ANA LAURA ANGELI ACUPUNTURA APLICADA À MEDICINA ESPORTIVA EQÜINA Monografia apresentada ao curso de Especialização em Acupuntura Veterinária da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, campus Botucatu. Botucatu 2004 ANA LAURA ANGELI ACUPUNTURA APLICADA À MEDICINA ESPORTIVA EQÜINA Monografia apresentada ao curso de Especialização em Acupuntura Veterinária da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, campus Botucatu. Orientador: Prof Dr Stelio Pacca Loureiro Luna Botucatu 2004 DEDICATÓRIAS Ao meu marido, Renato da Silva Freitas, por seu amor e companheirismo. À minha mãe Lourdes, à meu pai José e à meu irmão Rodrigo, por seu apoio, amizade e amor. Aos cavalos Nappage, Ramaia, Al Capone, Dom Pedrito, Dom Fidel, Zago, Borracha, Porcina e tantos outros que me proporcionaram momentos inesquecíveis em competições esportivas e que despertaram em mim um sentimento inigualável de respeito, companheirismo e amor infinito por esta espécie que tanto fez e faz por nós, seres humanos. EPÍGRAFE “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.” Carlos Drummond de Andrade RESUMO ANGELI, A.L. Acupuntura aplicada à medicina esportiva eqüina. Botucatu, 2003. 35p. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária (Medicina Veterinária. Área de concentração: Acupuntura) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Treinadores, jóqueis, cavaleiros e amazonas estão envolvidos numa constante busca por maneiras de melhorar a performance de seus cavalos atletas. O desempenho físico requer a interação complexa de mecanismos que envolvem os sistemas musculoesquelético, nervoso, respiratório e cardiovascular. Nenhum dado isolado tem a precisão de predizer a capacidade de exercício de determinado eqüino, já que a habilidade atlética é multifatorial. A acupuntura e o exercício possuem efeitos fisiológicos muito semelhantes no organismo. Na medicina tradicional chinesa, as lesões causadas por esportes são, muitas vezes, resultado de estresse acumulado sobre tecidos enfraquecidos e/ou sistema imunológico debilitado. O objetivo desta revisão foi discutir o uso da acupuntura na medicina esportiva eqüina como mais uma alternativa terapêutica visando melhorar o desempenho destes atletas. Deste modo, existem vários pontos que podem ser utilizados com o intuito de melhorar a performance de atletas, assim como existem muitos indícios que favorecem o uso desta terapêutica. Palavras-chave: acupuntura, cavalo, performance, exercício. ABSTRACT ANGELI, A.L. Acupuncture and equine sports medicine. Botucatu, 2003. 35p. Thesis presented to the Specialization Course on Veterinary Acupuncture (Veterinary Medicine. Area: Acupuncture) – Faculty of Veterinary Medicine and Animal Science – University of São Paulo State “Júlio de Mesquita Filho”. Trainers, jockeys and riders are involved in a continuous search for ways of improving their horses’ performance. The athletic performance is a complex interaction between musculoskeletal, nervous, respiratory and cardiovascular systems. Due to this complex interaction, there is no single data that can say if a horse will or won’t be a good athlete. Acupuncture and exercise have similar physiological effects in the body. On traditional chinese medicine, sports injuries are the result of accumulated stress on weakened tissues and/or weakened immunological system. The goal of this review was to discuss the use of acupuncture in equine sports medicine as therapeutic alternatives with the intention of enhance its performance. As so, there are several acupoints that can be used to enhance athletic performance and a lot of clues that indicate the benefits of acupuncture in searching for better equine athletic performance. Key-words: acupuncture, horses, performance, exercise. SUMÁRIO INTRODUÇÃO _______________________________________________ 6 REVISÃO DE LITERATURA _____________________________________ 7 Medicina esportiva eqüina – avaliação de performance __________ 7 Avaliações do sistema cardiovascular ____________________ 7 Avaliações do sistema respiratório _____________________ 10 Avaliações bioquímicas e hormonais ___________________ 13 Medicina Tradicional Chinesa – acupuntura __________________ 15 Acupuntura e medicina esportiva __________________________ 16 Pontos indicados para estimular a performance __________ 20 Acupuntura como auxílio diagnóstico ___________________ 21 Bases neurofisiológicas do mecanismo de ação da acupuntura ___ 21 DISCUSSÃO _______________________________________________ 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS_____________________________________ 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 28 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS MTC – Medicina Tradicional Chinesa BH – Bai Hui, ponto localizado no espaço lombo-sacro em animais P – pulmão IG – intestino grosso R – rim B – bexiga F – fígado VB – vesícula biliar C – coração ID – intestino delgado Pc – pericárdio TA – triplo aquecedor E – estômago BP – baço/pâncreas VC – vaso concepção VG – vaso governador cm – centímetro mV – milivolt mm/s – milímetros por segundo m/s – metros por segundo l/min – litros por minuto ml/kg/min – mililitros por quilograma por minuto bpm – batimentos por minuto FC – freqüência cardíaca FCmax – freqüência cardíaca máxima VFCmax – velocidade em que se atinge a FCmax V200 – velocidade em que se atinge 200 batimentos por minuto CV – volume total de células vermelhas VLa4 – velocidade em que se atinge 4 mmol/l de lactato O2 – oxigênio CO2 – dióxido de carbono VO2 – captação de O2 VCO2 – produção de CO2 VO2max – consumo máximo de O2 CK – creatina quinase LDH – lactato desidrogenase AST – aspartato amino transferase ACTH – hormônio adrenocorticotrópico 6 INTRODUÇÃO Treinadores, envolvidos numa constante jóqueis, busca cavaleiros por e maneiras amazonas de estão melhorar a performance de seus cavalos atletas e de obter resultados importantes em competições. Infelizmente para muitos, isto leva à condição de vencer a qualquer custo, prejudicando diretamente a vida útil destes atletas. Assim como na medicina humana (PELHAM et al., 2001), inúmeros métodos têm sido aplicados para melhorar a performance de cavalos atletas, como uso de massagem, fisioterapia, treinamentos diversificados, alimentação e até mesmo uso de fármacos ilegais. A seleção genética é também forte arma manipulada pela medicina veterinária em busca de grandes atletas. Neste contexto, a medicina complementar vem ganhando popularidade, com o intuito de melhorar a performance de determinado atleta humano ou eqüino. Por esta razão, a acupuntura está constantemente sendo avaliada sob este aspecto. O objetivo desta revisão foi discutir o uso da acupuntura na medicina esportiva eqüina como mais uma alternativa terapêutica visando melhorar a performance destes atletas. 7 REVISÃO DE LITERATURA MEDICINA ESPORTIVA EQÜINA – AVALIAÇÃO DE PERFORMANCE A performance atlética requer a interação complexa de mecanismos que envolvam os sistemas musculoesquelético, nervoso, respiratório e cardiovascular. Nenhum dado isolado tem a precisão de predizer a capacidade de exercício, já que a habilidade atlética é multifatorial. A avaliação de performance atlética com a utilização de esteiras de alta velocidade tem ganhado popularidade nos últimos anos e pode fornecer informações potencialmente úteis na seleção de eqüinos para o esporte (HODGSON & ROSE, 1994). Na maioria dos estudos de teste de performance em cavalos atletas os exercícios são de esforço crescente e rápido. Nestes testes, a velocidade da esteira geralmente é aumentada a cada 60 a 120 segundos até que o cavalo não consiga mais igualar seu andamento com a esteira, o que é conhecido como ponto de fadiga; ou até que determinada freqüência cardíaca seja obtida (ROSE, 1990; ROSE & HODGSON, 1994a). É necessário período de aclimatização à esteira antes da realização de testes de performance, já que os níveis de lactato sangüíneo e a freqüência cardíaca são maiores durante este intervalo. Recomendamse no mínimo quatro exercícios de aclimatização por animal num período de dois dias (ROSE & HODGSON, 1994b). Avaliações do sistema cardiovascular Volume total de células vermelhas (técnica do azul de Evans) A simples determinação do hematócrito pós-exercício não é considerada confiável como indicador do volume total de células vermelhas, porque há variações no volume plasmático. Entretanto, essa 8 medida pode ser um guia grosseiro do total de células vermelhas circulantes (ROSE, 1990; ROSE & HODGSON, 1994b). A quantificação do volume total de células vermelhas (CV) é um índice de capacidade atlética, por ser o maior determinante da capacidade de transporte de oxigênio em eqüinos (HODGSON & ROSE, 1994). A mensuração do CV é baseada na técnica do azul de Evans, um corante que permite a determinação do volume plasmático utilizando a técnica de diluição de corante proposta por Persson (1977). Freqüência cardíaca A freqüência cardíaca (FC) é um dos testes mais simples de se realizar durante o exercício, fornecendo índice indireto de capacidade e função cardiovascular. Em geral, há aumento linear na FC que acompanha o aumento da velocidade de exercício até o ponto em que a FC máxima for obtida (FCmax). A velocidade na qual a FCmax é atingida pode variar de acordo com o condicionamento do atleta, sendo que o próprio valor da FCmax não sofre alteração (ROSE & HODGSON, 1994b). A FCmax é determinação individual altamente repetitiva em eqüinos a cada avaliação de performance, porém não é determinação importante de condicionamento por não ser afetada pelo treinamento apesar de aumentos no consumo máximo de O2 - VO2max (EVANS & ROSE, 1988a). Persson (1983) sugeriu que um ponto de referência útil para comparar a capacidade cardiovascular é a velocidade da esteira na qual a FC do animal seja igual a 200 batimentos por minuto (V200). Numa FC de 200 bpm, a maioria dos cavalos está perto do ponto de acúmulo de lactato sangüíneo. Cavalos puro sangue inglês de melhor performance têm demonstrado valores de V200 entre 8,0 e 9,0 m/s (ROSE & HODGSON, 1994b). No entanto, segundo Rose & Evans (1987), numa FC de 200 bpm, 9 o cavalo pode estar se exercitando em diferentes proporções em relação a sua FCmax e, também suas velocidade de consumo máximo de O2 (VO2max). Outra mensuração da capacidade atlética a ser considerada é a velocidade em que o cavalo alcança a FCmax (VFCmax), que é melhor indicador da capacidade cardiovascular do que a V200 por não ser valor relativo (ROSE & HODGSON, 1994b), como discutido acima. A desvantagem da VFCmax é que ao contrário da determinação do V200, o teste de exercício deve envolver exercícios acima da velocidade máxima do indivíduo para que um platô de FC seja identificado, enquanto que as determinações da V200 requerem somente quatro velocidades de exercício submáximo, com a máxima intensidade sendo equivalente a 3/4 da velocidade em pista (ROSE & HODGSON, 1994b). Determinação do débito cardíaco Débito cardíaco é o produto da freqüência cardíaca pelo volume sistólico. Portanto, débito cardíaco é o volume de sangue ejetado pelos ventrículos a cada minuto e é expresso em l/min ou ml/kg/min (EVANS, 1994). Sugere-se que aumentos no débito cardíaco contribuam para 2/3 do aumento na captação de O2 que ocorre durante o exercício submáximo. Esta relação pode ser expressa pela equação de Fick onde a captação de O2 (litros/minuto) é igual ao débito cardíaco (litros/minuto) multiplicado pela diferença nas concentrações de O2 arterial e O2 venoso (WAUGH et al., 1980). O volume sangüíneo ejetado por cada ventrículo em uma sístole aumenta cerca de 20 a 50% na transição entre o repouso e o exercício submáximo (WAUGH et al., 1980). Este volume não se altera à medida que a intensidade do exercício aumenta de aproximadamente 40% do VO2max para 100% do VO2max (EVANS & ROSE, 1988b). 10 Tamanho cardíaco estimado Na avaliação de performance, o tamanho cardíaco determina em grande parte o débito cardíaco máximo e a capacidade aeróbica máxima de um atleta (HODGSON & ROSE, 1994). O conceito de escore cardíaco foi proposto por Steel em 1963 (apud HODGSON & ROSE, 1994) e foi baseado na idéia de que o tamanho cardíaco é refletido pelo tempo de despolarização ventricular. O escore cardíaco é então o valor médio dos tempos do complexo QRS em milisegundos medidos nas derivações I, II e III. O eletrocardiograma (ECG) deve ser realizado em local calmo com o animal parado. A velocidade recomendada é de 25 mm/s e a sensibilidade de 1cm = 1mV. As configurações tanto do complexo QRS e da onda T são afetadas pela posição dos membros e pela FC. Por essa razão, o ECG deve sempre ser realizado com o membro anterior esquerdo levemente à frente do membro contralateral e com a FC menor ou igual a 40 bpm (HODGSON & ROSE, 1994). Os valores de escore cardíaco médio em animais da raça puro-sangue-inglês (PSI) adultos, variam de 113 a 116 (HODGSON & ROSE, 1994). Estudos de Rose et al. (1979) e Nielsen & Vibe-Petersen (1980) demonstraram correlação com a performance e o escore cardíaco em cavalos norte-americanos de trote e cavalos de enduro. Entretanto, a dúvida sobre a importância desse dado na previsão da performance continua presente (HODGSON & ROSE, 1994). Avaliações do sistema respiratório Os diferentes estágios da cadeia de transporte do oxigênio são estimulados e sofrem adaptações em resposta ao treinamento. A melhora na captação de O2 com o treinamento está relacionada ao aumento no débito cardíaco e/ou na obtenção do O2 (LEKEUX & ART, 1994). Em eqüinos, as adaptações do sistema respiratório ao treinamento ocorrem rapidamente à medida que a intensidade do treinamento é 11 suficiente. Entretanto, estas adaptações são transitórias e altamente reversíveis (ART & LEKEUX, 1993). Análise de gases sangüíneos arteriais A análise de gases sangüíneos arteriais durante o exercício pode ser utilizada na avaliação de cavalos com baixa performance e quando a suspeita estiver relacionada a doenças respiratórias (ROSE & HODGSON, 1994b). Devido à influência da temperatura sangüínea na gasometria e no pH (PAN et al., 1986; FEDDE, 1991; LEKEUX & ART, 1994), o uso de termostato venoso central é recomendado para determinar a temperatura sangüínea durante o exercício. Este procedimento permitiria a correção de valores de gasometria para 37oC no aparelho, já que a temperatura sangüínea durante o exercício máximo pode chegar aos 42oC. A análise gasosa arterial é realizada pela cateterização da artéria facial transversa próxima à comissura lateral do olho (ROSE & HODGSON, 1994b). Segundo Rose & Hodgson (1994b), este teste é útil quando há suspeita de problemas respiratórios ou quando a citologia do lavado broncoalveolar for anormal, o que poderia interferir nas trocas gasosas. Captação de O2 A mensuração da captação de O2 (VO2) é determinante na abordagem da performance. O consumo máximo de O2 (VO2max) é indicador chave da capacidade atlética. O VO2 aumenta linearmente com o aumento na velocidade da esteira, e o VO2max pode ser identificado onde ocorre estabilização do valor de VO2 apesar do aumento na velocidade. Quando não for possível a identificação do platô, o VO2max equivale ao valor da maior VO2 gravada em teste de exercício de esforço crescente que leva o eqüino à fadiga (ROSE & HODGSON, 1994b). 12 O exercício em esteira inclinada a 10% utilizando sistema de colheita de gases de fluxo aberto permite que o VO2, VCO2 e VO2max sejam determinados confiavelmente sem dificultar a respiração (SEEHERMAN & MORRIS, 1990). Amostras de gases são colhidas e após a retirada da umidade, as concentrações de O2 e CO2 são determinadas utilizando analisadores apropriados. Com a mensuração do fluxo, a temperatura dos gases, O2 e CO2, VO2 e produção de CO2 (VCO2) podem ser medidos confiavelmente (ROSE & HODGSON, 1994b). A determinação do VO2 é melhor realizada através de gases colhidos por máscara de fluxo aberto, porque a presença de válvulas nesse aparelho dificultaria a respiração (EVANS & ROSE, 1988c; EATON et al., 1995). Esta técnica requer o uso de máscara de conecção frouxa, acoplada a tubo flexível, a indicador de fluxo, e a bomba de ar centrífuga de alta velocidade. E ainda, a equipamento de amostra de gases (BAYLY et al., 1987). O pulso máximo de O2 é a relação entre VO2 e FC (VO2/FC) e é expresso em ml/kg/contração ventricular. Devido à diferença de O2 arteriovenoso ser similar na maioria dos cavalos atletas se exercitando na VO2max, o pulso de O2 na VO2max gera indicativo do volume máximo de sangue ejetado pelos ventrículos no momento da contração cardíaca. Este dado apresenta alta correlação com o tempo total de corrida na esteira (EVANS, 1994). Razão de troca respiratória (RTR) As determinações de captação de O2, produção do CO2 e razão de troca respiratória (RTR), devem ser obtidos durante o pico do exercício de esforço crescente (LEKEUX & ART, 1994). A RTR que é calculada como a razão de produção de CO2 e consumo de O2, gera indicador das proporções relativas dos combustíveis metabólicos que são utilizados em intensidades específicas de exercício (DERMAN & NOAKES, 13 1994). O exercício extenuante, ou seja, acima de 80% do VO2max, faz com que o valor do RTR suba significativamente acima de 1,0. Deve-se levar em consideração que o sistema tampão do bicarbonato de sódio aumenta a produção e a liberação de CO2, contribuindo assim para o aumento do valor de RTR para mais que 1,0 (LEKEUX & ART, 1994). Avaliações bioquímicas e hormonais Determinação do lactato O lactato é produzido no músculo em exercício durante diferentes intensidades de esforço. A taxa de aumento do lactato sangüíneo pode ser utilizada como indicador da capacidade cardiovascular e metabólica (ROSE & HODGSON, 1994b). As mensurações de lactato sangüíneo podem ser obtidas tanto através do sangue total como do plasma. Os valores plasmáticos são cerca de 1/3 maiores do que os valores de sangue total, embora essa relação seja variável entre os indivíduos. Devido à pequena informação fornecida em velocidades menores, recomenda-se que as amostras para determinação do lactato sejam colhidas a partir de 6, 8 e 10 m/s ou mais (ROSE & HODGSON, 1994b). Para comparação dos valores plasmáticos ou sangüíneos entre indivíduos, ou no mesmo animal em momentos diferentes, a velocidade da esteira correspondente ao valor de lactato de 4 mmol/l tem sido utilizada – VLa4 (PERSSON, 1983). A grosso modo, quanto maior o valor do VLa4, mais condicionado é o atleta e maior é a sua capacidade de exercício. Segundo ROSE & HODGSON (1994b), os valores de VLa4 em cavalos puro-sangue-inglês normais, condicionados e com idade igual ou superior a três anos ou mais, varia entre 8,0 e 9,5 m/s. Em curtas distâncias (400 a 800m), uma alta capacidade glicolítica é vantajosa, porém pode não ser detectada em testes de esforço crescente. Cavalos com alta capacidade anaeróbica possuem altos 14 picos de lactato plasmático após um teste de exercício máximo (EATON et al., 1992). O pico de lactato pode ser maneira mais útil de prever a performance de cavalos de corrida de curta distância (ROSE & HODGSON, 1994b). Segundo Davie & Evans (2000), as concentrações sangüíneas de lactato tiveram aplicação potencial nos estudos a campo de condicionamento em cavalos puro-sangue-inglês. Determinação das enzimas musculares Aumentos moderados nas enzimas musculares são encontrados no plasma ou soro em resposta a exercícios de baixa e alta intensidades; sendo que no exercício de alta intensidade, ocorre aumento na atividade de CK, AST e LDH (NIMMO & SNOW, 1982). Rose & Hodgson (1994c) sugeriram que os aumentos enzimáticos refletem aumentos na permeabilidade da membrana de mitocôndrias, ao invés de refletirem lesão muscular. As enzimas musculares se apresentam mais amplamente elevadas após exercícios de longa duração e de baixa intensidade, como o enduro e o segundo dia de competições de três dias (ROSE et al., 1980; ROSE et al., 1983). Determinação de cortisol e ACTH O cortisol é o principal hormônio estudado em resposta ao exercício. O grau de elevação da concentração plasmática de cortisol é similar após exercícios máximo e submáximo (SNOW & MACKENZIE, 1977a; SNOW & MACKENZIE, 1977b). Este aumento normalmente é de duas ou três vezes, com os valores retornando ao normal cerca de quatro horas após partida de esforço físico agudo. As concentrações de cortisol após competições de enduro são cerca de 30% maiores do que em outras atividades atléticas (ROSE & HODGSON, 1994c). Luna (1993) demonstrou que os níveis de cortisol plasmático foram maiores no exercício de baixa intensidade e longa duração do que no exercício de alta intensidade e 15 curta duração, sugerindo que a duração mais do que a intensidade do estímulo foi mais significativa para a magnitude da resposta ao estresse. O pico de cortisol ocorre de 20 a 30 minutos após o exercício e, em contraste, as concentrações do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) aumentam linear e simultaneamente com a carga de exercício imposta (ROSE & HODGSON, 1994c). Desta forma, a resposta do cortisol ao exercício na esteira pode ser um marcador fisiológico confiável na avaliação de performance em eqüinos (MARC et al., 2000). Já, de acordo com Golland et al. (1999) as concentrações total e média de cortisol não foram significativamente maiores nos cavalos em repouso e após o treinamento excessivo. MEDICINA TRADICIONAL CHINESA – ACUPUNTURA A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) acredita que tudo na natureza é energia ou Qi. Este conceito é divido em Yin e Yang que possuem relação antagônica. Portanto, a doença de forma geral, nada mais é do que o desequilíbrio entre Yin e Yang (MACIOCIA, 1996). A MTC considera a função do corpo e da mente como o resultado da interação de determinadas substâncias vitais. Como a base de tudo é o Qi, todas as outras substâncias vitais são manifestações do Qi em vários graus de materialidade. Estas são: Qi; Xue – sangue; Jing – essência pré-celestial herdada dos pais e pós-celestial obtida através dos alimentos; e Jin Ye – fluidos corpóreos como líquido sinovial, líquor, saliva, entre outros (MACIOCIOA, 1996). Existem várias teorias que explicam as inter-relações e os efeitos da acupuntura. A teoria mais antiga é a dos 5 Movimentos, onde existem cinco processos básicos – madeira, fogo, terra, metal e água – que são dependentes e se relacionam intimamente. Cada um é responsável por governar diferentes órgãos dos sentidos, emoções, cores, sabores, climas e tecidos do organismo (MACIOCIA, 1996). Outra, é a 16 teoria Zang Fu, onde Zang seriam as vísceras coração, baço-pâncreas, pulmão, rim, fígado e pericárdio; e os Fu seriam os órgãos intestino delgado, estômago, intestino grosso, bexiga, vesícula biliar e triplo aquecedor (ROSS, 1994). Segundo Pelham et al. (2001), embora o estudo anatômico por autópsia não fosse permitido na China antiga, os clínicos utilizavam as observações fisiológicas para desenvolver a teoria das funções dos órgãos Zang Fu. Os órgãos Fu são responsáveis por receber e digerir os alimentos e, as vísceras Zang, por produzir e estocar energia. Outro conceito importante dentro da MTC é a noção de que a energia flui através do organismo ao longo de canais específicos ou meridianos. Estes meridianos fazem a comunicação entre órgãos e extremidades, e é através deles que as funções fisiológicas do organismo são reguladas e o equilíbrio é mantido. Existem 14 meridianos principais, sendo 12 deles bilaterais e correspondentes a cada órgão Zang Fu, e outros dois que circulam nas linhas médias dorsal e ventral. Ao longo da cada meridiano existem pontos específicos onde as agulhas de acupuntura são inseridas (MACIOCIA, 1996). O sistema de meridianos é utilizado para fazer diagnóstico e desenvolver planos de tratamentos para ampla variedade de condições patológicas. Os demais fatores como Yin Yang, energia, sangue e órgãos Zang Fu devem estar em equilíbrio para que haja saúde. O organismo deve também manter o equilíbrio com o ambiente externo (MACIOCIA, 1996). ACUPUNTURA E MEDICINA ESPORTIVA A acupuntura parece ter sucesso no tratamento de baixa performance de eqüinos em diversos esportes (HARMAN, 1997). Quando combinada ao correto encilhamento, casqueamento e técnicas de montaria, a melhora na performance atinge aproximadamente 85 a 90% dos eqüinos tratados, retornando ao mesmo nível ou nível superior da 17 performance original, após cerca de um a quatro tratamentos com acupuntura (HARMAN, 1997; HARMAN, 2001). A queda de performance devido à dor lombar crônica é problema comum em cavalos de esporte (KLIDE & MARTIN, 1989) e terapias complementares como o uso de ervas e acupuntura, são efetivas para o tratamento desta condição (KLIDE & MARTIN, 1989; XIE & LIU, 1997; HARMAN, 2001). Existem vários trabalhos que demonstram esta eficácia melhorando a performance da maioria dos cavalos atletas após 10 sessões de acupuntura em média, seja por acupuntura tradicional, eletroacupuntura, aquapuntura ou laser em pontos localizados na musculatura lombar (MARTIN & KLIDE, 1987; KLIDE & MARTIN, 1989; XIE & LIU, 1997). Sabe-se que a acupuntura está associada à liberação de β-endorfinas. Estes opióides têm sido identificados na modulação da dor e inibição da transmissão nociceptiva em todos os níveis do sistema nervoso. Concentrações aumentadas de β-endorfinas têm sido encontradas após o exercício e a acupuntura (PELHAM et al., 2001). Harman (1997) sugeriu que não ser aconselhável tratar um eqüino pela acupuntura nas 48 horas que antecedem a competição, já que este pode apresentar-se relaxado devido à liberação de opióides endógenos. Tem-se relatado que a acupuntura e o exercício possuem efeitos fisiológicos muito semelhantes no organismo. Ambos atenuam o sistema nervoso, estimulam fibras nervosas aferentes, produzem efeitos similares nos sistemas cardiovascular e pulmonar e produzem respostas neuroendócrinas semelhantes (PELHAM et al., 2001). Segundo Henneman (2001) os desequilíbrios que envolvem as substâncias vitais – Qi, Jing, Xue, Shen e Jin Ye – devem ser considerados de grande importância quando se trata de problemas relacionados à medicina esportiva como na deficiência de Xue que pode 18 não alterar o hematócrito, mas pode afetar os tecidos tornando-os fracos por falta de nutrição. A compreensão da relação entre os órgãos internos auxilia na seleção dos pontos para o tratamento de lesões esportivas (HENNEMAN, 2001). Os rins armazenam Jing pré-celestial, são a base do Yin e do Yang e governam a saúde dos ossos, dentes, cartilagens e da medula – medula óssea, encéfalo e medula espinhal. Os rins são afetados pelo frio (ROSS, 1994). O baço-pâncreas é um dos mais importantes órgãos na terapia voltada à performance porque é responsável pela nutrição dos músculos, governa o sangue e mantém os órgãos no lugar. O BP e afetado pela umidade (ROSS, 1994). O fígado é responsável por harmonizar o fluxo suave de Qi por todo o organismo, armazenar o sangue e controlar os tendões bem como os cascos. O fígado é afetado pelo calor e pela estagnação (ROSS, 1994). O coração é o órgão mais quente por seu constante movimento e é facilmente afetado por deficiências de Yin. Este é responsável por regular o sangue e os vasos sangüíneos. O pulmão harmoniza o Qi, controla a respiração e é afetado pela secura (ROSS, 1994). Na MTC, as lesões causadas por esportes são, muitas vezes, resultado de estresse acumulado sobre tecidos enfraquecidos e/ou sistema imunológico debilitado. Fatores patogênicos externos como frio, calor, vento, secura e umidade, e fatores patogênicos internos são coadjuvantes importantes na ocorrência destas lesões (HENNEMAN, 2001). A invasão de frio nos músculos causa estagnação de Qi e Xue, criando contratura das fibras musculares. Na primeira o cavalo abaixa ao toque e na segunda, sente muita dor e tem aversão ao toque. Alguns exemplos na medicina ocidental seriam contratura de tendão, miopatia fibrótica e espasmos musculares (HENNEMAN, 2001). A invasão 19 de calor nos músculos – tanto temperatura externa quanto bactérias ou vírus patogênicos – é manifestada pela inabilidade de contrair ou atonia. Como exemplos seriam mieloencefalite protozoária eqüina, instabilidade cervical, mielopatia degenerativa e herpes (HENNEMAN, 2001). O vento se apresenta como doenças que possuem a característica de se moverem ou mudarem rapidamente, manifestando-se como tremores e contrações musculares irregulares. Exemplo disto seria a paralisia hipercalêmica periódica e convulsão (HENNEMAN, 2001). A invasão da secura no organismo danifica primeiramente Yin e Xue responsáveis pelo resfriamento e lubrificação. Quanto maior a atividade e a função metabólica de músculos e tendões, maior sua necessidade de Yin e Xue. Os sinais de secura manifestam-se similarmente aos de calor associados à pobre qualidade do casco, pele seca e perda da elasticidade de tendões e ligamentos (HENNEMAN, 2001). A umidade afeta primariamente o BP e conseqüentemente os músculos. A formação de fleuma no sistema musculoesquelético, normalmente causada por deficiência do BP, combinada a estresses biomecânicos de performance, casqueamento e desequilíbrios da sela, abre caminho para lesões artríticas. A formação de fleuma e edema entre os músculos interfere com a habilidade das fibras em manter a homeostase dos eletrólitos necessária para a contração e o relaxamento, afetando diretamente a propulsão e a absorção de impactos (HENNEMAN, 2001). O estresse causado por viagens, dieta, manejo e dor podem levar ao aparecimento de sentimentos como preocupação, depressão, raiva e medo que são identificados por pessoas que convivem com estes animais, sem antropomorfismo. A preocupação e a ansiedade deprimem o baço-pâncreas e o Qi do pulmão, a irritabilidade pode criar estagnação do Qi do fígado bem como deficiência de sangue do fígado, e o medo deprime o Jing e o Qi do rim (HENNEMAN, 2001). 20 Dois padrões importantes a serem considerados em medicina esportiva são os padrões de obstrução – Bi e flacidez – Wei. As síndromes Bi são normalmente caracterizadas por doenças crônicas como artrites, fibromioalgia e reumatismo. Estas são criadas pela obstrução profunda na distribuição de Qi e sangue. As síndromes Wei são causadas por deficiências de Qi e/ou sangue, e são identificadas primariamente por atrofia muscular. As causas incluem deficiências nutricionais, mieloencefalite protozoária eqüina, herpes, trauma e estresse biomecânico repetitivo (HENNEMAN, 2001). Ehrlich & Haber (1992) demonstraram em humanos que houve aumento significativo na capacidade atlética máxima e no limite anaeróbico – VLa4 dos indivíduos tratados com sessões semanais de acupuntura, durante cinco semanas. Estes achados foram interpretados como sinal de melhora funcional nos mecanismos hemodinâmicos e metabólicos, aumentando assim a performance. Pontos indicados para estimular a performance Os pontos conhecidos empiricamente para estimular a performance são Estômago 30 (E30), Estômago 36 (E36), Vesícula Biliar 27 (VB27), Baço/pâncreas 13 (BP13) e Bai Hui (Vaso Governador 3 – VG3). De acordo com Bosh & Guray (1999) e Fleming (2001a), os pontos apresentam as seguintes indicações de uso: Bai Hui –tratamento de qualquer claudicação, reumatismo e paralisia dos membros posteriores, artrite da articulação coxo-femoral e excesso de esforço físico. E30 – tratamento de dor abdominal, ciclo estral irregular e impotência sexual. E36 – indicado para deslocamento dorsal da patela, artrite do tarso, paralisia dos nervos tibial e fibular, imunoestimulação, anorexia, letargia e dor tibial ou fibular. 21 VB27 – considerado ponto de diagnóstico para problemas da articulação tíbio-tarso-metatársica. Utilizado para tratamento de problemas caudais de coluna, associado ao BP13 e ao E30. BP13 – indicado no tratamento de dor lombar, articulação coxofemoral e fêmoro-tíbio-patelar, e infertilidade. Existem vários pontos que podem ser utilizados com o intuito de melhorar a performance, como pontos que removam obstruções do meridiano – B12, C3, ID1, R8, VB30, E6, E41, BP9; pontos que resolvam a umidade – B15, R7, ID3, BP3, BP9, IG11; pontos que eliminem fleuma – E40, P5, P9, R27, Pc5, TA10, VC17 e pontos que atuem em tendões – VB21, B11, E4, IG15, VB31, VB34, VB35, F8 e em músculos – E36, BP6, BP15 (MACIOCIA, 1996). Acupuntura como auxílio diagnóstico A acupuntura também pode ser utilizada em eqüinos como auxílio diagnóstico de lesões principalmente osteomusculares. Estes, são animais que mostram os pontos doloridos ou Ah Shi com maior facilidade em relação às demais espécies (SCHOEN, 1995; FLEMING, 2001b). Os diagnósticos baseiam-se basicamente nos trajetos dos meridianos, nos pontos de assentimento ou associação, e na teoria dos cinco elementos. Com isto, é possível fazer-se o diagnóstico de lesões tendíneas, ligamentares, articulares, ósseas e musculares em membros anteriores e posteriores, e o diagnóstico de condições específicas como síndrome endócrina, síndrome do herpes vírus e síndrome neurológica (CAIN, 1997). BASES NEUROFISIOLÓGICAS DO MECANISMO DE AÇÃO DA ACUPUNTURA A acupuntura pode ser definida como a estimulação de pontos predeterminados e específicos no organismo para alcançar efeito 22 terapêutico ou homeostático (SCHOEN, 1993; DRAEHMPAEHL & ZOHMANN, 1997). O acuponto é definido geralmente como um ponto da pele com sensibilidade espontânea ao estímulo, caracterizado por resistência elétrica reduzida (HWANG & EGERBACHER, 2001). Muitos acupontos estão situados em depressões superficiais nas junções musculares e são áreas cutâneas providas de concentrações altas de terminações nervosas livres, plexos nervosos, mastócitos, vasos linfáticos, arteríolas e vênulas (HARMAN, 1993; LUNA, 1993). A acupuntura possui vários efeitos fisiológicos em todos os sistemas do organismo. Nenhum mecanismo isolado pode explicar todos estes efeitos observados (STEISS, 2001). As teorias da medicina tradicional chinesa têm explicado estes efeitos por 4.000 anos, baseadas em observações empíricas e na descrição de fenômenos ocorridos na natureza (LUNA, 1993; SCHOEN, 1993). Estas teorias incluem a teoria dos cinco movimentos e a dos oito princípios. A pesquisa científica tem sido capaz de explicar muitos destes efeitos, através da teoria neural não opióide, teoria humoral, da bioeletricidade e relações somatoviscerais (HARMAN, 1993; SCHOEN, 1995). A teoria neural não opióide implica na inibição de impulsos conduzidos através de certas fibras nervosas sendo que, o efeito da acupuntura depende dos sistemas nervosos periférico e central. Já, a teoria humoral é baseada na evidência de que a acupuntura estimula a liberação de opióides endógenos. Este mecanismo age em vários locais do sistema nervoso central inibindo a percepção dolorosa e a transmissão da dor da medula espinhal por meio de inibição descendente (GIDEON, 1977; LUNA & TAYLOR, 1998; LUNA, 2001; WYNN et al., 2001). Além de opióides, outros hormônios e neurotransmissores são liberados do eixo hipotalâmico-pituitário e outros locais. A acupuntura 23 facilita a função do sistema neuroendócrino e tem sido demonstrada sua ação na função ovariana, testicular, tireóidea, paratireóidea e pancreática. Através de seus efeitos no sistema neuroendócrino e suas funções de regulação homeostáticas, a acupuntura parece afetar a pressão sangüínea, o pulso, a respiração (SCHOEN, 1993), a motilidade gastrointestinal (LUNA & JOAQUIM, 1998), o sistema reprodutor (ALVARENGA et al., 1998), a coagulação (LUNA et al., 2001; ANGELI et al., 2001), a produção de leucócitos e o período de cicatrização (XIE et al., 1996). Os mecanismos bioelétricos propostos demonstram que existe uma condução diferente da inervação padrão, incluindo partes do sistema nervoso central. Na acupuntura, os canais de energia ou meridianos possuem menor resistência do que a pele adjacente, permitindo o fluxo de uma corrente bioelétrica através deles. Este fenômeno de propagação de energia através dos meridianos tem sido muito bem documentado por modelos neurofisiológicos (HARMAN, 1993; SCHOEN, 1993). Muitos dos reflexos somatoviscerais podem ser explicados através das teorias autonômicas da acupuntura. A estimulação cutânea por agulhas é transmitida para as vísceras através de sinapses somatoviscerais neurais na medula espinhal (SCHOEN, 1993). Quando determinado órgão sofre alterações patofisiológicas, um ou mais acupontos a ele relacionados, podem se tornar sensíveis ou mostrar outros sinais de anormalidade como coloração alterada ou endurecimento da pele (HWANG & EGERBACHER, 2001). O efeito desejado do estímulo de um acuponto se caracteriza resumidamente, por indução de inflamação asséptica, estímulo direto de nervos da pele, estímulo do tecido perivascular, estímulo direto de fusos tendíneos e musculares, ativação do mecanismo inibitório da dor 24 pela liberação de endorfinas e ACTH, melhora na circulação local, liberação de serotonina, indução de efeitos humorais e imunomodulação trombocitária (DRAEHMPAEHL & ZOHMANN, 1997). Há inúmeras técnicas para estimulação de acupontos. Dentre elas, as eletroacupuntura, mais comuns aquapuntura, são acupuntura moxibustão, com estimulação agulhas, a laser, implantes de ouro e acupressão. O número de tratamentos necessários depende da doença que está sendo tratada e da cronicidade do problema, e o tempo de cada tratamento pode variar de 5 a 30 minutos (SCHOEN, 1993). Como exemplo, um dos efeitos da acupuntura é a elevação da concentração plasmática de cortisol no homem e no cavalo. Esta elevação pode mediar os efeitos antiinflamatórios da acupuntura (LUNA & TAYLOR, 1998). O alívio da dor com uso da acupuntura é resultado do aumento na perfusão local e diminuição do espasmo muscular causado por efeitos locais da colocação da agulha e por reflexos somatoviscerais (STEISS, 2001). DISCUSSÃO A busca por um grande cavalo atleta é incansável dentro dos vários esportes eqüestres existentes. O que leva determinado cavalo atleta a se destacar como grande campeão é um conjunto de fatores que devem ser avaliados. Exemplo disto, é que se um cavalo possui excelente linhagem genética, conformação, idade apropriada para realização de determinado esporte, é submetido a treinamento adequado, possui alimentação balanceada, e mesmo assim não se torna um grande campeão; não se deve esquecer que o animal pode simplesmente não gostar da atividade que pratica e, neste caso, diz-se que o animal não possui “coração”. 25 O importante dentro da prática da acupuntura é não considerar somente o sistema musculoesquelético como causa da queda de performance, deve-se saber identificar a causa da dor com uso dos pontos Ah Shi, pontos de assentimento e pontos de alarme no diagnóstico o mais preciso possível. Harman (2001) considera demasiadamente a dor lombar como sendo grande problemática na medicina esportiva. Deve-se ter em mente todos os pontos diagnósticos das mais diversas lesões como Cain (1997) e Fleming (2001) preconizam quando do exame de palpação. A chave para resolver qualquer problema está em decifrar a causa e não somente proporcionar o alívio dos sinais. De forma geral em Medicina Chinesa, dor é a estagnação do fluxo suave de Qi através dos meridianos. Segundo Pelham et al. (2001), a acupuntura pode ser utilizada para restabelecer este fluxo de energia, aliviando os sinais de fadiga causados pelo treinamento em excesso. Em humanos, associado ao efeito anti-álgico gerado pela acupuntura, performance excelente tem sido relacionada ao bom humor causado pela mesma (PELHAM et al., 2001). Em eqüinos, utilizam-se com freqüência os pontos Ting ou de extremidades para o tratamento destes bloqueios nos meridianos pela sua praticidade e resposta quase que imediata. Levando-se em consideração que a maioria dos problemas ligados à medicina esportiva estão relacionados aos sistemas musculoesquelético, respiratório e imunológico, dentro da teoria dos cinco elementos, os mais envolvidos neste aspecto são terra, madeira e metal, que englobam respectivamente os meridianos do estômago e baço/pâncreas, fígado e vesícula biliar e pulmão e intestino grosso. O acúmulo de fleuma nos músculos e pulmão, gerado principalmente pela deficiência do Yang do BP (MACIOCIA, 1996), também está diretamente relacionada à queda de performance de cavalos atletas. Deste modo, o 26 uso de pontos que dispersam fleuma são bastante importantes no tratamento, uma vez feito diagnóstico o mais preciso possível. Algumas vezes torna-se difícil o tratamento pela acupuntura de bloqueios de meridianos ou até de lesões já instaladas em determinados cavalos atletas, porque há influência direta da qualidade do cavaleiro/amazona e do local onde o mesmo está acostumado a treinar. Segundo Cain (2003)*, existem padrões que se repetem em diversos cavalos num determinado local de treinamento e que desaparecem depois que o animal muda de ambiente. Os pontos utilizados empiricamente para estimular a performance – BH, E30, BP13 e VB27, estão ligados ao diagnóstico e tratamento das síndromes das articulações tíbio-tarso-metatarsiana, fêmoro-tíbio-patelar e coxo-femoral, classificadas por Cain (1997). O BH é ponto utilizado para o tratamento de qualquer afecção que envolva a região caudal à cicatriz umbilical (FLEMING, 2001a). Desta forma, sugerese que estes pontos tenham efeito anti-álgico nos membros posteriores o que provocaria melhora na performance de cavalos atletas, sendo assim conhecidos como pontos de dopagem. Oposto a Ehrlich & Haber (1992) que demonstraram aumento significativo na capacidade atlética máxima e no limite anaeróbico de atletas humanos tratados com sessões semanais de acupuntura, durante cinco semanas e utilizando os pontos F13, VC15, BP6, Pc6 e E36, Karvelas et al. (1996) não encontraram diferença nos parâmetros fisiológicos em humanos após único tratamento com acupuntura nos pontos F13, Pc6, E36, BP6. Estes trabalhos sugerem que há a necessidade de fazer-se mais de um tratamento para que haja * CAIN, M.J. (Médico Veterinário Acupunturista – Ohio, EUA) Comunicação pessoal, 2003). 27 alguma resposta fisiológica de melhora na performance de atletas humanos. Em eqüinos, o uso de determinados pontos para o tratamento de afecções musculoesqueléticas fica comprometido devido ao temperamento do animal que, com dor, muitas vezes torna-se agressivo. Deste modo, pontos importantes como BP6 e E36 são pouco utilizados na prática. A aquapuntura é bastante aplicada como técnica de acupuntura em eqüinos quando comparada, por exemplo, à eletroacupuntura, o que também é devido a sua praticidade e segurança proporcionada ao acupunturista e ao paciente. CONSIDERAÇÕES FINAIS A medicina esportiva é ciência bastante complexa, assim como a acupuntura. Existem muitos indícios que favorecem o uso da acupuntura na busca de melhora na performance de cavalos atletas. Entretanto, pesquisas são necessárias para que haja investigação sobre quais são estes efeitos e o quanto eles são benéficos. Estas informações permitirão que acupunturistas, treinadores e cavaleiros/amazonas façam bom uso desta modalidade terapêutica, sempre associada neste caso ao melhor condicionamento possível do atleta. 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, M.A., FERREIRA, J.E.P., MEIRA, C., LUNA, S.P.L., BURNS, P.J. Induction of luteolysis in mares utilizing a micro-dose of prostaglandin in the sacral lumbar space (Bai Hui accupoint). Equine Vet. 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