EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Educação
Física
Licenciatura em
FUNDAMENTOS DO ATLETISMO
Maury Fernando Fidelis Redkva
Miguel Archanjo De Freitas Jr
pONTA gROSSA - PARANÁ
2010
CRÉDITOS
João Carlos Gomes
Reitor
Carlos Luciano Sant’ana Vargas
Vice-Reitor
Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos
Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor
Pró-Reitoria de Graduação
Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor
Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais
Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância
Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta
Marcus William Hauser - Coordenador de Curso
Flávio Guimarães Kalinowski - Coordenador de Tutoria
Colaborador Financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiak
Colaboradora de Planejamento
Silviane Buss Tupich
Projeto Gráfico
Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior
Colaboradores em EAD
Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Colaboradores de Informática
Carlos Alberto Volpi
Carmen Silvia Simão Carneiro
Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Juscelino Izidoro de Oliveira Júnior
Osvaldo Reis Júnior
Kin Henrique Kurek
Thiago Luiz Dimbarre
Thiago Nobuaki Sugahara
Colaboradores de Publicação
Denise Galdino de Oliveira - Revisão
Janete Aparecida Luft - Revisão
Ana Caroline Machado - Diagramação
Milene Sferelli Marinho - Ilustração
Colaboradores Operacionais
Edson Luis Marchinski
Joanice Kuster de Azevedo
João Márcio Duran Inglêz
Kelly Regina Camargo
Mariná Holzmann Ribas
Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG.
R317f
Redkva, Maury Fernando Fidelis
Fundamentos do atletismo. / Maury Fernando Fidelis Redkva
e Miguel Archanjo de Freitas Jr. Ponta Grossa : UEPG/NUTEAD,
2010.
127p. il.
Licenciatura em Educação Física - Educação a Distância.
1. Atletismo. 2. Corridas rasas. 3. Corridas com barreiras.
4. Corridas com obstáculos. 5. Corridas com revezamentos.
I. Freitas Jr., Miguel Archanjo de. II. T.
CDD : 796.426
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220-3163
www.nutead.org
2010
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
Olá, estudante
Seja bem vindo!
Certamente, neste período do curso você já se sente mais preparado para enfrentar
os desafios desta modalidade educacional (EaD). Com certeza, também já percebeu
que estudar a distância significa muita leitura, organização, disciplina e dedicação aos
estudos.
A educação a distância é uma das modalidades educacionais que mais cresce hoje
no Brasil e no mundo. Ela representa uma alternativa ideal para alunos–trabalhadores,
que necessitam de horários diferenciados de estudo e pesquisa, para cumprir a contento
tanto seus compromissos profissionais como suas obrigações acadêmicas. Também é
uma alternativa ideal para as populações dos municípios distantes dos grandes centros
universitários, contribuindo significativamente para a socialização e democratização do
saber.
As novas tecnologias da informação e da comunicação estão cada vez mais
presentes em nossas vidas, desafiando os educadores a inserir-se nesse “mundo sem
fronteiras” que é a realidade virtual.
Sensível a esse novo cenário, a UEPG vem desenvolvendo, desde o ano de 2000,
cursos e programas na modalidade de educação a distância, e para tal fim, investindo na
capacitação de seus professores e funcionários.
Dentre outras iniciativas, a UEPG participou do Edital de Seleção UAB nº 01/2006SEED/MEC/2006/2007 e foi contemplada para desenvolver seis cursos de graduação e
quatro cursos de pós-graduação na modalidade a distância pelo Sistema Universidade
Aberta do Brasil.
Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, a CAPES, o
FNDE e as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, ao longo de sua trajetória,
vem acumulando uma rica tradição de ensino, pesquisa e extensão e se destacando
também na educação a distância,
Os cursos ofertados no Sistema UAB, apresentam a mesma carga horária e o mesmo
currículo dos nossos cursos presenciais, mas se utilizam de metodologias, materiais e
mídias próprios da educação a distância que, além de facilitarem o aprendizado, permitirão
constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para facilitar
o seu processo de aprendizagem e que tenha muito sucesso nesse período que ora se
inicia..
Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará parte de uma
ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco sempre que desejar, acessando
nossa Plataforma Virtual de Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias
disponíveis para nossos alunos e professores.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua aprendizagem é o
nosso principal objetivo.
EQUIPE DA UAB/ UEPG
SUMÁRIO
■■ PALAVRAS DOS PROFESSORES
7
■■ OBJETIVOS e ementa
9
introdução Ao Atletismo ■■ seção 1- História do atletismo: da Grécia a Beijing
■■ seção 2- Possibilidades metodológicas para o atletismo escolar
■■ seção 3- Fundamentos do Atletismo
CORRIDAS RASAS
■■
■■
■■
■■
seção 1- Corridas de velocidade 100, 200 e 400m
seção 2- Corridas de resistência de velocidade 800 e 1500m
seção 3- Corridas de resistência 5.000, 10.000m e maratona
seção 4- Marcha Atlética
CE REVEZAMENTOS
ORRIDAS COM BARREIRAS, OBSTÁCULOS
■■ seção 1- 110m (100m) e 400m (barreiras); 3.000m (2.000) com
steeple chase (obstáculos)
12
22
26
53
55
70
76
84
93
94
■■ seção 2- 4x100M e 4x400m (revezamentos)
■■ PALAVRAS FINAIS
11
109
123
■■ REFERÊNCIAS 125
■■ NOTAS SOBRE OS AUTORES
127
PALAVRAS DOs PROFESSORes
Prezado aluno, vai ser muito bom estarmos juntos nesta “corrida”.
Assim como a história do atletismo, as nossas vidas passaram por inúmeras
transformações, decorrentes dos acontecimentos políticos e das pressões
sociais.
Atualmente, as pessoas têm pouco tempo para as atividades de lazer, pois
vivemos em um mundo cada vez mais competitivo, porém de forma paradoxal,
há uma tendência em buscarmos refúgio nas atividades do passado como forma
de alento para o presente e de esperança para o futuro.
Diante deste cenário marcado por contradições, pautado pela urgência
do tempo, pela velocidade de informação e pela necessidade de conhecimento,
vamos iniciar a nossa “competição”, que não será tão rápida quanto uma corrida
de 100 metros e nem tão lenta como uma maratona.
Certamente, em alguns momentos, teremos de ser tão rápidos quanto os
corredores de velocidade, mas sempre mantendo a perseverança de um fundista,
pois a nossa caminhada será longa e ela não poderá ser feita através de saltos,
assim como decatleta, só é possível chegar ao final da competição quando
completarmos cada uma das provas que nos darão o título tão almejado.
Este curso, em muito se aproxima da vida do atleta, pois assim como
ele, você vai precisar de muita dedicação, organização nas suas atividades, de
maneira que os estudos passem a figurar entre as prioridades do seu dia-a-dia,
caso contrário, no momento da grande decisão o resultado poderá ser frustrante.
Mas tenho certeza que juntos vamos conseguir fazer com que você cruze a linha
de chegada e suba no lugar mais alto do pódium, pois o fato de você aceitar este
desafio já te faz um vencedor.
Bons Estudos!
Os professores.
OBJETIVOS E ementa
Objetivos
■■ Objetivamos, em nosso estudo, abranger os assuntos pertinentes ao ensino
das habilidades e competências tático-cognitivas do atletismo, também trazer
considerações e informações que sejam importantes e necessárias para que
o professor possa desenvolver um bom trabalho no ensino do atletismo para
seu aluno ou quem sabe, em alguns casos, para o seu atleta que irá participar
das competições em nível escolar.
Ementa
■■ Fundamentos do Atletismo
Movimentos naturais de correr, saltar, lançar e arremessar. Desenvolvimento dos
conhecimentos das habilidades e provas do Atletismo. Abordagens sobre a história
e atualidades do atletismo. Classificação das provas do atletismo. Fundamentos
metodológicos das principais técnicas, de corrida. Exercícios, para aprendizado
das provas de corrida. Perspectivas pedagógicas sobre as múltiplas e variáveis
formas de realizar o movimento. Noções gerais de regras e possibilidades de
adaptação aos objetivos propostos.
Maury Fernando Fidelis Redkva
Miguel Archanjo De Freitas Jr
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Identificar os vários momentos vividos pelo Atletismo no decorrer da história.
■■ Perceber as principais dificuldades encontradas para o profissional que
deseja trabalhar com esta modalidade no âmbito escolar.
■■ Compreender a forma com que o atletismo foi introduzido no Brasil.
■■ Refletir sobre as transformações dos valores e comportamentos dos atletas
que objetivam vencer competições de alto nível.
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ Seção 1: História do atletismo: da Grécia a Beijing
■■ Seção 2: Possibilidades metodológicas para o atletismo escolar
■■ Seção 3: Fundamentos do Atletismo
UNIDADE I
Introdução ao atletismo
Universidade Aberta do Brasil
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Desde que surgiu na face da terra, o ser humano apresenta um instinto
competitivo. Competimos diariamente com pessoas que nem conhecemos,
competimos com os nossos colegas de profissão ou da universidade para
provarmos que somos melhores. Isto não quer dizer que devemos passar
por cima de tudo e de todos com o objetivo de sermos campeões.
Mesmo não estando formalmente escritas, existem regras sociais
que precisam ser respeitadas. Mas nem sempre as coisas funcionaram
desta maneira. Nos primórdios da civilização, inúmeros grupos sociais
definiam o valor das pessoas a partir da sua força, velocidade e/ou
resistência.
Neste sentido, acompanhar a trajetória histórica do atletismo é algo
bastante instigante, pois permitirá a você viajar no tempo sem precisar
sair de casa. Vai lá um conselho de um atleta mais experiente: não se
preocupe em tentar armazenar datas, mas sim, em compreender o
contexto em que os fatos aconteceram.
Leve em consideração que a trajetória desta modalidade não
aconteceu de forma linear, através de concessões amigáveis, mas como
todas as outras atividades que fazem parte do campo esportivo e da
sociedade, as suas mudanças foram resultado de longos processos sociais
de disputas de interesses e relações de poder. Este histórico irá te ajudar a
visualizar as várias transformações pelas quais passou o atletismo, desde
a antiguidade clássica até os dias atuais.
seção 1
HISTÓRIA DO ATLETISMO: DA GRÉCIA A BEIJING
Antes de iniciarmos a nossa corrida é importante conhecermos
a modalidade esportiva que vamos praticar, por isso, como forma de
aquecimento vamos começar definindo o ATLETISMO.
De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, utiliza-
12
unidade 1
geralmente de caráter competitivo”.1 Esta definição serve como ponto de
partida, mas faz-se necessário definí-lo melhor.
Uma observação técnica desta modalidade nos permite afirmar que
ele é um esporte formado por provas de pista (corridas e marcha), de
campo (saltos, lançamentos e arremesso), provas combinadas (decatlo
e heptatlo – combinam as provas de pista e campo), o pedestrianismo
Fundamentos do Atletismo
se este termo como: “Designação comum às atividades desportivas,
(corridas de rua) e as corridas em montanha (cross country).
Agora que você já foi apresentado para o Atletismo, vamos começar a
nossa Maratona, que tem início por vota do ano de 390 aC. Momento marcado
pela prática do atletismo como um meio do ser humano caçar e evitar de
ser caçado pelos outros seres vivos presentes na terra. Para facilitar o nosso
estudo, vamos dividir esta trajetória em três momentos interdependentes:
PRÉ - ESPORTIVIZAÇÃO
Inicia-se nas civilizações primitivas, onde as ações tinham um
objetivo utilitário, sendo realizadas fundamentalmente como um meio de
sobrevivência. Os homens utilizavam a corrida, o lançamento de objetos
e os saltos para tentar conseguir comida e outras vezes para evitar que
eles se tornassem o próprio alimento.
Com o passar do tempo, acabou prevalecendo o instinto competitivo
do ser humano. Mesmo, não sendo possível afirmar com certeza o
momento em que o atletismo deixa de ser uma prática utilitária e se torna
uma atividade recreativa, existem indícios que apontam para a prática de
competições atléticas nas civilizações primitivas, onde o homem media a
sua força, rapidez e habilidade, inicialmente contra obstáculos naturais
e posteriormente contra outros homens, momento em que essas práticas
foram organizadas através dos Antigos Jogos Olímpicos.
Com o advento das guerras, as atividades atléticas tornaram-se um
meio eficiente para a preparação dos exércitos, a ponto do imperador
romano Teodósio I (O Grande), no ano de 393 d.C. resolver extinguir
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Mini-Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. Curitiba: Positivo, 2004. p. 73. 6ª Edição.
1
13
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
os Antigos Jogos Olímpicos2, como prova do seu arrependimento por
ter mandado matar milhares de pessoas no Massacre da Tessalônica.
Iniciando o segundo momento.
SISTEMATIZAÇÃO ESPORTIVA
Ocorreu durante a Idade Média (476 d.C. a 1453)3, momento
em que os educadores vitorianos introduziram os esportes nas escolas
inglesas. Aqui tem início o processo de padronização da regulamentação
do atletismo que, paulatinamente, vai sendo difundido para a Europa e
posteriormente para todo o mundo.
Coube aos ingleses a tarefa de reviver, de forma definitiva, as
competições clássicas de pista e campo, no início do século passado, com
a reforma que os educadores vitorianos introduziram nas escolas públicas,
foram aproveitados os princípios defendidos por Thomas Arnold4, na
Rugby School.
2
Os Jogos Olímpicos Antigos eram um festival de cunho religioso e atlético realizado na
Grécia, a cada quatro anos, no santuário de Olímpia em honra de Zeus. Atribui-se à primeira edição a data de 776 a.C. A esse respeito vale a pena cf. 2003.
A esse respeito vale a pena conferir a descrição feita pela sociólogo francês BOURDIEU,
Pierre. Como é possível ser esportivo? In: ____________.Questões de sociologia. Rio de
Janeiro: Marco Zero, 1983.
3
Thomas Arnold foi um educador inglês, que buscou transformar o sistema educacional em
toda a Grã-Bretanha. Mostrando que o esporte sistematizado era de grande importância na
educação do jovem, disciplinando-o, aprimorando-lhe as qualidades morais, e, sobretudo, levando a descarregar nos campos de jogo um potencial de energia que, de outra forma poderia
ser utilizado em práticas condenáveis, entre as quais destacavam-se as idéias reformistas dos
jovens da classe média, em oposição ao tradicionalismo vitoriano. Dsiponível em http://www.
nationalarchives.gov.uk/nra/searches/subjectView.asp?ID=P813. Acessado em 20 out. 2008.
4
14
unidade 1
o berço do esporte moderno. Neste momento, ela introduz a prática do
atletismo em suas escolas primárias públicas, sob a égide das teorias
de Rousseau. Da mesma maneira que acontece com outros esportes,
a prática do atletismo é levada para o restante do mundo, através dos
vários trabalhadores ingleses que saíram do seu país para auxiliar no
desenvolvimento estrutural de outras nações.5
Fundamentos do Atletismo
Outra versão indica que no século XVIII a Inglaterra era considerada
No século XIX, realizou-se as primeiras competições atléticas
universitárias, envolvendo as universidades de Oxford e Cambridge
(1864), o primeiro meeting nacional em Londres (1866) e o primeiro
meeting amador realizado nos Estados Unidos em pista coberta (1868).
Em 1913, fundou-se a Associação Internacional de Federações de
Atletismo. Com sede central de Londres, a associação é o organismo central
das competições de atletismo em escala internacional, estabelecendo as
regras e dando oficialidade às melhores marcas mundiais obtidas pelos
atletas.6
Rosseau
Fonte: acesso http//:www.phases.zip.net/. em 15 de outubro. 2009
COMPETIÇÕES ESPORTIVAS FORMAIS
O atletismo mantém uma correlação direta com os acontecimentos
Sobre este assunto cf. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Regras oficiais de atletismo. Rio de Janeiro: Palestra Sport, 1989. p. 01- 17. Ler o texto A história do
Atletismo mundial, disponível em http://www.pucrs.campus2.br/~brandt/fund_desp_ind_
historia.pdf. Vale a pena ver também http://www.cbat.org.br/acbat/historico.asp
5
6
Disponível em www.iaaf.org. Acessado em 01 out. 2008.
15
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
que envolveram os Jogos Olímpicos, seja na antiguidade e principalmente
na Era Moderna. Em 1892, numa sessão solene realizada na Sorbonne, em
Paris, Pierre de Fredi, mas conhecido como “Barão Pierre de Coubertin”,
apresentou um projeto para que fossem reativados os Jogos Olímpicos
extintos por Teodósio I.
Seu objetivo era um movimento internacional, o Olimpismo, que
visava a promover o estreitamento de relações entre os povos através do
esporte. A proposição tinha também, fins pedagógicos, como os de formar
o caráter dos jovens pela prática esportiva, despertando-lhes o senso de
disciplina, o domínio de si mesmo, o espírito de equipe e a disposição
de competir. Mas a ideia só se concretizou em 1894, a partir de um
Congresso realizado também na Sorbonne, dessa vez com a participação
de representantes de 14 países. Foi criado o comitê olímpico internacional,
com sede na Suíça, e estabeleceram-se as normas para a realização dos
primeiros jogos em 1896, na Grécia.
A primeira versão dos Jogos Olímpicos da Era Moderna foi realizada
em Atenas, na Grécia. Participaram 285 atletas, de 13 países. Desde então,
a tocha olímpica foi reacendida com a finalidade de promover paz entre
a comunidade mundial. A intenção do Barão de Coubertin era de unir os
povos pelo esporte.
O primeiro programa olímpico de atletismo compreendia corridas
de 100, 400, 800 e 1.500m, e mais a de 110m com barreiras, saltos em
distância, altura, triplo e com vara, lançamentos de peso e disco. Uma
prova especial foi organizada para os corredores de fundo- a maratona.
Uma versão romântica presente na história, relata que o francês Michel
Bréal, pretendia recordar o “ato heróico” de um soldado ateniense que
correu da cidade de Maratona até Atenas, para anunciar aos gregos a
vitória de Milcíades sobre os persas em 490 a.C.
A maratona olímpica - que acabou convertendo-se numa das provas
clássicas dos jogos olímpicos modernos - foi corrida num percurso de 42,195
km, aproximadamente a mesma distância cumprida por Fidípedes.7
As mulheres só começaram a participar regularmente dos jogos
olímpicos em 1928, cumprindo um programa de 100, 800 e 4x100 metros,
7
ALMEIDA, Gonçalves Cesar de. História do Atletismo. Disponível em http://www.hploco.com/tudosobreesportes/Atletismo.html. Acesso realizado em 02 de out. 2008.
16
unidade 1
Até 1948, outros acréscimos e supressões foram feitos tanto no
programa masculino como no feminino. De 1948, quando o número de
provas para mulheres aumentou consideravelmente, a 1956, ano em que
disputou a primeira marcha de 20 km (a de 50 km já fora introduzida em
1932) o programa oficial sofreu suas últimas ações.
Atualmente, os Jogos Olímpicos são realizados, de quatro em quatro
Fundamentos do Atletismo
o salto em altura e o lançamento do disco.
anos, em países e cidades diferentes. O atletismo continua sendo uma
das principais atrações, sendo composto por 26 provas masculinas e 23
femininas.
Ao analisar o desenvolvimento tecnológico esportivo para as
Olimpíadas de Pequim, a repórter Heleni Felippe mostrou que cada
uma das disputas de medalhas está cercada de novidades, que envolvem
as instalações esportivas e os equipamentos utilizados pelos atletas,
destacando-se a confecção de roupas com tecidos inteligentes que
“respiram” não retendo o suor e auxiliando para que a temperatura
corporal permaneça em equilíbrio, além disso, destacam-se os pisos
utilizados nas pistas que impulsionam os pés dos atletas, pés estes que
utilizam calçados feitos sob medida, pesando poucas gramas.8
Em Pequim, o Estádio Ninho do Pássaro, foi projetado para receber
cerca de 91 mil pessoas, a pista foi feita com o mais moderno piso do
mundo, fabricado pela empresa italiana Mondo, que utilizou uma nova
tecnologia: “Amortece o impacto e devolve energia ao atleta”, explica o
engenheiro Décio Chusid. É a nona vez que a empresa cobre a pista de
atletismo em uma Olimpíada.
Além do piso, cronômetros, telões e até ventiladores gigantes foram
utilizados para refrescar o público. De acordo com o diretor técnico do Troféu
Brasil de Atletismo (Martinho Nobre dos Santos), o mais impressionante
são os sistemas gerenciadores de competição, pois, sem sair da cadeira,
o público, o jornalista ou o técnico têm todas as informações no estádio,
recebendo-as na tela do computador, na TV ou no celular. “Os sistemas
são os mesmos, mas na Olimpíada cada fabricante sempre leva o que
tem de mais moderno, as novidades. No atletismo, tudo é interligado, do
8
Tecnologia de Ponta. Disponível em http://www.link.estadao.com.br/index.cfm?id_
conteudo=14228 . Acessado em 01 out. 2008.
17
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
disparo do revólver, passando pelo sistema de detecção de largada falsa
no bloco de saída, o vento registrado pelo anemômetro, até a chegada e a
cronometragem, transmitida em forma de resultado por wireless”.9
Discóbolo de Míron
Fonte: acesso http//:www.//gincanaolimpica.wordpress.com em 15 de
outubro. 2009
O ATLETISMO NO BRASIL
As primeiras matérias sobre o atletismo no Brasil foram localizadas
no jornal carioca Commercio, em 1880, o qual apresentava os resultados
de competições atléticas realizadas naquela cidade.
Nas três primeiras décadas do Século 20, a prática atlética foi
consolidada entre nós. Em 1914, a antiga CBD (Confederação Brasileira
de Desportos) filiou-se à IAAF (Federação Internacional de Atletismo
Amador).
Em 1924, o País participou pela primeira vez do torneio olímpico, ao
SANTOS, Martinho Nobre. Tecnologia de Ponta. Disponível em http://www.link.estadao.
com.br/index.cfm?id_conteudo=14228. Acessado em 01 out.2008.
9
18
unidade 1
pela primeira vez o Campeonato Brasileiro.
O Brasil segue participando das outras edições dos Jogos Olímpicos,
mas só consegue conquistar a sua primeira medalha de ouro em 1952,
nos Jogos de Helsinque, com Adhemar Ferreira da Silva na prova do salto
triplo. Adhemar foi o primeiro dos três triplistas brasileiros a estabelecer
o recorde mundial na prova. Os outros foram Nelson Prudêncio e João
Fundamentos do Atletismo
mandar uma equipe aos Jogos de Paris. No ano seguinte, foi disputado
Carlos de Oliveira.10
Mesmo apresentando um quadro de melhoras significativas, com
vários atletas destacando-se em provas de pista, campo e rua, o atletismo
brasileiro está longe de atingir o patamar de modalidades coletivas como
o Voleibol e o Futebol, as quais conseguem manter uma sequência de
trabalho, renovando constantemente o seu elenco de bins atletas.
Infelizmente, na atualidade, o atletismo brasileiro ficou marcado
internacionalmente pela utilização do doping. Na busca de superar
limites, os atletas acabam utilizando todos os tipos de substâncias que
lhes permitam ter um maior ganho de massa muscular, recuperação mais
rápida, maior rendimento... Será que isto vale a pena?
Os estudiosos são unânimes em afirmar que a indústria do doping
está anos luz na frente do comitê de anti-doping, inclusive existem
indícios de que alguns pesquisadores trabalham para os dois lados, ou
seja, utilizam as informações privilegiadas do comitê anti-doping, para
prescrever substâncias ilícitas que normalmente não são detectadas.
Você deve estar se perguntando: - Se é desta maneira, como os
atletas são pegos nos testes?
Vejamos como funciona a realização dos testes. O comitê antidoping realiza em competições nacionais e internacionais exames de
rotina, onde são escolhidos aleatoriamente alguns atletas para realizar
estes exames. Entretanto, quando ocorrem denúncias anônimas que
sejam consideradas sérias (fundamentadas), os atletas denunciados são
chamados para realizar os testes, que podem ser confirmados ou não.
Caso o teste de doping seja positivo, o atleta tem direito a pedir uma
Mesmo sendo uma modalidade significativa para o esporte brasileiro, o atletismo ainda
é bastante carente de estudos acadêmicos que ajudem a compreender a sua trajetória
no Brasil. Os dados aqui mencionados foram pautados nas informações disponíveis em
http://www.cbat.org.br/acbat/historico.asp. Acesso realizado em 02 out. 2008.
10
19
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
contra-prova, que será feita em um outro laboratório credenciado pela
IAAF. Normalmente, durante o tempo em que se espera o resultado da
contraprova, o atleta fica suspenso preventivamente.
Você pode ter maiores informações sobre o
doping dos atletas brasileiros consultando
http://www.cbat.org.br/noticias/noticia.asp?news=3583
–
Comunicado oficial do Presidente da CBAT sobre o incidente
com os atletas brasileiros;
http://www.arturmonteiro.com.br/07/08/2009/dopping-noatletismo-brasileiro/ - Entrevista do Técnico da Selção
Brasileira de Atletismo, Jayme Netto Jr justificando o ocorrido
e relatando o abandono da sua carreira de treinador.
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4577998,00.html
–
Reportagem mostrando o panorama do doping no mundo e a
dificuldade para saber se o resultado é fruto de treinamento
ou de substâncias proibidas.
http://saude.terra.com.br/interna/0,,OI367989-EI1497,00.
html – Reportagem que indica todos os procedimentos e
etapas do exame anti-doping.
Agora que você já viu os riscos de utilizar o doping, vamos deixá-lo
fora da nossa competição e conhecer alguns acontecimentos importantes
na história do Atletismo.
20
unidade 1
do atletismo como forma de sobrevivência na pré-história. A
caminhada, por exemplo, era utilizada para se locomover de um
lugar para o outro. A corrida e os saltos, para escapar das presas
dos animais carnívoros. O arremesso era usado para se defender
e matar animais que serviam de alimento. Desta forma, os
homens e as mulheres foram adquirindo habilidades que, mais
Fundamentos do Atletismo
• Você sabia que o ser humano já praticava algumas das modalidades
tarde, foram aprimoradas e adaptadas para as competições de
atletismo.
• No início das atividades competitivas elas eram restritas somente
para os homens, pois se acreditava que a função da mulher era
ficar em casa cuidando do lar e dos seus filhos. Foi somente em
1928, em Amsterdã, que as mulheres começaram a competir.
• Com o aumento das exigências esportivas que poderiam trazer
prestígio, fama, dinheiro, etc., muitos atletas começaram a utilizar
meios ilícitos para superar os seus limites. No atletismo, um dos
casos mais famoso ocorreu em Seul (1988) e ficou conhecido
como “Caso Ben Johnson”.
• O italiano Primo Nebiolo foi presidente da International
Association of Athletics Federations (IAAF), durante 18 anos.
Sendo considerado um dos principais responsáveis pela
transformação deste esporte em um negócio milionário. Quando
ele assumiu a IAAF, a Federação tinha um orçamento de US$ 50
mil e durante sua administração este patrimônio subiu para US$
50 Milhões.
• Nos Jogos Olímpicos de Pequim foram utilizados carrinhos de
controle remoto para trazer de volta para os atletas os implementos
das provas de campo, como dados, martelos, discos e pesos.
21
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
SERÁ QUE VOCÊ É CAPAZ DE LEMBRAR:
a. Qual foi a primeira medalha obtida por um brasileiro em uma olimpíada?
b. Quais são os três momentos da história do atletismo?
Antes de passarmos o bastão para continuarmos a nossa corrida é importante você saber que:
A principal tarefa didática da iniciação ao atletismo, nas
escolas brasileiras é aumentar sua atratividade. Um atletismo
voltado para o lúdico parece ser a saída pedagógica mais
viável, para tornar este esporte mais atraente aos alunos.
seção 2
POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS
PARA O ATLETISMO ESCOLAR
O atletismo é considerado um esporte de fácil execução. Ele
possibilita trabalhar inúmeras capacidades físicas e movimentos básicos
do ser humano, pois é composto por atividades de corrida, saltos e
lançamentos. Elementos fundamentais para o desenvolvimento de
qualquer modalidade esportiva com execução dinâmica.
Para nosso estudo, devemos lembrar que a iniciação do atletismo
deve ser feita respeitando os padrões de comportamento da criança, que
ainda não são definidos como nos adultos. As crianças não são “adultos
em miniatura”, o que requer cuidados especiais.11
Você nunca deverá esquecer que as crianças estão em fase
GALAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo Phorte Editora, 2001. p. 399.
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unidade 1
absoluto como objetivo principal, poderá trazer problemas motores e/ou
psicossociais irreparáveis. Trocar os aspectos lúdicos da sua aula, por uma
rotina de treinos visando competições de alto rendimento, pode estressar
e traumatizar o iniciante resultando no seu desinteresse e possível
abandono precoce do esporte.
Neste sentido, FREIRE (1992:306) destaca uma das principais
Fundamentos do Atletismo
de crescimento, por isso, propor uma atividade tendo o rendimento
dificuldades vivenciadas pelos professores ao trabalhar no âmbito
escolar:
É necessário que o professor consiga ensinar a
todos, o feio e o bonito, o forte e o fraco, o alto e o
baixo, o pobre e o rico. E mais, não basta ensinar a
todos, é preciso saber ensinar bem a todos. E isso
ainda não basta, além de ensinar bem a todos, é
preciso que o professor saiba ensinar, ensinando
esporte além do próprio esporte.12
Este será o nosso desafio inicial. Devemos nos preparar para ensinar
a todos da melhor maneira possível, tendo consciência que a escola mais
do que buscar revelar ou formar atletas, visa auxiliar na criação de uma
cultura corporal, onde o aprendiz irá valorizar a prática da atividade física
como um meio de melhorar a sua qualidade de vida.
12
FREIRE, João Batista. Educação de corpo e alma. São Paulo: Summus. 1992. p.306.
23
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
Como a nossa corrida é longa, vamos precisar da ajuda de outras pessoas para que não
cansemos demasiadamente no início da competição. Por isso, vamos passar o bastão para
um experiente professor que pesquisou sobre o estágio de desenvolvimento do atletismo
brasileiro. O nome dele é Ubirajara Oro. Seu texto foi escrito na década de 80, mas parece
retratar o momento atual do atletismo no nosso país.
Na visão deste autor, a grande maioria das modalidades esportivas
utilizadas nas escolas são sistematizadas em um regulamento oficial.
Sempre que uma modalidade é praticada, os limites do que é possível e
daquilo que não deveria ser realizado está antecipadamente definido, o
que lhe confere um sentido de rotina.
No caso do atletismo, essa tendência à monotonia é aumentada
por dois fatores essenciais: 1)a naturalidade de seus movimentos, que
os torna menos espetaculares, 2) a quase total previsibilidade do fluxo
de suas ações. A esses fatores pode ser acrescentado o princípio da ação
atlética tradicional: rendimento absoluto.
Uma vez que se torna difícil alterar os dois primeiros fatores acima,
sem descaracterizar o que hoje se entende por atletismo, uma alternativa
interessante seria tentar evitar a elitização e a tendência à especialização
precoce.
A super valorização de possíveis atletas irradia-se para a área
didática, induzindo o professor que acaba buscando resultados cada vez
mais significativos, no menor prazo possível. Em função das competições
mirins, as crianças talentosas tendem a receber atenção especial e
intensiva, enquanto a grande maioria fica sem o mínimo satisfatório de
acompanhamento didático.
Atualmente a maioria dos clubes esportivos não possui
departamento de atletismo – vários o fecharam – e grande parte das
escolas (notadamente públicas) sequer dispõe de espaço físico para a
prática do esporte. Diante destas circunstâncias, torna-se impensável
uma prática que seja voltada para o alto rendimento.
A situação agrava-se, ao ser constatável inexistir Educação Física
de 1ª a 4ª séries. Isso leva os escolares brasileiros de até 10 anos a colherem
experiências motoras apenas intuitivas, de natureza e processamento
apenas espontâneo, limitadas em qualidade e quantidade.
Como grande parte destas crianças integra a população brasileira
urbana o problema torna-se ainda maior quando verificamos que, na
24
unidade 1
ambientes públicos voltados para a prática de atividades de lazer. Neste
sentido, é possível acreditar que a maioria da população brasileira infantil
fica sem ter onde se exercitar adequadamente.
Por outro lado, o brasileiro típico associado ao clube não tem o
hábito de frequentá-lo para praticar esporte. Normalmente, a família –
em especial as crianças – não aproveita as possibilidades do clube para
Fundamentos do Atletismo
grande maioria das cidades brasileiras, não existem em número suficiente,
sua educação esportiva.
Aliás, o clube esportivo brasileiro, como instituição sociocultural,
reforça essa situação, aplicando seus recursos materiais e humanos quase
só no atendimento a suas equipes de alto-nível. Ao associado comum,
o clube não estimula e oferece muito pouco, em termos de prática
sistemática.
Interessante notar também que as modalidades de maior prestígio
nacional são coletivas e tem como implemento de ação a bola. Isto nos
leva a acreditar que o brasileiro vive pela filosofia do prazer.
A bola, como instrumento de comunicação interpessoal e de auto
expressão, mais a índole acentuadamente lúdica dos esportes coletivos,
logram preencher suas expectativas de cultura física, por virem ao
encontro dessa filosofia de vida. Tal concepção, talvez, ajude a explicar a
sentença tipicamente brasileira: ATLETISMO NÃO TEM BOLA!
Não estará aí um dos porquês centrais do subaproveitamento do
atletismo neste país? Como explicar, de outra maneira, que o atletismo,
tecnicamente descomplicado, extensivamente ensinado nas escolas de
todos os sistemas e níveis, variado na tipologia da ação e adaptável a
qualquer área livre, não alcança maior iniciativa de uma população, que
não pode ou não tem onde se associar a clubes esportivos, mas vai à
escola e encontra meios de adquirir equipamento para jogar bola?
Todas essas especulações – comprováveis, sem muito esforço,
pela memória e pela experiência da grande maioria dos brasileiros –
indicam uma problemática de natureza mais cultural do que social, mais
educacional do que econômica. Contata-se aí, antes de tudo, que o povo
brasileiro não reconhece o esporte/atletismo como um valor cultural, na
medida em que entende cultura como expressão de intelecto e esporte
como jogo de bola.
Para Ubirajara Oro, as respostas e soluções para essa problemática
25
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
serão várias e nada simples. A que ele sugere é voltada para a questão
metodológica, isto é, desenvolvida no campo da Didática.
Entendido aqui um problema básico do atletismo brasileiro como
sendo algo cultural, e tendo a educação esportiva como função social de
aperfeiçoar a cultura física, por meio da intervenção curricular, uma proposta
transformativa para a situação do atletismo no Brasil precisa, forçosamente,
levar em conta os aspectos culturais, que pretende modificar.
Ela deve ser capaz de mostrar-se interessante, de criar ao seu redor
uma atmosfera motivadora e favorável, de ter versatilidade em grau
suficiente para indicar aos brasileiros novos caminhos e valores, dentro
do esporte, sem desmerecer suas expectativas e convicções.
É de suprema importância pedagógica colocar a iniciação ao
atletismo nessa perspectiva sociocultural. Pouco adiantará aos autores
brasileiros escrever esmerados livros didáticos, sobre o atletismo, com
cuidadosa metodologia e farta ilustração, se o conteúdo permanecer
alheio a realidade social e aos valores procurados pelos brasileiros nas
atividades esportivas.
O panorama apresentado por Ubirajara Oro é semelhante ao que você encontra na sua cidade?
Quais são os problemas que mais se aproximam e quais distanciam o atletismo que você
conhece da realidade apresentada pelo autor?
Você é capaz de criar atividades que envolvam fundamentos do atletismo e tenham a bola como
fator de motivação?
seção 3
FUNDAMENTOS DO ATLETISMO
Diferente do que se pensa, ensinar não é uma tarefa simples,
principalmente quando envolvemos o ser humano em situações muitas vezes
desconhecidas e/ou inusitadas. Por isso, nesta unidade você irá conhecer:
26
unidade 1
2. as diferentes fases que envolvem a corrida;
1. a importância dos exercícios de coordenação para a execução
correta da corrida;
2. a posição correta dos movimentos atléticos durante os vários
momentos que compõem uma prova de velocidade.
Tenho certeza que juntos conseguiremos terminar mais esta volta
Fundamentos do Atletismo
1. o que diferencia o ato de andar do correr;
da nossa corrida de revezamento, que está se tornando cada vez mais
interessante. Então pegue o bastão e vamos começar.
VOCÊ JÁ PERCEBEU QUE CORRER É DIFERENTE DE
ANDAR DEPRESSA?
Quando uma pessoa está andando, ela mantém um dos pés
no solo e o outro no ar, o tempo todo. Durante a corrida,
momentaneamente, ela mantém os dois pés no ar. Isto,
permite afirmar que a corrida é uma sucessão de saltos.
A descrição da técnica das corridas deve ser a consideração de que
a boa técnica de correr é a manifestação dos movimentos naturais do ser
humano, quando pretende deslocar-se com maior velocidade e, por isso,
deixa de andar e passa a correr. Movimento que se caracteriza por uma
fase aérea, ou seja, momentaneamente os dois pés perdem o contato com
o solo. (Barros & Dezem, 1990. p. 23)
As corridas dividem-se em curta distância ou velocidade (tiro
27
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
rápido), que nas competições oficiais vão de 100 a 400 metros; média
distância ou de meio fundo (800 metros e 1500 metros); e longa distância
ou de fundo (3000 metros ou mais, chegando até às ultra maratonas de 100
quilômetros). Podem ser divididas também de acordo com a existência
ou não de obstáculos/barreiras presentes durante o percurso.
Um bom professor é aquele que consegue armazenar em sua
memória todos os cuidados corporais que o seu aluno deverá ter durante
a execução de uma corrida. Pois, desta maneira, ele será capaz de ensinar
a forma mais eficiente de deslocamento, cuidando para que ele realize
uma corrida uniforme, com os movimentos voltados para frente, sem
movimentar exageradamente os quadris e ombros, resultando em maior
velocidade com o mínimo desgaste de energia.
EXISTEM QUATRO DICAS PARA REALIZAR UMA BOA CORRIDA
Equilíbrio
O equilíbrio geral do corpo depende, em parte, do comportamento
da cabeça, que é um dos meios mais eficazes de controle. Ela deve estar
em linha com o eixo do corpo, mantendo o olhar dirigido para cerca
de 15metros à frente. Também são importantes a posição do tronco e o
movimento dos membros, pois os braços movimentam-se incessantemente,
sincronizados com a movimentação das pernas.
28
unidade 1
O menor dos segmentos deve ser realizado sem choques ou
pequenas sacudidas, em um ritmo sempre idêntico, correspondente ao
das passadas.
Descontração
A ação de correr solicita alguns músculos ou grupos musculares.
Fundamentos do Atletismo
Coordenação
Assim sendo, quanto maior for à inibição dos músculos que não estão sendo
induzidos, tanto maior será a economia de energias e, consequentemente,
tanto melhores serão as condições do corredor para realizar o esforço.
Eficácia
A dosificação da amplitude dos movimentos, juntamente com uma
utilização mais racional das possibilidades do corpo humano, resulta em
um gasto orgânico mínimo, adequando-se melhor ao ritmo desejado.
Essas quatro regras nos dão noções gerais de grande validade
para todas as tendências da corrida. É importante destacar que o estilo
individual surge naturalmente com o decorrer da prática diária.
Cabe salientar que os gestos motores básicos da corrida foram
exaustivamente analisados e chegou-se a conclusão de que existe um
padrão mínimo de movimentos que devem ser respeitados, independente
do estilo individual de cada aluno é necessário cuidar dos seguintes
fatores:
ÂNGULO DO CORPO
O ângulo em que o corpo se coloca durante a corrida é uma
característica natural, porque, à medida que o corredor acelera a passada,
o corpo começa a se inclinar para frente, em uma tomada natural de
equilíbrio.
Para encontrar o ponto ideal da inclinação do corpo, deve-se mantêlo no conjunto, em uma linha reta, formada pela perna que está atrás
(perna de apoio posterior), o tronco e a cabeça. Na maioria dos casos,
isso ocorre quando os olhos focam um ponto a certa distância na pista, o
29
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
que coloca a cabeça posicionada corretamente, fazendo com que o corpo
adquira automaticamente o ângulo adequado.
MOVIMENTO DOS BRAÇOS
Os braços devem movimentar-se lateralmente em relação ao
tronco. Sua ação consiste em balanceamento rítmico, partindo da
articulação do ombro e flexionando-se em um ângulo de mais ou
menos 90 graus. Os braços devem ser movimentados no sentido ântero-posterior
(da frente para trás) sem cruzar excessivamente o plano anterior e/ou
posterior do corpo, apenas o suficiente para possibilitar o ritmo da corrida,
contribuindo para o equilíbrio e o deslocamento para frente.
Durante a movimentação dos braços, as mãos devem estar totalmente
descontraídas. Essa ação é de muita importância, a ponto de alguns
corredores declararem que finalizaram determinadas provas "correndo
com os braços".
30
unidade 1
A colocação do pé no solo, ao realizar os apoios nas passadas,
depende muito do estilo próprio do corredor. Nas corridas de meio-fundo,
por exemplo, o pé deverá apoiar-se primeiramente sobre o metatarso: (a) já
nas provas mais longas coloca-se primeiro a parte anterior do pé e depois
a parte lateral externa: (b) sendo que o calcanhar aproxima-se mais do
Fundamentos do Atletismo
COLOCAÇÃO DOS PÉS
solo em comparação com as corridas de velocidade, onde o calcanhar fica
mais elevado (predomina a ponta do pé), (c) porque a inclinação do corpo
é mais acentuada para aumentar o impulso de deslocamento.
Em todos os casos, os pés devem ser colocados paralelamente um
ao outro e apontados para frente.
MOVIMENTAÇÃO DAS PERNAS
Ao realizar a passada, o pé responsável pelo apoio posterior só
deixa o solo após a extensão total da perna. Nas provas mais longas, as
pernas executam um movimento pendular, com uma elevação não muito
acentuada do calcanhar da perna de trás.
Nas provas de velocidade, o movimento é circular, havendo uma
flexão mais acentuada da perna traseira que provoca uma aproximação
maior do calcanhar junto à parte posterior da coxa e, consequentemente,
faz com que o joelho se eleve mais, para cima e para frente, no momento
em que essa perna vai à frente para realizar o apoio seguinte (apoio
anterior).
31
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
TÉCNICA DA CORRIDA
A técnica da corrida é uma parte fundamental do treinamento, tanto
para o iniciante como para o atleta formado. Ela deve ser usada em todos
os períodos da iniciação ou treinamento, podendo ser trabalhada como
um componente do aquecimento. Os exercícios de técnica de corrida
são conhecidos como “escolinha de corrida”, sendo compostos pelas
seguintes ações:13
• SKIPPING – corrida com elevação alternada dos joelhos, até a
altura da cintura, tronco ereto, olhar para frente, movimento dos
braços no sentido ântero – posterior, ênfase na frequência das
passadas.
• ANFERSEN – corrida com os calcanhares tocando os glúteos,
tronco levemente inclinado à frente, movimento de braços no
sentido ântero-posterior, ênfase na frequência das passadas.
Os termos em inglês são usados pela falta de nomenclatura específica na língua
portuguesa.
13
32
unidade 1
uma semi-flexão dos joelhos, com grande frequência, movimento
de braços no sentido ântero-posterior e no ritmo das passadas,
ênfase na frequência dos movimentos.
Fundamentos do Atletismo
• DRIBLING – em progressão com as pontas dos pés, executar
• HOPSERLAUF – em progressão, saltos consecutivos para cima,
com elevação alternada dos joelhos até a altura do quadril, perna
de impulso em extensão, braços em movimentos assimétricos às
pernas, lançados para cima.
33
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
- Você deve trabalhar a coordenação no início das aulas, pois o
aluno cansado não conseguirá atingir os objetivos desejados.
- Não se esqueça que a mudança de comportamento ocorre
de forma processual, por isso, você não conseguirá atingir a
execução correta dos movimentos somente em uma ou duas
aulas. É preciso planejamento, calma e persistência.
- Inicie as atividades trabalhando os diferentes segmentos
corporais de maneira isolada. Por exemplo: realizar somente
os movimentos de pernas dos exercícios de coordenação.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
1. Realizar o skipping com os braços atrás das costas.
2. Realizar o skipping com os braços cruzados no peito.
3. Em círculo realizar o skipping segurando no ombro do amigo
da frente.
4. Em coluna segurar no ombro do amigo e realizar o
skipping.
5. Realizar o skipping parado, fazendo o joelho tentar tocar na
mão de um auxiliar que estará à frente.
6. Parado em pé, realizar o movimento dos braços no sentido
ântero-posterior.
7. No lugar realizar o movimento de braços e pernas do skipping.
8. Em movimento realizar o movimento de braços e pernas do skipping.
9. Realizar o anfersen com as mãos voltadas para trás, na altura do glúteo, os pés deverão tocar as
palmas das mãos.
10. Realizar o anfersen com os braços cruzados na altura do peito, os pés deverão tocar os glúteos.
11. Realizar o anfersen dentro do ritmo estabelecido pelo professor.
34
unidade 1
13. Idem ao anterior, mas deve-se trocar o nome dos exercícios por números. Cada vez que o professor
falar o número deve-se mudar imediatamente o exercício que está sendo realizado.
14. Idem ao anterior acrescentando uma corrida de 10 metros ao final.
15. Corridas realizando os exercícios de coordenação sobre uma das linhas demarcatórias da quadra,
conforme o comando do professor.
16. Corridas realizando os exercícios de coordenação, executando mudanças dos exercícios e de
direção de acordo com o comando do professor.
Fundamentos do Atletismo
12. Alternar a execução dos exercícios, 5 metros de skipping, 5 metros de anfersen, 5 metros de
hopserlauf, 5 metros de dribling e 5 metros de percussão.
AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS COORDENATIVOS DA CORRIDA
Após trabalhar com esses exercícios é importante avaliar o
desenvolvimento do seu aluno, de maneira que ele possa ter um feedback
dos seus erros e acertos. Contudo, é importante lembrar que os erros
devem ser sempre corrigidos dos maiores para os menores e sempre
levando em consideração qual foi o objetivo estabelecido para a sua
aula.
Por exemplo: se você estabeleceu que o objetivo da sua aula era a
realização adequada dos movimentos dos braços, não há motivos para
você ficar se preocupando com a execução incorreta dos movimentos de
pernas, colocação dos pés, etc.
Cada um dos movimentos será trabalhado de forma isolada, até que
o aluno consiga realizá-los dentro de um padrão mínimo de movimento,
que poderá ser avaliado a partir do modelo proposto. Contudo, esse
modelo não deve servir como camisa de força, pois você deve lembrar
sempre que está trabalhando com seres humanos e, por isso, as respostas,
os erros, acertos podem ser diferentes.
Dessa forma, a ficha apresentada é somente um ponto de partida
que foi estabelecido a com base nos erros e acertos cometidos pela maioria
dos escolares, mas temos certeza que a partir da sua prática ela poderá se
tornar cada dia mais completa. Por isso, estarei esperando o seu retorno,
para que juntos possamos ajudar os nossos alunos a movimentar-se com
maior eficiência.
35
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS COORDENATIVOS –
PADRÕES BÁSICOS DE MOVIMENTOS
HABILIDADE
CRITÉRIOS DE
PERFORMANCE
SIM
CORRIDA
GALOPE
Fase de voo definida
Braços em oposição aos pés,
cotovelos flexionados
Contato: calcanhar, planta e
ponta dos pés
Perna de apoio flexionada
(90º)- próximo a nádega
Pé de liderança seguido pelo
outro pé (sem cruzar)
Fase de vôo definida
Braços flexionados próximos ao
quadril
Capaz de liderança com os dois
pés
Perna de equilíbrio flexionada
(altura das nádegas)
Perna de equilíbrio realiza
movimentos de balanço
SALTITO EM 1 PÉ
Braços flexionados realizando
balanço frontal
Realização de movimento com
ambos os pés
SALTO
ALTERNADO
36
unidade 1
RESULTADO
Salta com um pé e aterrissa
com o outro
Fase de voo pronunciada
(preparada)
Joelhos são flexionados (perna
de balanço)
Braço contrário ao pé de
aterrissagem se estende
NÃO
SKIPPING
Repetição rítmica combinando
os passos
Elevação da perna flexionada
(90º)
Braços no sentido ântero –
posterior sem cruzar a linha
média
Braços na altura do quadril, em
oposição às pernas
Fundamentos do Atletismo
SALTO
HORIZONTAL
Movimento preparatório
(flexão dos 2 joelhos e braços
estendidos para trás - 60º)
Braços se estendem para frente
e para cima (extensão completa
do corpo)
Saída e aterrissagem com os
dois pés
Braços para baixo na
aterrissagem
Deslocamento lateral com
DESLOCAMENTO
aproximação das pernas (sem
LATERAL
cruzar)
Fase de voo definida
Movimento rítmico
Realiza o movimento para os
dois lados
Agora que você já sabe como coordenar o seu aluno, o próximo passo é ensiná-lo a utilizar
o bloco de partida, pois todas as provas de velocidade irão exigir este implemento. Desta
forma, é fundamental que o aluno passe por um processo de adaptação, de maneira que
consiga sentir-se a vontade quando tiver que realizar uma partida rápida.
Vamos conhecer os segredos do bloco de partida?
SAÍDA DO BLOCO
Como as provas de velocidades são realizadas em grande velocidade,
numa curta distância, a partida é fator determinante para o seu resultado.
Normalmente a diferença entre o primeiro e o oitavo lugar ocorre por
frações de segundos.
Começar a correr imediatamente após o tiro de partida é algo
37
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
fundamental para quem deseja obter um resultado satisfatório. Por isso,
criou-se um posicionamento específico para a largada no atletismo,
conhecido como largada baixa.
Contudo, é importante que no âmbito escolar o aluno comece
vivenciando a saída em pé, pois como ele estará em uma posição
confortável, este tipo de saída irá facilitar para que se preocupe somente
em colocar o seu corpo em movimento o mais rápido possível, após ouvir
um estímulo externo. Neste caso, o aprendiz deverá se posicionar da
seguinte forma:
- Em pé, com um ligeiro afastamento das pernas no sentido ânteroposterior, pequena inclinação do tronco no sentido da corrida. Este tipo
de partida é utilizada em algumas competições escolares, para alunos/
atletas iniciantes, sendo considerada mais fácil e natural, portanto, mais
eficiente para o iniciante.
É comum entre iniciantes, eles olharem para os lados ou para trás,
tentando controlar a aproximação dos adversários. Este ponto deve ser
observado e corrigido pelos professores durante a fase de iniciação do
aprendiz.
Você sabia que nas provas de velocidade é obrigatória a
utilização do Bloco de Partida.
Entretanto, devemos levar em consideração o fato de que os
atletas apresentam diferentes alturas, o que faz com que o
bloco tenha que ser ajustável.
Existem três distâncias básicas de colocação dos blocos: curta,
média e longa. As quais devem ser utilizadas de acordo com o biótipo
do atleta, levando-se em consideração principalmente o comprimento de
suas pernas.
A distância existente entre a linha de partida e o bloco irá definir os
três tipos de partida baixa, que são assim caracterizadas:
Partida Curta ou Grupada
Distância de 30 cm entre os tacos e 40 cm entre o primeiro taco e a
linha de partida. Neste tipo de saída, a ponta do pé de trás é colocada na
direção do calcanhar do pé que está fazendo o apoio no suporte da frente.
38
unidade 1
portanto, bem alto. Esse tipo de saída também é conhecido por saída
grupada, devido à posição do corpo do corredor.
Fundamentos do Atletismo
O quadril coloca-se elevado a um ponto superior ao nível da cabeça,
Partida Média
Distância de 40 cm entre os tacos e 30 cm entre o primeiro taco e
a linha de partida. É um tipo intermediário entre as outras duas (curta e
longa), na qual o joelho da perna de trás é colocado na direção da ponta
do pé que está no apoio anterior.
Como referência tem-se que o taco do apoio anterior é colocado 38
cm atrás da linha de partida e o de trás 85 cm. Nesse caso, o quadril não
se eleva tanto como na saída curta, ficando quase que em linha com a
cabeça.
Partida Longa
Distância de 40 cm entre os tacos e 50 cm entre o primeiro taco e a
linha de partida. Aqui, a separação entre os suportes para o apoio dos pés
no bloco de partida é maior do que nos tipos anteriores, onde as medidas
mais comumente utilizadas são 33 cm para o apoio anterior, em relação à
39
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
linha de partida e 103 cm para o posterior.
Como referência, os atletas utilizam a medida de dois pés para a
colocação do primeiro taco e três para o segundo. O joelho da perna de
trás fica situado mais ou menos atrás do calcanhar do pé da frente e os
quadris situam-se em um ponto pouco abaixo do nível da cabeça.
O uso da ciência para tentar melhorar os resultados
Atualmente muitas experiências têm sido realizadas, quanto às
distâncias utilizadas nos blocos de partida. Esses estudos buscam encontrar
meios eficientes que auxiliem na obtenção de melhores resultados para
as saídas nas corridas de velocidade.
É verdade que estas corridas têm constituído uma das especialidades
do atletismo em que a quebra de recordes está se tornando cada dia mais
difícil. Portanto, qualquer contribuição técnica será de vital importância,
visto que as marcas atuais são realmente difíceis de serem quebradas.
Dessa forma, dados procedentes de treinadores russos nos abrem
perspectivas em relação às saídas baixas. Trata-se da posição dos blocos
e da colocação dos pés sobre o apoio. A própria construção dos blocos
tradicionais determina que o apoio anterior deva ser realizado sob um
ângulo de 40-45 graus, enquanto que o posterior se faz com um ângulo de
60-85 graus. Calcula-se que nessa posição, o velocista aproveita apenas
parcialmente as propriedades de elasticidade dos músculos gêmeos
(panturrilhas) no ato da impulsão, no momento da saída.
É preciso ter clareza que estas medidas são referencias que
auxiliam o iniciante, podendo variar de acordo com as necessidades de
cada atleta. O importante é que o aluno consiga inicialmente sentir-se em
uma posição confortável, mas que permaneça em uma posição grupada,
para que ao ouvir o estímulo consiga impulsionar-se como uma mola que
estava encolhida.
Agora que você já sabe para que serve a saída baixa e as variações das
distâncias dos blocos de partida, vamos aprender os procedimentos utilizados
pelo atleta, antes dele começar a correr.
40
unidade 1
Após colocar o bloco de partida na posição escolhida por ele, o
corredor deve ficar em pé, atrás do seu bloco, aguardando até que todos
os competidores estejam na mesma posição. Neste momento, o árbitro
de partida dará o comando: “AS SUAS MARCAS”. O atleta deverá se
aproximar do bloco e tomar sua posição, colocando o seu pé de impulso
Fundamentos do Atletismo
Entrada no bloco
na parte da frente do bloco e o outro na parte de trás.
A seguir, ajoelha-se na perna de trás, apoiando as mãos
imediatamente atrás da linha de partida, a uma distância igual a dos
ombros, com os dedos voltados para fora, com exceção dos polegares que
ficarão voltados para dentro.
A cabeça fica no prolongamento do tronco, com o atleta procurando
não contrair os músculos do pescoço, o peso do tronco estará sobre os
braços, que deverão estar estendidos na vertical. O atleta deverá estar em
cinco apoios (duas mãos, dois pés e o joelho da perna de trás).
Colocados desta forma, o corredor aguarda em posição imóvel o
novo comando do árbitro que dirá: "PRONTOS!" Ao comando, o corredor
eleva o quadril, para isto, levantará o joelho que está em contato com
o solo, ficando ligeiramente mais alto do que os ombros, os quais são
projetados um pouco à frente da linha de partida, o centro de gravidade é
deslocado para os braços e o equilíbrio do corpo é mantido com os braços
bem estendidos.
A elevação dos quadris varia para mais ou menos, de acordo com
o tipo de saída utilizada. Quanto mais próximo for a distância entre os
apoios dos pés, tanto maior será a elevação.
Os braços devem estar totalmente estendidos, o pescoço relaxado, a
cabeça abaixada, de forma que o olhar esteja dirigido a um ponto, cerca de
1,5 metros adiante, ou entre os joelhos. Tomada essa posição, o corredor
deve manter-se estático, aguardando o tiro de partida, que será dado logo
que todos os demais corredores estejam em posição.
41
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
A partida
Ao ouvir “O TIRO” de partida, o corredor deve reagir o mais rápido
possível, realizando uma ação simultânea das duas pernas que devem ser
estendidas bruscamente, onde a perna da frente impulsiona o corpo, com
toda a força adquirida pelo apoio do pé sobre o suporte.
A perna de trás atua por um período de tempo mais curto e a direção
da impulsão provocada pela sua ação é mais no plano horizontal, sendo
imediatamente levada para frente, iniciando uma passada curta, a fim
de reter a queda para frente, decorrente do abandono das mãos e pela
projeção do centro de gravidade para frente.
A ação dos braços é, ao mesmo tempo, propulsora e equilibradora.
Depois que as mãos deixam o solo, os braços entram energicamente em
ação. O braço do lado da perna de impulso eleva-se para frente ajudando
o movimento executado pela perna do mesmo lado, contribuindo para o
equilíbrio da corrida.
O braço oposto é lançado vivamente para trás. A primeira passada
é mais curta, com a amplitude sendo aumentada nas passadas seguintes
ao mesmo tempo em que o tronco que estava inclinado, vai tomando a
sua posição vertical.
O bloco de partida oferece uma grande ajuda, devido à forte ação
dos pés sobre os apoios que ele suporta no momento da impulsão, ao ser
realizada a partida. A ação dos braços é muito forte no princípio, para
logo em seguida entrar em ritmo rápido e compassado com as pernas.
42
unidade 1
Pontos Positivos
Fundamentos do Atletismo
Para completar o estudo sobre a saída baixa, vamos
relacionar uma série de observações a serem respeitadas na
totalidade dos gestos da saída. Assim, temos pontos positivos
e negativos.
Podemos observar as características de uma boa partida, que são
consideradas os pontos positivos a serem buscados.
• Impulsão poderosa sobre o apoio anterior, com extensão total da
perna e espáduas e lançamento dos quadris para frente;
• Ação bastante rápida dos braços; a mão do braço que vai para
trás não ultrapassa a linha do quadril; o braço da frente não
deve elevar-se exageradamente, e sim colocar-se paralelamente
à pista;
• A perna de trás deve ser projetada rapidamente adiante, por
uma ação rasante.
Pontos Negativos
Entre os erros mais comuns, devemos evitar os seguintes:
• Levantar-se, em vez de impulsionar-se para frente;
• Elevação demasiada do braço de trás, o que proporciona um
atraso em sua colocação na posição correta. Lançamento do
braço da frente para o alto em linha oblíqua, o que produz uma
elevação muito rápida do corpo;
• Tirar os quadris sem que eles façam uma impulsão efetiva sobre
o apoio de trás.14
AS CORRIDAS DE VELOCIDADE. Disponível em http://adect2.no.sapo.pt/artigos/
pdf/velocidade.pdf . Acesso realizado em 15 out. 2008.
14
43
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
Erros comuns
Possibilidades de correção
O peso do corpo encontra-se
ainda por demais sobre as pernas,
durante “fase do pronto”.
OS quadris são elevados acima
da posição correta, resultando em
perda da projeção para frente.
No momento do “Pronto” a cabeça
está voltada muito para frente,
ocasionando desequilíbrio devido
ao corpo entrar na posição ereta
antes do tempo.
Não empurrar o bloco durante a
partida, fazendo um movimento
normal de andar, sem explosão e
consequente aceleração.
Exercícios de apoio para sentir as
variações, até uma distribuição
proporcional do peso do corpo.
Com ajuda de um companheiro,
corrigir o posicionamento.
Colocar um “controlador de
olhar”a cerca de 1,50 a 2,00
metros na frente da linha de
partida (pequenos pedaços de
papel).
Utilizar uma corda logo à frente
do bloco de partida, para que
o aluno busque realizar um
movimento explosivo no taco
pisando na frente da marca
estabelecida.
Na saída de bloco, o peso do corpo deve ser deslocado
para frente, ficando distribuído sobre as pernas e os braços.
Após a voz de comando “prontos” ocorre a saída, que deve
ser executada de forma explosiva, com a perna de impulsão
à frente sendo completamente estendida. Na parte inicial do
percurso, o corpo estará levemente inclinado para frente. A
postura de corrida normal é tomada somente depois de 12 a
15 metros.
Você já está quase pronto para sair do bloco de partida. Mas para que não cometa nenhuma
infração vamos conhecer os aspectos básicos das regras
44
unidade 1
1. Os blocos de partida devem ser usados em todas as corridas até
e inclusive 400m (incluindo a primeira etapa dos revezamentos 4x100 e
4x400m) e não deve ser usado para qualquer outra corrida. Quando em
posição na pista, nenhuma parte do bloco de partida deve ultrapassar a
linha de saída ou estender-se até outra raia.
Fundamentos do Atletismo
REGRAS - BLOCOS DE PARTIDA
Os blocos de partida devem obedecer às seguintes especificações
gerais:
a) Eles devem ser inteiramente rígidos em sua construção e não
devem oferecer nenhuma vantagem ao atleta.
b) Eles devem ser fixados na pista por um número de fixadores ou
pregos, dispostos para causar o mínimo possível de danos à pista.
c) Os blocos de partida consistirão de dois tacos, contra os quais os
pés do atleta farão pressão na posição de saída.
d) Em competições oficiais internacionais, os blocos de partida
serão conectados a um equipamento detector de saídas falsas aprovado
pela IAAF.
REGRAS - PARTIDA
1. A partida de uma corrida deve ser marcada por uma linha branca
de 5 cm de largura. Em todas as corridas em raia livre, a linha de saída
será curva, de maneira que todos os corredores percorram a mesma
distância, da saída à chegada.
2. Todas as provas serão iniciadas pelo tiro da pistola do Árbitro de
Partida ou aparelho de partida aprovado, após o Árbitro ter verificado que
os competidores estão em seus lugares e na posição correta de largada.
3. Em todas as competições internacionais, os comandos do Árbitro e
Partida serão feitos em inglês, francês ou no idioma local, nas corridas até
e inclusive 400m (incluindo 4x200m e 4x400m), serão: “As suas marcas”,
“Prontos”, e quando os competidores estiverem “prontos e imóveis”, o
45
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
revólver será disparado ou o equipamento de partida será ativado.
4. Em corridas acima de 400m, o comando será “Às suas marcas”
e quando os competidores estiverem em seus lugares, o revólver será
disparado ou o equipamento de partida aprovado será ativado.
5. Após o comando “Às suas marcas”, o competidor deve aproximarse da linha de largada, assumir uma posição completamente dentro de
sua raia e atrás da linha de largada. Ambas as mãos e um joelho devem
estar em contato com o solo e ambos os pés em contato com os blocos de
partida. Ao comando de “Prontos” o competidor deve, imediatamente, se
levantar para sua posição final de largada, retendo o contato das mãos
com o solo e dos pés com os blocos. Um competidor não pode tocar a
linha de saída ou o solo além dele, com suas mãos ou seus pés, quando
estiver em suas marcas.
6. Será considerada uma saída falsa se um competidor inicia seu
movimento de saída após assumir sua total e final posição, acontecendo
isso antes que o tiro do revólver ou o sinal do equipamento de largada
aprovado seja dado.
7. Qualquer competidor que cometa uma saída falsa será advertido.
Somente uma saída falsa por corrida será permitida sem a desqualificação
do(s) atleta(s) que a cometeu. Qualquer (quaisquer) atleta(s) que cometer
(em) outras saídas falsas na corrida deve(m) ser desqualificado(s) desta.
8. Em provas combinadas, se um competidor é responsável por duas
saídas falsas, ele será desqualificado.
46
unidade 1
• A velocidade de corrida é a maior velocidade que o corredor pode atingir; a resistência é a
sua capacidade de resistir à fadiga. A velocidade máxima ocorre só em curtos percursos, podendo ser
mantida não mais de 40 a 50 metros do início da fase de saída e aceleração. Assim mesmo, nos 100
metros, é a resistência do corredor que vai definir o resultado.
Fundamentos do Atletismo
• De acordo com vários estudos, ao duplicar a velocidade da corrida de 10 para 20 km/h, o
comprimento da passada aumenta 85%, enquanto a frequência da passada aumenta apenas 9%.
• Não deve ser aplicado treinamento de velocidade e/ou coordenação para uma pessoa fatigada.
Deve ser interrompido o trabalho quando a cadência diminuir (deve ser limitado a 5-10 repetições por
unidade de treinamento o volume de exercício).
• Na saída em curva, no caso das provas de 200 e 400 metros é aconselhável colocar os
blocos junto à linha extrema da raia, pois isto permite ao atleta percorrer uma distância muito maior em
linha reta.
• São frequentes as falsas partidas que ocorrem quando o atleta sai antes do tiro de partida,
que é o sinal dado para começar a prova. Após ter sido assinalada uma falsa partida, qualquer atleta
que dê uma nova falsa partida será desclassificado. A exceção ocorre nas provas combinadas (Decatlo
e Heptatlo), onde cada atleta tem direito a uma falsa partida.
• Um atleta dá 45 passadas em média para percorrer o percurso de 100 metros e cruza a
linha de chegada a cerca de 36 km/h. Uma pessoa comum faria a prova com 100 passadas e a uma
velocidade de 22,5 km/h.
CURIOSIDADE
Acompanhe a matéria produzida pelo jornalista Lucas Cipriano,
demonstrando que não é necessário o atleta sair do bloco para
ser considerada uma saída falsa.
Um erro técnico de Francis Obikwelu nos blocos de partida levou
à surpreendente desclassificação do velocista português na primeira
eliminatória dos 100 metros do Mundial de atletismo em Osaka, no Japão.
Resta agora, ao duplo campeão da Europa, a classificação para a final dos
200 metros, na quinta feira, onde poderá superar a desilusão dos 100
metros e chegar às medalhas.
Depois de uma primeira falsa partida do atleta centro-africano
Gibrilla Pato Bangura, da Serra Leoa, a eliminatória ficou em perigo para
todos os oito participantes. O que significa que o próximo erro, fosse de
47
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
quem fosse, resultaria em exclusão.
Aos juízes não escapou uma pequena falha técnica do luso-nigeriano:
um ligeiro mexer de ombro e cabeça. Sem contemplações, deram ordem
de saída a Obikwelu, que parecia não perceber o que se estava a passar.
Contudo, Obikwelu não fez falsa partida. Os sensores do sistema
eletrônico integrado nos blocos e na pistola de partida não assinalaram
nenhum movimento do atleta antes do tiro de partida. De resto, foi o
sexto pior tempo de reação na série (162 centésimos de segundo). Mas
aos juízes não escapou um pequeno erro técnico do luso-nigeriano que
poderia induzir em erro os adversários.
Francis Obikwelu tem na partida o seu ponto fraco. O atleta tem
conseguido suprir essa limitação por meio de uma excelente terminação,
que lhe valeu a prata nos Jogos de Atenas em 2004. Apesar de ter trocado
Lisboa por Madrid e de treinador - o português Fausto Ribeiro pela
espanhola Maria José Martinez - a verdade é que nessa área e, aos 28
anos, Obikwelu pouco ou nada evoluiu.
Na madrugada de sábado, Obikwelu facilitou num momento da
prova, onde não pode sequer vacilar. O português mexeu-se nos blocos e
acabou por ser desclassificado. Os responsáveis da delegação portuguesa
ainda pensaram, numa primeira fase, protestar contra a decisão, mas
depois de verem e reverem a gravação em vídeo preferiram acatar a
desclassificação.15
CIPRIANO, Lucas. Obikwelu desclassificado por se mexer nos blocos de partida.
Disponível em http://dn.sapo.pt/2007/08/26/desporto/obikwelu_desclassificado_se_
mexer_bl.html
15
48
unidade 1
1. Os alunos devem estar sentados um ao lado do outro, ao comando do
professor devem levantar-se e correr o mais rápido possível em linha
reta (variar a distância, contudo, lembre-se que o mais importante
neste momento é a saída e não a corrida).
Fundamentos do Atletismo
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
2. Idem ao anterior, porém todos devem estar deitados em decúbito
ventral (variar utilizando decúbito dorsal e lateral).
3. Divida os alunos em dois grupos, um estará de costas para o outro.
O professor avisará que inicialmente os números pares começarão
fugindo e os ímpares serão os pegadores o que mudará a cada
comando. A seguir, o professor fará uma operação matemática, cujo
resultado será um número par ou impar, determinando a fuga dos
alunos. (por exemplo: 2 +2 = 4, os alunos pares devem fugir). Este exercício pode ser variado,
utilizando-se cidade e capital...
4. Em pé, um auxiliar atrás de cada aluno. O auxiliar joga a bola e o aluno deverá partir atrás dela o
mais rápido possível, evitando que ela chegue na linha demarcada a 15 metros de distância (após
pegar a bola o aluno poderá trazê-la da maneira que desejar).
5. Aluno em pé, o auxiliar lança uma bola a sua frente, por cima da cabeça. O executante deve tentar
pegá-la antes que caia ao solo.
6. Aluno em pé, pernas afastadas e de costas para auxiliá-lo. O auxiliar lança uma bola por entre
as suas pernas, o executante deverá pegá-la antes que a bola cruze uma linha de 5 metros que
estará a sua frente.
7. O aluno pode ficar em qualquer posição (em pé, sentado, deitado, de joelhos, de cócoras, etc.),
os olhos devem estar fechados. Ao estímulo do auxiliar, ele deve levantar-se rapidamente e tentar
pegar a bola lançada antes que esta toque o solo.
8. Na quadra poliesportiva, divide-se a turma em duas equipes. Ambas deverão sentar-se na linha
de fundo da quadra. Coloca-se um objeto no centro da quadra. Ao sinal do professor todos devem
levantar e correr o mais rápido possível passando pelo lado direito do objeto e sentando na linha
de fundo do lado oposto da quadra.
9. Saída de bloco, com variações na distância a ser percorrida (5, 10,15 e 20 metros).
10. Saída de bloco com variação no estímulo de partida (visual, sonoro, tátil).
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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil
As atividades de aprendizagem deste módulo de ensino devem ter ajudado você a perceber
como se deu o processo de modernização do atletismo. Iniciando em suas práticas naturais voltadas
para a sobrevivência e realizando uma viagem através dos tempos, chegando à profissionalização dos
atletas, na utilização da tecnologia para a confecção dos materiais esportivos e no dopping como forma
de auxiliar na superação dos limites humanos.
É muito importante que, além das questões técnicas, você mostre para os seus alunos os
prejuízos decorrentes da utilização de substâncias ilícitas, sejam elas anabolizantes ou falsificação
ideológica. O professor nunca deve esquecer que antes dele ser um técnico ele é um educador.
Pelo que foi visto até aqui, você deve ter percebido que a velocidade é um fator fundamental
para a performance de várias provas do atletismo. Quando trabalhada adequadamente em conjunto
com outras capacidades motoras, ela pode levar o aluno/atleta a obter desempenhos significativos na
sua performance atlética.
Contudo, para que o seu aluno consiga ter um maior rendimento é fundamental que você
saiba a descrição técnica da corrida, pois só desta maneira, você conseguirá evitar os movimentos
desnecessários.
Além disso, não se esqueça que os exercícios de coordenação são fundamentais para uma
aprendizagem eficaz dos vários movimentos que compõem as corridas. Após verificar esta parte básica
é necessário ensinar o seu aluno a deixar rapidamente o bloco de partida, o qual deverá estar adequado
ao seu biótipo, é importante que no início ele se sinta confortável, para que paulatinamente as medidas
padrão passem a ser utilizadas.
1. Quais são as quatro regras importantes para a execução de uma corrida eficiente?
2. Mesmo sabendo da necessidade de respeitar a individualidade biológica, o professor precisa
tomar alguns cuidados durante o processo de iniciação das corridas. Cite e explique quais são
estes processos.
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unidade 1
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Fundamentos do Atletismo
unidade 1
52
Universidade Aberta do Brasil
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Fundamentos do Atletismo
Maury Fernando Fidelis Redkva
Miguel Archanjo De Freitas Jr
UNIDADE II
Corridas rasas
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ Seção 1: Corridas de velocidade 100, 200 e 400m
■■ Seção 2: Corridas de resistência de velocidade 800 e 1500m
■■ Seção 3: Corridas de resistência 5.000, 10.000m e maratona
■■ Seção 4: Marcha Atlética
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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Agora que você já aprendeu como sair rapidamente do bloco de
partida, vamos compreender as principais diferenças existentes nas provas
de velocidade (100, 200 e 400 metros). Na sequência, vamos continuar a
nossa corrida observando as provas de meio fundo (800 e 1500 metros)
e para terminamos esta primeira etapa, analisaremos as particularidades
das provas de resistência (5.000, 10.000 metros e a maratona).
Para que possamos estar nas primeiras colocações desta corrida
é necessário conseguirmos compreender os aspectos básicos de cada
uma destas provas, as quais apresentam algumas semelhanças e
muitas singularidades. Por isso, você vai precisar ser resistente, veloz,
perseverante e ter muita disposição.
Você está pronto?
Então vamos iniciar a nossa corrida!
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unidade 2
CORRIDA DE VELOCIDADE 100, 200 e 400m.
Nas corridas rasas de velocidade, representadas pelas provas com
Fundamentos do Atletismo
seção 1
distância de até 400m, os atletas necessitam de uma estrutura muscular
bem treinada, que esteja preparada para suportar a extrema exigência
muscular que irão sofrer.
A velocidade é um fator natural, determinada em grande medida
pelos nossos fatores genéticos. Entretanto, o velocista necessita de outras
qualidades. Você sabe quais são?
Se não sabe, não se preocupe. Vou pegar o bastão momentaneamente
e ajudá-lo nesta parte do percurso.
QUALIDADES DE UM BOM VELOCISTA
Entre as principais qualidades de um bom velocista devemos
considerar a agilidade, a capacidade de reação neuromuscular, a máxima
coordenação muscular e a constituição física forte. Estas qualidades
devem ser aliadas à combatividade, força de vontade, persistência, e
espírito de sacrifício, fatores estes que poderão determinar aqueles que
possivelmente se transformarão em futuros campeões.
55
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Chegou o momento de passar o bastão para o pesquisador chamado
Balreich. Em 1983, ele analisou um grande número de corredores,
descobrindo que os principais fatores que interferem no resultado de
uma corrida de velocidade são:
•Velocidade de reação (3,3%)
•Força e velocidade de sprint (86,6%)
•Resistência de sprint (10%)
1. Velocidade de reação – é a capacidade de responder no menor
tempo possível a um estímulo externo. Como ela vem do sistema
nervoso central, pouco se consegue melhorar. Isto se leva a dizer
que o velocista nasce pronto e não é feito.
2. Velocidade de sprint - é a capacidade de se atingir a maior
velocidade possível. Também está diretamente ligada ao sistema
nervoso central.
3. Força de sprint - é a capacidade de conseguir a maior aceleração
possível no menor espaço de tempo;
4. Resistência de sprint - é a capacidade de se manter na mais alta
velocidade no maior tempo possível, ou diminuir ao máximo a
queda de velocidade.
A diferença entre a resistência de sprint e a resistência de velocidade
é que na primeira o nível de intensidade é máximo e na segunda é
submáximo.
O tempo de reação de estímulos óticos, acústicos e
táteis é diferenciado. A reação a um sinal ótico é um pouco mais
lenta do que a um sinal acústico.
O aparecimento de lesões desportivas, na fase final dos
esportes coletivos ocorre principalmente pela menor capacidade
de reação, quando o indivíduo está em estado de fadiga.
Existe a velocidade cíclica que ocorre através de uma
sucessão de ações motoras (corrida), e a velocidade acíclica,
que ocorre em uma ação motora isolada (lançamento).
A melhora da performance da velocidade é algo difícil
de se obter apenas com o treinamento, pois ela é algo inato,
diferente da força e da resistência que podem ser melhorados
significativamente com treinamento, a velocidade pode ser
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unidade 2
Fundamentos do Atletismo
melhorada cerca de 15 a 20% no máximo. Isto ocorre devido às diferenças de fibras musculares e o
modelo de inervação geneticamente definidos, o treinamento pode apenas modificar o volume (aumento
da seção transversal) ou a capacidade de coordenação, mas não a distribuição percentual das fibras.
A velocidade é a capacidade física que diminui mais cedo e mais fortemente, com o aumento
da idade.
A capacidade que um atleta tem em executar os movimentos mais depressa é uma qualidade
específica, ou seja, não há transferência direta da velocidade para movimentos diferentes (atletismo/
natação). Isto pode ocorrer apenas em atividades que apresentam movimentos de coordenação
semelhantes.
Para avaliar a força de sprint, existem várias formas, uma delas seria tomar o tempo a espaços
regulares, como por exemplo, a cada 5 metros, o que na prática de treinamento é impossível dada às
dificuldades de cronometragem.
Por isso, estabeleceu-se a correlação entre a saída (10 primeiros metros) e a Força Sprint, que
deve ser medida até os 30 metros (durante os testes devem-se repetir as distâncias).
Após verificarmos os aspectos gerais da corrida, vamos analisar as
singularidades presentes em cada uma das provas de velocidade.
100 METROS RASOS
Os 100 metros rasos são considerados uma prova “nobre” do
atletismo, pois define quem é o indivíduo mais rápido do mundo, é
marcada por duelos históricos como a disputa entre o americano Carl
Lewis e o Jamaicano naturalizado Canadense Ben Johnson.
Os 100 metros rasos foram introduzidos no programa olímpico em
Jogos Olímpicos de Verão de 1896, para homens e nos Jogos de 1928,
para mulheres. Os primeiros campeões olímpicos foram, respectivamente,
Tom Burke e Betty Robinson dos Estados Unidos da América.
O recorde mundial dos 100 metros masculinos pertence a Usain
Bolt, da Jamaica, obtido durante o mundial de atletismo, realizado em
Berlin, na Alemanha, em 16 de agosto de 2009, com a marca de 9,58
segundos. No feminino, o recorde de 10,49 segundos pertence a Florence
Griffith Joyner, estabelecido em Indianápolis em 1988. O recorde nacional
e também sul-americano é de 10s e pertence a Robson Caetano da Silva.
As condições climatéricas, em particular o vento, são muito
importantes na prova dos 100 metros, pois podem influenciar os tempos
de chegada. Para efeitos de recorde do mundo, não são consideradas
provas corridas com ventos traseiros de mais de 2 m/s.
De acordo com as pesquisas desenvolvidas pelo grupo de trabalho
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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
do Ministério da Educação e Cultura, sob o controle do Departamento
de Educação Física e Desportos, o comportamento do corredor de 100
metros é determinado por três fatores básicos: velocidade, amplitude de
passada e frequência de passada.
É fundamental que o corredor realize as passadas de maneira
rápida e com boa amplitude, procurando manter isto pelo maior tempo
possível, ou seja, buscando evitar a diminuição da amplitude da passada,
o mesmo sendo válido para a frequência. Como já vimos anteriormente,
pode-se dizer que um bom corredor necessita de: força de frequência
da passada, força da amplitude de passada, resistência de frequência de
passada e resistência de amplitude de passada. Esses fatores, somados
a velocidade de reação, fornecem as qualidades necessárias para um
excelente velocista.
Para que possamos melhor analisar a prova de 100 metros, vamos
dividí-la em quatro fases distintas:
• Fase de reação (logo no início) – corresponde ao tempo de
reação (intervalo de tempo entre o tiro de partida e o momento
em que o atleta sai do bloco de partida).
• Fase de aceleração – período durante o qual o atleta aumenta a
velocidade.
• Fase de velocidade máxima – período em que, após ter corrido
de 60 a 70 metros, o atleta atinge a velocidade máxima e corre
uma distância de cerca de 20 a 30 metros a essa velocidade
máxima.
• Fase final – período em que, a uma distância entre 20 e 10
metros da meta, o atleta reduz a velocidade.
Evolução da prova
Todos os atletas de 100 metros rasos são treinados para responder
ao disparo do tiro de partida com prontidão. Um velocista campeão gasta
em média dezoito centésimos de segundo para dar início à sua corrida.
Uma pessoa determinada levará cerca de 27 centésimos de segundo
para reagir. A respiração é também muito treinada: os atletas inspiram
58
unidade 2
expiram novamente só no fim da corrida.
No primeiro movimento, o atleta avança cerca de cinco metros e as
passadas iniciais medem 1,60m. Os campeões atingem sua velocidade
máxima (ca. 43 km/h) aos 35 metros de corrida, quando a extensão das
passadas é em torno de 2,10 metros, e consegue mantê-la até os setenta
metros. Um atleta comum já terá alcançado a velocidade máxima (27
Fundamentos do Atletismo
na largada, expiram e inspiram novamente na marca dos 50 metros e
km/h) na altura dos 25 metros de prova e começa a desacelerar a cinquenta
metros do final da competição.
TÉCNICA DA CORRIDA DE 100 METROS 16
Para facilitar o nosso estudo, vamos dividir a corrida de 100 metros
em três fases interdependentes:
1. Fase de apoio anterior: começa após a fase de suspensão, no
momento em que o pé da frente tem contato com o solo e termina
no momento em que a coxa da perna de balanço (posterior)
cruza a perna de apoio.
2. Fase de apoio posterior: começa quando a perna de balanço
cruza a perna de apoio e vai até o momento em que o corredor
realiza a impulsão perdendo contato com o solo.
3. Fase de suspensão: começa quando o joelho da perna de
balanceamento anteiror se encontra no ponto mais alto e o pé
da fase de contato posterior conclui a sua impulsão.
Essas fases não são realizadas isoladamente, pois quando ocorre a
fase de impulsão posterior, a perna de balanço estará à frente, ou seja, os
movimentos são interligados. Contudo, a fase mais importante é o apoio
anterior, pois ela é responsável pelo movimento de impulsão do corpo
para frente.
Após realizar a impulsão, a perna de balanço deve buscar a posição
ideal (junto as nádegas) para que possa ir o mais rápido possível à frente,
Para realizar uma análise mais detalhada das fases da corrida, vale a pena consultar
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Caderno Técnico- Didático: Atletismo.
Brasília: Departamento de Documentação e Divulgação, 1977. p.72-73.
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Universidade Aberta do Brasil
o que irá manter a relação entre a fase anterior e fase posterior da corrida.
Ou seja, quanto melhor e mais rápida for a fase posterior, melhor e mais
rápidas será a fase anterior.
ERROS MAIS COMUNS DOS INICIANTES
1. Correr aplicando mais força que a necessária no sentido
vertical;
2. Correr aplicando força, não no sentido da corrida, mas
obliquamente a esta;
3. Executar movimentos de braços, não no sentido da corrida, mas
lateralmente;
4. Correr contraíndo as mãos ou outros músculos do corpo. Isto
resulta em tensão, prejudicando a coordenação e descontração
dos movimentos.
• A prova dos 100m rasos tem sido dominada por atletas
norte-americanos/estadunidense desde a sua primeira aparição
nos Jogos Olímpicos de Verão em 1896. Entre os medalhados
olímpicos da prova contam-se Jesse Owens (dos Estados
Unidos), que chocou o regime nazista com a sua vitória nos
Jogos de 1936 em Berlim, Fanny Blankers-Koen (dos Países
Baixos), conhecida como a Dona de Casa Voadora, e Wilma
Rudolph.
• Em 1968, o Jim Haines foi o primeiro homem a fazer
os 100 metros rasos em menos de 10 segundos, marca mais
tarde baixada para os 9,95s. Este recorde durou quinze anos,
até que outro norte-americano/estadunidense, Calvin Smith,
chegou aos 9,93s, em 1983. A maior polémica da prova surgiu
com a vitória do canadiano Ben Johnson, no evento dos Jogos de 1988, em Seoul, depois de uma
rivalidade de meses com Carl Lewis. Johnson ganhou a medalha de ouro com o recorde do mundo de
9.79 s, mas viria a ser desqualificado por uso de esteroides.
• Os 100 metros mais rápidos de sempre foram corridos por Obadele Thompson dos Barbados,
que obteve a marca de 9.69 s. Este tempo não constitui um recorde mundial, uma vez que a prova foi
disputada com 5 m/s de vento, acima dos limites permitidos pela IAAF.
• Na prova dos 100m, os atletas calçam sapatilhas que são tão leves quanto as de balé e
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• No caso de uma chegada embolada nas provas de atletismo, os juízes irão observar a posição
dos ombros ou do torso do atleta para determinar o vencedor. Pernas e braços não são levadas em
conta.
• Um atleta é desqualificado de uma prova se realizar uma falsa partida após ter acontecido
uma anterior. Anteriormente a desclassificação ocorria quando o mesmo atleta provocasse duas falsas
partidas, já, hoje, um atleta pode ser desclassificado se ele cometer uma falsa partida e outro atleta (ou
ele mesmo) já terem praticado uma falsa partida anteriormente.
Fundamentos do Atletismo
pesam 170 gramas cada (50% menos que um chinelo estilo Rider). As solas têm pregos de comprimento
máximo fixado em 8,4 milímetros e a espessura da sola não pode ultrapassar treze milímetros.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
1. In and out ou interval sprint (numa pista de 400 metros,
correr 50 metros, trotar 50 metros, andar 50 metros e assim
sucessivamente);
2. Brincadeiras de pega-pega;
3. Em duplas, ao comando do professor, vamos descobrir
quem é o mais rápido;
4. A turma é dividida em dois grupos distintos, os quais deverão
estar sentados em círculos. O professor lança a bola para
cima e chama um número, os dois alunos das equipes
que representam este número deverão correr para pegar a
bola;
5. Iniciar com um dos exercícios de coordenação, ir acelerando até transformar em corrida;
6. Brincadeiras de revezamentos;
7. Realizar a corrida de 100 metros, cronometrando os tempos parciais de 20 em 20 metros.
Agora vamos duplicar a distância e compreender as particularidades
da prova de 200 metros
A base de trabalho para o corredor de 200 metros, com o objetivo
de desenvolver a velocidade é a mesma do corredor de 100 metros. A
principal diferença que podemos considerar como uma especificidade
dos 200 metros seria ao volume de treinamento, o qual é maior nos 200
metros, visando um treinamento aprimorado da resistência de velocidade.
Podemos notar isso, observando que é muito mais fácil encontrarmos
61
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
corredores de 200 metros fazendo excelentes provas nos 100 metros, do
que o inverso.
Considerando que nos primeiros 100 metros o atleta sai do bloco, o
que não acontece nos segundos 100 metros, teremos um tempo extra para
os primeiros 100 metros, devido à perda pela aceleração inicial. Segundo
pesquisas realizadas com velocistas, essa perda é de 1’’17 a 1’70, porém
os melhores, a mesma não ultrapassa os 0,9”. Desse modo, logo veremos
que levando-se em conta essa aceleração inicial, os primeiros 100m são
corridos mais velozmente que os segundos.
O comportamento da passada na prova de 200 metros
A questão inicial que se apresenta é: DEVE-SE OU NÃO REALIZAR
UMA PREPARAÇÃO ESPECIAL/DIFERENCIADA PARA AS PROVAS
DE 100 E 200 METROS?
O corredor de 200 metros deve ter o mesmo objetivo que o de
100 metros – desenvolver a velocidade – as bases do treinamento no
que se refere ao desenvolvimento de velocidade não se diferenciam. A
diferença está no volume do treinamento, apresenta-se maior volume de
treinamento para o corredor de 200 metros, devido à necessidade de uma
maior resistência de velocidade. Isto faz com que se tenha mais corredores
de 200 metros disputando a prova de 100 metros.
A diferença básica no trabalho com os atletas de duas provas está na
quantidade de treinamento de resistência de velocidade do corredor de
200 metros, a qual deverá sem superior.
O comportamento da passada na corrida de 200 metros tem uma
importância bastante grande dentro do ensino do treinamento. Esse
comportamento tinha, até pouco tempo uma má interpretação, dado o
fato de não haver nenhuma pesquisa científica a esse respeito.
No livro Der Sprint (1989), Toni Nett cita uma pesquisa feita com
treinadores alemães, os quais foram partidários de uma maior importância
à amplitude da passada 200 metros. Segundo esses treinadores, atletas
com maior amplitude de passada teriam grande vantagem em relação a
atletas de amplitude pequena e que atletas altos teriam vantagem sobre
atletas baixos. Isto nos leva há duas conclusões:
62
unidade 2
amplitude;
• os melhores corredores de 200 metros são mais altos.
Partindo dessas hipóteses, o Prof. Letzelter (1970) desenvolveu na
Olimpíada em Munique uma pesquisa envolvendo 32 participantes dos
200 metros. Os resultados mostraram ser falsas essas duas hipóteses.
Fundamentos do Atletismo
• os melhores corredores de 200 metros correm com maior
O resultado da pesquisa indica que tanto no melhor quanto no pior
grupo, têm a mesma média de amplitude, o que mostra que os melhores
atletas não têm uma maior amplitude. A diferença de tempo existente
entre os melhores e piores atletas deve ser atribuída a frequência de
passadas.
ALGUNS DETALHES TÉCNICOS SÃO FUNDAMENTAIS
PARA ALCANÇAR OS OBJETIVOS ESTABELECIDOS
• Quanto maior a velocidade, menor será a superfície de
contato dos pés no solo;
• Quanto maior a velocidade, maior será a inclinação do
corpo;
• Quanto maior a velocidade, mais amplos serão os movimentos
dos braços no sentido ântero- posterior;
• Quando se pretende dar maior amplitude as passadas, devese projetar mais o lançamento dos joelhos para frente e para
cima.
63
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Os 200 metros rasos é a prova mais próxima do primeiro evento das Olimpíadas da antiguidade,
a corrida de um “estádio” (cerca de 192 metros) que consagrou o primeiro campeão Olímpico, Koroibos
de Elis, em 776 AC.
Nos jogos atuais, disputados em uma pista de 400 metros, a prova começa numa das curvas
e termina na reta.
Mesmo sendo uma prova mais longa, os 200 metros são corridos com mais velocidade que
os 100 metros. Por exemplo, o antigo recorde do mundo pertencente a Michael Johnson corresponde
a uma velocidade de 37.3 km/h, enquanto que a marca de 9.77 s de Asafa Powell nos 100 metros,
representa uma velocidade de 36.9 km/h. Isto se deve ao facto de, nos 200 metros, os atletas chegarem
à reta final em velocidade de ponta, o que permite que a segunda metade da prova seja mais rápida
que a primeira.
Atualmente o record da prova masculina pertence ao jamaicano Usain Bolt, com o tempo de
19’19”s. Obtido no mundial da Alemanha em 20 de agosto de 2009.
Na prova feminina, o record dos 200 metros pertence a norte-americana Florence GriffithJoyner, com o tempo de 21’34 s. Obtido nas olímpiadas de Seul em 29 de setembro de 1988.
Vale a pena conferir em http://www.youtube.com/watch?v=_DjvvI0xjc&feature=fvst a conquista de Usain Bolt, um corredor se que diverte
antes, durante e após a prova. Para ele correr é uma brincadeira, é algo
prazeroso e fácil de ser feito. É isto que precisamos passar para os nossos
alunos.
64
unidade 2
1. Em círculo, todos os alunos devem estar trotando, ao
comando do professor todos devem correr o mais rápido
possível;
Fundamentos do Atletismo
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
2. Em círculo, todos os alunos devem estar trotando, ao
comando do professor o aluno de trás tenta tocar nas costas
do aluno da frente;
3. Em círculo, todos os alunos devem estar trotando, ao
comando do professor deve-se mudar o sentido da corrida e
tentar tocar nas costas do aluno da frente.
4. Em grupos de 8 a 10 pessoas, correndo em círculo, em trote
moderado, com distância de alguns metros entre os grupos.
Ao apito do professor, o último aluno de cada fila deverá acelerar rapidamente tomando a frente do
seu grupo. (O professor pode variar a duração da pausa, controlando desta maneira a intensidade
da atividade)
5. Realizar tiros curtos de 40 a 80 metros, procurando marcar os tempos parciais.
6. Realizar saídas de bloco na curva.
7. In and out (curtos). Realizar corridas de até 120 metros, onde o aluno irá intercalar velocidade
máxima em distâncias de 10 metros e diminuição de velocidade nos outros 10 metros. Esta
distância pode ser aumentada progressivamente.
8. Realizar corridas de 300 metros, procurando aferir os tempos parciais.
De acordo com o que você viu até aqui. É possível afirmar que na prova dos 400 metros, os
atletas mais velozes na primeira metade, são também os mais velozes na segunda metade?
A CORRIDA DE 400 METROS
Os 400 metros rasos são uma modalidade olímpica de atletismo,
onde os competidores correm uma volta na pista. É a mais longa das
provas de velocidade pura.
Os corredores saem de uma linha de partida escalonada, de dentro
para fora da pista, que compensa o efeito da curva e garante a mesma
distância para todos. A chegada é feita na reta principal da pista de
atletismo.
65
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Estudos realizados mostram que corredores que são 1 segundo
mais rápidos na primeira metade dos 400 metros, são 1,2 segundos mais
lentos na segunda parte. Essa queda de velocidade nem sempre é por
uma questão de falta de resistência, mas por uso de uma tática errada.17
Na prática é válida a regra geral da diferença dos dois segundos a
mais para a segunda parte da corrida. Por exemplo: um atleta que corre
os 400 metros para 46 segundos deve correr os primeiros 200 para 22
segundos e os outros para 24 segundos.
TEMPOS IDEAIS PARA A PROVA DE 400 METROS
Tempo 400
44,50 s 45,00 s 45,50 s 46,00 s 46,50 s 47,00 s 47,50 s
T 100 m
11,20 s 11,25 s 11,35 s 11,45 s 11,55 s 11,60 s 11,70 s
T 200 m
21,40 s 21,60 s 21,80 s 22,00 s 22,25 s 22,45 s 22,65 s
T 300 m
32,00 s 32,60 s 33,10 s 33,50 s 33,85 s 34,05 s 34,20 s
CONHECENDO UM POUCO DAS REGRAS
REGRAS - CORRIDAS
1. A direção da corrida deve ser definida pela mão esquerda do
atleta que deverá estar voltada para a borda interna da pista (campo), e
será numerada a partir daí.
Para uma compreensão mais detalhada consultar MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E
CULTURA. Caderno didático – atletismo. Brasília: Departamento de Documentação
e Divulgação, 1977. p.85- 93.
17
66
unidade 2
2. Qualquer competidor, corredor ou marchador, que empurrar
ou obstruir outro competidor, de modo a impedir sua progressão, estará
passível de desqualificação nessa prova.
Corridas em Raias
3. Em todas as provas realizadas em raias marcadas, cada competidor
Fundamentos do Atletismo
Obstrução
deverá manter-se em sua raia do início ao fim. Isso se aplica a qualquer
parte de uma prova corrida em raias marcadas.
4. Nas competições realizadas segundo a Regra 12.1 (a), (b) e (c),
a prova de 800m será corrida em raias marcadas até a linha de raia livre
depois da primeira curva, ponto onde os corredores podem deixar suas
respectivas raias.
•A linha de raia livre será uma linha curva, de 5 cm de largura
através da pista assinalada por uma bandeira de pelo menos 1,50m de
altura situada fora da pista.
REGRAS - CHEGADA
1. A chegada de uma corrida deve ser marcada por uma linha branca
de 5 cm de largura.
2. Com a finalidade de facilitar a colocação do equipamento de photo
finish e a leitura do filme de photo finish, a intercessão das linhas das
raias e a linha de chegada deverá ser pintada de preto de uma maneira
adequada.
3. Os competidores devem ser classificados na ordem em que
qualquer parte de seu tronco (ficando excluídos: cabeça. pescoço, braços,
pernas, mãos ou pés) atinja o plano vertical que passa pela borda anterior
da linha de chegada, como ficou definido anteriormente.
67
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Nas saídas das provas de 200 e 400 metros recomenda-se que os blocos de partida sejam
colocados o mais próximo possível da linha externa da baliza, o que permitirá que o corredor percorra
uma distância maior em linha reta.
O corredor deve apresentar grande capacidade de correr na curva controlando o seu corpo,
para manter-se o mais próximo possível da borda interna da raia.
A velocidade é resultante da amplitude (tamanho da passada) de passada e a frequência da
passada (número de vezes que o pé toca o solo).
Os 400 metros estiveram presentes em todas as edições dos jogos olímpicos da era moderna.
O primeiro campeão olímpico foi o estadunidense Tom Burke. O episódio mais controverso da história
da modalidade ocorreu nos Jogos de 1908 em Londres, na final olímpica da prova, que contou com
três estadunidenses e um britânico. A polêmica surgiu quando um concorrente dos Estados Unidos foi
desqualificado por bloquear a passagem do britânico Wyndham Halswelle, numa manobra permitida
pelas regras dos EUA, mas ilegal segundo o regulamento britânico. Após diversos protestos, a corrida foi
anulada e os três competidores restantes foram chamados a correr nova final. Os dois estadunidenses
recusaram-se a correr boicotando a final. Halswelle correu sozinho e recebeu a medalha de ouro num
pódio vazio.
O evento de senhoras apareceu pela primeira vez nos Jogos de 1964, em Tóquio, onde foi
vencido pela australiana Betty Cuthbert. Em Sydney, 2000, a prova foi vencida por Cathy Freeman, a
primeira aborígene a ganhar uma coroa olímpica.
O recordista mundial é Michael Johnson, com um tempo de 43,18 segundos, estabelecido em
26 de agosto de 1999, em Sevilha.
É a prova mais amplamente dominada pelos Estados Unidos no atletismo masculino. No início
de 2009, os doze melhores corredores da história desta prova eram americanos.
DICAS PARA MELHORAR A VELOCIDADE
• A intensidade dos exercícios deve ser escolhida de tal modo que
atinja os níveis elevados, necessários para o desenvolvimento
da velocidade;
• a duração do exercício deve ser escolhido de maneira que a
velocidade não diminua em consequência da fadiga, que deve
ocorrer somente no final do exercício;
• considerando-se que quando se observam pausas ótimas de
recuperação, os efeitos cumulativos do treinamento causam
fenômenos de fadiga, relativamente cedo, devendo ser limitado
a 5-10 repetições por unidade de treinamento;
• não realizar exercício de velocidade para a pessoa fadigada;
68
unidade 2
• todo o trabalho de velocidade deve ocorrer em um estado de
aquecimento ótimo.
Fundamentos do Atletismo
• interromper o trabalho de velocidade se a cadência diminuir;
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
1. Os alunos estarão correndo a vontade em várias direções. O
professor determinará alguns lugares que serão demarcados
com nomes (times, números, pontos cardeais, cidades, etc.).
Ao comando do professor todos deverão deslocar-se o mais
rápido possível para aquele lugar.
2. Na quadra poliesportiva, os alunos deverão correr em
velocidade pela lateral e andar no fundo da quadra.
3. Espalhados pela quadra, todos os alunos deverão trotar (é
proibido ficar parado ou andar). Ao comando do professor
o aluno determinado como pegador sairá atrás dos outros,
quando ele tocar em alguém este lhe dará a mão para
formar uma dupla. A dupla continua pegando até conseguir tocar em novos alunos que formarão
uma nova dupla de pegadores.
4. Dividir a turma em duas equipes. Equipe A pega - Equipe B foge, verificar quanto tempo a Equipe
A leva para pegar os membros da Equipe B. Depois inverte-se os pegadores, vence a equipe que
conseguir pegar os fugitivos no menor tempo.
5. Na quadra poliesportiva coloca-se um grupo de jogador em cada canto da quadra, ficando dois
alunos no meio. Ao sinal do professor os grupos deverão mudar de lugar o mais rápido possível,
evitando que os dois jogadores do meio consigam tocá-los, cada vez que a equipe consegue
passar pelas quatro bases marca quatro pontos, mas sempre que um jogador for pego a equipe
perde 1 ponto.
6. Os alunos serão separados em grupos. O professor delimitará uma distância de 15 metros, ao
seu sinal os alunos deverão percorrer o mais rápido possível a distância estabelecida, vencendo
aquele que conseguir repetir cinco vezes o trajeto.
7. Na pista de atletismo, os alunos deverão correr 100 metros o mais rápido possível, a seguir eles
vão andar 100 metros e trotar 100 metros. Repete-se novamente a sequência.
8. Na pista de atletismo, 200 metros correndo e 200 metros trotando.
9. Na pista de atletismo, 300 metros correndo e 100 metros andando.
10. Na pista de atletismo, realizar corridas de 400 metros, marcando o tempo a cada 100 metros.
69
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Muito bem meu companheiro de corrida, agora você já está pronto para
ensinar as provas de velocidade.
Mas a nossa corrida está apenas no começo e nós precisamos continuar correndo,
porque os nossos adversários estão tentando nos alcançar. Por isso:
“AS SUAS MARCAS” ... “PRONTOS”....
seção 2
CORRIDAS DE RESISTÊNCIA DE
VELOCIDADE 800 E 1500M
Conhecidas também como corridas de meio-fundo ou velocidade
prolongada, são compostas pelas provas de 800 e 1500 metros rasos.
São provas de meia distância, que exigem do corredor uma mistura de
resistência e velocidade.
A corrida de 800 metros rasos é uma prova olímpica clássica.
Disputada desde a 1ª edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna,
realizados em Atenas, em 1896. A prova consiste em duas voltas completas
na pista oficial de atletismo.
A partida é feita de forma escalonada, para que todos os atletas
percorram a mesma distância, ou seja, os atletas são colocados cada um
em uma raia, devendo correr o trajeto inicial, até o final da primeira curva
(cerca de 115 metros) na sua raia, podendo, a partir daí, posicionarem-se
em qualquer uma das raias, não podendo, no entanto, fechar ou empurrar
o seu adversário para ocupar um lugar próximo da parte interna da
pista.
O brasiliense Joaquim Cruz foi um dos maiores corredores brasileiros
nesta prova, conquistando a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Los
Angeles em 1984, se tornou o primeiro brasileiro a obter esta medalha nas
provas de pistas em uma olimpíada. Em 1988, ele conquistou a medalha
de prata nas olimpíadas realizadas em Seul.
70
unidade 2
Fundamentos do Atletismo
A edição do dia 20 de agosto de 1997, da Revista Veja, traz uma reportagem com o título
“Velocidade Total”, onde destaca a quebra de recordes de algumas provas do atletismo, entre as quais
está os 800 metros rasos. Confira o texto:
No domingo dia 10, chegou-se a suspeitar do fim da história do atletismo. O campeonato
mundial terminara sem a quebra de um único recorde. Três dias depois, o Grand Prix de Zurique
restabeleceu a emoção das corridas. No espaço de quatro horas, o queniano residente na Dinamarca
Wilson Kipketer pulverizou o recorde mundial dos 800 metros, que já durava dezesseis anos, o também
queniano Wilson Boit Kipketer (nenhum parentesco com o anterior) baixou o tempo dos 3.000 metros
com obstáculos e o etíope Haile Gebrselassie melhorou sua própria marca nos 5.000 metros. Cada
um dos novos recordistas ganhou um bônus extra de 50.000 dólares e 1 quilo de ouro. “Quando tantos
quenianos correm juntos neste estádio, a única coisa que se pode esperar são recordes”, brincou
Moses Kiptanui, o ex-recordista dos 3.000 metros com obstáculos. Com razão. Todos os recordistas em
distâncias acima de 800 metros são africanos, alguns deles quenianos.
Wilson Kipketer mora há cinco anos na Dinamarca, mas só deve receber a cidadania
dinamarquesa em dezembro. Por essa razão, não pôde participar da última Olimpíada. O Quênia
não o autorizou a correr pela Dinamarca e Kipketer não quis disputar pelo Quênia. “Não importa a
camisa que visto”, diz Kipketer. “Eu corro antes de tudo para mim mesmo.” Um dos maiores talentos
do atletismo atual, Kipketer especializou-se numa prova fascinante. A corrida dos 800 metros requer
do atleta, ao mesmo tempo, velocidade e resistência, força bruta e estratégia. Os maiores expoentes
da prova reinaram nos anos 80. Antes de Kipketer ninguém correu tão rápido os 800 metros quanto o
inglês Sebastian Coe, detentor do antigo recorde mundial, e o brasileiro Joaquim Cruz, medalha de ouro
e prata na Olimpíada de Los Angeles e na de Seul. O recorde mais antigo do atletismo continua sendo
dos 800 metros, mas na versão feminina. Foi estabelecido em 1983, pela checa Jarmila Kratochvilova.
http://veja.abril.com.br/200897/p_093a.html
71
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Um atleta deve correr pelo seu país de origem ou pelo país onde está treinando?
O que deve prevalecer as melhores condições financeiras e estruturais ou o respeito com a
história, cultura e tradição do seu povo?
POSSIBILIDADES PRÁTICAS
Para as provas de 800 e 1500 metros, uma possibilidade bastante
interessante de trabalho é o Método Intervalado. Ele é diferente do
interval trainning, pois configura-se por um trabalho periódico de esforço
e pausa. A partir do quadro abaixo, você terá referências para poder
organizar a sua atividade. Pois a quantidade de repetições a distância a
ser trabalhada irá depender da condição física dos alunos.
MÉTODO INTERVALADO
↓
↓
↓
↓
Distância
Intensidade
Intervalo
repetições
Curta
muito alta
↓
↓
Média
alta
↓
↓
Longa
média
↓
↓
↓
baixa
↓
↓
Curto
muito frequente
(deitar ou trotar)
↓
↓
Médio
(andar ou trotar)
frequente
↓
↓
Longo
médio
↓
baixo
Exemplo
Realizar tiro de 1000 metros, com intensidade baixa, intervalo de
três minutos entre cada corrida andando e com três repetições.
72
unidade 2
com estes fatores, mas na prática este número é reduzido, pois não é
aconselhável combinar distâncias longas com intensidades muito altas e/
ou com grande número de repetições.
Este método de trabalho possibilita o desenvolvimento de três
qualidades fundamentais para os corredores de distâncias longas e
médias – resistência aeróbia, anaeróbia e velocidade.
Fundamentos do Atletismo
Do ponto de vista teórico é possível fazer 225 combinações
Quando trabalhamos em distâncias curtas, com intensidade
alta, com pausas longas e baixo número de repetições, objetiva-se a
velocidade.
Através de outras combinações destes fatores, podemos buscar o
desenvolvimento da resistência aeróbia e anaeróbia. Contudo, deve-se
lembrar sempre que ao diminuirmos as distâncias acabamos possibilitando
ao jovem aluno correr em intensidade maior e, com isso, contrair um
grande débito de oxigênio, o que é desaconselhável do ponto de vista
fisiológico e pedagógico. Por isso, o ideal seria aumentar a distância e não
diminuí-la.
A PROVA DOS 1500 METROS
Esta prova é disputada em uma pista de 400 metros, desta maneira
são necessárias três voltas e 3/4 para se completá-la. A corrida é
desenvolvida em raia livre, ou seja, os atletas podem correr em qualquer
raia, do começo ao final da prova.
Nesta corrida a resistência do atleta é posta em prova, juntamente
com a sua capacidade tática de gerir o esforço em função da corrida.
O tipo morfológico predominante entre os atletas meio-fundistas são
os indivíduos de baixa estatura e peso leve, que normalmente possuem
uma qualidade essencial para esta prova, uma passada fácil e uniforme,
fundamental para que o atleta possa dosar suas energias.
O atleta deve adotar uma boa estratégia. Nem sempre disparar na
frente para assumir a ponta logo no início é o mais sensato, pois corre o
risco de se desgastar para o sprint final. Por isso, muitos corredores ficam
um pouco atrás do líder, correndo com menos resistência do ar e podendo
se poupar para disparar nos últimos 100 ou 200 metros.
73
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Porém, o atleta deve estar bem treinado, conhecendo suas limitações
e os momentos determinantes durante o decorrer da prova, o momento
em que deve se poupar, o momento certo de se defender e atacar.
Além disso, deve saber interpretar bem os movimentos de seus
adversários, pois nem sempre o líder está realmente cansado e, às vezes,
tem total controle da corrida com condições de se defender facilmente dos
ataques dos seguidores que arrancam de trás. Outro risco de se posicionar
no pelotão intermediário é ficar bloqueado pelos demais corredores e não
ter espaço para disparar no final.
A iniciação, com os alunos/atletas que desejam praticar corridas de
meio-fundo, deve ser feita através de um bom trabalho de base, onde não
se devem buscar objetivos imediatos, pois os resultados só apareceram
em longo prazo.
O professor do aluno/atleta iniciante terá que ter psicologia, tato
e principalmente olho clínico, para indicar o seu corredor a um futuro
trabalho de alto rendimento. O seu papel é desenvolver os fundamentos e
habilidades que irão dar suporte e condições para que futuros professores
deem continuidade ao seu trabalho e possam colher os resultados
almejados.
Neste momento, dê preferência para atividades que auxiliem no
desenvolvimento da resistência aeróbia, como corridas em parques,
em terrenos variados, jogos que não apresentem intervalos e nem a
possibilidade do jogador permanecer muito tempo parado. Acrescente a
estas atividades exercícios de velocidade. As estafetas funcionam muito
bem neste momento, pois os escolares adoram realizar disputas contra os
seus colegas.
74
unidade 2
•
O Brasil tem uma razoável tradição nas provas de média distâncias ou meio-fundo,
sobretudo nos 800 m, no qual Joaquim Cruz ganhou uma medalha de ouro (1984, com
recorde olímpico) e uma de prata (1988).
Nas provas de meio-fundo e fundo, quando o primeiro competidor cruzar a linha de
chegada para o início da última volta, o árbitro da partida dará um tiro, que serve de aviso
a todos os competidores de que a última volta está se iniciando.
Fundamentos do Atletismo
•
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
1. Os alunos formam um círculo, tendo um companheiro dentro
dele e outro fora. O que está fora tentará pegar o que está
dentro e os alunos que estão no círculo deverão evitar que
isto ocorra, porém não podem colocar a mão no pegador.
Eles devem evitar a sua entrada através de um trote lento e/
ou corrida acelerada. O aluno que está dentro pode sair do
círculo livremente
2. Jogo de futebol, porém não há lateral, escanteio... Todos os
jogadores devem estar trotando o tempo todo, se um jogador
for pego andando ou parado, será marcada uma falta contra
a sua equipe (tiro livre direto).
3. Divide-se a turma em duas equipes. Equipe A vai ter três bolas e equipe B irá fugir. O objetivo do
jogo é fazer com que os alunos da equipe A consigam encostar a bola nos alunos da equipe B.
Quando um aluno for encostado pela bola, deverá sentar-se imediatamente, permanecendo ali até
que todos de sua equipe sejam pegos. Inverte-se o pegador e vence aquela equipe que pegar os
adversários no menor tempo.
4. No fundo da quadra, todos os alunos deverão ficar em pé um ao lado do outro. Ao sinal do professor,
eles deverão correr e tocar com uma das mãos nas linhas que encontrarem em sua frente, cada
vez que tocar em uma linha deverão retornar para o fundo da quadra.
5. Deixar o aluno correr a vontade, para que ele estabeleça o seu ritmo. O professor deve estar
atento, pois ao mesmo tempo em que ele irá incentivar, deve evitar que o aluno faça esforços além
da sua capacidade fisiológica. (nunca além dos 155 bpm).
6. Na quadra poliesportiva, dividir a turma em duas equipes. Equipe A terá uma bola com quem for
o primeiro da fila, devendo permanecer na diagonal da equipe B. Ao sinal do professor o aluno da
equipe A que está com a posse da bola deverá sair “quicando”a bola, enquanto o aluno da equipe
B sairá a toda velocidade para tentar alcançá-lo o mais rápido possível. Cada vez que o aluno da
equipe completar uma volta sem ser tocado, ele marca um ponto para a sua equipe. Assim que ele
for pego, deve-se substituir os jogadores das duas equipes.
75
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
Nas corridas de resistência o apoio dos pés pode ser feito com
o assentamento de todo o pé no solo. Entretanto, o contato
inicial deve ocorrer com a parte anterior.
Os exercícios de resistência devem ser executados, até um
estágio intermediário. Após isso, deve-se buscar a manutenção
da condição adquirida. Segundo BUES, KIRSCH & KOCH
(1962, p.19) temos as seguintes referências para escolares:
REFERÊNCIA
MENINO /
MENINA
TEMPO
MÁXIMO DE
CORRIDA
IDADE EM ANOS
6-7
8-9
10-11
12-13
14-15
16-17
6
min
8
min
10
min
12
min
20
min
25
min
Adaptado de August Kirsch. Atletismo: metodologia para
iniciação em escolas e clubes. p. 55
seção 3
CORRIDAS DE RESISTÊNCIA 5.000,
10.000M E MARATONA
76
unidade 2
percurso é marcado por longas distâncias. Estas corridas são realizadas
sem raias marcadas, ou seja, os competidores executam-nas em qualquer
parte da pista, limitada pelas bordas interna e externa.
Com exceção da maratona, as demais provas de fundo são realizadas
em pistas convencionais, na prova de 5.000 metros rasos, o atleta percorre
12 voltas e meia na pista, já nos 10.000 metros a prova é disputada em 25
Fundamentos do Atletismo
São consideradas provas de resistência ou de fundo, aquelas cujo
voltas.
Nestas provas, um aspecto fundamental são as qualidades necessárias
para o atleta, que entre outras exigências, deve apresentar: - resistência,
perfeita integridade orgânica, força de vontade, combatividade, noção de
ritmo de passada, de regularidade e economia.
O principal objetivo que encontramos nas corridas de resistência
é atingir o equilíbrio entre a maior velocidade e a melhor economia
de esforço, onde o estilo de correr do atleta/aluno é algo individual.
Deve-se, no entanto, tomar o cuidado para que ele não deixe de lado
o padrão mínimo dos fundamentos da corrida (os quais já foram vistos
anteriormente) e das táticas específicas de cada prova.
O professor não deve adotar uma forma padrão para as suas correções,
deve observar atentamente cada atleta/aluno estabelecendo dessa forma
um vinculo de respeito pelas características e individualidades de cada
um, criando assim um elo mais direto e objetivo.
Qualquer mudança, troca nos estilos ou forma de correr do iniciante,
deve ser feita com cuidado e sem fugir dos hábitos que a criança está
acostumada
DETALHES TÉCNICOS DAS CORRIDAS DE RESISTÊNCIA
Durante as corridas de resistência, o corpo deve se comportar de
forma uniforme e descontraída, onde braços e pernas devem mover-se
de maneira rítmica, os pés deverão apontar para frente, a movimentação
do atleta deve ser regular e executada com um mínimo de esforço, o que
resultará numa grande economia de energias. Os quadris e ombros não
devem oscilar exageradamente, pois mesmo permitindo passadas mais
largas, reduz enormemente a eficácia da ação.
77
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
A passada deve ser longa e flexível, e o contato com o solo é feito
pelo terço anterior dos pés. A amplitude da passada será menor que a do
corredor de velocidade, pois é menor a elevação dos joelhos, a inclinação
do corpo e menores os movimentos dos braços.
Como o aspecto mais importante é a corrida descontraída, devemos
ter parâmetros para verificar se isto realmente ocorre, uma das formas de
verificarmos este detalhe tão importante é observarmos a mandíbula, as
mãos e os dedos do corredor, os quais devem estar relaxados e livres de
tensões.
A PARTIDA NAS PROVAS DE RESISTÊNCIA
Como estas provas não são balizadas, ou seja, não são corridas com
raias determinadas, a saída utilizada é em pé ou saída alta. Uma partida
ruim não tira a possibilidade de o atleta se recuperar posteriormente.
Como exemplo de que é possível recuperar-se após uma saída ruim,
ou algo inesperado acontecido durante a prova, convido você a recordar
o fato ocorrido com o corredor brasileiro, Wanderley Cordeiro de Lima, na
Olimpíada de Atenas, quando foi atrapalhado por um padre irlandês.18
Nas provas de resistência o atleta deve tomar a seguinte posição
de saída: pequeno afastamento para a frente com o tronco ligeiramente
inclinado na direção da corrida. Ao som do tiro, a perna de trás é
impulsionada para a frente juntamente com o braço contrário.
ALGUMAS PESSOAS FICAM CANSADAS SOMENTE EM ASSISTIR UMA MARATONA.
ENTRETANTO, É IMPRESSIONANTE A VELOCIDADE QUE OS CORREDORES IMPRIMEM
ATUALMENTE NESTAS CORRIDAS. PARA SE TER UMA IDEIA NA MARATONA DO RIO DE
JANEIRO, EM JUNHO DE 2009, O ATLETA MARCOS ANTONIO PEREIRA, VENCEU A PROVA
COM O TEMPO DE 2:17:30 SEG. O QUE EQUIVALE A UM TEMPO DE 3:15 MIN./KM.
A esse respeito cf.GARAVELLO, Murilo. Medalha de bronze: Wandereley Cordeiro
de Lima. Disponível em http://esporte.uol.com.br/olimpiadas/medalhistas/vanderlei.
jhtm Acessado em 01 nov. 2008.
18
78
unidade 2
A maratona foi incluída no programa olímpico de atletismo como
uma prova especial destinada aos corredores de fundo. O nome maratona
é uma referência histórica à proeza do soldado grego Feidípides, que
correu da planície de Maratona até Atenas, percorrendo uma distância
de aproximadamente 41 km, apenas para dar a notícia da vitória sobre os
Fundamentos do Atletismo
MARATONA
persas, caindo morto logo após cumprir sua missão.
Ao longo dos anos, a prova da maratona tornou-se uma das provas
clássicas dos jogos olímpicos, é a mais longa, desgastante, e uma das mais
difíceis e emocionantes provas do atletismo olímpico. A prova com percurso
de aproximadamente 42 km, que consiste numa corrida executada em
estrada com partida e chegada dentro do estádio. Considerada a prova
atlética mais árdua, devido ao enorme esforço e resistência que exige do
atleta, necessita de uma longa preparação que requer muita dedicação e
treinamento.
A técnica observada entre os atletas da maratona consiste no apoio
total do pé e leve inclinação do tronco, pequena elevação dos joelhos
e braços ligeiramente flexionados, apenas o suficiente, para manter
equilíbrio do corpo.
No Brasil existem maratonas e/ou corridas similares em todos os
seus Estados. Uma das mais tradicionais é a Corrida de São Silvestre, que
acontece sempre no dia 31 de dezembro. A história desta prova e outros
detalhes você poderá descobrir no site www.saosilvestre.com.br.
Ao se tornar um especialista na área dos esportes, é fundamental
que você esteja bem informado sobre o que acontece no país e no mundo.
Por isso, vai a dica de alguns sites que irão te ajudar a ser um expert neste
assunto. Não perca tempo, corra até eles e descubra os segredos das
Maratonas.
www.maratonadorio.com.br
www.meiamaratonadoriodejaneiro.com.br;
www.ingnycmarathon.org/
www.maratonadesaopaulo.com.br/
www.voltadapampulha.com.br
Agora que você já conhece um pouco da história desta prova, vamos
79
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
passar o nosso bastão para um especialista na preparação de maratonistas.
Ele tem várias dicas importantes para nos ajudar. O bastão agora vai para
o Professor Nelson Evêncio.
Para ele, a Maratona é uma prova fascinante, onde os atletas
percorrem a distância de 42.195 metros com intuito de desafiar os seus
limites. Preparar-se para uma maratona é criar um projeto de vida. É
indispensável ter muita disciplina, dedicação e força de vontade, para
que um sonho não seja transformado em pesadelo.
Além destes componentes psicológicos, que serão muito trabalhados
e exigidos ao longo dos treinos, é fundamental ter maturidade muscular e
não partir para a prova só por modismo, como muitos têm feito por aí.
O indivíduo que almeja percorrer a distância de uma maratona,
mesmo que seja só para completar, tem que ter no mínimo dois anos
de treinamento, ter feito várias provas de 10km, 15km e 21km (1/2
maratona), treinar no mínimo 4 x por semana e procurar levar uma vida
bem regrada.
A procura de um treinador, formado em educação física e com
especialização em corridas longas também é fundamental, pois assim
como você solicita um dentista para tratar de seus dentes, um engenheiro
para projetar e administrar a construção de sua casa, deve procurar um
profissional qualificado e habilitado para cuidar de seu treinamento.
Embora o treinamento seja uma coisa totalmente individual, regido
pelo “Princípio da Individualidade Biológica”, que explica a variabilidade
80
unidade 2
algumas dicas importantes para quem pretende iniciar neste tipo de
corrida.
Uma das
principais
dúvidas para
quem está
iniciando
é: “Quanto
treinar”?
Fundamentos do Atletismo
ou diferença entre indivíduos da mesma espécie, o autor busca apresentar
Independente do período do treinamento é indiscutível que o mínimo
serão quatro sessões por semana de corrida. O ideal seria treinar cinco
ou seis vezes por semana, caso contrário é melhor optar pelas provas em
distâncias menores, sobretudo, abaixo de ½ maratona. Em geral, os atletas de elite fazem entre 160 e 180km por semana,
divididos em uma ou duas sessões diárias, mas as pessoas que não são
profissionais da corrida, e que tem o grande desafio de conciliar trabalho,
estudos, família e vida social com o treinamento, raramente chegam
aos 100km por semana, sendo que alguns obtém ótimos resultados com
quilometragem entre 60 e 70km semanais.
Vale lembrar que estas maiores quilometragens são sempre atingidas
cerca de 40 a 30 dias antes da prova e bem reduzidas nas duas últimas
semanas.
Como treinar?
Considerando estes quatro treinos de corrida por semana, dividimos
da seguinte forma:
1) Treino de rodagem em ritmo confortável, 1 treino de velocidade,
1 treino mais longo e 1 treino leve, regenerativo, normalmente utilizado
um dia após o treino longo.
Considerando 5 treinos de corrida por semana:
81
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
2) Dois treinos de rodagem em ritmo confortável, 1 treino de
velocidade, 1 treino mais longo e 1 treino leve, regenerativo, normalmente
utilizado um dia após o treino longo. Em alguns períodos pode-se realizar
dois treinos de velocidade, mas com intervalos de no mínimo 72 horas e
precedidos de treinos regenerativos. Estes treinos podem ser os famosos
intervalados (vulgo tiros), os fartleks, treinos de ritmo e até as provas
preparatórias.
A distância dos treinos longos, que são os mais específicos, é
algo muito discutido, e que, depende muito da “escola” e metodologia
do treinador, varia de 24 a 32km. Particularmente só utilizo distâncias
de acima de 32km, até 36km, para atletas de elite ou corredores que já
possuem muita experiência, com intervalo de no mínimo 21 dias antes da
prova. No geral, utilizo 1 ou 2 longos entre 30 e 32km, somados a mais
alguns entre 21 a 24 km.
DICA IMPORTANTE
Corra no máximo 2 maratonas por ano, com um intervalo de no
mínimo quatro meses entre elas e não coloque em risco seu maior
patrimônio, sua saúde!
Estas e outras dicas você confere em http://www.corpore.org.br/
cws_indiceconteudo_tecnicos.asp.
Neste site você poderá analisar diferentes propostas de
treinamentos que servirão de subsídio para você encontrar aquele
que mais se adapte a sua realidade ou aos objetivos do seu aluno
corredor.
82
unidade 2
1. Corridas suaves em duplas, de 5 a 7 minutos. A cada
minuto deve-se trocar o par que está correndo ao seu lado.
Aumentar progressivamente o tempo de duração até que
todas as duplas diferentes tenham realizado o percurso.
2.
Fundamentos do Atletismo
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
Corridas suaves, mescladas com caminhadas. Correr 200
metros e andar 20 metros, ou correr 150 metros e andar 15...
3. Corridas em ritmo livre executada em terrenos acidentados.
(subida, descida, reta).
4. Corridas com intensidade moderada, em linha reta. Iniciando
com 50 metros e aumentando progressivamente, de 10 em
10 metros até chegar nos 100 metros. Pausas de 2 minutos
de uma corrida para a outra.
5. Cinco corridas de 30 segundos com pausa de 2 minutos entre cada corrida. O ritmo deve ser
determinado pelo aluno, que tentará melhorar a distância percorrida a cada corrida.
6. Cinco corridas com intensidade forte na diagonal da quadra poliesportiva. Realizar a pausa,
andando lentamente pela lateral de uma extremidade a outra da quadra.
7. Correr de acordo com o ritmo definido pelo professor. Ao sinal do professor, parar e executar o
exercício determinado por ele (polichinelo, flexão, abdominal, saltos...). Tempo médio de duração
15 minutos.
•
•
•
As maiores maratonas mundiais constituem o circuito WMM (World Marathon Majors),
estabelecendo um prêmio no valor de um milhão de dólares para o melhor classificado
feminino e masculino, no final da temporada. Pertencem ao WMM as maratonas de Boston,
de Londres, de Berlim, de Chicago e de Nova York.
O grego Spiridon Louis foi o primeiro campeão olímpico de maratona. Atualmente, o
recorde mundial pertence ao etíope Haile Gebrselassie, que no dia 28 de Setembro de
2008, em Berlim, estabeleceu o tempo de 2h 03m 59s.
Apenas em 1984, a prova de maratona foi incluída no programa dos jogos olímpicos para
mulheres.
83
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
NESTA PROVA CAMINHA-SE, NÃO SE CORRE!
seção 4
MARCHA ATLÉTICA
DEFINIÇÃO
Consiste numa série de passos e difere-se da corrida, porque nesta
prova um dos pés deve estar obrigatoriamente em contato com o solo. A
cada passo, o pé do marchador que avança deve tocar o solo antes que o
pé de trás deixe o mesmo.
Na corrida, estes movimentos são similares aos da marcha, com a
diferença, todavia de que há um tempo durante o qual o pé não toca no
chão, devido o impulso proporcionado pela perna posterior. A cada passo,
enquanto o pé está no solo, a perna deve permanecer reta, isto é, ela não
pode ser curvada pelo joelho, pelo menos por um momento, principalmente
a perna de sustentação, a qual deverá ficar na posição vertical.
O calcanhar do pé anterior deve tocar o solo, antes que a ponta
do outro pé tenha se levantado. A perna anterior deve estender-se
84
unidade 2
completado o passo.
DESCRIÇÃO TÉCNICA
AÇÃO DAS PERNAS
Fundamentos do Atletismo
no momento que tocar o solo e permanecer assim até que tenha sido
O movimento de pernas do marchador deve ser caracterizado pela
ação distinta que se apresenta na execução da passada completa. Isto faz
com que a perna de trás, inicie um movimento de impulsão do corpo para
frente, através da ação de transferência do calcanhar para a ponta do pé.
Devido a pressão no solo, esta ação de impulsionar o corpo para
frente resultará em uma boa amplitude da passada, levando o corpo a um
bom deslocamento horizontal.
A perna de trás, que executou o rolamento do pé, após passar pela
posição vertical, faz com que a perna da frente entre em contato com o
solo através do calcanhar, tomando um assentamento sem girar o pé que
estará voltado para frente.
No momento do assentamento do pé da perna no solo, observa-se a
extensão da perna de trás e aqui fica caracterizada a fase de duplo apoio,
na execução da Marcha.
POSICIONAMENTO DO TRONCO
O tronco deve permanecer sempre na vertical, não efetuando
rotação, ficando este ato por conta dos ombros, que o farão girar quase
que imperceptivelmente.
O tronco deve permanecer com uma pequena inclinação para que
não haja perda de contato com o solo, pois a movimentação dos quadris
depende diretamente da sua estabilidade.
MOVIMENTOS DOS QUADRIS
Nos quadris está todo o suporte da marcha, os quais com sua ação
rotativa, coordenam todos os movimentos executados. O assentamento
dos pés deve ser feito quase na mesma linha, resultando no deslocamento
do quadril de um lado para o outro, para cima e para baixo, facilitando o
trabalho dos membros inferiores.
85
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
AÇÃO DOS OMBROS E DOS BRAÇOS
O ângulo de abertura dos braços será de mais ou menos 90º, que
pode variar de acordo com a distância a ser percorrida:
• para a prova de 20 km, a marcha é mais rápida, o que faz com
que os braços permaneçam mais fechados, devido os passos
serem mais curtos;
• na prova de 50 km, a marcha é um pouco mais lenta e os braços
permanecem mais abertos para dar suporte aos passos mais
longos.
O encaixe de um pé na frente do outro e o deslocamento do quadril,
faz com que os ombros trabalhem mais elevados, em um movimento
oscilatório que acompanha o deslocamento lateral do quadril.
http://portuguese.cri.cn/mmsource/images/2008/08/21/
xin_542080521102939019125105.jpg
ACOMPANHE AGORA UM POUCO MAIS DOS ACONTECIMENTOS DESTA MODALIDADE
QUE É PRATICAMENTE DESCONHECIDA NA HISTORIOGRAFIA DO ESPORTE BRASILEIRO
86
unidade 2
Fundamentos do Atletismo
CRONOLOGIA DA MARCHA ATLÉTICA NO BRASIL
Em 1936, José Carlos Daudt e Túlio de Rose, dirigentes esportivos,
assistem à marcha nos Jogos Olímpicos de Berlim e trazem-na para sua
primeira disputa em Porto Alegre no ano seguinte, num percurso de quase
5 km, vencida por Carmindo Klein.
1940 - A prova seria disputada por aproximadamente 20 participantes,
vencida por Ernesto Ritter, seguido por Klein e Arnaldo Willy Becker.
1944 - A FARG insere os quase 30 km de marcha nos festejos de comemoração
da semana da Pátria, vencida por Becker, que venceria também nos três
anos seguintes. Em 1948, o percurso diminuiu para 20 km.
1946 - Primeira participação internacional do Brasil, e Becker vence os 3
km em Montevidéu.
1957 - Antonio Glayr Santarnecchi trouxe a marcha da Europa para São
Paulo e instituiu junto ao Clube dos Andarilhos, em 1958, a tradicional
prova Irmãos Del Rey, vencida pelo mesmo.
1967 - A marcha aparece no estado de Minas Gerais.
87
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
1970 - Foi criado o departamento de marcha na Federação Paulista de
Atletismo, dirigido por Santarnecchi e surgem importantes atletas, como
Fernando Elias, que atualizaria os recordes de Becker, que voltariam mais
tarde ao poder de outro gaúcho; Ricardo Nüske.
1973 - A marcha é incluída no Campeonato Brasileiro de Atletismo e
vencida por Elias.
No final dos anos 70 e início dos 80, a marcha passou a ser praticada
também pelas mulheres e o prof. José Clemente Gonçalves é nomeado
árbitro do painel permanente da IAAF. O brasiliense Valdemar Florêncio
e o gaúcho Wilson Mattos dominaram no masculino.
Seul ‘88- Estréia brasileira nos Jogos Olímpicos com Marcelo Palma, que
ganhou o bronze Pan Americano em Havana ’91 e competiria também em
Barcelona ’92 junto com Sergio Galdino e Ademar Kammler.
Em 1989, foi instituída a Copa Brasil de Marcha Atlética, disputada em
Natal-RN.
1993- Sergio Galdino conquistou a 6o posição no Campeonato do Mundo
de Atletismo em Stuttgart e estabeleceu a melhor marca Sul-Americana
também na Alemanha, em 1995. Em 2002, Rafael Fontenelle conquista a
quarta posição no mundial juvenil de atletismo em Kingston.
CONHECENDO UM POUCO DAS REGRAS
Os árbitros indicados para a marcha atlética deverão eleger um
Árbitro Principal (chefe). Todos eles agirão individualmente, mas estarão
subordinados ao Árbitro Principal.
Os competidores devem ser advertidos por qualquer árbitro,
quando houver incorreções na sua progressão atlética. Após advertir um
competidor, o árbitro deve informar ao Árbitro Chefe sobre o acontecido.
Quando na opinião de três árbitros, o modo de progressão de um
competidor deixa de estar de acordo com a definição da marcha atlética,
88
unidade 2
informado de sua desclassificação pelo Árbitro Chefe.
Normalmente um competidor tem direito a uma advertência antes
de ser desclassificado.
A desclassificação deve ser dada imediatamente após o competidor
haver terminado a prova, caso seja impraticável informá-lo da
desclassificação durante a mesma (momento final da prova).
Fundamentos do Atletismo
durante qualquer momento da competição, ele será desclassificado e
Em provas de pista, um competidor que for desclassificado deve
deixar a mesma imediatamente e em provas de rua, deve imediatamente
retirar o número da competição que está usando e abandonar o
percurso.
A versão mais aceita sobre a história desta modalidade relata que ela tem origem nas
competições de caminhada que datam dos séculos XVII a XIX. Em 1908, passou para a condição de
esporte olímpico, porém as distâncias eram outras (1500 m e 3000 m). Muito criticada, não foi disputada
nas competições seguintes, voltando a ser um esporte olímpico em 1928. Somente em 1956, a prova
passou a ter as atuais distâncias.
Uma das vertentes históricas defende a tese de que a modalidade foi trazida ao Brasil em 1936,
por José Carlos Daudt e Túlio de Rose, que assistiram à marcha nos Jogos Olímpicos de Berlim. Já em
1937, aconteceu em Porto Alegre, a primeira disputa, da qual o vencedor foi Carmindo Klein.
Durante o percurso, os atletas são fiscalizados por juízes, que são incumbidos de avisar aos
atletas quando estes estiverem marchando de forma errada. Para isso, utilizam discos amarelos, que
sinalizam uma possível infração. Caso o atleta persista no erro, lhe é mostrado um cartão vermelho. Se
três juízes diferentes mostrarem o cartão vermelho ao mesmo atleta, esse é desclassificado.
Um dos mais famosos marchadores mundiais foi o polonês Robert Korzeniowski. Entre os anos
de 1996 e 2004, ele foi tetracampeão olímpico e tricampeão mundial.
Jefferson Pérez (Equador) é o atual recordista mundial na categoria 20 km, e Denis Nizhegorodov
(Russo) é o atual recordista na categoria 50 km.
89
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil
As atividades de estudo deste módulo forneceram conhecimentos significativos para te ajudar
a identificar e caracterizar as provas de velocidade, de meio-fundo, resistência e a marcha atlética.
Partindo deste conhecimento, você já é capaz de perceber quais são as características
predominantes de cada prova e os elementos fundamentais a serem trabalhados com os seus alunos/
atletas. Onde na prova de velocidade pudemos perceber a importância dos fatores genéticos como
elemento fundamental para definir a performance do atleta de alto rendimento.
No âmbito escolar, a prática pedagógica acaba sendo fator preponderante, seja nas provas
de velocidade e principalmente nas provas de meio fundo, resistência e a marcha atlética, nas quais
uma sequencia pedagógica adequada é fator definitivo para a melhoria da performance.
Contudo, é importante você não esquecer que as atividades não precisam ser realizadas
somente de maneira formal. Adquirir resistência, por exemplo, é algo que se consegue através
de adaptações com brincadeiras como pega-pega, futebol sem lateral, etc. O importante é que o
aluno esteja se movimentando intensamente e acima de tudo sentindo prazer naquilo que ele está
executando.
Seja criativo, lembre-se do alerta fornecido por Ubirajara Oro – o problema do atletismo nas
escolas brasileiras está relacionado com a atuação didática e metodológica do professor. Eu
sei que você quer fazer a diferença.
O professor Nelson Evêncio nos ajudou apresentando diferentes alternativas metodológicas
para o desenvolvimento de um treino para maratonistas, ou seja, os dois autores preocupam-se com
as questões metodológicas, em romper com a “monotonia” atribuída a invariabilidade dos gestos do
atletismo. Cabe a você agora, utilizar estas dicas e fazer das suas aulas de atletismo um momento de
movimentação e descontração para os seus alunos.
1. Cite quais são os tipos de corridas rasas e quais as provas que as constituem.
2. Quais são as principais diferenças entre as corridas rasas de velocidade e as de resistência?
90
unidade 2
unidade 2
91
Fundamentos do Atletismo
unidade 2
92
Universidade Aberta do Brasil
Maury Fernando Fidelis Redkva
Miguel Archanjo De Freitas Jr
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O acadêmico deverá ser capaz de:
■■ Identificar as diferentes técnicas de passagem do bastão.
■■ Compreender a diferença entre a passagem visual e não visual.
Fundamentos do Atletismo
obstáculos e revezamentos
UNIDADE III
Corridas com barreiras,
■■ Entender de forma geral a estrutura das provas com barreiras e
com obstáculos.
ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ Seção 1: 110M (100m) e 400M (barreiras); 3.000M com steeple
chase (obstáculos)
■■ Seção 2: 4 X 100M e 4 X 400M (revezamentos)
93
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Até o momento, nossa preocupação relacionou-se com o estudo da
técnica das corridas rasas no seu panorama didático, técnico e cultural. Nesta
unidade, utilizaremos os elementos básicos já aprendidos para nos auxiliar
no processo ensino-aprendizagem da corrida com barreiras e obstáculos.
As provas com barreiras seguem os mesmos princípios de
aprendizagem das provas de velocidade, porém, apresentam um detalhe
primordial, a passagem sobre a barreira, o que requer uma técnica apurada
e alguns requisitos físicos indispensáveis.
O mesmo ocorre com a prova dos 3.000 metros steeple chase
(obstáculos), que terá no aprendizado das corridas de resistência o seu
ponto de referência, devendo o professor mostrar para os iniciantes a
passagem dos obstáculos como sendo uma atividade prazerosa, que atrai
principalmente os adolescentes pela sensação desafiadora de “pular”um
obstáculo, de tentar saltar e não cair na água.
O importante em ambos os casos é que os obstáculos sejam tratados
de forma semelhante aos que temos nas nossas vidas, ou seja, dificuldades
que foram criadas para serem superadas. A nossa função é auxiliar para
que eles superem estes obstáculos sem ter que realizar grandes esforços.
Mas
para
isto,
não
tem
outro
jeito:
precisamos
analisar
antecipadamente e detalhadamente estes obstáculos, para que eles se
tornem fator de diversão para os nossos alunos.
VOCÊ ESTÁ PRONTO PARA SE DIVERTIR?
seção 1
110M (100m) e 400 (barreiras); 3.000m
com steeple chase (obstáculos)
CORRIDAS COM BARREIRAS
As corridas com barreiras são provas extremamente técnicas, que
94
unidade 3
de flexibilidade, coordenação e disponibilidade motora, onde o principal
objetivo do atleta é coordenar a corrida com a passagem das barreiras,
tendo o mínimo de perda da velocidade no momento da passagem.
As corridas com barreiras são constituídas das provas de 100 metros
feminino, 110 metros masculino e 400 metros masculino e feminino.
Nestas provas, o corredor deve ultrapassar as barreiras dispostas no
Fundamentos do Atletismo
exigem além de características de um corredor velocista, bons índices
percurso, independente da distância, o número de barreiras é o mesmo
para todas as provas variando apenas a distância a ser percorrida e o
intervalo existente entre as barreiras, bem como a distância entre a
linha de partida até a primeira barreira e da última barreira à linha de
chegada.
DISTÂNCIA DAS
PROVAS
110
100
400
ALTURA DAS BARREIRAS
MASCULINO
FEMININO
1, 067 cm
---------0, 914 cm
----------0, 840 cm
0, 762 cm
Apesar da variedade existente entre as distâncias dessas provas, as
técnicas para o seu desenvolvimento são muito semelhantes no que diz
respeito à ação da corrida, aos gestos realizados pelo corredor e as fases
de que se compõem.
FASES DA CORRIDA
Todas as provas de corridas com barreiras apresentam quatro
fases:
1. A saída.
2. Da saída ao ataque à primeira barreira.
3. Entre as barreiras.
4. Da última barreira à chegada.
A SAÍDA
A primeira fase é muito parecida com a saída utilizada nas provas
de corridas rasas de velocidade, ou seja, saída baixa, feita com o bloco de
95
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
partida, porém sendo necessárias algumas adaptações com o intuito de
facilitar o ataque à primeira barreira.
Ao sair do bloco de partida para dar início à corrida, o barreirista
precisa vencer um pequeno percurso antes de chegar à primeira barreira.
Este espaço varia de acordo com a prova a ser disputada.
O comum e o mais recomendável tecnicamente, seria a execução de
sete ou oito passos de corrida, nesse pequeno percurso entre a saída do
bloco e a primeira barreira. Para os barreiristas com maior estatura, que
tem um melhor desempenho com sete passos, é preciso fazer uma inversão
na posição normal de saída do bloco, colocando a perna de impulso, que
normalmente seria colocada no bloco da frente, no bloco traseiro, fazendo
o primeiro passo de corrida com a perna de impulso, tornando os passos
seguintes todos ímpares.
Os barreiristas, de passadas menores, que necessitam de oito passos
para o trecho inicial da prova, tomam a posição normal nos blocos, ou
seja, com a perna de impulso colocada no bloco da frente.
Os barreiristas devem executar o percurso inicial com velocidade e
passadas amplas. A inclinação do corpo é também primordial, tanto para
a velocidade como para o posicionamento da passagem sobre a barreira.
Há uma tendência, nos iniciantes, de fazerem uma aproximação
exagerada à barreira. Isso deve ser evitado, pois prejudicará a passagem,
caracterizando um salto para cima, quando o certo é fazer um ataque, o
mais horizontalizado possível.
ATAQUE À BARREIRA
Todas as passagens são feitas sob o mesmo princípio, entretanto,
a primeira é de maior importância, porque a partir dela se inicia uma
cadeia de movimentação sincronizada. O equilíbrio, o ponto de queda
e a velocidade dessa passagem, muito possivelmente, se repetirão nas
passagens subseqüentes.
O corredor deve sempre procurar atacar a barreira a uma distância
igual, a qual varia de acordo com cada atleta, mas podemos afirmar
que em média 2m é o mais recomendável, onde a perna de ataque deve
elevar-se semiflexionada, com a ponta do pé voltada para cima. A perna
de impulsão, por sua vez, só deverá deixar o solo quando totalmente
estendida, evitando com que o corredor salte para ultrapassar a barreira,
96
unidade 3
É comum ao iniciante elevar a perna totalmente estendida com o pé
também em extensão, o que é errado, pois causará um choque violento
ao tocar o pé novamente no solo. Também é comum ao iniciante, elevar a
perna, descrevendo lateralmente um arco, causando um desequilíbrio e
consequentemente perca de velocidade.
Fundamentos do Atletismo
o que resultaria em perda de velocidade.
A PASSAGEM SOBRE A BARREIRA
Para o nosso estudo sobre a técnica de passar a barreira, é
fundamental termos em mente que devemos ensinar o aluno/atleta a
passar pela barreira e não saltar sobre ela. Além disso, devemos levar em
consideração algumas regras gerais, como:
• O derrube não intencional das barreiras não resulta em
penalidades, porém há perca de velocidade;
• A passagem das barreiras deve ser iniciada sempre com a mesma
perna;
• A transposição das barreiras deve ser feita o mais rasante
possível, de forma a não perder velocidade;
• Deve-se manter o ritmo das passadas entre as barreiras (o mesmo
número de passadas);
• A impulsão não se deve fazer muito perto das barreiras, para
evitar derrubá-las.
• Abordar a barreira mantendo a velocidade (não repicar);
• Permanecer em suspensão sobre a barreira o menor tempo
possível ao fazer a passagem, mediante uma elevação mínima
da pélvis;
• Após a passagem, colocar-se na melhor posição para dar
continuidade à corrida, sem qualquer tipo de prejuízo.
Visto essas regras, podemos concluir que é praticamente impossível
obter êxitos nas corridas com barreiras, sem possuir as qualidades
fundamentais de um velocista, aliadas a uma técnica de passagem eficiente,
que é aquela, na qual o barreirista consegue recuperar rapidamente o
contato com o solo, dando continuidade à corrida, pois a ultrapassagem
da barreira nada mais é do que uma modificação da passada, semelhante
aos movimentos básicos de uma corrida rápida. Por isso, a preocupação
97
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
em não se saltar a barreira, pois isso quebraria a sequência da corrida,
dada a interrupção que o salto faria.
Devemos dar ênfase ao preparo físico específico, porém sem
deixar de lado a técnica correta para a passagem da barreira, é de suma
importância que todos os procedimentos usados para a passagem da
barreira tenham uma ação contínua, da seguinte maneira:
FIGURA 1.0 - Técnica da passagem sobre a barreira.
a) Impulsão no solo, enquanto a perna de ataque se flexiona, projetando
o joelho em direção à barreira, juntamente com o braço contrário a essa
perna. A inclinação total do corpo para a frente deve ser observada nesse
instante.
b) A perna de ataque chega a barreira em extensão e o pé fletido, tendo
o braço contrário a ela também para a frente, paralelamente à mesma, o
tronco flexionado sobre a coxa da perna de ataque, com a cabeça adiantada
para a barreira seguinte: nesse momento, a perna de trás começa a se
flexionar, iniciando a elevação do joelho para a lateral. O outro braço,
em posição normal de corrida, faz um bloqueio no momento em que o
cotovelo está atrás do tronco.
c) Passagem sobre a barreira, com a perna de ataque em pequena flexão,
braço contrário a esta perna ainda para a frente, perna de passagem
flexionada em elevação lateral e tronco em acentuada inclinação para a
frente.
d) Terminada a passagem sobre a barreira, a perna de ataque procura
98
unidade 3
contrário a ela iniciado o movimento que o coloca em posição de corrida;
a perna de passagem começa a se dirigir para a frente, elevando o joelho
para cima e para adiante, enquanto que o tronco começa a se elevar.
e) Recuperação, tendo já a perna de ataque apoiada no solo, a de passagem
se dirigindo à frente para fazer a primeira passada após a passagem e os
Fundamentos do Atletismo
rapidamente o contato com o solo para fazer a recuperação, tendo o braço
braços em posição normal de corrida.
Durante a passagem da barreira é comumente utilizado dois estilos
quanto ao posicionamento dos braços. Em um dos estilos, o braço contrário
à perna de ataque vai para a frente e o outro braço é flexionado para trás.
É o chamado ataque com um braço. Já alguns barreiristas preferem o
outro estilo que é caracterizado por levar ambos os braços para a frente
juntamente com o tronco, o qual, no instante em que a perna de ataque
começa a buscar a barreira, começa a se inclinar sobre esta perna, quanto
mais fechado for o ângulo formado por esses dois segmentos, mais fácil se
tornará a passagem. Após a passagem sobre a barreira, o tronco começa
a se elevar, procurando voltar à posição normal, enquanto que a perna de
ataque deve procurar o solo o mais rápido possível.
CORRIDA ENTRE BARREIRAS
Todas as barreiras estão dispostas uniformemente dentro da raia,
com um espaço idêntico entre elas. De acordo com a distância da corrida,
esse espaço sofre uma variação; o mais importante é que seja mantido o
ritmo da corrida até o seu final, para que se torne possível realizar sempre
o mesmo número de passadas entre as barreiras.
A corrida entre as barreiras deve ser feita com passadas largas, sendo
que na corrida dos 100m e/ou 110m, devem ser dadas três passadas entre
as barreiras; normalmente os atletas utilizam treze a quinze passadas nas
corridas de 400m.
É comum o iniciante ter dificuldades em realizar o número proposto
de passadas entre as barreiras, normalmente por executar a primeira
passada muito curta ou por receio de caírem na barreira seguinte.
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Universidade Aberta do Brasil
DICA IMPORTANTE
Para superar essa dificuldade, o professor deve fazer com
que o aluno/atleta passe várias vezes por uma única barreira,
alongando a primeira passagem, até que chegue ao normal.
A continuidade das passagens depende muito da manutenção da
velocidade, e até mesmo do aumento dela, que por sua vez depende de
uma boa técnica de passagens, que possibilite a correta distribuição das
passadas e o equilíbrio necessário sobre as barreiras, assim como uma
condição física adequada.
CORRIDA FINAL
Após passar a última barreira, resta ao corredor um percurso final
para completar a prova. A distância desse trecho também varia de acordo
com a prova que se pratica, mas em nada difere do final de uma corrida de
velocidade, a qual se caracteriza pela manutenção da velocidade máxima
até a ultrapassagem da linha de chegada.
OS 110 METROS COM BARREIRAS
É uma modalidade olímpica de atletismo. Consiste na disputa
de uma corrida de velocidade na distância que leva o nome da prova,
disputada por atletas que deverão ultrapassar 10 barreiras (110 cm de
altura) distribuídas ao longo de sua raia. Esta prova é disputada apenas por
homens e o seu equivalente feminino são os 100 metros com barreiras.
A primeira barreira é colocada a 13,72 m (15 jardas) da linha de
partida. As restantes, nove são dispostas em intervalos de 9.14 m (10
jardas). O percurso final até a meta é livre de barreiras e mede 14,1
metros.
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aliada a uma técnica refinada, em que o corredor deve se adaptar as várias
regras específicas da prova, independentemente de seu estilo de corrida
ou biótipo.
Embora havendo sempre detalhes de execução individuais, a
técnica e suas características gerais devem ser realizadas de forma que
Fundamentos do Atletismo
A prova tem como características a grande velocidade dos atletas,
cada uma das fases da corrida seja desenvolvida dentro da máxima
perfeição.
Dessa forma, vamos observar as características específicas de
cada uma das fases desta prova, as quais são indispensáveis para o
desenvolvimento de um bom trabalho do professor.
IMPORTANTE – A BARREIRA DEVE SER SEMPRE
“ATACADA” PELA FRENTE!
As barreiras são projetadas de forma a caírem para a frente,
caso o corredor tenha contato com ela, isto evita lesões
e quedas do atleta. Entretanto, se o seu aluno resolver
ultrapassar a barreira pelo lado contrário, será difícil evitar que
ele se machuque, caso tenha contato com ela.
A saída
Deve-se apenas tomar algumas precauções com relação ao
desenvolvimento das passadas iniciais da corrida, que devem ser
graduadas dentro da maior velocidade, a fim de se atacar a primeira
barreira, situada logo em seguida à linha de partida, com a máxima
rapidez para que seja possível manter o ritmo da corrida até o final.
Da saída ao ataque à primeira barreira
A primeira barreira está situada a 13,72m da linha de partida e o
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Universidade Aberta do Brasil
ponto de impulsão para o ataque a essa barreira fica por volta dos 11,90m.
Para cobrir essa distância, os barreiristas utilizam em média sete ou oito
passadas.
O ataque à barreira é realizado em plena corrida e a ação de ataque
é realizada conforme já foi descrito na análise técnica apresentada
anteriormente.
Entre as barreiras
Passada a barreira, o corredor irá tocar o solo novamente a uma
distância variável entre cinco ou seis pés da barreira, onde fará a impulsão
da passada seguinte, dando início à série de três passadas que serão
sistematicamente realizadas para cobrir o espaço de 9,14m que separa as
barreiras entre si.
Essa curta corrida de três passadas é semelhante a uma fase de
aceleração, e devem ser cuidadosamente graduadas e automatizadas
com o treinamento, para permitir que o corredor faça a abordagem do
obstáculo sem modificar o seu ritmo e também dentro de uma regularidade
bastante precisa.
Sua velocidade durante essa fase se dá primeiro em função da
velocidade anterior à passagem da barreira, seguindo-se da eficácia da
técnica da passagem e da recuperação após a passagem.
O professor deverá treinar insistentemente essa fase com seu
aluno/atleta, até que ele consiga executar corretamente, a fim de que
o ritmo da corrida não seja prejudicado em virtude do pequeno espaço
entre as barreiras com que o corredor conta para conseguir manter a sua
velocidade, que tende a diminuir à medida que cada barreira vai sendo
passada.
Da última barreira à chegada
Após a passagem da décima barreira, o corredor ainda precisa dar
continuidade à sua corrida sem perder o ritmo. A distância restante a
ser percorrida é de 14,02m, que nesse caso é feita como se fosse uma
corrida rasa, com a diferença de que no instante inicial há uma pequena
arrancada, na qual as primeiras passadas são ligeiramente mais curtas,
aumentando gradativamente até a linha de chegada.
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• Desequilíbrio muito acentuado nas passadas iniciais da
corrida.
• Primeira passada muito curta após a passagem sobre a
barreira.
• Fazer o ataque à barreira muito longe ou muito perto da
mesma.
Fundamentos do Atletismo
Defeitos a serem evitados nessa corrida:
• Colocar o pé de impulso voltado para fora do eixo da corrida no
momento do ataque.
• Atacar a barreira com a perna flexionada e o pé em extensão.
• Flexão prematura do tronco ao nível dos quadris.
• Impulso incompleto da perna de passagem, que não deve ser
dirigido à vertical.
• Desequilíbrio lateral do corpo após a passagem, no momento da
recepção do pé contra o solo (recuperação).
• Tronco muito ereto.
• Má orientação da perna de passagem.
• Utilização incorreta dos braços.
• Falta de mobilidade geral (flexibilidade e elasticidade).
•
•
•
Na iniciação à barreira deve-se ensinar o atleta
a executar o ataque e a passagem com ambas
as pernas. Nos 110 com barreiras e nos 100 com
barreiras, não importa a perna que o atleta executará
o ataque, porém nos 400 metros com barreiras, ele
deverá atacar com a perna esquerda (principalmente
na curva), mas se conseguir atacar a barreira com
ambas às pernas será o ideal;
A função da perna de ataque e da perna de passagem
(rebote/arrasto) aparece de forma natural. Porém
o técnico deverá incentivar o atleta a executar com
ambas as pernas, por uma questão pedagógica, e
também o atleta executando o exercício com a perna
que tem mais dificuldade, o levará a um melhor desempenho quando executar com a
perna que tem maior facilidade.
A prova de 100 metros com barreiras é exclusivamente feminina, possui características
técnicas semelhantes à prova dos 110 metros masculina. Vale observar, que as atletas
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Universidade Aberta do Brasil
•
•
encontram uma facilidade maior para executar a passagem da barreira em relação aos
homens, pois geralmente são mais flexíveis. Em contrapartida, nem sempre conseguem
desenvolver uma boa amplitude de passadas, o que dificulta a execução do ritmo de três
passadas na fase entre as barreiras. O trabalho do professor na iniciação é fundamental
para corrigir esta deficiência.
Na prova dos 400 m com barreiras, o ritmo mais comum é o da corrida com quinze
passadas entre as barreiras. Atletas de alto nível utilizam treze passadas nesta mesma
distância. Para atletas iniciantes (15 passadas), precisamos considerar que ele consegue
manter este ritmo até a seis ou sete barreira, caindo depois para dezesseis ou dezessete
passadas.
Os mais rápidos a fazer a prova dos 110m com barreira, rondam os 13 segundos. O
recorde mundial pertence actualmente a Dayron Robles de Cuba, com 12,87 segundos,
conseguidos no Grand Prix de Atletismo de Ostrava, na República Tcheca, em junho de
2008.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
1. Sentado, afastamento lateral das pernas, flexionar o
tronco à frente, com os braços estendidos em direção aos
pés. Ajudado por um companheiro que estará atrás do
executante. O auxiliar coloca as suas mãos nas costas do
executante forçando-o para frente (é importante respeitar
o limite de cada um).
2. Sentado, uma perna estendida à frente, a outra flexionada
à lateral (posição de passagem de barreira), flexionar o
tronco à frente procurando colocar as mãos no pé que está
estendido. Voltar para a posição inicial e deslocar-se para
trás inclinando-se sobre a perna que está flexionada.
3. Em duplas, sentados, frente a frente, perna esquerda estendida e direita flexionada à lateral, pé
esquerdo tocando no joelho direito do companheiro, mãos dadas. Alternadamente, executar flexão
e extensão do tronco, para isto, um dos executantes deverá levar o seu tronco para trás, tocando
com suas costas no solo. Inverter a posição das pernas.
4. Em colunas, os alunos deverão andar pela parte de fora (lateral da barreira), passando somente a
perna de ataque por sobre ela;
5. Em colunas, os alunos deverão trotar pela parte de fora (lateral da barreira), passando somente a
perna de ataque por sobre ela;
6. Em colunas, andando pela lateral das barreiras, os alunos deverão simular um ataque, passando
a perna de ataque por fora, apoiando-a no solo à frente da barreira e a perna de passagem deve
passar flexionada por cima da barreira. Aos poucos deve ser corrigido o movimento do braço ( o
braço oposto à perna de ataque deve ir à frente acompanhando a perna).
7. Repetir a atividade anterior inclinando bastante o tronco para a frente. É importante alternar a
perna de ataque.
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9. Em pé, com a barreira entre as pernas (perna de ataque à frente, no ar, perna de arrasto atrás no
solo). Provocar um pequeno desequilíbrio para frente, impulsionando a perna traseira que deverá
passar flexionada e com a ponta do pé voltada para a lateral.
10. Andando, passar por cima da barreira executando a movimentação da perna de ataque e da perna
de arrasto.
11. Idem a atividade anterior, contudo o aluno deverá trotar.
12. Correndo, passar a barreira utilizando cinco passadas entre elas.
Fundamentos do Atletismo
8. Idem a atividade anterior, o aluno deverá trotar.
13. Saída de bloco, correr e passar uma barreira.
14. Repetir a atividade anterior, aumentando o número de barreiras a serem ultrapassadas.
OS 400 METROS COM BARREIRAS
As dez barreiras da prova medem 91.44 cm de altura na prova de
homens e 76.20 cm de altura nos eventos de senhoras. A primeira barreira
está localizada a 45 metros da linha de partida; as seguintes são dispostas
em intervalos de 35 metros e o percurso final até a linha de chegada mede
40 metros.
Como a corrida é mais longa, até a primeira barreira exige muita
atenção do corredor quanto às dimensões da frequência e amplitude de
sua passada. A distância da linha de partida até a primeira barreira é de
45m e o número de passadas utilizado nessa, varia de 22 a 25, de acordo
com a amplitude da passada, e o aproveitamento ao atacar a barreira,
cujo ponto de impulsão está situado entre 2 e 2,50m da mesma.
Para a passagem da barreira, não é necessária uma flexão muito
acentuada do tronco para frente, pois elas são mais baixas. Porém deve-se
dar ênfase à manutenção da inclinação, tanto ao sair da barreira quanto
ao passá-la, para manutenção do equilíbrio. Já o movimento dos braços e
a posição da cabeça é igual à técnica da passagem das barreiras altas.
Também devemos levar em consideração que há a necessidade
de se correr em duas curvas durante o percurso dessa prova, por isso, o
corredor deve dar preferência à perna esquerda como a de ataque, e à
direita que se localiza externamente em relação à curvada corrida, como
a de impulsão, o que facilita a ação da passagem, contudo, isto não é
obrigatório.
Nesta prova, a distância entre as barreiras é bastante grande,
(35m) e por este motivo é de grande importância a manutenção do
ritmo da corrida, para que o corredor consiga realizar as quinze ou
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Universidade Aberta do Brasil
dezessete passadas normalmente usadas até a sétima ou oitava barreira,
aumentando em seguida para dezessete, devido à dificuldade em manter
o ritmo da corrida e a amplitude das passadas, em virtude da fadiga que
normalmente sobrevém no final da prova. Para evitar um grande prejuízo,
torna-se interessante que o barreirista consiga atacar a barreira com a
mesma facilidade invertendo a posição das pernas.
REGRAS – CORRIDAS COM BARREIRAS
• Todas as corridas devem ser disputadas com raias marcadas,
devendo os competidores se manter em suas raias durante todo
o percurso;
• Um competidor que passar seu pé ou perna abaixo do plano
horizontal da parte superior de alguma barreira, no momento de
passagem, ou se derrubar deliberadamente a barreira com o pé
ou com a mão, poderá ser desclassificado.
• Todas as provas deverão ter dez barreiras em cada raia.
• O percurso de 110 metros é disputado numa linha reta e contém
dez barreiras com 110cm de altura na final sobe para 120cm. Os
obstáculos são desenhados de forma a caírem para a frente, para
não provocarem lesões se derrubados pelo atleta. A primeira
barreira é colocada a 13,72 m (15 jardas) da linha de partida.
As restantes 9 são dispostas em intervalos de 9.14 m (10 jardas).
O percurso final até a meta é livre de barreiras e mede 14,1
metros.
• Os atletas não são desqualificados se derrubarem as barreiras, a
menos que o façam de propósito.
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unidade 3
Fundamentos do Atletismo
A primeira prova olímpica da modalidade surgiu nos Jogos
de Paris em 1900, e foi vencida por John Tewksbury dos
Estados Unidos. Nesta ocasião, o número de barreiras foi
reduzido de doze para dez.
A prova de 400 com barreiras faz parte do programa
olímpico desde 1900.
É uma prova dominada por atletas estadunidenses, que
venceram 18 das 24 medalhas de ouro olímpicas.
Um dos atletas de maior destaque nesta prova é norteamericano Edwin Moses, campeão olímpico dos jogos de
Montreal, 1976, e Los Angeles 1984. Moses não esteve
presente em Moscou, 1980, devido ao boicote dos EUA a esta edição dos Jogos.
O recorde Mundial na prova dos 400 m com barreiras masculino é de 46,78 s, que pertence ao
corredor Kevin Young dos Estados Unidos, no dia 6 de agosto de 1992, durante as Olimpíadas
de Barcelona. Já na prova feminina, o recorde estabelecido pela atleta russa Yuliya Pechonkina
é de 52,34s, marca obtida no dia 8 de agosto de 2003 em Tula.
Eronildes Araújo foi o brasileiro de maior sucesso em Olinpíadas, chegando nas finais em
Atlanta-1996 e Sidney-2000.
3.000 METROS COM OBSTÁCULOS (STEEPLECHASE)
Esta modalidade do atletismo é disputada em numa pista, possuindo
cinco obstáculos dos quais, um deles é seguido de um fosso com água.
Seu nome original steeplechase, que deriva da antiga corrida com cavalo
disputada entre obstáculos em campo aberto.
De acordo com as regras da IAAF, cada obstáculo deve ter 91,4 cm
de altura para homens e 76,2 cm para mulheres e deve estar firme no
solo, o que possibilita que os atletas se apóiem na sua parte superior
usando-a para se impulsionar para o salto a frente.
O número de voltas da prova será determinado pela localização do
fosso d’ água no percurso, o qual pode estar localizado tanto na parte
interna como externa da pista. Durante a prova, cada atleta precisa
ultrapassar 28 vezes os obstáculos, assim como pular sete vezes sobre
o fosso de água, o qual tem 3,66m de comprimento e possui o fundo
inclinado, começando com 70 cm de profundidade (exatamente em baixo
107
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
da barreira), até chegar ao mesmo nível da pista, o que significa que
quanto mais longe o atleta conseguir saltar, menos água como pressão
contrária terá que enfrentar nos pés e tornozelos, o que dá vantagens aos
melhores saltadores entre os corredores.
Para melhor transpor o fosso d’ água, ao se aproximar a uns 15 ou
20 metros dele, o atleta deve acelerar sua corrida e efetuar o impulso com
a perna mais forte no momento da abordagem. Executando o impulso,
a perna de ataque vai flexionada sobre o obstáculo, em seguida, com
um impulso forte, o corredor procura ultrapassar o fosso e continuar sua
corrida com a menor perda de tempo possível.
Nessa prova, o corredor deve empregar uma corrida semelhante às
provas de meio fundo e fundo, ou seja, uma corrida regular sobre todo o
percurso, mantendo um desenvolvimento uniforme entre os obstáculos.
Outro fator importante para o corredor dessa modalidade, é saber
atacar os obstáculos com ambas as pernas, e com um pouco mais de altura,
como margem de segurança. Ao fazer a aproximação de cada obstáculo, é
preciso acelerar a corrida e fazer a passagem na mesma aceleração, o que
irá facilitar a não diminuir o ritmo empregado para a distância.
IMPORTANTE
A passagem do obstáculo poderá ser feita com o apoio de um dos pés sobre ele;
Utilizar a técnica da passagem da barreira, tomando cuidado para não esbarrar no obstáculo.
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unidade 3
REVEZAMENTOS 4X100 E 4X400 METROS
Meu companheiro de corrida chegou o momento de literalmente
passarmos o bastão. Estamos iniciando o estudo das provas em que o
Fundamentos do Atletismo
seção 2
atletismo deixa de ser uma atividade individual e passa a ser executado
com a ajuda direta de outros corredores.
Na prova de revezamento, a técnica da corrida é a mesma vista
anteriormente, a particularidade desta prova está na passagem do bastão
de um atleta para o outro.
Nesta unidade, você perceberá que dentre as várias razões que
tornou as provas de revezamento uma verdadeira atração nas competições
de atletismo, além da forte emoção que provoca nos espectadores e
competidores, é o fato de se tratar da única prova da modalidade que é
constituída por uma equipe, na qual o fator coletivo é fundamental, cujos
resultados dependem do perfeito entrosamento entre os quatro elementos
que compõem a equipe.
Então, pegue o bastão, arrume o bloco de partida, concentre-se,
preste atenção no árbitro: “AS SUAS MARCAS” ... “PRONTOS”....
CORRIDAS DE REVEZAMENTO
A corrida de revezamento do atletismo é disputada entre equipes,
as quais mantém seus corredores em posições pré-estabelecidas dentro
da pista, chamadas de Zona de Passagem.
Cada corredor é responsável por percorrer um determinado trajeto
da prova, segurando o bastão, que deverá ser entregue para os outros
corredores de sua equipe. A passagem do bastão não pode ser realizada
em qualquer lugar da pista, deve ser feita dentro da zona de passagem,
espaço de vinte metros que está demarcado na pista.
Nas competições de atletismo, a prova de revezamento 4x100 metros,
é a que mais empolga o público, pois a passagem do bastão é um momento
de grande nervosismo (para os atletas e torcedores), dependendo deste
fundamento o êxito da equipe, por isso, é de extrema importância o seu
109
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
treinamento, que normalmente é bastante interessante para os iniciantes
e para os colegiais.
O BASTÃO
Há várias maneiras de segurar o bastão no momento da partida. O
mais importante é segurá-lo bem firme, próximo ao centro, pois algumas
vezes, o atleta está preocupado com a passagem que irá fazer e o segura
na ponta, só que no momento da saída realiza uma alavanca fazendo com
que o bastão toque no chão e caia de sua mão.
O bastão não deve ter a superfície muito lisa, e seu acabamento deve
ser natural, para que não fique escorregadio. Pode ser confeccionado de
madeira ou metal e ser de forma cilíndrica: o comprimento não deve ser
superior a 30 cm, nem inferior a 28 cm, não deve pesar menos de 50
gramas.
VOCÊ SABIA QUE EXISTEM DUAS FORMAS BÁSICAS DE PASSAGEM DO BASTÃO?
PASSAGEM VISUAL
Utilizada fundamentalmente no revezamento 4x400, visto que o
atleta que vai passar o bastão vem cansado e descoordenado e o que está
esperando, algumas vezes, precisa praticamente tomar o bastão da sua
mão, virar e sair correndo. Neste ultimo processo, a certeza da passagem
do bastão é muito mais importante do que a velocidade.
Na passagem visual, o atleta que está esperando o bastão, olha
constantemente para o atleta que está chegando, até o momento da
passagem. O atleta que está esperando deverá estar posicionando na
parte externa da raia, enquanto o que se aproxima mantém sua posição
na parte interna da raia, de maneira que um não obstrua a passagem do
outro.
O braço esquerdo do atleta que irá receber o bastão deverá estar
estendido para trás, na altura do ombro, com a palma para cima, dedos
unidos e polegar afastado, oferecendo um bom alvo para o atleta que se
aproxima poder colocar o bastão na palma de sua mão. Assim que o atleta
110
unidade 3
Na passagem visual, a maior responsabilidade é do corredor que
está esperando; Logicamente, não devemos chegar a ponto de determinar
a responsabilidade deste ou daquele corredor. É necessário, contudo, que
haja um trabalho de equipe perfeito, com igualdade de responsabilidade
de todos os atletas componentes da equipe de revezamento.
No entanto, é importante lembrar que a responsabilidade do
Fundamentos do Atletismo
recebe o bastão com a mão esquerda, deverá trocá-lo para a mão direita.
atleta que se aproxima é correr até o final da zona de passagem e não
simplesmente relaxar quando chega ao início da zona.
No revezamento 4x400 metros, a primeira volta bem como o
inicio da segunda (até o fim da primeira curva – 100 metros), devem ser
corridos inteiramente raiados. A partir deste momento, a pista terá duas
bandeirinhas que servirão de referência para que os atletas corram em
raias livre.
PASSAGEM NÃO VISUAL
No revezamento 4x100 metros, as passagens devem ser feitas de
forma mais veloz, por isso, são executadas às cegas. Nesta passagem,
o atleta que se aproxima emite um comando verbal para o que está
esperando, indicando que este deve posicionar a mão para receber
o bastão. Normalmente esse comando é uma palavra ou som agudo
(exemplo: foi)
111
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
Existem pelo menos quatro estilos de passagem não visual e
inúmeras variações ou adaptações. Vamos conhecer as mais
utilizadas historicamente.
• Olímpico ou americano: é um antigo processo de passagem que
surgiu por volta de 1932 e foi usado pelas equipes americanas
até a bem pouco tempo. Consiste em apoiar as mãos, com as
pontas dos dedos na altura da cintura. O polegar deve estar
aberto, a palma da mão voltada para cima e o cotovelo projetado
para fora.
• Olímpico com variação: Nada mais é do que uma mudança
na posição da mão: o polegar aberto fica apoiado no quadril,
os demais dedos unidos e a palma da mão voltada para trás.
O cotovelo obedece praticamente à mesma posição técnica
anterior.
• Francês: o braço é estendido para trás, executando uma torção
da mão, de forma que a palma da mão fique voltada para fora e
para cima. O dedo polegar fica aberto, em relação aos demais
dedos.
• Alemão: é quase idêntico ao anterior, diferenciando-se apenas
na posição do braço, que fica estendido mais naturalmente para
trás, palma da mão ligeiramente voltada para baixo, polegar
bem aberto e demais dedos abertos.
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unidade 3
Qualquer um dos processos tem as suas vantagens e desvantagens.
O processo americano e francês em que a palma da mão é voltada para
cima, apresenta a desvantagem de ter o bastão colocado através de um
movimento de cima para baixo, o que deixa de ser um movimento natural
da corrida. Entretanto, apresenta a vantagem de oferecer maior segurança
Fundamentos do Atletismo
VANTAGENS E DESVANTAGENS
na passagem, pois a possibilidade de queda do bastão é mínima.
Na técnica em que a mão é fixada no quadril (americano e variação),
é exigida uma aproximação muito grande dos corredores, o que é uma
desvantagem, pois pode ocasionar atropelos e acidentes.
Com exceção da técnica francesa, em todos os outros processos, após
o recebimento do bastão, o atleta deverá passá-lo para mão esquerda, o
que também pode ser considerado uma desvantagem.
Atualmente as melhores equipes de revezamento do mundo evitam
a troca de bastão de mãos, visto que o risco de queda é grande e, ainda,
porque, durante a fração de tempo que este movimento consome, o atleta
não pode continuar acelerando, nem mesmo manter a velocidade já
adquirida.
A técnica alemã é a que mais vantagens oferece, porém não é a
mais segura.
PASSAGEM PROPRIAMENTE DITA
O número de passadas, pés ou metros que determina o momento da
passagem, depende do local onde sai o corredor que vai receber o bastão
e da velocidade dos dois corredores que executam a troca. Se o primeiro
corredor for mais veloz que o segundo, a distância de saída deverá ser
maior que o normal.
Os principiantes necessitam marcas menores, mas toda a atenção
deve ser tomada para evitar que o corredor que vai passar o bastão tenha
de diminuir sua velocidade, para não ultrapassar o corredor que vai
recebê-lo.
O atleta que se aproxima deve manter o mesmo ritmo de corrida
e não tentar se curvar nem alcançar o atleta para quem está passando o
113
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
bastão. O atleta que está esperando o bastão deve posicionar-se na zona
de aceleração (10 metros antes do início da zona de passagem), assim que
o atleta se aproxima e alcança a marca que está a cerca de seis metros
e meio da zona de aceleração, o atleta que estava aguardando começa a
correr.
Normalmente as melhores equipes do mundo usam marca de 30
a 32 pés. O ponto de referência ou marca para a saída do corredor que
vai receber o bastão pode ser até dez metros atrás da linha da zona de
passagem e é feita com um risco no chão nas pistas de terra e nas pistas
sintéticas utiliza-se fita adesiva, não sendo permitindo colocar qualquer
objeto para servir de referência.
È fundamental que o atleta que vai correr na curva, venha por dentro
da raia, conseqüentemente deverá segurar o bastão com a mão direita,
para que possa passá-lo para a mão esquerda dos atletas que correm na
reta. Vale salientar que o bastão não deve ser trocado de mão.
DETALHES TÉCNICOS DA PROVA 4X100 METROS
• O recebimento do bastão é feito sempre “às cegas”, isto é, o
recebedor não olha para trás.
• Tanto o entregador, como o recebedor, só deverão estender o
braço no momento exato de entregar e receber o bastão.
• Na passagem por baixo, com troca de mão, o recebedor posiciona-
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unidade 3
aproxima-se pelo centro da mesma.
• Na passagem sem troca de mão, deve-se ter a seguinte situação:
o primeiro e o terceiro corredores têm o bastão na mão direita,
enquanto o segundo e o quarto têm o bastão na mão esquerda.
Assim, o primeiro e o terceiro corredores por desenvolverem
percurso em curva correm próximo ao lado interno da raia e
Fundamentos do Atletismo
se e corre do lado interno da raia, enquanto o entregador
o segundo e o quarto corredores, posicionam-se e correm no
centro da raia.
• A passagem do bastão deve ser feita no último terço da zona de
passagem.
ERROS MAIS FREQUENTES
Quem vai receber o bastão sai
antecipadamente.
Quem vai receber o bastão parte
tarde demais, de forma que os
dois corredores quase se chocam.
Posicionamento de quem vai
receber o bastão não está correta
(pés voltados para os lados,
quadril torcido...).
Os braços não estão posicionados
adequadamente no momento de
receber e passar o bastão, o que
causa uma interrupção no ritmo
da corrida.
O bastão é mudado para a mão
esquerda somente no último
momento antes da passagem para
o companheiro.
POSSIBILIDADES DE
CORREÇÕES
Colocar a marca visual para
saída mais próxima da zona de
passagem do bastão.
Colocar a marca visual para
saída mais afastada da zona de
passagem.
Treinamento formal do
posicionamento, com o auxílio
de um companheiro que irá
corrigindo-o.
Realizar repetidas vezes a
passagem do bastão, começando
parado e ir aumentando o ritmo da
corrida a medida que o recebedor
conseguir atingir a posição correta
dos braços.
Conscientizar o aluno sobre as
conseqüências desta atitude, que
atrapalha o ritmo da corrida, além
do perigo do esquecimento e/ou
possível queda do bastão.
Agora que você já entendeu como funciona esta prova é preciso
compreender os fatores que interferem na escalação da sua equipe.
Uma série de fatores deve ser considerada para que se determine a
disposição dos corredores para a corrida de revezamento:
115
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil
• O atleta de partida mais rápida pode ser colocado como primeiro,
pois é o único que emprega saída baixa;
• Os atletas mais velozes normalmente são colocados em primeiro
e quarto lugares, sendo o mais veloz responsável em fechar o
revezamento;
• O mais combativo é colocado em terceiro, para recuperar o
terreno por ventura perdido pelos dois primeiros;
• Os melhores corredores de curva, devem ocupar as posições
1 e 3;
• Os que têm mais habilidades na passagem do bastão devem
ocupar as posições 2 e 3, pois o homem que abre o revezamento
só passa o bastão e o que fecha só recebe.
Outros fatores devem ser observados de acordo com o cotidiano de
treinamento e, por isso, dependem da definição do técnico. Entretanto,
se for considerado como fator principal a velocidade dos corredores, a
disposição normal para o revezamento seria a seguinte: o mais veloz seria
o quarto homem, o imediatamente abaixo seria o primeiro, o mais lento
seria o segundo e o intermediário seria o terceiro.
CONHECENDO UM POUCO DAS REGRAS
• O bastão deve ser carregado na mão. Se ele cair, o corredor pode
sair de sua raia para recuperá-lo desde que isso não diminua a
distância percorrida.
• As equipes podem ser desclassificadas pelas seguintes
razões: perda do bastão; troca de bastão realizada de modo
impróprio; duas falsas largadas; alcançar outro competidor
inadequadamente; impedir que outro competidor passe e bloqueálo propositadamente; cruzar o percurso inadequadamente ou de
qualquer outra maneira interferir com o outro competidor.
• Na modalidade 4 x 400 m, os corredores podem sair de suas
raias dentro dos seguintes parâmetros: o primeiro corredor
deve permanecer em sua raia, o segundo corredor pode passar
para a parte interna após a primeira curva. O terceiro e quarto
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partir da raia 1 para fora, na ordem de suas equipes quando
os corredores que estão chegando se encontram a meia curva
de distância. Se essa ordem se alterar nos próximos 200 m, os
corredores que estão esperando devem permanecer em suas
raias designadas.
• Após passar o bastão, os corredores que chegam devem
Fundamentos do Atletismo
corredores, sob a orientação de um oficial, se posicionam a
permanecer em suas raias após a passagem do bastão. Isso
diminui qualquer obstrução que poderia ser causada às outras
equipes.
REVEZAMENTO 4 X 400 METROS
É uma prova olímpica do atletismo, disputada entre equipes. A
prova foi introduzida para os homens nos Jogos Olímpicos de Verão de
1912, em Estocolmo, e para as mulheres nos Jogos Olímpicos de 1972 em
Munique.
A prova é subdividida em quatro percursos, que deve ser executado
por quatro atletas diferentes da mesma equipe, que percorrerão
individualmente a distância média 400 metros rasos.
Historicamente, esta prova tem sido dominada pelos Estados Unidos,
principalmente no masculino, por ser o país que possui os melhores atletas
de 400m da História. No feminino, houve uma forte disputa na época da
Guerra Fria entre os EUA e os países do bloco comunista, mas hoje, os
americanos dominam também a versão feminina.
Embora não seja sua especialidade, o Brasil já teve uma grande
equipe de 4x400m masculina, que contava com Eronilde Araújo, grande
corredor de 400m com barreiras, e Sanderlei Parrela, forte competidor
dos 400m. Ambos são até hoje detentores dos recordes sul-americanos de
suas respectivas provas. Nessa época, o Brasil obteve o 5° melhor tempo
do mundo nesta prova, no Pan-Americano de Winnipeg.
De acordo com os dados da IAAF, consultados em 02 de novembro
de 2009, os melhores resultados na prova do revezamento 4 X 400 metros
masculino, são:
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Universidade Aberta do Brasil
Nº TEMPO
1.
2.54.29
2.
2.56.60
3.
2.56.75
4.
2.57.32
5.
2.58.00
6.
2.58.06
7.
2.58.40
ATLETA
NACIONALIDADE
Valmon,
Estados Unidos
Watts,
Reynolds,
Johnson
Thomas,
Reino Unido
Baulch,
Richardson,
Black
McDonald,H Jamaica
aughton,McF
arlane,Clarke
McKinney,
Bahamas
Moncur,
Williams,
Brown
Rysiukiewicz, Polónia
Czubak,
Haczek,
Mackowiak
Rússia
Dyldin,
Frolov,
Kokorin,
Alekseyev
Araújo, Silva,
Brasil
Santos,
Parrela
DATA
LUGAR
22 de
agosto
de 1993
Stuttgart
3 de
agosto
de 1996
Atlanta
10 de
agosto
de 1997
14 de
agosto
de 2005
Atenas
22 de
julho de
1998
Uniondale
23 de
agosto
de 2008
Beijing
30 de
julho de
1999
Winnipeg
Helsinque
Criado por Miguel A. Freitas Jr.
DETALHES TÉCNICOS DA PROVA 4X400 METROS
• O recebimento do bastão é visual.
• O momento e a velocidade da corrida do recebedor são
determinados pela posição e velocidade de chegada do
entregador.
• A passagem do bastão é feita da mão direita do entregador para
a esquerda do recebedor.
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1. A turma é dividida em dois grupos A e B. Cada grupo será
subdivido em mais dois, A1 e B1; A2 e B2. Cada grupo ficará
de frente para a sua própria equipe. O primeiro aluno da
fila estará segurando o bastão, ao sinal do professor ele
deverá correr até a outra extremidade e entregá-lo para o
companheiro da frente e assim sucessivamente. Vencerá a
equipe que terminar primeiro.
Fundamentos do Atletismo
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS
2. Dividir os alunos em equipes, distribuí-los ao redor da quadra
a uma distância de quinze metros um do outro. Disputar o
revezamento fazendo a passagem do bastão, vencendo a
equipe que primeiro cruzar a linha de chegada.
3. De acordo com o tamanho da turma, deve-se formar um ou mais círculos. Os alunos um atrás
do outro, devem manter uma distância de um metro entre si. Inicialmente andando, ao sinal do
professor quem está sem o bastão coloca a mão esquerda para trás e quem estava segurando
o bastão pela mão direita, deverá realizar a passagem. (aumentar a velocidade à medida que os
alunos consigam executar a atividade)
4. Os alunos são divididos em duplas e correm lentamente pela quadra, em linha reta. Deve-se
manter a distância de dois a três metros entre si. Ao sinal do professor, os alunos de trás devem
acelerar e fazer a passagem do bastão, passando à frente do seu colega. A um novo sinal o
exercício deve ser repetido.
5. No lugar, em colunas, pernas em afastamento ântero-posterior, executar a movimentação da
corrida com os braços. O último aluno da coluna deve segurar o bastão, ao sinal do professor deve
passá-lo ao companheiro da sua frente. Isto será repetido até que o bastão chegue ao primeiro da
fila, momento em que todos farão meia volta e reiniciarão a atividade.
6. Repetir a atividade anterior, mas todos devem estar andando.
7. Repetir a atividade anterior, mas todos devem realizar uma corrida lenta. Ao invés de fazer meia
volta, o primeiro da fila quando receber o bastão deverá deixá-lo no solo para que o último da fila
apanhe-o e continue o exercício.
8. Em duplas em pé, separados um do outro por uma distância de 15 metros. O primeiro se desloca
em direção ao que está parado em um ponto determinado, este sairá correndo quando o portador
do bastão se aproximar. Quando estiverem próximos devem executar a passagem.
9. Equipes de quatro alunos, em um espaço de 60 metros, realizar passagens sucessivas em
velocidade.
10. Separar em equipes de maneira que as forças estejam equilibradas, os alunos serão distribuídos em
um espaço reto, ficando aproximadamente a 15 metros do seu companheiro de equipe. Ao sinal do
professor, o aluno que está com o bastão deverá correr o mais rápido possível, entregando o bastão
para quem está na sua frente e assim sucessivamente. Vence a equipe que terminar primeiro.
11. Repetir a atividade anterior, mas que agora deverá ser executada em uma pista circular.
12. Na pista, realizar a passagem do bastão em distâncias menores que a oficial.
13. Realizar a passagem do bastão em situação similar a da competição, procurando observar a
ocorrência dos erros mais comuns.
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Universidade Aberta do Brasil
Numa primeira abordagem da corrida com barreiras, podemos identificar se tratar de uma prova
extremamente técnica, o que vai exigir do professor uma atenção redobrada na iniciação do aluno/
atleta.
Para não tornar a modalidade difícil de ser praticada, julgamos importante que seja trabalhado
a técnica que lhe foi apresentado nesse módulo, em um primeiro momento utilizando-se de formas
lúdicas, tornando assim o aprendizado mais fácil e prazeroso.
A medida que a técnica do aluno vai sendo lapidada, a necessidade da execução correta dos
gestos técnicos e até mesmo o nível de dificuldade dos exercícios, vai se fazendo necessário para que
ele continue sentido-se desafiado.
Sugerimos que o professor utilize toda a sua criatividade para fazer adaptações que julgar
necessárias, objetivando que alturas e distâncias sejam facilitadas em uma primeira fase da iniciação,
e até mesmo adaptações com relação à modalidade e o ambiente escolar. Enfatizamos que para
obter resultados satisfatórios, o aprendizado deve acontecer em uma progressão pedagógica e
individualizada, onde o aluno tenha prazer e não medo em transpor os obstáculos.
Você também teve a oportunidade de verificar que a corrida de revezamento é marcada pelo
trabalho em equipe, que é formada por 4 corredores. Esta prova é executada por homens e mulheres,
que correm a distância de 400 metros (4X100) e 1600 metros (4X400).
O professor tem um trabalho fundamental para a aprendizagem e aprimoramento da técnica,
devendo trabalhar os diferentes estilos de passagem do bastão, para que esta atitude se torne o mais
natural possível, no momento de execução na prova, o que resultará em ganhos consideráveis para a
equipe.
Outro fator que o professor deve observar é a característica de cada atleta, a qual irá determinar
a posição que o atleta irá ocupar na equipe, levando-se em consideração a sua possibilidade de maior
rendimento na prova.
1. Tendo a prova de 110 metros como referência. Elabore um exercício para corrigir o número de
passadas, no percurso entre barreiras.
2. Crie uma atividade lúdica para ser aplicada na iniciação do atletismo, objetivando o aprendizado
da passagem do bastão.
3. Monte uma atividade coletiva que objetive trabalhar com a velocidade de reação dos alunos.
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Fundamentos do Atletismo
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Universidade Aberta do Brasil
Fundamentos do Atletismo
PALAVRAS FINAIS
Chegamos ao final do percurso da nossa corrida. Quero dizer
que você foi um competidor muito bom, pois conseguiu manter o
ritmo. Foi veloz quando precisou, resistente durante todo o percurso,
saltou os obstáculos, ultrapassou barreiras, voou alto com ou sem a
ajuda da vara e quando todos pensavam que você iria desistir, você foi
inteligente e passou o bastão demonstrando ter aprendido que nesta
vida ninguém é autossuficiente o bastante que não precisa da ajuda
de outra pessoa.
Muitos poderiam chamar esta atitude de fraqueza, mas nós que
estivemos juntos nesta corrida sabemos que isto é sinal de maturidade
e inteligência, pois passar o bastão significa um ato de coragem, de
confiança e de responsabilidade, não só de quem passa, mas de quem
recebe.
Eu acredito que aprendemos muito um com o outro. Juntos
pudemos perceber que o atletismo vai além das pistas, ele nos apresenta
grandes lições de vida. Como respeito a individualidade, persistência,
percepção dos limites, capacidade de superação e a necessidade do
outro.
A verificação dos detalhes técnicos, das regras, dos princípios e da
compreensão histórica, são elementos para você alicerçar a sua prática
pedagógica, que deve estar pautada na responsabilidade em fazer com
que os alunos gostem de praticar uma modalidade descomplicada,
adaptável a qualquer espaço e que não requer muitos materiais.
Entretanto, mesmo com estas possibilidades é uma modalidade
que está praticamente esquecida nas escolas. Algo contraditório em
um país que os professores reclamam pela falta de material. Sei que ao
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PALAVRAS FINAIS
final desta etapa, você está preparado e vai ser um professor diferente,
que ao invés de reclamar vai utilizar o atletismo para fazer com que o
desenvolvimento dos seus alunos seja uma atividade alegre, organizada
e significativa.
Até uma nova corrida!
Os Professores
ALFORD, J. et al. Enjoying track and field sports. Digran Visual Information
Ltd., 1979.
Confederação Brasileira de Atletismo. Regras Oficiais de Atletismo – 2008-2009.
São Paulo: Phorte Editora, 2008.
Fundamentos do Atletismo
REFERÊNCIAS
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Grigorevit. Atletismo - preparação de corredores juvenis nas provas de meio
fundo. Londrina: Centro de informações esportivas. (s/d)
FERNANDES, José Luís. Atletismo: arremessos. São Paulo: EPU: Ed. da
Universidade de São Paulo, 1978.
FERNANDES, J. L. Corridas, Saltos e Lançamentos. São Paulo: EPU. 1994.
FREITAS JR, Miguel A. Material didático utilizado na disciplina de Atletismo do
Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
FROMETA, Edgard Romero & TAKAHAMASHI, Kiyoshi. Guia Metodológico
de Exercícios em Atletismo. São Paulo: EDUSP, S/d.
JONATH, U., H. EDUARD, KREMPEL, R. Corrida e saltos; lançamentos e
provas combinadas. Gris impressoras. Lisboa, 1981.
KRING, R. F. Atletismo nas escolas, guia prático de treinamento. São Paulo:
Editora Cultrix, 1974.
MULLER, H. & RITZDORF, W. Guia IAAF do ensino do atletismo. IAAF, Santa
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PERNISA, H. Atletismo Desporto de Base. Juiz de Fora: Ed. Juiz de Fora,
1983.
SCHMOLINSKY, G. Atletismo. Estampa Ldta. Lisboa, 1982.
SCHULTZ, H. Por el juego al atletismo. Buenos Aires: Kapelusz. S.A. 1976.
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REFERÊNCIAS
Fundamentos do Atletismo
NOTAS SOBRE Os AUTORes
Maury Fernando Fidelis Redkva
Graduado em Educação Física pela 1ª turma da Universidade
Estadual de Ponta Grossa. Possui curso de especialização em Treinamento
Desportivo, em Educação Física Especial e em Relações Públicas. Atuou
como administrador do Centro de Desportos e Recreação da Universidade
Estadual de Ponta Grossa. Foi técnico de atletismo da seleção de Ponta
Grossa em várias edições dos Jogos Abertos do Paraná.
Miguel Archanjo de Freitas Junior
Graduado em Educação Física (1994), com especialização em
Pedagogia do Esporte (1996) e em Educação Motora (1997). Mestre
em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa (2000) e Doutor em História (Esporte) pela Universidade Federal
do Paraná. (2009). Atuou como professor de atletismo na Universidade
Estadual de Ponta Grossa. Também atua na área de iniciação esportiva.
Membro pesquisador do grupo Esporte, Lazer e Sociedade e também do
Núcleo de Pesquisa Futebol e Sociedade. Realiza pesquisas em torno
dos problemas e possibilidades metodológicas para a educação física
escolar.
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AUTOR
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FUNDAMENTOS DO ATLETISMO