REPORTAGEM PARLAMENTO DOS JOVENS (BÁSICO) 2013 A Assembleia de República decidiu organizar, mais uma vez, o programa Parlamento dos Jovens. Esta iniciativa já existe desde 1995 e tem como principal objetivo incentivar o interesse dos jovens pela participação cívica e politica no nosso país. O tema escolhido este ano foi “Ultrapassar a Crise”, e contou com a participação de 347 escolas de norte a sul do país, incluindo as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Este projeto desenrolou-se em 3 fases principais: i) as Sessões Escolares, nas quais foram eleitos dois deputados para representarem as respetivas escolas e selecionadas 3 medidas com vista a ultrapassar a crise; ii) as Sessões Distritais e Regionais, onde foram apresentados os projetos eleitorais de cada escola e eleitas até 4 medidas e um representante que as iria apresentar e representar o círculo na terceira fase, como porta-voz; iii) a Sessão Nacional e última fase do programa Parlamento dos Jovens que foi realizada durante dois dias na Assembleia da República, no Palácio de São Bento em Lisboa. No primeiro dia – 6 de maio – os deputados dos diferentes distritos reuniram-se em 4 comissões distintas para discutir e aprovar um projeto comum com um limite máximo de 5 medidas para apresentar na Sessão Plenária. Nas reuniões de comissões o porta-voz de cada círculo dispôs de 3 minutos para apresentar o projeto elaborado na sessão distrital. Após estas apresentações, os jovens deputados inscreveram-se junto dos deputados condutores para esclarecimento de dúvidas acerca das medidas dos restantes círculos. A seguir começou a votação para eleger o projeto a apresentar na Sessão Plenária, que posteriormente seria melhorado ou modificado em reunião. Na primeira comissão, constituída por 32 deputados, foram discutidos os projetos eleitorais dos círculos de Aveiro, Castelo Branco, Braga, Beja e Vila Real. Esta comissão foi conduzida pelas deputadas Isilda Aguincha, do Partido Social Democrata, e Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista Os Verdes. O projeto aprovado e consequentemente melhorado nesta comissão foi o projeto do grupo eleitoral de Aveiro. Na segunda comissão, estavam presentes 30 jovens deputados que avaliaram cuidadosamente os projetos dos círculos de Coimbra, Lisboa, Évora, Guarda e Santarém. Na segunda comissão, dirigida pelos deputados Ana Catarina Mendes, pertencente ao Partido Socialista, e Luís Fazenda, pertencente ao Bloco de Esquerda, o projeto eleitoral mais votado foi o projeto do círculo de Lisboa que sofreu conseguintes melhorias. Conduzida pelos deputados Pedro Delgado Alves, do Partido Socialista, e Michael Seufert, do Centro Democrático Social – Partido Popular, na terceira comissão, composta por 30 deputados, discutiram-se os projetos eleitorais dos círculos do Porto, de Leiria, de Faro, de Bragança e de Viseu. O projeto selecionado foi o do círculo eleitoral do Porto que também foi posteriormente alterado. A quarta comissão contou com a participação de 34 deputados que analisaram os projetos eleitorais dos círculos dos Açores, de Viana de Castelo, de Portalegre, da Madeira e de Setúbal. O projeto de recomendação mais votado foi o projeto da Região Autónoma da Madeira que tal como os restantes foi melhorado por todos os jovens deputados presentes. No final da decisão dos projetos eleitorais que seriam recomendados no dia seguinte em Assembleia, foram elaboradas questões para os jovens deputados colocarem a deputados representantes de cada um dos partidos políticos. De cada comissão surgiram 3 questões: da primeira comissão, as perguntas foram colocadas pelos círculos de Vila Real, Braga e Aveiro; da segunda pelos círculos de Coimbra, Guarda e Santarém; da terceira comissão as questões foram colocadas pelos círculos de Viseu, Porto e Bragança; e da quarta comissão, pelos círculos de Setúbal, Portalegre e Madeira. Após a conclusão das comissões, esteve presente na Assembleia da República a tuna “Master Classe”, da Moimenta da Beira, para presentear os jovens deputados, professores e jornalistas com um animado concerto. A tuna atuou durante mais de uma hora, interpretando músicas como “Sound of Silence” (Simon e Garfunkel), “Imagine” (John Lennon), “Hino da Alegria” (Beethoven) e “Canção do Mar” (Dulce Pontes). Depois deste momento de descontração e de um dia de reuniões, foi servido o jantar no Claustro do Palácio de São Bento. Juntaram-se alunos e professores no que foi uma refeição em convívio que terminou por volta das 21h, quando todos se dirigiram para as unidades hoteleiras onde ficaram instalados. No segundo dia – 7 de maio – deu-se a abertura solene do Plenário pela Presidente da Assembleia da República, por volta das 10h, hora em que também foram apresentadas as representantes da mesa: Presidente e assessoras. De seguida foram colocadas as questões, elaboradas no dia anterior, aos deputados Isilda Aguincha (Partido Social Democrata), Pedro Duarte (Partido Socialista), Miguel Tiago (Partido Comunista Português), Heloísa Apolónia (Partido Ecologista Os Verdes), Luís Fazenda (Bloco de Esquerda) e Michael Seufert (Centro Democrático Social – Partido Popular). Mais tarde, iniciou-se o debate de recomendação à Assembleia da República sobre o tema “Ultrapassar a Crise”, no qual cada comissão apresentou o seu projeto eleitoral de recomendação constituído por cinco medidas. Todos os membros de cada comissão puderam expressar a sua concordância ou discordância em relação às medidas apresentadas. Este debate iniciouse por volta das 11h30 e foi assistido por professores, convidados e jornalistas. Por voltas das 12h, os jornalistas foram convidados a assistir e participar numa conferência de imprensa. À saída da sala do Plenário, os jornalistas tiveram a oportunidade de entrevistar os deputados que tinham estados presentes na abertura solene do Plenário. A conferência de imprensa foi dirigida pelo Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura, José Ribeiro e Castro e terminou pelas 13h10, hora em que os jovens deputados, jornalistas, professores e convidados se dirigiram para o Claustro para almoçar. Após o almoço, deu-se continuação ao debate e votaram-se as medidas para recomendação à Assembleia da República. Numa primeira fase foram eliminadas cinco medidas das vinte a votação. Seguidamente, apenas com quinze medidas a votação, foram eliminadas mais cinco. As dez medidas que foram selecionadas pelos jovens deputados para estarem presentes no projeto eleitoral final de recomendação à Assembleia da República foram as seguintes: 1 – Dinamizar o setor primário, contribuindo desta forma para um aumento da produção nacional, aumentando a competitividade do mercado interno e consequente redução das importações. 2 – Promover o aumento das atividades primárias, levando ao estímulo da economia, à diminuição da dependência do exterior e ao aumento das quotas de produção pecuária, piscatória e agrícola, tendo em conta que as atividades económicas são fundamentais para o desenvolvimento da economia, a criação de empresas de novos postos de trabalho. 3 – Desenvolver esforços para promover o aumento das exportações (tendo em consideração a crescente globalização da economia mundial), através do desenvolvimento de campanhas de produtos nacionais e da promoção de incentivos à exportação de produtos made in Portugal, para que o país fique menos dependente das economias externas. 4 – Investir nas exportações, dando mais incentivos fiscais às empresas, promovendo sinergias com outros países europeus e procurando estimular a economia nacional, através do empreendedorismo e de revitalização das empresas em dificuldades, para que não entrem em processo de insolvência. 5 – Apostar no turismo de qualidade e aproveitar os recursos endógenos e a nossa zona económica exclusiva. Fomentar medidas que permitam aumentar as exportações, com base nos fundos do QREN. 6 – Incentivar o desenvolvimento da economia, através do estímulo à criação de empresas e facilitando o acesso ao crédito, baixando o IRC e a burocracia, e investindo em boas condições de trabalho e uma boa gestão empresarial. 7 – Garantir possibilidades de emprego, pela diminuição dos impostos sobre as empresas (IRC e TSU), devendo o valor correspondente a esta redução ser, obrigatoriamente, utilizado para a criação de emprego. Adicionalmente, o Estado deverá promover, nos ensinos básico e secundário, o empreendedorismo jovem e o autoemprego. 8 – Aplicar taxas aduaneiras a produtos comprados fora da União Europeia, o que faria com que Portugal crescesse económica e industrialmente, estabilizando a balança comercial. 9 – Promover a criação de emprego, através de um financiamento público, em que a parte do salário correspondente a 40% do subsídio de desemprego é atribuída pelo Estado à empresa. 10 – Racionalizar as despesas estatais, nomeadamente no funcionamento das parcerias público-privadas, hospitais, fundações e instituições públicas, entre outros gastos supérfluos e mal geridos, aumentando o rigor da execução orçamental desses organismos e respetivos prazos. A sessão nacional foi encerrada pela Presidente da Assembleia da República por voltas das 16h30, após terem sido realizados agradecimentos pelos porta-vozes de cada círculo, pelas representantes da mesa e pelo Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura. A sessão terminou com muitas palmas e alegria e os jovens deputados regressaram a casa bastante satisfeitos com o resultado do programa do Parlamento dos Jovens 2013. Ana Filipa Martins Repórter da Escola Internacional de Torres Vedras (EITV) Página da EITV, http://www.eitv.pt