Psicologia do Envelhecimento
Prof. Jacinto Gaudêncio
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE
VIDA , STRESS E COPING
O desenvolvimento psicológico ao longo da vida é determinado por:

Factores ligados á idade ( as mudanças biológicas que ocorrem
ao longo dos anos)

Factores ligados à história (mudanças sociais, económicas e
políticas que alteram as condições concretas de vida das pessoas)

Factores ligados aos acontecimentos de vida (varáveis de
pessoa para pessoa relativamente á sua ocorrência/ou não,à sua
forma e ao momento em que ocorrem como o divórcio, a reforma, a
viuvez, as doenças e acidentes).Estes acontecimentos são
causadores de stress e são como um teste aos limites da
plasticidade intra individual e da capacidade adaptativa dos sujeitos.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE
VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
O conceito de stress abrange as reacções emocionais e cognitivas
do indivíduo face aos acontecimentos de vida esperados ou
imprevisíveis e
Verifica-se quando há um desequilíbrio entre as exigências ambientais
e a capacidade de resposta dos sujeitos
Inerente ao conceito de stress o conceito de coping é relativo aos
esforços cognitivos e comportamentais que procuram dominar,
reduzir ou tolerar as condições geradas por uma situação de stress
O processo de coping envolve a elaboração e concretização de
estratégias de coping para lidar com situações internas
problemáticas( estado de saúde, menopausa, por ex.) ou externas (
morte de um familiar, entrada na reforma, viuvez, por ex.)
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE
VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
O processo de coping envolve tarefas adaptativas que
têm duas funções primordiais:
Coping centrado na emoção - que procura regular
emoções desajustadas associadas ou resultantes de
acontecimentos geradores de tensão (por ex. a
autocensura, evitamento ou fuga, a reavaliação positiva)
Coping centrado no problema - que procura alterar a
situação ou problema que está a provocar
desajustamentos (por ex. actuar sobre a origem da
situação, procurar formas de a resolver)
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE
VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

A avaliação cognitiva que as pessoas fazem dos
acontecimentos geradores de stress está na origem das
diferentes percepções desses acontecimentos e das
diferentes estratégias de coping utilizadas para a sua
resolução, vincam Lazarus e Folkman (1984)

A avaliação cognitiva refere-se ao modo como o
indivíduo interpreta o significado de uma dada
situação para o seu bem estar (por ex. ameaçador,
positivo, irrelevante)
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE
VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

Lazarus (1998) ao analisar os processos de stress e coping ligados
ao envelhecimento acentua o factor individual como a chave para
compreender tais processos

Nos idosos o impacto da reforma, da viuvez, do declínio da saúde
ou da perda do poder económico é sempre interpretado de uma
forma subjectiva dependendo do significado que cada pessoa lhe
atribui

Para Lazarus é fundamental identificar as variáveis individuais que
proporcionam as respostas adaptativas favoráveis ou desfavoráveis
em vários domínios (autoconceito, saúde, funcionamento social)
para se poderem desencadear respostas e serviços de apoio
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE
VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

A PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTAL SOBRE O CONCEITO
DE COPING (Skinner e Edge,1998)
Considera-o como um processo intimamente ligado ao
desenvolvimento psicológico e às respostas adaptativas
dos sujeitos ao stress
Os modos de coping são susceptíveis de aperfeiçoamento
à medida que a pessoa se desenvolve permitindo-lhe
lidar com as situações stressantes com uma eficácia
cada vez mais acrescida- coping adaptativo
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E
ACONTECIMENTOS DE VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

Os modos de coping “não adaptativo” referem-se à pessoa incapaz
de lidar com as dificuldades que enfrenta – reflectindo muitas vezes
uma história desenvolvimental plena de constrangimentos e de
relações mal sucedidas entre si próprio, os outros e o meio

Wertlieb (2003) propõe um modelo onde se articulam quatro
domínios distintos de variáveis implicadas no processos de stress e
coping (Fig.2) destacando o papel da avaliação cognitiva, da
resolução de problemas, da regulação de emoções ou do suporte
social no quadro das transacções entre o indivíduo e o ambiente,
gerando consequências ao nível da saúde física e psicológica dos
indivíduos
O «paradigma de stress e coping»
(adaptado de Wertlieb,2003 por Fonseca, 2005)
STRESS
Desenvolvimento
Acontecimentos de vida
Contrariedades
Situação crónica
Recursos de coping
Suporte social
«Inteligência»
«Personalidade»
Estatuto socioeconómico
Processos de coping
Avaliação cognitiva
Resolução d e problemas
regulação emoções
Resultados
Saúde
Doença
adaptação
O modelo de adaptação a situações de transição
[adaptado de Moos e Tsu,1977(in Brammer e Arego, 1981, p. 22), e Moos e Schaefer, 1986, p. 20, por Fonseca, 2005]
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

Para Fernández-Ballesteros (2001), o envelhecimento
activo é um conceito inovador que reflecte bem a
importância que as perspectivas psicológicas de
natureza contextualista têm vindo a adquirir, quer na
compreensão dos mecanismos de adaptação face ao
envelhecimento, quer na formulação de intervenções
promotoras dessa adaptação.
 Trata-se de um conceito que associa factores psicológicos e
psicossociais a factores de tipo social, ambiental, económico,
educativo, sanitário e biológico,
pressupondo «que os factores psicológicos determinam realmente
este tipo de envelhecimento e que a acção psicológica exercida por
esses factores (os estilos de vida, a auto-eficácia, os estilos de
coping, entre outros) influenciam e determinam um maior bemestar» (Fernández-Ballesteros, 2001, p. 282).
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)



O programa Viver com Vitalidade apresenta cinco grandes
objectivos 1) eliminar conceitos erróneos sobre o envelhecimento; 2)
transmitir conhecimentos básicos sobre como envelhecer de forma
activa e competente; 3) promover estilos de vida saudáveis; 4)
treinar estratégias de optimização de competências cognitivas,
emocionais, motoras e sociais; 5) promover o desenvolvimento
pessoal e a participação social-, e distribui-se por cinco áreas
temáticas: 1) envelhecer bem - o que é e como consegui-lo; 2) cuidar
do corpo; 3) cuidar da mente; 4) envelhecer com os outros; 5) lidar
com o inevitável (Fernández-Ballesteros, 2002).
A metodologia é de cariz teórico-prático, incluindo uma abordagem
teórica do tema e a apresentação de exercícios e/ou sugestões de
desenvolvimento de competências. Prevê-se, também, um sistema
de avaliação que permite a verificação de potenciais mudanças no
comportamento e nos hábitos individuais.
antes da sua publicação, o programa Viver com Vitalidade foi
experimentado junto de 240 sujeitos (70% mulheres e 30% homens),
tendo a maioria deles alcançado os objectivos estabelecidos para o
curso e reforçado assim a convicção de Fernández-Ballesteros
quanto à possibilidade de promoção de um funcionamento positivo
na velhice, encarando-a não como uma fatalidade mas como um
desafio mais na aventura da vida.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
O processo de envelhecimento concretiza-se mediante três formas:

o normal (ausência de patologia biológica e mental séria),

o patológico (afectado por doença/patologia grave)

e o envelhecimento óptimo/ bem-sucedido (sob condições
favoráveis e propícias ao desenvolvimento psicológico).
Para Baltes e Baltes (1990), esta diferenciação é importante na
medida em que nos permite focalizar a atenção na
responsabilidade do ambiente social na «produção» de organismos
qualitativamente distintos, retirando o processo de envelhecimento
da esfera exclusivamente individual (mental e/ou biológica).
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
O« Envelhecimento bem-sucedido»

Partindo dos trabalhos já conhecidos no início dos anos 90 acerca
do conceito de «envelhecimento bem-sucedido», Baltes e Baltes
(1990) reforçaram de um modo muito especial a sua importância,
defendendo que o uso da expressão envelhecimento bem-sucedido
obriga a uma reanálise da natureza da velhice e da imagem que
dela habitualmente fazemos.

Para Lazarus (1998), os pontos de vista preconizados pelo casal
Baltes a este propósito foram uma autêntica «lufada de ar fresco»
no âmbito dos estudos sobre o envelhecimento, defendendo que o
envelhecimento bem-sucedido está «dependente da aquisição de
atitudes e de processos de coping que permitem à pessoa idosa,
apesar do aumento dos défices ou da sua ameaça, permanecer
independente, produtiva e socialmente activa pelo máximo de
tempo possível» (Lazarus, 1998, p. 122).
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE VIDA , STRESS E
COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

Outras propostas de abordagem do envelhecimento bem sucedido
foram surgindo no quadro de uma psicologia do ciclo de vida:

Brandtstadter e colaboradores (Brandtstadter e Renner, 1990;
Brandtstadter, Wentura e Greve, 1993) propuseram um modelo resiliente
do self idoso, baseado no recurso a processos instrumentais de
assimilação e acomodação como formas básicas de coping e de
manutenção da integridade do self durante a velhice;

Heckhausen e Schulz (1995) e Schulz e Heckhausen (1996) focalizaram a
sua atenção nos mecanismos de controlo primário e secundário usados
pelos indivíduos ao longo do ciclo de vida, defendendo que os seres
humanos possuem uma necessidade intrínseca de controlar as suas vidas;
quando os esforços instrumentais para modificar os acontecimentos
(controlo primário) se revelam já insuficientes ou infrutíferos, o indivíduo
tende a fazer os ajustamentos adaptativos necessários socorrendo-se de
mecanismos cognitivos (controlo secundário), por meio dos quais, por
exemplo, reduz os objectivos a alcançar ou estabelece comparações que o
beneficiem (Schulz e Heckhausen, 1996, p. 711).
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE VIDA ,
STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
No âmbito da psicologia do ciclo de vida, o modelo de
envelhecimento bem-sucedido preconizado pelo casal
Baltes foi sendo explorado e aperfeiçoado desde o seu
aparecimento até à actualidade, pelos próprios autores e
por outros investigadores, sobretudo a partir de três
eixos implícitos na conceptualização da perspectiva:


1) o balanço entre ganhos e perdas desenvolvimentais;
2) o recurso ao modelo SOC como explicação básica do
processo adaptativo inerente à capacidade de
envelhecer com êxito;
 3) a modificação nas modalidades de regulação da
identidade pessoal.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE VIDA , STRESS E COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
o balanço entre ganhos e perdas

A definição de envelhecimento bem-sucedido numa perspectiva de ciclo
de vida surge em Fries (1990), que o define como:
uma maximização de acontecimentos positivos e desejáveis (como a
longevidade ou a satisfação de vida) e uma minimização de
acontecimentos negativos e indesejáveis (como a doença crónica ou a
perda irreversível de capacidades mentais).

Apesar de todos os momentos da vida humana serem marcados por uma
alternância entre ganhos e perdas desenvolvimentais, Baltes e
colaboradores não escondem o facto de ao envelhecimento vir associado
um movimento no sentido de um balanço negativo entre ganhos ou perdas,
ou seja, a intensidade e frequência das perdas vai-se acentuando à medida
que a idade cronológica vai também ela avançando:

«Por definição, o desenvolvimento ao longo do ciclo de vida e o
envelhecimento não podem ser apenas um "jogo para ganhar". Em termos
de critérios absolutos de capacidade funcional, é inevitável que ocorram
perdas» (Baltes e Baltes, 1990, p. 20).
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ACONTECIMENTOS DE VIDA , STRESS E
COPING
adaptado de Fonseca,A.M.(2005)
Será que as pessoas reconhecem, à medida que vão envelhecendo, a ocorrência
deste facto objectivo que é a redução das suas capacidades?

Num estudo realizado junto de 100 indivíduos alemães, homens e
mulheres, com idades compreendidas entre os 20 e os 85 anos,
Heckhausen, Dixon e Baltes (1989) procuraram verificar até que ponto
existe uma relação entre comportamento e crenças subjectivas acerca do
envelhecimento .
Os indivíduos eram questionados acerca da ocorrência de mudanças num
largo número de atributos, de natureza física e psicológica, susceptíveis de
se desenrolarem entre os 20 e os 90 anos, bem como acerca da maior ou
menor capacidade para controlar tais mudanças.
 O estudo acabou por demonstrar que os indivíduos têm consciência,
efectivamente, de que à medida que a idade avança as perdas vão
ganhando progressivamente terreno aos ganhos (sobretudo a partir
dos 70 anos de idade), acreditando que acabam mesmo por se sobrepor
(maior percentagem de perdas do que ganhos) a partir dos 80 anos. No
entanto, mesmo nesta idade, subsiste a crença de que a «sabedoria» pode
continuar a aumentar, sendo este o principal ganho percepcionado pela
generalidade dos sujeitos.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

Estudos (Baltes 1997; Freund e Baltes, 1998) demonstraram,
que indivíduos idosos que usam de forma intencional e concertada
estratégias de «selecção-optimização-compensação»
apresentam níveis mais elevados em indicadores subjectivos
de envelhecimento bem-sucedido.

à medida que envelhece e vê as suas capacidades a sofrerem um
declínio, a pessoa selecciona objectivos pessoais nos quais deseja
continuar a envolver-se, seja em função das prioridades que
entretanto fixou para a sua vida, seja em função das suas
capacidades e motivações,
seja em função das exigências que o ambiente lhe coloca.

Nesses objectivos pessoais seleccionados (por exemplo, praticar
um desporto, exercer voluntariado, frequentar uma «universidade
sénior»),
a pessoa procura optimizar as suas capacidades, colocando
em acção aquelas que se revelam mais interessantes sob o ponto
de vista adaptativo e que lhe permitam manter a congruência entre
os seus objectivos, interesses e desejos e as acções concretas que
realiza.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

Finalmente, sempre que tal se revele necessário, a pessoa procede a
compensações, de natureza técnica ) ou de natureza comportamental
(procedendo a uma condução mais defensiva e evitando conduzir durante a
noite, por exemplo).
O modelo SOC retoma, assim, a ideia central inerente ao paradigma
contextualista: as pessoas modelam e são agentes activos do seu
próprio desenvolvimento através:

1) de uma selecção de objectivos pessoais;

2) da optimização do seu funcionamento individual
nesses objectivos pessoais seleccionados;
3) da compensação de perdas desenvolvimentais através do
recurso a mecanismos compensatórios internos
(de natureza comportamental, psicológica) ou externos
(de natureza cultural) (Baltes, 1997).

O modelo«Selecção-Optimização-Compensação»
(adaptado de Baltes, Staudinger e Lindenberger,1999 por Fonseca2005)
Condições Antecedentes
O desenvolvimento ao longo do ciclo de
vida é essencialmente um processo de
adaptação selectiva e transformação.
A pressão da selecção ontogénica
deriva da existência de recursos
internos e externos finitos, bem como
do aumento de exigências contextuais.
Há pressões adicionais que derivam de
mudanças na plasticidade relacionadas
com a idade e de perdas ao nível dos
recursos internos e externos.
Processo de Orquestração
SELECÇÃO : OBJECTIVOS
Identificação de objectivos e orientação
do processo ontogénico.
Estreitamento de potencialidades.
OPTIMIZAÇAO: MEIOS/RECURSOS
Aquisição / orquestração de meios.
Promoção dos meios existentes dirigidos
para objectivos.
Procura de contextos facilitadores do
desenvolvimento.
COMPENSAÇAO :RESPOSTA Á PERDA DE
MEIOS/RECURSOS
Aquisição de novos meios e recursos,
internos e externos, dirigidos à
prossecução de objectivos, compensado
a perda de meios e recursos disponíveis,
mudanças nos contextos, e
reajustamento de objectivos.
Resultados
Maximização de ganhos objectivos e
subjectivos, e minimização de
perdas.
Desenvolvimento bem sucedido
(crescimento) como resultado do
atingimento de objectivos ou da
manutenção de estados de
funcionamento.
Regulação das perdas.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)

baseados nas características mais relevantes acerca da natureza do
processo de envelhecimento à luz da psicologia do ciclo de vida, Baltes e
Baltes (1990) enunciam um padrão de estratégias potencialmente
favorecedoras de um envelhecimento bem-sucedido:

é importante preservar um estilo de vida saudável, por forma a reduzir a
probabilidade de ocorrência de condições patológicas inerentes ao próprio
envelhecimento;

a manutenção de uma visão optimista da vida pode ser uma forma efectiva
de compensar as perdas que vão ocorrendo, acentuando positivamente o
que ainda subsiste e atribuindo essas mesmas perdas a factores externos,
logo, fortuitos e não causados por uma espécie de «fado próprio de quem é
velho»;

dada a grande variabilidade na ocorrência, duração e intensidade do
processo de envelhecimento, é preciso evitar a adopção de soluções
simples e generalistas, devendo encorajar-se a adopção de soluções
individuais e sociais flexíveis e adaptadas a cada caso;
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca, A.M. 2005)

dados os limites de flexibilidade (plasticidade) adaptativa, os indivíduos
idosos devem procurar escolher e/ou criar «ambientes amigáveis»para a
implementação de estilos de vida apropriados à idade;

deve manter-se e/ou incentivar-se, na velhice, a realização de actividades
enriquecedoras sob o ponto de vista cognitivo e social, compensando
perdas que ocorrem nestes domínios;

é fundamental saber lidar com as perdas, o que passa pela consideração
de alternativas que facilitem o confronto com a realidade «objectiva»,
reorientando a própria vida em termos de objectivos e aspirações;

finalmente, para que se possa assistir a uma continuada resiliência do self,
é necessário recorrer a estratégias que facilitem e promovam a gestão do
quotidiano com base num ajustamento à realidade que não implique a
perda de identidade, o que passa, nomeadamente, pela adopção de
comportamentos realistas face às capacidades individuais e pela
consequente adequação de desejos e objectivos pessoais.
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO
(adaptado de Fonseca,A.M.(2005)




Uma das directivas prioritárias do Plano de Acção Internacional sobre o
Envelhecimento 2002 (OMS, 2002) refere-se à necessidade de fomentar a
inserção social das pessoas idosas, através da
aprendizagem ao longo da vida,
da optimização das condições de saúde física
e das oportunidades de desenvolvimento psicológico,
da participação nos assuntos familiares, sociais, económicos, culturais e
cívicos,
isto é, de todos os meios que favoreçam o desempenho de papéis activos
pelas pessoas idosas, correspondendo às suas necessidades, desejos e
capacidades.
A perspectiva de «envelhecimento activo» adoptada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS, 2002) procura superar e ampliar um anterior
conceito designado por «envelhecimento saudável»;
já não se trata apenas de que as pessoas idosas tenham saúde, mas que
mantenham e se possível melhorem a sua qualidade de vida à medida que
envelhecem, desenvolvendo o seu potencial de bem-estar físico, social e
mental, participando socialmente e prolongando o seu envelhecimento
através de uma vida com qualidade.
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Apresentação - Universidade do Algarve