ISSN 1982-7644 SP ECE GOVERNADOR CID FERREIRA GOMES VICE-GOVERNADOR DOMINGOS GOMES DE AGUIAR FILHO SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO MAURÍCIO HOLANDA MAIA SECRETÁRIO ADJUNTO DA EDUCAÇÃO ANTÔNIO IDILVAN DE LIMA ALENCAR SECRETÁRIA EXECUTIVA ANTONIA DALILA SALDANHA DE FREITAS COORDENADORA DO GABINETE CRISTIANE CARVALHO HOLANDA COORDENADORIA DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA EDUCAÇÃO COORDENADORA BETÂNIA MARIA GOMES RAQUEL CÉLULA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ACADÊMICO ORIENTADORA CARMILVA SOUZA FLÔRES ASSESSORIA TÉCNICA CESAR NILTON MAIA CHAVES MARIA IACI CAVALCANTE PEQUENO ASSISTENTE TÉCNICA ROSÂNGELA TEIXEIRA DE SOUSA EQUIPE TÉCNICA GEANNY DE HOLANDA OLIVEIRA DO NASCIMENTO MARCO AURÉLIO JARRETA MERICHELLI MARIA ASSUNÇÃO OLIVEIRA MONTEIRO MIRNA GURGEL CARLOS DA SILVA SYLVIA ANDREA COELHO PAIVA TERESA MÁRCIA ALMEIDA DA SILVEIRA ESTAGIÁRIOS CICERO GUSTAVO DE ARAUJO MOTA RAQUEL ALMEIDA DE CARVALHO REVISÃO TÉCNICA CÉSAR NILTON MAIA CHAVES PAULA DE CARVALHO FERREIRA Apresentação MAURÍCIO HOLANDA MAIA – SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO Estamos completando o 17º (décimo sétimo) ciclo de aferição do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE) e acreditamos que os boletins, com os resultados deste referido ciclo de avaliação, são, sobretudo, instrumentos úteis no apoio às discussões pedagógicas e à execução do processo educacional da rede pública de ensino. A estruturação e a operacionalização do ciclo do SPAECE 2013 resultou de uma força-tarefa de todos os atores educacionais do estado do Ceará. Educadores(as) CEARENSES, Porém, essa força-tarefa não deve ser exaurida apenas no processo de aplicação dos instrumentais da avaliação externa. Devemos aquilatar o SPAECE com um olhar cuidadoso e pedagógico sobre o valor e o significado dos resultados nestes boletins, nos quais são encontrados elementos informativos que devem ser interpretados em função de cada contexto escolar. Esses dados não devem servir somente para efeitos de comparações e de competições; mas, sim, para direcionar um diálogo aberto e participativo sobre educação de qualidade, com a comunidade escolar e com a sociedade cearense. Com estes resultados, conseguiremos abalizar e refletir sobre o processo educacional da rede pública de ensino do estado do Ceará, com intuito de formar percepções e reflexões sobre o atual quadro da educação escolar, como também, direcionar e subsidiar as ações educativas, a saber: planejamentos, práticas pedagógicas, gestões participativas e políticas públicas educacionais. Para tanto, o primeiro passo para suscitar a discussão dos dados educacionais deste ciclo de avaliação externa deve ser a leitura analítica e compartilhada da coleção de boletins do SPAECE 2013, conforme se enumeram: 1. Boletim do Sistema de Avaliação - 2º e 5º ano do Ensino Fundamental-EF (Redes estadual e municipais); 2. Boletim do Sistema de Avaliação - 9º ano EF e Ensino Médio-EM (Redes Estadual e municipais) 3. Boletim da Gestão Escolar (2º e 5º anos EF); 4. Boletim da Gestão Escolar (Redes estadual e municipais); 5. Boletim Pedagógico do 2º ano EF; 6. Boletins Pedagógicos do 5º ano EF - Língua Portuguesa e Matemática (Redes estadual e municipais); 7. Boletins Pedagógicos do 9º ano regular e Educação de Jovens e Adultos-EJA EF - Língua Portuguesa e Matemática; 8. Boletins Pedagógicos do EM (Regular e EJA) - Língua Portuguesa e Matemática. Em síntese, este sistema de avaliação tem em seu objetivo principal a melhoria da qualidade de ensino oferecido à população discente cearense. Por isso, é fundamental que os resultados cheguem às escolas para serem compreendidos e trabalhados pedagogicamente, impactando, finalmente, no ensino e na aprendizagem dos atores educacionais. É nesta perspectiva que buscamos enfrentar o desafio de utilizar os resultados na gestão das redes de ensino e na sala de aula dos cearenses. Sumário 12 Avaliação Externa e Avaliação Interna: uma relação complementar página 08 Interpretação de resultados e análises pedagógicas página 14 3 4 Para o trabalho pedagógico página 58 Experiência em foco página 69 Os resultados desta escola página 71 Avaliação Externa e Avaliação Interna: uma relação complementar Pensado para o(a) Educador(a), este Revista Pedagógicao apresenta a avaliação educacional a partir de seus principais elementos, explorando a Matriz de Referência, que serve de base aos testes, a modelagem estatística utilizada, a estrutura da Escala de Proficiência, a definição dos Padrões de Desempenho e os resultados de sua escola. Apresentando os princípios da avaliação, sua metodologia e seus resultados, o objetivo é fomentar debates na escola que sejam capazes de incrementar o trabalho pedagógico. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 As avaliações em larga escala assumiram, ao cada disciplina e organizadas para dar origem aos longo dos últimos anos, um preponderante papel itens que comporão os testes. No entanto, isso não no cenário educacional brasileiro: a mensuração significa que o currículo se confunda com a Matriz do desempenho dos alunos de nossas redes de Referência. Esta é uma parte daquele. de ensino e, consequentemente, da qualidade do ensino ofertado. Baseadas em testes de proficiência, as avaliações em larga escala buscam aferir o desempenho dos alunos em habilidades consideradas fundamentais para cada disciplina e Os resultados das avaliações em larga escala são, então, divulgados, compartilhando com todas as escolas, e com a sociedade como um todo, os diagnósticos produzidos a partir dos testes. etapa de escolaridade avaliada. Com isso, o que se busca é oferecer ao professor Os testes são padronizados, orientados por uma dos alunos em relação aos conteúdos curriculares metodologia específica e alimentados por questões previstos, bem como no que diz respeito àqueles com características próprias, os itens, com o conteúdos nos quais os alunos apresentam um objetivo de fornecer, precipuamente, uma avaliação bom desempenho. da rede de ensino. Por envolver um grande número de alunos e escolas, trata-se de uma avaliação em informações importantes sobre as dificuldades Metodologias e conteúdos diferentes, mas com larga escala. o mesmo objetivo. Tanto as avaliações internas No entanto, este modelo de avaliação não deve em torno dos mesmos propósitos: a melhoria ser pensado de maneira desconectada com o da qualidade do ensino e a maximização da trabalho do professor. As avaliações realizadas em aprendizagem dos alunos. A partir da divulgação sala de aula, ao longo do ano, pelos professores, dos resultados, espera-se prestar contas à são fundamentais para o acompanhamento da sociedade do investimento que realiza na educação aprendizagem do aluno. Focada no desempenho, deste país, assim como fornecer os subsídios a avaliação em larga escala deve ser utilizada como necessários para que ações sejam tomadas no um complemento de informações e diagnósticos sentido de melhorar a qualidade da educação, aos fornecidos pelos próprios professores, promovendo, ao mesmo tempo, a equidade. Tendo internamente. como base os princípios democráticos que regem Ambas as avaliações possuem a mesma fonte de conteúdo: o currículo. Assim como as avaliações internas, realizadas pelos próprios professores da escola, a avaliação em larga escala encontra no currículo seu ponto de partida. A partir da criação de Matrizes de Referência, habilidades e competências básicas, consideradas essenciais para o desenvolvimento do aluno ao longo das etapas de escolaridade, são selecionadas para quanto as avaliações externas devem se alinhar nossa sociedade, assim como a preocupação em fornecer o maior número de informações possível para que diagnósticos precisos sejam estabelecidos, este Boletim Pedagógico pretende se constituir como uma verdadeira ferramenta a serviço do professor e para o aprimoramento contínuo de seu trabalho. 09 10 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Trajetória Desde o ano de sua criação, em 1992, o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE) tem buscado fomentar mudanças na educação oferecida pelo estado, vislumbrando a oferta de um ensino de qualidade. Em 2013, os alunos do 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental das escolas municipais e estaduais do Ceará foram avaliados em Língua Portuguesa. Os alunos do 5º e 9º anos realizaram, também, testes de Matemática. Os alunos do 2º segmento da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental, bem como os da 1ª, 2ª e 3ª séries e do 1º e 2º períodos da EJA do Ensino Médio, das escolas estaduais, foram avaliados nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. A seguir, a linha do tempo expõe a trajetória do SPAECE, de acordo com os anos, o número de alunos, as disciplinas e as etapas de escolaridade avaliadas. 546.951 alunos avaliados série avaliadas: 2º Ano EF, 5º Ano EF, 9º Ano EF, 1ª Série EM, 2ª Série EM, 3ª Série EM disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa e Matemática 2009 2008 614.566 alunos avaliados 2010 667.196 alunos avaliados série avaliadas: 2º Ano EF, 5º Ano EF, 9º Ano EF, 1ª Série EM, 2ª Série EM, 3ª Série EM série avaliadas: 2º Ano EF, 5º Ano EF, 9º Ano EF, 1ª Série EM, 2ª Série EM, 3ª Série EM, EJA 2º Segmento, EJA 1º Período, EJA 2º Período disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa e Matemática disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa e Matemática Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 658.654 659.669 alunos avaliados alunos avaliados série avaliadas: 2º Ano EF, 5º Ano EF, 9º Ano EF, 1ª Série EM, 2ª Série EM, 3ª Série EM, EJA 2º Segmento, EJA 1º Período, EJA 2º Período série avaliadas: 2º Ano EF, 5º Ano EF, 9º Ano EF**, 1ª Série EM, 2ª Série EM**, 3ª Série EM**, EJA 2º Segmento, EJA 1º Período, EJA 2º Período disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa e Matemática disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa e Matemática 2013* 2011 2012 647.693 alunos avaliados série avaliadas: 2º Ano EF, 5º Ano EF, 9º Ano EF, 1ª Série EM, 2ª Série EM, 3ª Série EM, EJA 2º Segmento, EJA 1º Período, EJA 2º Período disciplinas envolvidas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. *Alunos efetivos com ponderação. **Para as séries amostrais o número de alunos efetivos ponderado é arredondado. 11 12 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico O caminho da avaliação em larga escala Para compreender melhor a lógica que rege a avaliação educacional, este diagrama apresenta, sinteticamente, a trilha percorrida pela avaliação, desde o objetivo que lhe dá sustentação até a divulgação dos resultados, função desempenhada por este Boletim. Os quadros indicam onde, no Boletim, podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados. POR QUE AVALIAR? POLÍTICA PÚBLICA O Brasil assumiu um compromisso, partilhado por estados, municípios e sociedade, de melhorar a qualidade da educação oferecida por nossas escolas. Melhorar a qualidade e promover a equidade: eis os objetivos que dão impulso à avaliação educacional em larga escala. PORTAL DA AVALIAÇÃO 1 Para ter acesso a toda a Coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site www.spaece.caedufjf.net/ DIAGNÓSTICOS EDUCACIONAIS Para melhorar a qualidade do ensino ofertado, é preciso identificar problemas e lacunas na aprendizagem, sendo necessário estabelecer diagnósticos educacionais. RESULTADOS DA ESCOLA A partir da análise dos resultados da avaliação, um diagnóstico confiável do ensino pode ser estabelecido, servindo de subsídio para que ações e políticas sejam desenvolvidas, com o intuito de melhorar a qualidade da educação oferecida. Página 71 AVALIAÇÃO Para que diagnósticos sejam estabelecidos, é preciso avaliar. Não há melhoria na qualidade da educação que seja possível sem que processos de avaliação acompanhem, continuamente, os efeitos das políticas educacionais propostas para tal fim. EXPERIÊNCIA EM FOCO Para que os resultados alcancem seu objetivo, qual seja, funcionar como um poderoso instrumento pedagógico, aliado do trabalho do professor em sala de aula, as informações disponíveis neste Boletim devem ser analisadas e apropriadas, tornando-se parte da atividade cotidiana do professor. Página 69 Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 O QUE AVALIAR? CONTEÚDO AVALIADO MATRIZ DE REFERÊNCIA Reconhecida a importância da avaliação, é necessário definir o conteúdo que será avaliado. Para tanto, especialistas de cada área de conhecimento, munidos de conhecimentos pedagógicos e estatísticos, realizam uma seleção das habilidades consideradas essenciais para os alunos. Esta seleção tem como base o currículo. O currículo é a base para a seleção dos conteúdos que darão origem às Matrizes de Referência. A Matriz elenca as habilidades selecionadas, organizando-as em competências. Página 16 COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os alunos realizem testes extensos. Página 18 COMO TRABALHAR OS RESULTADOS? ITENS Os itens que compõem os testes são analisados, pedagógica e estatisticamente, permitindo uma maior compreensão do desenvolvimento dos alunos nas habilidades avaliadas. Página 37 PADRÕES DE DESEMPENHO ESCALA DE PROFICIÊNCIA A partir da identificação dos objetivos e das metas de aprendizagem, são estabelecidos os Padrões de Desempenho estudantil, permitindo identificar o grau de desenvolvimento dos alunos e acompanhá-los ao longo do tempo. As habilidades avaliadas são ordenadas de acordo com a complexidade em uma escala nacional, que permite verificar o desenvolvimento dos alunos, chamada Escala de Proficiência. A escala é um importante instrumento pedagógico para a interpretação dos resultados. Página 36 2 Página 20 13 Interpretação de resultados e análises pedagógicas Para compreender e interpretar os resultados alcançados pelos alunos na avaliação em larga escala, é importante conhecer os elementos que orientam a elaboração dos testes e a produção dos resultados de proficiência. Assim, esta seção traz a Matriz de Referência para a avaliação do SPAECE, a composição dos cadernos de testes, uma introdução à Teoria da Resposta ao Item (TRI), a Escala de Proficiência, bem como os Padrões de Desempenho, ilustrados com exemplos de itens. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Matriz de Referência Para realizar uma avaliação, é necessário definir A competência na prova escrita demanda algumas o conteúdo que se deseja avaliar. Em uma habilidades, como: interpretação de texto, avaliação em larga escala, essa definição é dada reconhecimento de sinais de trânsito, memorização, pela construção de uma MATRIZ DE REFERÊNCIA, raciocínio lógico para perceber quais regras de que é um recorte do currículo e apresenta as trânsito se aplicam a uma determinada situação etc. habilidades definidas para serem avaliadas. No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, publicados, respectivamente, em 1997 e em 2 , 000 visam à garantia de que todos tenham, mesmo em lugares e condições diferentes, acesso a habilidades consideradas essenciais para o exercício da cidadania. Cada estado, município e escola tem autonomia para elaborar seu próprio currículo, desde que atenda a essa premissa. Diante da autonomia garantida legalmente em nosso país, as orientações curriculares do Ceará apresentam conteúdos com características próprias, como concepções e objetivos educacionais compartilhados. Desta forma, o estado visa desenvolver o processo de ensinoaprendizagem em seu sistema educacional com qualidade, atendendo às particularidades de seus alunos. Pensando nisso, foi criada uma Matriz de Referência específica para a realização da avaliação A competência na prova prática específica, por sua vez, requer outras habilidades: visão espacial, leitura dos sinais de trânsito na rua, compreensão do funcionamento de comandos de interação com o veículo, tais como os pedais de freio e de acelerador etc. É importante ressaltar que a Matriz de Referência não abarca todo o currículo; portanto, não deve ser confundida com ele nem utilizada como ferramenta para a definição do conteúdo a ser ensinado em sala de aula. As habilidades selecionadas para a composição dos testes são escolhidas por serem consideradas essenciais para o período de escolaridade avaliado e por serem passíveis de medição por meio de testes padronizados de desempenho, compostos, na maioria das vezes, apenas por itens de múltipla escolha. Há, também, outras habilidades necessárias ao pleno desenvolvimento do aluno que não se encontram em larga escala do SPAECE. na Matriz de Referência por não serem compatíveis A Matriz de Referência tem, entre seus pode-se perceber que a competência na prova fundamentos, os conceitos de competência e escrita para habilitação de motorista inclui mais habilidade. A competência corresponde a um grupo habilidades que podem ser medidas em testes de habilidades que operam em conjunto para a padronizados do que aquelas da prova prática. obtenção de um resultado, sendo cada habilidade com o modelo de teste adotado. No exemplo acima, entendida como um “saber fazer”. A avaliação em larga escala pretende obter Por exemplo, para adquirir a carteira de motorista a qualidade da educação, porém, ela só será uma para dirigir automóveis é preciso demonstrar ferramenta para esse fim se utilizada de maneira competência na prova escrita e competência na coerente, agregando novas informações às já prova prática específica, sendo que cada uma delas obtidas por professores e gestores nas devidas requer uma série de habilidades. instâncias educacionais, em consonância com a informações gerais, importantes para se pensar realidade local. 15 16 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Matriz de Referência de Língua Portuguesa 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento Tópico O Tópico agrupa por afinidade um conjunto de habilidades indicadas pelos descritores. Descritores Os descritores associam o conteúdo curricular a operações cognitivas, indicando as habilidades que serão avaliadas por meio de um item. Item O item é uma questão utilizada nos testes de uma avaliação em larga escala e se caracteriza por avaliar uma única habilidade indicada por um descritor da Matriz de Referência. Leia o texto abaixo. Uma grande surpresa A mãe de Paulinho entra subitamente na cozinha e o pega tirando chocolates de dentro do armário para comer escondido. Ela exclama com surpresa: – Francamente, Paulinho, estou surpresa em encontrá-lo aqui! – Pois saiba que eu estou muito mais! – responde Paulinho – Jurava que a senhora tinha saído! Disponível em: <http://sitededicas.ne10.uol.com.br/humor.htm>. Acesso em: 3 fev. 2012. (P050300BH_SUP) (P050302BH) Nesse texto, conclui-se que A) a mãe de Paulinho se esqueceu dele. B) a mãe de Paulinho mentiu para ele. C) Paulinho não deveria comer os chocolates. D) Paulinho não deveria estar sozinho em casa. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA - SPAECE 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL E EJA - 2º SEGMENTO I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA D1 Localizar informação explícita. D2 Inferir informação em texto verbal. D3 Inferir o sentido da palavra ou expressão. D4 Interpretar textos não verbais e textos que articulam elementos verbais e não verbais. D5 Identificar o tema ou assunto de um texto. D6 Distinguir fato de opinião relativa ao fato. D7 Diferenciar a informação principal das secundárias em um texto. D8 Formular hipóteses sobre o conteúdo do texto. II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TEXTO D9 Reconhecer gênero discursivo. D10 Identificar o propósito comunicativo em diferentes gêneros. D11 Reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador. III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS D12 Identificar semelhanças e/ou diferenças de ideias e opiniões na comparação entre textos. D13 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos de um mesmo tema. IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO D14 Reconhecer as relações entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para sua continuidade. D17 Reconhecer o sentido das relações lógico-discursivas marcadas por conjunções, advérbios etc. V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de palavras, frases ou expressões. D20 Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. D21 Reconhecer o efeito decorrente do emprego de recursos estilísticos e morfossintáticos. D22 Reconhecer efeitos de humor e ironia. VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA D23 Identificar os níveis de linguagem e/ou as marcas linguísticas que evidenciam locutor e/ou interlocutor. 17 18 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Composição dos cadernos para a avaliação Língua Portuguesa e Matemática 91 itens divididos em Língua Portuguesa 91 x 7 blocos por disciplina com 13 itens cada i iiiii iiiiii iiiiii iiiiii ii iiiii iiiiiii iiiiiii iiiiiii iiiiiiiiiiii ii iiiiiiiiiiii i iiiii iiiiii iiiiii iiiiii ii iiiii iiiiiii iiiiiii iiiiiii iiiiiiiiiiii i iiiiiiiiiiiii Matemática 91 x 2 blocos (26 itens) de cada disciplina formam um caderno com 4 blocos (52 itens) CADERNO CADERNO O CADERN O CADERN 21 x = 1 item Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos. Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Teoria Clássica dos Testes (TCT) O desempenho dos alunos em um teste pode ser analisado a partir de diferentes enfoques. Através da Teoria Clássica dos Testes – TCT, os resultados dos alunos são baseados no percentual de acerto obtido no teste, gerando a nota ou escore. As análises produzidas pela TCT são focadas na nota obtida no teste. A título de exemplo, um aluno responde a uma série de itens e recebe um ponto por cada item corretamente respondido, obtendo, ao final do teste, uma nota total, representando a soma destes pontos. A partir disso, há uma relação entre a dificuldade do teste e o valor das notas: os alunos tendem a obter notas mais altas em testes mais fáceis e notas mais baixas em testes mais difíceis. As notas são, portanto, “testedependentes”, visto que variam conforme a dificuldade do teste aplicado. A TCT é muito Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 empregada nas atividades docentes, servindo de base, em regra, para as avaliações internas, aplicadas pelos próprios professores em sala de aula. A Teoria da Resposta ao Item – TRI, por sua vez, adota um procedimento diferente. Baseada em uma sofisticada modelagem estatística computacional, a TRI atribui ao desempenho do aluno uma proficiência, não uma nota, relacionada ao conhecimento do aluno das habilidades elencadas em uma Matriz de Referência, que dá origem ao teste. A TRI, para a atribuição da proficiência dos alunos, leva em conta as habilidades demonstradas por eles e o grau de dificuldade dos itens que compõem os testes. A proficiência é justamente o nível de desempenho dos alunos nas habilidades dispostas em testes padronizados, formados por questões de múltiplas alternativas. Por meio da TRI, é possível determinar um valor diferenciado para cada item. De maneira geral, a Teoria de Resposta ao Item possui três parâmetros, por meio dos quais é possível realizar a comparação entre testes aplicados em diferentes anos: Parâmetro A Envolve a capacidade de um item de discriminar, entre os alunos avaliados, aqueles que desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram. Parâmetro B Permite mensurar o grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos de forma equânime entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de diversos cadernos com o mesmo grau de dificuldade. Parâmetro C Realiza a análise das respostas do aluno para verificar aleatoriedade nas respostas: se for constatado que ele errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de grau elevado, situação estatisticamente improvável, o modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões. A TCT e a TRI não produzem resultados incompatíveis ou excludentes. Antes, estas duas teorias devem ser utilizadas de forma complementar, fornecendo um quadro mais completo do desempenho dos alunos. O SPAECE utiliza a TRI para o cálculo da proficiência do aluno, que não depende unicamente do valor absoluto de acertos, já que depende também da dificuldade e da capacidade de discriminação das questões que o aluno acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos permitiria, em tese, que um aluno que respondeu aleatoriamente tivesse o mesmo resultado que outro que tenha respondido com base em suas habilidades, elemento levado em consideração pelo “Parâmetro C” da TRI. O modelo, contudo, evita essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que compõem os diferentes cadernos e as habilidades avaliadas em relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos alunos ao longo do tempo e entre diferentes escolas. 19 Padrões de Desempenho 9º ano EF Língua Portuguesa 0 25 Escala de proficiência 50 75 Muito crítico 100 125 150 175 200 Crítico 225 275 Intermediário 250 300 325 350 375 Adequado 400 425 450 475 500 20 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 A ESCALA DE PROFICIÊNCIA foi desenvolvida com (Saeb). Por permitirem ordenar os resultados o objetivo de traduzir medidas em diagnósticos de desempenho, as escalas são importantes qualitativos do desempenho escolar. Ela orienta, ferramentas para a interpretação dos resultados da por exemplo, o trabalho do professor em relação avaliação. às competências que seus alunos desenvolveram, apresentando os resultados em uma espécie de régua onde os valores obtidos são ordenados e categorizados em intervalos ou faixas que indicam o grau de desenvolvimento das habilidades dos alunos que alcançaram determinado nível de A partir da interpretação dos intervalos da escala, os professores, em parceria com a equipe pedagógica, podem diagnosticar as habilidades já desenvolvidas pelos alunos, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas em sala de desempenho. aula, em cada etapa de escolaridade avaliada. Em geral, para as avaliações em larga escala da precisão na detecção das dificuldades dos alunos, Educação Básica, realizadas no Brasil, os resultados possibilitando o planejamento e a execução dos alunos em Língua Portuguesa são colocados de novas ações para o processo de ensino- em uma mesma Escala de Proficiência definida pelo aprendizagem. A seguir, é apresentada a estrutura Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica da Escala de Proficiência. Com isso, os educadores podem atuar com maior QUADRO ESCALA-MATRIZ DOMÍNIO APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA ESTRATÉGIAS DE LEITURA PROCESSAMENTO DO TEXTO COMPETÊNCIAS DESCRITORES 9° ANO Identifica letras. * Reconhece convenções gráficas. * Manifesta consciência fonológica. * Lê palavras. * Localiza informação. D1 Identifica tema. D5 Realiza inferência. D2, D3, D4, D8, D19, D20, D21 e D22 Identifica gênero, função, e destinatário de um texto. D9 e D10 Estabelece relações lógico-discursivas. D7, D14 e D17 Identifica elementos de um texto narrativo. D11 Estabelece relações entre textos. D13 Distingue posicionamentos. D6 e D12 Identifica marcas linguísticas. D23 * As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nesta etapa de escolaridade. 21 22 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico A estrutura da Escala de Proficiência Na primeira coluna da escala, são apresentados laranja-escuro e chegando ao nível mais complexo, os grandes Domínios do conhecimento em Língua representado pela cor vermelha. Portuguesa para toda a Educação Básica. Esses Domínios são agrupamentos de competências que, por sua vez, agregam as habilidades presentes na Matriz de Referência. Nas colunas seguintes são apresentadas, respectivamente, as competências presentes na Escala de Proficiência e os descritores Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa escala numérica, intervalos divididos em faixas de 25 pontos, que estão representados de zero a 500. Cada intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis da Matriz de Referência a elas relacionados. forma um PADRÃO DE DESEMPENHO. Esses As competências estão dispostas nas várias linhas do Ceará (SEDUC) e representados em diferentes da escala. Para cada competência há diferentes cores. Eles trazem, de forma sucinta, um quadro graus de complexidade representados por uma geral das tarefas que os alunos são capazes de gradação de cores, que vai do amarelo-claro ao fazer, a partir do conjunto de habilidades que vermelho . Assim, a cor amarelo-claro indica o desenvolveram. primeiro nível de complexidade da competência, passando pelo amarelo-escuro, laranja-claro, padrões são definidos pela Secretaria da Educação Para compreender as informações presentes na Escala de Proficiência, pode-se interpretá-la de três maneiras: 1 Primeira 2 Segunda 3 Terceira Perceber, a partir de um Ler a escala por meio dos Interpretar a Escala de determinado Domínio, o grau de Padrões de Desempenho, que Proficiência a partir da complexidade das competências apresentam um panorama do abrangência dos resultados a ele associadas, com base na desenvolvimento dos alunos em de cada instância avaliada: gradação de cores ao longo um determinado intervalo. Dessa estado, CREDE ou município e da escala. Desse modo, é forma, é possível relacionar as escola. Dessa forma, é possível possível analisar como os alunos habilidades desenvolvidas com o verificar o intervalo em que a desenvolvem as habilidades percentual de alunos situado em escola se encontra em relação relacionadas a cada competência cada padrão. às demais instâncias. e realizar uma interpretação que contribua para o planejamento do professor, bem como para as intervenções pedagógicas em sala de aula. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 DOMÍNIOS E COMPETÊNCIAS Ao relacionar os resultados a cada um dos Domínios da Escala de Proficiência e aos respectivos intervalos de gradação de complexidade de cada competência, é possível observar o nível de desenvolvimento das habilidades, aferido pelo teste, e o desempenho esperado dos alunos nas etapas de escolaridade em que se encontram. Esta seção apresenta o detalhamento dos níveis de complexidade das competências (com suas respectivas habilidades), nos diferentes intervalos da Escala de Proficiência. Essa descrição focaliza o desenvolvimento cognitivo do aluno ao longo do processo de escolarização e o agrupamento das competências básicas ao aprendizado da Língua Portuguesa para toda a Educação Básica. APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DA ESCRITA Professor, a apropriação do sistema de escrita é condição para que o aluno leia com compreensão e de forma autônoma. Essa apropriação é o foco do trabalho nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ao longo dos quais se espera que o aluno avance em suas hipóteses sobre a língua escrita. Neste domínio, encontram-se reunidas quatro competências que envolvem percepções acerca dos sinais gráficos que utilizamos na escrita – as letras – e sua organização na página e aquelas referentes a correspondências entre som e grafia. O conjunto dessas competências permite ao alfabetizando ler com compreensão. Identifica letras. Reconhece convenções gráficas. Manifesta consciência fonológica. Lê palavras. competências descritas para este domínio 23 24 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico IDENTIFICA LETRAS 0 25 000 50 000 75 000 100 001 125 002 150 005 175 005 200 005 225 005 250 005 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e desenho são uma mesma coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança pode simplesmente desenhar uma casa. Quando começa a ter contato mais sistemático com textos escritos, a criança observa o uso feito por outras pessoas e começa a perceber que escrita e desenho são coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais que se deve utilizar para escrever. Para chegar a essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras de outros símbolos gráficos, como os números, por exemplo. Uma vez percebendo essa diferenciação, um próximo passo será o de identificar as letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las, mesmo quando escritas em diferentes padrões. 000 BRANCO 0 A 75 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS Alunos que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos, também utilizados na escrita. Esse é um nível básico de desenvolvimento desta competência, representado na escala pelo amarelo-claro. 002 AMARELO-ESCURO 100 A 125 PONTOS Alunos com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras do alfabeto. Este nível de complexidade desta competência é indicado, na escala, pelo amarelo-escuro. 005 VERMELHO ACIMA DE 125 PONTOS Alunos com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos e identificam as letras do alfabeto, mesmo quando escritas em diferentes padrões gráficos. Esse dado está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. RECONHECE CONVENÇÕES GRÁFICAS 0 25 000 50 000 75 000 100 001 125 005 150 005 175 005 200 005 225 005 250 005 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura imitam gestos leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando suas páginas. Esse é um primeiro indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente da fala, se apresenta num fluxo contínuo e, na escrita, é necessário deixar espaços entre as palavras. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 000 BRANCO 0 A 75 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS Alunos que se encontram em níveis de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é organizado na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esse nível é representado na escala pelo amarelo-claro. 005 VERMELHO ACIMA DE 100 PONTOS Alunos com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos adequados entre palavras na construção do texto. Na escala, este nível de complexidade da competência está representado pela cor vermelha. MANIFESTA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA 0 25 000 50 000 75 000 100 001 125 002 150 005 175 005 200 005 225 005 250 005 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 A consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito social percebe que a palavra é composta de unidades menores que ela própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. As habilidades relacionadas a essa competência são importantes para que o aluno seja capaz de compreender que existe correspondência entre o que se fala e o que se escreve. 000 BRANCO 0 A 75 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS Os alunos que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas e sílabas que se repetem em início ou fim de palavra. Ouvir e recitar poesias, além de participar de jogos e brincadeiras que explorem a sonoridade das palavras contribui para o desenvolvimento dessas habilidades. 002 AMARELO-ESCURO 100 A 125 PONTOS Alunos com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. Este novo nível de complexidade da competência está representado na escala pelo amarelo-escuro. 005 VERMELHO ACIMA DE 125 PONTOS Alunos com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram essa competência e esse fato está representado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. 25 26 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico LÊ PALAVRAS 0 25 000 50 000 75 000 100 001 125 002 150 005 175 005 200 005 225 005 250 005 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas habilidades. Uma delas, bastante elementar, é a de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em geral, ao iniciar o processo de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por esse padrão. Posteriormente, em função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas a refletir sobre a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos. 000 BRANCO 0 A 75 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 75 A 100 PONTOS Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica que os alunos que apresentam níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, o mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização. 002 AMARELO-ESCURO 100 A 125 PONTOS O amarelo-escuro indica, na escala, que alunos com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram um novo nível de complexidade da competência de ler palavras: a leitura de palavra formada por sílabas com padrão diferente do padrão consoante/vogal. 005 VERMELHO ACIMA DE 125 PONTOS A cor vermelha indica que alunos com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram as habilidades que concorrem para a construção da competência de ler palavras. ESTRATÉGIAS DE LEITURA A concepção de linguagem que fundamenta o trabalho com a língua materna no Ensino Fundamental é a de que a linguagem é uma forma de interação entre os falantes. Consequentemente, o texto deve ser o foco do ensino da língua, uma vez que as interações entre os sujeitos, mediadas pela linguagem, se materializam na forma de textos de diferentes gêneros. O domínio “Estratégias de Leitura” reúne as competências que possibilitam ao leitor utilizar recursos variados para ler com compreensão textos de diferentes gêneros. Localiza informação. Identifica tema. Realiza inferência. Identifica gênero, função e destinatário de um texto. competências descritas para este domínio Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 LOCALIZA INFORMAÇÃO 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 001 150 002 175 002 200 003 225 003 250 6 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 A competência de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais elementares. Com o seu desenvolvimento, o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando neles informações de que possa necessitar. Essa competência pode apresentar diferentes níveis de complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo, até fazer essa localização em textos mais extensos - e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de habilidades que devem ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pela gradação de cores. 000 BRANCO 0 A 100 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 100 A 125 PONTOS Alunos que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações em frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. Esta é uma habilidade importante porque mostra que o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzindo sentido para o todo e não apenas para as palavras isoladamente. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento desta habilidade está indicado pelo amarelo-claro. 002 AMARELO-ESCURO 125 A 175 PONTOS Os alunos que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos localizam informações em textos curtos, de gêneros textuais familiares e com poucas informações. Esses leitores conseguem, por exemplo, a partir da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um dos personagens. Essa habilidade está indicada, na escala, pelo amarelo-escuro. 003 LARANJA-CLARO 175 A 225 PONTOS Os alunos com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos, desde que o texto se apresente em gênero textual que lhes seja familiar. Esses leitores selecionam, dentre as várias informações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). Na Escala de Proficiência, o laranja-claro indica o desenvolvimento dessa habilidade. 6 LARANJA-ESCURO 225 A 250 PONTOS Os alunos com proficiência entre 225 e 250 pontos, além de localizar informações em textos mais extensos, conseguem localizá-las, mesmo quando o gênero e o tipo textual lhes são menos familiares. Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pelo laranja-escuro. 005 VERMELHO ACIMA DE 250 PONTOS A partir de 250 pontos, encontram-se os alunos que localizam informações explícitas, mesmo quando essas se encontram sob a forma de paráfrases. Esses alunos já desenvolveram a habilidade de localizar informações explícitas, o que está indicado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha. 27 28 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico IDENTIFICA TEMA 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 001 175 001 200 002 225 002 250 003 275 003 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 A competência de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de habilidades que permitem ao leitor perceber o texto como um todo significativo que é consequência articulação entre suas partes. 000 BRANCO 0 A 125 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS Alunos que apresentam um nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um texto desde que esse venha indicado no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de jornal ou revista e textos instrucionais. Esses alunos começam a desenvolver a competência de identificar tema de um texto, fato indicado, na Escala de Proficiência, pelo amarelo-claro. 002 AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS Alunos com proficiência entre 175 e 225 pontos fazem a identificação do tema de um texto, valendose de pistas textuais. Na Escala de Proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de desenvolvimento da competência de identificar tema de um texto. 003 LARANJA-CLARO 225 A 275 PONTOS Alunos com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto mesmo quando esse tema não está marcado apenas por pistas textuais, mas é inferido a partir da conjugação dessas pistas com a experiência de mundo do leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de mundo, alunos com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo textuais familiares. O laranjaclaro indica um nível de complexidade mais elevado da competência. 005 VERMELHO ACIMA DE 275 PONTOS Já os alunos com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo e gênero textuais menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. Esses alunos já desenvolveram a competência de identificar tema em textos, o que está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. REALIZA INFERÊNCIA 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 001 175 001 200 002 225 002 250 003 275 003 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Fazer inferências é uma competência bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que conseguem ir além daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas mais Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 profundas de significação. Para realizar inferências, o leitor deve conjugar, no processo de produção de sentidos sobre o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus conhecimentos prévios, à sua experiência de mundo. Estão envolvidas, na construção da competência de fazer inferências, as habilidades de: inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece; inferir o sentido de sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a partir de outras que o texto apresenta; ou, ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto. 000 BRANCO 0 A 125 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS O nível de complexidade desta competência também pode variar em função de alguns fatores: se o texto apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o gênero textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. Alunos com proficiência entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta competência, podendo realizar inferências em textos não verbais como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem texto verbal, e, ainda, inferir o sentido de palavras ou expressões a partir do contexto em que elas se apresentam. Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da competência de realizar inferências. 002 AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS Alunos que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos não verbais e de linguagem mista, desde que a temática desenvolvida e o vocabulário empregado sejam familiares. Esses alunos conseguem, ainda, inferir o efeito de sentido produzido por alguns sinais de pontuação e o efeito de humor em textos como, por exemplo, piadas e tirinhas. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento dessas habilidades pelos alunos está indicado pelo amarelo-escuro. 003 LARANJA-CLARO 225 A 275 PONTOS Alunos com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas como inferir o sentido de uma expressão metafórica ou efeito de sentido de uma onomatopeia; inferir o efeito de sentido produzido pelo uso de uma palavra em sentido conotativo e pelo uso de notações gráficas e, ainda, o efeito de sentido produzido pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares e/ou com vocabulário mais complexo. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento dessas habilidades está indicado pelo laranja-claro. 005 VERMELHO ACIMA DE 275 PONTOS Alunos com proficiência a partir de 275 pontos já desenvolveram a habilidade de realizar inferências, pois, além das habilidades relacionadas aos níveis anteriores da escala, inferem informações em textos de vocabulário mais complexo e temática pouco familiar, valendo-se das pistas textuais, de sua experiência de mundo e de leitor e, ainda, inferem o efeito de ironia em textos diversos, além de reconhecerem o efeito do uso de recursos estilísticos. O desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. 29 30 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico IDENTIFICA GÊNERO, FUNÇÃO E DESTINATÁRIO DE UM TEXTO 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 001 150 001 175 001 200 002 225 002 250 002 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 A competência de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve habilidades cujo desenvolvimento permite ao leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais o texto escrito é utilizado com funções comunicativas reais. Essas habilidades vão desde a identificação da finalidade com que um texto foi produzido até a percepção de a quem ele se dirige. O nível de complexidade que esta competência pode apresentar dependerá da familiaridade do leitor com o gênero textual; portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o aluno dispuser, maiores suas possibilidades de perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que o repertório de gêneros textuais se amplia à medida que os alunos têm possibilidades de participar de situações de comunicação variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e atendam a propósitos comunicativos concretos. 000 BRANCO 0 A 100 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 100 A 175 PONTOS Alunos que apresentam um nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de textos de gênero textual familiar como receitas culinárias, bilhetes, poesias. Essa identificação pode ser feita em função da forma do texto, quando ele se apresenta na forma relativamente estável em que o gênero geralmente se encontra em situações da vida cotidiana (por exemplo, no caso da receita culinária, quando ela traz inicialmente os ingredientes, seguidos do modo de preparo dos mesmos), além de identificarem uma notícia. Na Escala de Proficiência, esse início de desenvolvimento da competência está indicado pelo amarelo-claro. 002 AMARELO-ESCURO 175 A 250 PONTOS Aqueles alunos com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos de ampla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valendo-se das pistas oferecidas pelo texto, tais como, o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. Na Escala de Proficiência, o grau de complexidade desta competência está indicado pelo amareloescuro. 005 VERMELHO ACIMA DE 250 PONTOS Os alunos que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já desenvolveram a competência de identificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco familiar e com vocabulário mais complexo. Esse fato está representado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 PROCESSAMENTO DO TEXTO Estabelece relações lógico-discursivas. Neste domínio estão agrupadas competências cujo desenvolvimento Identifica elementos de um texto narrativo. tem início nas séries iniciais do Ensino Fundamental, progredindo em grau de complexidade até o final do Ensino Médio. Para melhor Estabelece relações entre textos. compreendermos o desenvolvimento destas competências, precisamos lembrar que a avaliação tem como foco a leitura, Distingue posicionamentos. não se fixando em nenhum conteúdo específico. Na verdade, Identifica marcas linguísticas. diversos conteúdos trabalhados no decorrer de todo o período de escolarização contribuem para o desenvolvimento das competências e competências descritas para este domínio habilidades associadas a este domínio. Chamamos de processamento do texto as estratégias utilizadas na sua constituição e sua utilização na e para a construção do sentido do texto. Neste domínio, encontramos cinco competências, as quais serão detalhadas a seguir, considerando que as cores apresentadas na escala indicam o início do desenvolvimento da habilidade, as gradações de dificuldade e sua consequente consolidação. ESTABELECE RELAÇÕES LÓGICO-DISCURSIVAS 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 000 175 001 200 001 225 002 250 002 275 003 300 003 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 A competência de estabelecer relações lógico-discursivas envolve habilidades necessárias para que o leitor estabeleça relações que contribuem para a continuidade, progressão do texto, garantindo sua coesão e coerência. Essas habilidades relacionam-se, por exemplo, ao reconhecimento de relações semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. Ainda podemos indicar a capacidade de o aluno reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome. O grau de complexidade das habilidades associadas a essa competência está diretamente associado a dois fatores: a presença dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento desses elementos dentro do texto, por exemplo, se um pronome está mais próximo ou mais distante do termo a que ele se refere. 000 BRANCO 0 A 150 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 150 A 200 PONTOS Os alunos que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a habilidade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com linguagem mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais como, por exemplo, de tempo, lugar e modo. 31 32 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico 002 AMARELO-ESCURO 200 A 250 PONTOS No intervalo de 200 a 250, indicado pelo amarelo-escuro, os alunos já conseguem realizar tarefas mais complexas como estabelecer relações anafóricas por meio do uso de pronomes pessoais retos e por meio de substituições lexicais. Acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas pelo uso de conjunções, como as comparativas. 003 LARANJA-CLARO 250 A 300 PONTOS No laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos na escala, os alunos atingem um nível maior de abstração na construção dos elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa e consequência sem que haja marcas textuais explícitas indicando essa relação semântica. Esses alunos também reconhecem, na estrutura textual, os termos retomados por pronomes pessoais oblíquos, por pronomes demonstrativos e possessivos. 005 VERMELHO ACIMA DE 300 PONTOS Os alunos com proficiência acima de 300 pontos na escala estabelecem relações lógico-semânticas mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. A cor vermelha indica o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência. É importante ressaltar que o trabalho com elementos de coesão e coerência do texto deve ser algo que promova a compreensão de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem entre si uma rede de sentido, a qual deve ser construída pelo leitor. IDENTIFICA ELEMENTOS DE UM TEXTO NARRATIVO 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 000 175 001 200 002 225 005 250 005 275 005 300 005 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato tanto na oralidade quanto na escrita. Daí, observarmos o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência em níveis mais baixos da Escala de Proficiência, ao contrário do que foi visto na competência anterior. Identificar os elementos estruturadores de uma narrativa significa conseguir dizer onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem como sob que ponto de vista a história é narrada. Essa competência envolve, ainda, a habilidade de reconhecer o fato que deu origem à história (conflito ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa. Esses elementos dizem respeito tanto às narrativas literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...) como às narrativas de caráter não literário, uma notícia, por exemplo. 000 BRANCO 0 A 150 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 150 A 175 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na escala, nível marcado pelo amarelo-claro, estão começando a desenvolver essa competência. Esses alunos identificam o fato gerador de uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narrados. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 002 AMARELO-ESCURO 175 A 200 PONTOS Entre 175 e 200 pontos na escala, há um segundo nível de complexidade, marcado pelo amareloescuro. Nesse nível, os alunos reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narrados. 005 VERMELHO ACIMA DE 200 PONTOS A partir de 200 pontos, os alunos agregam a essa competência mais duas habilidades: o reconhecimento da solução de conflitos e do tempo em que os fatos ocorrem. Nessa última habilidade, isso pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. A faixa vermelha indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência. ESTABELECE RELAÇÕES ENTRE TEXTOS 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 000 175 000 200 000 225 001 250 001 275 002 300 002 325 005 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Esta competência diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer dentro de um texto ou entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é um fator importante para o estabelecimento dos tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona e os distingue. As habilidades envolvidas nessa competência começam a ser desenvolvidas em níveis mais altos da Escala de Proficiência, revelando, portanto, tratar-se de habilidades mais complexas, que exigem do leitor uma maior experiência de leitura. 000 BRANCO 0 A 225 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 225 A 275 PONTOS Os alunos que se encontram entre 225 e 275 pontos na escala, marcado pelo amarelo-claro, começam a desenvolver as habilidades desta competência. Esses alunos reconhecem diferenças e semelhanças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema comum na comparação entre diferentes textos informativos. 002 AMARELO-ESCURO 275 A 325 PONTOS O amarelo-escuro, 275 a 325 pontos, indica que os alunos com uma proficiência que se encontra neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo, reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto. 005 VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS A partir de 325 pontos, temos o vermelho que indica o desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência. Os alunos que ultrapassam esse nível na Escala de Proficiência são considerados leitores proficientes. 33 34 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico DISTINGUE POSICIONAMENTOS 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 000 175 000 200 000 225 001 250 002 275 002 300 003 325 003 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e o texto. 000 BRANCO 0 A 200 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 200 A 225 PONTOS Esta competência começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na Escala de Proficiência. Os alunos que se encontram no nível indicado pelo amarelo-claro distinguem, por exemplo, fato de opinião em um texto narrativo. 002 AMARELO-ESCURO 225 A 275 PONTOS No amarelo-escuro, de 225 a 275 pontos, encontram-se os alunos que já se relacionam com o texto de modo mais avançado. Neste nível de proficiência, encontram-se as habilidades de identificar trechos de textos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto. 003 LARANJA-CLARO 275 A 325 PONTOS O laranja-claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade das habilidades associadas a esta competência. Os alunos cujo desempenho se localiza neste intervalo da Escala de Proficiência conseguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto. 005 VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS O vermelho, acima do nível 325, indica o desenvolvimento das habilidades envolvidas nesta competência. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 IDENTIFICA MARCAS LINGUÍSTICAS 0 25 000 50 000 75 000 100 000 125 000 150 001 175 001 200 002 225 002 250 003 275 003 300 6 325 6 350 005 375 005 400 005 425 005 450 005 475 005 500 005 Esta competência relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do patrimônio social e cultural de uma sociedade. Assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Esta competência envolve as habilidades de reconhecer, por exemplo, marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou interlocutor por meio de marcas linguísticas. 000 BRANCO 0 A 125 PONTOS Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa branco, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência. 001 AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS Os alunos que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 125 a 175 pontos na escala, começam a desenvolver esta competência ao reconhecer expressões próprias da oralidade. 002 AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS No intervalo de 175 a 225, amarelo-escuro, os alunos já conseguem identificar marcas linguísticas que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos. 003 LARANJA-CLARO 225 A 275 PONTOS No intervalo de 225 a 275, laranja-claro, os alunos apresentam a habilidade de reconhecer marcas de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo. 6 LARANJA-ESCURO 275 A 325 PONTOS Os alunos que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja-escuro, identificam marcas de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por expressões idiomáticas. 005 VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS A faixa vermelha, a partir do nível 325 da Escala de Proficiência, indica o desenvolvimento das habilidades associadas a essa competência. O desenvolvimento dessas habilidades é muito importante, pois implica a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística. 35 36 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Padrões de Desempenho Estudantil Muito Crítico Crítico Intermediário Os Padrões de Desempenho são categorias definidas a partir de cortes numéricos que agrupam os níveis da Escala de Proficiência, com base nas metas educacionais articuladas ao SPAECE. Esses cortes dão origem a quatro Padrões de Desempenho, os quais apresentam o perfil de desempenho dos alunos: Muito Crítico Adequado Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos padrões não esgotam tudo aquilo que os alunos desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas essenciais em cada Crítico Intermediário Adequado etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas em um teste de múltipla escolha. Cabe aos docentes, através de instrumentos de observação e registros Desta forma, alunos que se encontram em um Padrão de utilizados em sua prática cotidiana, Desempenho abaixo do esperado para sua etapa de escolaridade identificarem outras características precisam ser foco de ações pedagógicas mais especializadas, de apresentadas por seus alunos e modo a garantir o desenvolvimento das habilidades necessárias ao que não são contempladas nos sucesso escolar, evitando, assim, a repetência e a evasão. padrões. Isso porque, a despeito Por outro lado, estar no padrão mais elevado indica o caminho para o êxito e a qualidade da aprendizagem dos alunos. Contudo, é preciso salientar que mesmo os alunos posicionados no padrão mais elevado precisam de atenção, pois é necessário estimulá-los para que progridam cada vez mais. dos traços comuns a alunos que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica. São apresentados, a seguir, exemplos de itens* característicos de cada padrão. *O percentual de respostas em branco e nulas não foi contemplado na análise. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Muito Crítico 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 até 200 pontos Neste Padrão de Desempenho, os alunos se limitam a realizar operações básicas de leitura, interagindo apenas com textos do cotidiano, de estrutura simples e de temáticas que lhes são familiares. Eles localizam informações explícitas; realizam inferências de informações, de efeito de sentido de palavra ou expressão, de efeito do emprego de pontuação e de efeitos de humor. Além disso, identificam a finalidade desses textos. Quanto aos textos de estrutura narrativa, identificam personagem, cenário e tempo. Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-se operações de retomada de informações por meio de pronomes pessoais retos, por substituição lexical. Além disso, reconhecem relações lógico-discursivas, marcadas no texto por advérbios e locuções adverbiais e por marcadores de causa e consequência. No campo da variação linguística reconhecem expressões representativas da linguagem coloquial. Considerando as habilidades descritas, constata-se que esses alunos, após nove anos de escolaridade apresentam lacunas no processo de desenvolvimento da competência leitora. 37 38 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. A viagem da saudade 5 10 15 20 Era uma vez uma grande saudade. Uma saudade que apareceu no coração do José com um bonito nome: Rosinha. Só que Rosinha morava longe demais. No outro lado do mundo. Um dia, José acordou com tanta vontade de abraçar a Rosinha que fez sua mala. Resolveu levar a saudade para viajar. José pegou um ônibus barulhento e foi até o aeroporto. Chegando lá, ele comprou uma passagem e entrou no avião. O avião decolou e José sentiu um friozinho na barriga. Lá em cima, nas nuvens de algodão, a saudade ficou menor. José desceu do avião e gritou abracadraba. Uma bicicleta pulou de seu chapéu invisível. Ele pedalou, pedalou e não parou de pensar na Rosinha. José largou a bicicleta e desenhou um tapete voador. O tapete saiu voando atrás de uma linda amizade. José, finalmente, percebeu que estava chegando. Resolveu descer e andar um pouco a pé. Ele enrolou o tapete, colocou embaixo do braço e sorriu. José sorriu para as roseiras do jardim, colheu umas rosas bem cheirosas e deu de cara com a casa de seu amor. O coração disparou. Ele tocou a campainha. A saudade cresceu. Ninguém apareceu. Ele tocou a campainha outra vez. O tempo passando. A saudade crescendo e nada. José olhou para o tapete da porta e encontrou um bilhete: – Oi, pessoal! Viajei para o outro lado do mundo. Fui dar um abraço no meu amigo José. Volto outro dia. Rosinha José rasgou o bilhete, dobrou a saudade e voltou para casa. RIBEIRO, Jonas. A viagem da saudade. 3. ed. Juiz de Fora: Franco Editora, 1970. (P050657C2_SUP) (P050658C2) O que fez com que essa história acontecesse? A) A saudade de Rosinha. B) A viagem de avião. C) O tapete sair voando. D) O bilhete deixado por Rosinha. A habilidade avaliada nesse item é reconhecer os elementos que compõem uma narrativa e o conflito gerador. Essa habilidade diz respeito ao trato do texto narrativo e seus elementos estruturantes, requerendo do aluno a identificação do clímax, conflito gerador, desfecho, personagens e orientação espacial ou temporal. Nesse caso, o item aponta para o reconhecimento do conflito gerador dessa história, isto é, o apontamento do fato que motivou as ações narradas. Para a sua resolução, é necessário que o aluno perceba, no segundo parágrafo do texto, a expressão “Um dia” como elemento que introduz essa reviravolta na história, quando José, por causa da saudade de Rosinha, viaja a procura da amiga. Aqueles alunos que conseguiram realizar esse procedimento de leitura devem ter identificado o fato que motivou a história, assinalando a alternativa A – o gabarito. Os alunos que optaram pela alternativa B podem ter relacionado a palavra “viagem” presente no título à mesma palavra desta alternativa ou podem, ainda, ter se concentrado em uma informação pontual do 78 78,0% de acerto A B C D 78,0% 6,5% 3,4% 11,0% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 texto que não se configura como a motivação da A opção pela alternativa D revela que os alunos história. focaram em informações que fazem parte do Aqueles que assinalaram a alternativa C devem ter sido atraídos pela referência ao veículo com o qual José viajou, algo inusitado e incomum, um dos elementos que caracteriza o teor fantástico dessa obra, mas que não responde ao que foi solicitado pelo comando do item. desfecho dessa história, como o bilhete deixado por Rosinha na porta de sua casa. Esses alunos demonstraram pouca compreensão do elemento da narrativa avaliado e, portanto, assim como aqueles que assinalaram qualquer distrator, possivelmente, não desenvolveram essa habilidade. Leia o texto abaixo. A viagem da saudade 5 10 15 20 Era uma vez uma grande saudade. Uma saudade que apareceu no coração do José com um bonito nome: Rosinha. Só que Rosinha morava longe demais. No outro lado do mundo. Um dia, José acordou com tanta vontade de abraçar a Rosinha que fez sua mala. Resolveu levar a saudade para viajar. José pegou um ônibus barulhento e foi até o aeroporto. Chegando lá, ele comprou uma passagem e entrou no avião. O avião decolou e José sentiu um friozinho na barriga. Lá em cima, nas nuvens de algodão, a saudade ficou menor. José desceu do avião e gritou abracadraba. Uma bicicleta pulou de seu chapéu invisível. Ele pedalou, pedalou e não parou de pensar na Rosinha. José largou a bicicleta e desenhou um tapete voador. O tapete saiu voando atrás de uma linda amizade. José, finalmente, percebeu que estava chegando. Resolveu descer e andar um pouco a pé. Ele enrolou o tapete, colocou embaixo do braço e sorriu. José sorriu para as roseiras do jardim, colheu umas rosas bem cheirosas e deu de cara com a casa de seu amor. O coração disparou. Ele tocou a campainha. A saudade cresceu. Ninguém apareceu. Ele tocou a campainha outra vez. O tempo passando. A saudade crescendo e nada. José olhou para o tapete da porta e encontrou um bilhete: – Oi, pessoal! Viajei para o outro lado do mundo. Fui dar um abraço no meu amigo José. Volto outro dia. Rosinha José rasgou o bilhete, dobrou a saudade e voltou para casa. RIBEIRO, Jonas. A viagem da saudade. 3. ed. Juiz de Fora: Franco Editora, 1970. (P050657C2_SUP) (P050661C2) No trecho “... e deu de cara com a casa de seu amor.” (ℓ. 13), a expressão em destaque tem o mesmo sentido que A) conhecer a casa. B) desenhar a casa. C) encontrar a casa. D) imaginar a casa. 75, % de acerto 75 6 A habilidade avaliada nesse item é inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Essa habilidade refere-se à capacidade de o aluno ir além do que se encontra expresso na superfície textual, produzindo novas informações sobre o texto, por meio da compreensão do contexto e do acionamento de sua própria experiência de mundo. Esse descritor avalia uma habilidade inferencial específica, visto que, verifica se o respondente é capaz de perceber o sentido que uma palavra ou expressão adquire no contexto em que aparece. A B C D 14,7% 3,2% 75,6% 5,7% 39 40 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Para responder a esse item, os alunos deveriam mobilizar o seu conhecimento prévio acerca da expressão “dar de cara” e, ainda, articulá-la ao presente contexto. Aqueles que conseguiram aliar as informações oriundas dessas duas esferas de conhecimento, possivelmente, construíram o significado atribuído a essa expressão, sendo capaz de transpor o sentido da frase, destacada no comando, para “encontrou a casa do seu amor”, conforme exposto na alternativa C – o gabarito. A opção pela alternativa A pode revelar que os alunos focaram em uma possível ação inédita do personagem José, já que Rosinha morava longe, do outro lado do mundo, seria a primeira vez que conheceria sua casa. Porém, essa inferência não encontra confirmação no texto. Os alunos que assinalaram a letra B podem ter se guiado pelo verbo “desenhar”, presente no terceiro parágrafo desse texto, sem, contudo, perceber que essa ação está associada ao tapete voador e não se encaixa na situação proposta pelo comando do item. É possível que os alunos que escolheram a alternativa D tenham se apegado ao sentido geral do texto, que apresenta passagens ficcionais, entendendo que as ações atribuídas a José sejam fruto da imaginação do personagem. No entanto, desconsideraram o recorte feito no texto para a inferência de uma expressão específica. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Leia o texto abaixo. A viagem da saudade 5 10 15 20 Era uma vez uma grande saudade. Uma saudade que apareceu no coração do José com um bonito nome: Rosinha. Só que Rosinha morava longe demais. No outro lado do mundo. Um dia, José acordou com tanta vontade de abraçar a Rosinha que fez sua mala. Resolveu levar a saudade para viajar. José pegou um ônibus barulhento e foi até o aeroporto. Chegando lá, ele comprou uma passagem e entrou no avião. O avião decolou e José sentiu um friozinho na barriga. Lá em cima, nas nuvens de algodão, a saudade ficou menor. José desceu do avião e gritou abracadraba. Uma bicicleta pulou de seu chapéu invisível. Ele pedalou, pedalou e não parou de pensar na Rosinha. José largou a bicicleta e desenhou um tapete voador. O tapete saiu voando atrás de uma linda amizade. José, finalmente, percebeu que estava chegando. Resolveu descer e andar um pouco a pé. Ele enrolou o tapete, colocou embaixo do braço e sorriu. José sorriu para as roseiras do jardim, colheu umas rosas bem cheirosas e deu de cara com a casa de seu amor. O coração disparou. Ele tocou a campainha. A saudade cresceu. Ninguém apareceu. Ele tocou a campainha outra vez. O tempo passando. A saudade crescendo e nada. José olhou para o tapete da porta e encontrou um bilhete: – Oi, pessoal! Viajei para o outro lado do mundo. Fui dar um abraço no meu amigo José. Volto outro dia. Rosinha José rasgou o bilhete, dobrou a saudade e voltou para casa. RIBEIRO, Jonas. A viagem da saudade. 3. ed. Juiz de Fora: Franco Editora, 1970. (P050657C2_SUP) (P050660C2) O trecho “– Oi, pessoal! Viajei para o outro lado do mundo.” (ℓ. 17), é um exemplo de linguagem utilizada em A) conversa entre amigos. B) documentos oficiais. C) jornais. D) poemas. Esse é outro item que caracteriza este padrão. A habilidade aferida aqui é a de identificar os níveis de linguagem e/ou as marcas linguísticas que evidenciam locutor e/ou interlocutor. Nesse caso, avalia-se o contexto característico da linguagem informal. 83 83,4% de acerto A B C D 83,4% 7,3% 3,4% 4,9% 41 42 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. A viagem da saudade 5 10 15 20 Era uma vez uma grande saudade. Uma saudade que apareceu no coração do José com um bonito nome: Rosinha. Só que Rosinha morava longe demais. No outro lado do mundo. Um dia, José acordou com tanta vontade de abraçar a Rosinha que fez sua mala. Resolveu levar a saudade para viajar. José pegou um ônibus barulhento e foi até o aeroporto. Chegando lá, ele comprou uma passagem e entrou no avião. O avião decolou e José sentiu um friozinho na barriga. Lá em cima, nas nuvens de algodão, a saudade ficou menor. José desceu do avião e gritou abracadraba. Uma bicicleta pulou de seu chapéu invisível. Ele pedalou, pedalou e não parou de pensar na Rosinha. José largou a bicicleta e desenhou um tapete voador. O tapete saiu voando atrás de uma linda amizade. José, finalmente, percebeu que estava chegando. Resolveu descer e andar um pouco a pé. Ele enrolou o tapete, colocou embaixo do braço e sorriu. José sorriu para as roseiras do jardim, colheu umas rosas bem cheirosas e deu de cara com a casa de seu amor. O coração disparou. Ele tocou a campainha. A saudade cresceu. Ninguém apareceu. Ele tocou a campainha outra vez. O tempo passando. A saudade crescendo e nada. José olhou para o tapete da porta e encontrou um bilhete: – Oi, pessoal! Viajei para o outro lado do mundo. Fui dar um abraço no meu amigo José. Volto outro dia. Rosinha José rasgou o bilhete, dobrou a saudade e voltou para casa. RIBEIRO, Jonas. A viagem da saudade. 3. ed. Juiz de Fora: Franco Editora, 1970. (P050657C2_SUP) (P050659C2) De acordo com esse texto, o que fez a mágica acontecer foi A) o tapete voador. B) o ônibus barulhento. C) a viagem de avião. D) a palavra abracadraba. Esse item, também representativo deste padrão, avalia a habilidade de localizar uma informação explícita em um texto verbal. 71 71,8% de acerto A B C D 11,3% 4,6% 11,2% 71,8% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Crítico 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 de 200 a 250 pontos Os alunos cujas médias de proficiência estão situadas neste Padrão de Desempenho ampliam suas habilidades de leitura, sendo capazes de interagir com textos de temática menos familiar e de estrutura um pouco mais complexa. No que diz respeito à percepção de posicionamentos presentes no texto, esses alunos conseguem distinguir fato de opinião e identificar a tese e os argumentos que a sustentam. Quanto à apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-se operações de retomada de informações por meio de pronomes pessoais e indefinidos e por substituição lexical. Revelam-se também operações de reconhecimento de relações lógico-discursivas, marcadas por advérbios, locuções adverbiais e marcadores de causa e consequência. No que diz respeito ao tratamento das informações globais, esses alunos inferem o assunto de textos de temática do cotidiano. Revelam a capacidade de selecionar informações do texto, distinguindo a principal das secundárias. No campo da variação linguística, identificam interlocutores por meio das marcas linguísticas. Com relação às operações inferenciais, eles depreendem informações implícitas, o sentido de palavras ou expressões, o efeito do uso da pontuação e de situações que geram humor. Além disso, reconhecem o efeito de sentido de notações em um texto de linguagem mista. 43 44 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. Galinha de estimação Agora é moda, lá nos Estados Unidos, ter galinha como bichinho de estimação. Eu vi numa revista. Acho que as pessoas estão com saudades de um tempo mais calminho, quando tinha galinheiro em casa. O despertador era o galo. Agora que o mundo está cheio de aparelhos por todos os lados, dá pra imaginar que um dia muita gente vai querer um cantinho sossegado pra sentir o contato com a natureza, com uma vida mais simples. Tem até um site inglês com dicas e etc sobre as galinhas “pets” [...]. Disponível em: <http://migre.me/fVikt>. Acesso em: 5 mar. 2012. Fragmento. (P050340BH_SUP) (P050340BH) Nesse texto, há uma opinião no trecho: A) “Acho que as pessoas estão com saudades de um tempo mais calminho,...”. B) “Agora é moda, lá nos Estados Unidos, ter galinha como bichinho de estimação.”. C) “Agora que o mundo está cheio de aparelhos...”. D) “Tem até um site inglês com dicas e etc.”. A habilidade avaliada nesse item é distinguir um animais de estimação, não sendo, portanto, uma fato de uma opinião. Para tanto, o aluno deve crítica ou julgamento do autor sobre o fato. reconhecer o que é fato e o que se coloca como posicionamento em relação a esse fato. A opção pela alternativa C pode indicar que esses No item em questão, afere-se essa habilidade em equivocadamente, uma marcação temporal, que um texto que traz uma informação de um novo indica fato recente, a uma opinião. Essa associação hábito dos norte-americanos sobre a criação de demonstra pouca habilidade em estabelecer animais de estimação curiosos, como a galinha. A relações entre partes de um texto, bem como em linguagem é bem simples e a curta extensão do diferenciar marcas de subjetividade. texto facilita a leitura e a compreensão. A opinião presente nesse texto vem claramente marcada pela presença do verbo em 1ª pessoa no vocábulo “Acho”, que assinala o julgamento do autor acerca das motivações para a criação de galinhas como animais de estimação. Nesse sentido, os alunos que escolheram a alternativa A como gabarito demonstram ter identificado essa marcação verbal como indicador de opinião e, por isso, demonstraram ter desenvolvido a habilidade aferida pelo item. Aqueles que assinalaram a letra B podem ter sido guiados pela palavra “moda” como uma marca opinativa, no entanto, essa é uma referência à adesão de pessoas na adoção de galinhas como alunos se fixaram no advérbio “Agora”, associando, Os alunos que assinalaram a alternativa D devem ter associado a sugestão de leitura sobre o tema a uma opinião. Eles, contudo, não observaram que não há caracterização subjetiva do site, o que poderia configurar, dessa forma, uma opinião. 59 59,9% de acerto A B C D 59,9% 18,1% 10,2% 10,6% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Leia o texto abaixo. Uma grande surpresa A mãe de Paulinho entra subitamente na cozinha e o pega tirando chocolates de dentro do armário para comer escondido. Ela exclama com surpresa: – Francamente, Paulinho, estou surpresa em encontrá-lo aqui! – Pois saiba que eu estou muito mais! – responde Paulinho – Jurava que a senhora tinha saído! Disponível em: <http://sitededicas.ne10.uol.com.br/humor.htm>. Acesso em: 3 fev. 2012. (P050300BH_SUP) (P050302BH) Nesse texto, conclui-se que A) a mãe de Paulinho se esqueceu dele. B) a mãe de Paulinho mentiu para ele. C) Paulinho não deveria comer os chocolates. D) Paulinho não deveria estar sozinho em casa. Inferir uma informação em um texto verbal é a para pegar a travessura do filho. No entanto, esse habilidade avaliada por esse item. Essa habilidade texto não autoriza essa conclusão, uma vez que está relacionada à informação que não está não traz informações suficientes para amparar esse explícita na superfície textual, mas que, a partir das raciocínio. pistas oferecidas, pode ser construída pelo aluno. Nesse item, o texto utilizado como suporte traz uma anedota curta e com linguagem adequada aos Os alunos que marcaram a alternativa D podem ter entendido que o fato de o menino estar sozinho na alunos desta etapa de escolarização. cozinha ao ser surpreendido pela mãe é o elemento O comando aponta para uma conclusão relacionada esse o motivo da bronca da mãe, estar sozinho em ao sentido global desse texto, identificando casa. Eles, no entanto, desconsideraram a ação determinado comportamento de um personagem, mais importante desse texto que é Paulinho pegar segundo a sequência narrativa. Aqueles alunos que o chocolate escondido da mãe. perceberam na fala da mãe o tom de reprovação quanto à atitude do filho, de pegar escondido o chocolate, possivelmente, assinalaram a alternativa C – o gabarito –, entendendo que o garoto não estava autorizado a comer o doce. Esses alunos demonstram realizar uma leitura mais madura e aprofundada dos textos, retirando-lhes sentidos mais densos. Aqueles que escolheram a alternativa A podem ter se valido das expressões “entrar subitamente na cozinha” e “encontrá-lo aqui” para entender que a mãe procurava pelo filho que havia sido deixado para trás. Entretanto, não há pistas suficientes nesse texto que sustente essa conclusão. A opção pela alternativa B pode revelar que esses alunos inferiram que a mãe “armou” uma armadilha causador, inclusive, do humor desse texto, sendo Portanto, a escolha pelas alternativas distratoras demonstram inferências que extrapolam os sentidos do texto e sugerem o não desenvolvimento da habilidade. 56 56,1% de acerto A B C D 8,1% 22,6% 56,1% 12,3% 45 46 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. Uma grande surpresa A mãe de Paulinho entra subitamente na cozinha e o pega tirando chocolates de dentro do armário para comer escondido. Ela exclama com surpresa: – Francamente, Paulinho, estou surpresa em encontrá-lo aqui! – Pois saiba que eu estou muito mais! – responde Paulinho – Jurava que a senhora tinha saído! Disponível em: <http://sitededicas.ne10.uol.com.br/humor.htm>. Acesso em: 3 fev. 2012. (P050300BH_SUP) (P050067E4) Esse texto é engraçado, porque A) a mãe entra de repente na cozinha. B) a mãe fica surpresa com a atitude do menino. C) o menino fica mais surpreso que a mãe. D) o menino pega um chocolate escondido da mãe. Esse é outro item representativo deste padrão, que avalia a habilidade de reconhecer efeito de humor em textos diversos. 66 66,0% de acerto A B C D 10,7% 12,3% 66,0% 9,9% Leia o texto abaixo. Uma grande surpresa A mãe de Paulinho entra subitamente na cozinha e o pega tirando chocolates de dentro do armário para comer escondido. Ela exclama com surpresa: – Francamente, Paulinho, estou surpresa em encontrá-lo aqui! – Pois saiba que eu estou muito mais! – responde Paulinho – Jurava que a senhora tinha saído! Disponível em: <http://sitededicas.ne10.uol.com.br/humor.htm>. Acesso em: 3 fev. 2012. (P050300BH_SUP) (P050301BH) No trecho “– Francamente, Paulinho, estou surpresa em encontrá-lo aqui!”, o travessão indica A) a ação da mãe. B) a fala da mãe. C) o comentário do narrador. D) o pensamento de Paulinho. Esse item afere a habilidade de identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. Nesse caso, verifica-se o uso do travessão. 7 67,6% de acerto A B C D 18,7% 67,6% 5,0% 7,5% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Intermediário 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 de 250 a 300 pontos Neste Padrão de Desempenho encontram-se habilidades mais complexas, que exigem dos alunos uma maior autonomia de leitura em face das atividades cognitivas que lhes são exigidas e dos textos com os quais irão interagir. Esses alunos interagem com textos expositivos e argumentativos com temáticas conhecidas, sendo capazes de identificar informações parafraseadas e distinguir a informação principal das secundárias. Eles demonstram conhecimento acerca das relações estabelecidas por conjunções, preposições, pronomes e advérbios, que constroem um texto coeso e coerente, e geram os efeitos de sentido pretendidos pelo autor. Além disso, esses alunos recuperam informações em textos por meio de referência pronominal (além dos pronomes pessoais e dos indefinidos, acrescentem-se os pronomes demonstrativos e os possessivos). Recuperam, ainda, informações referenciais baseadas na omissão de um item, elipse de uma palavra, um sintagma ou uma frase. Quanto à variação linguística, os alunos identificam expressões próprias de linguagem técnica e científica. No que se refere à intertextualidade, fazem a leitura comparativa de textos que tratam do mesmo tema, revelando um avanço no tratamento das informações presentes no texto. O processo inferencial que esses alunos manifestam é realizado por meio do reconhecimento do tema do texto; do sentido de expressões complexas; do efeito de sentido decorrente do uso de notações em textos que conjugam mais de uma linguagem; do efeito de sentido decorrente do uso de recursos morfossintáticos. Observa-se, assim, uma ampliação das operações inferenciais realizadas pelos alunos que apresentam um desempenho que os posiciona neste padrão. Com relação à leitura global de textos, eles conseguem identificar a tese e os argumentos que a sustentam; reconhecem a função social de textos fabulares e de outros com temática científica, identificando, ainda, sua finalidade. Portanto, percebe-se que os alunos que se localizam neste Padrão de Desempenho já desenvolveram habilidades próprias de um leitor autônomo. 47 48 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. Por que não conseguimos fazer greve de sono? Alexandre Werneck, por e-mail. Por mais banho gelado que tome, chega uma hora em que o sujeito apaga. Literalmente. “Fazer greve de sono é impossível. Em média, após 96 horas de privação, o indivíduo não aguenta e sofre um rebote de sono”, diz a pneumologista Lia Rita Azeredo Bittencourt, da Associação Brasileira do Sono. E, segundo a neurologista Andréa Bacelar, da Sociedade de Neurofisiologia Clínica do Rio de Janeiro, não há café, mate ou guaraná que dê jeito. E por um motivo simples: tais substâncias, explica ela, não têm efeito acumulativo. “É importante não brigarmos nunca com esse fenômeno fisiológico involuntário chamado sono porque, nessa briga, só existe um vencedor. E, dependendo da atividade que estivermos realizando, podemos colocar nossa vida e a de terceiros em risco”, diz Andréa. Mesmo assim, contrariando as previsões médicas, o finlandês Toimi Soini bateu, em 1.964, o recorde mundial de privação de sono: 276 horas (ou 11 dias e meio). A façanha foi reconhecida pelo Guinness Book, o livro dos recordes, em 1.989, mas a categoria foi extinta pouco depois. Motivo? Causava muitos males à saúde dos candidatos. Revista Galileu, 213 ed., Globo, abr. 2009. p. 32. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P090044A9_SUP) (P090044A9) A ideia central desse texto está contida em A) o sono pode ser combatido com banho frio. B) o indivíduo tem um limite para ficar acordado. C) o mate, o café e o guaraná perdem para o sono. D) o sono tem importância vital para o homem. Esse item avalia a habilidade de diferenciar a informação principal das secundárias em um texto. Para tal avaliação utilizou-se um texto informativo com características de uma curiosidade, publicada em uma revista de divulgação científica de circulação nacional. A dificuldade para o procedimento da leitura deve-se à presença de diversas opiniões de especialistas da área da saúde, além do recordista do Guiness Book, presenças que colaboram para a credibilidade que deve ser oferecida pela matéria. Para identificar a informação principal é necessário que o aluno relacione ideias em diversas partes do texto: primeiramente, que banho frio, mate ou café não conseguem eliminar o sono; depois que, ao evitá-lo, colocamos a vida em risco e, por fim, que o Guiness Book eliminou o desafio de privação de sono, pois causava males à saúde dos candidatos. Associar essas informações à temática central do texto eleva o grau de dificuldade desse item e requer uma leitura atenta do texto, bem como das alternativas de resposta. Aqueles que conseguiram fazer essa correlação, possivelmente, assinalaram a alternativa D - o gabarito. Os alunos que escolheram a alternativa A se fixaram em uma informação que introduz o desenvolvimento desse texto, 42 42,4% de acerto A B C D 11,5% 35,2% 9,5% 42,4% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 possivelmente, concluindo que a primeira ideia é aquela que é a principal. Aqueles que assinalaram a opção B perceberam uma informação muito relevante para a construção do texto, mas que serve de suporte para desenvolver a informação principal que é a importância do sono para a vida do ser humano. A opção pela alternativa C pode revelar que esses alunos se ativeram às possíveis substâncias que combatem o sono, porém desconsideraram uma informação fundamental sobre elas: “não têm efeito cumulativo”. Essa opção revela uma leitura pouco madura e pouca articulação das informações fornecidas pelo texto. 49 50 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. Fonte de energia A principal fonte de energia da natureza é o sol. Há aproveitamento da energia solar de forma direta por meio da iluminação natural e do calor produzido pela luz do sol. Os arquitetos planejam os edifícios para utilizar essa energia de forma passiva. [...] O sol também pode ser utilizado para aquecer a água em nossas casas e empresas. As placas solares são colocadas nos telhados das casas e nos prédios de forma que fiquem expostas ao sol. Esse sistema aquece a água existente nos canos debaixo da placa solar. Atualmente, as vendas das placas solares têm aumentado. Os sistemas solares aquecem água para casas, hotéis, edifícios, restaurantes, clubes, hospitais e até para piscina. GARCEZ, Lucília; Cristina. Energia. Coleção Planeta Sustentável. São Paulo: Callis, 2010. p. 6. (P051047RJ_SUP) (P051048RJ) Esse texto serve para A) apresentar um equipamento. B) dar uma informação. C) expor uma opinião. D) fazer uma propaganda. A habilidade avaliada nesse item é identificar o propósito comunicativo de um texto. Esta habilidade diz respeito, de forma mais direta, à dimensão do letramento, uma vez que o reconhecimento da finalidade de um determinado texto está relacionado ao conhecimento de sua função social, ou seja, o para que ele é utilizado em determinada situação da vida cotidiana. Como suporte, foi utilizado um texto informativo com linguagem simples e de temática bastante familiar aos alunos desta etapa de escolarização, características que podem facilitar os procedimentos de leitura. Para responder a esse item é necessário entender que o que se oferece nesse texto são informações sobre a energia solar e, por uma leitura mais refinada, entender o caráter didático (linguagem, exemplificação e objetividade) da apresentação das ideias para o fim de informar o leitor. Os alunos que seguiram essas pistas, provavelmente, acertaram o item, assinalando a letra C – o gabarito. Aqueles que escolheram as alternativas A ou D podem ter focado nas informações relativas às placas solares como forma de captação de energia solar e, assim, concluíram que o intuito era de apresentação e publicidade, respectivamente, do equipamento. Todavia, esses alunos não levaram em consideração o intuito global do texto. 8 8,7% de acerto A B C D 16,5% 62,1% 8,7% 12,0% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 A escolha da alternativa B pode indicar que os alunos foram levados pelo conhecimento extratextual sobre a energia solar, entendendo que por ser uma energia mais barata do que as convencionais, os dados presentes nesse texto estão a serviço da conscientização do leitor para o consumo de energia. Leia o texto abaixo. Disponível em: <http://www.turmadoedi.com.br/tirinhas/index.php?pg=6>. Acesso em: 31 jan. 2011. (P050047C2_SUP) (P050049C2) A expressão da garota, no primeiro quadrinho, demonstra A) arrependimento. B) dúvida. C) espanto. D) tristeza. Outro item representativo deste padrão é esse que avalia a habilidade de interpretar textos que articulam elementos verbais e não verbais. 39 39,5% de acerto A B C D 5,5% 39,5% 42,5% 11,6% 51 52 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. Momento num café 5 10 Quando o enterro passou Os homens que se achavam no café Tiraram o chapéu maquinalmente Saudavam o morto distraídos Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida. Um, no entanto se descobriu num gesto largo e demorado Olhando o esquife longamente Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade Que a vida é traição E saudava a matéria que passava Liberta para sempre da alma extinta. BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. (P080018B1_SUP) (P080019B1) No trecho “E saudava a matéria que passava” (v. 12), a palavra destacada retoma A) enterro. B) morto. C) vida. D) esquife. A habilidade aferida nesse item é a de reconhecer as relações de repetição e/ou substituição estabelecidas entre partes de um texto, identificando os recursos coesivos que contribuem para sua continuidade. Essa habilidade diz respeito às retomadas de um termo, feitas por um pronome ou por substituições lexicais, estabelecendo relações coesivas entre as partes de um texto. O texto que serve de suporte para a aferição dessa habilidade é um poema de Manuel Bandeira que, apesar de retratar uma cena do cotidiano, apresenta vocabulário sofisticado e reflexões acerca da vida. Para realizar a tarefa solicitada pelo item, os alunos deveriam localizar a expressão em destaque no comando e, fazendo uma operação de retomada e de correspondência semântica, perceber que a palavra “matéria” retoma o vocábulo “morto”, presente na primeira estrofe do poema. A dificuldade de resolução desse item deve-se, portanto, à distância entre o termo referente e o termo referido. Os alunos que conseguiram realizar esses procedimentos de retomada, possivelmente, acertaram o item, assinalando a alternativa B – o gabarito. 39 39,1% de acerto A B C D 23,6% 39,1% 28,0% 8,4% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Aqueles que marcaram a opção A podem ter fato de essa palavra também ter o mesmo referente considerado o contexto geral da obra, a descrição de “matéria”, no caso, o vocábulo “morto”. de um cortejo para um enterro, buscando a referência no primeiro verso do poema, mas que Os respondentes que escolheram a letra C não retoma o termo em análise nesse item. fizeram uma referência anafórica, guiados, talvez, A opção pela alternativa D deve-se, provavelmente, palavra “matéria”, mas desconsideraram o contexto ao desconhecimento da palavra “esquife”, ou pelo assinalado no comando do item. pela proximidade da palavra “vida” em relação à Leia o texto abaixo. O Carvalho e os Juncos 5 10 Um enorme Carvalho, ao ser puxado do chão pela força de forte ventania, rio abaixo é levado pela correnteza. Arrastado pelas águas, ele cruza com alguns Juncos, e em tom de pranto exclama: – Gostaria de ser como vocês, que de tão delicados e esguios, não são de modo algum afetados por estes fortes ventos. E eles responderam: – Você competiu e lutou com o vento, por isso mesmo foi destruído. Nós ao contrário, nos curvamos, mesmo diante do mais leve sopro da brisa, e por esta razão permanecemos inteiros e salvos. Moral da História: Para vencer os mais fortes, não devemos usar a força, mas antes disso, inteligência e humildade. Disponível em: <http://cantinhodasfabulas.vilabol.uol.com.br/ocarvalhoeosjuncos.html>. Acesso em: 13 jul. 2012. (P050040E4_SUP) (P050041E4) De acordo com a fala do Carvalho, ele estava A) cansado. B) curioso. C) triste. D) zangado. A habilidade avaliada nesse item é inferir uma informação em texto verbal. Nesse caso, essa habilidade é avaliada em um apólogo, que é uma narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, através do uso de personalidades imaginárias ou reais. O texto, apesar de simples, no que tange à produção de sentidos, requer uma leitura cuidadosa quanto aos seus sentidos mais velados. Para acertar esse item, é necessário que o aluno busque as pistas textuais deixadas pelo autor para produção de determinado efeito. Nesse item, o comando aponta para um estado do Carvalho e, para inferir essa informação, o aluno deveria se atentar a trechos do texto como “tom de pranto”, “por isso mesmo foi destruído” e, até mesmo, 39 39,0% de acerto A B C D 32,0% 13,1% 39,0% 14,7% 53 54 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico à moral dessa história, que sugere a destruição do Carvalho e, consequentemente, sua tristeza. Os alunos que seguiram esse raciocínio, possivelmente, assinalaram a alternativa C – o gabarito. Os respondentes que escolheram a alternativa A podem ter considerado o possível cansaço do Carvalho na luta contra os ventos fortes. Entretanto, essa é uma inferência que não se confirma ao longo do texto. Aqueles que optaram pela alternativa B podem ter deduzido que a árvore arrastada pela correnteza teve curiosidade em saber como os Juncos conseguiram sobreviver ao vento forte. No entanto, essa informação é dada pelos Juncos sem mesmo o Carvalho perguntar, o que não confirma a ideia de curiosidade. Os alunos que marcaram a letra D devem ter entendido que o Carvalho ficou zangado por ser derrotado pelo vento, baseado, possivelmente, em seu conhecimento de mundo, já que esse estado é recorrente em casos de derrota. Essa informação, contudo, não encontra correspondência nesse contexto. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Adequado 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 acima de 300 pontos A análise das habilidades encontradas neste padrão permite afirmar que os alunos que nele se encontram são capazes de interagir com textos de tema e vocabulário complexos e não familiares. Esses alunos reconhecem os efeitos de sentido do uso de recursos morfossintáticos diversos, de notações, de repetições, de escolha lexical, em gêneros de várias naturezas e temáticas, ou seja, demonstram maior conhecimento linguístico associado aos aspectos discursivos dos textos. Eles realizam operações de retomada com alta complexidade, como as realizadas por meio de pronomes demonstrativos e indefinidos, retos, incluindo também elipses. São capazes de analisar, com maior profundidade, uma ampla gama de textos argumentativos, narrativos, expositivos, instrucionais e de relato, observando diversas categorias ainda não atingidas anteriormente, tanto no interior do texto quanto na comparação entre eles. Na comparação, inferem diferentes posicionamentos em relação ao mesmo assunto em textos de tipologias diferentes. No tocante à análise de textos que conjugam diversas tipologias, são capazes de identificá-las e analisálas, reconhecendo seus objetivos separada ou conjuntamente. Analisam gêneros textuais híbridos, considerando as condições de produção e os efeitos de sentido pretendidos. Em textos literários complexos, inferem o significado da metáfora e o efeito de sentido pretendido com seu uso. Assim, os alunos cujas proficiências estão acima de 300 pontos na escala, podem ser considerados leitores proficientes, ou seja, são leitores que conseguem selecionar informações, levantar hipóteses, realizar inferências, autorregular sua leitura, corrigindo sua trajetória de interpretação quando suas hipóteses não são confirmadas pelo texto. 55 56 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Leia o texto abaixo. De olhos bem abertos Originária da Coreia do Sul, a lente de contato normal dá à íris um certo efeito Lady Gaga. E, se vem de Gaga, todas querem. 5 10 15 Quem não piscou em nenhum detalhe do videoclipe Bad Romance, lançado em 2009 e já paleolítico na linha do tempo pop, vai reconhecer mais uma esquisitice popularizada por Lady Gaga: os olhões enormes. Como tudo em relação à cantora, a anomalia ocular é uma mistura de maquiagem, efeitos de computador e sabem os deuses mais o quê. Nas meninas do mundo real, mas dispostas a empurrar seus limites, o efeito é obtido com o uso das Circle Lens, um estranho acessório já popularizado em países asiáticos por deixar olhinhos puxados mais parecidos com os olhos grandes e redondos dos personagens de animes, as animações japonesas. Por serem maiores que os 12 milímetros regulamentares da íris, a parte do olho que tem cor, essas lentes invadem a parte branca, a esclerótica. A maioria é transparente no centro e colorida nas bordas expandidas, em tons existentes na natureza – azul, verde, mel –, mas há lentes que levam a alteração da realidade um pouco mais além. Isso inclui olhos na cor vermelho-vampiro. Aumentar os olhos com recursos que vão além da maquiagem já esteve na moda antes: na Grécia e na Roma antigas, as mulheres antenadas com as novidades pingavam extrato de uma planta alucinógena, a beladona, para dilatar as pupilas. [...] O método atual, felizmente, é bem mais seguro. Fabricadas por diversas empresas na Coreia do Sul há quase dez anos, as Circle Lens ganharam o mundinho das garotas caçadoras e lançadoras de novidades através de blogs de moda e chegaram às meninas modernas em geral em uma videoaula de maquiagem ministrada por uma celebridade no ramo, a americana Michelle Phan. [...] Veja. ed. 2173, ano 43, n. 28, 14 jul. 2010, p. 101. (P080018C2_SUP) (P080019C2) Nesse texto, o uso do diminutivo na palavra “mundinho” (ℓ. 17) sugere A) afetividade. B) delicadeza. C) ironia. D) tamanho. A habilidade aferida nesse item é reconhecer o efeito de sentido decorrente do emprego de recursos estilísticos e morfossintáticos. 33 33,9% de acerto A B C D 16,0% 28,9% 33,9% 20,2% Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Leia o texto abaixo. O burrinho pedrês 5 10 As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atrito de couros, estalos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifre imenso, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão... [...] Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito. Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando... [...] Pouco a pouco, porém, os rostos se desempenam e os homens tomam gesto de repouso nas selas, satisfeitos. Que de trinta, trezentos ou três mil, só está quase pronta a boiada quando as alimárias se aglutinam em bicho inteiro ─ centopeia –, mesmo prestes assim para surpresas más. ROSA, João Guimarães. O burrinho pedrês. In: Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. Fragmento. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P090021EX_SUP) (P090021EX) Nesse texto, a construção “... as alimárias se aglutinam em bicho inteiro – centopeia...” (ℓ. 9) foi empregada para A) comparar a formação da boiada a uma centopeia. B) destacar a importância da centopeia no cortejo. C) indicar o caráter negativo das centopeias. D) informar que havia bois e centopeias na manada. Outro item representativo deste padrão é esse que afere a habilidade de reconhecer o efeito decorrente do emprego de recursos estilísticos e morfossintáticos. Nesse caso, avaliando o efeito de uma comparação na construção do texto. 48 48,9% de acerto A B C D 48,9% 13,6% 13,1% 23,7% 57 Para o trabalho pedagógico A seguir, apresentamos um artigo cujo conteúdo é uma sugestão para o trabalho pedagógico com uma competência em sala de aula. A partir do exemplo trazido por este artigo, é possível expandir a análise para outras competências e habilidades. O objetivo é que as estratégias de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual o professor atua sejam capazes de promover uma ação focada nas necessidades dos alunos. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 LEITURA E EFEITOS DE SENTIDO NO ENSINO FUNDAMENTAL A resposta à pergunta sobre o que é ler tem admitido vários contornos. O que é a leitura? Como ela acontece? Que recursos ela mobiliza para que passemos da simples decodificação à compreensão de um texto? Em um contexto em que os textos circulam de várias formas e de maneira intensa, como é possível que a formação leitora dos cidadãos ainda possa ser considerada insuficiente? As diversas abordagens feitas nos estudos da leitura passam por sua história (invenção, desenvolvimento Os gêneros de texto, na leitura e na escrita, passam pelo crivo da escola, que se apropria deles ou não, inclusive propiciando uma discussão que passa pelo prestígio e pelo valor social de certos textos, e não de outros. e apropriação), por seus processos (alfabetização e letramento), pelas práticas sociais que a envolvem e mesmo pelas habilidades cognitivas que desenvolvemos, ao longo de nossa vida, para ler cada vez melhor. Matrizes de avaliação da leitura Esse cenário complexo é, sem dúvida, apaixonante, mas não apenas isso. A avaliação da leitura tem, “Ler cada vez melhor”, no entanto, é algo que hoje, importância estratégica para os países e para merece discussão. Que concepções de leitura o mundo. estão aí envolvidas? O que é “ler melhor” hoje em dia, diante de tantas possibildades, tanto em relação aos gêneros textuais e discursivos quanto em relação aos dispositivos de leitura? Como leem os jovens donos de tablets? E como leem aqueles É realizada, também, a fim de produzir conhecimentos sobre o desenvolvimento de um país ou de um povo, além de ajudar na tomada de decisões para políticas de variado alcance para a acostumados à redação de mensagens curtas? educação, entendida de forma ampla. O contexto em que estamos traz influências à Uma das formas que se tem encontrado para maneira como a avaliação da leitura tem sido feita. As questões acima mencionadas e muitas outras interferem na maneira como a leitura pode ser avaliar a competência dos leitores é a formulação de avaliações em larga escala, isto é, avaliações aplicadas a grande número de alunos, geralmente entendida, vista, avaliada e julgada. em séries terminais (9º ano, 3º ano do Ensino Existem, também, as relações da leitura com fortemente, a escola e a formação escolar à vida do as instituições. Certamente, a alfabetização é, cidadão leitor. atualmente, em nossa cultura, vista como um processo que se dá na escola. Nem sempre foi assim. Do mesmo modo, o letramento também pode ser entendido, ao menos em parte, como um processo de que a escola participa, ao longo da vida de um cidadão. Médio, final do ensino superior), o que relaciona, A formulação dessas avaliações de caráter oficial é feita com base em matrizes de habilidades bastante detalhadas. Tais matrizes pretendem responder às questões que dizem respeito ao que um leitor deve saber e saber-fazer para que possa ser considerado um leitor menos ou mais hábil na leitura de textos. 59 60 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Recursos expressivos e efeitos de sentido c. como o emprego de recursos estilísticos e morfossintáticos, isto é, palavras, expressões, a seleção Para fazermos, aqui, um recorte, vamos tratar das de dados vocábulos ou a seleção desta ou daquela relações entre recursos expressivos e efeitos de composição da frase pode influenciar nos efeitos de sentido em um texto, isto é, de apenas um aspecto sentido do texto? dos vários que devem funcionar amalgamados, quando um leitor está em ação. O leitor que aqui focalizaremos é ainda jovem, formando-se no 9º ano do Ensino Fundamental. Isso, provavelmente, significa que ele deve ter tido contato com certos gêneros e tipos de texto, o que inclui pensarmos na complexidade, na extensão e na forma de elaboração desses textos. A percepção das relações entre os recursos expressivos de um texto e os efeitos de sentido que eles propiciam ou provocam é um dos tópicos da matriz de habilidades e competências para o Ensino Fundamental. Tal tópico está dividido em habilidades que, em grande parte das vezes, funcionam juntas, isto é, o leitor as mobiliza e agencia a fim de compreender um texto e perceber d. que sentidos podem decorrer do emprego de certas palavras, frases ou expressões no texto? Ocorre, no entanto, que, embora essas habilidades estejam separadas na matriz, um texto, muitas vezes, emprega algumas delas ou todas, simultaneamente. Mencione-se, ainda, que tais efeitos podem advir não apenas do texto verbal, mas de sua relação com aspectos visuais de sua composição, tal como pode ser o caso de tirinhas, cartuns e textos em quadrinhos, de forma geral. Esse material tem circulação ampla em nossa sociedade, muito embora deva ser considerado de forma específica quando adentra os muros da escola e passa a ser tratado como material de estudo e análise. os sentidos pertinentes ou os efeitos propostos pelo autor/narrador/eu lírico. Efeitos de humor No 9º ano do Ensino Fundamental, o que se tem É importante relacionar as escolhas de recursos encontrado como resultado de avaliações em larga empregados em um texto às questões relacionadas escala é que os leitores ainda não alcançaram aos gêneros textuais. O caso da identificação de bom desempenho nas habilidades relacionadas efeitos de humor, por exemplo, tem relação direta ao tópico em questão, que merece um olhar com certa percepção de que alguns gêneros interessado especialmente por tratar de habilidades textuais dirigem nossas expectativas para isso ou, como, em outras palavras: simplesmente, deixam o leitor mais propenso a a. a identificação do humor, no texto, isto é, que arranjos linguísticos ou expressivos nos levam ao riso; qual é e onde está a graça no texto? b. como a pontuação e outras notações (parênteses, uma leitura cujos efeitos sejam de humor. Além da piada, gênero reconhecido socialmente como desencadeador do riso, outros gêneros podem se construir na forma de textos de humor, tais como, para citar apenas alguns exemplos de ampla aspas, colchetes, quem sabe até os atuais emoticons circulação social, a crônica, o cartum, as tirinhas, a etc.) podem funcionar para fazer sentido no texto? charge e o anúncio publicitário. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Apenas para citar dois cronistas socialmente Para “entender a piada”, são necessárias, para além reconhecidos como humoristas, Millôr Fernandes dos conhecimentos do tópico em foco da matriz, e Luis Fernando Veríssimo são, certamente, dos habilidades ligadas ao conhecimento prévio sobre mais produtivos autores de textos em língua um assunto (aspecto fundamental em charges portuguesa, mestres em produzir efeitos de humor e cartuns), produção de inferências e mesmo a por meio de narrativas, diálogos, uso de expressões percepção de elementos ligados à multiplicidade de selecionadas e aplicadas de forma específica, linguagens que podem ser fundidas, atualmente, na pontuações etc. produção de um texto. Que relações um cidadão que termina o Ensino Fundamental deveria perceber, em textos humorísticos? O efeito de humor pode estar em uma construção sintática inesperada ou no emprego de uma palavra. São comuns efeitos de humor conseguidos por meio do uso de expressões que, por si só, são engraçadas. Ou, ainda, pela expectativa quebrada em relação ao desfecho de Compreender um texto verbal, seja ele de humor ou não, exigirá a mobilização de habilidades de reconhecimento de pontuação, notações, expressões e outros recursos. alguma cena ou mesmo à capacidade de algum personagem. Apenas para mencionar um exemplo conhecido de crianças em todo o Brasil, os quadrinhos de Mauricio de Sousa costumam produzir efeitos de sentido, geralmente com base na narração de situações cômicas ou na quebra de expectativas ligadas à linguagem. No fim das revistinhas, por A compreensão de um texto multissemiótico exigirá, ainda, a mobilização de habilidades da leitura de imagens, entonações, não-ditos, elementos mostrados enquanto um texto é falado etc. Esses são os casos, por exemplo, de anúncios publicitários em vídeo ou de textos compostos para serem lidos e vistos, como tirinhas e outros. exemplo, costumam vir tirinhas de apenas três Textos tais como os mencionados têm ampla quadros e, em várias delas, a compreensão circulação social e estão presentes na vida de equivocada de uma palavra traz a graça do texto. leitores que finalizam o Ensino Fundamental. O fato de um leitor “não entender a piada” denuncia, em muitos casos, alguma dificuldade na percepção de recursos expressivos empregados no texto e mesmo a ausência de expectativas ligadas ao gênero textual/discursivo. De todo modo, não é simples mobilizar habilidades que levem o leitor à compreensão de um texto de humor e à reação propiciada por ele. Na escola, é frequente o uso de crônicas e de cartuns, por exemplo, em livros didáticos, provas e exercícios, especialmente em matérias como Português e História. Usos da pontuação Entre as habilidades desejavelmente desenvolvidas por um leitor que termina o Ensino Fundamental 61 62 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico certamente podemos dar especial atenção aos visuais podem prescindir da pontuação ou mesmo usos da pontuação. Não apenas àqueles usos fazer com que o ritmo do texto seja dado por considerados gramaticalmente corretos ou outros recursos, como a quebra de linhas ou o abordados como “regras” na escola, mas aos usos branco da página (recursos, aliás, bastante usados expressivos, aqueles usos tidos como propiciadores na poesia). Raramente, no entanto, esses recursos de efeitos de sentido destacados ou diferenciados. são abordados de maneira criativa ou desimpedida. Como o uso de uma exclamação pode despertar sentidos específicos em um texto? Que efeitos podem produzir as reticências? (aliás, vastamente empregadas em diálogos na internet). Como certo texto apresenta a interrogação? Como um texto apresenta o uso dos pontos-finais, talvez para impressionar o leitor com frases curtas, curtíssimas, surtindo um efeito de precisão ou de fragmentação. Geralmente, a abordagem da vírgula, por exemplo, vem estritamente relacionada às regras, às questões sintáticas, quando muito. Isso tem surtido efeitos importantes na formação do cidadão leitor, que não consegue identificar tais recursos nos textos que lê, isto é, tem sua formação de leitor comprometida, como mostram os resultados de avaliações em larga escala. Textos como o de Ricardo Ramos, “Circuito fechado”, amplamente conhecido e que circula, há décadas, em materiais escolares, são feitos não apenas de palavras, expressões e repetições, mas da produção de frases curtas, duramente terminadas por pontos. O que não se lê Se não se entende a piada é sinal de que o texto foi mal compreendido. Algo faltou das conexões necessárias para que se alcançasse o efeito pretendido. Falta algo à leitura para que se possa Talvez o uso da pontuação não seja ensinado avaliá-la como “correta”, adequada ou pertinente. Se como elemento capaz de extraordinários efeitos o efeito pretendido era o cômico, talvez levando até expressivos. A preocupação normativa talvez o riso, e o leitor não conseguiu alcançá-lo, é possível ofusque as opções de uso da pontuação como que alguma habilidade ligada à identificação de parte fundamental da proposta da produção de graça advinda, certamente, de algum recurso texto e de seus efeitos. No entanto, a leitura poderia expressivo – palavra, imagem ou outro – tenha dar a ver e a perceber a pontuação como um dos faltado. Não ao texto, mas ao leitor, que não elementos a serem manejados, conscientemente, desenvolveu, já ao final do 9º ano do Ensino em um texto. Fundamental, condições para tal. Juntamente com A publicidade também é um campo fértil para o uso – e o desuso – da pontuação. Em muitos anúncios, pontos e vírgulas são desprezados em isso, talvez ele não identifique a crítica, o sarcasmo, a ironia e outros efeitos extremamente importantes para a compreensão de muitos tipos de textos. prol de um efeito estético ou mais direto. Slogans Da mesma forma, se o recurso de pontuação e não costumam terminar em pontos, especialmente outras notações servia, em dado texto, para a se estão escritos em letras grandes, em alguma obtenção de um efeito expressivo importante, é página. Anúncios de ofertas, bordões e linguagens na leitura que ele deveria ser identificado, incluído- Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 se aí uma possível reação do leitor ao lido. Se os Um slogan sem ponto-final é admissível (e desejável, resultados das avaliações de leitura têm apontado diria um redator publicitário) tanto quanto um dificuldades nos quesitos que aqui focalizamos, é poema em que não haja vírgulas (a favor de versos sinal de que há algum descompasso na abordagem e estrofes, diria um poeta). As questões envolvidas que se tem feito da leitura, especialmente nestes na produção desses textos e em sua circulação quesitos, o que reverbera nas habilidades leitoras poderiam ajudar na formação de leitores atentos e dos cidadãos. sensíveis, assim como a leitura de textos literários e Talvez, uma questão de prova que aborde regras de colocação de ponto-final, conforme uma concepção outros cuja elaboração pretenda efeitos para além da norma e do ordinário. normativista, obtenha bons resultados gerais, o que Da literatura à publicidade, passando pelos recursos não ocorre a itens cujo objetivo seja a expressão de um texto científico ou jornalístico, é possível e a análise da leitura em sua faceta mais criativa, conhecer e comparar os empregos da pontuação expressiva e comunicacional. ou os efeitos de humor, quando for o caso. A leitura, em nosso dia a dia, é feita não para a memorização de regras ou para a análise de aspectos formais – muito embora eles também sejam importantes –, mas, por exemplo, para a compreensão, a comoção, o consumo, o convencimento, o riso ou a aprendizagem, segundo cada caso. Certamente, em um artigo acadêmico, o cômico será improvável, talvez até inadequado, enquanto que na crônica de certos escritores a sua ausência pode causar frustração ao leitor. Tão importante quando identificar cada recurso (de acordo com o que está nos descritores da matriz de avaliação) é compreender seus efeitos, sendo desejável também alcançar sua análise e sua descrição. A leitura e a escola – rumo a melhores resultados na formação do leitor Onde quer que a escola esteja falhando, é importante saber que está nela também a Se o leitor não pode compreender, não poderá chance de formação de leitores mais hábeis. Isso, reagir de maneira pertinente, provavelmente. Cabe provavelmente, diz algo sobre os gêneros textuais ao professor oferecer, na agência de letramento e discursivos que vêm sendo repetidamente em que opera – a escola, insumo para a leitura, a estudados e sobre os que não o têm sido. Há análise e a interação expressiva entre leitor e texto. tempos vem-se apontando o descarte da literatura Não basta ensinar a pontuar conforme as regras ou sua abordagem maçante no ensino básico gramaticais. É necessário conhecer, analisar e (Fundamental ou Médio). Alguns gêneros ainda são perceber os empregos da pontuação, conforme o raros, embora já circulem nos espaços escolares, texto, o contexto, a situação comunicativa de que se tal como é o caso da propaganda e de seus participa ou em que se está envolvido. congêneres (publicidade, campanhas, anúncios, 63 64 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico classificados, entre outros). E é imperativo dizer que Os textos de humor provavelmente têm espaço a abordagem da pontuação, para além das regras reduzido na escola. Exceto pelo estudo ligeiro da e da norma gramatical, é de extrema importância crônica, o humor raramente é considerado tema para a formação do leitor e sua percepção de que de “estudo sério”. Os boxes periféricos em livros a escrita dispõe de muitos recursos para o alcance didáticos (do tipo “saiba mais” ou alguma seção para dos efeitos de sentido que foram desejados e entretenimento e diversão) trazem tirinhas e textos planejados pelo autor. curtos, mas no intuito de “descansar”, “distrair”, fazer Na ciranda dos gêneros textuais é que os recursos diversos e os empregos específicos – de pontuação e de comicidade, no caso aqui abordado – podem ser vistos e discutidos. um “intervalo” entre seções “sérias”. Geralmente, esses textos são “saltados”, já que não servem para uma abordagem linguística e comunicacional de seus efeitos, geralmente interessantes e criativos em termos de linguagem. É de extrema importância que se perceba que o texto cujo efeito seja a comicidade (como efeito principal ou marginal) é tão importante quanto outros, além de propiciar a análise de recursos que O ajuste e a melhor distribuição desses gêneros não são empregados da mesma forma em outros pode ser um caminho para a formação leitora, tipos e gêneros textuais, incluindo-se aí os usos e além da abordagem crítica e criativa dos recursos efeitos da pontuação e outras notações. linguísticos de que dispomos em nossa língua. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 LENDO TEXTOS NARRATIVOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Ler com competência textos narrativos deveria ser Os tipos de texto são a narração, a descrição, algo relativamente fácil, pois é por meio deles que, a argumentação, a injunção e a exposição. Eles desde cedo, vamos conhecendo o mundo e nos se materializam em gêneros textuais como, por conhecendo, assim como é por meio deles que exemplo, carta pessoal, comercial, bilhete, diário vamos nos contando aos outros. Em outras palavras, pessoal, agenda, anotações, romance, resenha, blog, passamos grande parte de nosso dia a dia contando e-mail, bate-papo (chat), videoconferência, fórum, histórias, relatando nossas ações e as de outrem. aula expositiva, reunião de condomínio, debate, lista E até mesmo uma criança pequena é capaz de de compras, piada, sermão, cardápio, horóscopo, acompanhar uma narrativa oral, da mesma forma instruções de uso, inquérito policial, telefonema, que é capaz de tecê-la em suas interações sociais. entrevista etc. Porém, na escola, o texto narrativo parece que se Na cultura literária ficcional, narrar é a arte de conferir afasta dessa prática social e, quando os educandos verossimilhança às ações relatadas. O texto narrativo se deparam com narrativas escritas, sentem é aquele que relata as mudanças progressivas de dificuldade para identificar os elementos que estado que vão ocorrendo através do tempo, em constituem a sua estrutura, ou seja, identificar episódios e relatos organizados de forma que entre o narrador, as personagens, o espaço, o tempo, eles exista sempre uma relação de anterioridade o conflito gerador, a solução para o conflito etc. ou de posterioridade, mesmo quando essa relação Vamos tentar entender por que isso acontece, é alterada na sua sequência linear. Todas as vezes caracterizando melhor o que são textos narrativos. que uma história é contada (narrada), quem conta De acordo com os estudos da Linguística, há diferentes formas de expressão textual que se materializam em nosso cotidiano, chamadas de gêneros textuais, que apresentam características sociocomunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. Cada gênero está vinculado a um tipo textual específico, que designa uma sequência definida pela natureza linguística de sua composição, na qual são observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas etc. (narrador) acaba contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episódio. E são esses elementos que estruturam as narrativas. Na teoria literária, eles ganham uma denominação própria: narrador, espaço, tempo, personagens, enredo. E, como se trata de um relato (real ou não, mas sempre verossímil), o autor do texto cria uma forma própria, à qual chamamos de narratividade, por meio desses elementos. Por exemplo, ele escolhe contar em 1ª ou 3ª pessoa (foco narrativo); define as personagens em protagonista, antagonista e coadjuvante; coloca-se como um narrador-personagem ou narrador-observador; define o tempo (cronológico e/ou psicológico), o espaço, o conjunto de ações que serão narradas (enredo). Além disso, o autor pode lançar mão de diferentes gêneros narrativos. A lista a seguir apresenta 65 66 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico apenas uma proposta de agrupamento de gêneros forma que as outras duas, ilustra uma lição narrativos ficcionais: de sabedoria. 1. Romance: é uma narrativa mais longa, e, 8. Anedota: é predominante na oralidade; tem em geral, possui um núcleo principal, mas como objetivo motivar o riso. É geralmente outras tramas vão se desenrolando ao breve e depende de fatores como entoação, longo do tempo em que a trama principal capacidade oratória do intérprete e até de acontece. representação. 2. Novela: tipo de narrativa menos longa que o 9. Lenda: é uma história fictícia a respeito de romance, e, geralmente, possui apenas um personagens ou lugares reais e tem origem núcleo. Está entre a extensão do romance e na literatura oral. do conto. 3. Conto: é uma narrativa curta, em que Os elementos que compõem o texto narrativo vão definindo, também, a estrutura sintática do texto. o enredo é reduzido e são poucas as Por exemplo, como o enredo é composto por personagens que existem em função de um um conjunto de ações, os verbos serão comuns núcleo. ao longo do texto; essas ações são praticadas 4. Crônica: a crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos comumente. 5. Fábula: é semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa, porém, o principal objetivo do texto é dar algum ensinamento, pregar uma moral. Outra diferença é que as personagens são animais, mas com características de comportamento e socialização semelhantes às dos seres humanos. 6. Parábola: é a versão da fábula com personagens humanas. O objetivo é o mesmo, o de ensinar algo. 7. Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, por personagens, que vão sendo nomeadas por substantivos, normalmente os próprios; o espaço vai sendo definido pelos advérbios de lugar, enquanto o tempo pelos advérbios de tempo; o narrador se identifica na 1ª ou 3ª pessoa e seus pronomes correspondentes; e assim por diante. A pontuação também é bastante característica nos gêneros narrativos. Como as falas entre as personagens são comuns, o discurso direto buscará reproduzir na escrita as entoações da fala, sendo comuns as exclamações, interrogações e reticências. A própria configuração espacial leva o leitor a identificar que se trata de um texto narrativo, pois a diagramação é em prosa, com ocupação da página toda. Geralmente há espaçamentos entre um capítulo (ou conto) e outro; saltam aos olhos as marcas do discurso direto (parágrafos, travessões, em relação ao caráter moralizante, e pode aspas). Como se vê, são vários os elementos próprios se utilizar das mais diversas e alegóricas da composição dos textos narrativos escritos. personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não. Da mesma Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Dada a extensão dos textos narrativos, muitas vezes, na escola, são apresentados fragmentos para serem analisados, o que já descaracteriza o texto e limita sua interpretação. pois, ao mesmo tempo em que são facilmente reconhecidos, porque fazem parte da caminhada de leitores jovens e adultos, permitem que o leitor vá aprendendo a gostar de ler textos mais longos. Em primeiro lugar, é necessário buscar nos conhecimentos prévios dos educandos os gêneros narrativos que conhecem, assim como se conhecem alguma metalinguagem sobre este gênero. Outro fato que pode complicar a leitura e análise A partir daí, pode-se sistematizar as leituras em das narrativas pelos educandos pode ser o fato de torno da descoberta da ação central (constituída eles desconhecerem a metalinguagem usada para pelos acontecimentos principais) e das secundárias essa análise. Isso sem contar que é muito comum os (constituídas pelos acontecimentos menos relevantes textos serem usados como pretexto para o trabalho que valorizam a ação central). Também é importante com os conteúdos gramaticais. No exemplo a seguir ajudar os educandos a identificarem o fato que é fácil perceber que o educando pode responder as deflagra a ação (introdução); os conflitos que se questões propostas sem ler o texto: desdobram desse fato (desenvolvimento) e como se dá o desfecho da trama, sabendo que o texto pode Os bois e o eixo ser aberto (se não há desenlace da história e do Um carro era arrastado pelos bois. Como o eixo destino final das personagens) ou fechado (quando rangia, eles se voltaram e disseram-lhe: “Nós é que se observa a ação solucionada e a sorte final das puxamos o carro e vocês é que gemem?” personagens). É importante que os educandos entendam, também, que as ações relacionam-se entre Para uns o sacrifício, para outros as queixas. Fábulas de Esopo. Tradução de Antônio Carlos Viana. Porto Alegre: L&PM, 1997, p. 10. 1. Que animais são as personagens da fábula? 2. Qual a moral da fábula? 3. Circule os substantivos do texto. 4. Conjugue o verbo “ranger” no presente do indicativo. Isso faz com que os educandos, de certa forma, desaprendam a ler os textos narrativos, pois, escolarizados, esses textos vão perdendo a rica si por encadeamento (ordenação temporal das ações), por encaixe (introdução de uma ação noutra) e por alternância (entrelaçamento das ações que vão se desenrolando, separadas alternadamente, podendo fundir-se em determinado ponto da intriga). Algumas perguntas são fundamentais no estudo das narrativas e podem ajudar os educandos a irem direcionando o olhar leitor: »O que aconteceu? (Enredo) »Com quem? (Personagens) »Onde? (Espaço) função que tinham em contextos sociais. »Quando? (Tempo) Na Educação de Jovens e Adultos, nas séries finais, »Quem está contando? (Narrador) os textos narrativos devem ter espaço garantido, 67 68 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Porém, é importante destacar que as perguntas (personagem secundária) O sol derrete o pote de anteriores também estão implícitas nas notícias, mel e as moedas começam a cair. O boiadeiro fica que são um gênero jornalístico. Então, é necessário curioso. Malasartes explica que as moedas estão lembrar de que estamos nos debruçando sobre caindo da árvore. O boiadeiro quer trocar alguns bois textos literários, ficcionais, que obedecem outra pela árvore. relação texto-leitor, cuja finalidade é a fruição. Nos textos literários a verossimilhança, a ideia de verdade, é construída a partir dos elementos da narrativa, levando o leitor a perceber o que é narrado como algo que se assemelha à realidade, mas que não é a realidade. Além do estudo sistemático com os textos narrativos, é importante encaminhar, com os educandos, a sua produção. Isso porque escrever leva quem escreve a colocar em funcionamento os elementos que percebe ao ler. Para isso, é importante trabalhar com planificações ou roteiros, que serão desenvolvidos em textos narrativos. Os elementos sugeridos na planificação serão ampliados e detalhados pelo educando. Por exemplo, podemos propor a planificação de uma narrativa conhecida, como Pedro Malasartes e a árvore que dava dinheiro: Introdução (situação inicial): uma pensão (espaço). Uma manhã (tempo). Pedro Malasantes Conclusão (desfecho): Malasartes aceita a troca e vende os bois na cidade. O boiadeiro fica esperando a árvore dar moedas. Os textos produzidos podem compor uma coletânea de novos textos a serem lidos e analisados, assim como socializados para outros leitores da escola ou da comunidade. O professor pode sugerir a planificação de histórias inventadas, crônicas, fábulas, contos, novelas e até mesmo romances. Ler e escrever textos narrativos são tarefas importantes em qualquer nível e modalidade de ensino. Para jovens e adultos, é uma oportunidade de adentrar nas histórias alheias e perceber nelas as suas próprias histórias, vividas ou imaginadas. (personagem principal) sai com algumas moedas dentro de um pote feito de cera de abelhas. Desenvolvimento (problema): Pedro Malasartes para embaixo de uma árvore. Aparece um boiadeiro E quanto mais competentes eles forem nesse adentramento, melhores leitores de textos e de mundo poderão ser. Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento | SPAECE 2013 Experiência em foco APROXIMANDO O ENSINO DO COTIDIANO Lilian Moreira Pará, Professora de Língua Portuguesa devem perceber o lado positivo do trabalho e o da Rede Pública de Ensino de Fortaleza - Lecionar viabilizar da melhor forma possível”. com prazer, ultrapassando a formalidade estabelecida na sala de aula, é a proposta da professora de Língua Portuguesa, Lilian Moreira Pará, que defende o ensino que estimula as habilidades do aluno e contribui para sua formação como indivíduo crítico. Há oito anos Como um diagnóstico da melhoria ou qualidade da educação, surge a avaliação externa. “Ela é um medidor que dá um resultado quantitativo. Muitas vezes, consegue identificar o problema da maior na Rede Pública de Ensino de Fortaleza, ela acredita parte dos alunos”. A partir desse mapeamento, que o aluno deve estar “preparado para adequar seu Lilian sugere traçar estratégias para aperfeiçoar o conhecimento às mais variadas situações”. processo de ensino-aprendizagem. No entanto, ressalta, é necessário criar estratégias que levem em Com licenciatura em Letras (Português/Literatura) consideração a forma como o alunado apreende os e especialização em Estudos Clássicos, Lilian busca conteúdos. “O trabalho em conjunto dá resultados sempre a atualização do conhecimento - atualmente positivos. Por exemplo, a escola poderia promover é mestranda em Letras – e segue firme no propósito uma integração entre alunos, professores, gestores de educar. “A sala de aula proporciona troca de e pais e/ou responsáveis, com palestras, rodas de conhecimentos, e aprecio demais o diálogo como fonte de discussão de ideias e incentivo à leitura. Sem ela, não há disseminação do saber”, afirma. Para cumprir bem essa tarefa, a educadora está convencida de que é preciso que os agentes da educação estejam na mesma sintonia, driblando a falta de incentivo ao aluno que está fora da escola e discussão sobre educação no século XXI ou oficinas que desenvolvam o potencial de cada aluno”, opina, destacando que, dessa forma, o aluno melhoraria sua autoestima. O processo avaliativo externo tem aplicação prática na rotina da professora. acompanhando seus estudos. “Professores, alunos, “Com a análise dos resultados, resolvi mudar a pais/responsáveis, agentes escolares e governo minha conduta didática. 69 70 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Decidi avaliar de uma maneira que leva em “A escola poderia promover mais eventos que consideração os conhecimentos de mundo e envolvessem a cultura, de maneira geral, e que as leituras dos alunos”, relata. Os resultados focassem o interesse do aluno, como forma de passaram a ser um norte para o planejamento lhe dar voz, já que ele é o principal sujeito na sua das atividades educativas de Lilian, que expandiu formação cidadã”. Para a professora, diante dos seu olhar à sutileza de determinados assuntos resultados das avaliações, descortina-se uma ou temáticas potencialmente instigantes para os amostra daquilo que é mais ou menos interessante aprendizes. Além disso, aborda a realidade que os para o aluno. Então, surge a chance de trabalhar cerca fazendo-os refletir sobre os impactos que ela com mais afinco com aquilo que o atrai e pensar em produz, quer sejam negativos ou positivos no que formas diferentes de deixar atrativo aquilo que ele se refere ao aprendizado de cada um. não gosta. Outra ferramenta que contribui para o trabalho O discurso da educadora abraça sua prática. Seus da educadora é a análise da Escala de Proficiência. alunos pediram bis quando ela resolveu mudar, Segundo Lilian, através dela, é possível observar pela primeira vez, a forma de avaliação. “Sem quais resultados devem ser obtidos de acordo com papel com perguntas, sem caneta para respostas. a idade do aluno e de seu nível de desenvolvimento Cada aluno deveria levar ou apresentar aquilo cognitivo. “Muitas vezes, subestima-se ou que lhe despertava prazer, com uma condição: superestima-se o aluno, e a Escala de Proficiência deveria estar ligado à prática de leitura”. No início, mostra o que se deve esperar dele, de acordo com a mudança assustou a turma, mas,logo quando a prática educacional vigente”. Esse parâmetro entenderam o que era um texto e como se dava pode ser levado para a sala de aula, trabalhando a leitura, a experiência foi um sucesso. “Livros, sob a perspectiva de que o aluno deve atender às poemas, contos, jogos, letras de músicas (inclusive exigências do que está estabelecido em relação autorais) tomaram conta da sala de aula. Cada um ao ensino e, ao mesmo tempo, desenvolver apresentou ‘sua leitura’ e porque ela era prazerosa. criticamente seu conhecimento. Todos se envolveram, entraram na discussão e, sem que percebessem, estavam lendo, interpretando e analisando textos”, conta, vitoriosa. Os resultados desta escola Nesta seção, são apresentados os resultados desta escola no SPAECE 2013. A seguir, você encontra os resultados de participação, com o número de alunos previstos para realizar a avaliação e o número de alunos que efetivamente a realizou; a média de proficiência; a distribuição percentual de alunos por Padrões de Desempenho; e o percentual de alunos para os níveis de proficiência dentro de cada padrão. Todas estas informações são fornecidas para o SPAECE como um todo, para a CREDE ou município a que a escola pertence e para esta escola. 72 SPAECE 2013 | Boletim Pedagógico Resultados neste Boletim 1 Proficiência média Apresenta a proficiência média desta escola. É possível comparar a proficiência com as médias do estado e da CREDE ou do município. O objetivo é proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar sua escola em relação a essas médias. 2 Participação Informa o número estimado de alunos para a realização dos testes e quantos, efetivamente, participaram da avaliação no estado, na CREDE ou município e nesta escola. 3 Percentual de alunos por Padrão de Desempenho Permite acompanhar o percentual de alunos distribuídos por Padrões de Desempenho na avaliação realizada. 4 Percentual de alunos por nível de proficiência e Padrão de Desempenho Apresenta a distribuição dos alunos ao longo dos intervalos de proficiência no estado, na CREDE ou município e nesta escola. Os gráficos permitem identificar o percentual de alunos para cada nível de proficiência em cada um dos Padrões de Desempenho. Isso será fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria do processo de ensino e à promoção da equidade escolar. MAIS RESULTADOS Para uma visão ainda mais completa dos resultados de sua escola, acesse o endereço eletrônico www.spaece.caedufjf.net/. Lá, você encontrará os resultados da TCT, com o percentual de acerto para cada descritor e os resultados da TRI para cada aluno. 1 Percentual de acerto por descritor Apresenta o percentual de acerto no teste para cada uma das habilidades avaliadas. Esses resultados são apresentados por CREDE ou município, escola, turma e aluno. 2 Resultados por aluno É possível ter acesso ao resultado de cada aluno na avaliação, sendo informado o Padrão de Desempenho alcançado e quais habilidades ele possui desenvolvidas em Língua Portuguesa para o 9º ano do Ensino Fundamental e para a EJA - 2º segmento. Essas são informações importantes para o acompanhamento de seu desempenho escolar. REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA JÚLIO MARIA FONSECA CHEBLI COORDENAÇÃO GERAL DO CAEd LINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESQUISA TUFI MACHADO SOARES COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇÕES WAGNER SILVEIRA REZENDE COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO RENATO CARNAÚBA MACEDO COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAIS WELLINGTON SILVA COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE AVALIAÇÃO RAFAEL DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOS BENITO DELAGE COORDENAÇÃO DE CONTRATOS E PROJETOS CRISTINA BRANDÃO COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃO RÔMULO OLIVEIRA DE FARIAS COORDENADORA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN DA COMUNICAÇÃO EDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA Ficha catalográfica CEARÁ. Secretaria de Educação (SEDUC) do Ceará. SPAECE – 2013/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v. 1 (jan./dez. 2013), Juiz de Fora, 2013 – Anual. Conteúdo: Boletim Pedagógico - Língua Portuguesa - 9º ano do Ensino Fundamental e EJA - 2º segmento ISSN 1982-7644 CDU 373.3+373.5:371.26(05)