ANA CLAUDIA LOPES DE CARVALHO
ESTUDO DA ALTERAÇÃO TEMPORÁRIA DE LIMIAR EM
TRABALHADORES DE UMA INDÚSTRIA
EXPOSTOS A DIFERENTES NÍVEIS DE RUÍDO
São Paulo
2000
2
ANA CLAUDIA LOPES DE CARVALHO
ESTUDO DA ALTERAÇÃO TEMPORÁRIA DE LIMIAR EM
TRABALHADORES DE UMA INDÚSTRIA
EXPOSTOS A DIFERENTES NÍVEIS DE RUÍDO
Monografia apresentada ao curso de especialização em Audiologia
do CEFAC/CEDIAU sob a orientação da Profa. Dra. Katia de
Almeida.
São Paulo
2000
3
Aos meus pais, Antonio e
Yvette,
que
importância
me ensinaram a
de
vencer
novas
etapas.
Ao meu marido, Alexandre e
filhos, Mariana e Alexandre, pela
compreensão e carinho dedicados
em todas as fases deste trabalho.
4
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Katia de Almeida, pelo apoio e orientação deste trabalho.
Às Profas. Dras. Teresa Maria Momensohn dos Santos e Iêda Chaves
Pacheco Russo, coordenadoras do CEDIAU, pelo incentivo ao trabalho e pelos
ensinamentos transmitidos ao longo do curso com tanta eficiência e carinho.
À PIAL ELETRO-ELETRÔNICOS, por permitir a realização desse estudo.
À Gerente de Recursos Humanos Marina Jesus Alfredo Neves, por ter
autorizado a realização do trabalho.
À Engª Elisa Lúcia Chaves e ao Técnico de Segurança Mário Sérgio Veron,
pela confiança e amizade.
Aos trabalhadores que participaram do estudo, pelo interesse e
compreensão.
Aos meus sogros Arnildo e Jaci (in memorium), que sempre estiveram
prontos a me ajudar e orgulhosos do meu trabalho.
5
À minha amiga e Fga Andrea, pelo companheirismo e por ter enfrentado mais
uma batalha comigo.
Aos amigos do curso de especialização que participaram direta ou
indiretamente da realização deste trabalho.
6
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
Lista de Tabelas
1. Introdução...........................................................................01
2. Literatura.............................................................................05
3. Material e Métodos.............................................................14
4. Resultados...........................................................................21
5. Discussão............................................................................32
6. Conclusões..........................................................................37
Bibliografia..............................................................................39
7
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo estudar o perfil audiométrico pré e pós
jornada de serviço em 02 grupos de trabalhadores distintos de uma indústria de
eletro-eletrônicos, localizada no município de São Paulo, o primeiro grupo com
sujeitos expostos a níveis de ruído acima de 85 dBA e o segundo grupo, com sujeitos
expostos a níveis de ruído abaixo de 85dBA e avaliar a ocorrência e a magnitude da
alteração temporária de limiar (ATL) encontrada nos dois grupos.
Um total de vinte indivíduos foram submetidos a duas avaliações
audiométricas: a primeira antes do início da jornada de trabalho com o funcionário
em repouso acústico de 14 horas e a segunda, imediatamente após o término de sua
jornada de trabalho. Os resultados dos exames e dos dois grupos foram comparados e
analisados para avaliar a ocorrência e a magnitude da alteração temporária de limiar
(ATL).
Através da análise dos dados pudemos concluir que foi encontrado presença de
ATL em 70% dos casos do grupo I e em 30% dos casos do grupo II; foi observado
uma predominância geral de ATL, entre os dois grupos, na orelha direita de 70% dos
casos, sendo 20% para orelha esquerda e 10% bilateral; foi encontrado também, entre
os dois grupos, uma predominância de ATL na frequência de 6000 Hz e que a
ocorrência geral de ATL nos sujeitos do grupo I, com relação a média de ATL maior
ou igual a 5 dB por orelha, foram iguais para frequências baixas e altas.
8
ABSTRACT
This work had the goal of study the audiometric profile, considering pre and
post working day of two different employee groups from an electronic industry
placed in São Paulo city. The first group was composed by workers exposed to noise
levels above the 85 dBA and, the second group by workers exposed to noise levels
below the 85 dBA.
A total of 20 persons were submitted to two audiometric evaluations: the first
one before the working day with the employee in an acoustic rest of 14 hours, and,
the second one soon after the ending of the working day. The results of both exams
groups were compared and analysed in order to evaluate the occurrence and the
magnitude of the temporary threshold shift (TTS).
The results shown temporary threshold shift (TTS) in 70% of the cases of
group I, and, in 30% in the group II. It was observed a general predominance of TTS
between the two groups, in the right ear in 70% of the cases, 20% to the left ear and
10% bilateral. It was found, between the two groups, a predominance of TTS in the
frequency of 6000 Hz, and that the general occurrence of the TTS inthe workers from
the group I, regarding the TTS average, greater or equal to 5 dB by ear, were the
same to lower and higher frequencies.
9
LISTA DE TABELAS
Tabela I - Distribuição dos indivíduos que
participaram deste estudo de acordo com o sexo.
17
Tabela II - Distribuição dos indivíduos que
participaram deste estudo de acordo com a idade.
18
Tabela III - Distribuição dos indivíduos que
participaram deste estudo de acordo com o tempo de serviço.
19
Tabela IV - Limiares de audibilidade das orelhas direitas
referentes aos sujeitos do grupo I, pré e pós jornada de trabalho.
23
Tabela V - Limiares de audibilidade das orelhas esquerdas
referentes aos sujeitos do grupo I, pré e pós jornada de trabalho.
24
Tabela VI - Diferença dos limiares de audibilidade pré e pós
jornada das orelhas direitas e esquerdas, referentes
aos sujeitos do grupo I.
25
Tabela VII - Limiares de audibilidade das orelhas direitas
referentes aos sujeitos do grupo II, pré e pós jornada de trabalho.
26
10
Tabela VIII - Limiares de audibilidade das orelhas esquerdas
referentes aos sujeitos do grupo II, pré e pós jornada de trabalho.
27
Tabela IX - Diferença dos limiares de audibilidade pré e pós
jornada das orelhas direitas e esquerdas, referentes
aos sujeitos do grupo II.
Tabela X - Ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos grupos I e II.
28
29
Tabela XI - Ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos
grupos I e II por orelha.
29
Tabela XII - Ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos
grupos I e II por freqüência isolada.
30
Tabela XIII - Ocorrência de ATL com relação a média
de ATL maior ou igual a 5 dB por orelha (não houve bilateral),
dos sujeitos do grupo I.
31
11
_____________________________________________________
1.
INTRODUÇÃO
______________________________________________________
O ruído é um agente físico que pode causar danos ao organismo humano e que
está presente na maior parte das atividades dos setores: primário (extração mineral,
agroindústria, etc...), secundário (indústrias) e terciário (transportes, urbanitários,
diversões e outros) (Norma Técnica Estadual,1994).
Segundo MARIOTTA, OLIVEIRA, & ALBERNAZ (1995), atualmente os
níveis de ruído têm aumentado consideravelmente, tanto nas atividades de trabalho
quanto no lazer, transformando o perfil acústico do mundo para pior, muito
rapidamente
De acordo com o COMITÊ NACIONAL DE RUÍDO E CONSERVAÇÃO
AUDITIVA (1994), a exposição crônica ao ruído produz no ser humano uma
deterioração auditiva, lentamente progressiva, com características neurossensoriais,
não muito profunda, quase sempre similar bilateralmente e absolutamente
irreversível.
A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é uma lesão de caráter
irreversível, não existindo nenhum tipo de tratamento clínico ou cirúrgico para
recuperação dos limiares auditivos, sendo portanto a prevenção, a principal medida a
ser tomada antes de sua instalação.
12
O Programa de Conservação Auditiva (PCA) tem por objetivo impedir que
determinadas condições de trabalho provoquem a deteriorização dos limiares
auditivos dos trabalhadores, portanto envolve a participação de uma equipe
multiprofissional, pois são necessárias medidas de Engenharia, Medicina,
Fonoaudiologia, treinamento e administração, onde as soluções seriam reduzir a
exposição dos trabalhadores ao ruído, diminuindo o mesmo na fonte, na trajetória,
tomar medidas administrativas que reduzem o tempo de exposição ao ruído do
trabalhador e quando nenhuma das hipóteses anteriores for viáveis, a medida a ser
utilizada é o fornecimento de protetores auriculares.
MILLER (1971), considera que os efeitos do ruído na audição são geralmente
divididos em três categorias: trauma acústico, alteração permanente do limiar e
alteração temporária de limiar.
Segundo MELNICK (1989), o termo Trauma Acústico é relacionado a efeitos
de uma simples exposição a um nível muito intenso de ruído (ex.: uma explosão). A
perda auditiva decorrente de trauma acústico é uma perda permanente. Alteração
Permanente de Limiar (APL) são aquelas mudanças na audição que persistem ao
longo da vida da pessoa afetada. Freqüentemente a perda auditiva permanente
provocada pelos efeitos do ruído é resultado de repetidas exposições ao longo de
vários anos. Alteração Temporária de Limiar (ATL) é um efeito de curta duração
que segue após uma exposição ao ruído. É uma elevação do limiar de audição que
recupera-se gradualmente após a exposição. O mesmo autor ainda observa que apesar
de não estar bem definido, um grande número de experiências são feitas no mundo
para se saber quais fatores influenciam o ATL e a retomada desses limiares e faz
algumas generalizações. A ATL pode variar em poucos dB em uma estreita faixa de
freqüências a mudanças que causam uma surdez temporária e depois de cessado a
exposição, a retomada para os limiares anteriores pode demorar de poucos minutos a
13
várias semanas. Ruídos de baixa freqüência não são tão eficazes em produzir ATL
quanto os de alta freqüência. Ruídos com energia concentrada na média de
freqüências de 2000 à 6000Hz produz mais ATL que ruídos concentrados em outros
pontos da faixa. Os níveis de ruído devem ultrapassar uma certa intensidade (75dB
na escala A do medidor de NPS) para a pessoa experienciar alguma ATL, mesmo
para exposições de 8 a 16h. A exposição a ruídos com freqüentes interrupções produz
menos ATL que a exposição a ruído contínuo para energias sonoras equivalentes.
De acordo com o HÈTU (1994), uma exposição contínua à um nível de 85dBA
por várias horas induz uma alteração temporária de limiar que alcança
aproximadamente 10 dB na média e até 20 dB em indivíduos mais sensíveis. O autor
também relata que em um ambiente sonoro dentro dos limites de 85 dBA, pessoas são
constantemente exigidas à processar a informação auditiva no seu posto de trabalho,
enquanto que sua capacidade auditiva básica está sendo prejudicada. A contradição
entre a necessidade do ambiente e sua força para reduzir a capacidade auditiva deixa
claro que um limite de exposição de 85dB/8h fica longe do ideal, principalmente
quando se envolve o risco do prejuízo permanente da audição.
Considerando que vários autores afirmam que ATL é um indicador do risco de
uma perda auditiva permanente (APL) e que é provável que o padrão audiométrico da
ATL irá parecer-se com o padrão da perda auditiva permanente e esta não excederá a
ATL produzida por uma exposição curta ao mesmo sinal, o presente trabalho busca
contribuir com dados sobre o estudo da ATL.
Desse modo os objetivos deste trabalho são :
14
- Estudar o perfil audiométrico pré e pós jornada de serviço em 02 grupos de
trabalhadores distintos. O primeiro grupo com sujeitos expostos a níveis de
ruído acima de 85 dBA e o segundo grupo, com sujeitos expostos a níveis
de ruído abaixo de 85dBA.
- Avaliar a ocorrência e a magnitude da alteração temporária de limiar (ATL)
encontrada nos dois grupos.
15
_____________________________________________________
2.
LITERATURA
______________________________________________________
Em 1950, WHEELER observou que havia grandes evidências que
trabalhadores que ficavam tempo suficiente expostos a níveis elevados de ruído,
teriam a possibilidade de adquirir uma perda auditiva irreversível, apesar de não saber
exatamente quais níveis de intensidade, tempo de exposição e severidade da perda
auditiva apenas observando a grande susceptibilidade individual. De acordo com o
autor, os trabalhadores que passam anos em ambientes com níveis de ruído intensos,
podem inicialmente apresentar uma alteração temporária do limiar e que isso
provavelmente representa o início de um decréscimo permanente na acuidade
auditiva. Constatou também que ruídos que contém em seu espectro, alta proporção
de energia em altas freqüências afeta o ouvido mais seriamente que ruídos com faixa
predominantemente em baixas freqüências, mesmo quando os de baixa freqüência
apresentam nível de intensidade maiores e que em ambos os casos a região do
audiograma mais afetada foi de 4000 e 6000Hz. A respeito da retomada do limiar
para as condições iniciais em repouso, não existem dados suficientes para se saber ao
certo quanto tempo isso levaria, mas ele estima pelo menos um mínimo de 48 horas.
Depende também da quantidade de Decibel que o limiar foi alterado temporariamente
e de diferenças individuais, por exemplo: um ouvido normal exposto a condições de
16
ruído adquire uma alteração temporária de limiar mais severa que indivíduos que já
trabalham há algum tempo na mesma situação.
ALMEIDA, (1950) realizou uma pesquisa com máquinas que produziam ruído
contínuo e observou que intensidades de 50 e 60 dB, quando apresentadas durante
longo tempo, poderiam causar alterações leves na audição e definitivas.
Em 1961, GLORIG, WARD & NIXON propuseram um critério de risco do
prejuízo da perda auditiva induzida por ruído. Inicialmente preocuparam-se em
definir quais prejuízos na audição implicariam em produzir alterações na vida
cotidiana dos indivíduos. Eles observaram que a habilidade de ouvir e entender a
conversação em qualquer condição do dia a dia seria uma boa forma de avaliar os
danos na audição. Notaram que a conversação é composta por freqüências de 300 a
4000Hz e por conter muita informação redundante, não seria necessário ouvir todas
freqüências altas para obter uma inteligibilidade excelente e concluíram que uma
alteração auditiva significante estaria na magnitude do prejuízo das freqüências de
500, 1000 e 2000 Hz. Outros estudos desses autores a respeito de ATL (alteração
temporária de limiar) mostram que o mesmo ocorre como resultado de uma
exposição a ruído intenso por poucas horas e que tem uma recuperação do limiar
subsequente, mas de qualquer forma faz parte integral do processo de alteração
permanente do limiar. Em relação a intensidade do ruído as pesquisas realizadas por
eles, indicam que ruído contínuo abaixo de 78 dB, não produzirá ATL (alteração
temporária de limiar) significante, mesmo após 8 horas de exposição. A mudança
temporária do limiar vai mudar de acordo com o tempo e nível de exposição e a
17
magnitude do ATL (alteração temporária de limiar) diminue conforme aumenta o
limiar auditivo em repouso do sujeito e aproximadamente a partir de 75 dB o ATL
não ocorre mais. Essas observações foram feitas para a freqüência de 4000 Hz, onde
ocorre a maior ATL (alteração temporária de limiar) e em seguida as freqüências de
6000, 3000, 2000 e 1000 Hz. Ainda conforme os achados dos autores acima citados,
o ATL (alteração temporária de limiar) atinge aproximadamente 50 dB em 4000 Hz e
que provavelmente a retomada de limiar acima disso seria diferente. Para produzir
ATL (alteração temporária de limiar) maiores que 50 dB seria necessário níveis e
duração de ruído muito mais elevados que os que são encontrados nas indústrias.
Finalmente os autores concluíram que o critério de conservação e prevenção da perda
auditiva teria como alvo a freqüência de 2000 Hz, pois grandes mudanças no limiar
da freqüência de 4000 Hz podem ocorrer com pequeno ou nenhum efeito na
habilidade de ouvir e entender a conversação, portanto se não existir alteração na
freqüência de 2000 Hz não existirá prejuízo. Se não houver 12 dB de ATL (alteração
temporária de limiar) em 2000 Hz no final da jornada, não haverá APL (alteração
permanente de limiar) significante em 10 anos de exposição. Escolhido como critério
de conservação auditiva a intensidade de 85 dB em um espectro de 600 a 1200 Hz
para exposição a ruído contínuo; para ruído intermitente a ATL (alteração temporária
de limiar) vai aumentar e diminuir durante a exposição, mas também segue o mesmo
critério e não há estudos para ruído de impacto.
Em 1974, MELNICK relatou que muitas experiências eram feitas para chegar a
um critério de risco de prejuízo auditivo sendo baseadas na magnitude de ATL
(alteração temporária de limiar) em quantidade de Decibel e usados exposições de
poucos minutos ou horas. Essa relação logarítmica linear poderia não ser aplicada a
longas durações. Ele relata que haveria um decréscimo na sensitividade auditiva com
um aumento da intensidade do ruído e para um determinado nível de ruído (estável),
como a duração aumenta a mudança de limiar aumenta. Entretanto para intensidades
abaixo daquela que produz total destruição das células sensoriais auditivas, a
18
sensitividade auditiva não continuaria a diminuir indefinitivamente até produzir total
perda auditiva com a exposição continuada. Nessas condições a sensibilidade auditiva
rebaixaria com a duração do ruído até algum “máximo” e então não decresceria mais.
Se realmente existir esse máximo, ele representaria a quantidade máxima de perda
auditiva permanente resultante daquele tipo de ruído. O mesmo autor realizou um
estudo com 10 sujeitos, onde investigou a ATL (alteração temporária de limiar)
resultante de uma exposição a ruído contínuo de 16 horas, espectro de freqüência de
300 a 600 Hz em intensidades de 80, 85, 90 e 95 dB e apresentou alguns achados
dessa pesquisa. O critério de risco assumido foi de ATL (alteração temporária de
limiar) > 10 dB em 1000 Hz e as demais abaixo desta. A ATL (alteração temporária
de limiar) desenvolvida durante 16 horas de exposição em 80 dB – aproximadamente
5 dB nas freqüências de 500, 750 e 1000 Hz. Como os
valores foram baixos, não se sabe exatamente a partir de que hora foram alcançados,
mas foram retomados após 10 horas da última exposição. A ATL (alteração
temporária de limiar) desenvolvida durante 16 horas de exposição em 85 dB –
aproximadamente 11 dB nas freqüências de 750 e 1000 Hz. Esses valores foram
alcançados entre 4 e 8 horas de exposição e retomados após 10 horas da última
exposição. A ATL (alteração temporária de limiar) desenvolvida durante 16 horas de
exposição em 90 dB – aproximadamente 17 dB nas freqüências de 750 e 1000 Hz.
Esses valores foram alcançados em 16 horas de exposição e retomados entre 34 e 58
horas após a última exposição. A ATL (alteração temporária de limiar) desenvolvida
durante 16 horas de exposição em 95 dB – ATL (alteração temporária de limiar)
ainda aumentaria após 16 horas e não foi totalmente retomada entre 34 e 58 horas
após a última exposição. O autor conclui que ruídos com energia concentrada em
1800 Hz produz ATL (alteração temporária de limiar) depois de 6 a 8 horas de
exposição e ruídos com energia concentrada abaixo de 1800 Hz são necessários mais
que 8 horas de exposição para produzir ATL (alteração temporária de limiar).
19
Segundo KOTZIAS (1981) os efeitos otológicos do ruído se dão sobre as
células sensoriais do órgão de Corti e inicialmente ocorrem nas células ciliadas
externas e em uma fase mais adiantada nas células internas. Em geral após a
exposição a ruído muito intenso, antes de se instalar definitivamente a surdez,
aparece uma queda de 40 a 50 dB na freqüência de 4000 Hz, que desaparece após 24
e 48 horas.
MELNICK (1989), observou que o máximo que se pode dizer sobre a relação
entre Alteração Temporária de Limiar (ATL) e Alteração Permanente de Limiar
(APL), é que um ruído que não produz ATL (alteração temporária de limiar) não irá
provocar APL (alteração permanente de limiar). A APL (alteração permanente de
limiar) produzida por uma exposição específica, durante um longo período não
excederá a ATL (alteração temporária de limiar) produzida por uma exposição curta
ao mesmo sinal. O padrão audiométrico da ATL (alteração temporária de limiar) irá
parecer-se com o padrão da APL(alteração permanente de limiar).
Em 1989, SANTOS considerou que a exposição a ruído em níveis elevados de
pressão sonora, de acordo com os limites da ISO 1999/1975 de risco zero para
exposição diária de 8 horas e 40 horas/semana, tem início modificações de tipo
mecânica, metabólica, vascular e iônica que acabam por produzir dano coclear. O
ruído industrial produz inicialmente lesões seletivas nas células ciliadas do órgão de
Corti,
responsável
pela
percepção
nas
freqüências
de
4000–6000
Hz,
independentemente das características espectrais do ruído presente no ambiente de
trabalho.
De acordo com a ISO 1999 (1990) pessoas regularmente expostas a ruído
podem desenvolver perda auditiva variando a severidade. Dependendo da perda
auditiva seu entendimento da conversação, percepção de sinais acústicos do dia a dia
e apreciação de uma música podem ser prejudicados. A perda auditiva permanente
(APL) é usualmente precedida de um efeito reversível na audição chamado ATL
20
(alteração temporária de limiar). A severidade do ATL (alteração temporária de
limiar) e sua retomada dependem do tempo e nível de exposição. Em uma pessoa é
difícil determinar quais mudanças no limiar auditivo foram causadas pelo ruído e
quais foram causadas por outros fatores. Esse padrão internacional prevê um valor
adicional estimado pelos mais prováveis diagnósticos de perda auditiva.
MELNICK, em 1991 fez algumas considerações sobre ATL (alteração
temporária de limiar). O crescimento do ATL (alteração temporária de limiar) atinge
um patamar assintomático a partir de 8 até 10 horas de exposição ao ruído, quando
contínuo ou intermitente. Em relação a exposições de longa duração, o autor refere
que a mudança assintomática de limiar, quando for de 8 a 30 dB, para ruídos
concentrados em bandas de oitava de 0.5, 1.0, 2.0 e 4.0 kHz, observa-se uma relação
onde a máxima mudança de limiar ocorre ½ oitava acima da freqüência central. Essa
relação não ocorre para bandas de oitava abaixo de 500 Hz. Em seu estudo concorda
com WARD et al. (1976), a respeito dos limites para as banda de oitavas e
intensidade do ruído e que servem para estimar condições acústicas de segurança
quando o assunto for perda auditiva induzida por ruído. São eles: 77 dB NPS para
0.25 kHz, 76 dB NPS para 0.5 kHz, 69 dB NPS para 1.0 kHz, 68 dB NPS para 2.0
kHz e 65 dB NPS para 4.0 kHz e quando considerado ruído de banda larga o nível de
segurança seria de 76 dBA. A ATL (alteração temporária de limiar) obtida dois
minutos após o final da exposição ao ruído terá efeitos da mesma forma que teria, se
a mesma fosse medida em um intervalo maior em seguida da exposição, ou seja, a
recuperação da ATL (alteração temporária de limiar) não depende de como ela foi
adquirida. A APL (alteração permanente de limiar) produzida por 10 anos de
exposição diária para um determinado ruído é aproximadamente igual a ATL
(alteração temporária de limiar) produzida pelo mesmo ruído após 8 horas de
exposição.
21
DRAKE-LEE (1992), observou ATL (alteração temporária de limiar) de 7-8
dB, nas freqüências de 4000 e 6000 Hz em um grupo de músicos de rock com idades
abaixo de 24 anos.
GERGES (1992) relatou que o primeiro efeito fisiológico de exposição a níveis
elevados de ruído e perda auditiva na banda de freqüência de 4 a 6 kHz. Geralmente o
efeito é acompanhado pela sensação de percepção do ruído, após o afastamento da
área ruidosa. Este efeito é temporário, e portanto, o nível original do limiar de
audição é recuperado. Essa mudança é chamada de alteração temporária de limiar
(ATL). Se a exposição ao ruído é repetida antes da total recuperação do limiar, essa
alteração pode se tornar permanente.
Em 1995, MARIOTTO, OLIVEIRA & ALBERNAZ realizaram um estudo
onde verificaram a presença de ATL (alteração temporária de limiar) em
trabalhadores expostos a níveis de ruído acima de 85 dBA, divididos em dois grupos
de acordo com seu tempo de serviço, superior ou inferior a 10 anos. A divisão da
amostra foi baseada em dados da literatura que considera que alteração permanente
de limiar induzida (APL) por ruído tem um crescimento maior em 10 a 15 anos de
exposição. A ATL (alteração temporária de limiar) aumenta em 8 a 12 horas de
exposição ao ruído e depois de atingido um valor “máximo”, mantém-se estável e que
esse valor, mantida as mesmas condições, é considerado o limite superior para essa
APL (alteração permanente de limiar). Após 10 anos de serviço a ATL (alteração
temporária de limiar) produzida deveria ser menor que a ATL (alteração temporária
de limiar) observada em trabalhadores com tempo se serviço inferior a 10 anos.
Como conclusão os autores observaram que apesar de terem sido detectados alguns
valores de ATL (alteração temporária de limiar), esses não foram de suficiente
magnitude para ocasionar ATL (alteração temporária de limiar) estatisticamente
significativas. Algumas variações podem ser atribuídas a utilização do equipamento
de proteção individual. As freqüências que demonstram maiores limiares auditivos
médios estão na faixa de 3000 a 6000 Hz, tanto na audiometria pré ou pós jornada,
22
portanto sendo típicos os padrões audiométricos da ATL (alteração temporária de
limiar) e APL( alteração permanente de limiar).
FLOTTORP (1995), revelou existir uma variação nos limiares auditivos
obtidos, quando mudada a posição do fone de ouvido. Em seu estudo encontrou uma
diferença de 5-40 dB em 6000 e 8000 Hz em 58-68 % dos casos que analisou. Ele
conclui que para determinar o prejuízo na audição, calcular compensações, benefícios
ou para um diagnóstico preciso, é essencial que seja realizada uma nova audiometria
movendo a posição do fone.
De acordo com
LASMAR (1997), a primeira manifestação do distúrbio
auditivo produzido pela exposição crônica ao ruído decorre da fadiga auditiva pósestimulatória, que produz perda auditiva temporária. É uma sensação de audição
abafada que tem o trabalhador de uma indústria ruidosa, ao sair de seu ambiente de
trabalho. Esse fenômeno e chamado de ATL (alteração temporária de limiar). Os
exames audiométricos dessas pessoas mostraram um declínio de perfil, que com o
passar das horas irá desaparecendo e os limiares auditivos retornando à normalidade.
FONZO (1998), em seu estudo sobre os efeitos dos protetores auriculares na
ATL (alteração temporária de limiar), relata que a presença da mesma teve maior
ocorrência na orelha direita e na freqüência de 6000 Hz.
23
24
_____________________________________________________
3.
MATERIAL E MÉTODOS
______________________________________________________
Nesse capítulo, apresentaremos o critério para seleção dos grupos de estudo e escolha
dos sujeitos, a forma como foi realizado o trabalho e como os resultados foram
analisados.
A casuística deste trabalho foi composta por 20 (vinte) indivíduos, sendo 12
(doze) do sexo masculino e 08 (oito) do sexo feminino, em uma faixa etária de 19 a
47 anos. Todos eram trabalhadores de uma indústria de eletro-eletrônicos, localizada
no município de São Paulo.
Os sujeitos que participaram do trabalho foram divididos em 02 (dois) grupos,
dependendo da intensidade do ruído na área em que trabalhavam, independentemente
de sexo, faixa etária, tempo de serviço expostos ao ruído e limiares auditivos.
25
O Grupo I foi constituído de 10 funcionários, escolhidos por trabalharem no
mesmo setor e estarem expostos a um ruído contínuo acima de 85dBA, a escala de
trabalho de 08 horas (6-14h), portanto sendo obrigatório o uso do protetor auricular.
O Grupo II foi constituído também de 10 funcionários, escolhidos por
trabalharem no mesmo setor e estarem expostos a um ruído contínuo abaixo de
85dBA, a escala de trabalho de 08 horas (6-14h), portanto sendo dispensados do uso
do protetor auricular.
A distribuição dos indivíduos que tomaram parte neste estudo pode ser
observada nas tabelas I, II e III.
26
Tabela I
Distribuição dos indivíduos que participaram deste estudo de acordo com o sexo.
GRUPO I
GRUPO II
TOTAL
SEXO
Nº
%
Nº
%
Nº
%
FEMININO
01
05
07
35
08
40
MASCULINO
09
45
03
15
12
60
TOTAL
10
50
10
50
20
100
27
Tabela II
Distribuição dos indivíduos que participaram deste estudo de acordo com a idade.
FAIXA ETÁRIA (EM ANOS)
GRUPO I
GRUPO II
TOTAL
Nº
%
Nº
01
5
0
0
01
5
0
01
5
01
5
% Nº
%
19
a
25
26
a
30
31
a
35
04
20
02
10
06
30
36
a
40
03
15
03
15
06
30
41
a
45
0
02
10
02
10
46
a
50
02
10
02
10
04
20
10
50
10
50
20
100
TOTAL
0
0
28
Tabela III
Distribuição dos indivíduos que participaram deste estudo de acordo com o tempo de
serviço.
TEMPO DE SERVIÇO (EM ANOS)
GRUPO I
Nº
% Nº
1,4 a
05
01
5
06
a
10
01
5
11
a
15
04
20
16
a
20
04
20
21
a
25
26
a
30
TOTAL
GRUPO II
10
50
TOTAL
% Nº
%
01
5
01
5 02
10
04
20 08
40
04
20
04
20 04
20
01
5 01
5
10
50 20
100
29
Os dados do presente estudo foram obtidos na ocasião da realização dos
exames audiométricos periódicos da empresa. Foram realizados audiometria tonal via
aérea nas freqüências de 250 a 8000Hz, via óssea nas freqüências de 500 a 4000Hz e
sempre que necessário, o mascaramento via aérea e/ou via óssea. Foi utilizada a
técnica descendente de pesquisa do limiar auditivo em ambos os casos.
Todos os indivíduos foram submetidos a duas avaliações audiométricas: a
primeira antes do início da jornada de trabalho com o funcionário em repouso
acústico de 14 horas e a segunda, imediatamente após o término de sua jornada de
trabalho.
Foram utilizadas a cabina acústica da Empresa, marca Vibrason, modelo VSA
40 que segundo o fabricante atende a norma da OSHA 81 apêndice D ( ISO 8253.1) e
audiômetro AD 28, marca Interacoustics, calibrado conforme norma ANSI S3.431992/ISO-389-3/ISO-7566.
Os resultados dos exames e dos dois grupos foram comparados e analisados
para avaliar a ocorrência e a magnitude da alteração temporária de limiar (ATL). A
ocorrência de alterações temporárias do limiar, foi analisada segundo os seguintes
critérios de OSHA (1983):
- Variação de limiar para pior em 10 dB ou mais em freqüências isoladas,
comparando-se as audiometrias obtidas antes e após a exposição ao ruído.
- Média de ATL em freqüências baixas (250, 500, 1000 e 2000 Hz) e/ou em
freqüências altas (3000, 4000, 6000 e 8000 Hz), maior ou igual a 5 dB.
30
31
_____________________________________________________
4. RESULTADOS
______________________________________________________
Nesse capítulo, apresentaremos os resultados encontrados, obtidos através da
realização das audiometrias pré e pós jornada de trabalho, nos grupos I e II, onde os
sujeitos estão expostos a um nível de ruído acima de 85 dB e abaixo de 85 dB,
respectivamente.
Na tabela IV estão relacionados os limiares auditivos das orelhas direitas dos sujeitos
do grupo I, obtidos pré e pós jornada de trabalho.
32
Tabela IV
Limiares de audibilidade das orelhas direitas referentes aos sujeitos do grupo I, pré e
pós jornada de trabalho.
Freq/Hz
O.D./ dB
12345678910-
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
10
10
25
5
10
5
10
5
5
15
10
10
25
10
10
10
10
15
5
15
10
10
25
5
10
5
10
5
5
15
10
10
25
10
10
10
10
15
5
15
5
10
20
0
5
5
10
0
5
20
10
10
20
10
10
10
10
0
10
20
5
15
15
0
10
5
15
0
0
10
5
15
20
5
15
10
20
5
0
15
0
10
10
5
15
5
15
5
0
15
0
10
15
10
20
5
15
10
0
15
5
10
15
10
20
0
0
0
0
10
5
10
15
10
20
5
5
0
0
15
10
25
15
15
25
15
10
0
10
25
20
25
20
15
35
20
15
10
15
35
5
25
10
5
15
10
0
0
0
10
Na tabela V estão relacionados os limiares auditivos das orelhas esquerdas dos
sujeitos do grupo I, obtidos pré e pós jornada de trabalho.
5
25
15
10
25
15
5
0
0
20
33
Tabela V
Limiares de audibilidade das orelhas esquerdas referentes aos sujeitos do grupo I, pré
e pós jornada de trabalho.
Freq/Hz
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
O.E./ dB Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
12345678910-
10
20
20
10
5
5
10
5
5
15
10
20
20
10
10
5
10
10
10
15
10
20
20
10
5
5
10
5
5
15
10
20
20
10
10
5
10
10
10
15
10
20
15
5
10
5
10
5
5
15
10
20
20
10
10
10
10
5
10
15
0
15
10
0
15
0
10
0
5
10
5
15
15
0
20
0
10
5
5
15
5
5
15
5
15
0
10
5
0
5
10
5
15
5
20
0
15
5
0
10
5
15
5
0
20
10
10
0
0
10
10
15
5
0
20
10
10
0
0
10
10
20
15
0
20
15
0
5
10
5
15
25
15
5
30
15
10
10
10
10
5
15
5
0
15
10
0
0
0
0
5
15
5
0
15
10
10
0
0
5
Na tabela VI estão relacionados a diferença entre os limiares auditivos obtidos pré e
pós jornada de trabalho, das orelhas direitas e esquerdas dos sujeitos do grupo I,
obtidos pré e pós jornada de trabalho.
34
Tabela VI
Diferença dos limiares de audibilidade pré e pós jornada das orelhas direitas e das
orelhas esquerdas, referentes aos sujeitos do grupo I.
Freq/Hz
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
Diferença OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE
12345678910-
------05
--05
--10
-----
--------05
----05
05
---
------05
--05
--10
-----
--------05
----05
05
---
05
----10
05
05
----05
---
----05
05
--05
----05
---
----05
05
05
05
05
05
--05
05
--05
--05
----05
--05
----05
05
05
----05
-----
05
------05
--05
----05
----------05
05
----05
05
-------------------
10
--05
--10
05
05
10
05
10
05
05
--05
10
--10
05
--05
----05
05
10
05
05
----10
------------10
----05
Na tabela VII estão relacionados os limiares auditivos das orelhas direitas dos
sujeitos do grupo II, obtidos pré e pós jornada de trabalho.
35
Tabela VII
Limiares de audibilidade das orelhas direitas referentes aos sujeitos do grupo II, pré e
pós jornada de trabalho.
Freq/Hz
O.D./ dB
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 -
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
15
5
5
10
5
10
15
15
10
10
15
5
5
10
5
10
20
15
10
10
15
5
5
10
5
10
15
15
10
10
15
5
5
10
5
10
20
15
10
10
15
5
5
5
10
10
5
15
10
15
15
5
5
5
10
10
5
15
10
15
10
0
0
0
5
10
20
15
5
15
10
5
0
0
5
15
20
15
5
15
10
0
5
0
10
10
15
10
0
10
10
5
5
0
10
10
15
10
0
15
10
0
5
10
5
10
10
10
0
25
10
0
5
20
5
15
15
10
5
25
20
5
5
25
10
25
20
25
5
35
20
5
10
25
10
25
20
25
5
35
10
15
0
25
0
15
15
75
0
30
10
20
0
25
0
25
15
75
0
30
Na tabela VIII estão relacionados os limiares auditivos das orelhas esquerdas dos
sujeitos do grupo II, obtidos pré e pós jornada de trabalho.
36
Tabela VIII
Limiares de audibilidade das orelhas esquerdas referentes aos sujeitos do grupo II,
pré e pós jornada de trabalho.
Freq/Hz
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
O.E./ dB Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 -
10
10
5
5
0
5
10
10
10
5
10
10
5
5
0
5
15
10
10
5
10
10
5
5
0
5
10
10
10
5
10
10
5
5
0
5
15
10
10
5
10
5
0
0
0
10
10
15
5
5
10
10
0
5
5
10
10
15
5
5
5
5
0
5
5
5
20
15
0
10
10
5
0
5
5
5
20
15
0
10
5
5
0
0
0
0
20
10
0
15
5
5
0
5
0
5
20
10
0
15
15
5
15
5
5
10
15
20
0
40
15
5
15
10
10
15
15
20
0
40
5
0
10
15
10
15
5
10
5
35
10
10
10
15
10
15
5
15
10
35
5
10
10
0
10
5
15
5
5
15
5
15
10
0
10
5
15
5
5
15
Na tabela IX estão relacionados a diferença entre os limiares auditivos obtidos pré e
pós jornada de trabalho, das orelhas direitas e esquerdas dos sujeitos do grupo II,
obtidos pré e pós jornada de trabalho.
37
Tabela IX
Diferença dos limiares de audibilidade pré e pós jornada das orelhas direitas e das
orelhas esquerdas, referentes aos sujeitos do grupo II.
Freq/Hz
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
Diferença OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 -
------------05
-------
------------05
-------
------------05
-------
-----------05
-------
---------------------
--05
--05
05
-----------
--05
------05
---------
05
-------------------
--05
--------------05
------05
--05
---------
------10
--05
05
--05
---
------05
05
05
---------
----05
---------------
05
10
----------05
05
---
--05
------10
---------
--05
-----------------
Nessa tabela X podemos observar a ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos grupos
I e II, segundo os dois itens do critério da OSHA(1983).
38
Tabela X
Ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos grupos I e II.
N
GRUPO I 07
GRUPO II 03
TOTAL 10
OCORREU
%
35
15
50
NÃO OCORREU
N
%
03
15
07
35
10
50
TOTAL
N
10
10
20
%
50
50
100
Nessa tabela XI podemos observar a ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos grupos
I e II, de acordo com a orelha, segundo os dois ítens do critério da OSHA(1983).
Tabela XI
Ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos grupos I e II por orelha
DIREITA
ESQUERDA
BILATERAL
TOTAL
N
05
01
01
07
GRUPO I
%
50
10
10
70
N
02
01
00
03
GRUPO II
%
20
10
00
30
N
07
02
01
10
TOTAL
%
70
20
10
100
Nessa tabela XII podemos observar a ocorrência geral de ATL apresentadas nos
sujeitos dos grupos I e II, segundo o primeiro ítem do critério da OSHA (1983), onde
observamos a diferença maior ou igual a 10 dB em freqüência isolada.
39
Tabela XII
Ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos grupos I e II por freqüência isolada.
Hz
250
500
1000
2000
3000
4000
6000
8000
OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE OD OE
Grupo I 01 ---- 01 ---- 01 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 04 02
GrupoII ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 01 ---- ---- 01
Total
01 ---- 01 ---- 01 ---- ---- ---- ---- ---- 01 ---- 04 03
Total
01
01
01
00
00
01
07
02 01
01 ---03 01
04
Nessa tabela XIII podemos observar a ocorrência geral de ATL apresentadas nos
sujeitos do grupo I , de acordo com o segundo item do critério da OSHA (1983), onde
observamos a diferença maior ou igual a 5 dB, das médias de ATL em freqüências
baixas (250, 500, 1000 e 2000 Hz) e/ou em freqüências altas (3000, 4000, 6000 e
8000 Hz).
40
Tabela XIII
Ocorrência de ATL com relação a média de ATL maior ou igual a 5 dB por orelha
(não houve bilateral), dos sujeitos do grupo I.
ORELHA DIREITA ORELHA ESQUERDA
OCORREU
NÃO OCORREU
TOTAL
BAIXAS
N
%
03
30
07
70
10
100
ALTAS
N
%
02
20
08
80
10
100
BAIXAS
N
%
00
00
10
100
10
100
ALTAS
N
%
01
10
09
90
10
100
No GRUPO II, não houve ocorrência de ATL com relação a média de ATL maior ou
igual a 5 dB, apenas em freqüências isoladas maior ou igual a 10 dB.
41
____________________________________________________
5.
DISCUSSÃO
______________________________________________________
Neste capítulo serão discutidos os resultados das tabelas do capítulo anterior,
confrontando-os com a literatura consultada.
A tabela VI nos mostra a análise das diferenças dos limiares de audibilidade
pré e pós jornada das orelhas direitas (tabela IV) e das orelhas esquerdas (tabela V),
referentes aos sujeitos do grupo I, onde pudemos observar que a ATL ocorreu,
segundo o critério da OSHA, em 07 (sete) sujeitos que participaram do estudo. Em
todos os casos os valores de ATL encontrados foram mínimos, ou seja 06
funcionários tiveram uma variação de limiar para pior em 10 dB e 01 (um)
funcionário que apresentou a média de ATL para freqüências baixas igual a 5 dB. Os
valores foram mínimos, embora tenha ocorrido em 70% dos trabalhadores.
De acordo com MELNICK (1991), a APL produzida por 10 anos de exposição
diária para um determinado ruído é aproximadamente igual a ATL produzida pelo
mesmo ruído após a jornada de 8 horas de trabalho. Devemos levar em conta que
muitas vezes a jornada de trabalho é maior que 8 horas, em função de maiores
remunerações e que o ruído industrial nem sempre é controlado, apresentando
situações de maiores intensidades, como aumento na produção, falta de manutenção
nas máquinas, mudanças de layout, etc. Podemos ressaltar também que esse grupo de
sujeitos, que trabalha com níveis de ruído acima de 85 dBA, são bastante orientados e
habituados ao uso dos protetores auriculares, o que não acontece na maioria da
indústrias.
A tabela IX nos mostra uma análise das diferenças dos limiares de audibilidade
pré e pós jornada das orelhas direitas (tabela VII) e das orelhas esquerdas (tabela
42
VIII), referentes aos sujeitos do grupo II, onde pudemos observar que a ATL ocorreu,
segundo o critério da OSHA, em 03 (três) sujeitos que participaram do estudo. Em
todos os casos os valores de ATL encontrados foram mínimos, ou seja 03
funcionários tiveram uma variação de limiar para pior em 10 dB, que representa 30%
dos casos.
ALMEIDA (1950), relatou que intensidades de 50 a 60 dB, quando
apresentadas durante longo tempo, poderiam causar alterações leves na audição, mas
definitivas. De acordo com MELNICK (1974) pessoas expostas a 80 dBA durante 16
horas produziam aproximadamente 5 dB de ATL. Esses funcionários apesar de
trabalharem com níveis de ruído inferior a 85 dBA, portanto de acordo com a CLT
não haveria necessidade do uso do protetor auricular, também apresentam ATL.
A tabela X nos mostra que a ATL aconteceu em 70% dos casos do grupo I, no
qual os funcionários estão devidamente orientados e habituados ao uso dos protetores
auriculares e em 30% dos casos do grupo II, onde não há exigência para que o
funcionário utilize o protetor auricular, pois o nível de ruído é inferior a 85 dB,
portanto não haveria risco de perda auditiva. O total de ATL ocorrida entres os dois
grupos foi de 10 casos, que representa 50% do grupo estudado.
De acordo com LASMAR (1997), a primeira manifestação do distúrbio
auditivo produzido pela exposição crônica ao ruído decorre da fadiga auditiva pósestimulatória, que produz perda auditiva temporária. Apesar da amostra do estudo ter
sido pequena, a quantidade de casos encontrados que apresentaram a ATL foi
expressiva.
Devemos levar em conta que:
a presença desse fenômeno (ATL) foi encontrado em trabalhadores de
indústrias, que vão continuar expostos ao mesmo risco ou até maiores;
muitas vezes trabalham em outras condições insalubres, como turno noturno,
contato com substâncias químicas e outros riscos, que em sinergismo podem acentuar
ainda mais a alteração na audição;
essas condições perduram por toda sua vida laborativa;
43
concordando com SELIGMAN (1993), esse fenômeno (ATL) no início
temporário pode passar a uma alteração permanente da audição trazendo outros
efeitos que acompanham a PAIR ( Perda Auditiva Induzida por Ruído), como
distúrbios na comunicação, neurológicos, cardiovasculares, na química sanguínea,
vestibulares, digestivos e comportamentais.
Portanto além de realizar o monitoramento audiométrico dos trabalhadores,
cabe também ao fonoaudiólogo juntamente com a equipe de segurança e medicina do
trabalho de cada indústria, estudar outras propostas que trabalhem na conservação
auditiva desses funcionários para que essa alteração, no início temporária, não se
torne definitiva. As medidas de prevenção com relação ao nível máximo de ruído no
ambiente de trabalho permitido, de acordo com a CLT (NR 15) de 85dBA/8 horas,
com certeza deveriam ser tomadas a partir de intensidades menores, o que seria o
nível de ação.
A tabela XI nos mostra uma predominância geral de ATL, entre os dois grupos,
na orelha direita de 70% dos casos, sendo 20% para orelha esquerda e 10% bilateral.
A tabela XII apresenta a ocorrência geral de ATL nos sujeitos dos dois grupos
por freqüência isolada, onde observamos a predominância de ATL na freqüência de
6000 Hz em concordância com GLORIG, WARD & NIXON (1961), SANTOS
(1989) que relatam que 6000 Hz é uma das freqüências onde ocorre maior ATL.
A tabela XIII apresenta a ocorrência geral de ATL nos sujeitos do grupo I, com
relação a média de ATL maior ou igual a 5 dB por orelha. Observamos na orelha
direita 03 casos de ATL em freqüências baixas e 02 casos em freqüências altas e na
orelha esquerda apenas um caso nas freqüências altas. Não houve nenhum caso de
ATL, segundo o critério acima, bilateralmente.
No GRUPO II, não houve ocorrência de ATL com relação a média de ATL
maior ou igual a 5 dB, apenas em freqüências isoladas maior ou igual a 10 dB.
44
_____________________________________________________
6.
CONCLUSÕES
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Através da análise dos dados pudemos concluir que:
1. Foi encontrado presença de ATL em 70% dos casos do grupo I e em 30% dos
casos do grupo II;
2. Observamos uma predominância geral de ATL, entre os dois grupos, na orelha
direita de 70% dos casos, sendo 20% para orelha esquerda e 10% bilateral;
3. Observamos também , entre os dois grupos, uma predominância de ATL na
freqüência de 6000 Hz;
A ocorrência geral de ATL nos sujeitos do grupo I, com relação a média de ATL
maior ou igual a 5 dB por orelha, foram iguais para freqüências baixas e altas.
45
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ANA CLAUDIA LOPES DE CARVALHO ESTUDO DA