Estudo Sobre a Institucionalização das Representações Sociais da
Agroecologia na Agricultura Familiar
Autoria: Gilberto Clarício Martinez Guerra, Elisa Yoshie Ichikawa
Resumo: No Brasil, devido à Revolução Verde, iniciou-se, no final dos anos 1960, o uso de
sementes melhoradas geneticamente, estéreis, em sua maioria, agrotóxicos e agroquímicos, o
que causou danos ambientais e a exclusão social do pequeno agricultor rural familiar, devido
às dívidas obtidas e danos à sua saúde. Com a compreensão da insustentabilidade do sistema
convencional, a agroecologia - que é uma ciência que estabelece as bases para a construção de
estilos e estratégias para o desenvolvimento rural sustentável - foi se desenvolvendo, existindo
nela três níveis relacionados entre si: ecológico, econômico e social (primeiro nível); cultural
e político (segundo nível) e ético (terceiro nível). Nesse contexto, no Paraná é o IAPAR
(Instituto Agronômico do Paraná) que realiza muitas das pesquisas agroecológicas no Estado,
por meio do PAG (Programa de Pesquisa em Agroecologia) e são os extensionistas rurais da
EMATER (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) que realizam as
ações de orientação e motivação para converter os agricultores convencionais em
agroecológicos. O agricultor, principalmente o familiar, é aquele que recebe as orientações
dos extensionistas da EMATER no tocante à agroecologia. Diante disso, e sabendo da
atualidade do tema, entendeu-se como importante conhecer a compreensão que esses atores
têm da agroecologia e o processo pelo qual ela passa em busca de legitimação. Sendo assim, o
objetivo do presente trabalho é compreender a institucionalização da representação social da
agroecologia para pesquisadores do IAPAR, extensionistas da EMATER e produtores rurais
da agricultura familiar que trabalham com ela, com base nas crenças, valores e padrões de
atuação desses atores. Para tanto, o artigo tem como base a aliança entre a Teoria das
Representações Sociais e a Teoria Neoinstitucional. Por meio de um percurso metodológico
qualitativo e descritivo, utilizando-se de roteiros de entrevistas semiestruturadas, a análise de
discurso realizada desvendou as diversas representações sociais dos três atores envolvidos
com a agroecologia. Essas representações possuem similaridades, como a preocupação com a
saúde do agricultor, a sustentabilidade ambiental e econômica. Com o suporte da Teoria
Neoinstitucional, ilustrou-se o processo de institucionalização da agroecologia para os três
atores envolvidos com trabalhos agroecológicos. Notou-se que as crenças e valores
necessários para aceitarem a agroecologia se formaram na educação básica, pelas instituições
escola e família. Devido à mudança radical nos pressupostos orientadores e padrões de
atuação, o processo de objetivação e ancoragem dos agricultores foi o mais complexo entre os
três atores pesquisados. Para extensionistas e agricultores, a legitimação ainda é difícil de ser
alcançada, devido aos preconceitos e descasos que a agroecologia ainda sofre em suas áreas,
enquanto que para os pesquisadores ela está mais institucionalizada. Foi possível concluir que
o objeto da representação e da institucionalização ainda possui obstáculos, por ir contra a
corrente de pensamento vigente.
Introdução
No Brasil, no início da década de 60 do século passado, houve uma expansão da
produção industrial. Grandes alterações na forma de produzir e na relação do setor agrícola
com os demais segmentos da sociedade ocorreram. Com a chamada Revolução Verde,
iniciou-se o uso de sementes melhoradas geneticamente (estéreis em sua maioria), agrotóxicos
e adubos químicos que, embora representassem a modernidade do sistema produtivo,
causaram e continuam causando danos ambientais. Isso levou à exclusão social do pequeno
produtor rural familiar que, para acompanhar este avanço da modernidade, contraiu dívidas
além da possibilidade de pagamento e problemas de saúde obtidos com o uso dos produtos
químicos já mencionados (ANDRADE; MESQUITA, 2003; MONTOYA; GUILHOTO,
2001; SANTOS, 2001).
Com a compreensão da insustentabilidade desse modelo por ecologistas, uma nova
perspectiva de inclusão ambiental no planejamento começou a ser compartilhada por alguns
membros da sociedade, que, por sua vez, procuravam disseminar esses ideais e buscar novas
formas de produção sustentáveis. Com o passar dos anos, surgiram novas opções para os
produtores rurais da agricultura familiar, podendo estes, então, optarem pelo sistema
agroecológico de produção orgânica, que veio a se opor ao sistema convencional (Revolução
Verde), que faz parte do sistema competitivo atual.
Segundo Dias (2006), o Brasil possui atualmente uma área de 800.000 ha. com
produção orgânica e cerca de 15.000 produtores, sendo que a região sul do país possui 68%
dos produtores orgânicos do Brasil e 50% de área com culturas em cultivo orgânico. O
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER - menciona que o
Estado do Paraná possui 5.300 produtores orgânicos; a área plantada na safra 2006/07 chegou
a 12.720 ha. e a produção a 107.230 toneladas. A EMATER (2008) ainda menciona que a
produção orgânica entre as safras de 1996/97 e 2006/07 cresceu mais de 1.630%.
Entre as principais entidades paranaenses de assistência ao produtor rural estão a
EMATER e o IAPAR. Dentre seus objetivos, a EMATER do Paraná trabalha para diversificar
e integrar a exploração e a prática agrícola, pecuária e florestal, com a utilização de técnicas
agroecológicas, sendo um dos centros de referência em agroecologia no Brasil e
desenvolvendo forte parceria com universidades, organizações não-governamentais e grupos
de produtores (EMATER, 2008). O IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná - é o
responsável pelo desenvolvimento da tecnologia aplicada pela EMATER. Desde 2004, o
IAPAR desenvolve o Programa de Pesquisa em Agroecologia (PAG), que visa promover os
sistemas sustentáveis de produção agroecológica, incluindo a orgânica. Desta forma, procurase proporcionar resultados favoráveis para o agricultor, ao consumidor e ao meio ambiente,
envolvendo os aspectos sociais, técnicos, políticos, econômicos e ecológicos, além de
promover a institucionalização das questões relacionadas à agroecologia e incentivar as
pesquisas científicas relacionadas com o tema (IAPAR, 2008).
Segundo Caporal e Costabeber (2002), a agroecologia é uma ciência que estabelece as
bases para a construção de estilos e estratégias para o desenvolvimento rural sustentável,
enfocando o apoio à transição de atuais modelos de agricultura e desenvolvimentos
convencionais (dependente de recursos não renováveis) para o estilo de agricultura e
desenvolvimento sustentável. Assim, além de possibilitar a produção de produtos de
qualidade biológica superior, também atende requisitos sociais como: consideração dos
aspectos culturais, preservação dos recursos ambientais, apoio à participação política de seus
atores e permite a obtenção de resultados econômicos favoráveis, tanto no presente como em
longo prazo. Para tal, a agroecologia reúne diversos campos de conhecimento e dimensões.
Entre as dimensões, Caporal e Costabeber (2002) mencionam três níveis que precisam
ser relacionados entre si: ecológico, econômico e social (primeiro nível); cultural e político
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(segundo nível); e ético (terceiro nível). Estas dimensões são importantes, pois nenhum
produto será realmente ecológico se for produzido às custas da exploração da mão-de-obra, ou
o não uso de certos insumos por exigência do mercado estiver sendo substituído por novas
formas de degradação dos recursos naturais.
A pesquisa ora realizada busca trabalhar basicamente as duas primeiras dimensões.
Para compreender o primeiro nível da agroecologia (ecológica, econômica e social), a Teoria
das Representações Sociais será o suporte. Moscovici (1978) menciona que a realidade
exterior é remodelada ou reproduzida na forma de representações sociais, que é marcada pelo
contexto de valores, noções e regras que lhe são solidárias. Em outras palavras, a Teoria das
Representações Sociais ajudará a compreender, neste artigo, como se dá o processo de
transformação do conceito de agroecologia do universo reificado (ciência) para o universo
consensual (senso comum), e a forma como integrantes desses universos compreendem a
agroecologia. Assim, pesquisadores do IAPAR ajudam a construir o mundo científico da
agroecologia, os extensionistas transmitem essas construções para os agricultores, e os
pequenos produtores rurais da agricultura familiar trabalham com o que lhes foi transmitido
por esse universo reificado.
Para compreender o segundo nível (cultural e político) da agroecologia, a Teoria
Neoinstitucional dará o suporte para a análise. De acordo com Meyer e Rowan (1977), a
institucionalização envolve os procedimentos pelos quais os processos sociais, obrigações ou
realidades vêm a assumir uma condição de regra em pensamento social e ação. Em outras
palavras, a Teoria Neoinstitucional ajudará a compreender como os processos sociais,
obrigações, realidades ou representações sociais assumiram uma condição de regra em
pensamento social e ação para o pequeno produtor rural da agricultura familiar, os
extensionistas da EMATER e os pesquisadores do IAPAR, no tocante à agroecologia.
Desta forma o objetivo do presente artigo é compreender a institucionalização da
representação social da agroecologia para pesquisadores do IAPAR, extensionistas da
EMATER e produtores rurais da agricultura familiar que trabalham com ela, com base nas
crenças, valores e padrões de atuação desses atores.
Teoria das Representações Sociais
Para Jodelet (2001, p. 8), a representação social é “uma forma de conhecimento
socialmente elaborada e compartilhada, que tem um objetivo prático e concorre para a
construção de uma realidade comum a um conjunto social”. As representações são criadas
para informar o homem sobre o mundo a sua volta, construir o conhecimento sobre como se
comportar, dominá-lo físico e intelectualmente, identificar e resolver os problemas que se
apresentam. Minayo (1996, p.159) menciona que este “termo se refere a categorias de
pensamento através das quais determinada sociedade elabora e expressa sua realidade”.
Moscovici (2004) defende que a Teoria das Representações Sociais tem como ponto
de partida a diversidade dos indivíduos, atitudes e fenômenos que podem ser estranhos e
imprevisíveis. Seu objetivo é descobrir como os sujeitos conseguem construir um mundo
estável e previsível a partir de tal diversidade. Nota-se que as representações sociais orientam
e organizam as condutas e as comunicações sociais, intervindo em processos variados como:
difusão e assimilação do conhecimento, desenvolvimento individual e coletivo, definição das
identidades pessoais e sociais, expressão de grupos e transformações sociais.
Jovchelovitch (2000) acrescenta que as representações sociais envolvem a cognição
(conhecer o mundo de certo modo), os afetos (desejo e/ou paixão de saber ou não-saber sobre
o objeto) e a ação (práticas sociais). A cognição envolve formas de saber e fazer, que são
parte de uma cultura popular, erudita e científica, dando significado à realidade do indivíduo.
Os afetos envolvem desejo e a paixão de se saber algo, ou sobre o objeto do saber. Portanto,
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não é possível estudar as representações sociais apenas por meio de mapas cognitivos. A ação
é impulsionada pela cognição e pelos afetos que as pessoas expressam.
Raudsepp (2005) menciona que a Teoria das Representações Sociais tem potencial
para diversos tipos de estudos, como: o surgimento de uma representação social, a dinâmica
de relações entre diferentes representações sociais, a apropriação de uma representação social
por um indivíduo ou pelo coletivo para o seu processo de socialização, o determinismo e o
voluntarismo do indivíduo dentro de uma representação social, entre outros. O autor enfoca
que, para estudar esses temas, são necessárias “alianças teóricas” com várias outras
abordagens socioculturais.
Moscovici (1978; 2004) cita que uma representação social constrói-se a partir de dois
processos fundamentais: a objetivação e a amarração. A amarração e a objetivação são
maneiras de lidar com a memória que mantém as representações sociais. A primeira mantém a
memória em movimento, dirigindo-a para dentro, colando e retirando objetos, acontecimentos
e pessoas, classificando-as e nomeando-as. A segunda retira conceitos e imagens dos outros
para juntá-los e reproduzi-los no mundo exterior (MOSCOVICI, 2004). Ao objetivar,
absorve-se um excesso de significações, materializando-as e transplantando, para o nível da
observação, o que era apenas inferência ou símbolos (MOSCOVICI, 1978).
Já Jovchelovitch (2000, p. 81) chama de objetificação e ancoragem as formas
específicas de mediação social das representações sociais, “que elevam para um nível
‘material’ a produção simbólica de uma comunidade”, concretizando as representações
sociais. Objetivar é transformar o familiar em não-familiar, ancorando, assim, o desconhecido
em uma realidade já institucionalizada, deslocando ou alterando os significados estabelecidos
que as sociedades tentam perpetuar.
Teoria Neoinstitucional
De acordo com Scott (1987; 2001), a abordagem neoinstitucionalista constroi um
quadro de ideias vindas da psicologia cognitiva, estudos culturais, fenomenologia e da
etnometodologia. Enfatiza o cognitivo e tem seu foco primário nos efeitos das crenças
culturais. Existe uma dinâmica entre os atores, o ambiente e os elementos culturaiscognitivos, normativos, regulativos, atividades e recursos que constituem os sistemas sociais e
tem como objetivo estabilizar e dar significado à vida social.
As instituições não apenas restringem a sociedade com fronteiras legais, morais e
culturais, exercendo uma influência direta sobre as crenças e comportamentos, mas também
capacitam os atores e fornecem autoridade legítima às ações, por meio de diretrizes. Outra
característica importante dessa abordagem é a rejeição aos modelos de ator racional ou, de
acordo com Selznick (1996), de uma inclusão nos estudos organizacionais da idéia de
racionalidade limitada na tomada de decisão e interações sociais. Para a Teoria
Neoinstitucional, a racionalidade é fruto da interação social.
Segundo DiMaggio e Powell (1991), além do novo institucionalismo rejeitar o modelo
de ator racional, tem interesse nas instituições como variáveis independentes, em direção a
explicações cognitivas e culturais e um interesse em propriedades supraindividuais que não
podem ser reduzidas em um agregado de atributos ou motivos individuais. No geral, a
abordagem sociológica da Teoria Institucional rejeita explicações funcionais.
Machado-da-Silva, Fonseca e Fernandes (2000) mencionam que há esquemas, que são
citados pelo novo institucionalismo como forma de cognição, sendo, um conjunto de crenças
e valores comuns que permeia as visões e as interpretações individuais, representando um
sistema cognitivo compartilhado ou grupal, podendo refletir um acontecimento, ou refletir
uma ação, sendo, neste último caso, denominado de script.
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DiMaggio e Powell (2005) afirmam que na perspectiva neoinstitucional existem duas
formas de observar os fatores que produzem e mantêm a estrutura organizacional: a)
estruturas criadas para lidar com as pressões do ambiente, podendo variar de acordo com o
ambiente; b) além dos recursos naturais, os ambientes são formados por sistemas culturais que
legitimam a criação e manutenção da estrutura da organização. Isso faz com que os métodos e
as práticas adotadas pelas organizações sejam influenciados pelas pressões do ambiente
institucional, fazendo as organizações tomarem atitudes isomórficas.
Outra característica da Teoria Neoinstitucional mencionada por Tolbert e Zucker
(2007) é que a institucionalização, muitas vezes, é tratada como um estado qualitativo: ou são
institucionalizadas ou não o são. Negligencia-se, desta forma, questões relevantes sobre
variações dos níveis de institucionalização e sobre como essas variações podem afetar o grau
de similaridade entre conjuntos e organizações. Portanto, para evitar os desvios mencionados,
o presente trabalho tratará a institucionalização como um processo.
Para Zucker (1991), a institucionalização pode ser definida como um processo, pois
atores individuais transmitem o que é definido como real pela sociedade. Atos
institucionalizados são percebidos como objetivo e exterior, conforme posição e papel
ocupado pelo ator e a situação em que a ação é realizada, e isto, para eles, é o que define o
que é real. O ator não é independente na manutenção das instituições, pois as mesmas
pressionam o seu comportamento.
Para Berger e Luckmann (1996, p. 79), “a institucionalização ocorre sempre que há
uma tipificação recíproca de ações habituais por tipos de atores”, sendo estas tipificações uma
instituição acessível e sempre partilhada. Essas instituições são construídas ao longo de uma
história compartilhada, e não de forma instantânea. Sendo assim, para entender uma
instituição é necessário entender o processo histórico no qual ela foi constituída. Para os
autores, também é importante mencionar que, apenas pelo fato de existirem, as instituições
controlam a conduta humana, estabelecendo padrões a serem seguidos.
A Institucionalização de Representações Sociais
Primeiramente, há que se colocar que nos primórdios da Teoria Institucional e da
Teoria das Representações Sociais, ambas as teorias eram tratadas como deterministas. No
caso da Teoria das Representações Sociais, foi devido à grande influência dos trabalhos de
Durkheim sobre representações coletivas. Para esse autor, os modos de pensar, agir e sentir
exteriores ao indivíduo exerciam uma forte coerção sobre os sujeitos.
De fato, pode-se perceber uma
perspectiva social durkheimiana na Teoria
Institucional, na qual a cristalização de padrões sociais (instituições) transfere os significados
da estrutura social para os agentes. Com o passar do tempo, começou a ser aceita uma
perspectiva weberiana, na qual o agente interpreta a sua realidade, dando, assim, um aspecto
cognitivo no processo de institucionalização, negando a transferência direta mencionada na
perspectiva anterior.
A partir desse ponto, ambas as teorias começaram a mudar, caminhando para a
percepção de uma realidade social construída, em que o ser humano não apenas é influenciado
pelo meio social, mas também o influencia, em uma recursividade cíclica. Com essa
perspectiva, iniciou-se uma ênfase no aspecto cognitivo, tanto na Teoria das Representações
Sociais, como na Teoria Institucional.
Sendo assim, a cognição dos atores (conhecer o mundo, de certo modo) tornou-se um
aspecto de grande importância na Teoria das Representações Sociais (JOVCHELOVITCH,
2000), e que também é considerado um importante pilar da instituição e um mecanismo
isomórfico que necessita de interpretações subjetivas das ações, somando às representações
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que os indivíduos fazem de seus ambientes configuradores de suas ações (SCOTT, 2001;
DIMAGGIO; POWELL, 2005).
Muitas das instituições e das representações sociais fazem parte das sociedades desde
gerações passadas, ou seja, são anteriores aos homens que vivem nos dias de hoje, e depois de
criadas, muitas vezes, adquirem vida própria, propagam-se, causam o surgimento de novas
representações sociais e instituições, assim como as mais antigas podem desaparecer. Quanto
menos a influência das instituições e das representações sociais é consciente, maior é o
impacto delas na sociedade (BERGER; LUCKMANN, 1996; MOSCOVICI, 2004).
O entendimento de ambas as teorias deve ser realizado no nível supraindividual,
considerando os indivíduos apenas como membros de grupos sociais, pois estas teorias não
podem, de forma alguma, ser consideradas como um agregado de mentes, atributos ou
motivos individuais, mas, sim, como reflexos de processos sociais que tomam lugar entre os
membros de uma unidade social, indo em direção a explicações cognitivas e culturais
(RAUDSEPP, 2005; DIMAGGIO; POWELL, 1991).
Um processo importante para ambas as teorias aqui tratadas é a objetivação, pelo qual
os produtos exteriorizados da vida humana adquirem o caráter de objetividade, dando uma
referência material (MOSCOVICI, 1978), originando uma flexibilidade cognitiva e formando
o mundo institucional. Essa produção humana de sinais (significação) também origina o
processo de coisificação, reificação ou objetificação, transformando as idéias em coisas fora
da mentalidade do indivíduo e inserindo na lógica da ciência e em partes do senso comum.
É a partir da objetificação que as ações começam a ter significados compartilhados
pela sociedade e que se constrói o universo simbólico, que é a matriz de todos os significados
socialmente objetivados e subjetivamente reais, que engloba toda a sociedade histórica e a
biografia do indivíduo nas quais os seres humanos ingenuamente vivem (BERGER;
LUCKMANN, 1996).
Jodelet (2001) apoia que um dos postulados fundamentais na Teoria das
Representações Sociais é o da inter-relação entre as formas de organização e de comunicações
sociais e as modalidades do pensamento social. Segundo Jodelet (2001), Durkheim defendia a
existência do “isomorfismo” entre representações e instituições no qual as categorias que
classificam os objetos são solidárias às formas do agrupamento social e à organização da
sociedade pelas relações entre as classes.
Dessa forma, para entender ambas as teorias, é importante considerar três fatores
discutidos por Berger e Luckmann (1996): a sociedade como produto humano, a sociedade
como realidade objetiva e o homem como produto social. A objetividade do mundo social faz
com que o homem se situe fora dele e, dessa forma, pode fazer com que ele esqueça que é
possível refazê-lo, ou no caso de papéis, fazer com que as pessoas neguem a responsabilidade
por suas ações, pelo fato de suas ações serem apreendidas como uma fatalidade inevitável.
Estas semelhanças mencionadas facilitam a aliança teórica proposta no trabalho, que
visa tratar sobre a institucionalização de um universo simbólico. Segundo Berger e Luckmann
(1996), da mesma forma que nas legitimações das instituições, há vários níveis de legitimação
do universo simbólico, sendo que a principal diferença é que o universo simbólico já é por si
mesmo um fenômeno teórico e se conserva como tal em todas as situações, não descendo,
assim, ao nível pré-teórico como ocorre com as instituições. Para se defender contra ameaças
externas, o universo simbólico pode se modificar pelos mecanismos conceituais construídos.
A fim de ilustrar o processo de institucionalização das representações sociais, foi
desenvolvida a Figura 1, mostrada a seguir:
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FIGURA 1 - Processo de institucionalização das representações sociais
Fonte: Construído pelo autor com base em Berger e Luckmann (1996); Minayo (1996; 2002);
Moscovici (2004); Jovchelovitch (2000); Takahashi e Fischer (2007); Tolbert e Zucker (2007)
Como é observado na Figura 1, é a partir das mudanças nas palavras, sentimentos e
condutas de uma sociedade que se iniciam as mudanças no senso comum. Ou seja, para
Minayo (2002, p. 108), “as representações sociais se manifestam em palavras, sentimentos e
condutas e se institucionalizam. Portanto, podem e devem ser analisadas a partir da
compreensão das estruturas e dos comportamentos sociais”.
O senso comum é a forma do conhecimento e da interação social. Embora possua
limitações referentes à experiência existencial do sujeito, também possui graus de claridade e
nitidez em relação à realidade. Origina-se das contradições do cotidiano das classes sociais “e
sua expressão marca o entendimento delas com seus pares, seus contrários e com as
instituições” (MINAYO, 1996, p. 173).
Brito et al. (2002) complementam, mencionando que as representações sociais se
manifestam em sentimentos, palavras e condutas que estavam posteriormente
institucionalizadas e isso permite que seja acessada a visão de mundo de diferentes grupos
sociais por meio destas representações, demonstrando o conformismo, contradições e os
conflitos presentes nas percepções destes sujeitos. Por sua vez, para serem superados os
padrões culturais, e novos valores serem institucionalizados, é necessário um reordenamento
do universo simbólico, um rearranjo das relações de poder e a aprendizagem de novos
pressupostos orientadores da ação organizacional, rumo à conquista da legitimidade social.
Castro e Batel (2008) também mencionam que processos psicossociais ocorrem
quando a sociedade altera leis ou normas que demandam das instituições, sociedade e
indivíduos, a transformação de idéias e a realização de novas práticas. Entretanto, tais
mudanças não ocorrem rapidamente, pois há grande dificuldade em transformar normas
prescritivas (o que deveria ser), em normas descritivas (o que realmente acontece), como é
observado na Figura 1.
Depois da inovação, é necessário que haja uma aprendizagem dos novos pressupostos
orientadores e que, com isso, seja possível realizar a teorização. De acordo com Berger e
Luckmann (1996), para entender a integração de uma ordem institucional, é necessário
compreender o conhecimento que seus membros têm dela. O universo simbólico, que é
construído por meio de objetivações sociais, é concebido como a matriz de todos os
significados socialmente objetivados e subjetivamente reais, que englobam toda a sociedade
histórica e a biografia do indivíduo na qual os seres humanos ingenuamente vivem:
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Enquanto o universo simbólico legitima a ordem institucional no mais alto
nível de generalidade, a teorização relativa ao universo simbólico pode ser
considerada, por assim dizer, uma legitimação de segundo grau. Todas as
legitimações, das mais simples legitimações pré-teóricas de significados
institucionalizados distintos até o estabelecimento cósmico de universos
simbólicos, podem, por sua vez, ser consideradas como mecanismos de
manutenção do universo. Estes mecanismos, conforme é fácil ver, exigem
desde o início uma grande complicação conceitual (BERGER;
LUCKMANN, 1996, p. 143).
Para Weick (1995), os indivíduos criam significados por meio de modelos mentais ou
representações simplificadas, e estas representações permitem aos indivíduos perceberem o
contexto além das sensações imediatas, modificando sua percepção da realidade. Isto, por sua
vez, segundo Patriotta (2003 apud TAKAHASHI; FISCHER, 2007), pode ser acompanhado
de uma alteração de valores e crenças compartilhadas, associada à aprendizagem de circuito
duplo, caracterizando uma mudança cultural e/ou uma mudança no estado do conhecimento
com a ocorrência de um ciclo de criação, utilização e, principalmente, de institucionalização
do conhecimento.
Conforme acrescentam Friedland e Alford (1991), indivíduos podem alterar ou
reinterpretar símbolos e práticas; e no momento em que essas interpretações servem a um
objetivo específico, adquirindo utilidade e passam a ser amplamente compartilhadas, adquirese caráter racional (VIEIRA; CARVALHO, 2003). Jovchelovitch (2000) acrescenta que, ao
objetivar o novo conhecimento, ancora-se o desconhecido em uma realidade já
institucionalizada, alterando, assim, os significados que as sociedades lutam para perpetuar.
De acordo com Patriotta (2003 apud TAKAHASHI; FISCHER, 2007), é necessário
dar maior atenção para a institucionalização das formas de conhecimento, que é o processo
pelo quais os componentes significativos do conhecimento e da ação humana são registrados e
delegados em estruturas de significação estáveis. Child e Heavens (2001 apud TAKAHASHI;
FISCHER, 2007) acrescentam que, além das práticas organizacionais, as práticas das
aprendizagens também são concebidas a partir do que é possível, legítimo, e do que é legal
institucionalmente, sendo sustentadas por regras e convenções que são aprovadas socialmente.
Para chegar ao último nível do processo e ter o conhecimento institucionalizado,
Takahashi e Fischer (2007), com base em Child e Heavens, afirmam que é necessário que o
conhecimento tenha sido legitimado e alcançado determinado grau de aceitação social, seja
reconhecido como eficaz e necessário, assim como ter sido registrado e formalizado. A
interação social e a construção das atividades realiza a apropriação; e o próprio ambiente do
trabalho funciona como o laboratório para a institucionalização do conhecimento.
As instituições tornam as representações sociais menos variáveis e mais estáveis. E
além de induzir a regularidade e a homogeneidade por meio da cognição, ainda inicia e edita
as representações sociais. Para Scott (2001), o conhecimento social, uma vez
institucionalizado, existe como um fato, como parte da realidade objetiva, e pode ser
transmitido diretamente aos membros e organizações desta sociedade, pois, de acordo com
Friedland e Alford (1991), é por meio do cotidiano e dos comportamentos rituais mais
institucionalizados que os indivíduos reproduzem a ordem simbólica da instituição e os
relacionamentos sociais que conectam este mundo a uma ordem trans-racional.
Para Howarth (2006), as representações sociais dão suporte para os relacionamentos
sociais existentes. Os papéis das disputas e conflitos entre diferentes representações sociais e
suas consequências sociais e políticas habilitam o conhecimento a ser teorizado como
legítimo ou ilegítimo. Para tal, é necessário reconhecer a reprodução do poder na reificação e
na legitimação das representações sociais.
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As representações sociais dependem da memória, sua solidez impede mudanças
súbitas, fornecendo independência dos acontecimentos atuais. Estas memórias e as
experiências são dinâmicas e imortais (MOSCOVICI, 2004). “O poder e a claridade
peculiares das representações derivam do sucesso com que elas controlam a realidade de hoje
através da de ontem e da continuidade que isso pressupõe” (MOSCOVICI, 2004, p. 38), ou
seja, depende da efetiva institucionalização da representação, quando ela se torna permanente
e inquestionável. Cabe destacar que, mesmo quando uma representação não apresenta
sucesso, a mesma pode ser sustentada se houver grandes interesses por parte dos atores
detentores do poder.
Faz-se necessário destacar que, da mesma forma como acontece com as instituições, as
representações sociais podem sofrer um processo de desinstitucionalização, à medida que
forem ocorrendo inovações que tornam as representações anteriores obsoletas, que surjam
pequenas mudanças na concepção da realidade pelos atores, inserindo alterações nas
representações sociais de uma determinada sociedade, ou de mecanismos conceituais
construídos para defender o universo simbólico vigente de ameaças externas.
Percurso Metodológico
Para Minayo (1996), a investigação qualitativa possui abertura, flexibilidade,
capacidade de observação e de interação do pesquisador com os atores sociais envolvidos,
tendo grande importância para compreender os valores culturais e as representações de
grupos, compreender as relações dos atores sociais no âmbito institucional e social e avaliar
políticas públicas e sociais. Godoi e Balsine (2006) complementam que a perspectiva
qualitativa se ocupa das formas simbólicas e se interessa pelo caráter comunicativo de
mediador e formador das experiências e necessidades sociais. Por estes motivos, optou-se pela
pesquisa qualitativa.
Esta investigação tem caráter descritivo, pois procura descrever sistematicamente um
fenômeno de forma detalhada. Segundo Triviños (1987), o estudo descritivo busca descrever
os fatos e os fenômenos de determinada realidade, buscando conhecer seus traços
característicos, suas gentes, seus problemas, seus valores, etc.
O corte de pesquisa é transversal com perspectiva longitudinal, necessário para
trabalhos que visam estudar o processo de institucionalização, devido ao mesmo não ser algo
estático e, sim, ocorrer ao longo de um tempo. Vieira (2004, p.21) menciona que neste corte
de pesquisa a coleta de dados é feita em um único momento, mas resgatando informações de
períodos anteriores: “o foco está no fenômeno e na forma como se caracteriza no momento da
coleta, e os dados resgatados do passado são, normalmente, utilizados para explicar a
configuração atual do fenômeno”.
O critério determinante para a seleção dos entrevistados foi o nível de envolvimento
do ator com trabalhos agroecológicos, tendo participação suficiente e por livre vontade,
mesmo que no início tenha existido uma pressão institucional, a ponto de possuir valores,
crenças e padrões de atuação internalizados compartilhados, possibilitando a existência de
uma representação social. A entrevista foi realizada com um roteiro semiestruturado.
Foram entrevistados, no total, vinte sujeitos, sendo nove produtores rurais da
agricultura familiar com certificação orgânica, dos quais quatro produzem
predominantemente hortaliças e cinco produzem predominantemente acerola; cinco
extensionistas rurais da EMATER; e seis pesquisadores do IAPAR.
Spink (1998) complementa expondo que, para a Teoria das Representações Sociais, as
entrevistas semiestruturadas são longas e acopladas com levantamentos paralelos sobre o
contexto social e sobre os conteúdos históricos que dão informações dos indivíduos enquanto
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sujeitos sociais. Nesta pesquisa, os dados primários foram coletados a partir de entrevistas
semiestruturadas, contendo um roteiro básico para cada grupo de atores.
A interpretação, por sua vez, foi centralizada na totalidade do discurso (SPINK, 1998).
Assim, os seguintes passos foram seguidos para a interpretação dos dados:
1. Transcrição da entrevista.
2. Leitura flutuante do material e escuta do material gravado, ficando atento a
características como: variação (versões contraditórias), detalhes sutis (silêncio, lapsos,
demonstrações afetivas) e a retórica (organização do discurso que argumenta contra ou
a favor de uma versão dos fatos).
3. Após apreender os aspectos mais gerais da construção do discurso, é necessário
retornar aos objetivos da pesquisa e definir claramente o objeto da representação.
4. Deixar que categorias – elementos ou aspectos com características comuns ou que se
relacionem entre si – emerjam das narrativas dos entrevistados.
5. Passar as associações para uma figura, mostrando o relacionamento entre os elementos
cognitivos e os investimentos afetivos.
6. Destacar as representações sociais comuns aos três atores pesquisados.
As Representações Sociais Comuns aos Atores
Em função da dificuldade de se reunir, num único artigo, dissertações mais extensas a
respeito dos resultados da pesquisa, optou-se por apresentar neste trabalho comentários mais
gerais a respeito das representações comuns entre os três atores que emergiram, para depois se
fazer uma interpretação geral de como essas representações foram institucionalizadas. Um
primeiro ponto em comum a ser observado é a importância da agroecologia para a melhora da
saúde dos atores envolvidos no processo de produção de alimentos. Associar a melhora na
saúde com o emprego de técnicas naturais de produção é a convenção mais perceptível ao se
comparar os três atores envolvidos. Esta qualidade é usada como modelo, partilhando seus
resultados com o conjunto social e com potenciais integrantes do sistema agroecológico. Após
o surgimento desta convenção, as crenças, valores e padrões de atuação que elas originam se
internalizam, permanecendo inconscientes nos indivíduos. Faz-se necessário retomar que, de
acordo com Moscovici (2004), convencionalizar objetos, pessoas ou fatos é uma das funções
das representações. Estas considerações foram possíveis ao analisar as representações:
“Contribuindo para um mundo melhor” (dos pesquisadores), “Adquirindo saúde para
uma vida melhor” (dos extensionistas) e, “Saúde para todos os envolvidos” (dos
agricultores).
Outro ponto merecedor de destaque é que os três atores pesquisados se tornaram
plenamente conscientes da “força irresistível” que era imposta a eles pela estrutura do sistema
convencional de produção de alimentos, tornando-a, assim, menos influente em suas vidas.
Moscovici (2004) chama essa “força irresistível” de prescrição, sendo considerada a segunda
função das representações. Para o autor, quando a prescrição de uma representação não
consegue mais controlar a realidade, ela perde poder e abre espaço para o surgimento de outra
representação. Este processo pode ser observado no contexto do presente trabalho, com o
crescimento da adesão do sistema agroecológico de produção.
A complexidade percebida pelos três atores origina representações sociais como:
“Atividade trabalhosa” (para os agricultores), “Método de difícil transição e complexa
aplicação” (para os extensionistas) e “Sem receitas, sem soluções milagrosas” (para os
pesquisadores). Nestas representações sociais está explícito o aspecto cognitivo que, de
acordo com Jovchelovich (2000), é parte inerente das representações sociais.
A integração dos trabalhos dos três atores é notável neste ponto, no qual os
pesquisadores testam cientificamente produtos e processos com o objetivo de facilitar o
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trabalho do agricultor agroecológico, tendo em mente que não existirão prescrições genéricas;
os extensionistas passam esse conhecimento para os agricultores, tendo dificuldades quanto à
transição e à aplicação do conhecimento; e os agricultores passam por grandes dificuldades
para se adaptarem a este novo sistema, sendo o aumento da mão-de-obra um dos principais
problemas a se enfrentar. A complexidade do sistema agroecológico é compartilhada pelos
três atores.
Os aspectos afetivos, também citados por Jovchelovich (2000) como parte integrante
das representações, são bem perceptíveis de forma negativa nas representações sociais: “Uma
ilha solitária” (dos agricultores), “Técnica que sofre preconceitos e descasos” (dos
extensionistas) e “Ciência subestimada e mal compreendida” (dos pesquisadores). Pelo
fato da agroecologia ainda ser pouco adotada tanto no âmbito científico como no técnico, o
sentimento de solidão é comum aos três atores abordados no presente trabalho.
Os pesquisadores sentem isso com falta de cientistas na área e pouca ajuda daqueles de
outras áreas; os extensionistas o percebem com o descaso de colegas que trabalham com a
agricultura convencional e com falta de apoio da EMATER; e os agricultores notam isso com
a necessidade de isolar-se de seus vizinhos convencionais, muitas vezes não podendo aceitar
doações que costumavam receber quando plantavam no sistema convencional. Todos
compartilham o sentimento de ser diferente da grande maioria.
Por outro lado, não são poucos os afetos que influenciam na compreensão da realidade
dos atores e que os motivam à ação, terceira e última parte das representações sociais
mencionada por Jovchelovich (2000). O desejo e a paixão pela construção de um mundo
melhor é o que mais motiva os extensionistas e os pesquisadores; já os agricultores, no geral,
se motivam com a possibilidade de obtenção de melhor saúde e situação financeira para ele e
sua família, e ainda contribuírem com a preservação do meio ambiente como conseqüência,
isto ficando evidente com as representações dos agricultores familiares “Nicho de mercado
mais lucrativo” e “Método que não agride o meio ambiente”. Nenhum dos vinte
entrevistados expressou desejo de retornar a trabalhar com o sistema convencional; pelo
contrário, todos gostariam que ainda mais pessoas participassem da agroecologia.
O processo recursivo na construção social da realidade é evidente na análise das
representações sociais dos três atores. Isso ocorreu tanto para os pesquisadores e
extensionistas que negaram o paradigma vigente e decidiram contribuir de forma construtiva
para a difusão de correntes de pensamentos alternativas, influenciando na formação social,
como para os agricultores que aceitaram participar desta construção social dentro de um
sistema sustentável, contribuindo para a criação e difusão do conhecimento.
Considerações sobre o Processo de Institucionalização das Representações Sociais dos
Atores Envolvidos
Analisando o processo de institucionalização dos três atores pesquisados, é possível
afirmar que o comportamento do conjunto organizacional reflete escolhas conscientes e
interesses racionais, pois, nos três casos, trabalhar com a agroecologia foi uma opção do
próprio ator.
Para os pesquisadores e extensionistas, percebe-se uma menor dependência de
convenções, rotinas e hábitos para a formação de suas representações sociais, devido ao alto
nível de conscientização sobre o objeto representado que possuem; já os agricultores são mais
dependentes de rotinas e hábitos, além de necessitarem de convenções para
institucionalizarem suas representações. Isso ocorre devido à mudança radical em sua
realidade, que origina aumento de trabalho e grandes dificuldades no processo de transição da
agricultura convencional para a orgânica. A escolha do agricultor pelo sistema agroecológico
apresenta um menor nível de consciência do que dos outros dois atores.
11
Desta forma, fica evidente que os atores aceitaram a instituição da agroecologia pela
recompensa que ela proporciona. No caso dos extensionistas e pesquisadores, esta
recompensa é principalmente no nível social, preocupando-se com os problemas originados
pelo sistema convencional de produção de alimentos em todo o mundo e sentindo necessário
o seu papel na contribuição para melhorar este quadro. Os agricultores, por outro lado, têm
uma preocupação predominantemente individual, buscando, primeiramente, recompensas
como melhora de saúde e da situação financeira.
Não foi percebida, por meio dos discursos analisados, a sensação de não possuírem
alternativas, e o sentimento de obrigatoriedade foi observado em apenas uma pesquisadora,
que iniciou os trabalhos agroecológicos por coerção do IAPAR, mas que depois começou a
realmente se interessar pela agroecologia.
Usando como base Machado-da-Silva, Fonseca e Fernandes (2000), pode-se entender
que a aceitação da agroecologia para o ator envolvido depende muito do conjunto de crenças e
valores comuns que permeiam as visões e interpretações individuais, representando um
sistema cognitivo compartilhado ou grupal, sendo denominado script, quando reflete uma
ação. Ou seja, são as crenças e valores comuns que levam à ação, sendo um dos responsáveis
pela inovação no senso comum.
Para pesquisadores e extensionistas, isso se traduz na preocupação com a
sustentabilidade ambiental e qualidade de vida da sociedade, e na crença de que a
agroecologia é a alternativa mais apropriada de produção de alimentos. Para os agricultores,
pode-se dizer que o script é relacionado com o desejo por uma melhor qualidade de vida dele
e sua família e a crença de que a agroecologia pode propiciar melhor saúde e condições
financeiras.
Assim como na análise das representações sociais, aqui também se faz necessário
expor que o processo institucional é recursivo. Ou seja, o homem não é apenas um ser passivo
que aceita tudo o que é passado a ele; o homem pode escolher e, desta forma, influenciar a
sociedade em que vive. Essa característica fica bem evidente, principalmente na
institucionalização das representações sociais dos agricultores, na qual os extensionistas
travam uma verdadeira batalha para manter o agricultor motivado no período de transição,
tentando fazê-lo optar por continuar no sistema agroecológico.
O período de transição (passagem do sistema convencional para o agroecológico) é a
“prova de fogo” da persistência do agricultor, e é também o processo pelo qual o sistema
convencional começa a se desinstitucionalizar. A influência dos extensionistas e
pesquisadores na construção social da realidade são notáveis ao percebê-los como agentes de
mudanças, buscando sempre fortalecer a agroecologia com a criação de conhecimento e
adquirindo novos integrantes e aliados.
O papel dos pesquisadores e extensionistas na construção social da realidade também
pode ser observado analisando a dinâmica das relações entre os atores na
formação/manutenção das representações sociais. O papel do pesquisador é a criação do
conhecimento e, devido ao fato da agroecologia não receber incentivo do setor privado, o
IAPAR pode ser considerado um dos principais pólos de pesquisa agroecológica do estado do
Paraná.
Já os extensionistas, como mencionado anteriormente, possuem papel fundamental
para a formação/manutenção das representações sociais dos agricultores, não existindo
atualmente nenhum outro ator que possa exercer o papel de disseminador do conhecimento
agroecológico para os agricultores.
O resultado positivo conseguido com os agricultores, mesmo, muitas vezes, sendo
abaixo do esperado, encoraja pesquisadores e extensionistas a continuarem com seus
trabalhos, assim como incentiva a entrada de novos agentes. Pode-se afirmar que o papel na
formação/manutenção das representações sociais desenvolvidos pelos atores atua de forma
12
recursiva, influenciando e sendo influenciado pelo resultado de seus trabalhos, que depende
da integração das ações dos atores aqui mencionados.
Entre os fatores externos de maior influência no processo de institucionalização das
representações sociais, destacam-se as políticas públicas. Os pesquisadores mencionaram que
a nova política de crédito para pesquisas incentiva áreas agroecológicas e, com isso, uma
quantidade maior de pesquisa está sendo aprovada; antes disto, a falta de recursos financeiros
era o maior problema para a realização das pesquisas, como apontado pelos entrevistados.
Extensionistas expõem que a EMATER poderia dar maiores incentivos, fornecendo
mais cursos e possibilitando que o extensionista utilize maior parte de seu tempo com ações
de extensão agroecológica, pois ainda há exigência da instituição para que os extensionistas
trabalhem com o convencional, mesmo sendo contra os valores e crenças do extensionista.
Para o agricultor, a situação era mais grave, pois, para conseguir algumas formas de
crédito, ele era obrigado a adotar o sistema da Revolução Verde, proliferando, assim, o uso de
produtos do agronegócio; atualmente, o governo fornece crédito para ajudar o agricultor a
passar pelo período de transição na conversão do sistema convencional para o agroecológico.
Sendo assim, o apoio político na área agroecológica é fundamental, justamente por
esta área não possuir investimentos do setor privado. Políticas públicas podem ser uma força
institucionalizadora ou desinstitucionalizadora.
Comparando-se o processo institucional dos três atores, pode-se dizer que o dos
pesquisadores é o mais demorado, iniciando na faculdade, com a descoberta da existência da
agroecologia, realizando estágios e pesquisas, passando pelo mestrado, doutorado e realizando
suas pesquisas no IAPAR. Devido à profundidade do conhecimento necessário para as
pesquisas, a teorização é uma longa etapa que está sempre em processo de realização. Faz-se
necessário destacar que para o pesquisador demonstrar interesse pela agroecologia na
graduação, ele precisa possuir crenças e valores compatíveis adquiridos na educação básica.
Pedro [nome fictício dado a um pesquisador entrevistado] afirmou que apenas após
dez anos é que começou a se sentir seguro para realizar pesquisas de campo. Na etapa da
legitimação, possivelmente o maior obstáculo é o poder do agronegócio, que exerce influência
em nível político, e os colegas pesquisadores, que tratam a agroecologia com preconceito.
Devido à grande divulgação dos “benefícios” dos agroquímicos, o método convencional é
visto como o correto por boa parte da sociedade, dificultando a aceitação da agroecologia.
Os extensionistas, por sua vez, têm problemas com a falta de apoio do governo e com
a falta de conhecimento da sociedade dos produtos agroecológicos, que poderia ser
solucionada com a maior participação do governo. A falta de interesse do setor privado faz
com que o setor público seja a única alternativa para realizar os investimentos necessários.
Devido a este fator, a etapa mais complicada para este ator também é a legitimação.
Assim como no nível organizacional, extensionistas e pesquisadores também
encontram valores, crenças e padrões de atuação que reforçam o modelo convencional no
campo. Muitos agricultores são céticos com as mudanças necessárias para a transição para o
sistema agroecológico, e poucos optam por iniciá-las e, devido às grandes dificuldades nesta
etapa, como queda no volume de produção e na conformidade visual do alimento, o
percentual de desistência é grande. Muitas cooperativas e associações de produtores, por
estabelecerem como padrões produtos convencionais, também reforçam o sistema
convencional no campo.
Já os agricultores precisam realizar o processo de institucionalização da forma mais
rápida entre os três atores. Por ser a mais rápida, também é a mais intensa, pois eles precisam
receber uma enorme quantidade de conhecimento em tempo suficiente para o processo ser
economicamente viável para eles. Por este motivo, o seu processo de objetivação e ancoragem
é a etapa mais complexa entre os atores estudados. É a única que causa desistência em seus
participantes. O fato de não poderem mais utilizar agroquímicos altera sua forma de trabalhar
13
radicalmente, na base de tudo que ele conhecia. Entretanto, passando por esta etapa, a
legitimação é mais fácil.
Considerações Finais
Os três grupos de atores entrevistados percebem a agroecologia como benéfica para a
qualidade de vida dos envolvidos e para o meio ambiente, referindo-se a ela [agroecologia]
com respeito e admiração. Embora haja leves diferenças nesta representação entre os atores,
todas carregam o mesmo tom: o jeito correto de produzir alimentos. Os pesquisadores
enfatizam a sustentabilidade, os extensionistas enfatizam o equilíbrio ambiental e a melhor
qualidade dos alimentos e os agricultores enfatizam a saúde e o melhor retorno financeiro.
A formação destas representações sociais possui similaridades, principalmente
comparando-se o processo de institucionalização para os extensionistas e pesquisadores. Os
valores e crenças que os motivaram a atuar na agroecologia, ao contrário do caso dos
agricultores, vêm da educação básica e familiar. No caso dos pesquisadores, eles também
passaram pela disciplina de agroecologia na graduação, mestrado, doutorado ou em
treinamentos próprios do IAPAR; já para os extensionistas, o contato com o conhecimento
agroecológico veio de colegas, sindicatos, agricultores ou da graduação, opção esta apenas
para os formados recentemente.
O contato direto com as práticas agroecológicas é o que objetiva o conhecimento para
todos os atores. Crenças e valores como preservação ambiental e cuidado com a saúde são
criados ou aumentados nesta etapa. No caso dos pesquisadores e extensionistas, ainda resta
uma grande parcela da realidade já institucionalizada para ancorar este novo conhecimento; já
no caso dos agricultores, a mudança em sua realidade é tão radical, que resta pouco de sua
antiga realidade para se ancorar o novo conhecimento, tornando esta etapa do processo de
institucionalização a mais complicada para os agricultores, originando desistências para
aqueles que não internalizaram os valores e crenças no processo. A importância da atuação da
extensão nesta etapa para os agricultores é muito importante para minimizar as dificuldades
encontradas.
Considerando os dois níveis mencionados por Caporal e Costabeber (2002) que o
presente trabalho propôs estudar - ecológica, econômica e social (primeiro nível); e cultural e
político (segundo nível) -, são os pesquisadores que apresentam a maior consciência sobre a
necessidade de relação entre eles.
Os extensionistas, por sua vez, apresentam grande preocupação com a dimensão
ecológica do primeiro nível, e com a dimensão econômica, pois auxilia os produtores na
colocação de seu produto no mercado. Entretanto, os discursos analisados demonstram pouco
avanço na dimensão social, devido ao sentimento de solidão presente tanto para os
extensionistas como para os agricultores.
Já os agricultores demonstram uma preocupação quase exclusiva com o primeiro
nível. Representações como: “Nicho de mercado mais lucrativo”, “Método que não agride
o meio ambiente”, e “Uma ilha solitária” demonstram claramente consciência das
dimensões econômica, ecológica e social, respectivamente, na ordem mais explícita em seus
discursos.
Entretanto, por meio da análise utilizando a Teoria Neoinstitucional, quase não se
perceberam preocupações com o segundo nível, ficando implícita certa alienação neste
quesito, como se as mudanças necessárias e fatores institucionalizantes precisassem vir
exclusivamente do governo.
Sendo assim, conclui-se que o objeto da representação e institucionalização é uma
realidade que possui obstáculos por ir contra a corrente moderna de pensamento vigente. As
representações remodelam e reconstituem elementos do ambiente, fornecendo o sentido por
14
meio da objetivação e ancoragem em um processo cíclico, pois o ator precisa voltar às suas
referências ao ancorar as novas representações sociais obtidas.
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Estudo Sobre a Institucionalização das Representações