PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ALEXANDRE ALVES MARTINS A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE COMUNICAÇÃO SÃO JOSÉ 2011 PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ALEXANDRE ALVES MARTINS A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE COMUNICAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dr. José Carlos da Silva SÃO JOSÉ 2011 ALEXANDRE ALVES MARTINS A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO EM UMA EMPRESA DE COMUNICAÇÃO Relatório de Análise de Intervenção elaborado como requisito para disciplina de TCCII do Centro Universitário Municipal de São José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora: ______________________________________ Prof. Dr. José Carlos da Silva Orientador ______________________________________ Profª. Dra. Alessandra Tonelli Membro Examinador ______________________________________ Profª. MSc. Luciane Schmidt Membro Examinador São José, 05 de dezembro de 2011 Dedico meu trabalho a minha Mãe e minha Noiva pela confiança em mim depositada em minha fase acadêmica. AGRADECIMENTOS Essa é a oportunidade que tenho de agradecer a todos aqueles que apoiaram em meu período acadêmico. Com isso primeiramente gostaria de agradecer a Deus, e segundo gostaria de agradecer a meus pais, Antônio (em memória) e Clara, e minha noiva, Taila, que não mediram esforços para me ajudar a concluir o Curso e obter o grau de bacharel em administração. Meus tios e tias também foram muito importantes, pois e graças a eles consegui concluir todo o curso com muita tranquilidade que é o esperado em um curso de nível superior. Também gostaria de agradecer meu orientador José Carlos da Silva pela confiança, conhecimento e empenho, pelas horas de orientações que nortearam o meu trabalho em busca de um resultado promissor em meus estudos acadêmicos. Gostaria de agradecer também ao Bruno, Bianca, Muriel, Rodrigo e demais colegas pelo grande apoio, pois me fizeram acreditar que esse trabalho seria realizado com qualidade. E por fim, agradecer aos nossos Mestres e Doutores do Curso de Administração do Centro Universitário Municipal de São José que, apesar de todas as dificuldades encontradas perante a nossa instituição, foram sempre impecáveis e não deixaram de nos injetar conhecimento para que possamos aplicar em nossa vida profissional. O administrador deve conhecer as necessidades humanas para compreender o comportamento humano e utilizar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida nas organizações. Chiavenato, 2004. RESUMO Durante muito tempo, ao falar-se em qualidade de vida nas empresas, enfatizava-se principalmente a produção. Hoje, fala-se não apenas em qualidade no ambiente laboral, mas também em qualidade de vida dos trabalhadores. Isso significa que os mesmos precisam estar satisfeitos. Para que sejam produtivos, devem perceber que executam é adequado as suas habilidades e que suas necessidades no ambiente organizacional são valorizadas. Não se pode esquecer que parte significativa da vida das pessoas é dedicada ao mundo do trabalho e que para muitas ele constitui a maior fonte de identificação pessoal. É natural, portando, que almejem identificar-se com seu trabalho. Para a realização desse trabalho foi utilizado a coleta de dados por meio de entrevista estruturada através do estudo de caso da Empresa Comunicação – Setor Tele-anúncios. Vários fatores foram analisados desde ambiente físico até estratégias que pudessem promover através da ciência da Administração melhorias na Qualidade de Vida dos trabalhadores proporcionando uma melhor produtividade na empresa. Com isso foi realizada uma pesquisa bibliográfica para descrever os processos e as necessidades da Qualidade de Vida no Trabalho dentro da Empresa. Palavras chave: Qualidade de vida. Trabalhadores. Produtividade. LISTA DE QUADROS Quadro 1: Descrição das principais áreas da empresa ........................................................... 18 Quadro 2: Evolução do conceito de QVT ............................................................................. 23 Quadro 3: A Hierarquia das Necessidades humanas e os meios de satisfação. ...................... 27 Quadro 4: Princípios da economia de movimentos. .............................................................. 29 Quadro 5: Princípios da economia de movimentos. .............................................................. 30 Quadro 6: Princípios da economia de movimentos. .............................................................. 30 Quadro 7: Quadro do ambiente de trabalho. ......................................................................... 33 Quadro 8: Quadro de Prevenção a Síndrome do edifício doente ........................................... 34 Quadro 9: Esquema de iluminação. ...................................................................................... 36 Quadro 10: Conseqüências da frustração .............................................................................. 41 Quadro 11: Critérios para excelência. ................................................................................... 46 Quadro 12: Proposta de ações de melhoria para o setor. ....................................................... 60 LISTA DE FIGURA Figura 1: Organograma Geral da empresa ............................................................................ 17 Figura 2: Organograma Detalhado dos Recursos Humanos .................................................. 17 Figura 3: Fluxograma ........................................................................................................... 19 Figura 4: A Hierarquia das Necessidades, segundo Maslow. ................................................ 26 Figura 5: Assento da Empresa Comunicação. ....................................................................... 31 Figura 6: Parede da Empresa Comunicação. ......................................................................... 33 Figura 7: Sistema de climatização da Empresa Comunicação. .............................................. 35 Figura 8: Você e sua estação de trabalho .............................................................................. 37 Figura 9: O conceito de QVT abrange o bem estar físico, psicológico e social ...................... 40 Figura 10: Critérios de excelência. ....................................................................................... 45 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Conhecimento adequado do trabalhador sobre QVT ............................................ 50 Gráfico 2: Conhecimento e frequência de realização de ginástica laboral no setor ................ 51 Gráfico 3: De que forma os ruídos interferem no desempenho da função. ............................. 52 Gráfico 4: O trabalhador conhece ou não a existência de programas de QVT no grupo?. ...... 52 Gráfico 5: Afastamentos por saúde laboral. .......................................................................... 53 Gráfico 6: O trabalhador considera seu trabalho estressante, monótono e repetitivo? ............ 54 Gráfico 7: Nível de satisfação com a função executada. ....................................................... 55 Gráfico 8: Ideias para auxiliar no aumento da motivação dos trabalhadores.......................... 56 SÚMARIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 1.1 TEMA ............................................................................................................................ 12 1.2 PROBLEMA .................................................................................................................. 13 1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 13 1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 13 1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 14 1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 14 2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL ............................................................................... 16 2.1 HISTÓRICO DA EMPRESA ......................................................................................... 16 2.2 MISSÃO E VALORES DA EMPRESA .......................................................................... 16 2.3 ÁREA DE ATUAÇÃO/SEGMENTO DE MERCADO ................................................... 16 2.4 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA ......................................................................... 17 2.5 ANÁLISE INTERNA..................................................................................................... 19 2.5.1 Pontos Fortes ............................................................................................................. 19 2.5.2 Pontos fracos.............................................................................................................. 20 2.6 ANÁLISE EXTERNA.................................................................................................... 20 2.6.1 Oportunidades ........................................................................................................... 20 2.6.2 Ameaças ..................................................................................................................... 20 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 21 3.1 HISTÓRICO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ........................................ 21 3.1.1 Conceitos e abordagens sobre qualidade de vida no trabalho ................................. 23 3.2 HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW ................................................. 25 3.2.1 Teoria das necessidades humanas de Maslow .......................................................... 26 3.2.2 Aplicando a teoria de Maslow ao desempenho no trabalho..................................... 27 3.3 ERGONOMIA ............................................................................................................... 28 3.3.1 Princípios de economia de movimentos .................................................................... 29 3.3.2 Assentos ..................................................................................................................... 30 3.3.3 Ambiente de Trabalho .............................................................................................. 32 3.3.4 Posto de Trabalho em Escritórios ............................................................................. 36 3.4 ESTRESSE X QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ............................................. 38 3.5 FRUSTRAÇÃO ............................................................................................................. 41 3.6 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E A PRODUTIVIDADE ............................. 42 3.7 ASPECTOS PRÁTICOS DA Q.V.T. NAS EMPRESAS ................................................. 43 3.8 DADOS ATUAIS P/ A OBTENÇÃO DO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE ..... 45 4 METODOLOGIA DE PESQUISA................................................................................. 47 4.1 TIPOS DE PESQUISA ................................................................................................... 47 4.2 COLETA DE DADOS .................................................................................................... 49 4.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................................ 49 5 RESULTADOS DA PESQUISA ..................................................................................... 58 5.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................ 58 5.2 AÇÕES DE MELHORIA ............................................................................................... 59 5.2.1 Iluminação ................................................................................................................. 60 5.2.2 Valorização do desempenho ...................................................................................... 60 5.2.3 Mesas e assentos ........................................................................................................ 61 5.2.4 Espaço físico, ventilação e acústica ........................................................................... 61 5.2.5 Estratégias ................................................................................................................. 61 5.2.6 Autonomia ................................................................................................................. 61 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 62 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 64 APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA APLICADA NA PESQUISA .............. 67 11 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos o ambiente organizacional vem sofrendo diferentes alterações no que diz respeito à cultura, política e transformações sociais. A competitividade crescente exige das empresas maior adequação das exigências de mercado com a finalidade de garantir seu funcionamento e aumentando assim seus lucros. Segundo Albuquerque (1992), as organizações buscam processos de mudanças que culminem num posicionamento mais competitivo de mercado. Assim, a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) adquire espaço como valor intrínseco das práticas de competitividade concomitantemente ao bem estar organizacional. Considerando que a competitividade organizacional (qualidade e produtividade) está diretamente relacionada à qualidade de vida no trabalho, o esperado pelos trabalhadores e administradores é que as motivações e interesses em participar ativamente nos trabalhos a serem executados tenham as devidas recompensas e promovam assim a QVT (CHIAVENATO, 2004). Levando em conta que vitalidade está relacionada à produtividade, as organizações empenham-se em reavaliar e planejar a parte física e financeira da empresa buscando um conjunto de políticas a serem adotadas com o objetivo de promover um ambiente físico e mental saudável, para assim terem a produtividade aumentada ao nível que almejam. Portanto, percebe-se a necessidade de uma atenção especial voltada ao setor de recursos humanos para a melhoria das condições laborais. Sendo assim, o programa de QVT é essencial para criar condições que motivem seus trabalhadores como, por exemplo, ambientes saudáveis, identificação das necessidades, garantias de participação nas decisões, concessão de benefícios e salários compatíveis com a função desempenhada, entre outras. Ter qualidade de vida no ambiente de trabalho e algo que vai muito além, quem busca qualidade de vida, busca ser cada vez mais competitivo o que significa estar sempre à frente no mercado de trabalho e é na área de Recursos Humanos que se busca cada vez melhores resultados a serem obtidos pelas organizações para que os objetivos almejados sejam alcançados pelas mesmas. A seguinte pesquisa buscará analisar como a QVT influencia no desenvolvimento profissional por meio de entrevistas que foram aplicadas a uma amostra de trabalhadores de uma empresa de Comunicação. 12 A questão da qualificação para os empregados vem sendo amplamente debatida no meio acadêmico, como ponto central para fazer frente à terceira revolução industrial que trouxe uma nova era baseada na microeletrônica, pois o que se percebe é que está ocorrendo a era da abolição do trabalho gerando uma nova fase de desenvolvimento técnico-científico, propondo novas modificações ao processo de produção das empresas (PRIEB, 2005). Levando-se em consideração a importância do assunto, torna-se necessário expandir os estudos na área de QVT como forma de contribuir para o avanço do tema na administração. Além disso, verifica-se a necessidade das organizações implementarem práticas de QVT em seus setores de trabalho como forma de aumentarem o seus níveis de satisfação e comprometimento dos profissionais. 1.1 TEMA Durante muito tempo, ao falar-se em qualidade de vida nas empresas, enfatizava-se principalmente a produção. Hoje, fala-se não apenas em qualidade no trabalho, mas também em qualidade de vida dos trabalhadores. Isso significa que eles precisam estar satisfeitos. Para que sejam produtivos, devem sentir que o trabalho que executam é adequado as suas habilidades e que suas necessidades no ambiente organizacional também são valorizadas. Não se pode esquecer que parte significativa da vida das pessoas é dedicada ao trabalho e que para muitas o trabalho constitui a maior fonte de identificação pessoal. É natural, portando, que almejem identificar-se com ele. A Revolução Industrial acabou com as oficinas que os artesãos mantinham em sua própria casa, trouxe como consequência a percepção que a separação entre o trabalho e a casa é a mais importante divisão do trabalho. Com o advento da economia do conhecimento, “a separação rígida entre casa e trabalho começa a ser posta em dúvida” (COHEN, 2000, p.76). Os trabalhadores consequentemente passam a querer trabalhar em lugares mais agradáveis. Assim, as empresas são desafiadas a investir no ambiente, tanto para atrair talentos, quanto para melhorar a produtividade. Mais do que isso, as empresas são desafiadas a implantar programas de qualidade de vida no ambiente laboral, que envolvam também as dimensões relacionadas ao estilo gerencial, à liberdade e autonomia para tomada de decisões e ao oferecimento de tarefas significativas. Esse investimento que deveria ser feito pelas empresas tem como finalidade não só os lucros financeiros, mas também melhorias na qualidade de vida de seus trabalhadores, 13 obtendo assim funcionários mais comprometidos com suas funções, mais satisfeitos com seu ambiente de trabalho e consequentemente apresentando números decrescentes de afastamentos por não adaptação à função executada ou por problemas de saúde relacionados ao ambiente organizacional. 1.2 PROBLEMA O estudo da empresa de Comunicação será realizado na área Comercial, setor Tele anúncios. É um grupo privado onde o determinado setor conta com aproximadamente 25 trabalhadores diretos. O setor de Tele anúncios e responsável por cerca de 25% do resultado da empresa em cada ano, com isso é parte estratégica dentro da estrutura da sua empresa, pois esse setor atende inúmeros clientes do setor privado e público, onde procura conciliar aquilo que é de sua competência com o que o cliente procura. No entanto, dentro de seu processo tem se evidenciado uma crescente necessidade da busca pela qualidade de vida no trabalho, que é esquecido dentro da empresa, tendo em vista que para que seus trabalhadores possam desenvolver um excelente trabalho é preciso que tenham condições, e que (ambiente físico, clima, remuneração, benefícios, etc...) estejam de acordo com suas áreas a fim de desenvolver o seu papel com bom desempenho e qualidade. Diante do exposto segue o problema de pesquisa: Como a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) pode aumentar a produtividade e melhorar a satisfação do trabalhador? 1.3 OBJETIVOS A seguir apresenta-se o objetivo geral e objetivos específicos desta pesquisa. 1.3.1 Objetivo geral Contribuir, na perspectiva da ciência da Administração, para uma análise da QVT no Grupo Comunicação - Setor Tele anúncio. 14 1.3.2 Objetivos específicos a) Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre histórico, conceitos, vantagens e desvantagens do processo de Qualidade de Vida no Trabalho. b) Verificar as necessidades de Qualidade de Vida no Trabalho para a Empresa Comunicação - Setor Tele anúncio. c) Descrever o processo de Qualidade de Vida no Trabalho para a Empresa Comunicação Setor Tele anúncio. 1.4 JUSTIFICATIVA Uma empresa que deseja manter-se competitiva no mercado deve sempre usar como principal ferramenta métodos e melhorias no que dizem respeito à Qualidade de Vida no Trabalho, pois manifestam e estimulam o trabalhador a ponto de desenvolver melhor a sua atividade, e não só isso, melhora a inter-relação deles e consequentemente atingindo diretamente à melhora da produtividade. Um programa de qualidade de vida no trabalho justifica sua importância tanto para a organização quanto para os trabalhadores, pois visa à obtenção do aumento na lucratividade da empresa e a valorização do bem estar, afinal, são eles que possibilitam vantagem competitiva nas organizações fazendo-se necessária a implementação de ações que propiciem a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) que atenda mais as demandas. A expectativa desse trabalho é discutir (analisar) um programa visando a Qualidade de Vida no Trabalho para a Empresa justificando, assim, a sua implantação. Proporcionar aos administradores a possibilidade de conhecer e analisar esses programas, mudando o relacionamento com os trabalhadores, respaldado em estudos já feitos e que apresentaram resultados positivos no crescimento e sucesso organizacional. À medida que se reconhece que o principal capital da empresa, são os trabalhadores, parece-nos adequado admitir que ela esteja cada vez mais sujeita a perde-los para outras caso não ofereça boas condições de trabalho aos seus. As empresas que empregam alta tecnologia a seus setores demonstram-se particularmente sensíveis a esse problema, pois segundo Gil (2006, p. 46) “a evasão de talentos pode afetar negativamente os processos de inovação e provocar atrasos no lançamento de novos produtos”. A teoria comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas, para explicar o comportamento organizacional. Ao analisar como as pessoas se comportam, 15 torna-se necessário o estudo da motivação humana, mostrando-se como um dos temas fundamentais dessa teoria, pois, com afirma Chiavenato (2004, p. 264), “o administrador deve conhecer as necessidades humanas para compreender o comportamento humano e utilizar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida nas organizações”. 16 2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL Por solicitação da empresa estudada não será publicado a sua razão social e o nome fantasia sendo assim se mencionará a empresa referenciada como “Empresa Comunicação”. 2.1 HISTÓRICO DA EMPRESA O histórico do grupo não será publicado, pois acredita-se que com sua leitura a empresa seria facilmente identificada, já que sua história é antiga e conhecida na região Sul do país. 2.2 MISSÃO E VALORES DA EMPRESA A Missão e os valores, não serão publicados, pois, estão muito ligados a história e desenvolvimento da empresa Comunicação, logo com sua leitura a empresa seria facilmente evidenciada. 2.3 ÁREA DE ATUAÇÃO/SEGMENTO DE MERCADO A empresa Comunicação opera diretamente ou por meio de contrato de afiliação com: emissoras de TV, emissoras de TV locais, emissoras de rádio, jornais, portais de internet, empresas de eventos, Operação mobile marketing, Operação segmento rural, Operação segmento jovem, Operação e-business, editora, gravadora, gráfica, empresa de logística e a Fundação, tendo em todas as suas especialidades o objetivo de produzir e distribuir informações jornalísticas, de entretenimento e de serviços através das mídias tradicionais. 17 2.4 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA O Grupo Comunicação é dividido em áreas que são justificadas pelos gestores como sendo a melhor forma de atuação. Conselho de Acionistas Conselho de Administração Presidente Vice-Presidente Institucional e Jurídico Vice-Presidente Executivo Vice-Presidente Da Plataforma de Agronegócio Vice-Presidente De Internet e Mobile Vice Presidente Rio Grande do Sul Diretor Executivo Financeiro Vice-Presidente Santa Catarina Diretora Executiva de Estratégia e Desenvolvimento Figura 1: Organograma Geral da empresa Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor, 2011 Gestão e Finanças Assessor de Relações Trabalhistas Gerencia de Recursos Humanos Gerente de Recursos Humanos Gerente de desenvolvimento de Pessoas Figura 2: Organograma Detalhado dos Recursos Humanos Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor, 2011 18 De acordo com o organograma abaixo, seguem as áreas e suas respectivas responsabilidades: Conselho de acionistas, conselho de administração, Presidente, vicepresidente Institucional e Jurídico, vice-presidente Executivo, vice-presidente de plataforma de agronegócio, vice-presidente de internet e mobile, vice-presidente do Rio Grande do sul, vice-presidente de Santa Catarina, Diretor Executivo Financeiro e Diretora executiva de estratégia e desenvolvimento de negócios. O Organograma está adequado a sua atual situação e bem definido para que cada funcionário fique ciente de seu objetivo e função na empresa. Na página seguinte segue o quadro com os cargos e áreas de atuação, bem como suas funções e/ou responsabilidades: ÁREA Conselho de acionistas Conselho de Administração Presidente Vice-Presidente Institucional de jurídico Vice-Presidente Executivo Vice-Presidente da Plataforma de Agronegócio Vice-Presidente da Plataforma Internet e Mobile Vice-Presidente do Rio Grande do Sul Vice-Presidente de Santa Catarina Diretor Executivo-Financeiro Diretora Executiva de Estratégica e Desenvolvimento FUNÇÃO/RESPONSABILIDADE Descrição1 Descrição 2 Descrição 3 Descrição 4 Descrição 5 Descrição 6 Com foco nas pessoas. Com foco nas pessoas. Com foco nas pessoas. Desenvolve e acompanha a estratégia de crescimento do empresa comunicação. Quadro 1: Descrição das principais áreas da empresa Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor, 2011 Abaixo, segue Fluxograma da Empresa Comunicação para melhor entendimento dos processos: 1 Não consta no site Não consta no site 3 Não consta no site 4 Não consta no site 5 Não consta no site 6 Não consta no site 2 19 Figura 3: Fluxograma Fonte: Dados fornecidos pela empresa e elaborados pelo autor, 2011 2.5 ANÁLISE INTERNA Na análise interna é realizado o levantamento dos pontos fortes e fracos da Empresa de Comunicação, sendo descritos a seguir. 2.5.1 Pontos Fortes É uma das maiores empresas de comunicação multimídia do Brasil; A empresa é afiliada de uma das maiores redes de mídia do Brasil; É líder de mercado em todos os segmentos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul em todos os segmentos em que atua; 20 O grupo contém mais de 6.000 trabalhadores sendo o segundo maior empregador jornalista do país; O grupo investe constantemente em Treinamento e desenvolvimento de seus trabalhadores. 2.5.2 Pontos fracos Foi observada a ausência de um projeto de QVT – Qualidade de Vida no Trabalho – no setor onde foi feita a observação; A hierarquia apresenta-se de forma verticalizada; No setor percebe-se a dificuldade dos trabalhadores em adaptar-se a novas mudanças; O setor de tele-anúncios realiza sua função de trabalho de forma repetitiva. 2.6 ANÁLISE EXTERNA A análise externa consiste na descrição das oportunidades e das ameaças que a empresa poderá encontrar no mercado de atuação que é a Comunicação. 2.6.1 Oportunidades Procura agregar a sua marca forte diante das empresas dos seus clientes; Credibilidade; Eficácia nos serviços prestados; Mix de produtos que são oferecidos (emissoras, jornais, rádio, internet, mobile, editora, gravadora, gráfica e etc.) 2.6.2 Ameaças Concorrência desleal; Preço baixo dos mesmos produtos oferecidos pelos concorrentes; Captação de clientes por qualquer preço. 21 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Em função da diversidade de conceituações para QVT, chama-se a atenção para a necessidade de aprofundar a revisão da literatura do tema, porque não se pode trabalhar com algo que não se sabe exatamente o que é. O termo genérico qualidade de vida no trabalho engloba aspectos como motivação, satisfação, condições de trabalho, estilos de liderança, entre outros. Relacionados a estes aspectos, a lista de fatores que se constituem em pontos positivos e negativos do trabalho é bem ampla e deverá ser discutida. 3.1 HISTÓRICO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Estudos ligados à qualidade de vida no trabalho datam do inicio após o movimento sindical de 1930, centrando-se na segurança e salubridade do trabalho, no tratamento dispensado ao trabalhador e no aumento de salários. A partir de 1950, se associa ao enfoque na psicologia, onde se percebe uma correlação positiva entre estado de ânimo e produtividade. Maximiano (2009, p. 62) sugere que: A ideia de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) baseia-se em uma visão integral das pessoas, que é chamado enfoque biopsicossocial. O enfoque biopsicossocial origina-se da medicina psicossomática, que propõe a visão integrada, ou holística (ou sistêmica), do ser humano. Partindo desse enfoque, saúde não é apenas ausência de doenças, mas também, o completo bem estar biológico, psicológico e social. Esta definição adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1986, abre espaço significativo para a compreensão e administração de fatores psicossociais na vida moderna, especialmente no ambiente de trabalho. Sendo um desses fatores: o stress, este será tratado em um item específico abaixo (MAXIMIANO, 2009). Percebida atualmente como um processo que consolida a busca do desenvolvimento humano e organizacional, a Qualidade da Vida no Trabalho (QVT) não se define mais como um modismo passageiro e assim, apresenta para a realidade das empresas as novas necessidades de mercado (LIMONGI-FRANÇA, 2002). 22 O início desse processo no começo do século XX, por um de seus pioneiros, Walton (1973), que definiu a QVT como algo que vai além dos objetivos da legislação trabalhista, “é o conjunto das ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho” (LIMONGI-FRANÇA, 2002). Segundo Walton (1973, apud Limongi-França, 2002, p. 297): A QVT deve ter como meta a geração de uma organização mais humanizada, na qual o trabalho envolva relativo grau de responsabilidade e de autonomia no que se refere a cargo, recebimento de recursos de feedback de desempenho, tarefas adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho e ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo. Entre o ano de 1969 a 1974 ocorre um período que Limongi-França (2002, p. 299), “cita como a primeira fase da QVT, onde vários pesquisadores, acadêmicos, líderes sindicais e representantes do governo começaram a se interessar mais pela influência das experiências vividas pelas pessoas durante o período de trabalho”. Até meados da década de 1970 existe a ocorrência de uma baixa na atenção a QVT, pois os Estados Unidos voltavam sua atenção a problemas de inflação e custos de energia, interesses que a partir de 1979 começariam a serem revistos e implantados nas principais empresas como, por exemplo, a General Motors. Seu auge de interesses e atenções se dá em meados de 1980 (Limongi-França, 2002). Segundo Fernandes (1996), no Brasil, a preocupação com QVT surge mais tardiamente, também em função da preocupação com a competitividade das empresas, em contexto de maior abertura para a importação de produtos estrangeiros e na esteira dos programas de qualidade total. Para Aguiar (2000) houve, a partir desse período, uma mudança de postura das organizações, que passaram a entender a qualidade de vida no trabalho como um aspecto tão importante quanto a modernização tecnológica. Um dos principais expoentes no estudo da questão, Walton (1973, apud LimongiFrança, 2002), articula a conceituação que segue: A idéia de QVT é calcada em humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo o entendimento de necessidades e aspirações do indivíduo, através da reestruturação do desenhos de cargos e novas formas de organizar o trabalho, aliado a uma formação de equipes de trabalho com maior poder de autonomia e melhoria no meio organizacional. 23 Abaixo, um quadro que demonstra a possível compreensão de como o campo de estudo sobre QVT foi evoluindo, de uma perspectiva mais restrita para outras mais amplas: Quadro 2: Evolução do conceito de QVT Fonte: Dados coletados Nadler e Lawler (apud FERNANDES, 1996, p. 42). 3.1.1 Conceitos e abordagens sobre qualidade de vida no trabalho Segundo Limongi-França (1996), a Qualidade de vida no Trabalho e vista como um “conjunto das ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho”. Bowlditch e Buono (1992, p. 207), também enfatizaram as práticas adotadas pelas organizações e que se constituem em ações voltadas a QVT. Para esses autores: Um conjunto de definições equaciona a QVT com a existência de um certo conjunto de condições e práticas organizacionais tais como cargos enriquecidos, participação dos empregados nos processos de tomada de decisões, condições seguras de trabalho e assim por diante. Uma outra abordagem equaciona a QVT com os efeitos visíveis que as condições de trabalho tem no bem estar de um indivíduo (por exemplo, manifestação de satisfação no local de trabalho, crescimento e desenvolvimento dos funcionários, a capacidade de atender a toda a gama de necessidades humanas). 24 Dentre os novos paradigmas dos modos de vida dentro e fora da Empresa Comunicação, a QVT se estrutura a partir de vários segmentos. São eles: Saúde: visa preservar a integridade física, psicológica e social do ser humano ao invés de apenas atuar sobre controle de doenças e propiciar maior expectativa de vida e reintegração profissional da pessoa que adoece. Ecologia: ciência que o homem é parte integrante e responsável pela preservação do ecossistema e dos insumos da natureza, bem como ator do desenvolvimento sustentável. Ergonomia: estuda as condições de trabalho ligadas à pessoa. Fundamenta-se na medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia industrial, visando ao conforto e ao desempenho nas diversas posições de trabalho. Psicologia: demonstra a influência das atitudes internas, as perspectivas de vida da pessoa e a importância do significado intrínseco das necessidades individuais para o seu envolvimento com o trabalho em conjunto com a Filosofia. Sociologia: atua sobre a dimensão simbólica do que é compartilhado e construído socialmente, demonstrando as implicações de quem influencia e é influenciado nos diversos contextos. Economia: enfatiza a consciência de que os bens são finitos e de que a distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver de forma equitativa a responsabilidade e os direitos da sociedade. Administração: procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para atingir resultados em ambiente cada vez mais complexo, mutável e competitivo. Engenharia: elabora formas de produção voltadas para flexibilização da manufatura, armazenamento de materiais, uso da tecnologia, organização do trabalho e controle de processos. (Limongi-França, 1996, p. 296). Assim, para Limongi-França (1996, p. 297), É possível identificar dois movimentos na QVT: o individual que está ligado a doenças associadas às condições do ambiente organizacional e o organizacional, que se refere à expansão do conceito de qualidade total para a concretização dos resultados da empresa. Percebe-se que há um ponto em comum, que, segundo Fernandes (1996, p. 43) é a “conciliação dos interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa”. Fernandes (1996, p. 35), também enfatiza que: 25 [...] pode ser utilizada para que as organizações renovem suas formas de organização de trabalho, de modo que, ao mesmo tempo em que se eleve o nível de satisfação do pessoal, se eleve também à produtividade das empresas, como resultado de maior participação dos empregados nos processos relacionados ao seu posto de trabalho. Logo, percebe-se a emergência em se tratando de atender as demandas das pessoas nas organizações com a finalidade de elevar a produtividade, sendo assim, as necessidades pessoais básicas dos trabalhadores devem ser atendidas, pois consequentemente, aumentaram seus índices de resultados no trabalho. 3.2 HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW, SEGUNDO MAXIMIANO (2009) As teorias a respeito das necessidades humanas, segundo Maximiano (2009, p. 234) “fornecem a primeira explicação importante sobre o papel dos motivos internos na motivação. Segundo esse tema, o comportamento humano é motivado por estímulos interiores chamados necessidades, que são estados de carência”. Para Maximiano, por exemplo, a fome é uma necessidade que motiva o organismo a procurar alimento (direção da motivação). Quanto mais forte essa necessidade, maior é o empenho em realizar o objetivo de conseguir alimento (intensidade da motivação). Uma vez satisfeita essa necessidade, o organismo passa para um estado de saciedade e satisfação, e o alimento deixa de representar, um estímulo, porque se extinguiu o impulso interno para persegui-lo. A motivação para aquele determinado comportamento deixou de existir (duração da motivação). Maximiano (2009, p. 234), Enfatiza ainda que outras necessidades podem ter um ciclo de satisfação mais longo, não sendo atendidas pontualmente, de momento a momento. É o caso da motivação para o poder, que não provoca a saciedade, mas pode ficar mais intensa a cada momento. Algumas necessidades são apresentadas como instrumentais para a satisfação de outras. Há necessidades que são terminais e satisfazem-se em si mesmas. Para algumas pessoas, a necessidade de ganhar dinheiro é instrumental (ou, é algum instrumento) para o atendimento das necessidades de sobrevivência, para outras, a necessidade de ganhar dinheiro é terminal - é uma finalidade em si mesma. 26 A teoria sobre as necessidades humanas citada por Maximiano (2009, p. 234) reflete sobre carências e objetivos, assim, “a realização dos objetivos e desempenho estão ligados à busca de satisfação sobre as carências. Sabendo que, se o objetivo for alcançado, uma carência será satisfeita, a pessoa empenha-se na perseguição, quanto mais forte será a carência”. 3.2.1 Teoria das necessidades humanas de Maslow Maslow, segundo Chiavenato, apresentou uma teoria da motivação pela qual as necessidades humanas estão organizadas em uma hierarquia de importância, como uma pirâmide. Na base estão as necessidades fisiológicas, e, no topo, as necessidades mais elevadas que são as necessidades de auto-realização. (Chiavenato 2004, p. 266). Ver figura a seguir: Figura 4: A Hierarquia das Necessidades, segundo Maslow. Fonte: (Chiavenato, 2004, p. 265) As necessidades fisiológicas estão na base da hierarquia, percebe-se que para o autor, as pessoas costumam satisfazê-las antes de se preocupar com as de nível mais elevado. Segundo Chiavenato (2004, p. 266), 27 Uma necessidade em qualquer ponto da hierarquia precisa ser atendida antes que a necessidade de nível seguinte se manifeste. Se uma necessidade não for satisfeita, a pessoa ficará estacionada nesse nível de motivação sem passar a satisfazer seu próximo nível. Atendida uma necessidade, ela se deixa de fazer sentir e a pessoa passa a ser motivada pela ordem seguinte das necessidades. As pessoas estão em um processo de desenvolvimento contínuo, tendendo a progredir ao longo das necessidades e buscando atender uma após outra buscando sempre a autorealização. Assim para (Chiavenato (2004, p. 266), “uma necessidade pode predominar sobre as demais, devido a fatores como idade, meio social ou personalidade. Por exemplo, a necessidade de auto-afirmação é predominante na juventude”. Para exemplificar cada uma das necessidades propostas pelo autor, segue abaixo um quadro ilustrativo: HIERARQUIA SATISFAÇÃO Auto – Realização Estima Sociais Segurança Necessidades Fisiológicas Trabalho criativo e desafiante Diversidade e Autonomia Participação nas decisões Responsabilidade por resultados Orgulho e reconhecimento Promoções Amizade dos colegas Interação com clientes Gerente amigável Condições seguras de trabalho Remuneração e benefícios Estabilidade de emprego Intervalos de Descanso Conforto físico Horário de trabalho razoável Quadro 3: A Hierarquia das Necessidades humanas e os meios de satisfação. Fonte: (CHIAVENATO, 2004, p. 266). 3.2.2 Aplicando a teoria de Maslow ao desempenho no trabalho Segundo Chiavenato (2004, p. 267), “o trabalho e o seu ambiente podem satisfazer uma ampla gama de necessidades, instrumentais e terminais, desde as necessidades de sobrevivência até as de auto-realização”, assim as necessidades e as capacidades de satisfazêlas, irão depender das características das pessoas e da situação de trabalho. Conforme Chiavenato (2004, p.267), 28 Um trabalho realizado em uma fábrica pode satisfazer as necessidades de sobrevivência, convivência social e auto-estima dos seus trabalhadores tanto quanto um observatório astronômico, onde umas poucas pessoas passam as noites em silêncio, observando o universo; logo, as necessidades de auto-realização e reconhecimento em uma comunidade técnica são mais importantes e devem ser percebidas de acordo com cada realidade organizacional e de pessoal. Refletindo sobre o que é ou não apropriado a cada realidade organizacional, o trabalho e a situação de trabalho também acabam por criar necessidades, como cita ainda Chiavenato (2004), ao invés de somente satisfazê-las. Os trabalhadores passam então a reclamar seu atendimento, o que também é uma forma de comportamento motivado por necessidades ou carências. 3.3 ERGONOMIA Para o autor Slack (2007), o termo ergonomia é usualmente utilizado na maior parte do mundo; entretanto é algumas vezes referido como “engenharia de fatores humanos” ou simplesmente “fatores humanos”. A ergonomia preocupa-se primeiramente em como a pessoa se confronta com os aspectos físicos de seu local de trabalho, em “local de trabalho” lê-se mesas, cadeiras, escrivaninhas, máquinas, computadores e assim por diante. A ergonomia, também estuda a maneira como uma pessoa relaciona-se com as condições ambientais de sua área de trabalho imediata. Sendo assim, todos os fatores que dizem respeito às condições ambientais nas quais a pessoa trabalha, por exemplo, a temperatura, a iluminação, o barulho, ambiente entre outros serão analisados para confirmar ou não se apresentam as condições ideais de trabalho. A esses aspectos está ligada a ideia de que deve haver uma adequação entre as pessoas e os trabalhos que desempenham. Para Martins (2005, p. 102), O trabalho e o local de trabalho devem se adequar ao homem, e não o contrário. Os estudos ergonômicos que tiveram suas referências revisadas mostram-se com a intenção de visar à realização de mudanças nas condições e no ambiente de trabalho aperfeiçoando e adaptando máquinas e equipamentos utilizados na execução das tarefas, de acordo com as características físicas e condições psicológicas, objetivando propiciar ao trabalhador mais segurança, saúde e conforto e, consequentemente, obter maior eficiência no trabalho executado. 29 Spector (2010) define que o ambiente pode afetar o desempenho no trabalho de diversas formas, tendo assim uma influência positiva ou negativa no resultante da motivação, que irá aumentar ou diminuir os esforços dos funcionários. “Da mesma maneira o ambiente pode ser estruturado para facilitar o desempenho, tornando mais fácil para os indivíduos a realização de suas tarefas, ou diminuindo suas limitações” (SPECTOR, 2010, p. 376). Bom Sucesso (1997), enfatiza que a “adoção de práticas ergonômicas implica, entre outros fatores, na Qualidade de Vida no Trabalho, tornando-se condição essencial para o êxito de uma empresa ou de um empreendimento”. Segundo Spector (2010), além da questão da ergonomia, outras lesões podem ser evitadas e de maneira mais barata. Um projeto apropriado de ferramentas e equipamentos pode fazer muito para reduzir o esforço no corpo que resulta nestas lesões. Uma combinação de ergonomia, projeto do equipamento adequado e as paradas para descanso pode ser útil para reduzir a probabilidade do que os funcionários desenvolvam lesões. 3.3.1 Princípios de economia de movimentos Com o objetivo de organizar melhor o ambiente de trabalho faz-se importante a diminuição de movimentos desnecessários para que o trabalhador consiga executar de forma mais eficiente a sua função, a fim de aumentar a produtividade de forma eficiente e diminuir tensões relacionadas ao trabalho repetitivo. Abaixo seguem quadros mencionados na obra de Martins (2005) com o princípio de economia de movimentos. Princípios para o uso do corpo humano As mãos devem iniciar os movimentos ao mesmo tempo. As mãos não devem permanecer paradas ao mesmo tempo (a não ser em períodos de descanso). Os braços devem ser movimentados simetricamente e em sentidos opostos. O movimento das mãos deve ser o mais simples possível. Deve-se utilizar o impulso. As mãos devem executar movimentos suaves e contínuos. Devem ser utilizados movimentos balísticos, por serem mais precisos. Deve-se manter ritmo do trabalho. Quadro 4: Princípios da economia de movimentos. Fonte: (MARTINS, 2005, p.103). 30 Princípios para o local de trabalho Deve haver um lugar um local predeterminado para todos os materiais, ferramentas, e demais objetos. Os materiais, as ferramentas, e demais objetos devem ser dispostos obedecendo aos aspectos antropométricos do operador. Deve ser utilizada a alimentação de peças por gravidade. Devem ser utilizados alimentadores de peças que possibilitem a retirada fácil da peça pelo operador. Os objetos devem ser posicionados de maneira a permitir uma sequencia adequada de utilização. Deve haver boas condições ambientais (luz, ruído, temperatura, umidade). O assento deve seguir os conceitos ergonômicos. O conjunto mesa-assento deve permitir que o operador possa trabalhar alternadamente sentado e em pé. Quadro 5: Princípios da economia de movimentos. Fonte: (MARTINS, 2005, p.103). Princípios para ferramentas e para os equipamentos Devem ser utilizados gabaritos e suportes para livrar as mãos de segurar objetos. Duas ou mais ferramentas devem ser combinadas. Os objetos devem estar disponíveis para uso. Em trabalhos que utilizam a força dos dedos, a carga de trabalho de cada dedo deve ser distribuída de acordo com a força de cada um deles. Os cabos das ferramentas devem seguir o projeto ergonômico. As alavancas e demais acionadores de máquinas devem seguir um projeto ergonômico. Quadro 6: Princípios da economia de movimentos. Fonte: (MARTINS, 2005, p. 104). 3.3.2 Assentos Conforme Spector (2010, p. 413), As condições físicas do trabalho tendem a ter efeitos físicos diretos nas pessoas. Algumas vezes, esses efeitos, são imediatos, mas frequentemente ocorrem após um longo período de tempo. Quando uma doença ou uma lesão, leva muito tempo para se desenvolver, pode ser difício determinar exatamente o que a provocou. Muitas vezes podem dar passos para evitar ou minimizar a exposição a essas condições por meio de adoção de procedimento de segurança. Além disso, enfermidades e ferimentos podem ter consequência psicológicas, prejudiciais ao bem-estar emocional. A Empresa Comunicação, mais especificamente no Setor Tele-anúncios, possue 25 mesas, acompanhadas de 25 cadeiras que estão inadequadas de acordo com os autores Brandimiller (1997) e Martins (2005) e são demonstradas na figura a seguir: 31 Figura 5: Assento da Empresa Comunicação. Fonte: Foto tirada e elaborada pelo autor 2011. Conforme Brandimiller (1997, p. 61), É recomendável que o tecido de revestimento seja um pouco áspero. Quando alguém com roupa de tecido liso está sentado numa cadeira com revestimento liso (como napa), seu corpo tende a escorregar para frente, obrigando a pessoa a manter os pés bem apoiados no chão e fazer a força nas pernas no sentido contrário. Se a cadeira tiver pés com rodízios e estiver sobre o piso liso, piora ainda mais a situação. Para Martins (2005, p.103), “os assentos devem ter medidas adequadas ao usuário e devem ser observados alguns princípios gerais, com a largura do assento, que deve estar de acordo com a largura torácica da pessoa e o encosto que permita postura de relaxamento”. De acordo com Brandimiller (1997, p. 61), Poder mudar de posição quando se está sentado é importante. Assentos moldados, com relevos adaptados à forma do corpo (formato anatômico), não são aconselhados, pois dificultam a mudança de posição. O mesmo acontece com estofamento muito alto, que se comprimem quando se senta e, com o uso, tendem a deformar-se, ficando afundados no centro. Almofadas pior ainda. 32 Segundo Martins (2005, p. 103), o assento da cadeira deve ser reto, com braços e deve ser ajustável permitindo regulagens à altura da mesa de trabalho e às mudanças de postura com o pé apoiado no chão de maneira normal. A cadeira ainda deve possuir rodízios para facilitar o deslocamento. Conforme Brandimiller (1997, p. 63) pode ser assim descrito: a regulagem da altura do assento, deveria servir apenas para ajustar a altura do assento ao comprimento da perna de quem utiliza, permitindo trabalhar numa posição confortável para membros inferiores, nádegas e coluna. Quanto menor o comprimento da perna, mais baixo o assento. Para Brandimiller, (1997) na prática, quase sempre o tampo da mesa e a base do teclado não possuem mecanismos para regulagem de altura – o que obriga as pessoas a elevar, ou abaixar o assento para acomodar-se a altura da mesa ou da base do teclado de modo que as mãos possam trabalhar sobre a mesa, no teclado e no mouse sem desconforto dos membros superiores. O ajuste agora se faz de forma inversa, quanto mais baixa a pessoa, mais alta precisa ficar o assento. Segundo Brandimiller (1997, p. 64) Para maior parte das pessoas (com altura média, ou mais baixas), torna-se necessário erguer os assento, para poder trabalhar, numa posição confortável para as mãos e para os membros superiores. Com isso as pernas ficam penduradas, sem apoio, sendo necessário o uso de um suporte para os pés. No entanto Brandimiller (1997, p. 61) Convém que todo assento não seja exatamente horizontal, mas ligeiramente inclinado para trás. A Norma Técnica da ABNT recomenda uma inclinação no assento de 0 a 5°. Atenção, porém, pois a inclinação de 5° é muito pequena, quase imperceptível. Essa pequena inclinação favorece o opoio das costas no encosto e também ajuda a evitar o deslizamento do corpo para a frente. Inclinação maior e desaconselhável. 3.3.3 Ambiente de Trabalho Os locais de trabalho devem ser dotados de condições acústicas adequadas a comunicação telefônica, adotando medidas tais como o arranjo físico geral e do posto de trabalho, pisos e paredes isolamento acústico do ruído externo, tamanho, forma, revestimento e distribuição das divisórias entre os postos (Site do MTE). O ambiente de trabalho deve obedecer no mínimo o seguinte parâmetro, conforme o quadro abaixo: 33 Ruído Temperatura Ar Umidade Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira de registro no INMETRO, observando o nível de ruído aceitável para efeito de conforto de até 65 db (A), e a curva de avaliação de ruído (NC), de valor não superior a 60 db; Índice de temperatura efetiva entre 20° e 23°C; Velocidade do ar não superior a 0,75 m/s; Umidade relativa do ar não inferior a 40% (quarenta por cento). Quadro 7: Quadro do ambiente de trabalho. Fonte: Dados retirados do site: www.portalmte.gov.br e elaborados pelo autor 2011 No ambiente de trabalho devem ser implantados projetos adequados de climatização do mesmo que permitam distribuição homogênea das temperaturas e fluxos de ar utilizando, se necessário, controles locais e/ setorizados da temperatura, velocidade e direção dos fluxos(Site do MTE). Abaixo segue foto da Empresa Comunicação, Setor tele-anúncios. Na imagem consta a paredes sem nenhuma janela onde possa haver uma boa circulação de ar a fim de evitar a proliferação de doenças respiratórias: Figura 6: Parede da Empresa Comunicação. Fonte: Foto tirada e elaborada pelo autor 2011. 34 As empresas podem instalar higrômetros ou outros equipamentos que permitam que o trabalhador acompanhar a temperatura efetiva e a umidade do ar do ambiente de trabalho. A chamada “síndrome do edifício doente”, que refere-se a relação entre causa e efeito das condições ambientais observadas em áreas internas, com reduzidas renovação de ar, e os vários níveis de agressão a saúde de seus ocupantes através de fontes poluentes de origem física, química e/ou microbiológica (Site do inmetro). Para prevenção da chamada síndrome do edifício doente devem ser atendidos os seguintes pontos: Ministério Público da Saúde ANVISA NR9 O Regulamento Técnico do Ministério da Saúde sobre “Qualidade do Ar de Interiores em Ambientes Climatizados”, com redação da Portaria MS n.º 3.523, de 28 de agosto de 1998 ou outra que a venha substituir; os Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo, Com redação dada pela Resolução RE n.º 9, de 16 de janeiro de 2003, da ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ou outra que a venha substituir, à exceção dos parâmetros físicos de temperatura e umidade definidos; O disposto no item 9.3.5.1 da Norma Regulamentadora n.º 9 (NR 9). Quadro 8: Quadro de Prevenção a Síndrome do edifício doente Fonte: dados extraídos do site: www.portal.mte.gov.br e elaborado pelo autor 2011. Outros fatores associados a Síndrome do Edifício Doente são a elevação da taxa de absenteísmo (trabalhador que falta o trabalho) e a redução na produtividade e na qualidade de vida do trabalhador, diante da sua exposição a um ambiente inadequado à ocupação. Desta forma, a qualidade do ar de ambientes interiores assumiu importante papel não só nas questões relativas a saúde pública, como, também, no que diz respeito a saúde ocupacional. Abaixo, segue imagem do sistema de climatização de ar na Empresa Comunicação, no setor Tele-anúncios, www.inmetro.gov.br: inadequado segundo os sites www.portal.mte.gov.br e 35 Figura 7: Sistema de climatização da Empresa Comunicação. Fonte: Foto tirada e elaborada pelo autor 2011. Em agosto de 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, órgão regulamentador do sistema de saúde, pública Portaria n° 3.523, estabelecendo para todos os ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo há obrigatoriedade de elaborar e manter um plano de manutenção, operação e controle dos sistemas de condicionamento de ar. (www.inmetro.gov.br). Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada a natureza da atividade. Abaixo segue alguns critérios que devem ser seguidos quanto a iluminação: (www.portal.mte.gov.br). 36 A Distribuição iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. Projeção Nível Medição de Nível A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. A medição dos níveis de iluminamento deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. Quadro 9: Esquema de iluminação. Fonte: Dados retirados do site: www.portal.mte.gov.br e elaborada pelo autor 2011. 3.3.4 Posto de Trabalho em Escritórios Para Martins (2005), um posto de trabalho, em um escritório, corresponde ao local onde se executam as atividades de trabalho, sejam elas administrativas ou operacionais. Ele deve assim, obedecer às mesmas recomendações de um posto de trabalho em uma empresa industrial. Dessa forma, deve-se observar que os assentos sejam giratórios e que tenham apoio para os pés, permitam a regulagem da altura, tenham rodízios e apoios flexíveis para as costas. Os terminais de computador são uma grande fonte de lesões por esforços repetitivos, devendo ter teclado ergonômico ajustável e monitores com tela anti-reflexiva e inclináveis. As impressoras podem ser uma alta fonte de ruído, conforme o tipo necessitando de isolamento acústico. A iluminação também deve ser verificada, obedecendo os critérios da NBR 10152. A temperatura e a umidade deverão estar na faixa 20C a 24C, para a conformidade com as condições de um bom ambiente de trabalho. Segundo Spector (2010, p. 421): Muitos empregos exigem a repetição física de movimentos de várias partes do corpo. Os funcionários que utilizem computadores no trabalho frequentemente passam o dia inteiro digitando. O trabalho em linhas de produção tradicionais exige que o funcionário repita a mesma operação diversas vezes. Tais movimentos repetitivos podem resultar em lesões de esforço repetitivo (LER), em que partes do corpo ficam inflamadas e, às vezes permanentemente danificadas. Foi estimado, nos Estados Unidos, que as lesões causadas pelo esforço repetitivo custaram 20 bilhões de dólares em 1993, pagos em indenizações aos trabalhadores, bem como custos indiretos de 100 bilhões de dólares por ano para os empregados. 37 Outra lesão bem conhecida entre essas é a síndrome do canal carpiano (síndrome da costureira), que é uma lesão do pulso que provoca dor, endurecimento e fraqueza nos dedos e nas mãos. Ela surge como consequência do uso repetido dos dedos e do pulso. Talvez a sua causa mais conhecida seja utilização de teclados de computador, mas outros movimentos repetitivos das mãos também podem causá-la. Em 1995, foi estimado que 3,9 a cada 10.000 pessoas tinham essa lesão. Apesar de os casos leves serem aliviados por meio do repouso, os mais graves podem resultar em danos permanentes. As cirurgias, às vezes, podem reparar a lesão, mas nem sempre. (SPECTOR, 2010, p. 422). Abaixo, segue figura que representa as condições ideais para se obter sucesso com um programa de Qualidade de Vida no Trabalho. Figura 8: Você e sua estação de trabalho Fonte: (MARTINS, 2005, p.106) Segundo Spector (2010), as lesões por esforço repetitivo, podem ser reduzidas com duas estratégias bastante baratas. Primeiro um projeto apropriado de ferramentas e equipamentos pode fazer muito para reduzir o esforço no corpo que resulta nessas lesões. Por exemplo, um apoio para os pulsos pode ajudar a prevenir a (síndrome da costureira) em pessoas que utilizam o teclado do computador. Este apoio constitui numa barra que ajudar a manter os pulsos do digitador retos, de forma que seu esforço seja reduzido. Segundo é permitir que os funcionários tenham frequentes interrupções em seu trabalho, destinados ao 38 descanso. Na Suécia, existem leis que determinam o tempo máximo que o funcionário pode trabalhar com um teclado sem parar e a quantidade máxima de tempo que ele pode digitar por dia. Uma combinação entre o projeto do equipamento adequado e as paradas para descanso pode ser útil para deduzir a probabilidade de que os funcionários desenvolvam lesões por esforço repetitivo. 3.4 ESTRESSE X QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Existem muitas interpretações de qualidade de vida no trabalho, desde o foco clínico da ausência de doenças no âmbito pessoal até as exigências de recursos, objetos e procedimentos de natureza gerencial e estratégia no nível das organizações. Para Samulski, Chagas e Nitsch (1996 apud LIMONGI-FRANCA, 2002, p. 391), o estresse é a “transação que envolve risco, perda ou situação nas quais capacidades a mais devem ser mobilizadas, e quanto maior é o esforço, mais duvidoso se torna o acontecimento”. Une-se em divergência para trabalhadores dois conceitos: exigência e capacidade. Fernandes e Gutierrez (1988) afirmam que uma atitude inteligente por parte da empresa é a de tratar o trabalhador como um ser humano, com necessidades econômicas e, também, de ordem social e psicológica. Os mesmos autores justificam tal tratamento como uma decorrência de contexto sócio-político atual, no qual [...] as empresas precisam conviver com uma classe trabalhadora em evolução, que apresenta novas características, incluindo nível de informação mais elevada, maior consciência social de sua importância, desejos de participação mais elevada nas decisões que o afetam, apoiada por um sindicalismo mais atuante, sem deixar de destacar os efeitos da [...] Constituição em termos de avanços sociais (FERNANDES e GUTIERREZ, 1988, p. 30). Com o equilíbrio atingido, obter-se-á o bem-estar; se for negativo, gerará diferentes graus de incerteza, conflitos e sensação de desamparo por parte do trabalhador. O estresse é, talvez, a melhor medida do estado de bem estar da pessoa, já que a Qualidade de Vida no Trabalho é individualizada por meio de suas diferentes manifestações de estresse. Para Fernandes e Gutierrez (1988, p. 31) 39 As teorias convencionais da motivação, na administração preocupam-se predominantemente com a satisfação das pessoas, sem abordar explicitamente o stress. No entanto a correlação entre stress e trabalho é evidente e se demonstram na realização de atividades que requerem exaustivo esforço físico ou que são alienantes, ou realizadas em ambiente de tensão produzindo efeitos psicológicos negativos, mesmo que a pessoa esteja fisicamente bem. O estresse depende da adaptação, que para Fernandes e Gutierres (1988, p. 32) “envolverá o equilíbrio entre a exigência que a tarefa faz a quem a realiza e a capacidade da pessoa que a realiza, assim, em equilíbrio o indivíduo consegue atingir o bem estar”. Equilíbrio ou desequilíbrio podem ser produzidos não apenas pela tarefa, mas também por uma conjuntura, por exemplo, que em situação de crise econômica e perspectiva de perda do emprego as pessoas permanecem em estado de grande tensão. Uma pessoa que perde emprego pode passar sofrer diversos males, decorrentes da perda pela dificuldade de recolocação. “Tão sérios são esses e outros problemas decorrentes da situação e do ambiente de trabalho, que algumas empresas investem no apoio psicológico a seus executivos” (FERNANDES e GUTIERREZ, 1988. p. 33). Além do enfoque biopsicossocial, segundo Maximiano (2009 p. 63) O conceito de QVT, baseia-se em uma visão ética da condição humana. A ética como base da QVT, procura identificar, eliminar ou, pelo menos, minimizar todos os tipos de riscos ocupacionais. Isso envolve desde a segurança do ambiente físico até o controle do esforço físico e mental requerido para cada atividade, bem como a forma de gerenciar, situações de crise que comprometam a capacidade de manter salários e empregos. Para Maximiano (2009, p. 63), a figura abaixo exemplifica todos os fatores em que a QVT está inserida: FATORES DE MOTIVAÇÃO (conteúdo do cargo) FATORES DE SATISFAÇÃO (Ambiente de trabalho) QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (enfoque biopsicossocial) 40 Figura 9: O conceito de QVT abrange o bem estar físico, psicológico e social Fonte: (MAXIMIANO, 2009, p. 63) Assim, percebe-se que a Qualidade de Vida no Trabalho irá refletir “diretamente na vida social e no relacionamento familiar do trabalhador que pode ser severamente afetado” (SILVA, 2002, p. 270). Desta maneira, toda a qualidade dos serviços prestados também irá ser afetada se tiver havido más condições do trabalho, provocando assim, estresse, cansaço e fadiga já que o ambiente de trabalho apresenta-se de forma inadequada. Três hipóteses foram propostas sobre como a satisfação na vida e no trabalho influenciam-se mutualmente. A hipótese da contaminação sugere que a satisfação (insatisfação) em uma área afeta ou contamina a outra. Dessa forma, problemas e insatisfação em casa podem afetar a satisfação no trabalho, e vice-versa. A hipótese de compensação afirma que a insatisfação em uma área da vida será compensada em outra. Uma pessoa com um trabalho insatisfatório buscará satisfação em outros aspectos da vida. Uma pessoa com a vida pessoal insatisfatório poderá buscar satisfação no trabalho. A hipótese da segmentação declara que as pessoas dividem suas vidas e que a satisfação em uma área não tem relação com a satisfação da outra. (SPECTOR, 2010). Com a finalidade de reduzir o estresse dos trabalhadores, devem ser minimizados os conflitos e ambiguidade dos papéis nas tarefas a executar, estabelecendo-se claramente as diretrizes enquanto as ordens e instruções de diversos níveis hierárquicos, autonomia para resolução de problemas autorização para transferências de chamadas e consultas necessárias a trabalhadores e supervisores (Site do MTE). Conforme Spector (2010, p. 347) “uma série de psicólogos organizacionais tem se preocupado com a possibilidade de a insatisfação estar relacionada com saúde e o bem estar do funcionário”, pois é possível verificar afirmações no sentido de que a satisfação no trabalho pode ser um fator causador das doenças sérias e até a morte. Para Spector (2010, p. 347) Alguns estudos correlacionados demonstram que a satisfação no trabalho tem relação com variáveis da saúde. Estudos descobriram que funcionários insatisfeitos relataram mais sintomas físicos, como problemas para dormir e dores estomacais, do que seus companheiros satisfeitos. Descobriu-se também a correlação entre insatisfação e emoções negativas no trabalho, como a ansiedade e depressão. Esses estados emocionais negativos podem ser considerados indicadores da condição do bem-estar no trabalho. Evidências relacionando satisfação no trabalho com problemas de saúde mais sérios, como problemas de coração, são mais difíceis de produzir. 41 3.5 FRUSTRAÇÃO Ocorre quando as necessidades das pessoas dentro da organização não são atendidas. Diante disso, diversos tipos de comportamento no ambiente de trabalho são produzidos pela frustração. São eles, segundo Maximiano (2009): FUGA OU COMPENSAÇÃO RESIGNAÇÃO AGRESSÃO Busca pela atividade ou recompensa alternativa. Conformidade, apatia. Ira e hostilidade e ataque verbal ou físico. Quadro 10: Conseqüências da frustração Fonte: (MAXIMIANO, 2009, p. 236) Maximiano (2009) afirma que quando o indivíduo não consegue satisfazer a uma necessidade pode vir a tornar-se frustrado e ansioso, assim, como consequência dessa frustração, pode ser que ela adote um comportamento de fuga ou compensação. Comportamentos desse tipo são: a procura de outro emprego ou profissão, quando não há possibilidade de progresso no emprego atual, ou a filiação a uma associação profissional ou sindicato, para defesa de interesses não atendidos pelo empregador. Para Maximiano (2009) a resignação ocorre quando um grupo ou pessoa se deixa abater pela frustração e se entrega e um estado de desanimo ou fatalidade. Quando todas as saídas parecem fechadas, a pessoa parece se render. Numa situação de trabalho, a resignação manifesta-se por meio da apatia, da depressão e do desinteresse pela organização e seus objetivos. De acordo com Maximiano (2009, p. 237) a agressão é definida como “uma forma de ataque físico ou verbal, associado a um sentimento de ira e hostilidade. Quando não é possível descarregar a agressão contra o objeto ou pessoa que a provocou, a pessoa frustrada pode adotar um comportamento de substituição ou deslocamento. Diante disso, sugere-se que a aplicação de um programa de QVT adequado às necessidades dos trabalhadores inibiria o aparecimento desses sintomas auxiliando no aumento do bem estar dentro da empresa, no convívio com o grupo e com o espaço físico da mesma, possibilitando assim, uma melhora considerável na produtividade profissional. 42 3.6 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E A PRODUTIVIDADE Produtividade é um conceito que vai muito além de boa produção ou de eficiência no trabalho. Para (LIMONGI-FRANÇA, 2002, p. 301), esse conceito “encontra raízes no dinamismo humano por ter uma conexão indispensável com a melhoria da natureza e a qualidade de vida de cada indivíduo no trabalho”. Para Limongi-França (2002), seres humanos tem sua produtividade significando motivação, dignidade, participação no desempenho do trabalho na organização o que produz nele a sensação de tornar-se produtivo em todos os sentidos. Durante muito tempo, ao falar-se em qualidade nas organizações, enfatizava-se principalmente a produção. Hoje, fala-se não apenas em qualidade no trabalho, mas também em qualidade de vida dos empregados. Para que os empregados sejam produtivos, precisam estar felizes, devem sentir que o trabalho que executam é adequado a suas habilidades e que são tratados como seres humanos, não como máquinas que executam exercícios repetitivos. Os trabalhadores consequentemente passam a querer trabalhar em lugares mais agradáveis. Assim, para Limongi-França (2002), as empresas são desafiadas a investir no ambiente, tanto para atrair talentos quanto para melhorar a produtividade do trabalho, bem como desafiadas a implantar programas de qualidade de vida no trabalho que envolva também as dimensões relacionadas ao estilo gerencial, à liberdade e autonomia para tomada de decisões e o oferecimento de tarefas significativas. Diante das mais variadas técnicas, a maioria delas tem seus esforços voltados para a melhora da qualidade de vida no trabalho buscando a criação de cargos mais produtivos e satisfatórios. Acerca desse fato, os autores (QUIRINO; XAVIER, 1987, p. 72) fazem uma reflexão que deve ser considerada, para eles: [...] a qualidade de vida no trabalho refere-se à satisfação das necessidades da pessoa. Ela afeta atitudes pessoais e comportamentos, tais como criatividade, vontade de inovar ou aceitar mudanças, capacidade de adaptar-se a mudanças no ambiente de trabalho e o grau de motivação interna para o trabalho, que são fatores importantes para a produtividade do indivíduo. Entretanto [...] a qualidade de vida no trabalho não é o único nem o mais importante determinante da produtividade do indivíduo. Assim, pensa-se que proporcionando adequados programas de QVT o resultado gerará aos trabalhadores um elevando nível de satisfação com a empresa que, consequentemente, fará aumentar seu nível de criatividade e produtividade. 43 Exemplo disso é a Empresa Volvo, segundo o Guia Você s/a | Exame (2011), que neste ano alcançou a posição mais cobiçada deste anuário, e se destacou também como a melhor empresa do setor automotivo da região sul. O motivo é que a Volvo é uma empresa com práticas consistentes para tudo o que se refere à gestão de pessoas, e sabe reconhecer de forma justa sua força de trabalho. Seus funcionários tem o prazer em dizer que recebem a maior participação nos lucros e resultados do país. Em 2010 – todos sem exceção – receberam piso de 9.000 reais, com a distribuição de 31 milhões de reais. Em 2011 a Volvo deve distribuir mais de 60 milhões de reais, o que garante que nenhum de seus funcionários irá ganhar menos de 15.000 reais. Dinheiro, porém é só uma parte boa do que faz a empresa especial (e muito atraente). A Volvo é subsidiária brasileira e conta com um índice de engajamento de 88% ante a média de 80% da companhia no mundo. Tal comprometimento se reflete, por exemplo, na satisfação que o nível operacional demonstra com seus gestores. “Não temos do que reclamar. Se tivermos, indicamos os aspectos que necessitam de melhoria na avaliação de desempenho anual, e as mudanças acontecem” diz um funcionário. “É uma avaliação profissional, não aquele festival de assédio moral que a gente vê por ai”. Guia Você s/a | Exame (2011 p. 70). 3.7 ASPECTOS PRÁTICOS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NAS EMPRESAS Sobre indicadores empresariais de qualidade de vida no trabalho – esforço empresarial e satisfação dos empregados no ambiente de manufatura com certificação ISO 9000 (LIMONGI-FRANÇA 1996, p 303). Seguem algumas das principais conclusões da pesquisa de campo realizada por Limongi-França (1996, p. 303), para que também possam ser verificadas na empresa se há a possibilidade de se aplicar o programa da QVT. O gerenciamento do estresse é percebido como um nível de tensão moderado, mais acentuado no nível das gerências, que não é administrado adequadamente pelas empresas; ao mesmo tempo, todos os segmentos consideram muito importantes terem programas de qualidade de vida para a obtenção de resultados empresariais. A maioria das empresas não possui diretoria de gestão de qualidade de vida. Quando há uma diretoria responsável, ela está ligada a recursos humanos e qualidade. A maioria das empresas tem funcionários especialmente envolvidos com atividades de QVT, em geral equipes formadas de uma a cinco pessoas. Algumas empresas menores 44 relataram ter equipes com mais de dez funcionários, o que indica boa mobilização organizacional para ações e programas de QVT. Não há propostas de novos programas de QVT para os próximos doze meses na maioria das empresas. Nas que responderam positivamente, a ênfase é em procedimentos de implantação e consideração dos empregados como foco de ação de QVT. Apenas uma pequena minoria (20%) das empresas calcula o investimento em QVT sobre o faturamento anual. As porcentagens vão de 0,1% a 1,5% da folha de pagamento mensal. Só um terço das empresas possui atividades formais denominadas de QVT; entre elas, as mais citadas são as campanhas e palestras. Melhoras no posto de trabalho e mudanças administrativas também são citadas, embora com menos incidência. Os programas e as ações de QVT tem valor para a política de negócios da empresa. As respostas positivas foram maiores com relação a todas as outras questões. Os motivos apontados associam-se à empresa como um todo, à imagem institucional, ao envolvimento dos empregados e à auditoria de clientes externos. Para Oliveira (2005, p. 8) Os programas de Qualidade de Vida no Trabalho estão sendo estudados no âmbito da gestão de pessoas, contudo, deve-se estar atento à que nem sempre as ações de QVT serão desenvolvidas somente por este departamento, pois todas as ações que a empresa e os trabalhadores desenvolverem buscando integração biopsicossocial e controle dos fatores de risco ocupacional estará ligado à gestão da Qualidade de Vida no Trabalho. Assim, Oliveira (2005, p. 8), ainda ressalta que o foco de análise deve ser as ações de QVT desenvolvidas tendo como alvo e objetivo a gestão de pessoas abrangendo Atividades associativas e esportivas; eventos de turismo e cultura; atendimento a família; processos de seleção e avaliação de desempenho; carreira, remuneração e programas participativos, que exercem sem dúvida influencia sobre a qualidade de vida dos funcionários; medidas ergonômicas e de cuidados com a alimentação. Diante dos dados apresentados por Oliveira (2005, p. 9) é possível utilizar meios atuais para consubstanciar, na atualidade, como deverão ser produzidas medidas e ações de QVT por meio do instrumento Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) que visa estabelecer critérios para avaliar o nível de Qualidade de Vida no Trabalho disponibilizado pelas empresas. 45 3.8 DADOS ATUAIS PARA A OBTENÇÃO DO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE O Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) foi criado em 1991, pela Fundação para Prêmio Nacional da Qualidade. Desde sua criação muitos ciclos de premiação já ocorreram e já foram entregues muitos relatórios de avaliação para todas as organizações candidatas. Oliveira (2005) cita em seu artigo que grandes organizações vem utilizando muito os critérios de excelência do PNQ. Para se auto-avaliar a partir dos resultados obtidos e inclusive gerando premiações internas visando assim, incentivar melhorias em seus processos organizacionais. Os critérios de excelência no PNQ nasceram dentro de empresas bem sucedidas que procuravam cada vez mais atingir melhorias continuas dentro de sua estrutura, e isso, começou a acontecer no final dos anos 80. E, “à medida que novos valores de gestão de organizações excelentes são desenvolvidos e identificados, os fundamentos da excelência passam por atualizações” (OLIVEIRA, 2005, p. 14). Esses critérios são divididos em sete grandes grupos, que segundo Oliveira (2005), formam na verdade um sistema, obtendo como resultado a excelência da empresa, caso sejam todos observados. Assim, o quadro que segue, apresenta um esquema que consta os critérios de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade: Figura 10: Critérios de excelência. Fonte: Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (2002, apud OLIVEIRA, 2005) Dentro do critério de excelência, o item “pessoas” também analisa o desempenho no sistema de trabalho como capacitação, desenvolvimento e qualidade de vida. Segundo Oliveira (2005, p. 14), nesse critério “são analisadas as condições de trabalho e a utilização do 46 potencial das pessoas que compõem a execução do trabalho e um clima organizacional que conduzam a excelência do desempenho e a participação dos trabalhadores para o crescimento organizado da organização”. As principais questões que são analisadas no Prêmio Qualidade de Vida são: Avaliação pela PNQ em relação à Qualidade de Vida no Trabalho Como são identificados e tratados os fatores que afetam o bem estar, a satisfação e a motivação da força de trabalho? Como o clima organizacional é mantido propício ao bem estar, à satisfação e à motivação das pessoas? Como é verificado se os padrões de trabalho das práticas de gestão relatadas estão sendo cumpridos e como as ações decorrentes são implementadas? Como é feita a avaliação das práticas de gestão e padrões de trabalho deste item? Como as principais inovações ou melhorias decorrentes da avaliação das práticas de gestão e dos respectivos padrões de trabalho são implementadas? Quadro 11: Critérios para excelência. Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Sendo assim, é essencial ter a percepção que a relação existente entre os programas de desenvolvimento e treinamento e a Qualidade de Vida no Trabalho são muito importantes, pois da mesma forma em que vai se aperfeiçoando o desenvolvimento pessoal também se contribuindo de maneira direta à Qualidade de Vida no Trabalho dos trabalhadores. 47 4 METODOLOGIA DE PESQUISA A proposta metodológica para o estudo visa enfatizar a realidade da qualidade de vida no trabalho que a Administração vem desempenhando e associá-la ao Grupo Comunicação Setor Tele-anúncio Para tal, busca-se com o estudo de caso, confirmar princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis, chegando a conclusões lógicas apresentadas pela revisão bibliográfica. Também se apresenta a necessidade de descrever por meio da pesquisa descritiva Gil (1999) a instituição em estudo, para que sejam identificados seus objetivos, missão, visão, valores, características e histórico, bem como descrever a trama vincular dos relacionamentos interpessoais, e como os mesmos afetam nas tarefas a serem desenvolvidas para que produtividade se torne aliada ao bem-estar dos trabalhadores. O emprego da pesquisa bibliográfica é fundamental para a consolidação teórica acerca do tema. A técnica proposta legitima e subsidia o trabalho acadêmico a elencar estudo e práticas das teorias revisadas. Para a coleta de dados, propõe-se a uso da entrevista estruturada auxiliada pela observação sistemática dos dados obtidos possibilitando assim uma análise dos mesmos. O emprego possibilitará identificar as relações interpessoais entre trabalhadores e administrador para confrontá-los com os encontrados na literatura visando à verificação da atuação do administrador ao aplicar esse programa na empresa. O tratamento dado aos dados requer uma análise por meio da abordagem qualitativa visando à descrição do ambiente, bem como as teorias utilizadas para auxiliar a práxis da profissional e as inter-relações do contexto do Grupo Comunicação - Setor Tele-anúncio. 4.1 TIPOS DE PESQUISA Quanto à natureza da pesquisa foi utilizada a pesquisa aplicada, que segundo Cervo e Bervian (2002 p. 65) consiste em uma pesquisa onde “o investigador é movido pela necessidade de contribuir para fins práticos mais ou menos imediatos buscando soluções para problemas concretos, isto é, a presente pesquisa propõe verificar e possivelmente aplicar o assunto pesquisado, pois propõe ações de QVT para a empresa visando a melhoria do setor. 48 Conforme define Gil (2009, p. 28) as pesquisas descritivas “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Como procedimento técnico de pesquisa, utilizou-se pesquisa bibliográfica e pesquisa de levantamento de dados. Como procedimento também se utilizou a realização de pesquisa em bibliotecas, acervos virtuais, artigos e caracterização da empresa. Contudo utilizou-se concomitante a este tipo de pesquisa o levantamento que, segundo Gil (2002, p. 50) “as pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer”. Tendo o problema já evidenciado o trabalho apresenta uma abordagem qualitativa exigindo aprofundamento na revisão de literatura acerca da problemática que o tema apresenta. Para Raupp (2006) estudos classificados como qualitativos são capazes de descrever a complexidade de determinado problema, ponderar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais. Será utilizado o método dedutivo, pois o mesmo parte do geral para o específico, para Cervo e Bervian (2005, p. 36) “no raciocínio dedutivo a conclusão ou consequência está contida nas premissas ou antecedente, como a parte no todo”. A observação participante e/ou estruturada também poderá ser utilizada com a finalidade de perceber ainda mais claramente as necessidades apresentadas pelo Grupo Comunicação - Setor Tele-anúncio, tornando ainda mais fidedigna à aplicação de tal programa. Foi Realizada a coleta de dados por meio de entrevistas estruturadas dirigidas à população pesquisada. A opção pela realização da entrevista estruturada com a população deve-se ao fato de esta possuir certo grau de flexibilidade, como bem citam Selltiz, Wrightsman e Cook (1974), permitindo que novos critérios de QVT sejam atribuídos ao presente estudo, caso surjam no decorrer das entrevistas. Logo, pretende-se apreciar dos entrevistados opiniões e entendimentos acerca da QVT percebida por estes. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 30% dos trabalhadores do Grupo Comunicação - Setor Telê-anúncio, que atualmente conta com um quadro de aproximadamente vinte e cinco trabalhadores, diz-se aproximadamente, pois a empresa conta com a variável rotatividade nesse setor. 49 Logo, de acordo com Vergara (2005, p. 50) “[...] um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objetos de estudo” e para tanto se percebe a necessidade de ouvir a amostra considerada significativa, podendo assim delinear o programa com maior aplicabilidade. 4.2 COLETA DE DADOS Os dados obtidos por meio da entrevista aplicada à amostra em 2011 receberam tratamento qualitativo. Para tal coleta foi utilizada uma técnica de interrogação denominada entrevista, que segundo Gil (2002, p.114-115) “pode ser entendida como a técnica que envolve duas pessoas numa situação „face a face‟ e em que uma delas formula questões e a outra responde”. Foi feito a pesquisa documental, por meio de conversa com os gestores do setor da empresa a análise desse setor, observação e descrição do organograma da empresa e fluxograma dos processos informados pela empresa sobre as ações de melhoria no setor. 4.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Através do que a empresa apresentava como práticas que visam promover uma melhor Qualidade de Vida aos seus trabalhadores, constatou-se a necessidade de utilizações de novas ações que façam com que o Setor Tele – anúncios exerça suas atividades com qualidade e acima de tudo trabalhando com mais vontade e maior comprometimento. Com isso, a proposta de um Programa de Qualidade de Vida no Trabalho mais estruturado, é descrito e analisado a partir dos dados levantados através da aplicação das entrevistas com uma amostra de 8 trabalhadores do setor da empresa, objetivando verificar quais são as necessidades de QVT pertinentes para a melhoria do desempenho profissional, com a possibilidade de colaborar para a criação de um programa de QVT para a Empresa. Para coleta de dados foi criado um roteiro de entrevista estruturada com questões abertas e consideradas pertinentes ao tema QVT, visando a percepção que os trabalhadores tem sobre o mesmo e o que acreditam que poderia ser feito para o programa a ser aplicado ao setor. 50 Nessa etapa serão descritos os dados levantados através da aplicação das entrevistas com uma amostra de 8 trabalhadores do setor, objeto de pesquisa, de uma empresa prestadora de serviços de mídia e comunicação, objetivando verificar quais são as necessidades de QVT pertinentes para o momento, colaborando com possíveis ações de melhoria para o setor. Inicialmente foi perguntado o que os trabalhadores percebiam e entendiam como QVT (Qualidade de Vida no Trabalho), dessa amostra foram verificadas dezessete tipos das seguintes respostas (conforme gráfico abaixo): ambiente e instalações adequadas (ventilação, ruído, espaço, mesas, cadeiras, instrumentos de trabalho, suporte necessário e etc) obtiveram o maior índice de respostas totalizando 69%, diante dessas respostas, percebeu-se que mais da metade da amostra pesquisada tem percepção coerente ao que é apresentado como qualidade de vida no trabalho. Além dessa resposta, outras variáveis foram consideradas: educação dos trabalhadores (13%), jornada de trabalho coerente com a função exercida (6%), programas de bem estar para os profissionais (6%), satisfação pela tarefa executada (6%), salário compatível (6%), totalizando 31% das respostas obtidas. Entendimento sobre QVT 6% 6% 6% Ambiente e instalações adequadas educação dos colaboradores programas de bem estar 13% satisfação na função 69% salário compatível Gráfico 1: Conhecimento adequado do trabalhador sobre QVT Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Na pergunta seguinte foi solicitada a descrição breve das instalações físicas do setor pesquisado. As respostas obtidas foram em número decrescente de opiniões: muito ruído no ambiente do setor, pouca ventilação, pois não há janelas, cadeiras e mesas quebradas e péssima iluminação. Conclui-se que a estrutura física do setor não apresenta pontos positivos 51 na visão de seus trabalhadores o que é confirmado na observação do pesquisador quando argumenta que gestores não tem como prioridade a existência de um programa de qualidade de vida no trabalho. Quando perguntados se o grupo proporciona ginástica laboral e se sabiam a frequência da mesma, 88% responderam que há um programa de ginástica laboral nesse setor, porém desses, 57%, informaram que desconhecem a frequência do programa e 43% alegam que uma vez na semana fazem ginástica laboral; 12% desconhecem qualquer atividade de ginástica laboral no setor; percebe-se então total incoerência nos dados, justificado pela falta de informação que não chega aos trabalhadores. Ginástica laboral 88% 43% fazem ginástica 57% desconhecem a frequência Existe ginástica laboral Desconhecem a existencia da ginástica laboral 12% Gráfico 2: Conhecimento e frequência de realização de ginástica laboral no setor Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Quando foi questionado de que forma os ruído interferem no desempenho de sua função, foram pontuadas quatro situações que mais causam interferência, com onze tipos de respostas: dificuldade na concentração obteve a maior ênfase, totalizando 46%, dificuldade em ouvir o cliente ao telefone 36%, irritação 9%, cansaço mental 9%. Dados que mais uma vez confirmam a inadequação estrutural do setor. 52 De que forma os ruídos interferem no desempenho da função 9% 9% Dificuldade de concentração Dificuldade em ouvir o cliente Irritação 36% 46% Cansaço mental Gráfico 3: De que forma os ruídos interferem no desempenho da função. Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Ao perguntar se o trabalhador sabia da existência de algum programa de QVT no grupo, 88% informaram desconhecer qualquer programa de QVT e apenas 12% conhece como ginástica laboral um programa de QVT. Se o trabalhador conhece ou não a existência de programas de QVT no grupo 88% Desconhecem algum programa de QVT no grupo 12% Conhecem um programa de QVT Gráfico 4: O trabalhador conhece ou não a existência de programas de QVT no grupo? Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Na entrevista 1, foi relevante o relato do trabalhador “acredito que não existe, pois não existe espaço para o trabalhador ficar descansando que é uma coisa tão simples de proporcionar”. 53 De acordo com o Guia Você s/a | Exame (2011) as ações de Qualidade de Vida no Trabalho, são tratadas com a mesma seriedade que outras práticas de gestão. As mães já contam com licença-maternidade de seis meses e a elas é dada possibilidade de trabalhar meio período em casa até a criança completar 1 ano. A empresa ainda combate o tabagismo com tratamento e acompanhamento individual do trabalhador e submete seus executivos a um check-up anual completo, além de patrocinar grupos de corrida. Essa é a vida da Volvo-muito bem estruturada. Para todas as demandas, há uma ferramenta, um programa ou um plano a ser oferecido. Foi verificado na entrevista o tempo de trabalho na empresa: o funcionário entrevistado mais antigo tem sete anos de trabalho e o mais novo possui 6 meses, dessa amostra todos os trabalhadores informaram fazer intervalos para descanso, porém não associam esse intervalo a nenhuma atividade relacionada a QVT. Quando perguntados sobre afastamento do trabalho por problemas de saúde laboral 88% nunca se afastou, desses 57% conhecem colegas do mesmo setor que se afastaram por problemas de saúde e apenas 12% da amostra se afastou por problemas de saúde laboral. A partir desses dados pode-se entender o porquê de os gestores não darem tanta ênfase na aplicação de um programa de QVT para o setor. Afastamentos por saúde laboral 88% Nunca se afastou 57% teve um colega afastado do mesmo setor Já se afastou 12% Gráfico 5: Afastamentos por saúde laboral. Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Teve grande importância a entrevista 7, “eu não me afastei, mas conheço quem se afastou.” As condições físicas do trabalho tendem a ter efeitos físicos diretos nas pessoas. 54 Algumas vezes esses efeitos são imediatos, mas frequentemente ocorrem após um longo período de tempo. Quando uma doença ou uma lesão fica muito tempo para se desenvolver, pode ser difícil determinar exatamente o que provocou. Muitas vezes se podem dar passos para evitar ou minimizar a exposição a essas condições por meio da adoção de procedimentos de segurança. Além disso, enfermidades e ferimentos podem ter consequências psicológicas prejudiciais ao bem-estar emocional. Doenças graves e lesões estão quase sempre associadas com algum tipo de angústia e trauma psicológico, principalmente quando a pessoa ficou incapacitada (SPECTOR, 2010). Segundo o Guia Você s/a | Exame (2011) na empresa Caterpillar os cuidados com a saúde já são um clássico. A prevenção é feita pelo programa Viva Bem, que faz exames regulares de acompanhamento, de diabetes doenças cardiovasculares, do pulmão, hipertensão, obesidade, laboral entre outras. O tratamento é realizado na Vila da Saúde, centro mantido pela empresa, que distribui medicamentos gratuitamente, oferecendo atendimento especializado pelo call center e agenda consultas e exames. Ao perguntar se o trabalhador considerava o trabalho exercido estressante, monótono e repetitivo, 75% responderam sim e 25% responderam não, logo, faz-se a análise da necessidade de algo além, alguma atividade extra que atenuassem os sintomas produzidos pelo trabalho. O trabalhador considera seu trabalho estressante, monótono e repetitivo? 75% Sim Não 25% Gráfico 6: O trabalhador considera seu trabalho estressante, monótono e repetitivo? Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 55 Na entrevista 7 foi relevante o relato do trabalhador que afirma: “considero meu trabalho, estressante, monótono e repetitivo, principalmente porque todos os meses temos uma meta e o objetivo é atingi-las, mas nem sempre é possível.” Segundo o Guia Você s/a | Exame (2011), quem faz parte das melhores empresas para ser trabalhar, não corre o risco de se acomodar. As três exigências de seus trabalhadores são o aprimoramento constante – mas oferecem as ferramentas e os incentivos necessários, incluindo programas de bolsas de estudo e grande variedade de treinamentos técnicos. Na Whirlpool, que criou recentemente a sua escola de líderes, os investimentos em desenvolvimento de lideranças cresceram 50% no ano passado e chegaram a 4 milhões de reais. Isso é preocupante, pois segundo Guia Você s/a | Exame (2011), a questão da satisfação no trabalho tem entrado também no radar da empresas, especialmente entre aquelas de grande porte. Isso porque o conceito de “ser feliz” está se tornando uma ferramenta de retenção e até um instrumento de marketing. Na prática, buscar a felicidade a partir da atividade que realiza significa que o candidato deve se informar exatamente sobre qual é a dinâmica, o perfil e a cultura da empresa para sentir se ele tem empatia com aquela organização e com o que ele espera dela. Foi questionado também o nível de satisfação com a função exercida pelos trabalhadores, 63% da amostra disseram que sim, se sentem satisfeitos com a sua função; 37% alegaram não estarem satisfeitos com suas funções. Nível de satisfação com a função executada Satisfeitos 63% 37% Insatisfeitos Gráfico 7: Nível de satisfação com a função executada. Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 56 Na entrevista 3 o trabalhador respondeu da seguinte forma: ”Sim, me sinto satisfeito mas ainda posso melhorar muito meu rendimento”. Para o Guia Você s/a | Exame (2011) nada pior que um trabalhador ter a sensação que está trabalhando duro sem ser reconhecido por seus superiores. As três empresas veteranas no Guia se preocupam em valorizar a performance acima da média. Todos contam com o sistema já consolidados de avaliação de desempenho de 360 graus, em que líderes, liderados e pares se avaliam mutuamente. Os funcionários demonstram maturidade para dar e receber feedback e os resultados das avaliações não se encerram em si próprias: estão interligados a uma série de outros processos dentro da companhia, como a remuneração variável da equipe e a identificação de talentos com potencial de crescimento. Como última pergunta da entrevista foram solicitadas ideias para auxiliar no aumento da motivação dos trabalhadores, dentre elas salário mais compatível com a função apareceu como a mais votada teve 63% de escolha; metas mais atingíveis 9% e incentivo e valorização do trabalhador 28% das propostas. Ideias para auxiliar no aumento da motivação dos trabalhadores Salários compatíveis 63% 28% Valorização e incentivo ao colaborador 9% Metas mais atingíveis Gráfico 8: Ideias para auxiliar no aumento da motivação dos trabalhadores Fonte: Elaborados pelo autor, 2011 Durante a entrevista 4 foi relevante a fala: “motivação é intrínseca. É questão de opção, ou você tem ou não tem. Acredito que a empresa deve incentivar os seus profissionais a buscar a excelência nas suas atividades. O importante é dar suporte e nunca deixar de incentivar os profissionais que aqui estão. Valorizá-los.” Segundo o Guia Você s/a | Exame (2011) “talento a gente faz em casa” e apostam nos programas de estágios e trainees como a grande porta de entrada para futuros líderes. Têm 57 programas bem desenhados de seleção, treinamento e retenção de jovens com potencial e dão prioridade ao recrutamento interno quando há vagas em aberto. Na Whirlpool, o resultado dessa política é que dois terços dos executivos atuais “são prata da casa”. Na Dow, 123 extrainees já assumiram cargos de maior responsabilidade. Na Promon, o Programa de desenvolvimento de novos líderes prevê que cada jovem talento identificado seja tutorado por um diretor, devidamente orientado por consultores especialistas em carreira. 58 5 RESULTADOS DA PESQUISA Neste capítulo serão apresentados, primeiramente, os problemas encontrados na empresa objeto de estudo relacionados às percepções sobre QVT de seus trabalhadores, bem como possíveis estratégias e ações de melhora a cerca dos problemas levantados também nas entrevistas. Para tanto, segue a apresentação dos problemas encontrados. 5.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Como já foi mencionado, o setor foco da presente pesquisa não apresenta nenhum programa de QVT aplicado atualmente, a ser demonstrado nos dados obtidos pelas entrevistas. Nesse sentido, segue uma abordagem mais detalhada da mencionada área, assim como o problema encontrado nesse setor da empresa pela ausência de um programa apropriado de QVT. Atualmente o setor conta com 25 trabalhadores que se distribuem em diferentes turnos, porém desempenhando a mesma função, consultoria de negócios, onde é analisada a melhor forma de obter divulgação para cada cliente em potencial, assim, busca-se fidelização no serviço prestado a população. Percebe-se, a partir dessa necessidade de fidelização, que para terem clientes satisfeitos com a divulgação de seus produtos, faz-se necessário também à satisfação interna dos trabalhadores que estão alocados no setor. Cabe destacar que a empresa é uma prestadora de serviços de mídia e comunicação visual de grande porte que atende a todos os tipos de clientes potenciais, isto é, toda a população tem acesso a esse serviço de divulgação de seus produtos, bem como a visualização dos mesmos nos meios de comunicação. Considerando esse foco da empresa, percebe-se que mesmo diante de sua modernidade em veicular mídia, o pensamento em relação a programas de QVT são entendidos como não prioridade pelos gestores da empresa, ou seja, momentaneamente o ambiente físico e as estruturas do setor permanecem inalteradas desde a mudança para o prédio de funcionamento atual (aproximadamente 15 anos). 59 Levando em consideração o fato de que o setor da empresa permanece inalterado à melhorias físicas, considera-se a visão dos gestores não totalizadora nos processos que se inter-relacionam para contribuir na produtividade e eficiência dos serviços produzidos pelo tele-anúncios, pois boa parte dos lucros obtidos pela empresa partem desse setor, média de 25% da receita do grupo anualmente. Percebe-se também a falta de interesse na aplicação de um programa de QVT, possivelmente pelos custos agregados ao programa, bem como a falta de setores mais assíduos em relação a implantação de novos programas a beneficiarem esse setor da empresa Ressalta-se que o grupo pesquisado, como já descrito, é o maior em se tratar de mídia e comunicação nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, logo, é possível refletir que sendo o „melhor‟ todos desejarão fazer parte do mesmo e para isso poucos atrativos serão suficientes para manter seus trabalhadores. Possivelmente essa seria uma boa justificativa para a elevada rotatividade do setor. 5.2 AÇÕES DE MELHORIA As ações de QVT bem sucedidas, como já visto, proporcionam melhor rendimento do trabalhador na realização da sua tarefa, satisfação ao trabalhar, consciência da importância do seu papel no grupo sentindo-se parte indispensável dentro dos processos ao atingir resultados com eficiência. Nesse sentido, após uma abordagem e análise do problema atual da empresa objeto de estudo, fica pertinente propor algumas ações de QVT para o grupo, objetivando melhorar o seu espaço físico perante os atuais. Segue, para tanto, no quadro 12 as proposta de ações de QVT, que foram percebidas e sugeridas nos questionários aplicados, para o setor e posteriormente para o grupo como um todo: 60 Ações de melhoria Iluminação Valorização de desempenho Mesas Cadeiras Espaço físico Estratégias Acústica Ventilação Autonomia Descrição Substituição das lâmpadas amarelas Favorecer práticas de autonomia Mesas com regulagem Manutenção Sala com tamanhos adequados Que auxiliarão na programação Não há isolamento de som Não existem janelas Tendência a eliminar o papel autoritário da hierarquia Quadro 12: Proposta de ações de melhoria para o setor. Fonte: Dados coletados e elaborados pelo autor, 2011 Após a observação do quadro geral com as propostas de ações de QVT para o setor do grupo, torna-se necessário descrever como se daria cada uma dessas modificações a serem executadas. 5.2.1 Iluminação O setor possui um problema com iluminação, possuindo lâmpadas brancas e amarelas simultaneamente, sugere-se a troca das amarelas a fim de homogeneizar o ambiente, facilitando assim a execução das tarefas dos trabalhadores que passam a maior parte do turno de trabalho em frente a computadores. Deve-se levar em consideração que os custos apresentados para essa modificação serão pequenos se comparados aos benefícios que uma boa iluminação irá suscitar aos trabalhadores. 5.2.2 Valorização do desempenho Todo novo trabalhador, ao ser contratado, recebe da empresa treinamento específico e que irá qualificar o trabalho a ser executado. Partindo desse princípio, conclui-se que se recebe treinamento adequado, adquire a capacidade de executar com autonomia sua função e deveria ser reconhecido pelo bom trabalho executado. Segundo Guia Você s/a | Exame (2011), além do treinamento é preciso contar com sistemas de avaliação de desempenho como o de 360 graus, em que líderes, liderados e pares avaliam mutuamente. 61 5.2.3 Mesas e assentos Os móveis do setor apresentaram-se danificados e sem nenhum tipo de manutenção, não há dados que demonstrem que algum dia esses danos foram reparados, pois há grande precariedade nesses dois quesitos do setor. Nem todas as mesas possuem regulagem de altura tanto para o computadores, como para os teclados. Os assentos não seguem a norma do TEM (Ministério do Trabalho Emprego), alguns sem apoio para os braços, com problemas na regulagem da altura. Possivelmente esse seria um dos pontos que acarretaria mais custos. 5.2.4 Espaço físico, ventilação e acústica O setor, no momento da pesquisa, possuía um quadro grande de trabalhadores distribuídos em uma sala de aproximadamente 40m², disforme. Foi percebido que as PAs (posições de atendimento) são muitas para um espaço considerado pequeno e desconfortável ao se tratar também dos ruídos. A proximidade das PAs faz com que as vendas ao telefone dos funcionários se entrelaçam de tal forma que a maioria dos entrevistados pontuou o quesito ruído como um dos mais deficitários do setor, na sala não há nenhum tipo de isolamento acústico. Esse seria um fator primordial na diminuição do estresse causado pela sonorização do ambiente. Para Fiorelli (2007, p. 277) “administradores devem estar atentos a esta questão. Gerentes, muitas vezes, não valorizam reclamações a respeito – insignificantes para eles, constituem em pequena problema aos trabalhadores”. Ao longo do tempo, ferem dolorosamente e cronificam-se na forma de indesejáveis calosidades. 5.2.5 Estratégias Para toda ação de trabalho há uma programação a ser seguida pelos trabalhadores, nesse caso, seria necessário analisar a autonomia dos trabalhadores, podendo assim, se aplicada, possibilitar que eles estejam aptos a criarem novas estratégias de ação que facilitem em número e qualidade a execução de suas tarefas. 5.2.6 Autonomia Permitir aos trabalhadores espaço para criação, formulação de críticas e questionamentos e distribuição de poder que possivelmente agregariam um maior empenho deles para satisfazer os clientes, pois estariam mais motivados com o seu trabalho. 62 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ambiente de trabalho, atualmente tem passado por muitas mudanças, porém essas mudanças não estão sendo justificadas mediante as teorias disponíveis para sua confirmação. Hoje existem estruturas, voltadas para a parte mais humana do trabalho, fazendo com que as suas funções sejam realizadas de maneira mais adequada, propiciando aos empregados, por meio de suas atividades laborais, desenvolverem novas habilidades. Os dados levantados no trabalho questionam até que ponto se está fazendo algo que tenha como finalidade a promoção de Qualidade de Vida no Trabalho dentro da empresa. Ter satisfação no trabalho torna-se um ponto primordial diante das demandas profissionais atuais, onde o objetivo é colocar em prática algumas inovações para poder melhorar a qualidade dos serviços e as condições de trabalho, pois permitem melhorar a aceitação de novas tecnologias e formas de trabalhar. Em um programa de Qualidade de Vida no Trabalho, muitas questões podem ser levantadas, como a melhora no bem estar das pessoas que influencia diretamente na produtividade e nos resultados financeiros da Organização. A melhoria da Qualidade de Vida e da saúde no Trabalho tem sido um fator muito importante que de certa forma terá que ser revisto constantemente. Isso porque conforme foi evidência nessa pesquisa, ações de QVT interferem positivamente na produtividade e nos resultados obtidos pela organização. E, de certa forma, a maioria de seus trabalhadores acreditam que toda a empresa deve ter um programa de QVT, talvez isso demonstre a importância geral que a QVT demonstra ter nas organizações. Embora o trabalhador esteja inserido em outros ambientes fora o organizacional, é nas empresas que o ser humano desenvolve uma parte significativa de sua vida: o trabalho, que é considerado o responsável pela formação de sua identidade. Segundo Albuquerque e Limongi – França (1998), Qualidade de Vida no Trabalho é um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento para e durante a realização do trabalho. Pode-se perceber uma grande preocupação e uma evidência de um possível melhoramento, quando foi perguntado aos trabalhadores do setor o que os próprios entendiam como QVT, muitos apresentaram respostas adequadas àquilo que consideram importante no ambiente de trabalho, como: ambiente e instalações adequadas e ações de bem-estar aos seus 63 trabalhadores. Porém, na maioria das opiniões a respeito, foi possível identificar que apesar de terem uma boa visão sobre a QVT, também lhes faltava argumentos para responder o que é de fato um Programa de Qualidade de Vida. Contudo sempre houve uma tendência natural do ser humano buscar um pouco de conforto, mas no mundo moderno do trabalho isso acaba ficando um pouco de lado, devido ao custo de máquinas, equipamentos e busca pela maior produtividade, dentro desse mercado super competitivo. Logo, fica evidente que o aumento da produtividade está relacionado com o conforto cada vez maior dos trabalhadores, mas tanto empregadores, quanto trabalhadores, não acreditam muito nisso, pois cada vez mais se acredita e se investe menos no ambiente de trabalho, na organização estudada. A cultura, de que ações que promovam a Qualidade de Vida no Trabalho, podem aumentar, consideravelmente a produtividade, ainda passa longe de muitas empresas. Isso acontece, porque as empresas ainda não incluem as ações de melhoria contínua no seu ambiente de trabalho, da empresa pesquisada. Há algum tempo ter qualidade de vida no trabalho estava diretamente ligado apenas a tornar uma empresa melhor para se trabalhar, proporcionando um ambiente mais confortável, mais agradável. Atualmente, as empresas que se propõe a investir em práticas mais sofisticadas de Recursos Humanos a fim de não só proporcionar qualidade de vida ao seu trabalhador, mas também adotar práticas de atração e retenção de pessoas qualificadas dentro das organizações apresentam um maior desempenho nos seus lucros e garantem um índice elevado de trabalhadores satisfeitos com a sua organização. 64 REFERÊNCIAS AGUIAR, M. F. Lazer e produtividade no trabalho. Florianópolis: Enanpad, 2000. ALBUQUERQUE, Lindolfo G. Competitividade e Recursos Humanos. Tese apresentada à FEA/USP, São Paulo, 1992, Revista da Administração da USP, vol. 27, (4), out/dez-1992. BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark/dunya, 1997. BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. F. 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Senhores (as) trabalhadores: Esta entrevista faz parte de um trabalho de conclusão de curso do AcadêmicoAlexandre Alves Martins do curso de Administração da USJ, e tem como objetivo colher informações a respeito das necessidades de um programa de QVT no setor, bem como as expectativas entre os colegas no ambiente de trabalho. Lembrando que os dados coletados serão tratados como sigiloso não necessitando da identificação do trabalhador. 1. O que você considera como QVT (Qualidade de Vida no Trabalho)? 2. Descreva brevemente como são as instalações físicas do seu setor (iluminação, cadeiras, ventilação, ruídos e etc.). 3. O grupo proporciona ginástica laboral? Com que frequência? 4. De que forma os ruídos interferem no desempenho da sua função? 5. Você sabe se existe algum programa de QVT no grupo? O que você acha que poderia se agregado a QVT dentro do grupo? 6. Há quanto tempo você trabalha na empresa? 7. Você já se afastou por problemas de saúde laboral ou conhece algum colega do setor que se afastou por problemas ligados ao trabalho? 8. Você acha o seu trabalho estressante, monótono e repetitivo? 9. Você se sente satisfeito com o seu trabalho na empresa? 10. O que você acha que a empresa deveria fazer para melhorar a motivação dos trabalhadores?