Os filósofos e os animais .Tradição racionalista da filosofia ocidental . Razão e mundo Os filósofos e os animais “De resto, estendi-me aqui um pouco sobre o tema da alma por ser dos mais importantes; porque, depois do erro dos que negam Deus, erro que penso ter refutado suficientemente acima, não há nenhum que mais afaste os espíritos fracos do caminho reto da virtude que imaginar que a alma dos animais é da mesma natureza que a nossa...” (Descartes, Discurso do método, V) Os filósofos e os animais . Ecos cartesianos em Kant: animais são “coisas” (Sache) e os seres humanos são “pessoas” . Dignidade cabe às pessoas, “fins em si mesmas”, ao contrário das coisas, que podem ser “meios” para um fim . Não é comum a tradição filosófica debruçar-se sobre o tema, e quando o faz, geralmente o faz com o preconceito racionalista Ética animal Inversão da tradição filosófica. O caso do filósofo Schopenhauer .Vontade una como prius do mundo, razão como secundária . Homem e animal não são diferentes em essência; ambos têm Vontade (essência igual) e Entendimento (percepção intuitiva do mundo) Ética animal . Crítica à cultura ocidental . Origem do preconceito contra os animais . O Gênesis, caps. 1 e 9 Origem de um preconceito . “Erro fundamental do cristianismo”, influenciado pelo judaísmo, no Gênesis: “sem recomendação de bons tratos” isto é, animais como “coisas” destinadas aos homens . O homem pode, pois, “imperar” sobre os animais, como bem entender . Daí, a ausência de direito dos mesmos, logo, porta aberta para os maus tratos Origem de um preconeito . Influência da mentalidade cristã sobre o “povo” que trata mal os bichos . Ora, contra a violência dos ignorantes, só o medo da polícia ou da religião . Porém neste caso a religião cristã não ajudou . Contraposição oferecida pelo bramanismo e o budismo Origem de um preconceito . Influência cristã sobre: . A ciência: animais como “coisas”; experimentos inúteis . A filosofia: animais como “coisas” Origem de um preconceito . Schopenhauer conclui: “Esses são os efeitos dos primeiros capítulos do Gênesis e em geral da concepção judia do mundo. Entre os hindus e budistas, ao contrário, vale a mahavakya, a grande palavra: tat twam asi, isso és tu: que sempre deve ser pronunciada em face de cada animal, como um preceito de nossa conduta, e assim nos conservar patente a identidade da essência íntima neles e em nós.” (Schopenhauer, “Sobre a religião”, Parerga § 177) Fundamento da Ética . Compaixão extensível aos animais . “Crueza e uma barbárie” do Ocidente pensar que os animais não têm direitos . Ética na base do direito Ética animal . Ética da compaixão schopenhaueriana e direito dos animais . Identidade dos seres e combate ilustrado ao preconceito especista Dívida do Ocidente judaico-cristão para com os animais Conclusão “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados.” (Gandhi) “A compaixão para com os animais liga-se tão estreitamente com a bondade do caráter que se pode afirmar, confiantemente, que quem é cruel com os animais não pode ser uma boa pessoa.” (Schopenhauer) O grau de violência de uma comunidade é diretamente proporcional ao seu grau de violência contra os animais. •(JB)