MESTRADO GEOCIÊNCIAS ASPECTOS ESTRUTURAIS DO GRANITO COIMBRA, REGIÃO DE CORUMBÁ (MS), SUL DO CRÁTON AMAZÔNICO GABRIELA DOS SANTOS O Granito Coimbra, objeto de estudo, está situado na região de Corumbá (MS), que configura um cenário de extrema importância para a evolução do conhecimento geotectônico da porção sul e sudoeste do Cráton Amazônico, pois se localiza no limite entre dois terrenos (Rio Apa e Paraguá). Aí aflora a Faixa de Dobramento Paraguai e ocorre um espesso pacote sedimentar da Formação Pantanal. Esse corpo granítico é composto por rochas cinza a rosa-avermelhado, de granulação fina a grossa, classificadas como granodioritos a sienogranitos; foi afetado por uma fase deformacional (F1) de natureza compressiva, que gerou foliação (S1) do tipo xistosidade, marcada principalmente pela orientação preferencial de minerais placóides como biotita e, subordinadamente, anfibólio. Essa foliação (S1) apresenta atitude geral N10-20E, com mergulhos íngremes de 75-90º para SE. Ainda como resultado desse evento deformacional, é possível observar o desenvolvimento de zonas de cisalhamento paralelas à foliação (S1). Juntamente com a foliação milonítica desenvolve-se uma lineação de estiramento mineral (L1) down dip, marcada pela orientação preferencial do quartzo e feldspatos, e que assume uma orientação 102/80 Az. As rochas miloníticas, associadas às zonas de cisalhamento, são caracterizadas por trama planar definida pelo estiramento e rotação dos porfiroclastos de plagioclásio, feldspato alcalino e quartzo, imersos em matriz de mesma composição, gerada pela fragmentação e recristalização dos grãos maiores. No Granito Coimbra essas rochas são classificadas como protomilonitos a milonitos, apresentando porcentagens variáveis de matriz (15-70%). As rochas miloníticas ao microscópio exibem minerais pisciformes como, por exemplo, mica fish e horblenda fish, como também biotita em kink-band. O quartzo apresenta-se com extinção ondulante bem acentuada, com formação de subgrãos, lamelas de deformação e geralmente muito estirado caracterizando os ribbons. Esse mineral exibe, ainda, evidências da formação de novos grãos a partir dos processos de recristalização dinâmica por migração da borda de grãos e rotação de subgrãos. Os porfiroclastos de plagioclásio e feldspato alcalino ocorrem em kink-band, rotacionados e fragmentados. Quando rotacionados desenvolvem-se caudas formadas por recristalização dinâmica que ladeiam esses porfiroclastos, representados pelo tipo sigma indicando movimento sinistral. O Granito Coimbra também foi afetado pela deformação rúptil, marcada pelo desenvolvimento de falhas normais e juntas. Essas últimas apresentam padrões com direções N/S, NE e E/W. Durante o desenvolvimento dessas estruturas rúpteis, ocorreu a instalação de zonas de intenso atrito, com formação de rochas cataclásticas classificadas como protocataclasitos. A correlação da deformação dúctil com os eventos orogênicos que ocorreram no sul e sudoeste do Cráton Amazônico ainda está sendo estudada, necessitando então de dados geocronológicos. PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014