
77
3.46
ÁREA DE LAZER
2.987
JM-90
4.00
40
COBERTA
JM-90
FEVEREIRO / 2012
Escala:
1 : 75
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
08
6
14
D
2.40
14
1.055
E
2.65
1.195
15
14
F
2.65
2.51
14
G
2.54
2.51
14
1.195
A
2.54
1.055
15
14
1.57
2.40
77
B
C
D
F
G
N
14
1.64
76
14
2.51
JM-90
14
JM-120
JM-90
JM-240b
DORMITÓRIO 03
DORMITÓRIO 03
4
PM-70
1
JM-240b
1.03
1.48
1
1.48
E
N
65
1.50
1.57
C
2.54
65
B
2.54
14
A
1.57
3
08
1.50
3
08
08
6
2.60 m²
8.30 m²
2
SALA/COZINHA
SALA/COZINHA
17.73 m²
17.73 m²
BANHO 02
2.49 m²
4
08
S
4
08
2.49 m²
PM-60
1.00
PM-70
JM-90
1.06
JM-90
14
S
2
JM-240
1.20
4
08
PM-60
S
14
S
8.33 m²
BANHO 02
14
PM-60
4
08
14
JM-240
JM-90
JM-90
2.51
PM-70
08 5
DORMITÓRIO 01
DORMITÓRIO 01
8.40 m²
8.40 m²
4.40
12.50
8.33 m²
2.25
2.60 m²
ÁREA DE LAZER
1.98
BANHO
1.98
BANHO
3.32
3.46
8.30 m²
3.32
JM-90
ÁREA DE LAZER
DORMITÓRIO 02
DORMITÓRIO 02
8.07 m²
8.07 m²
08 5
JM-120
JM-240
3
VARANDA
VARANDA
3.78 m²
3.78 m²
3
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
REBAIXO DA GUIA DO MEIO-FIO
7
08
3
08
2
A
3
B
7
08
3
08
BAIXA-PAVIMENTO TÉRREO
1 PLANTA
ESCALA 1 : 75
C
D
E
F
BAIXA - PAVIMENTO SUPERIOR
2 PLANTA
ESCALA 1 : 75
G
1
2
3
1.437
1.34
1.437
97
1
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
1.135
5.10
5.10
5.10
COBERTURA
COBERTURA
2.55
966
1.90
2.55
1.584
40
COBERTURA
2.55
BANHO 02
DORMITÓRIO 03
DORMITÓRIO 03
BANHO 02
2.49 m²
8.33 m²
8.33 m²
2.49 m²
2.55
2.55
PAV. SUPERIOR
PAV. SUPERIOR
DORMITÓRIO 02
8.07 m²
15
PAV. TÉRREO
2.40
2.40
98
2.40
2.40
1.40
PAV. SUPERIOR
ÁREA DE LAZER
BANHO
SALA/COZINHA
SALA/COZINHA
BANHO
ÁREA DE LAZER
8.30 m²
2.60 m²
17.73 m²
17.73 m²
2.60 m²
8.30 m²
15
PAV. TÉRREO
0
E
D
0
TERRENO
A-A
3 CORTE
ESCALA 1 : 75
F
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
G
15
OESTE
5 FACHADA
ESCALA 1 : 75
TERRENO
B-B
4 CORTE
ESCALA 1 : 75
C
B
A
A
5.10
COBERTURA
B
C
D
E
F
G
5.10
COBERTURA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
2.55
PAV. SUPERIOR
2.55
PAV. SUPERIOR
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO TÉRMICO
15
PAV. TÉRREO
15
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
PAV. TÉRREO
0
TERRENO
0
TERRENO
Orientadora:
Co-orientador:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso
NORTE
6 FACHADA
ESCALA 1 : 75
SUL
7 FACHADA
ESCALA 1 : 75
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Nome / Endereço do empreendimento:
RUA PROJETADA, S/N, LOTEAMENTO NOVA MACAÍBA, BAIRRO SÃO JOSÉ, MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
Conteúdo:
Prancha:
OPÇÃO DE AMPLIAÇÃO 03
08 /10
ÁREA AMPLIADA= 27,52 m2
Arquivo: C:\1. VERNER\UFRN Mestrado\TCC - PROJETO\1-PROJ EXECUTIVO\UH
Data:
AMPLIACAO 03.rvt
T CUD ORP T NE DUT S KSE D OT UA NA YB DE CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
3.07
VOLUMETRIA DA OPÇÃO DE AMPLIAÇÃO 03
FEVEREIRO / 2012
Escala:
1 : 75
1.06
.02
1.06
.13
.81
.05
.02
.06 .11 .12 .12 .12 .12 .12 .12 .11 .06
1.20
.02.13
.10
.90
2.10
2.10
2.40
2.40
1.50
DE MADEIRA
2.40
.08
.40
.08
.60
.40
1.80
2.40
1.80
2.40
1.20
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
.90
.02.13
2.40
1.50
.08
.60
.13
.08
2.40
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
Orientadora:
Co-orientador:
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Prancha:
09 /10
Arquivo:
HIS-02E03E09-IMP-R01.DWG
Data:
FEVEREIRO / 2012
Escala:
INDICADAS
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
VISTA EXPLODIDA
PLANTA PERSPECTIVADA COM ESPECIFICAÇÕES
MESTRADO PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO AMBIENTE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:
POR UMA MORADIA TERMICAMENTE CONFORTÁVEL
PROPOSTA DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM ÊNFASE NO CONFORTO TÉRMICO
VERNER MAX LIGER DE MELLO MONTEIRO
Orientadora:
Co-orientador:
Profa. Dra. Maísa Dutra Veloso
Prof. Aldomar Pedrini, Ph.D.
Nome / Endereço do empreendimento:
RUA PROJETADA, S/N, LOTEAMENTO NOVA MACAÍBA, BAIRRO SÃO JOSÉ, MUNICÍPIO DE MACAÍBA/RN
Conteúdo:
Prancha:
CORTES PERSPECTIVADOS E VISTA EXPLODIDA
CORTE PERSPECTIVADO 01
CORTE PERSPECTIVADO 02
Arquivo: C:\1. VERNER\UFRN Mestrado\TCC - PROJETO\1-PROJ
EXECUTIVO\HIS-04e05-UH-R03.rvt
T CUD ORP T NE DUT S KSE D OT UA NA YB DE CUD ORP
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCT
Data:
FEVEREIRO / 2012
10 /10
Escala:
Download

- Prefeitura Municipal do Natal