Metodologias e Práticas de Investigação I Sílvia Simões [2013/12] • O que é investigar? • Em que consiste o processo da investigação? • Quais as consequências da investigação? O conceito de investigação A investigação é um processo de busca intencional, consistente, metódica e orientada, visando dar resposta a problemas colocados pela praxis. A investigação produz novo saber (conhecimento, experiências) sobre a realidade estudada, permitindo resolver os problemas que estiveram na origem do processo de busca. Procurar? Informar? Aprofundar? Esclarecer? Confirmar? Experimentar? Etimológicamente “investigar” significa procurar e “investigação” procura (research, recherche, ricerca) Procurar o quê? Com que objetivos? Como? Para quê? A verdade? A emancipação? A compreensão? A informação? Uma explicação? O que é metodologia? E método? A metodologia designa o conjunto dos métodos selecionados pelo investigador e ajuda a compreender todo o processo de uma investigação (justificações, limitações dos métodos e técnicas de pesquisa). O método é: “O caminho pelo qual se chega a determinado resultado” (Hegenberg) Técnica “O conjunto de procedimentos bem definidos e transmissíveis destinados a produzir resultados na recolha e tratamento da informação, no âmbito da atividade de pesquisa” J. Almeida & J M Pinto “É a aplicação específica do plano metodológico e a forma especial de executar o método” A. Cervo & P. Bervian Técnica A técnica é um recurso ou um conjunto de meios que permitem ao investigador obter certos resultados e alcançar determinados objetivos. A técnica está subordinada ao método e tem um caráter instrumental. INSTRUMENTOS Tudo aquilo a recorremos para obter dados e informações para o desenvolvimento do trablalho dependente da metodologia que utilizamos ( entrevistas, inqueritos; experiências, etc) Fundamentos teóricos da investigação • Questões ontológicas: prendem-se com a natureza da realidade, com a natureza daquilo que pode ser “conhecido”; • Questões epistemológicas: abarcam a questão da natureza da relação entre “aquele que conhece” (o investigador) e aquilo que é “conhecido” (o objeto de estudo); • Questões metodológicas: abarcam toda a problemática das decisões a tomar pelo investigador no que concerne às diferentes etapas de realização da investigação. SUJEITO “EU” Epistomologia (relação entre) OBJETO “O REAL” (investigador) Ontologia(pert ence à realidade do objeto) Método Dinâmicas de entendimento (relação entre) Metodologia (relação entre) CONHECIMENTO (área do saber) SUJEITO OBJECTO A relação depende da abordagem metodológica Abordagens ao conhecimento CIENTÍFICA ADMITE Abordagem geral Observação Comunicação Conceitos Instrumentos Medida Atitude Intuitiva Casual, incontrolada, critica Subjetiva Ambíguos Imprecisos CIENTÍFICA OBRIGA Empírica Sistemática Objetiva Definições claras Precisos Não válida ou fiável Válida, fiável Acrítica e Critica Crítica Investigação no contexto da prática artística Como investigámos ( Frayling, 1993)? Investigação em arte Investigação sobre arte Arte como investigação Caracteristicas da investigação baseada na prática ou reflexão / ação elementos a reter para metodologia de projeto Agir/ Fazer refletir Pensar sobre: Reconhece, decidir, ajustar, voltar atrás, parar, afastarmo-nos, etc. Metodogia de projeto [relatório de projeto] Metodologia de projeto (a arte como investigação) Motivação Primeiras abordagens/ experiências e ideias Desenvolvimento e formalização Concretização (para cada fazes existem instrumentos adequados) Proposta de Halprin [ ciclo RSVP] Metodogia de projeto Proposta de Halprin [ ciclo RSVP] Prática/ teoria TEORIAS (ideias) Conhecimento através da ação ( a arte como investigação] Conhecimento através da reflexão da ação Investigação para a arte DADOS (realidade) Prática/ teoria TEORIAS (ideias) Conhecimento através da ação Conhecimento através da refleção da ação DADOS (realidade) Investigação em arte ( dissertação) Motivação Revisão da Literatura, etc… ( evomos mais à frente) Paradigma “Um paradigma é uma forma de ver o mundo aceite num dado momento por uma dada comunidade científica” “O cientista não é objectivo, não pensa de forma livre e céptica. É mais um conservador que aceita o que lhe é ensinado e que aplica o seu conhecimento na solução de problemas que já existiam antes dele.” Paradigma O cientista não é objetivo, não pensa de forma livre e cética. É mais um conservador que aceita o que lhe é ensinado e que aplica o seu conhecimento na solução de problemas que já existiam antes dele.” “A ciência não é uma forma estática de acumulação de conhecimento. É antes uma série de interlúdios calmos perturbados por violentas revoluções intelectuais. Nessas revoluções uma forma de ver o mundo é substituída por outra.” Paradigmas de investigação • Quantitativo, positivista, empírico-analítico, racionalista, empiricista • Qualitativo, hermenêutico, interpretativo, naturalista • Socio crítico, emancipatório Paradigma positivista • percursor Francis Bacon; empirismo de Locke e S. Mill; positivismo de A. Comte, B. Russell e R. Carnap; Paradigma positivista • epistemologia objetivista: – distinção entre o investigador “subjetivo” e o mundo exterior “objetivo” – conhecimento válido por resultar da aplicação do método científico – palavras chave: determinismo – racionalidade – - impessoalidade – previsão - objetividade Paradigma qualitativo • “fenomenologia” de Husserl – “interracionismo simbólico” de Mead – “etnometodologia” de Garfinkel Paradigma qualitativo • Epistemologia subjetivista/construtivista – investigador e objeto são ambos e ao mesmo tempo “intérpretes” e “construtores de sentidos” – valoriza o papel do investigador/construtor do conhecimento – Palavras-chave: compreensão – significado – ação – contexto Paradigma Socio-crítico • Escola de Frankfurt anos 20; teorias marxistas; Jurgen Habermas; P. Freire; M. Apple e H. Giroux nos EU. Paradigma Socio-crítico • Pressupostos: – impossibilidade de um conhecimento objectivo investigador socialmente “situado” – introdução da componente ideológica e da intenção clara de transformar o mundo rumo à liberdade e democracia – Palavras-chave : emancipação – teoria crítica – mudança - libertação Comparação entre paradigmas POSITIVISTA Fundamento Teórico Finalidade Visão realidade Aproximação realidade Estilo do investigador Desenho Quadro investigação Positivismo QUALITATIVO Fenomenologia CRÍTICO T. crítica Verificação Descoberta Única Múltipla Dinâmica Holística Interactiva Interventivo Selectivo Participativo Determinado Emergente Negociado Simplificada Laboratório Natural Mudança Circunscrito Metodologia quantitativa Metodologia qualitativa Teoria a testar Construção da teoria Problema e hipóteses derivados da teoria Busca de padrões Conceitos e variáveis relacionados com teoria Categorias de dados Recolha de dados que confirmem a teoria Levantamento questões Recolha de dados O que é metodologia? E método? “ Na ciência os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de inicio o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objectivo” Trujillo Quantitativa Qualitativa Histórica Etnografia Estudo de caso Indução Compreender fenómenos Criar teoria Situada num contexto Observador participante Survey Experimental Quase experimental Dedução Explicar fenómenos Fundamentar teoria Livre do contexto Observador externo Modalidades investigação • Estudos quantitativos: – experimentais – não experimentais ou descritivos • Estudos qualitativos – Tout court (estudo qualitativo para compreender fenómenos. Usa para recolha de dados uma única técnica – exemplo: survey) – Etnografia – Fenomenologia – Grounded theory (teoria fundamentada) • Estudos mistos ou pluri-metodológicos – Estudo de “caso” – Estudo de avaliação – Investigação-acção – Investigação analítica – Estudos de desenvolvimento