1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SUPERVISÃO ESCOLAR: DESAFIOS ATUAIS Por: Ana Elizabeth Moreira Alves Costa Orientador Antônio Fernando Vieira Ney Rio de Janeiro 2008 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SUPERVISÃO ESCOLAR: DESAFIOS ATUAIS Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito para obtenção do grau de especialista em Supervisão Escolar Por: Ana Elizabeth Moreira Alves Costa 3 AGRADECIMENTOS A Deus, o dono da minha vida, que mesmo sem eu merecer tem acumulado minha existência de bênçãos. Sou grata pela família que Ele me deu. Ela tem oferecido muito apoio nos momentos mais difíceis. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos os profissionais da educação, que amam o seu trabalho e compreendem que a construção de um mundo melhor está também em suas mãos! 5 RESUMO É inegável que o avanço da ciência e tecnologia representa um fenômeno significativo neste século. Por este motivo é importante refletir sobre a influência da modernidade na sociedade atual. Contudo, na escola, onde o saber é sistematizado, que as mudanças comportamentais são melhor observadas. Por essa razão é que educação precisa estar à frente deste processo, no comando da modernidade. Neste contexto, como o supervisor escolar pode ser bem sucedido ao enfrentar os desafios da educação moderna? A priori cabe uma investigação da identidade do supervisor escolar e uma reflexão sobre a influência da modernidade na educação. É mister ainda destacar que mudanças na prática pedagógica dos profissionais da educação devem ocorrer no sentido de promover uma educação, que resulte na formação de cidadãos autônomos e críticos capazes de atuar como sujeitos da sua história e da sociedade. O supervisor escolar como agente de mudanças da comunidade escolar, precisa estar comprometido com a qualidade educativa e demonstrar disponibilidade para enfrentar entre outros desafios, o de planejar e colocar em prática junto com sua equipe, os projetos pedagógicos. Dentre os compromissos que o supervisor escolar deve assumir, destaca-se o resgate da educação baseada em valores como: solidariedade, ética e cooperação, valores tão escassos na sociedade atual. Finalmente, o supervisor escolar efetivamente compromissado com a educação de qualidade, deve adotar atitude de constante pesquisa e atualização: suporte essencial para o sucesso profissional. 6 METODOLOGIA Nesta monografia o tipo de pesquisa utilizada foi essencialmente bibliográfica, buscando nos autores referencial necessário à construção de argumentos. Assim, cada autor pesquisado contribuiu para a elaboração deste trabalho. Alguns autores auxiliaram no esclarecimento de alguns tópicos entre eles podemos citar: Ferreira C.S. ,Naura, 1999; Silva Jr. Alves, Celestino, 1999; Rangel, Mary,1999; Demo, Pedro, 2007. As questões referentes à qualidade da educação, sempre foram foco da minha atenção, uma vez que atuo nesta área há 20 anos. Pude observar ao longo desses anos, que discussões e tentativas de equacionar problemas da educação são constantes e diversas. Neste sentido, achei relevante pesquisar a atuação do supervisor escolar e a complexidade das ações deste profissional. Além disso, entendemos ser de grande importância a investigação dos desafios do supervisor escolar na Pós-modernidade. Percebe-se neste período um grande avanço tecnológico e ao mesmo tempo mudanças comportamentais na sociedade. Sendo assim, um olhar mais apurado sobre as influências deste avanço na educação, é oportuno. Junto com essas mudanças, novos compromissos com a educação de qualidade tornam-se evidentes. Esses compromissos denotam preocupação com uma educação que estimule a formação de cidadãos críticos e autônomos. 7 Percebe-se que é preciso criar na escola espaços de convivência solidária e harmônica. Estes espaços podem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ao final deste estudo pude compreender que apesar de vivermos em uma sociedade competitiva e discriminatória, podemos enquanto educadores, contribuir para mudanças efetivas de comportamento, que só a educação pode proporcionar. O supervisor escolar como agente desse processo têm grandes desafios a sua frente e certamente poderá enfrenta-los com suporte na pesquisa e constante atualização. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I – Surge a idéia de Supervisão Escolar 12 CAPÍTULO II – Os desafios da modernidade no limiar do Século XXI 27 CAPÍTULO III – Compromissos da Supervisão Escolar na modernidade 34 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46 ANEXOS 47 ÍNDICE 55 FOLHA DE AVALIAÇÃO 57 9 INTRODUÇÃO Inegável é o fato de que o crescente avanço tecnológico no limiar do século XXI, tem provocado sensíveis mudanças de comportamento na sociedade. Diante dessas mudanças, os profissionais de educação dentre eles, o supervisor escolar, têm buscado através de um esforço de reflexão-ação enfrentar o desafio de “educar a modernidade” (termo citado por Demo, 2007:17), afim de que ciência e tecnologia estejam a serviço da educação. Por muitos anos o supervisor escolar trouxe consigo o estigma de fiscal do processo educacional. Uma vez que se entende a supervisão como a intenção de “velar por alguma coisa ou alguém, a fim de assegurar a regularidade de seu funcionamento”. (Fouquiê 941-452). Atualmente, a ação do supervisor escolar visa proporcionar no ambiente escolar: fluidez na comunicação, orientação em situações de ensinoaprendizagem e interação entre escola-comunidade. A tentativa de solucionar questões e satisfazer necessidades pessoais com a maior velocidade possível, é uma característica peculiar nos dias atuais. Contudo, no campo educacional, como a evolução tecnológica está sendo percebida? Como o supervisor escolar pode enfrentar os desafios que tem surgido na educação moderna? Pode-se compreender que estes desafios passam pela redução da evasão escolar, repetência, erradicação do analfabetismo, aquisição de equipamentos modernos e garantia de qualidade de ensino. 10 Porém, deve-se ter uma vista que tais desafios vão além da mera instrumentalização tecnológica. É de vital importância adequar o currículo à realidade do aluno, que no seu cotidiano recebe múltiplas influências e acaba sendo educado pela televisão, internet, cinema, música, etc. De acordo com Silva Jr. e Garcia (1999:137): “delineia-se importante papel para os até então chamados supervisor e orientador educacional, no sentido de que o currículo vá sendo tecido no cotidiano e com a liberdade indispensável à criação, para que se rompam os muros que separam a escola do mundo e seja permitida a entrada do universo cultural dos alunos e alunas...”. Pretende-se também analisar neste trabalho a diversidade de funções do supervisor escolar, entre elas a de motivar na comunidade escolar atitudes de cooperação e harmonia na comunicação. Analisar requisitos primordiais para o exercício da função: formação exigida no Curso de Graduação em Pedagogia ou Pós-Graduação e constante atualização através de pesquisas baseadas em obras de educadores de vanguarda. Esta monografia foi dividida em três capítulos. O primeiro capítulo apresenta a origem da supervisão escolar e como surgiu essa idéia no âmbito educacional. Serão examinadas também a identidade do supervisor escolar e a especificação de suas funções básicas, além dos requisitos legais para o exercício da profissão. O segundo capítulo contém uma reflexão acerca dos desafios da modernidade. Evidencia a necessidade de posicionamento urgente dos educadores frente ás mudanças de comportamento na sociedade, no que se refere aos avanços da tecnologia. O terceiro capítulo conduz a uma reflexão sobre os compromissos da supervisão escolar na atualidade. Neste sentido, pondera-se sobre os 11 compromissos com a aprendizagem “real” que poderá garantir aos alunos autonomia e criatividade na solução de problemas que possam surgir no cotidiano.Encerra este capítulo também uma análise sobre a importância de projetos pedagógicos elaborados pela comunidade escolar. Concluindo, cabe-nos refletir que na era das informações rápidas e mutáveis, qualquer que seja a área de atuação dos profissionais, nunca foi tão imprescindível a formação de homens mais humanos. 12 CAPÍTULO I – Surge a idéia da Supervisão Escolar 1.1 – A Origem da Supervisão Escolar Já na era Pré-histórica a idéia de supervisão estava presente, ainda que de forma difusa e desorganizada. Era característica marcante das comunidades primitivas a busca coletiva pela sobrevivência e a intervenção no meio ambiente. Os povos primitivos retiravam da natureza os meios necessários à satisfação de suas necessidades básicas. Estas intervenções propiciaram momentos de interação entre as pessoas que passavam ensinamentos de geração a geração. Segundo Saviani (1999:15): ”No contexto dessas sociedades primitivas, a educação coincidia com a própria vida, sendo, pois, uma ação espontânea não diferenciada das outras formas de ação desenvolvidas pelo homem”. Nestas comunidades os adultos exerciam a função supervisora através de aconselhamentos, vigilância discreta e proteção às crianças de forma espontânea. Ao longo do tempo, os povos antes nômades, passaram a fixar-se na terra. Este sedentarismo deu origem a propriedade privada e à divisão de classes. O processo educativo, antes um processo de interação entre os homens, com a divisão de classes apresenta duas diferentes faces: a educação da classe dominante e educação da classe dominada. 13 Neste contexto surge a escola, que na análise da origem da palavra, deriva do grego e significa lugar de ócio. Ócio e tempo livre destinado à classe dominante que passa a organizar seu tempo livre na escola. Em contrapartida, a classe dominada recebia educação voltada para a prática do trabalho braçal. Assim como na Antiguidade, na Idade Média, segundo Saviani (1999: 16): “a educação escolar destinada aos membros da classe dominante que não precisavam viver do próprio trabalho, se contrapunha à educação da maioria da população, determinada pelo trabalho”. A função supervisora tanto na Idade Média, como na Antiguidade já existia, porém diferente do que ocorria nas comunidades primitivas, apresentava características de controle, fiscalização e até mesmo, castigos físicos. Na Grécia antiga, pode-se observar a função supervisora na figura do pedagogo. Segundo Saviani (1999:16): “etimologicamente significando aquele que conduz a criança no local de aprendizagem, o pedagogo era inicialmente, na Grécia antiga, o escravo que tomava conta da criança e a conduzia até o mestre do qual recebia a lição”. Com o passar do tempo, esta figura passou a ser de educador, sendo então o pedagogo o encarregado de ensinar, acompanhar, controlar e “supervisionar” as ações da criança. Na Época Moderna, algumas transformações a nível sócio-econômicas são observáveis. Dentre elas, a subordinação do campo e agricultura à cidade e à indústria. Assim, tradições como: a nobreza que passava de pai para filho e a servidão foram rompidas. Uma vez que, no modo de produção capitalista, as relações passam a ser geridas pelo direito positivo que exige contratos sob forma de construções escritas, além disso, observa-se também a evolução da ciência no processo produtivo por meio da indústria. 14 Assim, a disseminação da escrita torna-se urgente, inclusive por conta da Reforma Protestante que incentivava a leitura direta da Bíblia pelos fiéis. Percebe-se inclusive que o acesso à palavra escrita, foi viabilizado pela descoberta da imprensa. A partir dessas transformações, surge a necessidade de sistematizar o ensino. Afinal, a valorização da cultura intelectual se justifica pela disseminação dos códigos formais. Sendo assim, a educação escolar surge como mola propulsora do desenvolvimento intelectual. De acordo com a colocação de Saviani (1999:19): “Trata-se assim, de uma cultura que não é produzida de modo espontâneo, natural, mas de forma sistemática e deliberada, requerendo também, para a sua aquisição, formas deliberadas e sistemáticas, o que implicou a organização da educação na forma institucionalizada”. Na concepção de Saviani (1999:19), observa-se que a idéia de supervisão já começa a ser delineada com a organização da instrução pública, mesmo que com o intuito de propagar a fé. Os precursores das propostas de organização do ensino nos séculos XVI e XVII foram Lutero, Calvino e Melanchthon. A percepção da idéia da supervisão na educação brasileira tem início com a vinda dos primeiros jesuítas em 1549. Analisando historicamente, os jesuítas contribuíram de forma significativa para a sistematização do ensino no Brasil, pode-se comprovar esta afirmação com a criação do Ratio Studiorim, plano adotado no Brasil em 1570, após a morte do Padre Manuel de Nóbrega, nele percebe-se a idéia de supervisão. 15 Neste plano algumas regras referentes à organização do ensino são relevantes dentre elas pode-se destacar (regra nº2): todos os alunos e professores deveriam obedecer ao prefeito geral de estudos, este auxiliava os direitos na “boa ordenação dos estudos”. Após a expulsão dos jesuítas o alvará de 28 de junho de 1759, estabeleceu a criação de aulas régias (C.F. Carvalho 1978:59, 99-1400). Este alvará estabelecia a criação de alguns cargos; diretor geral de estudos e comissários para avaliar o estado das escolas. Isso fica mais explícito de acordo com Saviani (1999:22): “Nesse sentido, a idéia de supervisão englobava os aspectos político-administrativos (inspeção e direção) em nível de sistema concentrados na figura do diretor geral, e os aspectos da direção, fiscalização, coordenação e orientação do ensino, em nível local, a cargo dos comissários ou diretores dos estudos, os quais operavam por comissão do diretor geral dos estudos”. Após a Independência do Brasil, foi estabelecida com a lei de 15 de outubro de 1827, a autonomia da instrução pública, esta institui as escolas de primeiras letras, que atenderia a população de forma mais abrangente. Porém, no artigo 5º dessa lei, observa-se a ministração do “Método do Ensino Mútuo”. Neste modelo o professor assume a função docência e supervisão. Uma vez que, ele instrui os monitores e acompanha as atividades e aprendizagem dos alunos. O processo ocorria assim: “Durante as horas de aula para as crianças, o papel do professor limitou-se à supervisão ativa de círculo em círculo, de mesa em mesa, cada círculo e cada mesa tendo à sua frente um monitor, o aluno mais avançado ficava dirigindo. Fora destas horas, os monitores recebiam, diretamente dos professores, uma instrução mais completa, e não era raro ver os mais inteligentes adquirirem instrução superior”. (Almeida,1969 :60) Não demorou muito, para que se percebesse a necessidade de um agente específico para supervisionar as atividades no âmbito pedagógico. 16 No final do período monárquico muitas discussões ocorreram no sentido de organizar um sistema nacional de educação, neste, a idéia de supervisão começaria a ser implantada. Estas discussões supunham a organização de um sistema educacional semelhante ao sistema educacional vigente na atualidade. Dessa forma explicita Saviani (1999:24). “A organização dos serviços educacionais na forma de um sistema nacional supunha dois requisitos que impulsionavam a idéia de supervisão na direção indicada: a) – a organização administrativa e pedagógica do sistema como um todo, o que implicava a criação de órgãos centrais e intermediários de formulação das diretrizes e normas pedagógicas bem como, de inspeção, controle e coordenação, isto é, supervisão das atividades educativas; b) – a organização das escolas na forma de grupos escolares, superando por esse meio, a fase das cadeiras e classes isoladas, o que implicava a dosagem e graduação dos conteúdos distribuídos por série anuais e trabalhados por um corpo relativamente amplo de professores que se encarregavam do ensino de grande número de alunos, emergindo, assim, a questão da coordenação dessas atividades, isto é, de um serviço de supervisão pedagógica no âmbito das unidades escolares”. No início do período republicano essa questão vem à tona mais uma vez, com a reforma implementada entre 1892 e 1896, que organiza os Conselhos da seguinte forma: Conselho Superior da Instrução Pública, a Diretoria Geral da Instrução Pública e os Inspetores de Distrito. Depois disso, a Lei nº 520, criada no Estado de São Paulo, extinguiu o Conselho Superior da Instrução Pública e as Inspetorias distritais, a direção e a inspeção ficam sob a responsabilidade de um inspetor geral auxiliados por dez inspetores. 17 Pode-se concluir ao final dessas colocações que no decorrer desses anos, avanços e retrocessos ocorreram na tentativa de situar a ação supervisora entre a questão burocrática e a questão pedagógica. Ambas, de grande relevância, mas que não deveriam ser colocadas em prática pelo mesmo agente. 1.2 – Identidade do Supervisor Escolar A fim de analisar melhor a identidade do supervisor escolar, buscamos o significado da palavra identidade. Segundo Ximenes, Sérgio - Multidicionário da Língua Portuguesa , 2000: “uma das definições da palavra identidade seria: o conjunto de caracteres nome, idade, sexo, etc, que distinguem uma pessoa das outras”. Na tentativa de investigar as características desse profissional e assim diferencia-lo dos demais profissionais que atuam na área da educação, buscamos as raízes da supervisão escolar, mais especificamente no Brasil. Nessa busca, observa-se o surgir da supervisão escolar com uma face empresarial. Ou seja, com o advento do capitalismo, que tem a divisão social do trabalho como característica marcante; a supervisão visa o atendimento dos objetivos de racionalizar o trabalho a fim de aumentar a produtividade. Essa questão da divisão social do trabalho fundamenta-se no taylorismo(1), como explica Medeiros e Rosa (1985:20): “É, porém, a partir do taylorismo que se intensificam as especificações como decorrência da divisão social do trabalho intelectual do trabalho manual, distinguindo-se nitidamente o cérebro (os que pensam) das mãos (os que executam). Neste sentido, a supervisão, como uma das especializações do modo de produção capitalista, apresenta-se como uma função meio, que garantirá a execução das decisões tomadas no planejamento do trabalho. A ela competirá, portanto, executar fielmente o planejado e o decidido”. 18 Já na década de 50, observa-se uma aliança política entre Brasil e Estados Unidos. Tal aliança tinha a intenção de reproduzir uma política de desenvolvimento. Assim, a educação seria a solução para garantir as transformações sociais almejadas. Como conseqüência da influência dos Estados Unidos, ocorre no Brasil em 1968, a Reforma do Ensino Universitário (Lei nº5540, de 28 de novembro), esta implanta o curso de pedagogia e suas especializações, dentre elas: a supervisão escolar. As reformas educacionais coincidem com o projeto político de governo que passou a funcionar no Brasil com o golpe militar de 1964. Segundo a afirmação de Medeiros e Rosa (1985:23): “Esse projeto que se inicia em 64, define-se na visão de Celso Furtado por duas fases bem nítidas: uma, evidenciada na recuperação econômica voltada para a captação de recursos para investimentos públicos; outra caracterizada pela retomada da expansão mediante acentuado processo de desenvolvimento industrial”. Pode-se entender por esse ponto de vista, que a supervisão escolar assume características de controle e fiscalização funcionando como um serviço técnico e politicamente neutro em razão das características empresariais que adquiriu. Como afirma Medeiros e Rosa (1985:24): “Nesta perspectiva, a supervisão escolar desenvolve uma prática voltada para os aspectos tecnoburocráticos do ensino, em que o controle é a principal estratégia que vai assegurar seu papel reprodutor na sociedade capitalista brasileira”. O Brasil nos anos 70 vive realidades distintas. Convive com uma ditadura feroz e um desenvolvimento econômico significativo. Além disso, a 19 censura através dos meios de comunicação esforçava-se para fixar a imagem de um país sem conflitos, onde predominava a igualdade social e econômica. Diante disso, observa-se o despontar da classe trabalhadora organizada e disposta a exigir melhores condições de trabalho e maiores salários. Nestas circunstâncias, o posicionamento da educação no sentido formal, não poderia furtar-se a um posicionamento: entre a neutralidade e a transformação. Medeiros e Rosa (1985:28) esclarece: “Há uma luta no interior da educação e do sistema escolar entre a necessidade de transmissão de cultura existente (ciências, valores, ideologias) que é a tarefa conservadora da educação, e a necessidade de criação de uma nova cultura, que é a tarefa revolucionária da educação”. (Gadotti, 1980:61) Assim, supervisão escolar ainda que seja uma função técnica, é também principalmente política, uma vez que o supervisor poderá estar a serviço da classe dominante, porém se a prática estiver a favor do proletariado, suas ações deverão estar bem explícitas. Ao investigar a ação supervisora percebe-se que para designar esta ação, nota-se a persistência de nomenclaturas. Incluídas nestas nomenclaturas temos: supervisão, supervisão educacional, supervisão escolar, orientação pedagógica, coordenação, coordenação de turno, coordenação de área de disciplina. De acordo com Rangel (1999:76) as nomenclaturas ficam assim definidas: • Supervisão educacional – É uma ação no sentido macro, que vai além da unidade escolar. Sua ação está diretamente ligada as instâncias intermediárias e centrais do sistema e da política da educação. • Supervisão escolar – Sua ação concentra-se nos aspectos administrativos e no funcionamento geral da U. E (unidade escolar). 20 • Orientação pedagógica – Designa a ação supervisora no sentido de orientação aos docentes em relação à prática pedagógica, troca de experiências e análise de problemas buscando soluções. • Coordenação – refere-se à ação que visa a organização e integração entre diversas disciplinas numa mesma série e na mesma disciplina em todas as séries. • Coordenação de turno – Caracteriza-se pela organização das atividades de cada turno no sentido pedagógico e administrativo, a fim de garantir a produtividade e funcionalidade do turno. • Coordenador de área ou disciplina – Esta ação objetiva a integração de conteúdos e métodos no âmbito de determinada disciplina. Enfim, pode-se constatar que a definição da identidade do supervisor escolar ainda é objeto de discussão. Contudo, pode-se concluir que a ação supervisora estará sempre buscando uma visão geral sobre as questões educativas e orientação aos docentes na busca por uma educação de qualidade. (1) Taylorismo – Modelo criado nas Indústrias para melhor organização das funções e produção mais rápida na divisão social do trabalho. 1.3 – Especificações das funções do Supervisor Escolar Definir as funções do supervisor escolar, não é tarefa fácil. De fato a análise de suas ações é complexa. Ao refletir sobre a ação supervisora neste século percebemos que o supervisor escolar está a todo o momento sendo desafiado a mudar sua prática pedagógica. Estamos vivendo tempos de crescente desenvolvimento tecnológico, a era da automação. É notório que os 21 alunos mudaram e novos desafios se apresentam aos profissionais da educação, no sentido de promover uma educação que vá além das especificidades, uma formação geral capaz de oferecer aos alunos desafios novos e instigantes. Segundo afirma: Saviani (1999:34): “Se assim é, a universalização de uma escola unitária que desenvolva ao máximo as potencialidades dos indivíduos (formação omnilateral) conduzindo-os ao desabrochar pleno de suas faculdades espirituais e intelectuais, estaria deixando o terreno da utopia e da mera aspiração ideológica, moral ou romântica para se converter numa experiência (exigência) posta pelo próprio processo produtivo”. Diante disso, percebe-se que as qualificações intelectuais específicas poderão dar lugar a uma qualificação geral. Segundo Saviani (1999:37): “Pode-se, pois, concluir que o desafio fundamental que se põe para a supervisão educacional, hoje, extrapola a esfera especificamente pedagógica, situando-se na contradição central da sociedade moderna que, por um lado, desenvolve numa escala sem precedentes as forças produtivas humanas e, por outro, lança na miséria mais objetos contingentes cada vez mais numerosos de seres humanos”. Saviani (1999:37) esclarece que “o aguçamento dessa contradição vai tornando cada vez mais evidente que a sociedade capitalista está pondo continuamente, para si mesma, problemas que não é capaz de resolver. A solução desses problemas implica, pois a transformação das relações sociais vigentes”. O grande desafio que se apresenta neste século está no campo da educação, uma vez que os educadores como formadores de opinião precisam levar os alunos à consciência de que devem interagir nos processos decisórios de ordem política, que interferem na sociedade. 22 Sob esta perspectiva, pode-se afirmar que a escola passou de detentora do saber, a sistematizadora de conhecimentos. Sabe-se que, na era da globalização e da interatividade, nada mais atual do que a ação integrada da supervisão escolar, orientação educacional e gestão. Esta integração traduz a necessidade de superação da ótica fragmentadora no âmbito escolar. Esta ação integrada entre Supervisão Escolar, Orientação Educacional, Gestão e Docentes, é de suma importância. Segundo Luck (1981:32): “A ação do corpo técnico-administrativo deve ser não só integrada, mas também integradora. Para tanto, deve pautar-se por atitudes direções e objetivos comuns, o que estabelecerá a ocorrência interna necessária para se garantir a unidade preconizada”. Neste contexto, supervisão escolar assume uma face diferenciada. Ao invés do perfil controlador que o caracterizava no passado, agora percebe uma nova dimensão, mais dinâmica e com maior potencial de eficácia a longo prazo: o aprimoramento do desempenho do professor, com o desenvolvimento de habilidades e atitudes dos mesmos em relação ao processo ensinoaprendizagem. Como o foco principal do trabalho do supervisor escolar é o trabalho do professor, torna-se primordial estimular um clima de harmonia, confiança e cooperação mútua. Tendo como base observações de Alonso (1999:179), pode-se então destacar algumas funções básicas do supervisor como: • Acompanhar o trabalho do professor e verificar as condições de aprendizagem dos alunos; 23 • Em ação conjunta com a Direção, Orientação Educacional e toda a Comunidade Escolar, implementar e zelar pela prática do Planejamento Político Pedagógico; • Sempre buscar na pesquisa uma base sólida e teórica da sua prática pedagógica e incentivar os docentes à mesma prática; • Subsidiar os docentes com informações atuais sobre temas complexos, indicando sugestões para leituras ou posicionando encontros com especialistas na área; • Atentar para as dificuldades dos professores procurando discutir esses problemas para a busca de possíveis soluções. Pode-se então, concluir que ao assumir uma postura mediadora do processo educativo, o supervisor escolar poderá estabelecer interação entre os profissionais e oferecer subsídios ao trabalho docente a fim de alcançar a tão sonhada meta da qualidade educativa. 1.4 – Requisitos legais: A formação básica do Profissional A fim de analisar a formação básica do supervisor escolar, convém refletir sobre o contexto histórico do profissional e os amparos legais que consolidam a profissão. Para iniciar esta análise nos reportamos à década de 20, quando surgem os chamados “profissionais da educação”. O elemento que deu origem a este fenômeno foi à criação da Associação Brasileira de Educação em 1924, por iniciativa de Heitor Lira. 24 No âmbito federal, surge a Reforma João Luis Alves de 1925, que através do Decreto nº 16.782 – A, instituiu o Departamento Nacional de Ensino e o Conselho Nacional de Ensino, em substituição ao Conselho Superior do Ensino, que entre 1911 e 1925, era o único órgão encarregado da Administração Escolar. De fato, a criação destes departamentos foi o primeiro passo para organização dos órgãos específicos de caráter técnico, para tratar de assuntos educacionais. A criação destes órgãos foi o marco inicial, para cinco anos mais tarde, surgir o Ministério da Educação e Saúde Pública. Após a Revolução de 1930, com as reformas Francisco Campos, em 1931, e as reformas Capanema, de 1942 a 1946, observa-se à seqüência da estruturação da Educação Brasileira culminando com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 20 de dezembro de 1961. Esta, além de tratar da organização da burocracia estatal no âmbito da educação, envolvia a criação e implantação do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais de Educação, assim como diversos órgãos ligados à estruturação do sistema educacional. De acordo com Saviani (1999:28): “No âmbito das reformas Francisco Campos, pelo Decreto nº 19.851, de 11 de abril de 1931, o Estatuto das Universidades Brasileiras que previa a implantação de Faculdades de Educação, Ciências e Letras. A essa faculdade coube a tarefa de formar professores das diferentes disciplinas das escolas secundárias, criando-se, em seu interior, o Curso de Pedagogia, com a incumbência de formar professores das disciplinas específicas do Curso Normal bem como os técnicos de educação”. No final da década de 60 foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação o Parecer nº 252 de 1969, que reformulou os cursos de Pedagogia. 25 Através desse parecer, mudanças ocorreram no sentido de esclarecer as funções do educador, uma vez que, como “técnico de educação”, estas não pareciam bem definidas. Foram criadas assim as habilitações. Sendo organizado dessa forma, o curso também foi dividido em um núcleo comum formado de disciplinas de fundamentos da educação e ainda quatro habilitações: administração, inspeção, supervisão e orientação. Desse modo, uma das opções acima poderia ser escolhida juntamente com as disciplinas profissionalizantes dos cursos normais. Sobre isso Saviani (1999:28) afirma: “É com este parecer que se dá a tentativa mais radical de se profissionalizar a função de supervisor educacional. Com efeito, embora desde pelo menos a década de 30 a idéia de supervisão tenha se encaminhado em direção à especificação das atribuições do supervisor sinalizando a sua profissionalização, permanecia, ainda, uma certa indefinição, de modo especial em relação às funções de inspeção. Assim, é verdade que já a reforma Francisco Campos, de 1931, se referia às tarefas de acompanhamento pedagógico, no entanto, tais tarefas eram atribuídas ao inspetor escolar e se reduziram, na prática, aos aspectos administrativos e de mera fiscalização, não se colocando a necessidade de que esse acompanhamento do processo fosse feito por um agente específico no interior da unidade escolar”. (Cf. Saviani ,1981:66) Com o parecer nº252/69 o Curso de Pedagogia adquire uma nova estrutura. Esta estrutura poderia oferecer a profissionalização da Supervisão Educacional que poderia acontecer com a regulamentação da lei nº 5564/68. Verifica-se a necessidade do cumprimento de dois requisitos para que uma atividade seja considerada profissão: a necessidade social e a especificação das características da profissão. Tais condições são atendidas naquele momento, uma vez que há uma ampla rede de escolas para ser atendida por esse profissional e existe também a oferta de um curso para oferecer a formação profissional exigida. 26 Além disso, outro requisito básico para caracterizar uma atividade como profissão é estabelecer uma identidade própria, afim de distingui-lo dos demais. Sobre essa indefinição da função supervisora e a indecisão entre assumir uma função técnica de política Saviani (1999:33) esclarece: “Em termos conservadores, em termos dos interesses dominantes, em termos dos interesses da elite que controla a sociedade, a supervisão cumpre tanto eficazmente a sua função política quanto menos essa função é explicitada; ou seja, quanto mais ela se apresenta sob a roupagem de procedimentos técnicos, tanto mais ela é eficaz na defesa dos interesses socialmente dominantes”. Em contrapartida, se os supervisores quiserem se colocar a serviço dos interesses dos dominados, da população, do operariado, então, nesse caso, eles necessitam assumir o seu papel político de modo explícito. Com esses questionamentos, surgiram reflexões sobre as habilitações do Curso de Pedagogia. Chegou-se a conclusão de que estas não eram específicas, assim após algumas discussões, pôde-se inferir que as habilitações técnicas já citadas anteriormente, determinavam a chamada “divisão de tarefas”. As discussões giraram em torno do posicionamento de que o profissional supervisor é um profissional da educação, independente da habilitação escolhida. Dessa forma, conclui-se que o curso de pedagogia deveria oferecer uma base sólida em fundamentos da educação e assim investir no profissional que saiba lidar com as múltiplas demandas requeridas pelos sistemas de ensino e unidades escolares. De acordo com Saviani (1999:33): “ É nesse contexto que ganhou corpo a tese de que o curso de Pedagogia deveria, sobre a base de uma boa fundamentação teórica centrada nos fundamentos da educação, formar o profissional da educação capaz de exercer as diferentes atribuições escolares, tendo em vista o seu adequado funcionamento”. 27 Pode-se então concluir que no contexto atual, de acordo com a Lei 9394/96 – A supervisão educacional está no artigo 64 - Sob o seguinte título: Dos profissionais de apoio à educação. Este artigo trata do assunto nos seguintes termos: Art 64 _ “A formação dos profissionais para administração, planejamento, supervisão e orientação educacional para educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, o critério da instituição de ensino, garantida nesta formação, a base comum nacional”. Do texto acima pode-se inferir que por ser um profissional de apoio a educação básica, se faz necessário obter licenciatura no Curso de Pedagogia e optar por uma ou mais habilitações das que citamos acima. Porém, essa habilitação também pode ocorrer através de um Curso de Pós-graduação. CAPÍTULO II – Os desafios da modernidade no limiar do século XXI 2.1 – A influência da modernidade na educação A influência da modernidade na educação Segundo Ximenes, Sérgio Minidicionário da Língua Portuguesa - Ediouro - 2001: “Moderno, significa: atual, presente, dos tempos atuais”. É perceptível que para as pessoas nascidas entre os anos de 50 e 70, o crescente avanço tecnológico é fascinante, porém assustador. Em 28 contrapartida, a geração dos anos 90 demonstra extrema facilidade em dominar as novas tecnologias. Neste tópico procura-se investigar o comportamento da educação frente às mudanças que a tecnologia tem infundido na sociedade moderna. Demo (2007:10) cita: “Educação é o fator que moderniza mais e melhor, porque é capaz de conjugar o avanço com os patrimônios culturais, ou de postar o homem como sujeito de sua própria modernidade”. (Habermas, 1990) No entanto, especialmente no Brasil, parecemos estar aquém das expectativas no que se refere a qualidade na educação, de acordo com os padrões internacionais. Para confirmar esta afirmação destacamos as informações abaixo, contidas em Linhares (org), Silva Jr. e Rangel (2007: 65): “Segundo divulgação do UNICEF, o Brasil é o 6º país, entre os piores do mundo, em matéria de evasão escolar. Apenas 39% dos que ingressam na 1º série atingem a 5º série. Os companheiros recordistas em expulsão escolar (expressão que arranca esta realidade do eufenismo usual, que é a evasão escolar) são pequenos países africanos, alguns com recentes processos de independência política, muitos em guerra interna e com economia absolutamente insignificante, portanto em nada comparáveis ao Brasil. Vale a pena reconhece-los: GuinéBissau (20%), Etiópia (31%), Moçambique e Angola (34%) e Madagascar (38%). Retornando a questão da relação da modernidade com a educação, verifica-se que o futuro apresenta para as novas gerações, desafios científicos e tecnológicos. De acordo com Demo (2007:20), algumas questões chamam atenção, como por exemplo: a) compreensão dos constantes mudanças tecnológicas; 29 b) entendimento de questões cruciais que envolvem sobrevivência humana como: questões ambientais, questões de paz, doenças como AIDS, câncer, pesquisas sobre terapia de células tronco, riscos de confrontos nucleares fatais para todos, etc; c) entendimento da organização da sociedade e das políticas públicas, desenvolvimento das democracias, serviços públicos racionais e qualitativos; d) compreensão da necessidade de posicionamento firme diante da modernidade, entendimento de que educação é o ponto para gestão de sujeitos da mudança. Ao pensar em educação como o provável caminho para a independência financeira, intelectual e social, entendemos ser a escola o espaço onde a educação formal é ministrada. Na escola, sempre houve a preocupação em garantir que ano após ano os conhecimentos adquiridos na série anterior seriam acrescentados aos anos posteriores. Cada curso realizado vinha com a promessa de que o futuro profissional seria promissor. Esta mesma escola foi idealizada para privilegiar aqueles alunos que “andassem na linha” e para excluir socialmente os que apresentassem um comportamento considerado “anormal”. Contudo, no presente momento, a pergunta que pode-se fazer é a seguinte: será que ainda vale a pena estudar em uma escola que parece estar desconectada da realidade? 30 A percepção de que algo precisa ser modificado no espaço escolar está a cada dia mais aguçada. Esta mudança indica a necessidade de oferecer aos alunos uma formação geral, que vise o conhecimento do mundo moderno. A garantia desta formação supõe uma mudança estratégica na escola, na ação efetiva de proporcionar desenvolvimento de habilidades intelectuais, sensibilidade e abertura para o novo. Afinal, não é só na escola que se aprende, somos educados pela internet, relações sociais, igreja, cinema, família, etc. Intencionalmente ou não, somos bombardeados com as mais diversas informações. Os alunos trazem um conjunto de informações para a escola. Como esclarece: Silva Jr. e Garcia (1999:133 e 134): “A escola é, portanto, o espaço/tempo de encontro de múltiplas redes relacionais e de conhecimentos. Cada sujeito-aluno, aluna, professor, professora, orientador, orientadora, servente, merendeira, diretor ou diretora vai mudando de acordo com o contexto em que vive seus múltiplos cotidianos e com sua própria história em confronto com outras histórias coletivas e singulares, vai participando de um grande movimento do qual é parte, influenciando e sendo influenciado”. De fato, grande parte das redes de relacionamento mencionadas acima, ocorrem através de exposição oral ou pelas imagens com forte apelo visual. Porém, na escola, ainda predomina a linguagem escrita, “copiar do quadro” ou “fazer o dever”. Uma formação geral poderá ser mais adequada porque poderá aproveitar todo o potencial dos alunos. Seria também, uma oportunidade de quebrar o antigo paradigma de que apenas os professores são detentores do saber. Na verdade todas as pessoas trazem consigo uma gama de conhecimentos para a escola. A questão é que muitas vezes esses saberes não são aproveitados. A busca por um caminho alternativo que dê um novo sentido ao ato de aprender poderia alcançar resultados na “transversalidade”. Como esclarece Silva Jr. e Garcia (1999:136): “É importante enfatizar que não se trata de 31 “sistemas transversais”, aos quais temos forte crítica já publicada, mas de uma outra forma de organizar o conhecimento na escola e os conhecimentos que seus sujeitos, todos eles, enfatizamos mais uma vez, trazem para a escola, já que são todos e todas, como nos indica Boaventura de Souza Santos, rede de subjetividades. Estamos, assim, propondo romper com a divisão disciplinar, com os programas, com a seriação, com as seqüências artificialmente criadas, com todo o esquema uniformizador e empobrecedor imposto às escolas”. Esta forma de lidar com os saberes, conhecimentos e experiências requer a formação de profissionais diferenciada. É importante que os docentes, orientadores educacionais e supervisores, consigam vivenciar experiências de processos transdisciplinares. Parece algo difícil de acontecer na prática, mas algumas iniciativas têm acontecido em alguns cursos porque alguns profissionais compreendem ser um dos desafios dos tempos modernos. Em Silva Jr. e Garcia (1999:139) destacase que, mais do que a ministração de conhecimentos específicos, vão surgindo cursos onde os conhecimentos são mais abrangentes e complexos, demonstrando que problemas concretos da escola e da comunidade podem ser repensados com consciência solidária e fraterna. 2.2 – A educação no comando da modernidade Modernidade tem trazido às novas gerações inúmeros desafios, dentre eles o comando da ciência e tecnologia. De acordo com Demo (2007: 21): “A educação não deve perder tempo em temer a modernidade. Deve procurar conduzi-la e ser-lhe sujeito histórico”. De fato, modernidade coincide com necessidade de mudança social. É notório que cada inovação tecnológica dá origem a outras inovações. Como no caso do computador que eram máquinas imensas e de difícil acesso à 32 população. Atualmente, são microcomputadores que estão em boa parte dos lares brasileiros e o povo tem acesso fácil seja nas escolas ou nas chamadas lan houses. Este turbilhão de mudanças requer um olhar mais apurado no sentido de prever de que modo o nosso futuro poderá ser afetado. Fazer parte da marcha da modernidade implica em compreender os processos tecnológicos. Entretanto, observa-se ainda, a resistência de alguns (principalmente pessoas de meia idade ou idosos), que tentam esquivar-se da tecnologia talvez pela dificuldade de adaptação. Contudo agir dessa forma, é fugir da realidade. Se a educação é componente crucial no comando de ciência e tecnologia é fundamental também para promoção de desenvolvimento. O mesmo, no entanto, carece de produção própria. Como esclarece Demo (2007:22): “Um dos fatores mais decisivos para as oportunidades de desenvolvimento é a produção de conhecimento próprio e sua disseminação popular (ciência e tecnologia), o que torna a educação relevante não somente em termos políticos (cidadania), mas também em termos econômicos (produtividade). Assim, educação é componente crucial não só para que o desenvolvimento seja próprio, mas também para que seja moderno”. Demo (2007: 22 e 23) afirma que: ”A ONU tem destacado esta discussão (Humor Development Report, 1990), definindo desenvolvimento como oportunidade”. O alcance de desenvolvimento seja pessoal ou a nível nacional, conjuga fatores econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais, políticos e institucionais. Todos esses fatores estão articulados. Assim, oportunidade pode representar o diferencial para alcançar o almejado desenvolvimento. De fato, cada sociedade mesmo com todos os problemas estruturas pode trabalhar de forma criativa na tentativa de oferecer chances de desenvolvimento à população. Sobre isto esclarece Demo (2007:23): “O 33 horizonte de oportunidades de desenvolvimento de uma sociedade está fortemente condicionado ao processo educativo, em todos os níveis (educação básicas e superior)”. Demo (2007:23) nos convida a refletir que atualmente as oportunidades para desenvolvimento estão voltadas muito mais para conhecimentos adquiridos nos campos científico e tecnológico, do que condições como recursos naturais de um país, seu tamanho, mão-de-obra barata e pouco qualificada. Esses recursos ainda têm espaço, mas o avanço tecnológico insinua que oportunidades devem ser construídas e conquistadas. Neste contexto, é essencial o investimento em instrumentalização tecnológica, com intuito de aparelhar a população tanto social como cognitivamente. Neste sentido, educação assume um papel significativo na condução do desenvolvimento a fim de proporcionar através da qualidade educativa, qualidade de vida. Pode-se afirmar que, no presente momento, o mercado de trabalho valoriza o profissional criativo, flexível, que possui iniciativa e facilidade para liderar equipes. Nesta visão, formação básica torna-se fator determinante na formação dos profissionais do século XXI. Demo (2007:24) esclarece essa questão ao afirmar que: “Torna-se desafio primeiro da educação o domínio dos códigos instrumentais da linguagem e da matemática, e dos conteúdos científicos, essência das ditas “disciplinas básicas”, capazes de garantir habilidades cognitivas e sociais, tais como: compreensão, pensamento analítico e abstrato, flexibilidade de raciocínio para entender situações novas e solucionar problemas, bem como formação de competências sociais como liderança, iniciativa, capacidade de tomar decisões, autonomia no trabalho, habilidade de comunicação (Melo, 1991: 8)”. 34 Cabe ainda destacar o fator cultural, que corresponde ao conjunto de características e costumes de um povo, este conjunto deve traduzir os anseios de avanço e identidade histórica. Segundo Demo (2007:27): “Cultura oferece a verdadeira inspiração do desenvolvimento, tanto no sentido da criatividade de que é capaz a respectiva sociedade, quanto como desenho do que seria desejável como futuro”. No entanto, tecnologia deve ser fator coadjuvante na cultura, jamais um meio de negação. Afinal, cultura atravessa gerações e congregam a identidade de um povo. Compreende-se então, que tecnologia sem educação pode virar sucata, educação no comando da tecnologia pode incidir em desenvolvimento próprio e moderno. Demo (2007:18) cita a seguinte afirmação: “Ciência tende a agredir, destruir e acumular privilégios às custas da maioria, porque em grande parte é feita por uma elite intelectual a serviço de outras mais fortes (econômica e política) (DEMO 1988)”. Capítulo III – Compromissos da Supervisão Escolar na Atualidade 3.1 – Compromissos com a qualidade da educação “aprender a aprender” Ao refletir sobre a trajetória da modernidade no século XXI, vale a pena ressaltar que educação tem o papel fundamental de comandar o processo científico tecnológico. Com efeito, mesmo com todos os problemas que assolam a escola (mais precisamente) a pública, apesar de todo o desânimo que permeia a ação 35 pedagógica cabe ao supervisor escolar injetar entusiasmo na comunidade escolar. É de conhecimento de muitos, os sérios problemas enfrentados pela educação brasileira. Dos quais pode-se destacar: repetência, evasão e analfabetismo. De acordo com estatísticas de órgãos internacionais, o Brasil destaca-se como um exemplo que não deve ser seguido. Tomando como base as estatísticas já citadas anteriormente. No que se refere aos docentes, algumas estatísticas também apontam uma situação inquietante, como relata outro trecho de Linhares (org). , Silva Jr. e Rangel (2007:65): “No ranking internacional, o professorado de São Paulo, o estado mais rico da Federação ocupa uma posição inferior ao de Bombain considerada na Índia como a cidade da miséria, mas as comparações não param aí. Confrontando com o que já foi há 30 anos, o salário do professor sofreu redução de um quarto de seu valor (Veja, 20/11/1991) ocupando um dos últimos lugares entre os mais baixos salários do mundo”. Como já especificamos anteriormente educação é prioridade e componente básico para o alcance da cidadania, cabe aqui alguns questionamentos: Que tipo de educação estamos oferecendo e recebendo? Que métodos ou concepções pedagógicas poderão atender aos anseios da população na era tecnológica? É perceptível que o mundo em que vivemos já não é mais o mesmo há décadas, Sendo assim, educação deve priorizar a didática do “aprender a aprender” já que esta denota uma tendência atual que pode significar mais do que o mero aprender ou ensinar. Através dos anos, assimilou-se que ensino-aprendizagem seria a máxima do conhecimento formal que o aluno poderia alcançar. Na opinião de Demo (2007:211), é bem verdade que o momento em que o professor ensina e 36 o aluno aprende, ainda tem seu lugar. Afinal em alguns momentos é importante apenas aprender. No entanto, o supervisor escolar atento as mudanças da atualidade entende que a concepção de “aprender a aprender” busca a construção do sujeito auto-suficiente. O indivíduo deve ser capaz de pensar, avaliar processos e tomar decisões com autonomia. Como afirma Demo (2007:212): “Chama-se formação básica o processo continuado e sempre atualizado de cultivo deste tipo de competência, essencialmente fundamentado no saber pensar, interpretar a realidade crítica e criativamente e nela intervir como fator de mudança histórica”. Aprofundando as reflexões sobre o tema “aprender a aprender”, citado por Demo (2007: 212), vale a pena destacar que o tripé: educação, ciência e tecnologia, vêm surgindo como fator de grande influência nas mudanças estruturais que estão acontecendo na sociedade. Estas transformações são fundamentadas no conhecimento, que pode ser considerado a “marca da modernidade”. Neste contexto, conhecimento perpassa pela busca da renovada criatividade que propicia projeto próprio e moderno de desenvolvimento. A atitude de pesquisa surge como uma questão central na didática de aprender a aprender e poderá propiciar um posicionamento crítico e criativo. Ainda sobre pesquisa Demo (2007:213) afirma: “Faz parte de todo processo educativo emancipatório, porque fundamenta a postura crítica e criativa diante da realidade e leva a intervir nela com base no conhecimento renovado e renovador”. A implementação da didática do “aprender a aprender” deve estar voltada para o contexto globalizado do conhecimento moderno. Alguns desafios surgem para a construção dessa didática. De acordo com Demo (2007 :215) pode-se destacar: 37 a) -a necessidade de atualização constante dos educadores, que devem espelhar-se na base teórica de autores modernos; b) -a construção de contribuições para a escola, de modo a trazer para a prática a didática de aprender a aprender; c) -a criação de laboratórios de informática e demais recursos eletrônicos que auxiliam na disseminação de conhecimento, tornando o ambiente escolar mais atraente e produtivo; De acordo com Demo (2007:216) é importante destacar ainda, que três dimensões alicerçam a didática do “aprender a aprender”: filosofia, língua e matemática; isto porque matemática exercita o raciocínio lógico indutivo e dedutivo, habilidades essenciais no mundo moderno. É primordial comunicarse com facilidade, daí a importância do domínio da língua culta. Quando se obtêm conhecimentos em filosofia descobre-se que é importante humanizar o conhecimento, buscando assim o estímulo a criatividade e o senso crítico. Sobre esta trilogia Demo (2007:217), afirma: “Esta trilogia representativa da formação básica aponta menos um estoque de coisas a serem sabidas e guardadas na memória, do que um tipo de instrumentação metodológica capaz de criar e renovar o conhecimento no sentido específico de estratégia de “competência” ou “habilidade”. E isto compete à escola importância substancial na sociedade e na economia, que sobrepassa de muito seu papel de complementação do lar ou extensão da família”. Pode-se afirmar então, que educação tem seu lugar no presente como principal detentora do saber escolar e tem lugar também no futuro que se apresenta. E aprender a aprender pode representar a independência na busca de desenvolvimento próprio através do conhecimento. 38 3.2 – Prática e Projeto Pedagógicos: grandes desafios Ao iniciarmos algumas considerações sobre projeto pedagógico, vale a pena definir projeto. Segundo o Minidicionário da Língua Portuguesa – Ediouro - 2000, a definição de projeto seria: “empreendimento na fase de elaboração, execução, plano interno. Conforme o pensamento de Silva Jr. (1999:231), pode-se afirmar que planos começam com pensamentos, com idéias interessantes e a intenção de coloca-las em prática. Em contrapartida, projeto pedagógico, é um plano voltado para a área da educação. Todo o projeto pedagógico precisa ser fruto de um trabalho coletivo e é indispensável para conquista da autonomia da escola. Nesta perspectiva, cabe ao supervisor escolar o desafio de corresponder as espectativas que surgem no seu espaço de atuação profissional. O supervisor é o profissional responsável e habilitado para coordenar encontros de trabalho, indicar leituras, propor temáticas e esclarecer conceitos. Quando se afirma que projeto pedagógico pode conferir a escola autonomia, este não se apresenta como sinônimo de soberania, de ausência de prestação de contas ao sistema escolar. Autonomia na escola deve ser construída democraticamente. Para construí-la é mister não confundir trabalho coletivo com trabalhador coletivo. Pode-se conferir essa definição em Silva Jr. (1999:232): “Trabalho coletivo é um princípio democrático de ação que pressupõe a relativização das funções e a valorização das pessoas dos trabalhadores. Já o conceito de trabalhador coletivo continua a apresentar as conotações que o celebrizaram negativamente sob a administração capitalista: valorizavam-se as funções e relatizavam-se as pessoas. No clássico esquema de separação entre 39 concepção e execução, o desenho organizacional deve permanecer intocável, enquanto as pessoas podem ser consideradas substituíveis ou desnecessárias”. Tomando por base citações de Silva Jr. (1999:232), percebe-se a visão do projeto pedagógico como construção coletiva deve caracterizar a escola, ser fruto de um pensar e fazer coletivo. Cabe destacar também que este não deve gerar um “saber oficial”, assim sempre que o grupo achar necessário, talvez a cada dois anos este deve ser redescutido e avaliado. A renovação constante do projeto, implica em atitude de constante pesquisa, uma vez que conhecimento evolui sob condições de confronto e pesquisa. Sendo o conhecimento fator de mudanças na sociedade e na economia, todo projeto pedagógico deve estar imbuído do desafio de iluminar as transformações. Partindo do pressuposto de que projeto pedagógico é construído na escola, também é nela que se consolida a capacidade de manejar e produzir conhecimento considerado como condição primordial da oportunidade de desenvolvimento. Na elaboração do projeto pedagógico o supervisor escolar atento a difusão da educação básica como oportunidade de desenvolvimento pessoal, deve buscar a reconstrução do conhecimento em vez da simples reprodução. De acordo com Demo (2007:244), esta questão visa dois importantes horizontes de competência: a) capacidade de elaboração própria, de pesquisa, de teorização das práticas, de produção crítica e criativa; b) orientar os alunos a serem críticos e criativos, a adquirir autonomia em produções orais e escritas. 40 Se um desempenho específico é exigido dos alunos, exige-se mais empenho do professor no sentido de buscar atualização constante, produtividade intensa, enfim elaboração própria e pensamento crítico. Nesta busca ele deve contar com o devido aparato eletrônico, apoios didáticos e assistenciais e adequação física dos prédios. Cabe destacar também que cada escola precisa interpretar a realidade local e apresentar o próprio contexto. Segundo Demo (2007:246), isto implica em: a) Investigação das questões que impedem o desenvolvimento dos alunos e propostas avaliativas no contexto didático atualizado; b) É fundamental a observação do contexto sócio histórico da escola e diálogo com a comunidade. Podendo acontecer uma inclusão curricular; c) É essencial também inclusão de atividades paracurriculares de acordo com as sugestões das famílias dos alunos; d) Também é interessante destacar que gestão descentralizada com a participação da comunidade interessada também implica em responsabilidade nas decisões tomadas. Confirmando estas implicações Demo (2007:246) afirma: “Cabe contextuar a escola, sobretudo comunitariamente, o que vai pedir dos professores conhecimento e pesquisa do espaço e do tempo no qual está inserido, em particular das identidades culturais. Não se trata de “regionalizar” conteúdos tipicamente universais, como matemática, mas de aculturar aqueles cabíveis e que oferecem a consolidação do sujeito histórico”. Projeto pedagógico pode oportunizar o planejamento a longo e curto prazo. Facilita a revisão e aperfeiçoamento do currículo e aprimoramento dos 41 processos de avaliação visando sempre evolução crescente e melhoria qualitativa. Teoricamente, um projeto pedagógico segundo Demo (2007:250), poderia conter: I. Quadro teórico de referência; II. Análise/diagnóstico da escola e seu entorno sócio histórico; III. Proposta teórico-prática; IV. Planejamento anual/pluvianual. Projeto Pedagógico pode representar o futuro da escola e o desenhar do horizonte para o qual ela encaminhará sua trajetória. Sendo ele fruto de uma reflexão coletiva pode conferir a unidade escolar autonomia e identidade, trazendo consigo também a responsabilidade de avaliação de resultados. 3.3 – Compromisso com a humanização na era tecnológica Neste trabalho refletimos sobre a origem da supervisão no Brasil, sua trajetória e seus compromissos. Refletindo sobre seus compromissos pode-se observar uma história de responsabilidades em pensar e fazer educação de forma séria e qualitativa. É bem verdade que ao longo do tempo muitos equívocos podem ter sido cometidos, mas sempre no sentido de acertar. Sabe-se que supervisão escolar deve estar comprometida com a qualidade da educação da formação humana que ocorre basicamente nas unidades escolares. Na era tecnológica e científica é mister refletir que a importância da escola e da cultura no processo de humanização do homem 42 são duas faces de um mesmo processo. O homem se humaniza através das atividades da sua convivência com a natureza e com os outros homens. Entende-se que compromisso é uma promessa, uma obrigação. Então, pode-se questionar: que compromissos os profissionais da educação devem assumir hoje? Certamente existe a preocupação com formação de homens mais humanos. Esta preocupação se deve ao avanço tecnológico que acabou por acarretar o declínio do indivíduo, uma vez que nas relações capitalistas as pessoas são reconhecidas pela relação: função/produtividade. Ao que parece vivemos na era do individualismo, de pessoas e instituições. Sobre isso, observa-se no trecho abaixo alguns questionamentos sobre o assunto abordado por Ferreira (1999:244): “O automatismo tecnológico, longe do negar a liberdade, administra-a atribuíndo-lhe espaços por ele delimitados, sejam eles o espaço da ciência-estado ou o espaço da ciência-mercado, e aí multiplicando-a potencialmente até o infinito. Desta forma, a liberdade sem limites torna-se o agente duplamente cego de sua própria regulação. O que será do mundo totalmente livre onde tudo vale sem moral nem ética? O que será do hoje, do amanhã e do futuro? O que está em causa é o futuro, um futuro em que, ao mesmo tempo que é totalmente feito por nós, nos escapa totalmente. Incertezas, dúvidas, medos repetem a mesma pergunta: como é possível que a modernidade esteja recriando, de forma hiper moderna, a pré-modernidade do risco, da opacidade, da violência, da ignorância?” Conforme o pensamento de Ferreira (1999:250), um novo saber que se apresenta consiste no princípio fundamentado na realidade que nos coloca no centro de tudo, responsáveis por gerir as relações com outros seres humanos e com a natureza. Fundamental também é a busca por uma nova ética que despreze o individualismo e que nos responsabiliza pelas nossas ações imediatas trazendo conseqüências sérias para o nosso futuro. 43 O teor da nova ética consiste em responsabilidade coletiva, por este motivo somos coletivamente responsáveis pela construção do futuro. Junto com a nova ética, surge uma nova política, que prioriza a participação gerando conhecimento-emancipação. Este conhecimento abarca todos os espaços de prática social e incide na conquista da cidadania. Neste contexto, educação implica em refletir as novas contradições, complexidades e mutações que se apresentam na modernidade. A tentativa de buscar espaços de conscientização do ser humano como gestor do presente/futuro. Ao refletirmos sobre estas questões que implicam inclusive em sobrevivência humana, supervisão escolar “pode e deve” assumir seu papel na busca pela educação de qualidade, comprometida com a humanização do homem. Como afirma Ferreira (1999:251): “A supervisão educacional, como responsável pela qualidade do processo de humanização do homem através da educação, nesse contexto moderno firma outros compromissos do espaço escolar, sem dele descurar. Afirma-se nele, enquanto espaço de fazer o mundo mais humano através do trabalho pedagógico de qualidade, garantindo conteúdos emancipatórios trabalhados com toda a profundidade em toda a sua complexidade e contraditoriedade, mas compromete-se com a administração da educação que concretiza as direções traçadas pelas políticas educacionais e ainda com as políticas públicas que as orientam”. Pode-se então afirmar que, a busca pela humanização na era tecnológica passa pela internalização de uma nova consciência pública e política. É primordial a criação de novos sujeitos que consigam articular e discutir uma saída para a humanidade. Entendemos que supervisão escolar tem o compromisso de trazer à tona a conscientização de práticas que tragam satisfação não apenas material, mas também afetiva. 44 Na modernidade alguns desafios se apresentam: a busca desenfreada pelos bens materiais, o consumismo exacerbado, preservação do ambiente e avanço tecnológico. Todos esses fatores têm causado mudanças nas relações sociais. Pode-se perceber ainda que ao passo que a tecnologia avança a humanidade torna-se mais violenta e individualista. Neste sentido, o compromisso de buscar recursos necessários à construção de verdadeiros cidadãos também é dos profissionais de educação e da supervisão escolar. Refletindo sobre essas questões que nos inquietam e nos estimulam, optei por concluir este trabalho com o texto abaixo, o qual nos remete uma mensagem de otimismo sentimento indispensável que deve inspirar a tragetória de qualquer profissional, principalmente o da educação. “Como indivíduos e como cidadãos, temos perfeito direito a ver tudo na cor característica da maior parte das formigas e de grande número de telefones antigos, ou seja, muito preto. Enquanto educadores, porém, não nos resta outro remédio senão ser otimistas, infelizmente. Educar é crer na perfectibilidade humana, na capacidade inata de aprender e no desejo de saber que há coisas (símbolos, técnicas, valores, memórias, fatos...) que podem ser sabidas e que merecem sê-lo – e que nós, homens, podemos melhorar uns aos outros por meio do conhecimento. De todas essas crenças otimistas podemos muito bem descrer privadamente, mas se queremos educar ou entender em que consiste a educação não há outro remédio senão aceita-las. Com verdadeiro pessimismo pode-se escrever contra a educação, mas o otimismo é imprescindível para estudá-la... e para exercê-la. Os pessimistas podem ser domadores, mas não bons professores”. Trecho de “Carta a Professora”, prólogo do livro O Valor de Educar (Ed.Martins Fontes), texto entitulado: Pelo otimismo do espanhol Fernando Savater. 45 CONCLUSÃO Os desafios que permeiam a prática pedagógica do supervisor escolar na modernidade, é objeto de estudo neste trabalho. Neste século, é perceptível o avanço da ciência e tecnologia e os benefícios que este avanço trouxe a sociedade de modo geral. Contudo a modernidade tem provocado mudanças de comportamento. Neste sentido, educação traz consigo a responsabilidade de estar à frente dessas mudanças. Assim, educação seria o foco das transformações necessárias para que o indivíduo aprenda a lidar com os problemas da atualidade como: questões ambientais, doenças como AIDS, câncer ou endêmicas como a dengue e ainda, o aumento da violência generalizada. Cientes de que estas questões não podem ser negligenciadas, uma nova formação para os alunos é exigida. Uma formação para os alunos é exigida. Uma formação que privilegie a didática do “aprender a aprender”, que visa incitar no aluno a ter prazer pela pesquisa, a busca pelo conhecimento e estímulo à produção própria. O supervisor escolar enquanto profissional da educação e comprometido com uma didática diferenciada deve buscar junto com a equipe pedagógica, planejar e colocar em prática projetos pedagógicos que atendam as demandas da comunidade escolar. O supervisor escolar que visa o sucesso profissional e o alcance da qualidade educativo deve buscar constante atualização. Afinal, conhecimento é componente básico em qualquer área profissional. 46 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. Rio de Janeiro: Vozes, 2007. FERREIRA C. S. Naura (org.). Supervisão Escolar para uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 1999. LUCK, Heloisa. Ação integrada: Administração, Supervisão e Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, 2000. MORIN, Edgar Cortez. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000. ROSA, Solange e MEDEIROS, Luciene. Possibilidades e Limites. São Paulo: Cortez, 1985. SILVA JUNIOR, Celestino Alves e RANGEL, Mary (orgs.). Nove Olhares sobre a Supervisão, Campinas: Papirus, 2007. 47 ANEXOS Índice dos Anexos Anexo 1 Revista Nova Escola – edição nº 192 – Abril, SP, 2006. Anexo 2 Entrevista: Revista Nova Escola – edição nº 158 – Abril, SP,2002. 48 ANEXO 1 DESAFIOS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO Revista Nova Escola – nº 192 Desafios do Coordenador Pedagógico Mais do que resolver problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores. Silvana Augusto Muito se tem falado sobre o papel do coordenador pedagógico. Afinal, por que ele é necessário? Quem dera coordenar fosse simples como diz o dicionário: dispor segundo certa ordem e método: organizar, arranjar, ligar. O coordenador pedagógico, muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola sob as mais estranhas caricaturas. Ás vezes, atuava como fiscal, alguém que checava o que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco sabia de ensino e não conhecia os reais problemas da sala de aula e da instituição. Obviamente, não era bem aceito na sala dos professores como alguém confiável para compartilhar experiências. Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndio, apazigua os ânimos dos professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. Hoje o coordenador organiza eventos, orienta os pais sobre a aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os efeitos da escola. Mas, isso é muito pouco. Na verdade, ele se faz cada vez mais necessário porque professores e alunos não se bastam. Além das histórias individuais que todos escrevemos, é preciso construir histórias institucionais. É duro constatar a fragilidade de tantas escolas que montam um currículo e uma prática efetiva durante anos e perdem tudo com a transferência ou a aposentadoria de professores. Construir história nos torna humanos, e é de estranhar que, justamente na escola, tantas vezes tudo recomece do zero. O coordenador eficiente centraliza as conquistas do grupo de professores e assegura que as boas idéias tenham continuidade. Além do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a aprender no convívio do coletivo – no parque, no refeitório, na rua, na comunidade. A dinâmica nesses espaços deve ser ritmada pelo coordenador. É preciso lembrar ainda que só quem não está em classe, imerso naquela realidade, é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É de estranhamento que surgem bons problemas, o que é muito mais importante do que quando as respostas aparecem prontas. Só assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o seu papel primordial). Ampliando a 49 significação do dicionário, eu diria que no dia-a-dia de uma instituição educativa é preciso: • dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola; • organizar o produto da reflexão dos professores, do planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática; • arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as necessidades de todos; e, • ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem. Esse é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas escolas. Que os que desejam se responsabilizar por essa importante função vejam aqui um convite para criar um estilo de coordenar. 50 ANEXO 2 ENTREVISTA Revista Nova Escola – DEZ/2002 – p.61 Antropólogo, filósofo, teólogo, jornalista e escritor, Carlos Alberto Libânio Christo, 58 anos, sempre trabalhou com educação popular, mas não deixou de lançar seu olhar crítico sobre a formal e escreveu três livros dedicados ao tema. Frei Betto, como é mais conhecido, autobiografa Alfabetto – Autobiografia Escolar. No mais recente, Diálogos Criativos, lançado em outubro nascido de um debate com o pensador italiano Domenico De Mais, ele explicita sua visão da escola brasileira, que expõe nesta entrevista concedida a NOVA ESCOLA. NOVA ESCOLA – Por que o senhor classifica sua autobiografia escolar como uma história de fracasso? FREI BETTO – Porque, como eu conto no Alfabetto, repeti de ano duas vezes, fui expulso... não era considerado um bom aluno. NE – O senhor era um mau estudante? FREI BETTO – Pois é, tenho quatro diplomas universitários e já ganhei até prêmio de intelectual do ano neste país. Isso mostra como a coisa de fracasso é relativa. Eu acho que a boa cabeça não é necessariamente aquela que sempre tira o primeiro lugar. Da mesma forma, o fracasso nem sempre tem as piores notas. Eu custei a descobrir meu talento para o autodidatismo e a característica de ser monotemático. NE – A escola não descobriu isso? FREI BETTO – Não e a falha persiste até hoje. Por isso, acho que a educação deve passar por uma mudança de métodos, de conteúdos, de filosofia. A escola precisa repensar seu papel na sociedade em que está inserida. NE – Que falhas o senhor vê? FREI BETTO – Eu costumo dizer que temos uma escola barroca, como os anjos das igrejas coloniais de Minas Gerais, que só têm forma do pescoço para cima. Embaixo é tudo disforme. O que eu quero dizer com isso? Nosso país teve o mais longo período de escravidão das Américas: 350 anos. Criou-se, nesse período, a cultura de que as tarefas manuais devem ser feitas por quem não estudou. A escola incorporou o preconceito de que o manual é inferior e não desenvolve a unidade entre corpo e espírito. NE – Por que é necessário trabalhar habilidades manuais? FREI BETTO – Vou dar um bom exemplo. Eu passei 22 anos estudando, me graduei em Jornalismo, Filosofia, Teologia e Antropologia. Saí sem saber cozinhar ou costurar, sem entender mecânica de automóvel, incapaz de fazer reparos elétricos e hidráulicos em casa ou plantar uma horta. A cozinheira do convento onde moro tem uma vasta cultura culinária, só que incutiram na cabeça dela que não é detentora do saber. Se pusermos na balança, qual dos dois pode sobreviver sem a cultura do outro? Ela pode passar sem a minha; eu não fico sem a dela. Precisamos acabar com essa bobagem de que o manual não é cultura. Ele é tão importante para a vida quanto o intelectual. NE – A escola, então, precisa formar para a vida? 51 FREI BETTO – Exatamente. E só vai conseguir isso se interagir com a sociedade, desenvolver a relação com a comunidade vizinha e interagir os quatro pólos que a compõe: alunos, professores, funcionários e famílias. Se ela não assumir esse papel, a TV vai assumir por ela. Em maio deste ano, a Unicef divulgou uma pesquisa mostrando que o estudante brasileiro passa quatro horas em sala de aula e três horas e 55 minutos na frente da TV. Como tem mais poder de atração, a programação das emissoras abertas está formando nossos jovens. NE – O senhor acha que a TV é inimiga da educação? FREI BETTO – Ela entra em choque com os valores que a família, a escola e a igreja ensinam. Enquanto essas três instituições querem formar cidadãos, a TV aberta quer formar consumidores. Ela emite pouca cultura e muito entretenimento. A cultura toca o espírito e a consciência – e cria discernimento. Nos torna mais criteriosos em relação ao consumo. O entretenimento, ao contrário, hipnotiza e faz com que o jovem ponha seu desejo no consumo. Ele passa a acreditar que a felicidade está na posse de determinados objetos. Se não tiver acesso, acaba se sentindo frustrado e derrotado. NE – Como se contrapor a isso? FREI BETTO – Acredito que é essencial trabalhar a questão da felicidade centrada na subjetividade. Reforçar os valores, porque a educação de uma pessoa está ligada ao mimetismo, aos paradigmas que ela tem. Minha geração teve como referenciais Jesus, Maria e José. Na adolescência, Gandhi, Martin Luther King e Che Guevara. Todos altruístas. Hoje você tem os exterminadores do passado, do futuro e do presente, mais o Rambo. As pessoas ainda querem que o jovem seja delicado no ônibus com a mulher grávida, que ceda lugar na fila para o idoso... Essa é uma questão séria. É necessário disseminar valores que elevem a auto-estima do jovem. NE – É possível evitar que a TV exerça esse papel tão atraente para as crianças e os adolescentes? FREI BETTO – Os professores precisam levar a imagem para dentro da classe. Eles continuam trabalhando o texto como se nossa sociedade ainda fosse literária. Ela não o é mais. É imagética. Só com a TV na sala conseguimos educar olhar crítico dos alunos. Eu, por exemplo, fui educado em cineclubes e aprendi a diferenciar filme de arte de filme de entretenimento. NE – Ensinar valores não é papel da família? FREI BETTO – Não há saída. Temos de ter paradigmas e referências para viver. Se a família não faz sua parte, acredito que o professor deve fazer. Se ninguém educar, Xuxa fazê-lo. Não há neutralidade. A questão é transmitir valores de uma maneira sadia, capaz de tornar os jovens sujeitos, protagonistas. O que acontece é que todos os parâmetros são tirados e o estudante naufraga porque não compreende o que vê à sua volta. Por isso o shopping center é tão fascinante. Tudo lá dentro está arrumado.Não existem mendigos, pedintes, sujeira. É o paraíso. Pelos corredores ouve-se canto gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. O sujeito fica ali contemplando aquelas veneráveis capelas de consumo, com belíssimas sacerdotisas. Alguns se sentem no inferno porque não podem comprar; outros vão parar no purgatório do cheque especial. Depois todos comungam na eucaristia pós-moderna do Mc Donald’s. 52 NE – Existe uma maneira sadia de transmitir valores? FREI BETTO – Um caminho é melhorar a formação humanística e espiritual dos estudantes. A supressão de cursos de Sociologia e Fisiologia do currículo esvaziou essa formação subjetiva. Ficamos muito centrados na formação técnica e científica, que aprimora o Q. I., o quociente intelectual, mas não se preocupa com o Q. E., o quociente emocional. NE – Quando fala em desenvolver a espiritualidade, o senhor se refere ao ensino religioso? FREI BETTO – Não. Eu acho inconcebível que alguém saia da escola sem nunca ter lido a Bíblia, mas por razões culturais. Da mesma forma como é inconcebível não ler a Ilíada, Graciliano Ramos ou Jorge Amado. A educação espiritual transcende as questões religiosas. A meditação, a liturgia, a reverência, o exercício do silêncio... este último, inclusive, eu considero fundamental para o bem-estar – e nós estamos perdendo esse valor. As pessoas têm medo do silêncio. Chegam em casa, sozinhas, ligam televisão, rádio, telefone, liquidificador, enceradeira... Morrem de medo de se escutar. NE – O que é formação humanística? FREI BETTO – É tratar de várias coisas que hoje são ignoradas. A formação política, com abertura de grêmios, o incentivo à cidadania, ao debate plural... Outra coisa fundamental, são as situações-limite da vida. Nunca se fala de dor, morte, separação, fracasso, espiritualidade. Quando abordam sexualidade, os professores tratam da higiene corporal, para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Jamais falam de afetividade de construir uma família, de casamento. O resultado é que formam mão-de-obra para o mercado de trabalho, mas não pessoas responsáveis, felizes e cidadãs. NE – Essas mudanças que o senhor sugere pressupõe transformações profundas. Como deveria ser essa escola? FREI BETTO – Mais interativa e com uma formação holística. Não falo só da interdisciplinaridade nem da multidisciplinaridade, mas da transdisciplinaridade. É preciso transcender o corpo de disciplinas para criar interação com o contexto social, nacional e internacional em que vivemos. Além disso, tal como está hoje, o currículo engessa o aluno dentro de um calendário que necessariamente tem de coincidir com o gregoriano. É um absurdo. Passar de ano serve para quê? Eu acho que não deveria ser assim. Meu sonho é um currículo em que você faz a 8ª série em oito meses, enquanto eu faço em dois anos. Cada um no seu ritmo, sem repetência nem concorrência entre os alunos. NE – O senhor fala em formar pessoas felizes e cidadãs. O nosso professor é feliz e cidadão? FREI BETTO – Não, o professor brasileiro é um herói. Ele ganha mal, não tem tempo para pesquisar, é obrigado a dar mais aulas do que deveria para se sustentar e não encontra espaço para desenvolver o protagonismo na disciplina que leciona. Acaba ficando nessa coisa bancária, como dizia Paulo Freire, de depositar em cima da cabeça do aluno a transmissão formal do conhecimento. Acredito que todo professor deveria se sentir parte de um coletivo pedagógico. Não dá para ter uma visão do tipo: “Sim, dou minha aula, cumpro meu horário, recebo meu salário e não tenho nada a ver com o resto”. Os educadores precisam ser reciclados, integrar-se ao grupo com uma 53 estratégia pedagógica comum. Na minha opinião, é inconcebível que, numa mesma equipe, haja docentes com posições políticas e visões de mundo diferentes. Isso é um problema para os alunos. As escolas deveriam formar um corpo coletivo, não partidário, mas ideologicamente afinado do ponto de vista dos princípios éticos. NE – Mas o diretor, na rede pública, não tem prerrogativa de escolher os professores da equipe? FREI BETTO – Na prática não. Por isso, acho que algumas políticas públicas precisam ser alteradas. Esse, na minha opinião, é um direito do diretor. Se um professor acha que é necessário competir e o negócio é o mercado, mas a proposta não é essa, ele que vá procurar outro lugar para lecionar. Além disso, cabe à instituição estimular a autocrítica. Promover assembléias com professores, alunos, famílias e funcionários. Sei que isso é meio utópico e ideal, mas é assim que eu gostaria que fosse a escola no Brasil. 54 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 08 INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I SURGE A IDÉIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR. 12 1.1 – Estudo da origem da Supervisão Escolar; 12 1.2 – Identidade do Supervisor Escolar; 17 1.3 – Especificação das funções do Supervisor Escolar; 20 1.4 – Requisitos legais: A formação básica do S.E. 23 CAPÍTULO II OS DESAFIOS DA MODERNIDADE NO LIMIAR DO SÉCULO XXI. 27 2.1 – A influência da modernidade na Educação; 27 2.2 – A educação no comando da modernidade. 31 55 CAPÍTULO III COMPROMISSOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR NA ATUALIDADE. 34 3.1 – Compromisso com a qualidade da educação “aprender a aprender”; 34 3.2 – Prática e Projeto Pedagógicos: desafios das Unidades Escolares; 38 3.3 – Compromisso com a humanização na era tecnológica. 41 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46 ANEXOS 47 ÍNDICE 55 56 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Título da Monografia: Supervisão Escolar: desafios atuais Autora: Ana Elizabeth Moreira Alves Costa Data de entrega: Avaliado por: Conceito: