Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe Disciplina: Física Geral e Experimental III Curso: Engenharia de Produção Assunto: Gravitação Prof. Dr. Marcos A. P. Chagas 1. Introdução Na gravitação estudam-se as interações entre os corpos celestes, para isso se faz necessário utilizar as leis de Kepler e Newton, bem como as suas aplicações. 2. Leis de Kepler 2.1. 1ª Lei de Kepler – Lei das órbitas Todos os planetas descrevem órbitas elípticas em torno do Sol, ocupando este um dos focos da elipse. • • Elipse: lugar geométrico que tem constante a soma das distâncias a dois pontos fixos (focos). A distância entre o Sol e a Terra define a unidade astronômica (UA). 1 UA = 1,5 x 1011 m = 9,3 x 106 mi Distância do periélio = 1,48 x 1011 m Distância do afélio = 1,52 x 1011 m 2.2. 2ª Lei de Kepler- Lei das Áreas O raio vetor que une os centros do Sol e de um planeta qualquer, descreve áreas proporcionais aos tempos de percurso. • Esta lei está diretamente relacionada à conservação do momento angular. = • • ω A velocidade dos planetas será maior quando eles se encontram mais próximos do Sol e menor quando eles estiverem mais afastados. A constante k é chamada de velocidade areolar. 2.3. 3ª Lei de Kepler – Lei dos Períodos O quadrado do período de revolução de um planeta é proporcional ao cubo do semi – eixo maior da sua órbita. Observação: As demonstrações da 2ª e 3ª lei de Kepler serão apresentadas posteriormente. 3. Lei de Newton da Gravitação Entre dois corpos quaisquer há uma força de atração que é proporcional ao produto das massas dos dois corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa. Onde: m1 e m2 força de atração. são as massas dos corpos. (constante de gravitação universal). distância entre os centros. 3.1. Gravitação e o Princípio da Superposição O princípio da superposição diz que o efeito resultante é a soma dos efeitos individuais. Para n partículas interagindo, podemos escrever o princípio da superposição como: ⃗⃗⃗ Onde: ⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗⃗ força resultante sobre a partícula 1. força exercida pela partícula 4 sobre a partícula 1. Podemos escrever: i ∑ chamado de índice Observação: No caso realístico força da gravitacional exercida sobre uma partícula por um objeto extenso. Ela é calculada dividindo-se o objeto em pequenas porções o suficiente para serem tratadas como partículas. No limite, podemos dividir o objeto extenso em porções infinitesimais de massa dm , tais que cada uma exerça uma força infinitesimal dF sobre a partícula. ∫ Onde a integral é calculada sobre toda a extensão do corpo. Se o corpo é uma esfera ou casca esférica podemos evitar a integração supondo-se que a massa do corpo está concentrada no seu centro e, então calcular usando a lei de Newton da gravitação universal. 3.2. Gravitação em um ponto próximo da superfície da Terra Vamos ignorar a rotação da Terra e supor que ela é uma esfera uniforme. Fazendo: massa da Terra massa do corpo Usando a 2ª lei de Newton: = Para corpos na superfície da Terra, Teremos: Para uma dada altura h, teremos: A aceleração gravitacional é devida exclusivamente à força gravitacional exercida sobre a partícula pela Terra. Ela é diferente da aceleração de queda livre g que medimos para uma partícula em queda, porque a Terra na realidade não é uniforme, nem exatamente esférica e além disso, gira. Por essas razões, a força gravitacional exercida sobre a partícula é diferente do peso (P = mg). Considerações: 1. A Terra não é uniforme: a densidade da Terra varia radialmente e a densidade da crosta terrestre varia de região para região através da superfície. Núcleo Interior- Núcleo Exterior- Manto- Crosta 2. A Terra não é uma esfera: é aproximadamente um elipsóide, achatada nos polos e dilatada no equador. O raio equatorial excede o raio polar em aproximadamente 21 km. Quem estiver nos polos se encontra mais próximo do núcleo denso da Terra. 3. A Terra gira: o eixo de rotação passa pelos seus polos norte e sul. Exercício 1. Mostrar a diferença entre a aceleração gravitacional de queda g. e a aceleração Considere um caixote colocado sobre uma balança na superfície da terra. a aceleração centrípeta, aponta para o centro do círculo (coincide com o centro da Terra). m força de atração gravitacional que a Terra exerce sobre o caixote N reação normal da balança sobre o caixote. ∑ N = peso do caixote, logo, N = mg Levando em conta o efeito da aceleração centrípeta a, substituímos: a por onde ω é a velocidade angular de rotação da Terra e R o raio da trajetória do caixote raio da Terra. Fazendo: ω , onde T = 24 h R= 0,034 Então g = 9,78 9,81 medida no equador terrestre. 3.3. Medida da constante gravitacional G Pode ser medida usando . Conhecendo G pode-se calcular a massa M da Terra usando Fazendo =g 9,8 . e chamamos o raio da Terra r = R. 3.4. Dedução das leis de Kepler Em um intervalo de tempo dt o planeta cobre a distância vdt e o raio vetor cobre a área sombreada da figura. Esta área é a metade da área do paralelogramo formado pelos vetores⃗⃗ ⃗⃗ que é | ⃗⃗⃗ | Portanto a área dA varrida pelo vetor | ⃗⃗ Em que | | no intervalo de tempo dt é: | x m é o momento angular do planeta em relação ao Sol. A área varrida num intervalo de tempo dt é proporcional ao momento angular L. Como a força sobre um planeta está ao longo da reta que vai do planeta ao Sol, não há torque em torno do Sol. O momento angular se conserva e L é constante. Portanto, a área varrida num certo intervalo de tempo dt tem o mesmo valor em todas as partes da órbita e esta afirmação é a 2ª lei de Kepler. Partindo da lei da gravitação de Newton vamos obter a 3ª lei de Kepler para o caso especial da órbita circular. Considere um planeta descrevendo com velocidade v uma órbita circular de raio r em torno do Sol. A força de atração gravitacional entre o Sol e o planeta proporciona aceleração centrípeta. Pela 2ª lei de Newton: ∑ (I) O planeta cobre a distância dada por v r no tempo T, a velocidade também é (II). Substituindo II em I, temos: ou Então: onde 4. Massa Gravitacional e Massa Inercial Massa Gravitacional: é a propriedade de um corpo responsável pela força gravitacional que ele exerce sobre outro. Massa Inercial: é a propriedade que responde pela resistência à aceleração. Adota-se o símbolo m para as duas, pois experimentalmente uma é igual à outra. 5. Gravitação no interior da Terra O teorema de Newton sobre a casca esférica uniforme demonstra que esta, para efeitos gravitacionais sobre uma partícula externa, se comportará como se toda a sua massa estivesse concentrada no seu interior. A dedução deste teorema, quando a partícula está dentro da casca, conduz ao seguinte resultado: Uma casca uniforme de matéria exerce uma força gravitacional nula sobre uma partícula dentro dela. Se a densidade da Terra fosse uniforme, a força gravitacional sobre a partícula seria máxima na sua superfície, porém, ela diminui se nos movemos para cima. No caso real da Terra, sua crosta externa é menos densa do que o núcleo. Caso uma partícula descesse um poço profundo, a força gravitacional sobre ela aumentaria levemente. Eventualmente, é claro a força alcançaria um máximo e, então, chegaria a zero no centro da Terra. 6. Energia Potencial Gravitacional Nas proximidades da superfície da Terra, a força gravitacional sobre um corpo é constante, pois a distância ao centro da Terra; r = R + h é sempre aproximadamente a R se h << R, (R é o raio da Terra). A energia potencial próximo da superfície da Terra é, portanto mg(r – R) = mgh, onde fizemos U = 0 em r = R. A grandes distâncias da superfície da Terra, temos que levar em conta que a força gravitacional não é constante, mas varia com o . ⃗⃗⃗⃗ Por definição: F força sobre uma partícula dx deslocamento da partícula Considerando a força gravitacional radial, temos: ⃗⃗⃗⃗ ( ) Integrando os dois membros, temos: Outra Maneira: ∫ (I) O vetor dx aponta radialmente no sentido oposto fazendo com a força um ângulo Φ de 180°. (II) Substituindo II em I ∫ ( ) * + =- O trabalho realizado pela força gravitacional não depende da trajetória. O trabalho pode ser dado pela diferença entre as energias potenciais. são as energias potenciais associadas às posições inicial e final. 7. Velocidade de Escape É a velocidade inicial mínima para que um corpo possa escapar da atração gravitacional da Terra. Considere um projétil de massa m, deixando a superfície da Terra com velocidade de escape v. Ele possui energia cinética e a energia potencial . Sua energia total no infinito é nula. Pelo princípio da conservação da energia, a energia total quando está sobre a superfície da Terra, também deve ser zero. ( ) √ √ Com g = 9,81 eR= √ , temos: √ • Velocidade para escapar do campo gravitacional da Terra e não para escapar do sistema solar. Exercícios 1. A distância média entre o Sol e Júpiter é 5,2 UA. Qual o período de revolução de Júpiter em torno do Sol? 2. Um satélite artificial A se move em órbita circular em torno da Terra com período de 25 dias. Um outro satélite B possui órbita circular de raio 9 vezes maior que A. Calcule o período do satélite B. 3. A intensidade da força de atração gravitacional entre duas esferas de massas M é F quando a distância entre elas é d. Qual a intensidade da força de atração entre duas esferas de massas M/2 quando a distância entre elas for 2d? 4. A massa da Terra é 81 vezes a da Lua. A distância da Terra à Lua mede 380000 km. Calcule a que distância da Terra, sobre a reta que passa por elas, deve ser colocado um corpo de massa m para que seja nula a resultante das forças gravitacionais que sobre ele atuam. 5. Calcular a velocidade de escape na superfície de Mercúrio cuja massa é M= e o raio R = 2440 km. Referências Bibliográficas 1. Halliday D., Resnick R., Walker J. Fundamentos de Física Vol. 2. Gravitação, Ondas e Termodinâmica. 4ª Edição. Rio de Janeiro: LTC., 1996. 2. Young D., Freedman R.Física II. 12ª Edição. São Paulo: Pearson, 2008.