A POLÍTICA DE ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR: A EXPERIÊNCIA DA UFFS Joviles Vitório Trevisol1 Rosileia Lucia Nierotka2 RESUMO: O trabalho apresenta os resultados de um projeto de dissertação em desenvolvimento, cujo propósito é investigar as políticas de ações afirmativas de acesso ao ensino superior implementadas nos últimos anos, especialmente a partir da promulgação da Lei 12.711/12. Pretende-se contextualizar as políticas públicas de enfrentamento ao elitismo na educação superior e compreender as políticas de acesso, implementadas pelas IES públicas federais, tomando como referente a experiência da Universidade Federal da Fronteira Sul. O sujeito/objeto empírico deste estudo é uma IES criada em 2009, localizada na Mesorregião Fronteira Mercosul. A escolha desta experiência deve-se ao fato da UFFS ter implantado uma política inovadora de acesso, desde o primeiro processo seletivo. Trata-se de um estudo quantitativo, de natureza descritiva e de caráter documental. Os dados sistematizados, relativos ao ano de 2012, do Campus Chapecó, têm demonstrado que a maioria dos estudantes é do sexo feminino (61,82%); autodeclarados brancos (84%); residentes na área urbana (80,24%); provenientes da escola pública (94,18%); oriundos de família com baixa escolaridade (42,91% dos pais e 36,24% das mães estudaram até a 4º série do Ensino Fundamental e apenas 5,45% e 6,91%, respectivamente, concluíram curso superior). PALAVRAS-CHAVE: educação superior; políticas de acesso; ações afirmativas; UFFS. INTRODUÇÃO Tradicionalmente o sistema educacional brasileiro nos diferentes níveis de ensino é considerado excludente, pois reflete as desigualdades sociais, econômicas, culturais e políticas do país. Conforme destaca Saviani (2011), tanto no tipo de sociedade antiga ou escravista quanto no tipo de sociedade medieval ou feudal a escola aparecia como uma modalidade educacional secundária, complementar, e isto ocorria “[...] porque a modalidade principal de educação continuava sendo o trabalho, uma vez que a grande massa, a maioria, não se educava através da escola, mas através da vida, ou seja, do processo de trabalho” (SAVIANI, 2011, p. 82). Portanto, é na modernidade, no modo de produção capitalista, que o conhecimento sistemático, a expressão letrada, escrita começa a ser valorizada, tendo em vista principalmente as condições de vida na cidade, haja visto que há um deslocamento do eixo produtivo da agricultura, 1 2 Universidade Federal da Fronteira, [email protected] Universidade Federal da Fronteira Sul, [email protected] 1 no meio rural para a indústria, no meio urbano. A década de 1930 passa a ser um forte marco para as preocupações em termos de legislação da educação em nível nacional (SAVIANI, 2011). Diferentemente do que muitos fazem crer, o Brasil não é país pobre; é uma nação rica que convive com a pobreza e alimenta os mecanismos (re) produtores da desigualdade e da injustiça social. Como tão bem descrevem inúmeros intérpretes da sociedade brasileira, como Gilberto Freyre (1999), Sérgio Buarque de Holanda (1978), Darcy Ribeiro (1995), Marilena Chauí (2004), Florestan Fernandes e Octavio Ianni (1986), Raimundo Faoro (1979), José Murilo de Carvalho (2008) e Da Mata (1979) e tantos outros, a desigualdade social é uma das dimensões estruturantes da formação do Brasil desde o seu achamento, em 1500. Contribuem para a (re) produção das desigualdades sociais uma série de fatores, entre os quais os de natureza cultural, especialmente os afetos ao campo da educação. O ensino superior, em particular, é um bem simbólico desigualmente distribuído, que legitima os saberes e práticas a partir dos quais os detentores dos títulos acadêmicos sentem-se em condições de exercerem determinados ofícios e relações de poder na sociedade. Na política educacional essas desigualdades sociais se manifestam diretamente e um dos problemas que se destaca é o elitismo na educação superior, em que o direito ao acesso a educação pública não ocorre para todos. As lutas pela democratização do acesso à educação superior são históricas e marcam a trajetória da educação brasileira. Uma das formas de ampliação de acesso e a redução das desigualdades educacionais foi a implementação de ações afirmativas, que foi sendo adotada pelas universidades brasileiras desde o ano de 2001, mesmo considerando a não obrigatoriedade legal e toda a polêmica que envolve esse debate. O ensino superior brasileiro, apesar da expansão havida nas últimas décadas, continua sendo marcadamente elitista e privatizado. A despeito dos avanços, os números atuais aindam indicam tratar-se de um nível de ensino que carrega em seu interior, reproduz e alimenta as marcas de uma sociedade profundamente desigual. Dados do MEC/INEP, referentes a 2011, apresentados no documento Anuário Brasileiro da Educação Básica (2013), indicam que apenas 14,9% dos jovens entre 18 a 24 anos ingressaram no ensino superior. Do total das matrículas (6.739.689), 26% estavam matriculados nas IES públicas (1.773.31) e 74%, nas IES privadas (4.966.374). Após 13 anos de tramitação no Congresso Nacional foi aprovada no ano de 2012, a Lei 12.711, conhecida como “Lei das Cotas”. A referida Lei constituiu um marco para a 2 educação superior pública brasileira, pois a partir de sua aprovação os institutos técnicos federais e as universidades públicas federais devem reservar no quadro de suas vagas 50% para estudantes que cursaram integralmente na rede pública o ensino médio, para o acesso às universidades federais e o Ensino Fundamental para o acesso aos Institutos Federais. No preenchimento das vagas, devem ser reservados 50% (cinquenta por cento) aos estudantes oriundos de famílias com renda per capita igual ou inferior a 1,5 salários-mínimos (um salário-mínimo e meio), e, com distribuição proporcional, deverão ser preenchidas vagas por curso e por turno por estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas, com referência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2012). O presente trabalho apresenta os resultados preliminares de um projeto de pesquisa/dissertação em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Fronteira Sul, vinculado à linha de pesquisa “Políticas Educacionais”. O tema central de estudo são as políticas de acesso por meio das ações afirmativas na Educação Superior, mais precisamente a experiência da política de acesso implementada na Universidade Federal da Fronteira Sul. A Universidade Federal da Fronteira Sul é uma instituição federal criada recentemente em 2009, por meio da Lei 12.029/2009. Está localizada na Mesorregião Fronteira Mercosul – Sudoeste do Paraná (Campus Laranjeiras do Sul e Realeza), Oeste de Santa Catarina (Campus Chapecó) e Noroeste do Rio Grande do Sul (Campus Erechim, Cerro Largo e Passo Fundo) com abrangência de cerca de 396 municípios. O seu surgimento foi fruto de lutas dos movimentos sociais, igrejas, ONGs e sociedade em geral historicamente desassistida pelo acesso ao ensino superior público. A partir de levantamento feito em outros estudos sobre esta temática, percebe-se a relevância deste tema e a necessidade de continuar pesquisando nesta área. Conforme apontado no estudo de Silva (2012, p. 124) “[...] das sugestões para futuras pesquisas, cremos que seria desejável [...] aprofundar pesquisas voltadas para os aspectos avaliativos das ações afirmativas na graduação e para os possíveis impactos sociais e acadêmicos gerados pela inclusão de alunos […] na educação superior”. 3 A temática situada nesse estudo encontra-se diretamente relacionada à problemática das desigualdades educacionais no Brasil, e, mais especificamente o elitismo da educação superior pública, pois o direito a essa modalidade de estudo ainda não é acessado pela maioria da população. A opção política de ingresso na UFFS, desde o início ocorre por meio do Enem, como uma primeira forma e única de entrada na UFFS. Nos três primeiros anos a ação afirmativa adotada ocorreu por meio de uma bonificação na nota do Enem, para cada ano estudado em escola pública, conhecida como o fator escola pública. A partir de 2013, ocorre a adequação de forma integral a lei 12.711/2012 por meio da reserva de vagas aos estudantes de escola pública, com observância à renda e aos pretos, pardos e índios. Diante disso, ao propor um estudo investigativo sobre a experiência das ações afirmativas na UFFS justifica-se a relevância desta pesquisa, pois busca construir conhecimento sobre uma política diferenciada de acesso à educação superior pública, que busca romper esse processo tradicionalmente elitizado nesta modalidade de ensino. OBJETIVOS Geral Investigar as ações afirmativas de acesso aos cursos de graduação implementados pela UFFS, com o propósito de compreender a efetividade dessas políticas públicas para o enfrentamento do elitismo educacional brasileiro. Específicos Situar as ações afirmativas no campo da educação superior enquanto políticas públicas de enfrentamento ao elitismo e às desigualdades socioeducacionais no Brasil; Investigar as políticas de ações afirmativas adotadas pela UFFS para o acesso aos cursos de graduação; Analisar a efetividade das ações afirmativas implementadas pela UFFS a partir do perfil socioeconômico e cultural de estudantes que ingressaram nos cursos de graduação. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa tem como local de estudo os cinco campi da Universidade Federal da Fronteira Sul, situados nas cidades de Laranjeiras do Sul e Realeza (Paraná); Chapecó (Santa Catarina); e, 4 Erechim e Cerro Largo (Rio Grande do Sul). Será realizado um recorte de caráter temporal que se concentrará no ano de 2012, sendo o terceiro ano de funcionamento da UFFS, tendo como foco a política de acesso desenvolvida durante esse período. Ao delimitar um ano para estudo, optou-se que os sujeitos da pesquisa fossem todos os estudantes que ingressaram na UFFS naquele ano, abrangendo assim a maioria dos campi, exceto o Campus de Passo Fundo, que foi criado no ano de 2013. Assim, a pesquisa contempla um universo de 2.123 estudantes de graduação da UFFS. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, de natureza descritiva e de caráter documental, cujo documento principal a ser analisado é um banco de dados com respostas de um questionário aplicado aos estudantes da UFFS, dos cinco campi, no processo seletivo de 2012. O arquivo com as informações foi fornecido pela Diretoria de Registro Acadêmico da UFFS. O documento possui as respostas de um questionário socioeconômico e cultural que possui 69 questões, sendo essas aplicadas a todos os estudantes no momento em que faziam a sua inscrição no Processo Seletivo da UFFS. Durante as análises dos dados serão consultados outros documentos com fontes estatísticas com a finalidade de comparação dos dados da UFFS. Um das fontes a ser buscada é o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros documentos a serem buscados serão os Censos da educação superior, encontrados no site do Ministério da Educação, mais especificamente junto ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Os dados serão organizados com a utilização da planilha Excel e para a execução da análise dos dados será utilizado um programa de computador, o software aplicativo SPSS. Trata-se de um programa estatístico do tipo científico, e que possui uma capacidade de trabalhar com base de dados de grande dimensão. A apresentação dos resultados da análise documental será realizada de forma descritiva e por meio de gráficos e tabelas. RESULTADOS PARCIAIS A UFFS é uma das universidades públicas federais criadas nos últimos anos com o propósito de atender ao que estabelece o Plano Nacional de Educação (PNE 2000-2010), especialmente no que tange à expansão e interiorização da educação superior pública no 5 Brasil. Instituída em 2009, por meio da Lei Federal 12.029/2009, a UFFS realizou seu primeiro processo seletivo em março de 2010, implantando pela primeira vez sua política institucional de ingresso. Tendo em vista o processo que lhe deu origem, com forte presença e protagonismo dos movimentos sociais, a UFFS primou pela implantação de uma política inédita e inovadora de acesso, sendo a primeira IES pública federal a implantar diretrizes mais arrojadas que as definidas pela própria “Lei das Cotas”. Decidiu-se pela não realização de qualquer vestibular. Optou-se por utilizar o ENEM como prova de conhecimento básico, adicionando-se à nota obtida neste exame um sistema de bonificação para cada um dos anos frequentados na escola pública, o denominado fator escola pública (FatorEP). O índice foi aplicado durante os três primeiros ingressos (2010 - 2012), sendo aprimorado em 2013, em virtude da aprovação da “Lei das Cotas”, e substituído em 2014 pelo SISU (Sistema de Seleção Unificada). O FatorEP foi operado a partir dos seguintes critérios: I) Fator EP = 1,3 – para o candidato que declarou ter cursado integralmente, com aprovação, todo o ensino médio em escola pública; II) Fator EP = 1,2 – para o candidato que declarou ter cursado, com aprovação, apenas 2 (duas) séries do ensino médio em escola pública; III) Fator EP = 1,1 – para o candidato que declarou ter cursado, com aprovação, apenas 1 (uma) série do ensino médio em escola pública; IV) Fator EP = 1,0 – para os demais candidatos (EDITAL Nº 162/UFFS/2011 PROCESSO SELETIVO UFFS 2012). Os dados que seguem, referentes aos ingresantes de 2012 nos cursos de graduação do maior campus da UFFS, o Campus Chapecó, demonstram claramente a inclusão socioeducacional promovida. A maioria dos estudantes é do sexo feminino (61,82%); autodeclarada branca (84%) e residente no espaço urbano (80,24%). Perfil socioeconômico dos estudantes Os ingressantes são, na sua grande maioria, provenientes de famílias de baixa renda, oriundos de famílias de trabalhadores urbanos e pequenos produtores rurais da região de abrangência da UFFS. Ao serem consultados sobre a renda familiar, 59,75% declararam possuir renda entre 0 a 3 salários mínimos mensais. 78,30% dos estudantes ingressantes são 6 trabalhadores, sendo que, no momento da pesquisa, 43,64% estavam trabalhando em tempo integral remunerado; 14,91%, em tempo parcial remunerado e, 10,91%, estavam em busca de emprego. Apenas 23,88% declararam não estar trabalhando. Indagados sobre a idade que começaram a trabalhar, 14,06% declararam ter iniciado antes dos 14 anos; 35,15%, entre 14 e 16 anos de idade e, 19,27%, entre 17 e 18 anos de idade. Escolaridade dos pais Os estudantes são oriundos de famílias com histórico de baixa escolaridade. São filhos de pais e mães que não tiveram condições de estudar. A grande maioria faz parte da primeira geração da família a ingressar na educação superior. Como demonstra o gráfico abaixo, 42,91% dos pais e 36,24% das mães estudaram até a 4º série do Ensino Fundamental. Apenas 5,45% e 6,91%, respectivamente, tiveram condições de concluir um curso superior. Gráfico 1: Escolaridade dos pais Doutorado Não sei Não estudou Mestrado Mãe Pai Especialização Ensino Superior Ensino Médio Da 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental Da 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% Fonte: Banco de Dados do Processo Seletivo UFFS 2012/SETI/UFFS. 7 Ensino Médio frequentado A efetividade da política de acesso implementada pela UFFS é traduzida pelo gráfico abaixo, que destaca a procedência dos estudantes. 94,18% dos ingresantes do ano de 2012 cursaram, de forma integral, o ensino médio em colégios públicos. Apenas 1.58% deles formaram-se, integralmente, em escolas privadas. Gráfico 2: Estabelecimento onde cursou o Ensino Médio Outros 0,24% Maior parte em escola particular 1,58% Todo em escola particular 1,58% Todo em escola pública Maior parte em escola pública 94,18% 2,42% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% Fonte: Banco de Dados do Processo Seletivo UFFS 2012/SETI/UFFS. A experiência da UFFS demonstra ser exitosa por adotar uma política inclusiva, que busca a ampliação do acesso à educação superior pública. Ademais, os desafios estão postos no sentido de haver políticas de acompanhamento e de permanência que considerem esse perfil socioeconômico diferenciado dos estudantes, cuja maioria precisa conciliar estudos com trabalho, pois a renda da família demonstra não ser suficiente. 8 CONCLUSÕES A adoção de ações afirmativas, no Brasil, conforme destaca Haas e Linhares (2012, p.839), busca, de modo geral, “mitigar a incontestável desigualdade social brasileira, visando a atacar e corrigir distorções que se encontram numa das causas dessa desigualdade – a maneira como nosso sistema educacional está estruturado”. Portanto, “a relevância do tema expõe o papel da universidade brasileira e de sua responsabilidade diante do grave problema da exclusão educacional, da extrema desigualdade social e da discriminação que permeiam as relações socioeconômicas no Brasil” (HAAS; LINHARES, 2012, p. 839). A experiência da UFFS é parte de um conjunto de políticas nacionais de ensino superior que visam expandir e interiorizar o sistema de oferta de matrículas nas IES públicas. O REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), a criação de novas universidades e institutos federais e a promulgação da Lei das Cotas têm contribuído para a democratização do acesso ao ensino superior público. Ainda que os índices estejam muito aquém dos preconizados pelo Plano Nacional de Educação (PNE 2001-2010) e pela proposta do PNE 2011-2020, os avanços sinalizam para uma direção que precisa ser aprofundada e perseguida. A democratização do acesso é um desafio aberto e latente, ante o qual a sociedade e o Estado brasileiro precisam mobilizar esforços e investimentos de toda ordem. Como materialização de uma política pública, a UFFS nasceu como resposta a alguns dos históricos problemas educacionais brasileiros: (i) baixas taxas de acesso à educação superior, sobretudo dos jovens entre 18 a 24 anos; (ii) matrículas majoritariamente concentradas nas IES privadas; (iii) concentração das IES públicas nas regiões litorâneas, sobretudo nas capitais; (iv) assimetrias regionais na distribuição dos cursos e das vagas de graduação e de pós-graduação, entre outros. Na Mesorregião Grande Fronteira do Mercosul, espaço-tempo onde a UFFS está inserida, tal desafio reveste-se de uma materialidade sui generis. Situada na fronteira com a Argentina, composta por aproximadamente 396 municípios e 3,7 milhões de habitantes, a região manteve-se privada do ensino superior durante a maior parte de sua história. As primeiras faculdades foram criadas a partir do final dos anos 60 do século passado por iniciativa das lideranças comunitárias, constituindo as fundações públicas de direito privado. 9 As IES públicas surgiram mais tarde, em pequeno número e situadas nas cidades de maior concentração populacional. O ensino superior privado manteve-se, deste modo, restrito aos grupos sociais em condições de subsidiar as suas mensalidades e, o ensino superior público, restrito aos jovens de classe média, oriundos, na sua grande maioria, das escolas privadas de Ensino Médio. O caráter notadamente elitista do sistema de oferta excluiu, na prática, milhares de jovens e adultos da possibilidade de desenvolver uma formação de nível superior. Por fim, ressalta-se que os egressos da escola pública estão na universidade, formam a quase totalidade da comunidade acadêmica da UFFS e colocam inúmeros desafios, os quais demandam pesquisa, compreensão crítica e intervenção. REFERÊNCIAS BRASIL. 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