Informativo On-line do Mandato - n°330 - 19/02/2010 MEIO AMBIENTE Basel Action Network O destino adequado para o lixo eletrônico Lixão eletrônico na China, onde crianças são expostas a inúmeros componentes tóxicos A massificação de aparelhos eletrônicos, como computadores, televisores, celulares, câmaras digitais e eletrodomésticos, rapidamente substituídos por modelos mais avançados, resulta em um grave problema ambiental, que é o crescente aumento do lixo eletrônico no Brasil. “Isto gera uma enorme quantidade de resíduos eletrônicos, cujo destino final não tem responsabilização”, salienta o deputado Adão Villaverde, conclamando representantes de governos nacional e estadual, entidades ambientais, de associações e de empresas eletroeletrônicas a debater saídas, no âmbito do Parlamento. Villa, que é proponente do Seminário “Reutilização social e destinação ambiental adequada ao lixo eletrônico”, aprovado na Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa, esteve reunido componentes eletrônicos descartados. Segundo Villaverde, estima-se que estão em uso, no Brasil, cerca de 160 milhões de telefones celulares e 60 milhões de computadores que logo serão tecnologicamente ultrapassados e se transformarão em resíduo eletrônico, produzindo lixo tóxico. De acordo com estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a maioria dos produtos contem substâncias tóxicas como polímeros anti-chamas, PVC e metais pesados, como mercúrio, chumbo e cádmio. No solo, contaminam o lençol freático e os mananciais que abastecem as populações. Também provocam doenças graves e distúrbios no sistema nervoso de catadores que sobrevivem da venda dos materiais coletados nos lixões. Podem ainda afetar os rins e o cérebro, além de provocar a morte por envenenamento. “Assim, regulamentar seu destino é condição urgente para que possamos continuar a nos beneficiar dos avanços da tecnologia de maneira sustentável, sem pagar um alto preço ambiental e à saúde da população”, reforça Villa. com o presidente da Fiergs, Paulo Tigre, na quinta-feira (17), para tratar deste tema. O Seminário tem como objetivo conhecer melhor as experiências realizadas por entidades como a Rede Marista, que desenvolve reciclagem social de computadores e eletrônicos, além da própria Fiergs, a qual possui um banco de reciclagem que conta hoje com mais de 6.500 empresas cadastradas. Para Villaverde, o Seminário irá cumprir um papel estratégico para aprofundar o conhecimento, discutir e avaliar experiências de como estamos tratando a questão do reaproveitamento dos equipamentos eletrônicos no RS. O grande marco será a possibilidade da criação de uma legislação estadual que trate sobre o destino final de Villaverde e Paulo Tigre tratando sobre o Seminário Deputado Estadual Adão Villaverde - PT/RS Fone: (51) 3210.1370 Fax: (51) 3210.1910 Site: www.adaovillaverde.com.br E-mail: [email protected] Expediente: Equipe de Comunicação do Gabinete Parlamentar - André Pereira (MTB 4704) e Gabriel Arévalo PAC II Apoio à habitação para Bom Retiro do Sul Município da região do Vale do Taquari terá todo apoio do gabinete de Villa para a contrução de 120 moradias, através do programa Minha Casa, Minha Vida Buscando a viabilidade do projeto habitacional do Município de Bom Retiro do Sul, o qual prevê a construção de 120 unidades habitacionais, a prefeita em exercício da cidade, Claudia Kohler, se reuniu com o deputado Adão Villaverde nesta quinta-feira (18). O parlamentar assegurou que o município da região do Vale do Taquari terá todo o apoio do gabinete na construção de uma agenda com o governo federal, nos próximos 15 dias, para que o Município apresente suas demandas. “Há uma boa expectativa nesta viabilidade, visto que, além de a cidade já possuir o projeto finalizado, com a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), devem ser investidos grandes recursos em saneamento e habitação”, afirmou Villa. A prefeita em exercício também informou que Bom Retiro do Sul já possui um cadastro de 500 famílias, bem como terreno disponível para a construção das moradias. Esta é uma grande demanda daquela comunidade. Também participaram da reunião os secretários da Fazenda, Luciano Morais da Rocha, da adminstração, Cláudio Roberto dos Santos, da saúde, Sidneu Togni, o presidente do PT de Bom Retiro do Sul, João Henrique da Costa, além de lideranças do município vizinho de Taquari. Governo Federal Brasil trabalha para conquistar mercado de US$ 10 bi este ano O Brasil vai trabalhar este ano para conquistar um mercado importador, formado por diversos países, com potencial para elevar as vendas da balança comercial em até US$ 10 bi, principalmente na área de carnes. A informação foi dada quinta-feira (18), em entrevista coletiva, pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Segundo o ministro, os mercados em questão ainda envolvem impasses, a maioria de ordem sanitária e fitossanitária, mas as negociações estão avançadas e as dificuldades poderão ser superadas neste ano pelas missões brasileiras. Este ano, o Brasil também quer vender mais para esses países carne suína, soja (principalmente para o México), produtos lácteos e frutas. Stephanes informou que, no ano passado, o agronegócio foi responsável por 42% das exportações brasileiras, o que é um recorde nos últimos 30 anos. Em 2009, houve aumento das quantidades de produtos brasileiros embarcadas para o exterior, embora tenha havido queda de preços de 9,8% em relação a 2008, em consequência da crise financeira internacional. De acordo com o ministro, o Brasil vai enviar neste ano 19 missões comerciais a 25 países, com o objetivo de ampliar a pauta de exportações. "Estamos vendendo para 180 países, mas podemos ampliar mais ainda os mercados compradores." Estão previstas ainda 12 missões que vão também percorrer diversos países, na área da promoção comercial, num trabalho que será feito em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "O trabalho das missões é intensivo e permanente e muitas vezes pode durar até dez anos", disse o ministro. Ele exemplificou que um questionário encaminhado ao Brasil pelo Japão, por exemplo, pesa 50 quilos de papel. "O trabalho é difícil, mas necessário para a expansão comercial". Deputado Adão Villaverde - Boletim Informativo nº 328 - 15/01/2010 2 4º CONGRESSO DO PT Seminário Internacional: Debatedores destacam processo de transformação do país Durante a realização da primeira mesa de debates do Seminário Internacional do 4º Congresso do PT, iniciado nesta quinta-feira (18), a ministra Dilma Rousseff, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra e o deputado federal Ricardo Berzoini fizeram um balanço dos dois mandatos do Governo Lula e os reflexos do desenvolvimento econômico e dos programas sociais colocados em prática na população brasileira. Eles abordaram também a importância política do PT no cenário nacional e internacional em 30 anos de existência. Para Berzoini, o novo modelo econômico implementado pelo governo não é apenas mais eficiente do que os dos governos anteriores, como também foi fundamental no enfrentamento da crise mundial. “Com a liderança do presidente Lula e da ministra Dilma nós vencemos a crise e, ao mesmo tempo, conseguimos gerar um sentimento de superação e de aumento da autoestima do povo brasileiro, jamais visto em outras ocasiões”, disse. Berzoini destacou o processo de transformação social vivido pelo país e iniciado nos dois mandatos do presidente Lula. José Eduardo Dutra destacou a vitalidade política demonstrada pelo Villaverde é um dos delegados da bancada gaúcha no 4º Congresso do PT, em Brasília PT na realização do PED 2009, quando 518 mil filiados participaram da eleição das direções partidárias, o que coloca o partido como uma das grandes forças políticas no mundo. Ele enfatizou também a coerência política do partido nestes 30 anos de sua fundação. “O mundo mudou, o Brasil mudou e o PT também mudou, mas jamais abandonou os princípios que nortearam a sua criação nos anos 80”, afirmou. A ministra Dilma Rousseff fez um detalhado balanço das ações mais importantes do governo Lula que levaram o país a um processo de transformação sócio-econômico que tirou da pobreza cerca de 20 milhões de pessoas nos últimos anos e colocou mais de 52% da população brasileira na classe média. Dilma destacou a prioridade do governo em promover o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e distribuição de renda como. “Essa é uma combinação virtuosa que permite que sejamos citados hoje por muitas agências de pesquisa como a quinta economia mundial, mas nós somente seremos a quinta economia se transformamos substancialmente as condições de vida do povo brasileiro. O Brasil tem um legado de descuido e de descaso com as classes populares e muito ainda tem que ser feito para melhorar isso”, enfatizou. Marco Aurélio: o Brasil do governo Lula nunca foi subalterno, mas sim protagonista O Seminário Internacional do PT teve prosseguimento no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A mesa com o tema A nova situação internacional e latinoamericana contou com a participação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, do assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia e do sociólogo e professor Emir Sader. Marco Aurélio Garcia, ressaltou o novo modo de agir nas questões externas. “A oposição dizia que deveríamos resolver os grandes problemas nossos e não nos preocupar com os problemas daqueles que precisavam de apoio. Que não deveríamos pensar na politica externa e sim no Brasil internamente. Contudo, engana-se quem pensa que a América Latina não é fundamental para o Brasil. A oposição acreditava que deveríamos nos tornar subalternos, mas hoje somos um país que está há frente de grandes negociações”, enfatizou. “A América Latina é o melhor de todos os lugares, com território rico, multicultural, com uma população lutadora, tem a maior reserva hidrelétrica do mundo, a maior agricultura do mundo e , claro, o mercado industrial que mais cresce. Temos que valorizar nossas fronteiras, mesmo porque não temos grandes conflitos e as eleições no continente são democráticas”, ressaltou. Já Celso Amorim afirmou que “nunca em 200 anos de história um presidente havia se preocupado com a América a Latina na história do mundo. Mas o Brasil uniu a América Latina e se tornou uma grande potência”. Amorim também destacou a unificação do continente comandada pelo Brasil. “Unificamos as realidades, não só de maneira solidária, mas de maneira enconômica. Antes, não havia vontade política. Hoje há além disso, vontade de que o mundo seja melhor e que todos tenham qualidade de vida suficiente. Não dependemos de uma só potência, temos relações com vários paises. No Haiti, por exemplo, além da segurança estamos à frente do apoio de reconstrução do país, evitando mortes e levando a paz, tão necessitada no momento”, afirmou o chanceler. Deputado Adão Villaverde - Boletim Informativo nº 328 - 15/01/2010 3 ARTIGOS Rio Grande na era da microeletrônica * Adão Villaverde A presença do presidente Lula na inauguração do Centro Nacional de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), em Porto Alegre, se reveste de uma extrema importância, evidenciando a dimensão estratégica do empreendimento para o Estado e o País. Guardadas as devidas proporções históricas, o Ceitec pode ser comparado, em termos de capacidade de geração de desenvolvimento, aos avanços tecnológicos experimentados com a instalação da Refap em Canoas, na década de 1960, e ao Polo Petroquímico em Triunfo, nos anos 1970. Se, à época, produzir matéria-prima para a indústria de polímeros (plásticos) embalava um grande sonho dos gaúchos, hoje, inserir o País na microeletrônica é ressignificar o Rio Grande do Sul, do ponto vista industrial. E, por natural decorrência, impulsionar o próprio Brasil para ingressar no especialíssimo círculo global da produção de chips. O Estado venceu São Paulo na disputa pela instalação do centro tecnológico projetado para ser o maior produtor de circuitos integrados (chips) da América Latina e âncora do Programa Nacional de Microeletrônica graças à articulação entre as esferas governamentais (federal, estadual e municipal), o setor empresarial (Federasul e Fiergs), a iniciativa privada ( Motorola, à época), o segmento eletroeletrônico através da Abinee e a produção da inteligência Publicado no Jornal do Comercio do dia 15/02/2010 e do conhecimento (Ufrgs, Pucrs e Unisinos), dando ao projeto uma dimensão estratégica em nível nacional. Em função da boa concertação do governo estadual, incluindo a doação de área da sede industrial na Lomba do Pinheiro, na Capital, através do prefeito de Porto Alegre na época, Tarso Genro, o Ceitec foi conquistado pelos gaúchos por ser apresentado em sua ideia de projeto de Estado - e não mera ação de governo. A produção de tecnologia avançada e microeletrônica no Brasil significa a redução da dependência aos produtos importados. E o Ceitec coloca o Rio Grande do Sul na linha de frente ao rompimento da submissão externa nesta área. * Ex-secretário de Ciência e tecnologia no governo Olívio Dutra Um líder, sem liderados * Adão Villaverde O professor FHC, “príncipe da enquanto os ventos da era Lula sopram sociologia”, como é reconhecido pelos de forma indiscutivelmente intensa, seus próprios parceiros de cátedra, em sentido contrário ao seu período. Uma análise desapaixonada e mais distribuiu, de forma articulada para toda a imprensa nacional, um rigorosa de seu pronunciamento revela artigo intitulado “Sem medo do ausência de rumo e total desespero. passado”, onde busca um intencional Sem rumo porque há muito tempo o reducionismo da gestão de Lula, hoje PSDB abandonou o debate de projeto e reconhecida nacional e de conteúdo para o país, internacionalmente, e pois sua visão passou À semelhança coloca na sua esteira com Quixote, que à história como um seu objetivo central, modelo que paralisou ao descolar sua que é a desqualificação o desenvolvimento, consciência da da ministra Dilma. excluiu socialmente Ta l v e z , d e u m realidade criou seu e i m p l e m e n t o u a lado, impactado pelas mundo imaginário, s u b o r d i n a ç ã o e a últimas pesquisas, dependência sem a FHC restam as que revelam uma ilusões de um líder, n e n h u m a t e o r i a , enorme popularidade renunciando sua tese sem liderados máxima da “Teoria da e confiança no governo dependência”, como, do presidente Lula e, de outro, angustiado e incomodado por aliás, o fez com muitas outras. nenhum autêntico representante do Desespero porque vê a nação retomar tucanato estar, até então, defendendo o crescimento e desenvolvimento, seu período de governo. O ex- mesmo em meio à brutal crise mundial presidente jogou-se numa ação similar do modelo neoliberal mercantilà batalha de Dom Quixote contra desregulado, ao mesmo tempo em que os Moinhos de Vento, num nítido as funções públicas de Estado estão movimento de um líder no ostracismo, sendo recuperadas como condição Publicado em Zero Hora do dia 12/02/2010 mínima de reparo aos danos causados por sua própria era no poder. Tudo isto é amplificado quando o próprio prócer da sociologia, a cada ano eleitoral, é evitado e criticado por seus próprios parceiros. E ainda o presidente Lula é reconhecido mundialmente como “personalidade global”. Daí decorrem as desequilibradas e desproporcionais reações que o alto de sua arrogância e prepotência não são capazes de suportar. Ainda mais que sua alternativa é o mesmo governador paulista que submergiu recentemente com a gestão tucana nas enchentes naquele Estado e que, em 2002, antes de Lula derrotá-lo, cunhou a máxima: “a política cambial de FHC foi um desastre total. Suas consequências foram devastadoras em muitas áreas da economia, inclusive comprometendo as metas do processo de privatização”. Portanto, à semelhança com Quixote, que ao descolar sua consciência da realidade criou seu mundo imaginário, a FHC restam as ilusões de um líder, sem liderados. * Professor, engenheiro e deputado estadual PT/RS Deputado Adão Villaverde - Boletim Informativo nº 328 - 15/01/2010 4 ARTIGOS Para onde vai a oposição?* Ao ler a coluna escrita por Barbara Gancia (FSP de 12/02), a minha primeira reação foi a de ficar espantado com os ataques pessoais, feitos de forma grosseira e arrogante, contra Marco Aurélio Garcia. O pretexto para tal virulência é a afirmação que teria sido feita pelo dirigente do PT, em reunião interna do partido, de que quase tão importante quanto a 4ª Frota (da Marinha americana) são os canais de TV a cabo que nós recebemos aqui. Eles realizam, de forma indolor, um processo de dominação muito eficiente. Despejam toda essa quantidade de esterco cultural”. A colunista preferiu não se dar ao trabalho de apresentar as suas críticas ao trecho - pinçado por ela da fala de Março Aurélio e, ao invés de entrar no mérito de tal afirmação e discutir o seu conteúdo, partiu prá cima do autor, com afirmações do tipo: ouvilo ou até mesmo parar para perceber sua existência significa jogar pela janela momentos preciosos do tempo que ainda me resta neste mundão.... Não satisfeita, conseguiu espaço entre as 503 palavras contidas no seu libelo para avançar ainda mais na tentativa de desqualificação de Março Aurélio e tascou a pérola: se já não ligo para o que ele faz no governo, que dirá do meu interesse pelo que diz quando está entre os seus? Esquisito alguém fazer uma coluna inteira para destratar alguém tão desinteressante. Essa fúria só pode ser ação de quem supõe possuir superioridade moral, social, ou intelectual e, assim, sente-se no direito de assumir atitude prepotente ou de desprezo em relação aos outros, o que é, precisamente, a postura definida por Houaiss como própria do arrogante. Creio, no entanto, que a arrogância explícita, colocada na sua forma mais genuína, não explica completamente as emoções expostas por Barbara Gancia. O Março Aurélio é um dos principais dirigentes do PT e assessor especial do presidente para assuntos internacionais. Além disto, é o responsável pela apresentação da primeira versão do Programa para a campanha da ministra Dilma, o que torna o personagem atacado digno da atenção de todos aqueles que não desejam estar alienados do que ocorre na política nacional e não desejam alienar seus leitores, ou, ainda, não pretendem disseminar preconceitos e interditar debates importantes, valendo-se da torpe prática de desqualificar as pessoas, ao invés de tratar das suas opiniões. Ao perceber que a virulência do artigo não poderia ser explicada apenas pela arrogância da autora, entendi que os seus ataques furiosos apenas reverberam as recentes manifestações feitas pelos próceres tucanos, FCH à frente, que deixaram de lado qualquer consideração política programática e passaram a assumir atitudes prepotentes e de desprezo em relação aos líderes do PT. O senador Tasso Jereissati, chefe nacional do PSDB, por exemplo, ao referir-se à ministra Dilma, deu o tom de como quer que seus adeptos tratem os petistas: essa liderança de silicone que está sendo construída, precisa começar a ser desmascarada. Pois é neste contexto que o artigo começa a ser entendido.A idéia de que a sociedade civil e sociedade política exercem funções diferenciadas na produção e reprodução das relações de poder, constituindo o que Gramsci chamou de Estado ampliado: sociedade política + sociedade civil, ou, em outras palavras, coerção e hegemonia como formas de disputa da liderança, é uma das mais interessantes contribuições que a ciência política produziu. Por sociedade civil, compreende-se o conjunto das instituições responsáveis pela elaboração e/ou difusão de valores simbólicos, como os partidos políticos, as corporações profissionais, os meios de comunicação, entre outras; por meio das quais as diferentes maneiras de compreender o mundo procuram ganhar aliados para seus projetos. Foi esta idéia, apresentada de forma bastante didática, que deu nos nervos da articulista. A reverberação de determinadas formas de perceber as coisas faz das diferentes formas de comunicação lugares onde também são produzidas estratégias incidentes no processo social. Na maioria das vezes, no entanto, de forma mais sutil e inteligente do que a escolhida por Bárbara. Neste caso, quando a articulista decidiu tratar sobre o conteúdo do discurso e não destratar quem discursou, não obteve desempenho melhor, limitando-se a comparar exemplos de baixa qualidade de produção cultural: Pode ser que o lixo cultural deles seja mais atraente do que o nosso, será esse o problema?, pergunta com a certeza de quem supõe possuir superioridade intelectual e, assim, sente-se no direito de assumir atitude prepotente ou de desprezo em relação aos outros. Não, não creio que a questão seja escolher entre Paris Hilton e Xuxa, dilema que menospreza a percepção da audiência e desconhece que os consensos estabelecidos em determinado período podem ser desagregados e dar lugar a novos consensos, que impliquem atender outros interesses que não os tradicionais. É, por exemplo, o que ocorreu com a pobreza e a fome no país. Depois de décadas sem qualquer movimentação significativa na distribuição de renda, exceto para concentrá-la, um conjunto de políticas e ações do governo passou a alterar esse ciclo perverso. Os diferentes programas voltados para estimular o mercado interno e aumentar o poder de compra dos setores tradicionalmente excluídos; assim como as ações internacionais que diversificaram as relações comerciais e políticas para além da dependência para com o mercado americano, não foram conquistados com uma postura subalterna e conformista, mas colocaram o país num patamar que ainda não havia obtido no mundo. Foi exatamente para não ficar prisioneiro do dilema de ser atraído sempre pelo menos ruim, é que o povo brasileiro decidiu eleger Lula como presidente e escolheu construir outro caminho, que não está sendo construído sem grandes dificuldades e ferozes críticas, inclusive pessoais aos seus dirigentes. Afinal, para construir novos consensos, baseados na luta contra as desigualdades sociais e na incorporação de setores excluídos historicamente, é preciso desfazer as redes que mantinham os privilégios de poucos: econômicos e sociais. Talvez seja esta a razão essencial que fez a Bárbara, que tão pouco interesse tem pelo Março Aurélio, sentir-se obrigada a comentar suas ilações e não tenha deixado de colocar o sugestivo título: How do you do, Dilma?” * Gerson Almeida: Sociólogo Deputado Adão Villaverde - Boletim Informativo nº 328 - 15/01/2010 5