EDIÇÃO N.º 1 ::: 28 MAR '14 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA NO ENCONTRO "A perspetiva multidisciplinar, sempre presente, é o elo unificador de todo o congresso" Dr. Sérgio Barroso | N.º 2 ::: 29 MAR '14 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Bem-vindos aos Encontros da Primavera 2014! Dr. Sérgio Barroso* Este ano, de 27 a 30 de março, vamos em conjunto realizar mais uma edição, a 10.ª. Como em anos anteriores, procurámos elaborar um programa alargado e multidisciplinar que possa corresponder às necessidades de formação e atualização dos diferentes participantes. Este será, sem dúvida, um momento excelente para partilharmos conhecimentos e experiências, e para nos conhecermos melhor, permitindo deste modo estabelecer parcerias e criar ligações, que permitam enfrentar com mais otimismo e assertividade os desafios que os tempos atuais nos trazem. A perspetiva multidisciplinar, sempre presente, é o elo unificador de todo o congresso, permitindo que o conhecimento seja transmitido e percecionado de forma compreensiva, dando a cada participante a possibilidade de se apetrechar para uma prática clínica de elevada qualidade. Importante é salientar, que mais uma vez procuramos que os “jovens oncologistas”, tenham aqui uma presença significativa e ativa, quer através da O sucesso não seria possível, sem a presença de todos os que de uma ou de outra forma, participam connosco nestes três dias dedicados à melhoria da Oncologia em Portugal participação no programa oficial quer através de trabalhos enviados para apresentação oral ou poster. Os melhores trabalhos apresentados serão objeto de prémios a atribuir pelo júri nomeado para o efeito. A oncologia é uma das mais dinâmicas e exigentes especialidades da atualidade, justificando-se por isso uma abordagem que integre os temas atuais, partindo do standard, para as áreas de incerteza e de desenvolvimento futuro. Para o conseguir, contamos com a presença de um vasto conjunto de palestrantes nacionais e internacionais de elevado nível, que seguramente, com o seu saber e experiência, vão contribuir para o sucesso de mais uns Encontros da Primavera 2014. Mas o sucesso não seria possível, sem a presença de todos os que de uma ou de outra forma, participam connosco nestes três dias dedicados à melhoria da Oncologia em Portugal, incluindo congressistas, organizadores, patrocinadores e agência oficial. O programa está disponível em papel, em www.encontrosdaprimavera.com e também em aplicação para dispositivos móveis Apple e Android. Muito obrigado pela vossa presença, bem-vindos à Primavera! ::: FLASHES * Presidente dos Encontros da Primavera O acesso à saúde e o impacto orçamental Um equilíbrio necessário * Presidente do Conselho Diretivo da ARS do Alentejo Esta publicação está também disponível em formato digital Faça o download gratuito. Registe-se em store.newsfarma.pt JORNAL DO CONGRESSO A despesa em Saúde tem tendência a aumentar na generalidade dos países. Esse aumento pode pôr em causa a sustentabilidade do modelo de financiamento e de organização dos sistemas. Os estudos existentes, neste âmbito, apontam todos para o peso da despesa em tecnologia, particularmente na área do medicamento. e assim assegurar a existência das melhores alternativas terapêuticas e, portanto, de melhores cuidados de saúde. No entanto, o preço destes medicamentos é elevado e há necessidade de garantir que essa inovação responde às necessidades em saúde das populações, de um modo custo-efetivo. É, pois, necessário que o acesso à inovação seja efetuado sob regras criteriosas e claras que avaliem dois fatores, alcançar ganhos em saúde e minimizar o impacto orçamental. Penso, assim, que os Encontros da Primavera são o espaço privilegiado para se promoverem debates entre os peritos, que possam permitir a conjugação destes fatores. | Dr. José Robalo* Para que os medicamentos sejam integrados na lista de comparticipação pelo Serviço Nacional de Saúde é necessário avaliar o grau de qualidade, demonstrar a evidência científica da eficácia e da efetividade para as indicações terapêuticas estabelecidas, comprovar uma favorável relação benefício/risco, bem como evidenciar o seu valor terapêutico acrescido. Estão estabelecidas regras a que obedece a avaliação prévia, para efeitos da aquisição de medicamentos que devam ser reservados exclusivamente a tratamentos em meio hospitalar, bem como de outros medicamentos sujeitos a receita médica restrita, quando apenas utilizados ao nível hospitalar. Ora, é indiscutível a necessidade de garantir o acesso da nossa população a medicamentos inovadores 3 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Tromboembolismo Venoso Dr. Carlos Neves* A associação entre Tromboembolismo TEV e cancro é conhecida desde há longa data; vejam-se os trabalhos publicados por Trousseau em 1860. O TEV nos doentes com cancro é uma causa importante de morbilidade e de mortalidade. Calcula-se uma prevalência global do TEV entre 4 e 20% nos doentes com neoplasia maligna. Porque o risco de TEV não é igual em todos em todos os doentes com cancro foram criados alguns scores de avaliação de risco (a título de exemplo, o Score de Khorana) no sentido de se determinar quais os doentes que poderão beneficiar de profilaxia primária para o TEV. O tratamento e a prevenção da recorrência do TEV continuam a não ter uma abordagem consensual nas várias guidelines publicadas até à presente data, pese embora uma tendência para a preferência pelas Está por definir o eventual papel dos novos anticoagulantes orais na profilaxia, terapêutica e prevenção da recorrência do tromboembolismo destes doentes heparinas de baixo peso molecular. Está por definir o eventual papel dos novos anticoagulantes orais na profilaxia, terapêutica e prevenção da recorrência do tromboembolismo destes doentes. Aguardamos pois com particular interesse as duas comunicações desta sessão: na primeira será apresentado o resultado do inquérito nacional pela Dr.ª Ana Pais; ficaremos com uma perceção de nível nacional de como as Unidades de Oncologia abordam o T.E.V. na prática clínica. Na segunda, o Prof. Ismail Elalamy, reconhecido perito mundial em Trombose e Hemorragia, atualmente a trabalhar no Hospital Tenon em Paris, irá apresentar as estratégias terapêuticas atuais para o doente oncológico que desenvolve TEV. * Coordenador da Comissão de Vigilância e Profilaxia do Tromboembolismo Venoso do C.H.L.O Grupo de Estudos de Cancro e Trombose volvimento de trombo-embolismo venoso (TEV) e que este constitui mesmo a 2.ª causa de morte nesta Dr. Miguel Barbosa* Está demonstrado claramente que os doentes oncológicos apresentam um risco aumentado de desen- | JORNAL DO CONGRESSO ::: FLASHES 4 Convidamos todos os participantes nos Encontros da Primavera em Oncologia 2014 a juntarem-se a esta causa população. Apesar da importância desta questão e da sua frequência crescente, verifica-se que um número significativo de profissionais de saúde, inclusive aqueles que tratam diretamente doentes oncológicos, e a comunidade em geral estão pouco sensibilizados para esta temática. Foi neste contexto que surgiu a ideia da criação de um Grupo de Estudos de Cancro e Trombose (GESCAT), que reúna os profissionais de saúde interessados nesta problemática com o objetivo de aumentar a perceção da associação “cancro e trombose” junto das equipas assistenciais, dos doentes e dos seus familiares/cuidadores; servir de referência nacional na produção de recomendações, investigação científica e registo de eventos; facilitar o acesso dos doentes oncológicos sob risco ou com o diagnóstico de TEV à prevenção e ao tratamento segundo o estado da arte. Convidamos todos os participantes nos Encontros da Primavera em Oncologia 2014 a juntarem-se a esta causa. * Oncologista Médico no Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Sessão Cancro da Mama I Faça uma pausa e visite a nossa da mama, mas têm um risco de poder vir a ter, associado ao risco de transmissão familiar de mutações, habitualmente nos genes BRCA1 e BRCA2. Hoje em dia, para além de terapêuticas cirúrgicas radicais, como a mastectomia profilática, existem também tratamentos profiláticos com medicamentos. O efeito protetor não é tão marcado como os da cirurgia radical mas, por outro lado, também não implicam cirurgias mutiladoras. Há estudos com tamoxifeno e com inibidores da aromatase pelo que é importante discutir os prós e os contras destas opções, as suas indicações, vantagens e limitações. Por último, a Dr.ª Noémia Afonso, oncologista médica do IPO do Porto focou as novas opções terapêuticas para o carcinoma da mama triplo negativo, correspondendo a cerca 15% do total dos tumores da mama. Este subtipo de cancro da mama é o mais agressivo e tem como única opção terapêutica médica a quimoterapia citostática. Nesta área há um grande interesse em identificar novos alvos terapêuticos, cujo bloqueio permita potenciar o efeito da quimioterapia convencional. * Oncologista médico, diretor do Serviço de Oncologia do Hospital da Luz e do Hospital Beatriz Ângelo HOSPITALITY SUITE Informações essenciais compatíveis com o Resumo das Características do Medicamento em anexo. Medicamento sujeito a receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados. Para mais informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. Informações essenciais compatíveis com o Resumo das Características do Medicamento em anexo. Medicamento sujeito a receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados. Para mais informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Devem ser notificadas quaisquer suspeitas de reações adversas. MP-PRT-AMG-057-2014-March-P MP-PRT-AMG-057-2014-March-P JORNAL DO CONGRESSO A primeira sessão sobre Cancro da Mama teve lugar ontem, dia 27 de março, a abrir as sessões de trabalhos dos 10ºs Encontros da Primavera. Esta sessão tratou de vários temas bastante diferentes entre si, mas com um ponto em comum: áreas de controvérsia e de alguma indefinição sobre qual é a melhor estratégia clínica a seguir no campo do diagnóstico ou tratamento do cancro da mama. O primeiro tema, apresentado pelo Dr. José Carlos Marques, imagiologista do IPO Lisboa e do Hospital dos Lusíadas, abordou o diagnóstico precoce do cancro da mama, o que normalmente é referido como rastreio, uma área que tem suscitado grande controvérsia. É verdade que, desde meados do século passado, o rastreio em mulheres saudáveis é visto como tendo um grande impacto são usados dados da anatomia tradicional, mas existem alguns métodos de diagnóstico mais recentes que se baseiam na expressão génica dos tumores, não sendo ainda claro qual o contributo adicional destas técnicas para a decisão clínica do dia-a-dia. O terceiro tema da sessão, a cirurgia oncoplástica, foi proferido pelo Dr. Luís Mestre, cirurgião do Hospital CUF Infante Santo. A cirurgia é uma terapêutica major, de máxima importância para o tratamento do cancro da mama, pois não há essencialmente tratamento curativo do cancro da mama sem uma atitude cirúrgica. Nos últimos anos o objetivo tem sido não só fazer o tratamento cirúrgico oncológico correto, tratando adequadamente a mama e a axila, dependendo da extensão da doença, mas também articular os bons resultados oncológicos com bons resultados estéticos. Assim, a cirurgia oncoplática resulta, hoje, de uma fusão de uma cirurgia oncológica curativa com uma cirurgia plástica reconstrutiva e estética. O tema seguinte foi abordado pela Dr.ª Ana Clara, oncologista do IPO de Lisboa, sendo dedicado à quimioprofilaxia e tratamento de lesões pré-invasivas, ou seja, pré-malignas. Este problema põe-se sobretudo em mulheres que não têm cancro Amgen Biofarmacêutica, Lda. Edifício Dª Maria I (Q60), Piso 2 A, Quinta da Fonte 2770-229 Paço d’Arcos, Portugal Tel. 21 422 05 50 • Fax 21 422 05 55 E-mail: [email protected] | Prof. Doutor J. L. Passos Coelho* na redução da mortalidade por cancro da mama, devido, por um lado, à possibilidade de identificar lesões pré-malignas que sejam passíveis de tratamento cirúrgico e, por outro, em identificar cancros da mama precoces de pequeno volume e, como tal, de maior sucesso terapêutico. No entanto, nos últimos anos, esta recomendação tem sido posta em causa a partir de novas análises de estudos randomizados de mamografia, os quais sugerem um menor impacto do rastreio mamográfico ou põem em causa o seu benefício. Neste momento, a maior parte das sociedades científicas continua a recomendar a realização da mamografia com uma frequência anual ou de dois em dois anos em mulheres entre os 50 e os 70 anos, mas é uma área onde existem algumas dúvidas. Outra área de controvérsia abordada foi o papel da ressonância magnética mamária na avaliação pré-operatória do cancro da mama, fora do contexto do carcinoma da mama hereditário. Seguiu-se o tema da classificação histológica do cancro da mama, que foi discutido pelo Dr. Fernando Schmidt, da Universidade de Toronto, integrando o contributo da anatopatologia clássica com o contributo dos métodos de diagnóstico e classificação moleculares. Nas decisões clínicas 5 NIPC: 502 942 959 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Curso Pré-Congresso - Abordagem prática e multidisciplinar do cancro da próstata A perspetiva do oncologista médico | JORNAL DO CONGRESSO Dr. José Carlos Nunes Marques 6 O carcinoma da próstata não é uma entidade clínica monolítica, por isso os médicos que tratam os doentes com esta patologia devem estar familiarizados com a possibilidade de apresentação de tipos histológicos, comportamentos biológicos e apresentações clínicas diversos. O conhecimento de fatores de prognóstico1 e de biomarcadores2 que sustentem a abordagem terapêutica mais adequada tem sido adquirido a partir de estudos baseados nos grandes ensaios randomizados que conduziram à aprovação dos agentes terapêuticos que temos disponíveis para esta doença. A perspetiva apresentada neste curso visa dar resposta às principais questões que, de momento, se colocam a quem tem de tratar doentes com carcinoma da próstata metastático resistente à castração (CPRCm). A montante, permanecem questões, não definitivamente encerradas, como é o caso da abordagem terapêutica da progressão bioquímica sem metástases documentadas. Na abordagem que fazemos neste curso, pretendemos dar resposta às seguintes cinco questões práticas: 1.O conhecimento da história natural da doença pode auxiliar-nos na tomada de decisão terapêutica? 2.Devem os doentes com CPRCm sensível à castração, com metástases ósseas, iniciar terapêuticas dirigidas ao osso com a intenção de atrasar o aparecimento de eventos ósseos? 3.Devem os doentes cujos tumores se tornam resistentes à castração manter o bloqueio androgénico quando iniciam outras terapêuticas? 4.Quais são as opções terapêuticas para os doentes com CPRCm? 5.Os doentes com CPRCm e metástases ósseas devem fazer tratamento com agentes anti-osteoclásticos? Em relação à primeira questão, entendemos ser necessário o conhecimento da evolução natural da doença, a partir da experiência publicada3, 4, 5 para podermos tomar decisões terapêuticas oportunas e destituídas de futilidade. Em resposta à segunda questão, acaba de ser publicado o resultado de um estudo de fase III6 que conclui que, em homens com carcinoma da próstata sensíveis à castração, com metástases ósseas, o tratamento precoce com ácido zole- drónico não se associou a menor risco de eventos ósseos. Sobre a terceira questão, enquanto não houver evidência clínica contrária, há consenso para que os doentes cujos tumores se tornaram resistentes à castração prossigam o bloqueio androgénico em curso, concomitante com as terapêuticas subsequentes. A quarta questão, sendo a mais complexa, merece o melhor esclarecimento já que esbarra em várias dificuldades que justificam uma cuidada ponderação no âmbito de cada serviço que trata estes doentes e, prudentemente, merece orientação clara da tutela. A perspetiva apresentada neste curso visa dar resposta às principais questões que, de momento, se colocam a quem tem de tratar doentes com carcinoma da próstata metastático resistente à castração A partir de 2004, passámos a dispor do primeiro agente, o docetaxel7, que provocou aumento da sobrevida nos doentes com CPRCm. Desde 2010, surgiu evidência clínica, suportada em ensaios de fase III, do valor terapêutico com aumento da sobrevida dos doentes tratados com cinco novos agentes: o tratamento de imunoterapia com sipuleucel-T8, em pré-quimioterapia e, após quimioterapia com o docetaxel, o tratamento com o novo agente cabazitaxel9, um taxano dirigido à tubulina, e os novos agentes hormonais: o inibidor da síntese dos androgéneos, acetato de abiraterona10 e o anti-androgéneo enzalutamida11 e um novo rádio-fármaco: o radium-22312, 13. Posteriormente, os resultados publicados de um ensaio de fase III sobre a utilização da abiraterona em pré-quimioterapia14 mostraram melhores resultados na sobrevivência livre de progressão radiográfica (rPFS) e uma forte tendência para maior sobrevida. Aguarda-se a publicação dos resultados do estudo PREVAIL, sobre a utilização da enzalutamida pré-quimioterapia, havendo já evidência, retirada da análise interina realizada, de que os resultados mostraram melhoria na sobrevida e rPFS. A apresentação clínica, as características individuais dos doentes exigindo terapêuticas adaptadas (tipos histológicos particulares, comorbilidades…) e a ponderação do custo/ /benefício dos tratamentos pesam na tomada de decisão terapêutica. Também o conhecimento de que a transposição dos resultados dos ensaios clínicos para a prática clínica é difícil de alcançar deve guiar a nossa conduta com prudência15. À quinta questão, se os doentes com CPRCm com metástases ósseas devem ser tratados com agentes anti-osteoclásticos, a resposta é positiva, sobretudo se existir evidência de carga tumoral significativa, nomeadamente: > 3 metástases, evento ósseo prévio e aumento da fosfatase alcalina. Dois ensaios de fase III mostraram que o ácido zoledrónico16 e o denosumab17 atrasam e diminuem o número de eventos ósseos em doentes com CPRC e metástases ósseas. Os doentes tratados com estes agentes devem ser monitorizados previamente sobre as suas condições de saúde dentária. A administração de cálcio e vitamina D e a monitorização da calcémia devem acompanhar o tratamento com qualquer dos agentes. A monitorização da função renal é necessária com a administração de ácido zoledrónico. Finalmente, não podemos deixar de falar no futuro, nos novos agentes para o tratamento do cancro da próstata18 de que se aguardam resultados dos ensaios em curso: novos inibidores da síntese e sinalização dos androgénios como o orteronel (TAK700), ARN-509, ODM-201 e outros; novos agentes de imunoterapia: vacinas, os anticorpos monoclonais inibidores do checkpoint das células T, os anticorpos conjugados; os agentes dirigidos para as metástases, a invasão, proliferação e sobrevivência celular: cabozantinib, custirsen (OGX-011) e o Tasquinimod. A manutenção do valor terapêutico da quimioterapia é inquestionável e a sua sequenciação e associação à castração inicial estão a ser explorados. Enquanto não houver evidência clínica contrária, há consenso para que os doentes cujos tumores se tornaram resistentes à castração prossigam o bloqueio androgénico em curso, concomitante com as terapêuticas subsequentes Está por definir, também, qual a melhor sequenciação dos agentes disponíveis, nomeadamente entre os anti-androgénios e a quimioterapia. Estudos retrospetivos sugerem que a administração dos inibidores dos androgénios a seguir ao cabazitaxel em 2.ª linha poderá permitir a exposição a mais linhas terapêuticas e a maior sobrevivência19. * Unidade de Oncologia Médica Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental Bibliografia 1 Halabi S et al. Updated prognostic model for predicting overall survival in first-line chemotherapy for patients with metastatic castration-resistant prostate cancer. JCO March 1. 2014 vol 32 nº 7: 671-677. 2 Cary KC et al. Biomarkers in prostate cancer surveillance and screening. Past, present and future. Ther Adv Urol 2013; 5 (6): 318-329. 3 Pound et al. Natural history of progression after PSA elevation following radical prostatectomy. JAMA 1999; 281: 1591-1597. 4 Wilt T J et al. Radical prostatectomy versus observation for localized prostate cancer. N Engl J Med 2012; 367: 203-213 5 Schweizer et al. Metastasis-free survival is associated with overall survival in men with PSA-recurrent prostate cancer treated with deferred androgen deprivation therapy. Ann Oncol 2013; 24: 2881-2886 6 Smith MR et al. Randomized controlled trial of early zoledronic acid in men with castration sensitive prostate cancer and bone metastases: result CALGB 90202 (Alliance). Published online before print JCO March 3, 2014. 7 Tannock IF et al. Docetaxel plus prednisone or mitoxantrone plus prednisone for advanced prostate cancer. N Engl J Med 2004; 351: 1502-1512. 8 Kantoff PW et al. Sipuleucel-T immunotherapy for castrate-resistant prostate cancer. N Engl J Med 2010; 363: 411-422. 9 De Bono JS et al. Prednisone plus cabazitaxel or mitoxantrone for metastatic castration-resistant prostate cancer progressing after docetaxel treatment: a randomized open-label trial. Lancet 2010; 376: 1147-1154. 10 De Bono JS et al. Abiraterone and increased survival in metastatic prostate cancer. N Engl J Med 2011; 364: 1995-2005. 11 Scher HI et al. AFFIRM investigators. Increased survival with enzalutamida in prostate cancer after chemotherapy. N Engl J Med 2012; 367 (13): 1187-1197. 12 Parker C et al. Overall survival benefit of radium-223 chloride (AlpharadinTM) in the treatment of patients with symptomatic bone metastases in castration-resistant prostate cancer (CRPC): a phase III randomized trial (ALSYMPCA). Eur J Cancer 2011; 47 (Suppl 2): p3. 13 Parker C et al. Alpha emitter radium-223 and survival in metastatic prostate cancer. N Engl J Med 2013; 369: 213-223. 14 Ryan CJ et al. Abiraterone in metastatic prostate cancer without previous chemotherapy. N Engl J Med 2013; 368: 138-148. 15 Templeton AJ et al. Translating clinical trials to clinical practice: outcomes of men with metastatic castration resistant prostate cancer treated with docetaxel and prednisone in and out of clinical trials. Ann Oncol 3013; 24: 2972-2977. 16 Saad F et al. Long-term efficacy of zoledronic acid for the prevention of skeletal complications in patients with metastatic hormone-refractory prostate cancer. J Natl Cancer Inst 2004; 96: 879-882. 17 Fizazi K et al. Denosumab versus zoledronic acid for treatment of bone metastases in men with castration-resistant prostate cancer: a randomised, double-blind study. Lancet 2011; 377: 813-822. 18 Agarwal N et al. New agents for prostate cancer. Ann Oncol 2014; published online March 20 19 Sonpavde G et al. Outcomes with different sequences of cabazitaxel and abiraterone acetate following docetaxel in metastatic castration-resistant prostate cancer. In ECCO/ ESMO Congress (Abstr P412). Amsterdam, The Netherlands 2013. Available at: http://oncologypro.esmo.org/. 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Immunotherapy and melanoma A real hope Dr.ª Christine Mateus Until the last three years, the prognosis of metastatic melanoma, was very poor with only 2% of overall survival and 13% of tumor responses after dacarbazine, the main chemotherapy prescribed for metastatic melanoma. The treatment of metastatic melanoma has been radically modified over the last few years with the development of new drugs capable of prolonging significantly the life expectancy of the patients. Two strategies have been implicated: -Targeted therapies with BRAF inhibitors and MEK inhibitors for BRAF and NRAS mutated melanomas -Non-specific immunotherapies with anti-CTLA-4 (ipilimumab) and more recently anti-PD-1 monoclonal antibodies or anti PD-1 ligands. These antibodies block physiological brakes of the immune response activation and induce an indirect immune response. Ipilimumab was approved in 2011. The dose regimen consists in 4 injections for the induction treatment, and if needed, reinduction treatment is possible depending on the country. Phases III trials had shown benefit in about 20% of the patients even in patients with brain metastasis, and recent updated data confirmed this benefit with 24% patients still alive three years after treatment with ipilimumab. Anti-PD-1 antibodies, currently in development, seem to have a better therapeutic index with higher response rates. In phase I and II, MK3475 obtained tumor responses in 40 to 55% of patients, depend- ing on dose and frequency of infusions. The best rate was obtained with 10mg/kg every 2 weeks. Recent updated data confirmed also thoses good results with an overall survival of 81% after 14 months of treatment. The median of the overall survival is The treatment of metastatic melanoma has been radically modified over the last few years with the development of new drugs capable of prolonging significantly the life expectancy of the patients currently not reached. The toxicity of this type of treatments is very different from that of cytotoxics. Immunotherapies can induce significant immune-related toxicity. The main organs implicated are the skin (rashes), the digestive tract (colitis), the pituitary gland (hypophysitis) and the thyroid gland (thyroiditis), but all organs may be affected. Toxicity is less frequently observed on anti-PD1 than on ipilimumab. In most cases, symptoms improved without sequel under steroids. Some colitis grade 3 and 4 needed a treatment with infliximab. Combination of anti-CTLA-4 and anti-PD-1 also gives encouraging preliminary results, but with important toxicities. Combination of anti-CTLA-4 and anti-BRAF was abandoned du to excessive toxicities. In the future, we will probably have to design combination protocols using these new drugs concurrently or sequentially, to improve clinical outcome of our patients and minimize toxicities. * Dermatology Unit Institut Gustave Roussy Villejuif Cedex | JORNAL DO CONGRESSO ::: FLASHES 7 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Tumores da Mama “Triplo Negativos” Novos alvos e novas terapêuticas Dr.ª Noémia Afonso* Nos últimos anos temos assistido a uma melhoria do prognóstico do carcinoma da mama (CM), para o que contribuiu o desenvolvimento da quimioterapia combinada, de fármacos anti-HER2 e da terapêutica endócrina. No entanto, no caso do CM “triplo negativo”, apesar de se ter verificado melhoria do prognóstico, a sobrevivência destas doentes mantém-se estável nos últimos anos pela dificuldade em desenvolver novos tratamentos, nomeadamente terapêuticas “alvo”. A definição do CM “triplo negativo” tem por base a avaliação por imunohistoquímica (IHC) e consiste na ausência de expressão de recetores de estrogénio (RE), de recetores de progesterona (RPg) e de HER2. A classificação histopatológica do CM triplo negativo permite identificar tipos histológicos, menos frequentes, que, apesar de “triplo negativos”, apresentam prognóstico mais favorável tais como: medular, adenoide-cístico, secretor, apócrino. Na avaliação molecular por microoarrays foram definidos 5 subtipos de CM – luminal A, luminal B, luminal B / HER2+, HER2+ e basal. Com frequência se estabelece uma | JORNAL DO CONGRESSO ::: FLASHES 8 correspondência entre o CM “triplo negativo” por IHC e o subtipo basal. Apesar de, na maioria dos casos (70%-80%), haver uma sobreposição entre CM “triplo negativo” e fenótipo basal, é importante lembrar que uma parte dos CM “triplo negativos” não apresenta fenótipo basal, e um subgrupo dos carcinomas de fenótipo basal não é “triplo negativo” por IHC. Existe uma associação entre CM triplo negativo e mutação BRCA mas nem sempre coincidem. No caso do CM “triplo negativo”, apesar de se ter verificado melhoria do prognóstico, a sobrevivência destas doentes mantém-se estável nos últimos anos pela dificuldade em desenvolver novos tratamentos, nomeadamente terapêuticas “alvo” Num estudo realizado por Lehamann foi determinada a caracterização molecular de 587 casos de CM triplo negativo e identificados 5 subtipos: basal-like 1 (BL-1), basal-like 2 (BL-2), imunomodulador (IM), mesênquimatoso (M), mesênquimatoso stem-like (MSL), Luminal –recetor de androgénio (LAR). Estes diferentes subtipos distinguem-se por diferenças genómicas que confere a cada um especificidades de prognóstico e potenciais diferenças na resposta a terapêuticas. A “Next Generation Sequencing” (NGS) é uma nova forma de avaliação genómica que quando aplicada a casos de CM triplo negativo permitiu identificar como mais frequente a mutação do TP53. Entre outras mutações, menos frequentes, identifica-se alterações PTEN, amplificação EGFR, amplificação FGFR2, mutações PIK3CA. As alterações identificadas são semelhantes às do carcinoma seroso do ovário de alto grau o que estabelece a semelhança entre as duas neoplasias. A instabilidade genómica e a heterogeneidade intra-tumoral dificultam a identificação de alterações genómicas que possam vir a constituir “alvos terapêuticos”. Na abordagem terapêutica do CM mantém-se a necessidade de recorrer à quimioterapia “convencional” com antraciclina e taxano. Os sais de platino mostraram eficácia particular no CM triplo negativo associado a mutação BRCA. No entanto a associação de carboplatina e bevacizumab à quimioterapia neoadjuvante convencional levou a aumento da taxa de resposta completa no CM triplo negativo, destacando-se o aumento da pCR na mama/axila com a associação de carboplatina, sendo controversa a vantagem de associação de bevacizumab pelo aumento da toxicidade para um benefício mais limitado no aumento da pCR na mama e não na mama/axila. O estudo Beatrice não demonstrou vantagem na associação de bevacizumab à quimioterapia adjuvante com CM triplo negativo, e mantém-se controversa o papel desta terapêutica anti-angiogénica no tratamento neoadjuvante/paliativo. Esperam-se avanços importantes na avaliação dos inibidores da PARP, nomeadamente no CM associado a mutação BRCA, mas também no CM triplo negativo em geral após de ter sido identificado um benefício da associação velaparib/carboplatina no estudo adaptativo SPY2. A possibilidade de associação de alteração da via mTOR levou à avaliação da associação do inibidor m-TOR à terapêutica neoadjuvante do CM triplo negativo com resultados desapontadores. A aplicação da terapêutica personalizada, com identificação de alterações específicas de cada tumor e instituição de terapêutica dirigida, poderá abrir caminhos mais promissores Apesar dos avanços no conhecimento da biologia do CM triplo negativo a sua heterogeneidade torna difícil a melhoria significativa do prognóstico. A aplicação da terapêutica personalizada, com identificação de alterações específicas de cada tumor e instituição de terapêutica dirigida, poderá abrir caminhos mais promissores. * Oncologista Médica, IPO Porto 10 ANOS - ENCONTROS DA PRIMAVERA - ONCOLOGIA Treatment and prophylaxis of cancer-associated thrombosis Prof. Elalamy Ismail* Venous thromboembolism (VTE) is a frequent complication occurring in around 20% of cancer patients. Cancer Associated Thrombosis (CAT) represents the second leading cause of death during cancer progression. CAT is associated with a poor prognosis increasing the risk of mortality. Therefore, effective thromboprophylaxis strategies for cancer patients are required to minimize morbi-mortality and to reduce health care expenses in this frail patient population. Prophylaxis of CAT in hospitalized patients Thromboprophylaxis for hospitalized medically ill patients is particularly underused. CAT leads to prolonged hospitalization, further reduction in quality of life and premature, fatal outcome from PE or anticoagulant-related bleeding. The mortality in hospitalized cancer patients with CAT compared with patients without CAT was 16.3% and 6.3%, respectively (p < 0.001). Unfractionated heparin (UFH), low-molecular-weight heparins (LMWHs) and fondaparinux are the most commonly used pharmacological thromboprophylaxis regimens in medically ill patients. LMWH thromboprophylaxis is strongly recommended to reduce the risk of VTE in cancer patients hospitalized for medical illness. Thromboprophylaxis in Ambulatory Cancer Patients Receiving Chemotherapy Chemotherapy is associated with 6.5-fold increased risk of CAT and the majority occurs in the outpatient setting. With an annual inci- Cancer Associated Thrombosis (CAT) represents the second leading cause of death during cancer progression dence of around 11%, CAT among ambulatory cancer patient receiving chemotherapy is an independent predictor of early all-cause mortality (hazard ratio, 4.5; 95% CI, 1.61–12.53). Clinicians must identify high-risk ambulatory cancer patient who may benefit from effective thromboprophylaxis. Routine thromboprophylaxis for ambulatory cancer patients receiving chemotherapy is not recommended and it must be considered on a case-by-case basis. A clinical prediction risk assessment model (Khorana’s score) stratifying ambulatory cancer patients undergoing chemotherapy has been proposed, expanded and validated. Curative Treatment of CAT Standard regimens for acute VTE treatment consist of initial therapy with UFH, LMWH or fondaparinux followed by a long-term Vitamin K Antagonist therapy. Consequently, treatment could be simplified by using a single anticoagulant with a rapid onset of action that is also safe and well tolerated when administered over an extended period. LMWHs, as efficacious as unfractionated heparin in reducing recurrent thrombosis, are associated with a lower risk of major bleeding and 3-month mortality. LMWH is the recommended anticoagulant for the initial therapy of VTE in most patients with cancer. However, UFH can be used in those with severe renal impairment (creatinine clearance [CrCl] < 30 mL/min). Fondaparinux is a reasonable choice in case of history of Heparin-induced Thrombocytopenia. The continuation of anticoagulation beyond the first 3 to 6 months is based on weighing the risk for recur- rent thrombosis against the risk of major bleeding. Potential of novel anticoagulants for the treatment of cancer-associated VTE It is out of doubt that the new synthetic anticoagulant agents, administrated orally and at a fixed dose without any laboratory monitoring, provide a major advantage compared with VKA. However, up to date, evidence on their efficacy and safety in cancer patients with VTE is very limited. In all these phase III trials, the novel anticoagulants were compared with VKA, known to be suboptimal for CAT treatment. It is therefore not possible to provide any recommendation for the use of new anticoagulant agents in cancer patients. * Service d’Hématologie Biologique Hôpital Tenon UPMC Paris 6, France References Lyman GH, Khorana AA, Kuderer NM, et al; American Society of Clinical Oncology Clinical PracticeVenous thromboembolism prophylaxis and treatment in patients with cancer: American Society of Clinical Oncology clinical practice guideline update. J Clin Oncol 2013;31(17):2189–2204 Gomes M et Khrorana AA. Risk Assessment for Thrombosis in Cancer Sem Thromb Haemost 2014; Lee AY et Peterson EA. Treatment of Cancer-Associated Thrombosis Blood. 2013; 122(14):2310-2317 | JORNAL DO CONGRESSO ::: FLASHES 10 AGRADECE O APOIO DE TODOS OS QUE CONTRIBUIRAM PARA A REALIZAÇÃO DESTE JORNAL, NOMEADAMENTE: COORDENAÇÃO: ANA BRANQUINHO | [email protected] FOTOGRAFIA: RICARDO GAUDÊNCIO | [email protected] EDIÇÃO: SECRETARIADO: Avenida Infante D. 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