Mini Revisão/Mini Review
ISSN 2176-9095
Science in Health
set-dez 2014; 5(3): 157-60
Papel do enfermeiro na classificação de risco nos serviços de
urgência: uma revisão sistemática
Role of nurses in the risk classification in emergency services: a
systematic review
Renato Ribeiro Nogueira Ferraz 1
João Victor Fornari 2
Francisco Sandro Menezes Rodrigues 3
Anderson Sena Barnabé 2
RE S UMO
A classificação de risco é entendida como uma necessidade para melhor organizar o fluxo de pacientes que procuram os
setores de urgência/emergência, garantindo um atendimento resolutivo e humanizado àqueles em situações de sofrimento
agudo ou crônico de qualquer natureza. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática da literatura, com o intuito de identificar e avaliar as evidências disponíveis sobre as atividades do enfermeiro na classificação de risco nos serviços
de urgência. Foram incluídos na avaliação apenas quatro artigos que efetivamente comparavam os resultados entre as formas
de classificação de risco e triagem pelo enfermeiro. Tais artigos concluíram que a atuação do enfermeiro na classificação de
risco é fundamental para um atendimento mais eficaz ao cliente. Cabe ao enfermeiro realizar a classificação de risco, seguindo os protocolos institucionais, e fornecer aos clientes todas as orientações quanto ao fluxo de atendimento para minimizar
insatisfações.
Palavras-chaves: Gestão em saúde • Medição de risco • Serviços médicos de emergência.
A B S TRACT
The risk rating is understood as a need to better organize the flow of patients seeking sectors urgency/emergency, ensuring
a resolute and humane care to those in situations of acute or chronic pain of any kind. The objective of this study was to
systematically review the literature in order to identify and evaluate the available evidence on the activities of nurses in risk
classification for emergency departments. Only four articles that effectively comparing the results between forms of risk
classification and screening by nurses were included in the review. These articles concluded that the role of the nurse in risk
classification is crucial for more effective customer service. It is up to the nurse to perform risk classification according to
institutional guidelines and provide customers all the guidance as to the flow of care to minimize dissatisfaction.
Key words: Health management • Risk assessment • Emergency medical services.
1 Programa de Mestrado Profissional em Administração – Gestão em Sistemas de Saúde (PMPA-GS) – Universidade Nove de Julho (UNINOVE) – São Paulo – SP.
2 Departamento de Saúde – UNINOVE – São Paulo – SP.
3 Departamento de Farmacologia – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – São Paulo - SP
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INTRODUÇÃO
de março de 2014. Um total de 180 artigos foram
encontrados. Porém, somente 4 se adequaram aos
critérios de inclusão. Com relação às exclusões,
não foram revisados, de acordo com os critérios já
expostos, artigos com mais de cinco anos de publicação, de acesso pago, ou que não incluíam estudos
com seres humanos.
Mundialmente, a procura pelos serviços de urgência tem aumentado durante as últimas décadas,
levando à necessidade de modificação da organização da assistência. Assim, foram elaborados sistemas de triagem para identificação da prioridade
clínica de cada paciente que aguarda atendimento,
visando facilitar a igualdade de acesso1.
Acosta et al.3 (2012) elaboraram um estudo com
uma revisão integrativa, onde foram selecionados 22 artigos. Os resultados evidenciaram que as
principais atribuições desse profissional são a avaliação do estado de saúde do usuário e a tomada de
decisão, processo que necessita de conhecimento
clínico e de tempo de experiência. O enfermeiro
tem a capacidade de organizar o fluxo dos usuários
conforme a prioridade do atendimento e a demanda
dos serviços, sendo um profissional de excelência
na execução da triagem/classificação de risco nos
serviços de urgência.
No Brasil, a triagem estruturada assume a designação de avaliação e classificação de risco, que
associada ao acolhimento tem por finalidade identificar os pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco,
a partir de um atendimento usuário-centrado,
evitando-se, dessa forma, práticas de exclusão. O
acolhimento, como diretriz operacional da Política
Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da
Saúde, associado à classificação de risco, tem por
finalidade garantir a humanização da assistência
nos serviços de saúde, ampliar o acesso e oferecer
atendimento acolhedor e resolutivo2.
Bellucci Júnior e Matsuda4 (2012) relataram em
seu estudo o processo de implantação do sistema
Acolhimento com Classificação e Avaliação de Risco e o uso do Fluxograma Analisador, no Serviço
Hospitalar no Estado de São Paulo. A implantação
do sistema foi subdividida nas etapas: sensibilização
dos profissionais, readequação de recursos, execução do planejamento e avaliação. A organização do
fluxo de pacientes foi utilizada nos Fluxogramas
Funcionais que, depois de alguns ajustes, resultaram em um Fluxograma Analisador. O Fluxograma
Analisador resultante proporcionou a visualização
gráfica das etapas do atendimento e direcionou todos os portadores de agravos não emergenciais à
consulta de enfermagem. Os autores concluíram
que o Fluxograma Analisador foi uma ferramenta essencial ao processo de implantação do Acolhimento com Classificação e Avaliação de Risco
porque, ao definir as etapas do fluxo para o atendimento, o serviço se tornou mais organizado, humano e seguro, proporcionando ao enfermeiro um
melhor planejamento e avaliação.
Sendo assim, faz-se necessário conhecer e revisar as formas de triagem e classificação de riscos
disponíveis, visando à escolha de uma forma de
acolhimento mais eficaz, gerando um atendimento
mais rápido e assertivo, bem como satisfação aos
clientes atendidos.
MÉTODO
Uma revisão sistemática foi realizada em diferentes bases de dados, utilizando-se a ferramenta
Google Acadêmico e a seguinte estratégia de busca:
“triagem e classificação de risco”. Foram selecionados artigos utilizando-se os seguintes critérios
de inclusão: textos integrais livres, publicados nos
últimos cinco anos, tendo humanos como fonte do
estudo.
RESULTADOS
A revisão de literatura foi finalizada no dia 04
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Oliveira5 (2012) conduziu um estudo sobre a
importância de placas, banners, totens, displays, fachadas dentre outros, tendo em vista que cumprem
funções de sinalização, identidade visual e transmitem informações administrativas e funcionais,
evidenciando que o ambiente hospitalar necessita
de um projeto de Comunicação Visual com caráter multidisciplinar. Os autores realizaram entrevistas informais com produtores e fornecedores,
além de visitas de prospecção a hospitais por um
levantamento iconográfico, utilizando referências
disponíveis em meios impressos e digitais para caracterizar os elementos da teoria. Concluíram ainda que existem poucos artigos sobre o tema e que a
comunicação visual fornece ao cliente informações
sobre os fluxos e tempo de atendimento, reduzindo
insatisfações.
dos pacientes, há relatos de demora demasiada no
tempo de atendimento. Reduzir essas insatisfações
necessita de certo tempo de adaptação, devido às
rotinas que são instauradas nos serviços hospitalares e que muito contribuem para atitudes dos funcionários em cumprir protocolos de atendimento
previamente estabelecidos por cada instituição.
SÍNTESE DE EVIDÊNCIA
Após a análise dos estudos, verificou-se que há
divergências entre os autores em relação à forma
de reduzir a insatisfação dos clientes com a falta de
informação e o tempo de espera no atendimento
hospitalar de urgência e emergência. A maioria dos
autores concorda com a importância da classificação de risco e com a necessidade do conhecimento
do enfermeiro para a classificação adequada. Dois
autores relatam a importância do enfermeiro na
triagem e como a classificação de risco traz benefícios aos clientes atendidos. Um autor relata a importância da comunicação visual na satisfação dos
clientes e o outro comenta sobre a humanização
nos serviços urgência e emergência.
Gallo e Mello6 (2009) realizaram um estudo também de revisão bibliográfica, partindo do
pressuposto de que a humanização tem se tornado destaque, que o profissional de enfermagem é
um dos principais responsáveis por essa prática e,
então, buscaram verificar as possibilidades de um
processo de atendimento humanizado em urgência
e emergência no ambiente hospitalar. Os autores
concluíram que o atendimento humanizado, principalmente nos setores de urgência e emergência,
é um ato a ser seguido, a fim de melhorar na assistência não só de enfermagem, mas de toda a equipe que assiste ao paciente. Dentre diversas queixas
Dessa forma, pode-se concluir que a atuação
do enfermeiro na triagem, o uso da classificação
de risco adequada e a informação sobre os fluxos e
tempo de espera auxiliam na informação aos clientes, aumentam a assertividade e a eficácia no atendimento, além de minimizar insatisfações.
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