Formação do Gerente de Unidades de Beneficiamento e Comercialização de Frutas e Hortaliças Anita de Souza Dias Gutierrez Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida Paulo Roberto Ferrari Centro de Qualidade em Horticultura - CEAGESP Considerações sobre as cadeias de frutas e hortaliças frescas • A produção de produtos hortícolas frescos é caracterizada, na maior parte dos casos, pela fragmentação de produção e de origem: milhares de produtores, áreas pequenas, diferentes regiões produtoras com diferentes épocas de colheita. • Embora também existam vários casos de grandes produtores. • O produto hortícola fresco não sofre nenhum processo de transformação depois da colheita. • Na cadeia de produção de hortícolas frescos não existe um elo organizador. Falta de um elo coordenador • No caso dos produtos agrícolas industrializados, o agricultor é fornecedor de matéria prima e a indústria estabelece os padrões para essa matéria prima; • A indústria desenvolve novos produtos e também cuida das ações de marketing. • A indústria coordena a cadeia, o que de nenhum modo ocorre no caso dos hortícolas frescos, em que ninguém coordena a cadeia. A comercialização é extremamente complicada e geradora de grandes conflitos e insatisfações: • O produtor é em boa parte dos casos individualista. Há grande dificuldade de associação para a finalidade de comercialização. • A perecibilidade do produto, a colheita trabalhosa e prolongada (que impede ou, no mínimo, atrapalha muito o adequado acompanhamento do processo de comercialização pelo produtor isolado) e a inexistência ou precariedade da cadeia de frio tornam o produtor extremamente frágil em suas relações comerciais. • A concentração do varejo e dos serviços de alimentação em grandes redes e a enorme força do atacado, aliados ao atual forte processo de redução de custos, automação e corte de pessoal, criam uma pressão enorme sobre o produtor. Frutas e Hortaliças • Podem garantir ao pequeno proprietário rural um alto padrão de vida; • Alto investimento e faturamento por unidade de área; • Utilização intensiva de mão de obra; • Frutas e hortaliças não são commodities; • Grandes diferenças de preços são determinadas pela qualidade e pela maneira que se comercializa; • A etapa da comercialização é determinante para o sucesso do produtor. Valoração (Dicionário Houaiss) • É o ato ou efeito de valorar, de determinar a qualidade ou o valor de algo. Valor monetário das frutas e hortaliças • É resultado do equilíbrio entre a oferta, a demanda e os atributos de qualidade • Existem grandes diferenças de preços por qualidade em um mesmo dia de comercialização Qualidade (Dicionário Houaiss) • Aquilo que determina a natureza de algo, uma característica distintiva que o faz sobressair em relação aos outros. Qualidade nas frutas e hortaliças • Adequação a um determinado uso. • Atributos sensoriais (coloração, formato,, gosto, aromas e sabor) • Valor nutritivo e propriedades funcionais • Defeitos (Abbott, 1999) Caminho dos produtores de frutas e hortaliças de sucesso • Conhecimento das características qualitativas responsáveis por uma melhor aceitação do consumidor final e no mercado atacadista. • Plantio em região com características climáticas adequadas e a adoção de um sistema de produção que possibilite chegar o mais próximo possível da melhor qualidade. Caminho dos produtores de frutas e hortaliças de sucesso • Associação da marca ou nome do produtor ou associação um produto de alta qualidade. • Dispor de um sistema de informação que permita visualizar constantemente as diferenças de preços de diversas qualidades de produto. Unidade de Beneficiamento Comercialização ou • Os barracões de classificação e comercialização são imprescindíveis para consolidar a produção do grande número de produtores de uma determinada região; • Possibilita classificar os produtos dentro de um mesmo padrão de qualidade, submetê-los a um mesmo controle de qualidade e enviar cada lote para o seu melhor nicho de mercado. Unidade de Beneficiamento Comercialização ou • As operações anteriores são as que possibilitam a criação de um marca ou marcas confiáveis e que sejam sinônimos de uma garantia constante de qualidade. • A classificação conjunta viabiliza a formação de grandes volumes de produtos de pouco valor para o mercado in natura mas que servem perfeitamente como matéria prima para a agroindústria. Unidade de Beneficiamento Comercialização ou • A concentração em um único ponto facilita a instalação da indústria e ainda tem a vantagem de “enxugar” o mercado de produtos frescos do produto de pior qualidade. Etapas que podem acontecer em uma unidade de beneficiamento e comercialização 1. 2. 3. 4. 5. Recebimento; Seleção e/ou aferição da qualidade; Limpeza (Lavagem e Secagem); Aplicação de cera (Polimento); Classificação; Etapas que podem acontecer em uma unidade de beneficiamento e comercialização 1. 2. 3. 4. 5. 6. Embalagem e paletização; Resfriamento; Armazenagem Carregamento; Transporte; Negociação e comercialização. Estruturas de apoio à unidade de beneficiamento e comercialização • • • • Informações diferenciadas de mercado; Cadastro de compradores; Cadastro de fornecedores; Treinamentos em classificação, embalagem, pós-colheita e comercialização. Quem pode operar a unidade de beneficiamento e comercialização • • • • • Cooperativas ou associações de produtores; Grandes produtores; Prestadores de serviços; Integradores; Atacadistas. • Devem ser credenciados no MAPA e seu funcionamento deve ser periodicamente monitorado para garantia de funcionamento compatível com as necessidades de toda a cadeia. • O importante é que as regras comerciais sejam muito claras e Exemplos de Unidades de Beneficiamento e Comercialização de Frutas e Hortaliças Evolução da Tomaticultura de Mesa no Brasil Unidade de Tomate de Mesa Unidade de Batata Unidade de Citros Cooperativa de Produtores de Pimentão – Murcia/Espanha Unidade de Folhosas Gerente da Unidade de Beneficiamento e Comercialização (UBC) Criação e Modernização de UBCs • Estão acontecendo cada vez mais; • Por tudo que já foi dito, elas são imprescindíveis para o sucesso dos produtores de frutas e hortaliças na comercialização; • Tudo indica que será grande a necessidade de profissionais aptos a gerenciá-las. • Grande mercado potencial para os futuros tecnólogos em agronegócios. Tecnólogo em Agronegócio • Currículo já próximo da necessidade de conhecimentos e habilidades que um bom gerente de UBC deve possuir. • Necessita de algumas adequações de foco nas disciplinas já oferecidas e de alguns conhecimentos complementares. Gerente (Dicionário Houaiss) Acepções ■ adjetivo e substantivo de dois gêneros 1 que ou aquele que gere e/ou administra negócios, bens ou serviços ■ substantivo de dois gêneros Rubrica: termo jurídico. 2 cargo atribuído à pessoa responsável pela gerência Gerente de UBC • Dois focos: – Atividades operacionais – Comercialização e marketing • Dependendo do marketing da UBC ela poderá ter um ou dois gerentes. • Nas menores o gerente deverá acumular todas as funções. Missão do Gerente da UBC • Gerenciar a implantação e administração de unidades de recebimento, classificação, comercialização e entrega de frutas e hortaliças frescas de uma cooperativa ou associação de pequenos produtores rurais, ou de um grande produtor ou atacadistas com ênfase no mercado interno.