UNIVERSIDADE DO V ALE DO ITAJAÍ CENTRO D E CIÊNC IAS TECNOLÓGIC AS D A T ER R A E DO M AR Curso de Engenharia Ambiental Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia. Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar – UNIVALI – Itajaí, SC Volume I Fábio Vaccaro de Carvalho Orientador: José Matarezi, Esp. Co-orientadora: Yára Christina Cesário Pereira, Dra. Itajaí, julho/2013 UNIVERSIDADE DO V ALE DO ITAJAÍ CENTRO D E CIÊNC IAS TECNOLÓGIC AS D A T ER R A E DO M AR Curso de Engenharia Ambiental TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia. Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar – UNIVALI – Itajaí, SC. – Volume I Fábio Vaccaro de Carvalho Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. Itajaí, julho/2013 i ii DEDICATÓRIA MEU PAI – SÉRGIO JOSÉ DE CARVALHO (MEMÓRIA E EM ESPÍRITO) O dever de todo revolucionário é transformar a utopia em lógica "O que havemos de por dentro do Estado devemos por, antes, dentro da escola" Humboldt iii AGRADECIMENTOS ENERGIA CÓSMICA – DEUS – KRISHNA – PACHAMAMA – MESTRES ESPIRITUAIS .. FAMÍLIA – A todos aqueles que participaram de alguma forma, neste processo de aprendizagem, em especial ao meu pai - Sérgio, minha mãe - Sônia e maninha - Carla.. COMPANHEIRA – Nathália, meu amor.. MESTRES – Alexandre Oqsomos, Dalva, Diego TT, Hermes, Jomar, Maidana, Ricardo.. AMIGOS ORIENTADORES – José Matarezi e Yára Cesário.. BANCA – Maria Gloria Dittrich e Sônia Portalupi.. AMIGOS – OS DISTANTES – OS DE PERTO – OS FORMADOS.. Em especial aos de xanxa, à república biblioteca, deutschland girls, colegas e meus exscaroneiros.. AOS GRANDES AMIGOS DO CPA, LEA, LGVR.. AOS NOVOS AMIGOS DO SUSTENTA-HABILIDADE, em nome do Ricardo Stanziola AOS AMIGOS QUE ACOMPANHARAM A PESQUISA: ENTREVISTADOS ANÔNIMOS.. EQUIPE TÉCNICA, TRANSCRITORES – Alexandre, Anna, BemBem, Camila, Denize, Diego, Emerson, Gio, Jéssica, Kaue, Lara, Letícia, Lud, Nath, Rafa, Mildred, Rubens.. AOS AMIGOS DO PROJETO MEROS DO BRASIL, ONG IDEIA, ONG TETO VERDE FORMAÇÃO “PERMACULTURAL” ANIMA, ARCA VERDE, CPA, ÇARAKURA, CASA COLMEIA, YVY PORà PROFESSORES/EDUCADORES – Pela minha formação acadêmica iv RESUMO CARVALHO, Fábio Vaccaro de. Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia: Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar – UNIVALI – Itajaí, SC. 2013. Monografia (Graduação) - Curso de Engenharia Ambiental, Univali - Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí - SC, 2013. 178 p. Este estudo nos remeterá a uma reflexão epistemológico-teórico-metodológica de identificar possíveis diálogos entre o Curso de graduação de Engenharia Ambiental da Universidade do Vale do Itajaí (SC) – UNIVALI com a Permacultura, no processo formativo do engenheir@ ambiental, representadas pelas Estações Permaculturais: Casa Colméia, Instituto Anima, Instituto Çarakura, Yvy Porã e pelo coletivo de pesquisadores da Comissão de Permacultura e Agroecologia – CPA. A partir de uma pré-categorização ancorada nos dez principais campos de projeção transdisciplinar e ecoformação (Decálogo de Barcelona – ES), os princípios da permacultura e os cinco pilares que promovem a sustentabilidade educadora (Laboratório de Educação e Política Ambiental – OCA); foi convergido em cinco indicadores – transdisciplinar, ecoformação, ecossistêmico, criatividade, ética. Destes, foi realizada uma análise documental do Projeto Pedagógico e dos Planos de Ensino da Matriz Curricular do Curso de Engenharia Ambiental. Contemplou-se ainda uma compreensão dos Perfis, Atuação e Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da instituição em referência. O caminho metodológico abrangeu também uma vivência dos pressupostos básicos do Curso de Permacultura em Design - PDC (Permaculture Design Course), esta foi transposta em um diário de campo. Além disso, foram realizadas entrevistas semi estruturadas diretas e com grupos focais, no contexto da Academia, como no contexto da Permacultura. Destas surgiram novas categorias para discussão: O “Despertar”; Educação; Teoria e Prática; Sobre o PP/Formação; Lacuna na formação acadêmica; Crítico; Perfil; Percepção sobre a palavra “Ambiental”; Permacultura: Como conheceu a Permacultura; Concepção de Permacultura; Princípios e Flor da Permacultura; Deve dialogar com a academia; Imersão; Habilidades do Educador e do Educando e Atitudes pessoais e coletivas. A análise dos dados norteou indicativos para a utilização de um instrumento auxiliar no planejamento ambiental para ecoformação de educadores e educandos. Visa-se a uma avaliação de mudanças no campo educacional formal quanto a processos transformadores, conectivos e intuitivos mediante indicadores qualitativos e de percepção ambiental quanto à Permacultura nos cursos de graduação. E destes, devem ser apropriados pelos educadores-acadêmicos-estrutura da universidade, através de pelo menos um Grupo de Pesquisa em Complexidade e Transdisciplinaridade. Palavras-chaves: Currículo, Ecoformação, Engenharia Ambiental, Permacultura, Transdisciplinar ABSTRACT v This study will refer us to an epistemological-theoretical-methodological to identify possible dialogues between the Environmental Engineering graduation course at the University of Itajaí Valley (SC) – UNIVALI with the Permaculture in the formative process of the Environmental Engineer, represented by the Permaculture Stations: Colmeia House, Anima Institute, Çarakura Institute, Yvy-Pora and by the Commission of Permaculture and Agroecology – CPA researchers. From a pre-categorization anchored in ten main fields of transdisciplinar projection and ecoformation (Barcelona Decalogue – ES), the Permaculture principles and the five pillars that promote sustainability educator (Environmental Policy and Education Laboratory – OCA) was converged in five indicators - transdisciplinary, ecoformation, ecosystem, creativity, and ethic. Of these indicators, it was conducted a desk review of the Pedagogical Project and Teaching Plans in the Matrix Curriculum Environmental Engineering Course. It also included an understanding of the Profiles, Performance and Vocation of Biological Sciences, Civil Engineering and Oceanography courses in the Earth and Sea Technological Science Center (CTTMar) of the institution in question. The methodological approach also included an experience of the basic assumptions in the Permaculture Design Course – PDC, this was transposed in a field diary. In addition, direct semi-structured interviews were conducted with focus groups, in the context of the Academy, and in the context of Permaculture. Of these interwies, new categories arose for discussion: The "Awakening", Education, Theory and Practice; About PP / Graduate formation; Gap in academic formation; Critic; Profile; the Perception of the word "Environmental"; Permaculture: How you knew the Permaculture; Permaculture Conception, Permaculture Principles and Flower; It must dialogue with academy?; Immersion; Educator and Student Skills and personal and collective attitudes. The data analysis guided indicatives for the use of a tool to assist in environmental planning for the ecoformation of educators and students. It aims at changes evaluation in the formal educational field as transforming processes, connective and intuitive by qualitative indicators and the environmental perception about the Permaculture in graduations course. And of these indicators, must be appropriated by the educators-academics-university structure, through at least Transdisciplinarity and Complexity Research Group. Keywords: Curriculum, Ecoformation, Environmental Engineering, Permaculture, Transdisciplinary one vi SUMÁRIO DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... ii Sumário ................................................................................................................................... vi Lista de Figuras ..................................................................................................................... viii Lista de Tabelas ...................................................................................................................... ix Lista de Apêndices – VOLUME II .............................................................................................. x Lista de Anexos – VOLUME II ................................................................................................. xi Lista de Abreviaturas .............................................................................................................. xii 1 2 Introdução..........................................................................................................................1 1.1 Justificativa .................................................................................................................4 1.2 Objetivos.....................................................................................................................6 1.2.1 Geral....................................................................................................................6 1.2.2 Específicos ..........................................................................................................6 Fundamentação Teórica ....................................................................................................7 2.1 Percepção Ambiental ..................................................................................................7 2.2 Projeto Pedagógico ....................................................................................................8 2.2.1 Apresentando o PP do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI .................10 2.2.2 Apresentando o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIVALI .........17 2.2.3 Apresentando o Curso de Ciências Biológicas da UNIVALI ...............................18 2.2.4 Apresentando o Curso de Engenharia Civil da UNIVALI ....................................19 2.2.5 Apresentando o Curso de Oceanografia da UNIVALI ........................................21 2.3 Espaços e Estruturas Educadoras: conceitos, significados e complementaridades. .22 2.3.1 Educador Ambiental ..........................................................................................23 2.3.2 Espaço Educador ..............................................................................................24 2.3.3 Cidades Educadoras .........................................................................................25 2.3.4 Sustentabilidade Educadora ..............................................................................26 2.4 Permacultura ............................................................................................................30 2.4.1 O Termo “Permacultura” ....................................................................................30 2.4.2 A Flor da Permacultura ......................................................................................31 2.4.3 Princípios...........................................................................................................32 2.4.4 Padrões Naturais ...............................................................................................37 2.4.5 Curso de Design em Permacultura - PDC..........................................................38 2.4.6 Permacultura no Brasil ......................................................................................39 2.4.7 Permacultura nas Universidades .......................................................................40 2.4.8 Permacultura em Santa Catarina .......................................................................41 2.5 Transdisciplinaridade e Ecoformação .......................................................................45 vii 2.5.1 3 Decálogo sobre a Transdiciplinaridade e Ecoformação: ....................................57 Metodologia .....................................................................................................................58 3.1 Tipo de pesquisa ......................................................................................................58 3.2 Áreas de Estudo .......................................................................................................59 3.3 Comitê de Ética ........................................................................................................64 3.4 Coleta de Dados e Instrumentos...............................................................................65 4 3.4.1 ETAPA 1 – A Pesquisa documental e Participação PDC ...................................65 3.4.2 ETAPA 2 – Definição dos indicadores ...............................................................66 3.4.3 ETAPA 3 – Entrevistas e Ouvidoria ...................................................................67 3.4.4 ETAPA 4 - Análise dos dados ............................................................................71 Resultados e Discussão ..................................................................................................72 4.1 Processos cognitivos....................................................................................................72 4.2 Diário de Campo ..........................................................................................................73 4.3 Indicadores ..................................................................................................................74 4.3.1 Releitura do Projeto Pedagógico - Engenharia Ambiental .........................................77 4.3.2 Planos de Ensino ......................................................................................................90 4.4 Entrevistas ...................................................................................................................94 4.4.1 Cronograma das Entrevistas.....................................................................................95 4.4.2 Os Equipamentos .....................................................................................................96 4.4.3 Roteiro Semi-Estruturado .........................................................................................97 4.4.4 Indicadores ...............................................................................................................97 • Transdisciplinar................................................................................................................98 • Ecoformação .................................................................................................................102 • Ecossistêmico ................................................................................................................105 • Criativo ..........................................................................................................................107 • Ético ..............................................................................................................................110 4.4.5 Categorias Emergidas ............................................................................................113 4.4.6 Permacultura ..........................................................................................................123 4.4.7 Ouvidoria ................................................................................................................138 4.4.8 Outras propostas de aprendizado ...........................................................................139 5 Considerações Finais ....................................................................................................146 6 Referências ...................................................................................................................156 viii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Inter-relação dos eixos temáticos do curso de Engenharia Ambiental ......................14 Figura 2 - Flor da Permacultura ................................................................................................32 Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura.........................................................37 Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura ..................................................................43 Figura 5 - Mapa Conceitual Transdiciplinaridade e Ecoformação Sustentável ..........................47 Figura 6 - Trans, Inter, Multi, Intra...Disciplinaridade .................................................................49 Figura 7 - Dimensão Ontológica................................................................................................51 Figura 8 - Níveis de Realidade ..................................................................................................52 Figura 9 - Sujeito Interdisciplinar ...............................................................................................53 Figura 10 - Sujeito Transdisciplinar ...........................................................................................54 Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia.......................................................71 Figura 12 - Projeto Pedagógico Institucional - PPI ....................................................................83 Figura 13 - Disciplinas dos Curriculos 2 e 3 ..............................................................................90 Figura 14 - Enquadramento das Disciplinas ..............................................................................91 Figura 15 - Motivos de Evasão do Curso de Engenharia Ambiental........................................ 120 Figura 16 - Litros de água Produzir 1kg de alimento ............................................................... 136 Figura 17 - Ouvidoria - Permaculture Global ........................................................................... 138 Figura 18 - Ouvidoria - PSB - Nacional ................................................................................... 139 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Indicadores ..............................................................................................................75 Tabela 2 - Compilações: Perfil, Campo de Atuação, Vocação ..................................................86 Tabela 3 - Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso ..................................92 Tabela 4 - Cronograma das Entrevistas ....................................................................................95 Tabela 5 - Período das Entrevistas ...........................................................................................96 Tabela 6 - Compilações Transdisciplinar ..................................................................................98 Tabela 7 - Compilações Ecoformação .................................................................................... 103 Tabela 8 - Compilações Ecossistêmico................................................................................... 105 Tabela 9 - Compilações Criativo ............................................................................................. 107 Tabela 10 - Compilações Ético ............................................................................................... 110 Tabela 11 - Compilações "Despertar" ..................................................................................... 114 Tabela 12 - Compilações Educação ....................................................................................... 115 Tabela 13 - Compilações Teoria/Prática ................................................................................. 116 Tabela 14 - Compilações PP/Formação.................................................................................. 118 Tabela 15 - Compilações Lacunas na Formação Acadêmica .................................................. 121 Tabela 16 - Compilações Como conheceu a Permacultura..................................................... 123 Tabela 17 - Compilações Concepção de Permacultura .......................................................... 124 Tabela 18 - Compilações Princípios e Flor da Permacultura ................................................... 128 Tabela 19 - Compilações Diálogo com a Academia ................................................................ 131 Tabela 20 - Compilações Imersão na academia ..................................................................... 133 Tabela 21 - Compilações Atitudes .......................................................................................... 134 x LISTA DE APÊNDICES – VOLUME II Apêndice A - Mapa Conceitual TICT Apêndice B - Diário de Bordo Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Apêndice D - Roteiro Semi Estruturado Apêndice E - Outras Categorias resultantes das Entrevistas Apêndice F - Atividades Complementares (Exemplos) Apêndice G - Banner Animais CPA Apêndice H - Banner Sustentabilidade CPA xi LISTA DE ANEXOS – VOLUME II Anexo A - Parecer Consubstanciado do CEP – Comitê de Ética Anexo B - Plano de Ensino da Disciplina de Introdução à Permacultura na UFSC Anexo C - Manifesto da Academia Anexo D - Perfil do Curso, Campo de Atuação Profissional e Vocação (Alterado) xii LISTA DE ABREVIATURAS CPA – Comissão de Permacultura e Agroecologia CTTMar – Centro Tecnológico da Terra e do Mar EA – Educação Ambiental ENEEA – Executiva Nacional de Engenharia Ambiental IES – Instituição de Ensino Superior IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado IPEMA – Instituto de Permacultura da Mata Atlântica IPEP – Instituto de Permacultura IPOEMA – Instituto de Permacultura Organização, Ecovilas e Meio Ambiente LEA – Laboratório de Educação Ambiental LGVR – Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos MMA – Ministério do Meio Ambiente OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental PDC – Permaculture Design Course – Curso de Design em Permacultura PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional PPC – Projeto Pedagógico do Curso PPI – Projeto Pedagógico Institucional PP – Projeto Pedagógico UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí - SC 1 1 INTRODUÇÃO “Certamente a mente, mente, tanto mente que não sente, a semente que plantou” Confraria da Costa Ao perceber as conexões que o Universo nos propõe, busca-se na essência dos elementos; a compreensão de como esta grande rede interage visando alcançar esta sensibilidade, alterar o estado de consciência para fazer parte deste equilíbrio energético. Um emaranhado de fios dessa rede é a problemática socioambiental – uma das grandes preocupações planetárias. Acredita-se que o caminho para alterar esse quadro, seja o repensar dos hábitos e prioridades incorporadas por diversas sociedades humanas ao longo da nossa historia. Isso porque é preciso assumir uma nova postura frente às questões socioambientais para harmonizar as inter-relações na perspectiva da sustentabilidade que incluem a dimensão da ética, social, ambiental, cultural, espacial, legal, espiritual e econômico. Atualmente interagimos em diferentes níveis com determinados produtos sem necessariamente refletir a origem e a composição destes elementos. Como escreve o alemão Wolfgang Sachs “a era da esperança em um desenvolvimento infinito já passou, cedendo espaço à era na qual a finitude do desenvolvimento se torna uma verdade aceita” (SACHS, 1997). Através desta reflexão busca-se um novo olhar prático sobre este envolvimento sustentável onde não só através de uma reengenharia que permita uma eficiência energética “ecológica”, mas também à felicidade das pessoas que nela se encontram (LOBOS, 1994). A consciência que o homem vem adquirindo de suas reais necessidades e das suas possibilidades é um dos elementos novos neste processo de mudança como afirma Miguel Arraes numa frase lembrada por João Francisco de Souza em seu livro Pedagogia da Revolução: Subsídios. Com estes processos de reflexão superar a dicotomia de formação intelectual e técnica para uma revolução interior na forma de interagir com a vida social e das diversas redes existentes. A ênfase desta revolução é produzir um conhecimento unificado na cultura popular através da organização e construção da hegemonia proletária (SOUZA, 2004). A aprendizagem transformadora no contexto socioambiental nos remete a uma revisão de princípios e valores que podem assegurar um futuro digno e sustentável como afirma a Carta da Terra. Neste contexto atual da humanidade a Teoria de “GAIA” de Loverlock (2002) 2 sendo a terra como um organismo vivo ou a mãe Terra, Pachamama dos quéchuas e aymarás, Tekohá dos Guaranies deve estar intrínsecas nas atitudes do cotidiano (VIEZZER, 2005). Neste contexto a Educação Ambiental (EA) torna-se cada vez mais emergente no exercício desse importante papel, visto a necessidade emergente de mudanças comportamentais significativas e a construção de uma nova identidade ecológica em prol do meio ambiente e da vida no planeta (BERNARDELLI, 2008). Na Conferência de Tbilisi (1977), a EA deve ser um: “processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos”. Tais pressupostos incluem a complexidade, a diversidade, a inclusão, a não predação e a sustentabilidade. Portanto, aceitar a condição de ser/estar num mundo complexo implica educar o olhar para que se possam ultrapassar os condicionantes econômicos e sociais que impedem a aceitação das diferenças inerentes à condição da multiplicidade de formas e vidas que habitam o planeta. Pensamento este, contemplado no Programa Município Educador Sustentável (MMA, 2005c) do Ministério do Meio Ambiente, que cita os espaços educadores como aqueles capazes de demonstrar alternativas viáveis para a sustentabilidade, estimulando as pessoas a desejarem realizar ações conjuntas em prol da coletividade e reconhecerem a necessidade de se educarem neste sentido. Na esperança de que os espaços e/ou estruturas, com as quais coexistimos e interagimos cotidianamente, sejam dotados de características educadoras e emancipatórias, que contenham em si o potencial de provocar descobertas e reflexões, individuais e coletivas simultaneamente, comparando a uma obra de arte e sua transformação de horizontes (MATAREZI, 2005). As categorizações da EA têm sido agrupadas de diversas maneiras, tanto política, popular, crítica, comunitária, formal, não-formal, para o desenvolvimento sustentável, conservacionista, socioambiental, ao ar livre, para solução de problemas entre tantas outras (CARVALHO, 2004a). Quanto aos Centros de Educação Ambiental (CEA´s) estes englobam todas aquelas iniciativas que, contando com instalações próprias ou cedidas e equipes pedagógicas especializadas, desenvolvem programas específicos de educação ambiental relacionados com o entorno onde se localizam (DEBONI, 2004 apud ANDALUZA, 2003). 3 Considera-se que a EA para a sustentabilidade global caracteriza-se por um processo de ensino-aprendizagem permanente, centrado no respeito a todas as formas de vida, reafirmando valores, atitudes e ações que contribuam para a transformação humana e social e para a preservação e conservação ecológica. Tal processo acontece em diversos níveis, inclusive na educação acadêmica. No contexto da academia (héka = distante + demos = povo) encontramos cursos voltados especificamente para a pesquisa e compartilhamento de conhecimento sobre o meio ambiente, dentre eles o estudado nesta monografia: engenharia ambiental. O Projeto Pedagógico deste curso visa formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental (UNIVALI, 2012). A questão da transdisciplinaridade na prática de pesquisa supõe a capacidade de ir além, transcender as disciplinas. Esse voo remonta aos sábios da Biblioteca de Alexandria, quando propugnavam que a formação ideal do ser humano teria que juntar a Matemática (as ciências exatas), a Filosofia (que então ocupava o papel do conhecimento do homem e da sociedade) e as Artes. Era a ideia do múltiplo e do uno, ou do múltiplo no uno, tantas vezes tentada seja na concepção das universidades, seja por investigadores individuais, seja em grupos de pesquisa (ALEKSANDROWICZ, 2000). A perspectiva transdisciplinar também tem sido adotada por instituições educadoras não formais, tanto em comunidades urbanas e rurais, por meio de Organizações Não Governamentais (ONGs) entre outras derivações, como em ecovilas e estações permaculturais. A escolhida da presente pesquisa é a Permacultura - uma área do conhecimento que busca resgatar e sistematizar as tecnologias sustentáveis desenvolvidas em diferentes culturas ao longo dos tempos, envolvendo a produção de alimentos, bioconstruções, saneamento ambientais, bem estar físico/espiritual e outras temáticas, é uma grande referência para a busca de tecnologias que sejam aplicáveis aos diferentes contextos sendo uma alternativa interessante para o planejamento das intervenções relacionadas à implantação de tecnologias sociais (PEAMSS, 2009). A Permacultura ou cultura permanente, para Mollison (1990), “é o design consciente de ecossistemas de produção agrícola e de conservação energética, estabelecidos com resistência, estabilidade, dinâmica e diversidade de sistemas naturais, como florestas ou pastagens. Tais sistemas provêm para necessidade própria, não poluem ou exploram e desta forma são sustentáveis.” 4 Através de uma reflexão e sentimento de uma visão ecossistêmica e interdisciplinar, tanto do conhecimento cientifico, como da vida profissional e vital. A mundialização não só se reflete nos valores econômicos, a mal entendida globalização, mas também em novos valores sociais, humanos, educativos, transpessoais e transcendentes que afloram nos mais distintos segmentos planetários. Uma ciência sem valores é um conhecimento cego, que caminha sem direção. Somos cidadãos planetários. Mas esta nova cidadania não nos é dada; é preciso construí-la entre todos (TORRE, 2008). Para fazer uma “sociedade” melhor é preciso preparar os homens que vão fundá-la, para torná-la eficaz, é preciso que a utopia ou o projeto integre uma formação permanente, aberta, completa. De todos os pedagogos, os libertários, costumam serem os mais consequentes, pois há a necessidade de adaptar os meios ao fim, assim, ao utilizar-se meios libertários busca-se a utopedagogia (ANTONY, 2011). Entretanto será que este processo de percepção e formação dos acadêmicos estão tendo esta oportunidade de se (re)conhecerem dentro da instituição como parte de um todo? Seus valores estão alinhados com a sua prática? Porque a formação em Permacultura é impactante? Qual é o diálogo possível e necessário entre as formações em Permacultura e em Engenharia Ambiental? 1.1 JUSTIFICATIVA A necessidade da “reforma do pensamento” como possibilidade de mudança de paradigma que viabilize outra forma de relacionamento do ser humano com o planeta gerou a inquietação que norteou este trabalho de pesquisa: Analisar estruturas educadoras voltadas para transformação profissional do Engenheiro Ambiental e promoção de práticas sustentáveis. Na trajetória acadêmica, tive a oportunidade de vivenciar o primeiro módulo do curso introdução à permacultura organizado pela Comissão de Permacultura e Agroecologia (CPA) em 2008. Esta (re)descoberta transformou os olhares e conduziu para esta pesquisa, pois a caminhada possibilitou a percepção de lacunas teórico-práticas no Projeto Pedagógico (PP) do Curso de Engenharia Ambiental quanto ao caráter formativo do perfil profissional, para que o egresso atue no mercado de trabalho solucionando as causas dos problemas e não maquiando-as, agindo apenas na consequência dos mesmos. A ética com o planeta e com as pessoas é algo que está fragmentado. Desta, Freire (1996) discorre bastante sobre a importância durante todo o processo de educação. A diferença entre sermos seres condicionados e não determinados a fazer algo. Nesta busca por uma 5 consciência crítica, perceber que nossos atos são políticos, desde consumir, comprar e trabalhar. Notam-se também as diferenças de formar e treinar as pessoas. Fato este que Sachs1 (2008) fala sobre as soluções das essências das metas do milênio, que incluem a conversão de todo o sistema global de energia para uma energia renovável, custaria menos de 1% da renda mundial anual. A adoção de uma política populacional corajosa, para reduzir o crescimento demográfico, custaria menos de um décimo de 1% da renda anual dos países ricos. O fim da miséria também demandaria menos de 1% desta mesma renda dos países ricos. Cita que não é pela ausência de soluções e sim pela falta de cooperação global. De um modo em geral os PPs dos cursos da área ambiental não contemplam temas importantíssimos de caráter formativo (formação geral) para que o profissional que atuará no mercado de trabalho possa solucionar as causas dos problemas socioambientais e não maquiá-las agindo apenas na consequência dos mesmos. Com a emergência das questões socioambientais, têm surgido novos cursos de graduação para atender a este mercado de trabalho em expansão. Ao mesmo tempo pouco se têm de estudos sobre os currículos dos mesmos e sua adequação as reais demandas na área socioambiental. Para Goergen (2010, p.31), a universidade precisa ensinar aos seus jovens alunos que é impossível a exploração infinita num mundo de recursos finitos. Os futuros cidadãos precisam ser os protagonistas de um grande tratado de paz, com o planeta. E, a principal transformação para que essa paz seja possível é a mudança de atitude. “Uma atitude que nasce do indivíduo e que se amplia para uma verdadeira cultura crítica. Não é preciso dizer que a educação tem um papel fundamental na geração dessa nova mentalidade. Do ponto de vista da instituição de educação superior, a sustentabilidade deve orientar-se numa dupla dimensão de totalidade. Primeiro, a totalidade da própria universidade cujas atividades de investigação, docência, prestação de serviços e atividades culturais devem formar um conjunto orgânico e integrado e, segundo, a totalidade do desenvolvimento econômico, social, ético, ecológico e cultural [...] abrindo espaço para uma nova concepção de educação superior que supera os limites do ensino e incorpora a dimensão da formação” (BERGHAM BOOKS/UNESCO PUBLISHING, 2008 apud GOERGEN, 2010, p. 31). O campo de estudo criado há mais de 30 anos por Bill Mollison e David Holmgren inova de forma radical com as perspectivas de formação e aprendizagem, inicialmente fora das 1 Este livro aborda medidas teórico-práticas para neutralizar e co-construir uma visão ampla sobre a economia. SACHS, J. A riqueza de todos – a construção de uma economia sustentável em um planeta superpovoado, poluído e pobre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v. Tradução de Sergio Lamarão, 2008. 6 universidades. Recentemente temos visto uma maior abertura do meio acadêmico e das universidades na apropriação dos princípios e éticas permaculturais. Na maioria das vezes ocorrendo de forma periférica aos currículos formais e/ou nos espaços alternativos e de extensão universitária. Exemplo deste processo é a existência em Itajaí (SC) da Comissão de Permacultura e Agroecologia, que desde 2007 atua com cursos e formações. Também iniciou um ciclo de Feiras Orgânicas em Itajaí, que atualmente ampliou-se para outras cidades, na época era um grupo dentro da ONG – Organização Não Governamental – Voluntários pela Verdade Ambiental (V-Ambiental) de Itajaí (SC). Este coletivo foi reativado após o “Curso de Permacultura: Por uma Vida Sustentável”, uma introdução sobre a permacultura, realizado nos dias quatro e cinco de julho de dois mil e onze, no Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos - LGVR junto aos parceiros da Sala Verde e do Laboratório de Educação Ambiental – LEA, dentre outros parceiros locais. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral Identificar possíveis diálogos entre o currículo de formação do Engenheir@ Ambiental da UNIVALI e a formação no Curso de Design em Permacultura (PDC). 1.2.2 Específicos a) Conhecer o Projeto Político Pedagógico do Curso de Engenharia Ambiental, do CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC; b) Apresentar o Perfil do Curso, o Campo de Atuação Profissional e a Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia, do CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC; c) Compreender a matriz curricular do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI, Itajaí – SC; d) Identificar as principais lacunas no processo de formação acadêmica frente à ecoformação e permacultura; e) Apontar caminhos que viabilizem diálogos entre a permacultura no currículo acadêmico dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil e Oceanografia, do CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC na perspectiva da ecoformação; f) Disseminar novas atitudes e práticas cotidianas (pessoais e coletivas) por meio da apropriação de conhecimentos sobre a permacultura. 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 PERCEPÇÃO AMBIENTAL “Nunca estivemos desconectados, mas sim, distraídos." Fabio Ibrahim El Khoury Nossas ideias ou conceitos organizam o mundo, tornando-o inteligível e familiar. São como lentes que nos fazem ver isso e não aquilo e nos guiam em meio à enorme complexidade e imprevisibilidade da vida. Acontece que, quando usamos óculos por muito tempo, a lente acaba fazendo parte de nossa visão a ponto de esquecermos que ela continua lá, entre nós e o que vemos, entre os olhos e a paisagem. Nossos conceitos são assim, como lentes em nossa visão da realidade (CARVALHO, 2004b). O estudo dos processos mentais relativos à percepção ambiental é fundamental para compreender esta relação do homem com o meio ambiente. Diversas ações e intervenções humanas são provocadas sem a real percepção de impacto e muitas vezes geram-se consequências que ignorávamos por completo, as quais afetam a qualidade de vida de várias gerações (Del RIO et al, 1996). A percepção ambiental pode ser definida como uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, o ato de observar-se e sentir-se inserido no meio. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou manifestações daí decorrentes são resultado das percepções (individuais e coletivas), dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa (FAGGIONATO) 2. Biossimiótica é a ideia baseada que a vida é semiótica, em sinais e códigos. Esta foi fortemente sugerida pela descoberta do código genético, mas tão longe fez pequeno impacto no mundo científico e foi em grande parte considerado uma filosofia em lugar de uma ciência. A razão principal para isto é que a biologia moderna assume que os sinais e significados não existem ao nível molecular e que o código genético não foi seguido por qualquer outro código orgânico durante quase quatro bilhões de anos, insinuam que era uma exceção totalmente isolada na história de vida. Este termo pode ser compreendido como estudos dos sinais em sistemas vivos (BARBIERI, 2008). 2 FAGGIONATO SANDRA. Percepção Ambiental. UFSCar. Disponível <http://www.cdcc.sc.usp.br/bio/mat_percepcaoamb.htm>. Acesso em: 08 nov. 2012. em: 8 A falta de compromisso das pessoas com as questões ambientais pode ser de certa forma devido à maneira como elas veem o meio ambiente e interagem com a mesma. Carvalho (2004b), diz que essa visão “naturalizada” tende a ver a natureza como o mundo da ordem biológica, essencialmente boa, pacificada, equilibrada, estável em suas interações ecossistêmicas, o qual segue vivendo como autônomo e independente da interação com o mundo cultural humano. Esta percepção distancia do verdadeiro equilíbrio energético da natureza com os seus elementos bióticos e abióticos. A visão socioambiental orienta-se por uma racionalidade complexa e pensa o meio ambiente não como sinônimo de natureza intocada, mas como um campo de interações entre a cultura, a sociedade e a base física e biológica dos processos vitais, no qual todos os termos dessa relação se modificam dinâmica e mutuamente em algum nível (CARVALHO, 2004b). 2.2 PROJETO PEDAGÓGICO “Acreditar não significa conhecimento, o homem só sabe aquilo que experiencia” Gnose Compreender a educação como um sistema aberto, dinâmico e complexo, implica na existência de processos transformadores que decorrem da experiência cotidiana, algo inerente a cada ser humano e que depende da ação, da interação e da transação entre sujeito que aprende e objeto a ser conhecido. Significa, também, que tudo está em movimento, algo que não tem fim, ou ainda, início e fim não são predeterminados. Cada final significa um novo começo, um recomeço, crescimento em espiral. Exige movimento contínuo, requer diálogos, interações, nada é linear e está sempre em processo de vir a ser, “do que ainda não é”. Neste contexto, o currículo é entendido como processo de diálogos entre educadores, educandos e instâncias administrativas. É datado, situado num determinado tempo e espaço, portanto, flexível, aberto ao imprevisto, ao inesperado, ao criativo, ao novo. Um currículo como campo de discussão e de contradição só será possível com a construção de uma política educacional que contemple as necessidades emancipatórias traduzidas na conquista da cidadania, na construção de sujeitos históricos (PEREIRA, 2004, p.106). Nesse sentindo, um Projeto Pedagógico - PP consiste na elaboração de uma proposta educacional para determinado espaço, grupo ou processo; desde seus referenciais conceituais, filosóficos e políticos até a forma como será operacionalizado. Não somente 9 como um documento que reúne os elementos relativos ao processo educacional, mas também como um processo de gestão contínua e democrática, que deve envolver todos os indivíduos, grupos e instituições com os quais o determinado grupo dialoga e se relaciona (CIDADANIA, 2008). É, portanto um documento identitário, no qual os sujeitos se veem e atuam sobre as suas demandas e planos, que serão periodicamente revistos e sistematicamente reconstruídos (MMA, 2005b). De fato, a construção de um Projeto Político Pedagógico - PPP configura-se num processo específico de cada instituição, idiossincrático. Embora encontremos caminhos comuns, eixos conceituais e elementos orientadores que fornecem concepções comuns de um PPP, o seu processo de construção é único e particular e não generalizável. Se este processo construtivo é mutável, nota-se que a instituição segue a mesma tendência (DEBONI, 2004). Articular, elaborar, construir projeto pedagógico próprio, implementá-lo e aperfeiçoá-lo constantemente, envolvendo de forma criativa e prazerosa os vários segmentos constitutivos da comunidade que está inserida, com suas respectivas competências, num processo coletivo, é um grande desafio. E o é em razão da necessidade de se atualizar e das expectativas pela melhoria da qualidade dos serviços educacionais e dos resultados desses serviços (BUSSMANN, 1999). No âmbito das políticas públicas, para o Ensino Superior algumas categorias têm sido referências para a organização curricular. Entre elas podemos citar: a flexibilidade curricular e pedagógica, o desenvolvimento de competências e habilidades e a autonomia, apresentados em documentos tais como: LDB - Lei 9.394/96; ForGRAD (1999) PNG; Proposta de Diretrizes para a formação inicial de professores da Educação Básica em Cursos de Nível Superior. Na Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação que proclama as missões e funções da Educação Superior: Formando uma nova visão da Educação Superior e da visão à ação - Conferência Mundial sobre Educação Superior realizada em Paris na Sede da UNESCO em outubro de 1998, encontramos o seguinte pronunciamento: “[...] as missões e valores fundamentais da educação superior, em particular a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o melhoramento da sociedade como um todo deve ser preservado, reforçado e expandido ainda mais, a fim de: educar e formar pessoas altamente qualificadas [...]; educar para a cidadania e a participação plena na sociedade [...]; promover, gerar e difundir conhecimentos por meio da pesquisa, [...]. A inovação, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade devem ser fomentadas [...] Reafirma o direito de todas as pessoas à 10 educação e o direito de acesso à educação superior com base nos méritos e capacidades individuais” (p. 20-31). Segundo Pereira (2004), esse movimento é um “convite ao pensamento”, que nos leva a compreender o paradoxal papel da universidade: ela tem ao mesmo tempo, um caráter conservador, regenerador e gerador dos saberes, ideias e valores culturais. Sendo uma síntese da cultura, a universidade concilia aparentes contradições desta, englobando dialeticamente, os opostos em que se extrema o processo cultural. Tem de aliar o passado e o presente, o particular e o geral, o especulativo e o prático, a rotina e a criação, o científico e o senso comum, o individual e o coletivo. [...] É necessário que na universidade haja lugar para todos e que neste espaço se trate de todos os problemas; que se aproximem diversos conhecimentos e pessoas diferentes, para que se tornem semelhantes sem terem de renunciar às suas especificidades e peculiaridades. Desta forma, ela é entendida como espaço e tempo, tanto do saber quanto do ser humano, pois se os diversos conhecimentos podem tornar diferentes os seres humanos, nada concorreria tanto para unir as pessoas quanto a aproximação de suas culturas (op. cit., p.114). Um PPP ou PP, aqui citado pela Universidade sem o político (P do meio), somente Projeto Pedagógico, em linhas gerais, é constituído de três Eixos Centrais, o Conceitual, o Situacional e o Operacional. O eixo Conceitual contém a idealização, o sonho de futuro, os princípios e valores, a ética, a concepção de sociedade e do ser humano partilhada pelo grupo.O eixo Situacional refere-se às características presentes do contexto, um diagnóstico da realidade sócio-educacional local. Um diagnóstico que deve ser pensado nos aspectos tanto no sentido "curativo", mas também no "preventivo". O eixo Operacional deve ser o planejamento objetivo das estratégias e ações a serem desenvolvidas, decorre de uma análise que contempla os outros dois eixos, mas melhor pautada se orientada através do Conceitual (MMA, 2005b) 2.2.1 Apresentando o PP do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI Segundo o PP do curso de Engenharia Ambiental da Univali (2012, p.7), busca-se manter um relacionamento estreito com a sociedade e o mercado de trabalho na região. Esta parceria tem ocorrido, no âmbito acadêmico, por meio das atividades de estágio nãoobrigatório, pesquisa, extensão e prestação de serviços, desenvolvidas por professores e alunos do curso. A matriz curricular (Ibidem, p.7), está estruturada de forma a atender os requisitos necessários (disciplinas, ementas e carga horária) dos campos de atuação profissional. Algumas estratégias são elaboradas pelos decentes, desde saídas de campo, pesquisas, 11 estudos de caso e/ou projetos com obtenção de dados reais, sendo assim articula-se com os acadêmicos a oportunidade com o mercado formal. Outro contato importante e que já virou tradição são os Trotes Ambientais, a Série Seminários em Engenharia Ambiental e o UNIVALI Limpando o Mundo que, além de serem abertos ao público, contam com a parceria de entidades, órgãos ambientais e ONGs da região, durante a sua organização e execução. O panorama do Mercado de Trabalho para os engenheiros ambientais é muito amplo, um mercado em crescimento. Segundo diversas matérias como a Folha de São Paulo, Jornal Hoje da rede globo, revista VEJA, jornal o Estado de São Paulo e Diário Catarinense, Jornal Nacional, entre outras reforçam a situação planetária e a grande importância da profissão (UNIVALI, 2012, p. 9-10). Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN)3 feita em 402 indústrias de todo o Brasil revela quais são as profissões do futuro. São nove áreas que terão grande oferta de vagas até 2020. Todas têm relação com engenharia, automação e conhecimentos de informática. Uma delas é o engenheiro ambiental e sanitário; Nome o qual, está para ser alterado pelo CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Vale ressaltar que esta alteração de nome não invalida a referente pesquisa. O Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI:É o documento que orienta e articula as diversas ações da Univali. Segue a definição da missão da Instituição e das estratégias para atingir seus objetivos, o PDI detalha metas, ações, metodologia de implementação dos objetivos e cronogramas (2012 p.15). O Projeto Pedagógico Institucional – PPI: Caracteriza-se como um plano de referência para a ação educativa, que constitui a base organizadora do Projeto Pedagógico do Curso – PPC de cada um dos cursos da Univali. O PPC é o instrumento de gestão acadêmicoadministrativa que evidencia o curso em movimento, cuja elaboração e execução resultam da ação conjunta da coordenação, de professores e alunos em direção à concretização dos objetivos do curso (Ibidem, p.15). Planejamento Estratégico: De acordo com o projeto político (Ibidem, p.16) o desenvolvimento deste planejamento da Instituição percorre-se diversas fases, entre as quais se tem o resgate da sua história, definição do público alvo (pessoas e organizações), negócio, missão, visão, princípios e fatores que servem de base para a construção de competências necessárias. Como diagnóstico estratégico ocorre à identificação das 3 FIRJAN.Perspectivas Estruturais do Mercado de Trabalho na Industria Brasileira - 2020. Disponivel em: <http://www.firjan.org.br/data/pages/402880811F3D2512011F7FE00DA433D9.htm>. Acesso em: 10 Maio 2012. 12 características internas (forças e fraquezas) e os fatores externos (ameaças e oportunidades) oriundas do macro ambiente, que poderão impactar no seu desempenho. Para completar, se procura conhecer as tendências em curso e que poderão afetar a educação, permitindo, então, uma análise prospectiva. Agora, com profundo conhecimento da realidade que afeta a Instituição, estabelecem-se perspectivas, objetivos, metas, indicadores e ações que resultarão no Planejamento Estratégico Corporativo e dos seus vários segmentos, compreendendo, portanto, mantenedora e mantida. Assim, diretrizes são estabelecidas, as quais norteiam a formulação do PDI, PPI e PPC, que precisam estar rigorosamente alinhados entre si e também com o Planejamento Estratégico. • Atribuições do Engenheiro Ambiental4 São estabelecidas pelo CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. De acordo com a Resolução N. 447, de 22 de setembro de 2.000, que “Dispõe sobre o registro profissional do Engenheiro Ambiental e discrimina suas atividades profissionais”, compete ao Engenheiro Ambiental o desempenho das atividades 1 a 14 e 18 do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, referentes à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e correlatos. Neste sentido, são atribuições do Engenheiro Ambiental: 1. Supervisão, coordenação e orientação técnica; 2. Estudo, planejamento, projeto e especificação; 3. Estudo de viabilidade técnico-econômica; 4. Assistência, assessoria e consultoria; 5. Direção de obra e serviço técnico; 6. Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; 7. Desempenho de cargo e função técnica; 8. Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão; 9. Elaboração de orçamento; 10. Padronização, mensuração e controle de qualidade; 11. Execução de obra e serviço técnico; 12. Fiscalização de obra e serviço técnico; 13. Produção técnica e especializada; 14. Condução de trabalho técnico; 4 Atualmente o que deve valer é a Resolução 1010 – que regulamenta a atribuição de títulos profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais inseridos no Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional. Disponivel em: http://www2.ifal.edu.br/sites/default/files/Resolu%C3%A7%C3%A3o%201010_1.pdf 13 18. Execução de desenho técnico. • Objetivo do Curso Formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar em nível local, regional e nacional, de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental (UNIVALI, 2012, p.15). • Perfil do Egresso e Competências a serem desenvolvidas durante a formação O perfil do acadêmico de Engenheiro Ambiental formado na Univali deverá ser “direcionado à prevenção e/ou resolução de problemas ambientais que afetam a qualidade ambiental e de vida da sociedade, com habilidades e capacitação técnico-científica para atuar numa visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na gestão ambiental de empresas, indústrias e instituições públicas e privadas” (Ibidem, p.19). As competências delineadas no PP do referido curso (Ibidem, p.19), apontam que o engenheiro ambiental deve ser capaz de: • Coletar, processar e analisar dados ambientais; • Trabalhar em equipe multidisciplinar, transitando com facilidade entre as diversas áreas envolvidas; • Apresentar atitude empreendedora e de liderança; • Elaborar e administrar planos de gestão, considerando as variáveis técnicocientíficas, sociais, econômicas e legais; • Demonstrar capacidade de síntese na elaboração de relatórios e pareceres; • Analisar criticamente projetos frente a potenciais impactos ambientais, reconhecendo suas implicações sociais e econômicas; • Conhecer, aplicar e desenvolver recursos tecnológicos para prevenção e resolução de problemas ambientais. • Estrutura Curricular A estrutura curricular do curso de Engenharia Ambiental está focada na Gestão Ambiental, com vistas a atender o perfil profissiográfico. Para tanto, três grandes eixos compõem o currículo do curso, conforme pode ser visualizado na “figura 1” abaixo: 14 Figura 1 - Inter-relação dos eixos temáticos do curso de Engenharia Ambiental Fonte: Coordenação do Curso, 2012 Planejamento Ambiental (PA), Qualidade e Tecnologia Ambiental (QTA) e Tecnologia da Informação (TI), cujos objetivos são assim descritos: • Planejamento Ambiental: construir planos orientados à manutenção da qualidade ambiental e de vida da sociedade de modo a orientar o desenvolvimento em nível regional e local; • Qualidade e Tecnologia Ambiental: aplicar recursos tecnológicos para avaliar, manter e/ou melhorar a qualidade ambiental dando suporte aos procedimentos de Gestão Ambiental; • Tecnologia da Informação: aplicar os recursos da Tecnologia da Informação para dar suporte à Gestão Ambiental através da organização e processamento de dados e informações, monitoramento, modelagem e previsão de fenômenos. • Metodologia O PPI leva em conta a “[...] realidade histórico-social, a formação de valores que dignificam o homem e a apropriação de princípios científicos de produção do conhecimento e sua consequente extensão à sociedade” (UNIVALI, 2012, p.50). Sendo assim, o processo educacional na Univali: “Sustenta-se em uma ação pedagógica dinâmica que pressupõe uma postura investigativa do professor e do aluno frente ao conhecimento e ao domínio dos modos de sua produção. Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos, a produzi-los e avaliá-los com rigor, precisão, correção, clareza, e que permitam a elaboração do pensamento de forma mais refinada do que o senso-comum. “Esse processo se implementa com base na missão de educar, formar e realizar pesquisas sob a égide da ética, da cidadania e da responsabilidade social” (UNIVALI, 2005, p. 15). 15 Chama a atenção o posicionamento do colegiado de curso explicitado no PP que transcrevo a seguir: “[...] o curso de Engenharia Ambiental da Univali busca a superação da excessiva racionalidade técnica tradicionalmente presente nos cursos de formação superior que, fundamentados numa lógica de distribuição e fragmentação dos conteúdos, conduzem à desarticulação entre a teoria e a prática, bem como ao distanciamento entre os domínios genérico e específico das atividades profissionais. São conhecidos os inúmeros prejuízos que a compartimentação dos saberes e a incapacidade de articulá-los uns aos outros causam à formação do profissional, especialmente no contexto histórico-social contemporâneo, cujos desafios da globalidade e da complexidade se apresentam com mais intensidade. Diante disso, a concepção de educação, na atualidade, tem procurado integrar conceitos, até então, dissonantes e utópicos. Pedagogos, filósofos e diversos cientistas sociais estão procurando sistematizar e integrar as mais diferentes concepções sobre educação. Hoje, estão sendo retomados conceitos, que durante muitos anos foram proscritos como hereges ou contrários às normas vigentes e ao status quo das sociedades estabelecidas.” (UNIVALI, 2012, p. 50). A certeza das incertezas do mundo contemporâneo está abrindo caminho para uma concepção de educação mais ampla, reunindo o que ficou separado e disperso durante séculos: o sujeito do objeto, a alma do corpo, e a existência da essência. Percebe-se que é fundamental unir a sabedoria antiga sobre a noção de unicidade do ser, com as reflexões ocidentais sobre a complexidade do ser. Compreender o todo a partir das partes, eis aí o paradigma da educação: pensar a complexidade atual e para o futuro. O grupo de professores que elaborou o PP ancora-se no pensamento de Morin (2000), que resgata as aspirações educacionais consideradas idealistas, ao acrescentar a sua cosmovisão à educação do futuro, que precisa introduzir e desenvolver o estudo das características cerebrais, mentais, culturais, dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades [...] prioriza os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo. [...] Não se pode esquecer que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico, e possui um destino em comum para enfrentar as incertezas da nossa época, com uma vocação para a paz e para compreensão mútua entre os seres humanos (UNIVALI, 2012, p. 51). Nesse sentido, a LDB, nº. 9.394/96, que trata da educação superior, no artigo 43, alínea I e II reitera que: “A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar na sua formação contínua”. 16 Esta lei deixa claro que entre todas as aspirações dos cursos superiores, aquelas dedicadas à formação do acadêmico como ser humano integral, reflexivo, solidário e dotado de espírito científico e inovador deverão ser priorizados pelos cursos de graduação (UNIVALI, 2012, p.51). A construção do projeto pedagógico de cada curso deve privilegiar, em primeiro lugar, o processo coletivo de reflexão que a instituição deseja oferecer aos seus estudantes sobre qual é o tipo de educação superior. Segundo esta premissa, e tendo por base as Diretrizes Curriculares cunhadas pelo MEC para os cursos de graduação, o curso de Engenharia Ambiental da Univali, vem trabalhando no sentido de buscar integrar os fundamentos filosóficos e políticos da instituição às exigências da LDB, descritas no parágrafo anterior (op. cit. 2012, p.51). • Diretrizes Curriculares De acordo com o explicitado no PP, os cursos de graduação, em qualquer área do conhecimento, devem atender a três objetivos fundamentais: a) flexibilizar a estruturação dos cursos, não mais submetidos à exigência de um currículo mínimo obrigatório, buscando a diversificação de experiências de formação para atender a variedades de circunstâncias geográficas, político-sociais e acadêmicas, para ajustar-se ao dinamismo da área e para viabilizar o surgimento de propostas pedagógicas inovadoras e eficientes; b) recomendar procedimentos e perspectivas essenciais, de modo a funcionar como um padrão de referência para todas as instâncias que, buscando a qualidade, objetivem uma sintonia com posições majoritariamente defendidas pelas instituições e entidades representativas da área; c) estabelecer critérios mínimos de exigência, no que se refere a formulação e à qualidade da formação, que possam funcionar como parâmetro básico de adequação e pertinência para os cursos da área (op. cit., p.51): “O atendimento a estes objetivos permite que o perfil do egresso na área da Engenharia Ambiental transpareça as competências e as habilidades adquiridas; demonstre a capacidade de adequação à complexidade do mundo contemporâneo; propicie uma visão integradora e ao mesmo tempo, especializada do seu campo de trabalho e favoreça a consciência crítica quanto ao uso do instrumental teórico e prático do seu curso e inspire uma atitude, ética, inovadora e solidária em todas as suas ações” (op. cit. 2012, p.51). Diante desta percepção de educação para o ensino superior, o ato pedagógico se estabelece como uma condição teórico-didática pela qual se materializa o processo educativo. Esta materialização abstrai de uma orientação teórico-metodológica capaz de proporcionar a construção de conhecimentos por meio de múltiplas estratégias de ensino e avaliação. Assim, a ação pedagógica que orienta os processos de ensino e de 17 aprendizagem se caracteriza como um processo dinâmico, dialógico, que tem como premissa básica mediar a relação entre sujeito/objeto, conhecido/desconhecido, saberes teóricos/práticos, professores/alunos, além de organizar e sistematizar os saberes necessários à vida e a profissão: “Pensar o caminho metodológico do curso é pensar: o processo de açãoreflexão-ação e a indissociabilidade do ensino/pesquisa e extensão num movimento circular que transcende a linearidade do conteúdo/forma desenvolvido. Assim, o desafio do curso no eixo da ação docente, do ensinar para os processos que levem ao aprender e assumir a função de fornecer aos acadêmicos referenciais teórico-metodológicos consistentes que o capacitem a interagir ativamente com o conhecimento acumulado, com o modo de construir conhecimento que é próprio da ciência e com as formas diferenciadas de estabelecer interlocução com a sociedade, no sentido de socializar o conhecimento produzido” (UNIVALI, 2012, p.52). Isso significa que, na Educação formal e não formal, não basta integrar conhecimentos entre as diferentes áreas; é preciso construir com base nesses conhecimentos, mas não somente deles, pois uma visão sistêmica de mundo vai além da esfera do conhecimento - inclui relações dos seres humanos entre si e destes com o mundo. Pressuposto que nos leva a compreensão de que dialogar com outros saberes, com o saber do outro, implica no reconhecimento do outro como legítimo outro. Implica ainda em reconhecer a riqueza das relações entre o saber sábio e o saber vivido, em conexão entre o individual e o coletivo, entre o ensinar e o aprender em comunhão com o cosmos. A seguir, vamos apresentar o Perfil dos Cursos, os Campos de Atuação Profissional e a Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia do CTTMar da UNIVALI, Itajaí (SC). 2.2.2 • Apresentando o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIVALI Perfil do Curso O Engenheiro Ambiental e Sanitarista formado na Univali terá um perfil direcionado à prevenção, resolução e gestão de problemas ambientais e de ordem sanitária que afetam a qualidade de vida da sociedade, para atuar numa visão transdisciplinar de modo ético, crítico e inovador. • Campo de atuação do profissional O Engenheiro Ambiental e Sanitarista atua na prevenção, resolução e gestão ambiental em empresas e instituições de tecnologia, pesquisa científica e saneamento, públicas e 18 privadas, atuando também de forma autônoma, na elaboração projetos e prestação consultoria. 2.2.3 Apresentando o Curso de Ciências Biológicas da UNIVALI O Curso de Ciências Biológicas5 possui duas linhas temáticas, Biotecnologia e Biologia da Conservação; sua titulação é em bacharelado, foi implantado no início de 1998 e possui uma carga horária de 3600 horas com duração de 8 semestres divididos em vespertino e noturno. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de atuação e a vocação: • Perfil do Curso O curso de Ciências Biológicas forma profissionais capacitados para observar, questionar, investigar e analisar problemas biológicos e ambientais e suas possíveis soluções de maneira inter e multidisciplinar. Neste contexto, tanto a Biotecnologia como a Biologia da Conservação, buscam meios de utilizar os recursos vivos de forma comprometida com o desenvolvimento do meio ambiente e sua utilização sustentável. • Campo de Atuação Profissional Os biólogos, bacharéis em Ciências Biológicas, podem atuar em instituições, organizações, indústrias e empresas que estejam ligadas aos diversos aspectos das ciências biológicas. Podem atuar como pesquisadores em institutos de pesquisa privados e estatais, fundações e indústrias. Além disso, podem atuar em planejamento e consultoria, tanto no setor produtivo como em prestação de serviços, para entidades governamentais e nãogovernamentais. • Vocação O bacharel em Ciências Biológicas é um profissional com formação técnico-científica, altamente qualificado, com conhecimentos amplos nas áreas de zoologia, botânica, ecologia, e biologia celular e molecular. Está apto a desenvolver trabalhos de pesquisa em diferentes áreas das Ciências Biológicas e de formular hipóteses, analisar dados experimentais, sintetizar conhecimentos e divulgar resultados. O profissional também é capaz de desenvolver e aprimorar produtos de origem biológica, assim como coordenar seu aproveitamento de modo sustentável. A formação do profissional compreende disciplinas de zoologia, botânica, ecologia e biotecnologia, integrando os conteúdos das diversas áreas. Há ênfase na aplicação dos 5 UNIVALI. Curso de Ciências Biológicas. Disponível em: <http://univali.br/biologia>. Acesso em: 08 nov 2012c. 19 conhecimentos, com mais de 50% do curso sendo de aulas e atividades práticas, incluindo laboratórios e saídas de campo. 2.2.4 Apresentando o Curso de Engenharia Civil da UNIVALI O Curso de Engenharia Civil6 possui bacharel e titulação de Engenheiro Civil, foi implantado em 1997 no segundo semestre e possui uma carga horária de 3915 horas com duração de 10 semestres divididos em vespertino/noturno. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de atuação, seu mercado de trabalho e a vocação: • Perfil do Curso Formar o profissional generalista com qualificação técnica, científica, humanística, ética e cidadã, para atuar nas diversas subáreas da Engenharia Civil, envolvendo projeto e execução de obras, consultoria e extensão, atividades de planejamento e administração de empreendimentos do setor e avaliação de impactos ambientais, decorrentes de sua atuação profissional, usando da informática e das novas tecnologias como instrumentais para o exercício da engenharia. • Campo de Atuação Profissional O profissional de engenharia tem seu exercício profissional regulado pela Lei no 5.194/66. Quanto às atividades que pode desempenhar para efeito de fiscalização do exercício profissional, estão estabelecidas pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA, pela Resolução no 218/1973-1, e são as apresentadas a seguir: Atividade 01 - Gestão, supervisão, coordenação, orientação técnica; Atividade 02 - Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto, especificação; Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental; Atividade 04 - Assistência, assessoria, consultoria; Atividade 05 - Direção de obra ou serviço técnico; Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria, arbitragem; Atividade 07 - Desempenho de cargo ou função técnica; Atividade 08 - Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, divulgação técnica, extensão; Atividade 09 - Elaboração de orçamento; Atividade 10 - Padronização, mensuração, controle de qualidade; Atividade 11 - Execução de obra ou serviço técnico; Atividade 12 - Fiscalização de obra ou serviço técnico; Atividade 13 - Produção técnica e especializada; Atividade 14 - Condução de serviço técnico; Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; 6 UNIVALI. Curso de Engenharia Civil. Disponível em: <http://univali.br/civil>. Acesso em: 08 nov 2012b. 20 Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 17 – Operação, manutenção de equipamento ou instalação; e Atividade 18 - Execução de desenho técnico. Tais atividades, conforme estabelecido na Resolução no 1.010/2005, são aplicadas aos diversos campos de atuação profissional da modalidade de Engenharia Civil, conforme descritos a seguir: (i) Construção Civil; (ii) Sistemas Estruturais; (iii) Transporte; (iv) Geotécnica; (v) Hidrotecnia; (vi) Saneamento Assim, O Engenheiro Civil atua nessas áreas, em empresas públicas, mistas e privadas, exercendo suas funções em cargos técnicos, administrativos e gerenciais. Essas funções exigem do Engenheiro Civil capacidade de propor soluções a problemas teóricos e práticos, aplicando as teorias e os conceitos aprendidos em situações do dia-a-dia, bem como a capacidade de liderança para a coordenação de equipes e projetos. • O curso e o mercado de trabalho A inserção do egresso no mercado de trabalho tem sido um diferencial do curso de engenharia Civil da Univali. Pesquisa recente realizada com os egressos apontou que 100% deles estão exercendo a profissão. Para isso são realizadas, semestralmente semanas acadêmicas, visitas técnicas, palestras de formação profissional, atendimento à comunidade, via escritório escola, por meio de parcerias e convênios com a Associação regional de Engenheiros e Arquitetos – AREA Itajaí, Mutua - Caixa de Assistência e CREA SC. Tudo isso para que o aluno esteja atualizado com os rumos do mercado de trabalho e áreas de atuação do Engenheiro Civil. Outro destaque é a atuação do aluno, desde cedo, em pesquisas e consultorias, via escritório escola e entidades conveniadas à instituição. Já envolvido pelo curso e sempre em parceria com um professor engenheiro, o aluno se vê atraído pela possibilidade de atuação remunerada na pratica da engenharia civil, pesquisando e resolvendo problemas reais, em tempo real, resultando na prestação de serviços à comunidade. Existe ainda o estímulo à prática do estágio no período matutino, desde o início do curso, já que não são realizadas aulas no período da manhã. Este é um fator que contribui para a permanência do aluno na instituição e amplia as possibilidades para aqueles alunos que pretendem ingressar no curso, mas precisam desenvolver alguma atividade remunerada 21 para que isso seja possível. Em 2010, 50% dos alunos do curso realizaram estágio profissionalizante remunerado (obrigatório ou não). Após essa experiência, os alunos são muito bem recebidos no mercado de trabalho. • Vocação O engenheiro civil é o profissional responsável pelos estudos, projetos e execução das mais importantes obras de infraestrutura, das quais destacam-se a construção civil, rodovias, portos, aeroportos, saneamento e barragens. No canteiro de obras, chefia as equipes, supervisionando prazos, custos e padrões de segurança. Cabe a ele garantir a segurança da edificação, calculando os efeitos dos eventos e das mudanças de temperatura na resistência dos materiais. Disciplinas como cálculo, física, construção civil, projetos de engenharia, pavimentação e topografia são o forte do currículo. Portanto, prepare-se para exercitar suas habilidades em cálculos e desenho. No curso de Engenharia Civil você terá muitas aulas práticas, visitas a obras, práticas de laboratórios, sem falar nas matérias das áreas de administração e economia, que ensinam técnicas e métodos de gerenciamento de projetos e equipes. 2.2.5 Apresentando o Curso de Oceanografia da UNIVALI O Curso de Oceanografia7 possui sua titulação de oceanógrafo, foi implantado em 1992 no segundo semestre e possui uma carga horária de 3925 horas com duração de 9 semestres e somente matutino a partir de 2013. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de atuação e a vocação: • Perfil do Curso O curso de Oceanografia enfatiza a formação de um profissional crítico e criativo, capaz de identificar e resolver problemas, de atuar de modo empreendedor e ético. A formação técnico-científica está direcionada ao conhecimento e à previsão do comportamento dos oceanos e ambientes transicionais sob todos os seus aspectos, com vistas a capacitar o profissional a atuar de forma transdisciplinar nas atividades de uso e exploração racional de recursos marinhos e costeiros, renováveis e não renováveis. • Campo de Atuação Profissional O oceanógrafo está apto a atuar, em Universidades e centros de pesquisa, nas atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão. No setor público pode atuar em órgãos federais, estaduais e municipais como secretarias de Meio-Ambiente, secretarias de Agricultura e 7 UNIVALI. Curso de Oceanografia. Disponível em: <http://univali.br/oceano>. Acesso em: 08 nov 2012a. 22 Pesca; secretarias de Obras e de Saneamento e em diversas divisões do Ministério da Marinha. No setor privado, está apto a trabalhar em cooperativas de produtores, setores de segurança e meio ambiente de indústrias químicas e gestão ambiental de portos, indústrias do setor de controle de efluentes e da poluição ambiental, empresas de consultoria ambiental, empresas de engenharia ligada à zona costeira, empresas de prospecção sísmica, empresas de exploração, produção e distribuição mineral (de petróleo e gás e derivados), empresas de extensão pesqueira e aquícola. • Vocação O oceanógrafo estuda, no meio marinho e costeiro, os organismos, seu ambiente e todos os processos físicos, químicos e geológicos que interagem nele. Coleta e interpreta informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas, e geológicas dos ambientes aquáticos. Analisa a composição da água de rios, lagunas e estuários e atua em projetos de saneamento de áreas costeiras, monitorando e gerenciando obras e instalações para garantir a preservação ambiental. Desenvolve técnicas de exploração dos recursos naturais dos mares e avalia os efeitos da atividade humana sobre os ecossistemas marinhos e costeiros, buscando preservá-los, a exemplo do controle ambiental em áreas de cultivo de organismos aquáticos. O profissional atua em empresas, órgãos públicos e ONGs voltadas para a exploração, preservação e/ou análise de impacto nos meios naturais. Prepare-se para estudar matemática, física, química, biologia e geologia, além de disciplinas que abordam o manejo de recursos vivos, poluição marinha, pesca e gerenciamento de sistemas marinhos e costeiros. A seguir, vamos ampliar nossos olhares sobre as estruturas educadoras e o vocabulário intrínseco a esta temática. 2.3 ESPAÇOS E ESTRUTURAS EDUCADORAS: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E COMPLEMENTARIDADES. "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo" Paulo Freire Nesse item, serão abordados os principais conceitos e significados de alguns termos frequentemente citados nas áreas de estudo e que merecem maior aprofundamento. 23 Começamos abordando os termos “estruturas” e “espaços educadores” que são recentes e surgem para abarcar algumas das dimensões pertinentes à Educação Ambiental crítica, popular, transformadora e emancipatória8. Podem ser definidas e descritas por diferentes autores em seus contextos, como visto abaixo, mas é de extrema importância saber um pouco sobre o Educador Ambiental: 2.3.1 Educador Ambiental A noção do sujeito ecológico, segundo Carvalho (2004b): “indica os efeitos do encontro social dos indivíduos e grupos com um mundo que os desafia, inquieta-os e despoja-os de suas maneiras habituais de ver e agir. Esse sujeito é o tipo ideal, portador do ideário ecológico, com suas novas formas de ser e compreender o mundo e a experiência humana. Sintetiza assim a s virtudes de uma existência ecologicamente orientada, que busca responder aos dilemas sociais, éticos e estéticos configurados pela crise socioambiental, apontando para a possibilidade de um mundo socialmente justo e ambientalmente sustentável.” “Apesar de a complexidade ambiental envolver múltiplas dimensões, verifica-se, atualmente, que muitos modos de pensar e fazer Educação Ambiental enfatizam ou absolutizam a dimensão ecológica da crise ambiental”, como se os problemas ambientais fossem naturalizados, originados independentemente das práticas sociais, urbanas e culturais (LAYRARGUES, 2006 apud MMA, 2008, p.81) Destas práticas que evidenciamos a importância do educador, que traz consigo sua “trajetória de vida”, suas credibilidades ao “compartilhar os sonhos”, bem como seu “posicionamento ético, contestador, anunciador das verdades”, da boa nova. Sempre em sintonia com a “humildade da busca”. Se posicionar numa relação de “construção com o outro”. Fazer com “emoção”, com “intencionalidade”, através do caminho do amor, da compaixão (MATAREZI, 2005a) Segundo Matarezi (2005b, p.162-163) devemos democratizar a educação ambiental. Expressar as utopias coletivas, politicamente, visando uma mudança de comportamento para um mundo igualmente sustentável, em paz e solidariamente mais feliz. Sorrentino (2005) afirma que todos somos educadores e educandos. Carvalho e Grun (2005, p.180) que o “educador ambiental seria um intérprete dos nexos que produzem os diferentes sentidos do ambiental em nossa sociedade”; um intérprete das interpretações (homemnatureza) socialmente construídas na contemporaneidade. 8 Uma referência a esta perspectiva segundo Matarezi (2005b) sobre a Educação Ambiental é o livro “Identidades da Educação Ambiental Brasileira” editado pelo MMA/Brasília, 2004. 24 Leray e Pacheco (2005, p.136) dando voz ao pensamento freiriano no que se refere ao processo educativo para a libertação – “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta a si mesmo: os homens se libertam em comunhão”. [...] “Ninguém educa ninguém – ninguém se educa a si mesmo – os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Assim, o educador ambiental se coloca numa atitude despojada, de aprendiz da democracia, de caminhante, de artesão. No sentido da construção coletiva, Santos (2007) nos traz a perspectiva das comunidades interpretativas, que seriam baseadas num novo senso comum ético para a construção de um novo paradigma: a solidariedade como forma de saber. Estas seriam a experimentação de sociabilidades alternativas, onde há espaços para campos de argumentação em direção à vontade emancipatória, funcionando como uma construção micro utópica de acrescentar força no poder argumentativo dos grupos que pretendem realizá-lo. A EA será apresentada como mediação importante na construção social de uma prática político-pedagógica portadora de nova sensibilidade e postura ética, sintonizada com o projeto de uma cidadania ampliada pela dimensão ambiental. (CARVALHO, 2004b) 2.3.2 Espaço Educador Brandão (2005a) apud KUNIEDA (2010, p.20), define o espaço como um lugar de educação que principia no aqui, unindo o lugar onde moramos ao lugar onde vivemos, sucessivamente até abraçar o planeta como um todo. Estabelece inter-relações entre os seres viventes, processos de exploração, conservação, valores culturais tradicionais, o urbano e rural, participação e solidariedade nos lugares onde ensinamos e aprendemos concomitantemente. Diz ainda: “[...] estruturas criadas nos municípios, nas quais ou apartir das quais acontecem ações ou projetos voltados para sustentabilidade que devem ter por objetivo não só a transformação da qualidade de vida do município, mas também a definição e implementação do seu papel educador" (BRANDÃO, 2005a, p.166). Todos os espaços podem ser estruturas educadoras, pois trazem em si características para o aprendizado, entretanto para ser considerado uma, devem possuir a intencionalidade de propiciar conscientização aos interlocutores, assumir os espaços com objetivos pedagógicos, esta intenção adquire a qualidade, a exemplo de uma “obra de arte” que instiga, provoca reflexões, descobertas numa vivência dos sentidos, levando a possibilidade de transformação (MATAREZI, 2005b, p.164). Como a trilha da vida9, metodologia esta que 9 TRILHA DA VIDA: (re)descobrindo a natureza com os sentidos. Revista de Educação Ambiental da FURG. Ambiente & Educação, v. 5/6, p. 55-67, 2000/2001. Rio Grande, FURG. 25 apoiei na co-construção no VII FBEA - Fórum Brasileiro de Educação Ambiental em Salvador-BA, onde e quando, pude perceber os “Espaços de Fluxos”, esta “sociedade em rede” que o autor Castells (1999) escreve sobre a transformação sob o efeito combinado do paradigma da tecnologia da informação e das formas e processos sociais induzidos pelo atual processo de transformação histórica (VIEIRA, 2008, p. 22). Programa de Formação em Educação Ambiental – ProFEA apresenta “estruturas educadoras” como modelo de parcerias que vem a serem aquelas instituições possuidoras de estruturas e projetos ambientais que os colocam a disposição para processos de formação e intervenção socioambiental (DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL/MMA, 2005 apud KUNIEDA, 2010, p.21): “Possibilitam a vivência cotidiana junto às estruturas que demonstrem ser alternativas viáveis frente ao modelo hegemônico. Além de exemplares as estruturas devem induzir ações e reflexões em prol da qualidade ambiental e de vida comuns. São capazes de reunir pessoas que desejam realizações conjuntas em prol da coletividade e que ao mesmo tempo, querem rever valores, métodos e objetivos de ações, pois almejam a sustentabilidade e reconhecem as necessidades e educarem nesta direção; aqueles que educam pelo simples fato de possibilitarem a demonstração de que alternativas ao modelo hegemônico são viáveis e podem propiciar a sustentabilidade socioambiental e a felicidade em seu sentido mais amplo” (DIRETORIA DE EDUCAÇO AMBIENTAL/MINISTÉRIODO MEIO AMBIENTE, 2005). Destes espaços, destaca-se a grande carência de Programas de Pós Graduação em Educação Ambiental no Brasil, e paradoxalmente é na própria academia onde se encontra a grande resistência a práticas educacionais inovadoras. Entretanto percebe-se que após capacitações via Ministério da Educação em 1988, configurando-se num momento importante para os Educadores Ambientais que atuam nas universidades, na definição de formas de integração intra e interinstitucionais e de estratégias comuns para a inserção da EA no ambiente universitário (MATAREZI et al., 2010, p. 107-109). 2.3.3 Cidades Educadoras As cidades, grandes ou pequenas, dispõem de inúmeras possibilidades pedagógicas, de conexões educadoras práticas. Possui em si mesma, elementos importantes para uma formação integradora e permanente. Desde lixômetros e impostômetros que contabilizam a quantidade de resíduos e impostos até a valorização do uso de bicicletas e segregação dos resíduos. A cidade educadora é uma cidade com uma personalidade própria, integrada no país onde se situa. A sua identidade, portanto, é deste modo interdependente da do território de que faz parte. É também uma cidade que não está fechada sobre si mesma, mas que mantém 26 relações com o que a rodeiam, com o objetivo de aprender, trocar experiências e, portanto, enriquecer a vida dos seus habitantes. Pela primeira vez ocorreu o 1º Congresso Internacional das Cidades Educadoras, que teve lugar em Barcelona em Novembro de 1990, reuniram na Carta inicial, os princípios essenciais ao impulso educador da cidade. Esta Carta foi revista no II e III Congresso Internacional (Bolonha, 1994) e no de Génova (2004), a fim de adaptar as suas abordagens aos novos desafios e necessidades sociais (III CONGRESSO INTERNACIONAL DAS CIDADES EDUCADORAS, 2004) A “Página da Educação” 10 afirma que a cidade educadora é um sistema complexo em constante evolução e pode exprimir-se de diferentes formas, mas dará sempre prioridade absoluta ao investimento cultural e à formação permanente da sua população. Ela será quando reconhecer, exercer e desenvolver, para além das suas funções tradicionais (econômica, social, política e de prestação de serviços), uma função educadora, isto é, quando assuma uma intencionalidade e responsabilidade, cujo objetivo seja a formação, promoção e desenvolvimento de todos os seus habitantes, a começar pelas crianças e pelos jovens. 2.3.4 Sustentabilidade Educadora Baseado no texto: “Em busca da sustentabilidade educadora ambientalista” (ALVES et al. 2010) do Laboratório de Educação e Política Ambiental (OCA) da ESALQ - USP integrou-se em cinco principais nós (Comunidade, Identidade, Diálogo, Potência de ação e Felicidade) que visa manter uma rede, um coletivo educador, uma ideia, sendo um convite à ação, ao apoderar-se individual e coletivamente destas ferramentas conceituais para agir. • Comunidade O conceito de comunidade nasceu na Sociologia e a chave para sua compreensão vem da oposição ao conceito de sociedade. De acordo com Alves et al. (2010, p.9), a comunidade era o lugar das relações naturais, não-racionais, baseadas em sentimentos, como a amizade ou a vizinhança. Já a sociedade era fruto de associações deliberadas para fins racionais, baseadas em interesses, como os contratos econômicos ou os partidos políticos. Almeida (2007 apud ALVES et al., 2010, p.10), fala sobre o que realmente interessa são as autodenominações, como os indivíduos veem a si e ao próximo e constroem uma identidade coletiva. 10 A PÁGINA DA EDUCAÇÃO. Cidade é sítio onde se aprende. Disponível <http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=94&doc=8162&mid=2>. Acesso em: 8 nov. 2012. em: 27 • Identidade Hoje, com a globalização e toda a massa representante da mídia, que induz e limita as diferentes personalidades e impõe um sistema de crenças e valores específicos. Em função desta “diversidade”, existe certa dificuldade em expressar e “identificar qual a identidade”, o papel que representamos. “Principalmente devido às múltiplas influências que a sociedade contemporânea está exposta” (ALVES et al., 2010, p. 15). A questão da identidade cultural, citado por Freire (1996), das quais fazem parte a dimensão individual e a de classe dos educandos, é dita fundamental na prática educativa progressista. Tem que ver diretamente com a assunção11 de nós por nós mesmos. É isto que geralmente não é incentivado pelos professores, perdendo-se e perdendo-o na estreita e pragmática visão do processo. É de consenso, segundo a metodologia de análise crítica de discurso que o sujeito interpreta o mundo sobre o prisma da sua fala, moldada por ideologias e relações de poder, as quais interferem nas identidades e relações sócias, principalmente nos sistemas de conhecimento e crenças de uma determinada sociedade (VITORINO, 2008, p. 51). • Diálogo Freire (1996, p.50) diz que ensinar exige disponibilidade para o diálogo! Rompendo com a “educação bancária” tão bem explicitada por Freire (Op. Cit.), a educação libertária traz como primeiro princípio em seu documento de referência, no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global12, o seguinte termo: “A educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores” (ALVES et al., 2010, p. 19). No blog13 o pensador selvagem, o “Dr. Marcos Bidart de Novaes” expressa à importância do diálogo: “A velha e boa dialética propunha que as coisas nascem, crescem e morrem no embate de ideias que caminham em direções diferentes. Isto só ocorre 14 15 se partimos de uma ontologia realista e de uma epistemologia objetivista 11 Ato ou efeito de assumir. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.) Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em: <http://tratadodeea.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 Nov. 2012 13 NOVAES, M. B. D. Liberdade e Utopia. O pensador selvagem. Diálogos entre Paradigmas. Disponível em: <http://opensadorselvagem.org/utopia/dialogos-entre-paradigmas/>. Acesso em: 14 Out. 2012. 14 Parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, i. e., do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.) 12 28 para discutir as coisas e as pessoas do mundo. Se, no entanto, partirmos da ideia de que realidades não existem e sim são construídas no nosso interior e que as maneiras de compreender as realidades são nossas, próprias e intransferíveis, precisamos dialogar. É do diálogo que surgem novas realidades comuns. É da superação da antinomia concordo-discordo que surgem ideias criativas e mobilizadoras” (NOVAES, 2012). A ''Comunicação Não Violenta'' – CNV (ROSENBERG, 1960) é um processo de pesquisa continua desenvolvido por Marshall Rosenberg16 e uma equipe internacional de colegas, que apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatia. Ela é baseada em princípios de não violência, estado natural de compaixão dos seres vivos. Enfatiza a importância de determinar ações a base de valores comuns. Quando usada como guia na co-construção de acordos a CNV pode tomar a forma de uma série de distinções, entre as quais: • distinção entre observações e juízos de valor • distinção entre sentimentos e opiniões • distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias • distinção entre pedidos e exigências/ameaças • Potência de ação Para Espinosa (2007) apud Alves et al. (2010, p.25), a “participação é imanente/constituinte e inseparável à condição humana”, por exemplo, participar dos lucros da empresa, das decisões familiares, dos movimentos socioambientais, da política governamental, do centro acadêmico, coletivo educador, entre outros. Segundo Sawaia (2001, p.119): “As formas de participação variam de intensidade, desde simples adesão até a absorção do indivíduo; de espacialidade, participação ‘face a face’, anônima, virtual, local, global; de motivo, por obrigação, por interesse, por imposição, por afeto; de temporalidade, longa duração, imediata. [...] a função social da participação: excludente (voltada ao ‘status quo’) ou integrativa (visando a revolução)”. Existem duas dimensões da potência de ação: uma individual (que visa o autoconhecimento, a percepção de si) e outra coletiva (assente na composição dos sujeitos, que exige o conhecimento das regras que regem a sociedade política e aponta para a necessidade de abertura para o aprendizado a partir do conhecimento e da prática do 15 Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.) 16 WIKIPEDIA. Marshall Rosenberg. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_Rosenberg> Acesso em: 08 nov. 2012. 29 outro). Mas, como afirma Sawaia (2001), “potência de ação é da ordem do encontro, pois remete ao outro, incondicionalmente”. Potência de ação é a capacidade de ser afetado pelo outro, num processo de possibilidades infinitas de criação e de entrelaçamento nos bons e maus encontros. É quando me torno causa de meus afetos e senhor de minha percepção (op. cit.). Participar, portanto, mobiliza os sujeitos para, dentre outras coisas, o encontro consigo próprio e com o outro. A ampliação da potência de agir reside na tomada de consciência da causa primeira de nossos afetos ou sentimentos, pois para Espinosa (ALVES et al., 2010), sentir é uma maneira de pensar, por mais confusa que possa ser. É através da reflexão/meditação a respeito do que sentimos pelas coisas é que podemos formar delas ideias mais claras e distintas. • Felicidade Apesar da temática da “felicidade” estar presente nas discussões e reflexões da racionalidade ocidental desde a Grécia antiga, e principalmente por estar relacionada diretamente com os anseios da psique, “até os dias atuais não foi construído um consenso acadêmico sobre o seu significado” (ALVES et al., 2010, p. 29). Segundo Giannetti (2002) apud Alves et al. (op.cit.), a ideia de felicidade engloba pelo menos três condições relevantes: • ser consequência de um fato concreto que aumentou o nível de satisfação de uma pessoa por um determinado tempo; • a satisfação ocorrente em um determinado espaço de tempo e sem a ocorrência de fatos conscientes que levem alguém a isso; • e o resultado de uma avaliação global sobre as condições de vida de uma determinada pessoa. Dentre estas supracitadas, as duas primeiras condizem com o se sentir feliz, em um determinado tempo/espaço, já a ultima condiz com o “ser feliz”. Evitamos o sofrimento e a dor, sem realmente perceber que o “ser humano sofre”, “somos ignorantes” em um determinado tempo/espaço e em algum nível. Por isso a questão da felicidade é “saber apreciar a dor e a alegria”. Deixar a “vida dinâmica e fluída”, pois a “felicidade não é o que as pessoas têm, mas o que elas fazem com isso”. É uma “experiência ligada à sabedoria”. O “saber aproveitar as oportunidades para evoluir”, aprender e co-criar uma nova realidade (SHINYASHIKI, 1997, pp.33-38). 30 2.4 PERMACULTURA “A ética é a estética de dentro” Pierre Reverdi Nesse item é abordado o termo Permacultura, trazendo suas definições e tentando relacioná-lo com o Curso de Engenharia Ambiental e ao conhecimento gerado no mesmo. Morrow (1993) apud Hoffmann (2008) considera que não importa se pessoas produzem ou somente consumem alimentos, afirma que o futuro da humanidade está relacionado com as suas origens. Ao invés de aceitarmos o declínio da fertilidade dos solos, expansões de desertos, a utilização de produtos químicos, entre outros problemas ambientais. A permacultura focaliza em soluções positivas, para o planejamento de habitações sustentáveis, tanto em ambientes urbanos como em ambientes rurais. Segundo a autora, a permacultura utiliza os ambientes naturais como modelos para o desenvolvimento de ambientes sustentáveis, que possam satisfazer as necessidades das pessoas, bem como infra-estrutura para auxiliar aspectos econômicos e sociais. Permacultura é uma das metodologias mais holísticas e com sistemas integrados de análise e design encontrados no mundo. Pode ser aplicado em ecossistemas produtivos do ponto de vista de utilização humana para recuperar a saúde e a vida biótica. Incorpora práticas agrícolas orgânicas, agroecológicas. Sendo uma ponte entre as culturas tradicionais e emergentes, potencializam-se as relações simbióticas e sinérgicas entre os componentes. (DIVER, 2010). 2.4.1 O Termo “Permacultura” De acordo com Mollison (1983), um dos criadores do termo Permacultura, fala que esta pode ser compreendida como ”Um sistema de design ambiental para a criação de ambientes humanos sustentáveis, unindo os componentes conceituais, materiais e estratégicos em um padrão que opera para beneficiar a vida em todas as formas” Uma definição mais atual de permacultura, de acordo com Holmgren (2013, p.3) pode ser compreendida como: ”Paisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrões e relações encontradas na natureza e que, ao mesmo tempo, produzem alimentos, fibras e energia em abundância e suficientes para prover as necessidades locais”. As pessoas, suas moradias e a forma como se organizam são questões centrais para a permacultura. 31 Deste sentido mais limitado e reducionista, Holmgren (2007) refere-se a esta metodologia como o uso do pensamento sistêmico e de princípios de design que proporcionam a estrutura conceitual para implementação desta visão. Não se pode resumir à paisagem, a agricultura orgânica, a comunidades alternativas, construções e produções sustentáveis; mas ela pode ser usada para projetar, criar, administrar e aprimorar esses e todos outros esforços feitos por pessoas, famílias e comunidades em busca de um futuro sustentável. 2.4.2 A Flor da Permacultura A Flor do Sistema de Design da Permacultura mostra as áreas chave que requerem transformação para a criação de uma cultura sustentável. Historicamente, este movimento tem focalizado o manejo da Natureza e da Terra não apenas como uma fonte, mas também como uma aplicação de princípios éticos e de design. Os quais estão sendo aplicados agora em outras esferas de ação, voltadas a recursos físicos e energéticos, assim como a organizações humanas (frequentemente chamadas de estruturas invisíveis nos seus ensinamentos). O caminho evolutivo em espiral, iniciando com ética e princípios, como “carro chefe”, sugere o entrelaçamento desses domínios inicialmente no nível pessoal e local, evoluindo posteriormente para o nível coletivo e global. A estrutura em forma de teia de aranha dessa espiral sugere a natureza incerta e variável desse processo de integração (HOLMGREN, 2007). A seguir, na “Figura 2“, faz referência ao design da Flor da Permacultura e algumas palavras que cada pétala busca agregar em sua formação: 32 Figura 2 - Flor da Permacultura Fonte: HOLMGREN, 2007. 2.4.3 Princípios A ideia por trás dos princípios da permacultura é que “podem ser derivados do estudo do mundo natural e das sociedades sustentáveis da era pré-industrial”. Estes princípios serão aplicáveis em dois níveis: éticos e de design, de modo a apressar o (des)envolvimento do “uso sustentável da terra e dos recursos, seja num contexto de abundância ecológica e material ou em um contexto de escassez” (HOLMGREN, 2007, p.7). 33 • Éticos Todas as pessoas na Terra tem suas próprias percepções resultantes da natureza, da cosmogonia (origem ou formação do mundo, do universo conhecido) desenvolvido ao longo da evolução e ética estabelecidos entre os componentes das sociedades humanas. Essas percepções levaram a uma sistemática sobre os elementos básicos que compõem a natureza e relações funcionais, que foram marcadas pela ambivalência entre o respeito pelo desconhecido e o desejo de domínio que atenda às necessidades e ambições. Substratos através da cultura antiga (ROMERO, 2002). Segundo clássicos dicionários de filologia (estudos da lingua em toda sua amplitude), denominam a palavra cuidado, de origem no latim “cura”. Expressar a a atitude de cuidado, de preocupação e inquietação pela pessoa amada ou por um objeto de estimação. O cuidado somente surge quando a existencia de alguém/algo tem importância para o mesmo (BOFF, 1999). A ética atua como freio aos instintos de sobrevivência e a outras ações pessoais e sociais em benefício próprio, que tendem a direcionar o comportamento humano em qualquer sociedade. Os princípios éticos são mecanismos que evoluíram culturalmente de modo a promover interesses pessoais menos egoístas, uma visão mais inclusiva de todos (HOLMGREN, 2007). Sendo que a referência bibliográfica sobre permacultura divide em três princípios, como Krzyzanowski (2005) descreve: • Cuidar da Terra, significa cuidar de todas as coisas vivas ou não; como solos, seres vivos, atmosfera, florestas, água [...]; todas as ações empreendidas devem ser de tal forma que os ecossistemas se mantenham substancialmente intactos e capazes de funcionar saudavelmente. • Cuidar das pessoas, objetiva assegurar que todos tenham acesso ao que se necessita para viver dignamente, com saúde e segurança. Promove a autosuficiência, atenção consigo e responsabilidade comunitária. • Limitar o consumo, à população local e compartilhar os recursos e capacidades. Ao assegurarmos que todos os produtos e excedentes estejam dirigidos aos objetivos anteriores e que seus excedentes sejam redistribuidos, poderá assim, se vivenciar uma cultura verdadeiramente sustentável e permanente. 34 • Design Fukuoka (1978) apud Mollison (1990) sintetiza muito bem a filosofia básica da Permacultura: “trabalhar com a natureza e não contra ela”. Para isto, deve ser observado cuidadosa e profundamente como a natureza trabalha, antes de se intervir. Segundo Mollison (1983), os princípios de um projeto permacultural devem considerar a ecologia, a conservação de energia, o paisagismo e a ciência ambiental. Na permacultura a parte de planejamento visa a diferenciação entre diferentes zonas, posicionando cada elemento em seu devido espaço, ao observar os padrões da natureza e a sua economia de energia, energia esta em todo o sistema, incluindo o “trabalho” das pessoas (HENDERSON, 2012). Visualiza-se o tempo/espaço, sua quantidade ou frequencia de uso. Elas são classificadas normalmente em seis diferentes zonas abaixo (MENDES, 2010), entretanto a bióloga Karoline Fendel17 em seu blog, formada pela UNIVALI, acrescenta a sétima “zona” e a primeira, pois tudo começa com o bem estar físico/psíquico/espiritual de cada ser que denomina-se “Zona-1”: Zona-1: Esta zona interior é a busca por um propósito maior e também pelo autoconhecimento. Internamente é onde a verdadeira mudança efetivamente começa. Sem a Zona -1, não há nada concreto, há apenas ação sem reflexão. Zona 0 – Deverá ser o centro da atividade, geralmente é o local onde está a casa. Seu planejamento deve ser feito de forma que a utilização de espaços seja eficiente, ajustandose a necessidade de seus ocupantes e que tenha recursos para controle de temperatura, se adequando assim a região. Zona 1 – Será a região próxima a casa. Nela pode se colocar os elementos que sejam de mais utilidade e, ou necessitem de maior cuidado e controle. Exemplos de elementos que podem ficar nessa área, pequenos animais, área para secagem de grãos, varal para roupas, pequenos arbustos, além de jardim, estufa e viveiro e canteiros. Zona 2 – Mesmo que um pouco distante da casa, esta é uma região mantida com certa intensidade. Pode apresentar um plantio denso, isto é, pomar, arbustos maiores, e quebraventos – plantio em linha para como diz o próprio nome, barrar o vento. A zona dois pode ainda abrigar tanque ou açudes, animais de pequeno e médio porte. 17 FENDEL Karoline Lisanne. Recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS) - Universidade do Vale do Itajaí. FENDEL, K. Zona Menos Um. Disponível em: <http://zonamenosum.wordpress.com/o-que-e-a-zona1/>. Acesso em: 31 out. 2012. 35 Zona 3 – Distante da casa, essa zona pode apresentar criação de animais de médio e grande porte, pomar que não necessite de poda, pastagens para os animais ou para forragem. Zona 4 – Esta é uma zona semi-manejada, de pouca visitação. Nela ficam as árvores de grande porte, que podem ser manejadas. Pode ser possível a implantação de sistemas agroflorestais – produção consorciada de plantas (policultivo). Zona 5 - Nessa parte do terreno não haverá nenhuma interferência. A única coisa a ser feita é observar e aprender como o ecossistema funciona por si só. A floresta, a verdadeira mestra. Mollison (1991) e John Quinney18 definem pela primeira vez os 12 princípios que são: Multifuncionalidade (uma coisa, muitos usos); Diversidade; Usar elevações e pendentes; Localização relativa; Usar e apoiar a successão natural; Utilizar padrões naturais; Criar e usar produtivamente as bordas e as orelhas; Design considerando os setores; Design com as zonas; Usar recursos biológicos; Múltiplos Elementos; Ciclagem dos nutrientes e materiais. Holmgren (2013) fornece uma evolução do conceito de permacultura, atual e adaptada aos desafios do novo milênio. Propõe a permacultura como uma ferramenta para uma transição produtiva de uma sociedade industrial para a energia intensiva de uma cultura sustentável, para desenvolver uma visão para uma adaptação criativa e interativa. Para cada um desses 12 princípios de design abaixo dedicou-se um capítulo inteiro no livro “Permaculture- priciples & pathways beyound sustenability, 2002“19 (HIERONIMI, 2008). Entretanto o autor faz um breve resumo, ao utilizar simbolos e frases para explicar cada um dos princípios, em seu “e-book - Fundamentos da Permacultura”20, traduzido em 7 diferentes línguas. Maringoni (2008), extraiu destes princípios uma lenda ou mito e publicou em “Lendas do Saber - Permacultura e histórias: Cuidando da Terra e das pessoas” atividades para se vivenciar junto às crianças, jovens e adultos. 1. OBSERVE E INTERAJA. ‘A beleza está nos olhos do observador’ – Lenda da Bela e a Fera; 18 Quinney, John, "Designing Sustainable Small Farms And Homesteads" in MOTHER EARTH NEWS, July/August 1984, p. 54. 19 Sua tradução é a referência: HOLMGREN, David. Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade. Tradução Luzia Araújo. – Porto Alegre: Via Sapiens, 2013. 416p.: il 18x24cm. Título em inglês: Permaculture: Principles & Pathways Beyond Sustainability. 2002 20 HOLMGREN, D. Os fundamentos da Permacultura. David Holmgren, 2007. Disponível em: <http://www.holmgren.com.au/DLFiles/PDFs/Fundamentos_PC_Brasil_eBook.pdf>. Acesso em: 31 Out. 2012. 36 2. CAPTE E ARMAZENE ENERGIA.‘Produza feno enquanto faz sol’ – Lenda do Saci Pererê; 3. OBTENHA RENDIMENTO.‘Você não pode trabalhar de estômago vazio’ – Lenda da Cigarra e da Formiga 4. PRATIQUE A AUTO-REGULAÇÃOE ACEITE FEED BACK. ‘Os pecados dos pais recaem sobre os filhos até a sétima geração’ – Lenda da Caixa de Pandora e a Criação do Homem; 5. USE E VALORIZE OS SERVIÇOS E RECURSOS RENOVÁVEIS. ‘Deixe a natureza seguir seu curso’ – Lenda da Gralha Azul; 6. NÃO PRODUZA DESPERDÍCIOS. ‘Não desperdice para que não lhe falte’ ‘Um ponto na hora certa economiza nove’ – Lenda do Curupira, o duende “ecológico”; 7. DESIGN PARTINDO DE PADRÕES PARA CHEGAR AOS DETALHES. ‘Às vezes as árvores nos impedem de ver a floresta’ – Lenda da Origem do Cosmos (Wishókar); 8. INTEGRAR AO INVÉS DE SEGREGAR. ‘Muitos braços tornam o fardo mais leve’ – Lenda Grega de Orfeu; 9. USE SOLUÇÕES PEQUENAS E LENTAS. ‘Quanto maior, pior a queda’ ‘Devagar e sempre ganha a corrida’ – Lenda da Lebre e da Tartaruga; 10. USE E VALORIZE A DIVERSIDADE. ‘Não coloque todos seus ovos numa única cesta’ – Lenda do Primeiro Homem; 11. USE AS BORDAS E VALORIZE OS ELEMENTOS MARGINAIS. ‘Não pense que está no caminho certo somente porque ele é o mais batido’ – Lenda do Mito dos Argonautas; 12. USE CRIATIVAMENTE E RESPONDA ÀS MUDANÇAS. ‘A verdadeira visão não é enxergar as coisas como elas são hoje, mas como serão no futuro’ – Lenda da Origem da Mandioca A “Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura resume a integração entre os princípios éticos e de design, unindo a arte com a ciência, que é uma das propostas intrínsecas ao movimento permacultural: 37 Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura Fonte: <http://www.permacultureprinciples.com/pt/pc_principles_poster_pt.pdf >. 2.4.4 Padrões Naturais São os desenhos feitos pela natureza. De acordo com Mollison, imitar estes padrões naturais é fundamental para um bom planejamento permacultural. A forma de certos elementos, como o caramujo, em sua forma espiralada, produz uma harmonia interativa entre os elementos de uma horta, por exemplo. Assim promove-se a biodiversidade com diferentes micro-climas (HENDERSON, 2012). Segundo Soares (2008) apud Podborschiet al. (2005), Lodato, (2005); Reed, (2004) a Biônica ou Biomimetismo é a ciência que estuda os princípios básicos da natureza (construtivos, tecnológicos, de formas, etc.) e a aplicação destes princípios e processo na procura de soluções para os problemas que a humanidade encontra. Uma vez que a Biônica lida com a aplicação das estruturas, procedimentos e princípios de sistemas biológicos converteram-se num campo interdisciplinar que combina a biologia com a engenharia, arquitetura, matemática, entre outras. 38 2.4.5 Curso de Design em Permacultura - PDC A maioria das pessoas envolvidas nessa rede completou um Curso de Design em Permacultura (PDC), que por quase 30 anos tem sido mundialmente o principal veículo de inspiração e treinamento. Um currículo foi estruturado em 1984, mas divergências evolutivas quanto à forma e ao conteúdo desses cursos, apresentados por diferentes facilitadores, produziram experiências e entendimentos da permacultura muito variados e localizados. Este aspecto da inspiração proporcionada pelo PDC atuou como uma “cola social” unindo participantes de tal modo que a rede mundial pode ser descrita como um movimento social (HOLMGREN, 2007). Todos os PDCs devem abranger o currículo com instrução de 72 horas de contatos seguidos (14 dias de duração no exterior; no Brasil geralmente 9/10 dias) previsto pelo conteúdo do trabalho de base no assunto - Permacultura - Manual de Design por Bill Mollison21 - e devem incluir muita prática com uma equipe capacitada em projetos de design em permacultura. Além do currículo, outros temas de interesse podem ser acrescentados, mas com certeza que o currículo inclua uma aplicação dos princípios da Permacultura para o design de sistemas além daqueles de casa e jardim. O curso deve integrar com a comunidade e seu contexto de economia (PERMACULTURE)22. Os protocolos do curso foram estabelecidos pela primeira vez por Mollison no Instituto de Permacultura de New South Wales, na Austrália. O curso PDC centra-se na construção de assentamentos humanos, os princípios de design da permacultura, o estudo de sistemas modelo (incluindo exemplos tradicionais e indígenas) e mão na massa de trabalho para implementar projetos de permaculturano local. O curso23 inclui componentes teóricos, criativo e prático, embora o equilíbrio desses elementos depende de quem está facilitando o curso. “A maioria dos cursos de PDC, irá introduzir questões de layout da fazenda/espaço, manejo do solo, materiais de construção, energia alternativa, e as necessidades humanas, tais como ar puro e água limpa, saneamento, comida e abrigo” (SCOTT, 2010). 21 MOLLISON, B. Permaculture: A Designer’s Manual. Tyalgum, Tagari Publications, 1988 PERMACULTURE, Institute.Sustainable Living, Practical Learning. Disponível em: <http://www.permaculture.org/nm/index.php/site/professional_practise_pages>. Acesso em: 08 nov. 2012. 22 23 No item 4.2 está o relato do PDC realizado pelo Fábio Vaccaro de Carvalho, autor 39 2.4.6 Permacultura no Brasil De acordo com a Mendes (2010), a “Permacultura no Brasil”24 pode ser dividia em três diferentes ondas: A primeira onda foi quando o primeiro curso de PDC do Brasil foi realizado, isto em 1992. Trazido pelo proprietário Wilson Newton Alano do sítio Pé na Terra, ministrado por Bill Mollison e Scott Pittman. Nesta onda fizeram parte: Marsha Hanzi, Claudio Sanchotene, entre outros. É importante dizer que Claudio foi co-fundador do primeiro instituto de Permacultura do país, o Instituto de Permacultura do Rio Grande do Sul – IPERS. E Marsha co-fundou o Instituto de Permacultura da Bahia A segunda onda da Permacultura veio principalmente com Ali Sharif que co-criou a Permacultura America Latina (PAL) e que depois, junto do Carlos Miller fundou-se o Instituto Permacultura da Amazônia (IPA), em 1998. O Instituto de Permacultura do Cerrado (IPEC) é um dos centros de referência no Brasil, junto de André Soares e Lucy Legan, que foram os seus idealizadores em 1998. Em 1999, o Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica - IPEMA, sediada no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo foi criada. João Rockett fundou o IPEP – Instituto de Permacultura e Ecovilas dos Pampas em 2000. Sergio Pamplona aliou-se unido ao Instituto de Permacultura da Bahia (IPB). Jorge Timmermmann fez seu PDC com Geoff Lawton em Manaus, após algum tempo, fundou o IPAB – Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro que não possuía sede específica, pois seu objetivo era difundir entre as comunidades; entretanto virou uma rede de permacultores, não de instituições como era antigamente. Esta rede foi denominada Permear. Atualmente possuem uma estação de permacultura denominada “Yvy Porã” junto de Suzana Maringoni. Outro instituto de referência é o “OPA”25 – Organização de Permacultura e Arte, na Bahia, que aliou os fundamentos da permacultura com uma forma de expressar mais bela e “fluída”. A terceira onda pode ser vista com a criação do IPOEMA – Instituto Permacultura Organização, Ecovilas e Meio Ambiente em 2005 pelo facilitador Cláudio Jacintho. Já em 2010 criaram-se os Institutos IPC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Ceará e do IPEPA – Instituto de Permacultura do Paraná junto ao João Paulo Santana. Fazem parte desta onda as estações permaculturais de Santa Catarina o Instituto Çarakura que em 2007 se consolidou como ONG, em Florianópolis, representados por Percy Ney Silva, o “Ney” e a 24 REDE PERMEAR. Permacultura no Brasil. Disponível em: <http://www.permacultura.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 25 OPA. Organização de Permacultura e Arte. Disponível em: <http://opabrasil.blogspot.com.br>. Acesso em: 07 jul. 2013. 40 Andrea de Oliveira, pedagoga. Outra estação denominada litorânea é a Casa Colméia, uma estação de permacultura comandada por Juliano Riciardi desde 2009, localizada na Praia da Garopaba do Sul. 2.4.7 Permacultura nas Universidades A permacultura em si foi concebida na academia (HOLMGREN, 2013, p. 37). Apartir do crescimento do movimento permacultural, a própria permacultura se tornou objeto de estudo acadêmico26, com ênfase variando dos aspectos sociológicos, políticos, educacionais até o ecológico e agrícola. Alguns professores universitários usam textos de permacultura e outros recursos; em 1992, uma unidade inteira sobre permacultura, escrita por Holmgren (op. cit.), foi incluída no primeiro curso de pós-graduação em agricultura sustentável da Austrália. Abaixo cito, duas universidades das quais implementaram formalmente a disciplina e seus conteúdos no Currículo Acadêmico. • UnB – Universidade de Brasília27 O oferecimento da disciplina é fruto de um esforço realizado por Cláudio Jacintho, Permacultor desde 1999, gestor do IPOEMA, Engenheiro Florestal, Mestre em Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/Universidade de Brasília-UnB e professor da disciplina Introdução à Permaculturana Universidade de Brasília-UnB no Curso de Engenharia Florestal. Desde sua época de estudante e ativismo estudantil no Centro Acadêmico de Engenharia Florestal já colocava a permacultura em pauta. A ementa da disciplina foi elaborada por Jacintho, embasada pelo conteúdo básico do Curso de Permacultura. Criada desde 2003 a disciplina passou estes 5 anos adormecida por falta de interesse dos gestores do Departamento de Florestal, que agora desperta para a importância da disciplina. • UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina28 Na UFSC o curso de agronomia oferece a disciplina optativa – “ENR5002 - Agricultura Orgânica, Permacultura e Agricultura Urbana de 3 créditos. Que busca capacitar os 26 Por exemplo, Caroline Smith: The getting of hope: personal empowerment throught learning permaculture, Tese de PhD, Faculdade de Educação, Universidade de Melbourne, 2000; Adam Nelson: Permaculture: Against the New Orthodoxy of Sustainable Development, Tese de BA (Hons), School of Sciense and Technology Studies, Universidade de Nova Gales do Sul, 1994; Mona Loofs: Permaculture, Ecology and Agriculture: na investigation into permaculture theory and practice using two case studies in northern New South Wales, Tese Bsc (Hons), Programa de Ecologia Humana, Departamento de Geografia, Universidade Nacional da Austrália. Além dos exemplos brasileiros citados nas considerações finais. 27 UNB. Departamento de Engenharia Florestal. Disponível em: <http://www.efl.unb.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012 28 UFSC. Permacultura. Disponível em: http://www.permacultura.ufsc.br/.Acesso em: 08 nov. 2012 41 participantes a projetar e implantar sistemas de produção de alimentos em comunidades de forma participativa, considerando elementos permaculturais, de agricultura orgânica e urbana, com utilização de fontes de fertilidade a partir de resíduos orgânicos e de água por meio de captação de chuva. Além desta disciplina a UFSC oferece outras que referenciam à mesma -FIT5401 – Agroecologia; PGA 1020-000 – Agroecologia; PGA 410017 – Análises integrativas de funções e serviços ecossistêmicos; FIT 5026 – Sistemas Agroflorestais; PGA 3122-001 Sistemas Agroflorestais. Inclusive com um link6 específico sobre a Permacultura. Entretanto o grande “carro chefe” da Permacultura na academia, fica com a disciplina GCN 7938 – Introdução à Permacultura; no currículo da Geografia. Sendo uma disciplina ofertada pelo Departamento de Geociências29 para todos acadêmicos, com opção para comunidade. 2.4.8 Permacultura em Santa Catarina Abaixo segue as principais estações de permacultura e suas próprias biografias na região de Santa Catarina, incluindo coletivos que buscam esta integração: Ajubaí30 – “Está situada na região serrana de Santa Catarina, na grande Florianópolis, a 13,5 Km do centro de Alfredo Wagner em um sítio acima de 600 metros de altitude. A vizinhança é tranquila e acolhedora, formada por pequenos agricultores. É um lugar para plantarmos e colhermos alimentos orgânicos, cuidando das pessoas, respeitando a natureza seguindo os preceitos da Permacultura, “bio”construindo utilizando recursos locais ou reciclados e buscando formas de viver autossustentavelmente. Um dos principais objetivos da Ajubaí é criar um local de “troca” de informações e conhecimentos, priorizando a educação integral e a cultura de respeito ao planeta e às pessoas.” Casa colméia – Áreas de Estudo na página nº 59 Comissão de Permacultura e Agroecologia31 – Áreas de Estudo na página nº 59 Curupira32 – “O lar em Santo Amaro da Imperatriz (SC) é extremamente simples e otimizado, é composto por sala/cozinha, um quarto, banheiro, lavanderia, garagem e galpão para ferramentas. Foi todo construído com madeira de reflorestamento (eucalipto), inclusive 29 UFSC. Departamento Geociências.. Disponível em http://gcn.cfh.ufsc.br/. Acesso em: 27 mar 2013 AJUBAÍ. Disponível em http://ajubaieco.wordpress.com/. Acesso em: 08 nov. 2012 31 CPA. Comissão de Permacultura e Agroecologia. Disponível em:<https://sites.google.com/site/cpasustentavel/>. Acesso em: 08 nov. 2012 32 CURUPIRA. Sitio Curupira. Disponível em: <http://sitiocurupira.wordpress.com/permacultura/>. Acesso em: 08 nov. 2012 30 42 aberturas e forro. Toda água que cai no telhado segue direto para o açude. A água que consumimos vem direto de uma nascente, as águas cinzas vão para o círculo de bananeiras e as águas negras seguem para a fossa/sumidouro. O portal na internet possui artigos referentes a permacultura.” Instituto Çarakura33 – Áreas de Estudo na página nº 59 Instituto Anima34 – Áreas de Estudo na página nº 59 IPAB35 – “Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro – Desde 1998, as pessoas que faziam o IPAB, vinham atuando de uma forma diferente dos outros institutos de permacultura, principalmente pelo fato de não terem uma sede própria ou um centro de demonstração das técnicas permaculturais de design e de bio-construção. Desde 2004 assumiram-se publicamente em um tipo de organização que espelhe melhor as nossas relações como membros desse grupo. Uma rede de pessoas. Então... deixa de existir o IPAB e surge a Rede Permear de Permacultores36. Parece um novo rumo nas ações das pessoas que faziam o IPAB, mas na realidade, o rumo continua o mesmo: Na direção da sustentabilidade e autonomia das pessoas.” Espaço Ecológico Macacos – Foi um dos espaços articuladores desta vivência permacultural, sua proprietária Dayse Kerla, mora e vive a permacultura faz cinco anos em sua propriedade de um hectare. Nesta área localizada em SC – Comburiu – Estrada Geral dos Macacos, 8 km do Centro - ao lado da Cascata do Encanto; foi realizada o segundo curso de introdução a permacultura, denominado “Permacultura – Por uma Vida Sustentável” que abordou os temas: • Introdução ao conceito e histórico da Permacultura • Auto-sustentabilidade: Consciência Espiritual, Consciência Corporal e Alimentação • Sustentabilidade Ecológica:Permacultura Urbana, Consumo Sustentável, Sistema Sanitário e Banheiro Seco, Bioconstrução, Agroecologia, Energia, Ética No cartaz abaixo “Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura, o coletivo Comissão de Permacultura e Agroecologia anuncia o segundo módulo do curso: 33 ÇARAKURA. Instituto ÇaraKura. Disponível em:<http://www.institutocarakura.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012 34 ANIMA. Insituto Anima. Disponível em:HTTP://www.institutoanima.org. Acesso em: 5 abr 2013 35 IPAB. Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro. Disponível em: <http://www.permacultura.org.br/ipab/>. Acesso em: 08 nov. 2012 36 REDE PERMEAR. Disponível em: <http://www.permear.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012 43 Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura FONTE: Comissão de Permacultura e Agroecologia, 2012 Igatu37 – ”Uma família buscando levar a vida de forma mais simples e em harmonia com a natureza.Para tal, estamos no meio do caminho entre a cidade e campo, mas em direção ao campo. Estamos em pleno processo de êxodo urbano ou como chamam, somos pessoas neorurais. Escolhemos uma pequena cidade e uma pequena propriedade para viver e desenvolver técnicas de permacultura para melhor conviver com o ambiente. Assim, chegamos a um pequeno vale entranhado entre os morros da serra do leste catarinense, entre o planalto e o litoral”. Nova Oikos38 – “É um projeto em permanente construção. Trata-se de um sonho, uma utopia a caminho da realidade! Atuamos em uma espécie de “slow management”… afinal não é um trabalho, mas um projeto de vida e de sociedade!” “Fisicamente, é um sítio em processo de transformação para uma Estação Ecológica em Permacultura. É ainda um sítio familiar, e como toda família, com algumas “pendências”. Entretanto, o objetivo de todos é que o local se torne um disseminador de práticas ecológicas em prol de uma sociedade pós-capitalista. Situa-se em Comburiú, em Santa Catarina, entre uma “refloresta” de pinus e eucaliptus e uma mata secundaria em regeneração desde 1980 contando com uma forte nascente e muita água! Visamos proteger esse local da barbárie desenvolvimentista da região!” 37 SITIO IGATU. Sitio da família de Arthur Nanni. Disponível em: <http://sitioigatu.wordpress.com/>. Acesso em: 09 maio 2013. 38 NOVA OIKOS. Projeto Nova Oikos (Mildred). Disponível em: <http://novaoikos.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 44 Raízes39 – “Esta é a estação de permacultura do Pedro Marcos Ortiz, Elusa Wigers Ortiz e Elena Ortiz, no planalto serrano de Santa Catarina em São José do Cerrito.” Sete Lombas40 – “é um sítio com 23 ha no costão da Serra Geral Catarinense, na localidade de Rio Jordão Médio, município de Siderópolis (SC). Os objetivos do sítio consistem em: Ser o lar sustentável da Família Vieira; Ser um espaço de preservação ambiental; Ser um centro de educação e referência em permacultura para a região; e Produzir alimentos, sementes, mudas, artesanatos e partilhar os excedentes com a família, amigos e vizinhos.” Vagalume41 – “Pequena propriedade na serra catarinense, Rancho Queimado (SC), onde está sendo implantado design permacultural com o objetivo de compartilhar soluções replicáveis de vida sustentável. O foco da estação é a plantação de árvores, a produção de alimentos, o cultivo e uso do bambu e construções ecológicas, sempre com uso de recursos locais renováveis e custo mínimo.” Vale do Encano – “No dia 07/07/2007 como um sonho, adquirimos a propriedade que batizamos de Base Ecológica Vale Do Encano, que esta localizada na Rua: Rio Amazonas Bairro: Rio Pequeno na cidades de Comburiú com 50.000 [m²] de área; utilizadas para o cultivo na forma de mono-cultura e extrativismo, tornando o solo ácido e improdutivo. Após um ano trabalhando na terra com muitos problemas sem solução chegou ao nosso conhecimento a PERMACULTURA apresentada pelo CPA a convite de um dos colaboradores da propriedade e integrante do grupo.” “Passamos então a desenvolver o trabalho de agroecologia que em pouco tempo mostrou resultados positivos. Este foi o fator que nos encorajou a permanecer na terra, pois sendo, nós uma família urbana não tínhamos experiência e conhecimento necessário para nos mantermos ali. Tornamos pioneiros na produção de banana chips na região e passamos a comercializar na feira agroecológica de Itajaí e na feira livre de Itapema agregando outros produtos como: banana, banana desidratada, geléias, patês, leite de soja, polpa de juçara, jerivá, plantas alimentícias não convencionais e pão. Hoje a Base Ecológica Vale Do Encano tornou-se um local para a socialização e prática em PERMACULTURA, aberto a todos os grupos e pessoa que queiram, não só aprender. Mas também ensinar e formar novos educadores”. 39 RAÍZES. Sítio Raízes. Disponível em: <http://sitioraizes.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012 40 SETE LOMBAS. Disponível em: <http://www.setelombas.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012 41 VAGALUME. Sítio Vagalume. Disponível em: <http://www.sitiovagalume.com>. Acesso em: 08 nov 2012. 45 Yvy Porã42 – Áreas de Estudo na página nº 59 2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE E ECOFORMAÇÃO “A Transdisciplinaridade é uma nova abordagem científica, cultural, espiritual e social. “ Basarab Nicolescu Os conceitos de transdisciplinaridade (TransD) e ecoformação não são somente dois termos a mais que nos abrem novas portas. São constelações conceituais e é preciso situá-las dentro do paradigma ecossistêmico descrito por Moraes (1997) apud TORRE, (2008, p.127). A “palavra é o veículo da mente”, uma ferramenta poderosa que usamos para nos comunicar, para chegar ao mundo interior das pessoas, para se apropriar do seu entorno, para expressar seu potencial criativo (TORRE, 2008, p. 113). Wittgenstein43 em sua frase de efeito seduz ao dizer: “Podemos chegar a conhecer a estrutura do mundo se conhecermos a estrutura da linguagem” Do termo transdiciplinar emergem três campos conceituais principais (Torre, 2008 pp. 23-24; 128-129): a) O campo científico, epistemológico e metodológico de construção do conhecimento, com seus três níveis de realidade, a teoria da complexidade e o terceiro incluído da lógica não aristotélica. Esses níveis de realidade, variável no plano do sensível, material próprio do macrocosmos. No plano da energia mental, energia sutil, energia etérica, entidades, arquétipos de Jung ou consciência coletiva. No plano da consciência cósmica, campo Psi, campo akásico, vazio quântico, inteligência suprema, divindade superior para os crentes. Deste modo, o campo de investigação se abre a fenômenos excluídos pela metodologia clássica. A trans busca a articulação dos saberes provenientes das ciências, das artes, da filosofia, da sabedoria tradicional, da experiência, para nos dar, permanentemente, novos modos de perceber e descrever a realidade, as relações entre as realidades em sentido amplo e “o real” ou intangível. O tumor é tão real quanto à percepção psicossomática dele mesmo; 42 YVY PORÃ.Estação de Permacultura. <http://www.yvypora.wordpress.com>. Acesso em: 08 nov 2012. 43 Disponível em: CAVASSANE, Ricardo Peraça. A crítica de wittgenstein ao seu "tractatus" nas "investifações filosóficas". Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/viewFile/337/374>. Acesso em: 08 nov 2012. 46 b) O campo de ação ecologizada, que se manifesta na formação integral do ser humano através da sua relação com o mundo (ecoformação), com os outros (coformação, heteroformação), consigo mesmo (autoformação) e com a consciência do próprio ser (ontoformação), que acontece tanto no âmbito formal quanto não formal. O entorno, o meio ambiente é o cenário propício para essa formação integradora, porque revela os vínculos entre a pessoa, a sociedade, a natureza e o cosmos. Por isso, a visão ecoformadora deve ser essencialmente planetária, como defendem Morin, Pineau, Moraes, Gutierrez. c) O campo da atitude transdisciplinar ou de vida que busca a compreensão e a complementaridade do que ocorre na vida e no universo. Tenta compreender a complexidade das relações entre os sujeitos (alteridades), dos sujeitos consigo mesmos na busca pelo sentido e finalidade (autotélica), e dos sujeitos com os objetos que os rodeiam (atitudes planetárias). A atitude transD busca a transformação do ser humano em sua totalidade, ao se relacionar com os outros e com “o outro”. Adota como ponto de referência os valores humanos, o desenvolvimento da consciência, da criatividade, a defesa do meio ambiente, a solidadariedade e o desenvolvimento sustentável, a convivência em harmonia de culturas, raças e crenças distintas. Uma atitude transdisciplinar está aberta ao novo, não confundindo as diferentes manifestações da realidade com “o real”. Abaixo Torre (2008) apresenta um mapa conceitual para compreender e visualizar os caminhos que uma atitude TRANSD e de INVESTIGAÇÃO que complementam os princípios cósmicos: Harmonia, Evolução e Vibração e os princípios didáticos: Referentes de Valor, Interação e vínculo com a consciência. Sua linguagem envolve alguns termos e conceitos como: ecopedagogia, ecodidática, sinergia, sentipensar, cenários, redes, campos de aprendizagem, aprendizagem integrada, empreendedorismo, criatividade, cidadania, interculturalidade, transcultural, energia mental, clima ou ambiente. inovação, 47 Figura 5 - Mapa Conceitual Transdiciplinaridade e Ecoformação Sustentável Fonte: TORRE, 2008, p.130. Enquanto o pensamento lógico/dedutivo é mais analítico e linear, a linguagem metafórica é mais holística, compreensiva e relacional, permitindo uma compreensão global e coerente dos fenômenos estudados. Estas discussões entre as ligações e estas “trocas simbólicas” com a natureza, possuem premissas teóricas que “religam o mundo”. Esta “materialidade e a imaterialidade” inscritas na relação homem/natureza, esta “reciprocidade” ao aprender ensinar. Distorcer esta visão e “função utilitarista” (SILVA, 2008, p.97). Pineau (2006 apud SILVA, ibidem) “leva em conta as relações de interdependência entre o organismo e o ambiente material que se desenvolvem no coração dos gestos cotidianos”. 48 Reich44 (1955) trata da relação entre o corpo e a psique ao buscar uma teoria que lide com a lógica interna da unidualidade psicossomática, Reich estava superando a cisão entre o psicológico e o biológico, pois sua pesquisa relaciona a estrutura de caráter “personalidade” com o corpo. Ele percebeu que esta neurose, formada na estrutura de caráter, estava diretamente ligada ao corpo, evidenciada pelo o que ele denominou de couraça muscular que influenciava as relações com homem, sociedade e ambiente através da bioenergia orgone (JOÃO, 2002). A base sugere a teoria dos três mestres de Jean-Jacques Rousseau (1996) apud Silva (2008, p.98) – o homem (natureza), os outros (a sociedade) e as coisas (o ambiente) – correlacionando-a com a trindade humana indivíduo/espécie/sociedade proposta por Morin (2000). Segundo Goswami (1998) nos afastamos da realidade vital da consciência, dos valores, que está sendo corroída pelo materialismo científico. Entretanto em seu livro “O Universo Autoconsciente” ele comenta sobre a integração entre a ciência e a espiritualidade ao apontar a física quântica e os seus princípios (objetividade forte, determinismo causal, localidade, materialismo e epifenomenalismo). Estes preceitos estabelecem relações com a eco-espiritualidade45, pois o ser humano tem características existenciais de finitude e infinitude que impulsionam para experiências “místicas” que emergem do encontro naturezacultura-transcendência. Um relatório recente e exaustivo foi elaborado pela comissão internacional para a educação no século 21, vinculada à UNESCO e presidida por Jacques Delors. O Relatório Delors põe em grande destaque os quatro pilares de um novo tipo de educação: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser (NICOLESCU, 1999). Ainda Nicolescu (1999) afirma que nas instituições de ensino, não há nenhuma necessidade de se criarem novos departamentos nem novas cadeiras, o que seria contrário ao espírito transdisciplinar: a transdisciplinaridade não é uma nova disciplina e os pesquisadores transdisciplinares não são novos especialistas. A solução consiste em gerar, dentro de cada instituição de ensino, uma oficina de pesquisa transdisciplinar, cuja constituição deverá variar ao longo do tempo, reagrupando docentes e discentes da instituição. 44 REICH, Wilhelm. La Función Del Orgasmo. 1955. Disponível em: <http://terapiapsicocorporalgdl.files.wordpress.com/2012/07/funcion-orgasmo-1.pdf>. Acesso em: 08 nov 2012. 45 I Encontro internacional de ciências eco-espirituais: transdisciplinaridade, ecoformação e saúde. [recurso eletrônico] : [Anais] / UNIVALI – Balneário Camboriú : Universidade do Vale do Itajaí, 2010 49 Nesta perspectiva, existe uma relação direta e incontornável entre paz e transD. O pensamento fragmentado é incompatível com a busca de paz sobre a Terra. A emergência de uma cultura e de uma educação para a paz exige uma evolução transdisciplinar da educação e, muito particularmente, da Universidade. A penetração do pensamento complexo e transD nas estruturas, nos programas e na área de irradiação da influência da Universidade permitirão sua evolução rumo a sua missão, hoje um pouco esquecida: o estudo do universal. A Universidade poderá assim vir a ser um local de aprendizagem da atitude transcultural e transreligiosa, e do diálogo entre a arte e a ciência, eixo da reunificação entre a cultura científica e a cultura artística. A Universidade remodelada será o lar de um novo tipo de humanismo. (NICOLESCU, 1999) Figura 6 - Trans, Inter, Multi, Intra...Disciplinaridade Fonte: Peralta-Castell (2003). Na classificação acima, realizada pela pesquisadora em arte educação, Cleusa H.G. Peralta-Castell46 (2003) a partir dos fundamentos de Erich Jantsch podemos seguir uma linha que tanto pode ir da base para o topo quanto do topo para a base. “Começando pela 46 Material Didático do colóquio transdisciplinar de reforma curricular da FURG. Comissão de apoio pedagógico – PROGRAD, Pró-reitoria de Graduação, 1999. 50 base, ela é construída a partir dos conteúdos isolados, conteúdos mínimos essenciais que formarão as disciplinas. As disciplinas são feixes de conteúdos, os quais se repetem em diferentes disciplinas. Estas disciplinas, isoladamente, possuem disciplinas em comum. A esta REPETIÇÃO de conteúdos similares em diferentes disciplinas dá-se o nome de INTRAdisciplinaridade”. “Passando para a próxima instância, ou degrau, segundo a tabela, a MULTIdisciplinaridade, confundida por muitos autores com INTERdisciplinaridade, é caracterizada pela presença de uma disciplina líder a qual abrange ou reúne outras disciplinas subordinadas. Há uma hegemonia da disciplina dominante sobre as outras, os conteúdos estão justapostos sem nenhum tipo de integração”. “Pode-se citar um exemplo comum que gera confusão quanto aos conceitos de MULTI e INTERdisciplinaridade: Num seminário, ou num congresso, são chamados profissionais de diferentes áreas do conhecimento para discutir sobre o mesmo tema. Não haverá integração total, visto que cada profissional possuirá um ponto de vista sobre o assunto de acordo com a sua especialidade, portanto não haverá a construção de um método ou teoria comum. A integração é apenas temática, sem a intenção de construir algo novo a partir da fusão de diferentes áreas do conhecimento”. “Muitas escolas também trabalham a MULTIdisciplinaridade pensando ser INTERdisciplinaridade. Propõe-se um tema e todos os professores trabalharão nele, porém cada um na sua sala de aula. Isto não é INTERdisciplinaridade”. “O método interdisciplinar visa uma integração verdadeira a qual surgirá a partir do trabalho comum, feito corpo a corpo com profissionais de diferentes áreas com a finalidade de construir o conteúdo junto aos educandos, no campo ou na sala de aula. A interdisciplinaridade pressupõe a construção de um método e de uma teoria comum, os quais são obtidos em experimentos educacionais num outro nível, denominado TRANSdisciplinar, onde se gerará um elemento comum possibilitando a construção de um conceito de integração a partir do qual serão formulados os conteúdos e as disciplinas de maneira integrada”. “A INTERdisciplinaridade é caracterizada pela igualdade entre as disciplinas, não há hierarquização entre elas. Para isso precisa ocorrer uma equalização ao nível de carga horária e de importância, caso contrário, sempre haverá uma disciplina líder e outras subalternas”. 51 • Transdisciplinariedade (TransD) Para o físico Nicolescu (1999), um dos cientistas mais importantes que atuam nesta área de pesquisa, afirma que a transD não é uma nova disciplina ou uma hiperdisciplina, mesmo que se alimente delas. Para ele, a inter e a trans, são flechas de um mesmo arco, que é o do conhecimento. Cuja materialização depende das relações entre os três pilares: os níveis de realidade, a lógica do terceiro incluído e a própria complexidade. Figura 7 - Dimensão Ontológica Fonte: TORRE, 2008. Os diferentes níveis de realidade se referem á existência de um mundo macrofísico e de um microfísico, regidos por leis diferentes, uma linear, outra circular. Para Nicolescu (1999), atualmente existem um terceiro nível, a realidade virtual. Além destes níveis, utilizando nossas intuições, percepções e o imaginário, entramos no mundo dos símbolos, dos mitos, do sagrado, indo assim a outro nível de realidade. O passo de um nível para outro ocorre a partir do terceiro incluído. 52 Figura 8 - Níveis de Realidade Fonte: TORRE, 2008. Morin (2000) afirma que "a Transdisciplinaridade é complementar da aproximação disciplinar; ela faz emergir da confrontação das disciplinas novas dados que as articulam entre si e que nos dão uma nova visão da natureza e da realidade." Para Moraes (2010), a transdisciplinaridade “pode ser compreendida como um princípio epistemológico que se apresenta em uma dinâmica processual que tenta superar as fronteiras do conhecimento mediante a integração de conceitos e metodologias”. Em relações à TransD, Sommerman (2003), divide em atitude, pesquisa e ação. A Atitude Transdisciplinar busca a compreensão da complexidade do nosso universo, da complexidade das relações entre sujeitos, dos sujeitos consigo mesmos e com os objetos que os circundam, a fim de recuperar os sentidos da relação enigmática do ser humano com a Realidade – aquilo que pode ser concebido pela consciência humana – e o Real – como referência absoluta e sempre velada. Para isso, propõe a articulação dos saberes das ciências, das artes, da filosofia, das tradições sapienciais e da experiência, que são diferentes modos de percepção e descrição da Realidade e da relação entre a Realidade e o Real. A Pesquisa Transdisciplinar pressupõe uma pluralidade epistemológica. Requer a integração de processos dialéticos e dialógicos que emergem da pesquisa e mantém o conhecimento com o sistema aberto; A Ação Transdisciplinar propõe a articulação da formação do ser humano na sua relação com o mundo (ecoformação), com os outros (hetero e co-formação), consigo mesmo (autoformação), com o ser (ontoformação), e, também, com o conhecimento formal e o não 53 formal. Procura uma mediação dos conflitos que emergem no contexto local e global, visando à paz e a colaboração entre as pessoas e entre as culturas, mas sem desconsiderar os contraditórios e a valorização de sua expressão (SOMMERMAN, 2003). Ainda sobre a transD, Pineau (2006), demonstra que ocorre uma transD sociointerativa entre especialistas das disciplinas e também entre atores sociais, uma reflexiva, na interrogação dos quadros de pensamento e uma “transD paradigmática” com intenção de construir um novo paradigma unificador. Paul (2001, pp. 381-406) estabelece então uma relação entre esses quatro termos e três etapas da formação do homem global: “(N2 e N3) a relação entre eco e heteroformação correspondendo ao “trajeto psico-genético”, à estruturação psico-físico-social do sujeito; (N1) a relação entre hetero e autoformação correspondendo ao “trajeto imaginal”, à estruturação da imaginação criadora diurna e à hermenêutica (à interpretação) da linguagem da imaginação noturna dos sonhos; (N0) a relação entre auto e ontoformação correspondendo ao “trajeto teofânico”, às contemplações (supra-racionais) sucessivas que o sujeito transcendental pode ter do sujeito absoluto, do Ser transcendental e do Ser Absoluto , bem como das primeiras formas que deles emanam” (SOMMERMAN, 2003, p. 69). Abaixo, as imagens demonstram as interações entre as propostas das formações (eco, hetero, auto, onto) relacionando-a com a interdisciplinaridade e com a transD. Figura 9 - Sujeito Interdisciplinar Fonte: Sommerman (2003) 54 Figura 10 - Sujeito Transdisciplinar Fonte: Sommerman (2003) • Ecoformação O termo ecoformação é a dimensão formativa do meio ambiente material, que é mais discreta e silenciosa do que as outras duas (auto e hetero). Pineau acrescenta a “coformação”. Tendo em vista a construção de práticas que visam à sustentabilidade planetária e o paradigma ecossistêmico, Torre et al (2008) descrevem a importância da ecoformação, já que esta oferece uma visão ampla sobre o natural e o social, podendo contribuir de maneira significativa para a formação do sujeito: “Entendemos a ecoformação como uma maneira sistêmica, integradora e sustentável de atender a ação formativa,sempre na relação com o sujeito, a sociedade e a natureza [...] A ecoformação é uma maneira de buscar o crescimento interior a partir da interação multissensorial com o meio humano e natural, deforma harmônica, integradora e axiológica. Buscando ir além do individualismo, do cognitivismo e utilitarismo do conhecimento. Partindo do respeito à natureza (ecologia), levando os outros em consideração (alteridade) e transcendendo a realidade sensível.” (TORRE et. Al., 2008, p. 43). Já para a definição de ecoformação, a proposta de Cottereau (2001) de uma divisão em “três tempos”, que ela chama de “valsa em três tempos para a formação ecológica”: 55 • O primeiro tempo seria a aprendizagem de saberes relativos ao meio ambiente, saberes complexos provenientes das ciências da natureza e das ciências do homem que instruem a razão e o conhecimento. • O segundo tempo seria experimental e experiencial, enriquecendo o primeiro tempo com a experiência prática do mundo, pois neste segundo tempo, a participação ativa nas correntes de ar, nos fluxos dos olhares, nas corredeiras dos sons e das vozes, nas imobilidades que perderam presença, nas cores das coisas, nas lições pacientes das primaveras, nos caminhos que sobem e nas ruelas que descem na mole pradaria e na planície rochosa... A escuta vigilante de tudo o que se passa, se desenrola, em silêncio ou barulho... Estar apenas ali, atento ou contemplativo, poros abertos, espírito desperto, de maneira repetida, nos ensinaria a escuta sensível, a intuição do outro, a mais fina percepção do menor dos sinais da matéria e do vivo [...] (COTTEREAU, 2001, p. 64). • O terceiro tempo seria a apreensão da experiência, da escuta sensível, a reflexão sobre os gestos normalmente automáticos do cotidiano, pois toda tomada de consciência implica uma retroação sobre uma ação autônoma e quase automática. Para sairmos “de nossas inconsciências ecológicas” precisamos passar por esse trabalho de tomada de consciência das nossas dependências do meio ambiente, precisamos explorar nossas histórias que “falam sobre a nossa maneira de habitar o mundo, das nossas relações com o espaço, com as paisagens, com os objetos, os materiais, com a natureza, com as estações, com os momentos do dia” (COTTEREAU, 2001, p. 65). E, para isso, precisamos de uma “gramática da intuição, da escuta, do sensível”, que se “ensina bem longe dos quadros negros, dos livros de leis e das cátedras universitárias” (ibid., p. 66). Um olhar multireferencial e multidimensional sobre a ecoformação, Sommerman (2003) fala das preocupações com o meio ambiente, que são cada vez maiores nas últimas três décadas, devido à gravidade e à complexidade crescentes dos problemas ambientais, as reflexões e práticas ecoformativas ainda são marginais nos ambientes formais de ensino. Por isto abaixo se demonstra abordagens para as mesmas: 1. Uma abordagem reflexiva, que requer que cada um clarifique suas concepções de base relativas à educação, ao meio ambiente, à educação para o meio ambiente e tome uma certa distância de sua prática, em busca de aprimorá-la e de melhorar a si mesmo. Como instrumentos principais dessa abordagem, cita o jornal de bordo, a análise de incidentes críticos, a entrevista individual e a discussão de grupo. 56 2. Uma abordagem experiencial, que consiste em experimentar abordagens e estratégias com os participantes, explorando ou descobrindo com eles as realidades do meio ambiente em que vivem a escola, o quarteirão, a cidade, a usina , nas demandas de solução de problemas ou na implementação de projetos. 3. Uma abordagem crítica das realidades sociais, ambientais, educacionais e pedagógicas, que visa identificar os aspectos positivos, os negativos, os limites, as faltas, as rupturas, as incoerências, os jogos de poder, com a finalidade de transformar a realidade. 4. Uma abordagem práxica, que associa a reflexão à ação e que integra as três abordagens anteriores: reflexiva, experiencial e crítica. Como uma prática consciente de si mesma, numa dialética entre a teoria e a prática, produz soluções criativas e pode aumentar a eficácia, a pertinência e o sentido da ação. 5. Uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar, que implica [a interdisciplinar] na abertura para os diferentes campos do saber para enriquecer a compreensão e a análise das realidades complexas do meio ambiente, desenvolvendo uma visão sistêmica e global das realidades e reconhece [a transdisciplinar] o interesse e o valor de outros tipos de saber: os saberes da experiência, os saberes tradicionais, os saberes de senso comum, etc. 6. Uma abordagem colaborativa, que vê o meio ambiente como um objeto essencialmente partilhado, que deve ser abordado em conjunto, com o entrecruzamento dos diferentes olhares, das diferentes esperanças e dos diferentes talentos de cada um. A estratégia privilegiada aqui é a da comunidade de aprendizagem, que reúne um grupo de pessoas ao redor de um problema ou de um projeto comum que tem um significado e uma pertinência em vista de suas próprias preocupações e das características de seu contexto cultural e sócio-ambiental. • Complexidade: Este conceito está presente em quase todos os artigos do “universo inter” e do “universo trans”, segundo JOHNSON (2009), apud SOMMERMAN (2012 p. 196): “Muito da Física tradicional foi se dedicar a tentar entender os detalhes microscópicos no interior daquilo que vemos. Isso levou os físicos a romperem átomos para olhar as partículas dentro deles – eventual mente descendo até os quarks. Isso é sem dúvida complicado – mas essa abordagem reducionista é num certo sentido o oposto daquela da Complexidade. Em vez de romper as coisas para encontrar de que seus componentes são feitos, a Complexidade enfoca os novos fenômenos que podem emergir de uma série de componentes relativamente simples. Em outras palavras, a Complexidade olha para as coisas complicadas e surpreendentes que podem emergir da interação de uma série de objetos 57 que eles mesmos podem ser até simples.(...) Indo mais longe,a filosofia subjacente por trás da busca de uma teoria quantitativa da Complexidade é de que não precisamos de uma compreensão plena dos objetos constituintes para compreender o que uma série deles pode fazer. Partículas simples interagindo de maneira simples podem conduzir a uma rica variedade de resultados reais – e isso é a essência da Complexidade.” (JOHNSON, 2009, p. 17). Assim, a essência da transdisciplinaridade vem desta “nova” forma de aprendizagem e resolução dos problemas envolvendo a cooperação de diferentes partes da sociedade e da academia, a fim de enfrentar os desafios complexos da sociedade. Segundo o KVARDA (2006)47 deve: • Estabelecer uma abordagem interdisciplinar (disciplinas) • Consideração holística de diferentes sistemas • Complementaridade entre os modos intuitivos e analíticos • Diferentes interesses das partes interessadas (stakeholders) Abaixo se apresenta o decálogo elaborado em Barcelona, num congresso ocorrido em março de 2007, contribuições como as de Edgar Morin, Raul Motta, Gaston Pineau, Emilio Ciurana, Joan Mallart, Ivani Fazenda e outros. Esse nos remete a necessidade de pesquisa em dez campos principais de projeção transdisciplinar e ecoformação. 2.5.1 Decálogo sobre a Transdiciplinaridade e Ecoformação: 1. Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar; 2. Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes; 3. Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável; 4. Projeção social: Consequências de uma cidadania planetária; 5. Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores humanos; 6. Projeção das políticas trabalhistas e sociais: Satisfação das necessidades humanas; 7. Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade; 8. Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento; 9. Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz; 10. Projeção das organizações no estado de bem-estar: Auto-organização e dimensões ética e social. 47 KVARDA, Werner. Permakultur - Zertifikatskurs. Universität Fürbodenkultur. Nov. 2006. Disponível em: <http://www.academia-danubiana.net>. Acesso em: 25 out. 2012. 58 Educar implica, a partir de um olhar transdisciplinar e ecoformador, valorizar, reconhecer, respeitar e outorgar confiança e credibilidade aos outros (TORRE, 2008). No próximo capítulo apresenta-se a metodologia realizada na pesquisa. 3 METODOLOGIA A metodologia foi dividida pelo tipo de pesquisa, as áreas que indiretamente ou diretamente fizeram parte do estudo, o Comitê de Ética, pois envolve seres humanos na pesquisa, finalizando com as diferentes etapas e Instrumentos específicos de Coleta e Análise de Dados. 3.1 TIPO DE PESQUISA A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso na perspectiva da pesquisa participativa por considerarmos que envolve o estudo de uma realidade específica, com características peculiares – assume a pesquisa como investigação teórico-prática do tipo participativa - baseada na participação acadêmica – ao envolver um coletivo de coordenadores, professores e acadêmicos (as) da instituição; e da participação dos gestores das estações de permacultura, facilitadores e permacultores. Conforme Lüdke e André (1986, p.18-23), o estudo de caso visa à descoberta e ainda que fundada em pressupostos iniciais, enfatiza a interpretação em contexto, o que deve levar a uma apreensão mais completa do objeto; viabiliza generalizações naturalísticas para possibilitar a associação de dados da investigação com os da experiência própria do pesquisador; procura representar os diferentes e conflitantes pontos de vista decorrentes da situação-problema utilizando uma linguagem e uma forma mais acessível do que outros relatórios de pesquisa. Para Rizziniet al (1999, p.29), o estudo de caso é sempre bem delimitado e singular, o que reduz a possibilidade de generalizações dos resultados para outras situações. O interesse no caso é justamente naquilo que ele possui de particular e único, mesmo que posteriormente apresente certas semelhanças com outros casos. A literatura traz uma série de termos relativos à pesquisa baseada na participação e envolvimento do pesquisador (pesquisa-ação/participativa/participante-ação participativa) e que podem ser utilizados como sinônimos, denotando um esforço de diferenciação que pode ser teórica ou metodológica. Neste estudo, adotamos o termo pesquisa participativa (PP) compactuando com Demo (1995, p.30-89) que a considera uma “proposta metodológica fundamental e necessária para mudar a realidade”. 59 O autor aponta alguns êxitos deste tipo de pesquisa: a união de teoria e prática, por entender que a prática é necessidade da teoria e, também, produtora de conhecimento; a conjugação de saber e mudar, por valorizar o engajamento de pesquisadores e professores, consorciando o saber popular com outros saberes, de modo a criar bases mais realistas de processos emancipatórios; a crítica ao atrelamento da ciência ao poder, por questionar o elitismo da ciência e à propalada neutralidade desta para acobertar intencionalidades obscuras; a percepção pelo “aprender a aprender”, por enaltecer o aspecto construtivo. A partir desta ótica, as instituições escolarizadas não são concebidas como um mero espaço ou local de aplicação de propostas e de coletas de dados, mas segundo Campos (1984, p.65) como “possibilidade de modificar a prática concretamente seguida por elas”, uma vez que os professores ao participarem da pesquisa ampliam suas condições de continuar o tipo de trabalho realizado. “A proposta, é gerar um novo tipo de saber, a ser continuamente construído por todos os envolvidos em sua prática, um saber democrático não só na sua construção, mas também na difusão e utilização” (RIZZINI, 1999, p.40). Pesquisadores Acadêmicos e Pesquisadores Comunitários tornam-se, então, parceiros de investigação da realidade e da realização da ação educativa sobre ela, compartilham conhecimentos que trazem de suas diferentes experiências sócio-históricas com o objetivo de promover pela ação-relexão-ação as transformações na realidade socioambiental que investigam (BRANDÃO, 2005, p.260-266). A ação desencadeada pelo processo de pesquisa-ação, conforme já mencionado, pode ser de caráter prático, educativo, comunicativo, político, cultural etc., e ser originada e desenvolvida no decorrer do processo de pesquisa, em função das necessidades encontradas, e não ao seu término, como ocorre usualmente em outros tipos de pesquisa. Esta pesquisa-ação pode ser definida como colaborativa definida por Toledo et al (2013): “A compreensão de todo o processo desta pesquisa-ação de natureza colaborativa se baseia nas relações entre cada um dos participantes, isto é, (professora-pesquisadora, alunos, professores coordenadores, direção) em que o conceito de “colaboração” baseia-se na igualdade de oportunidades dos participantes da interação em colocar em discussão sentidos/significados, valores e conceitos que vêm embasando suas ações, escolhas, dúvidas e discordâncias” (DIAS, 2003, p. 54). 3.2 ÁREAS DE ESTUDO Ao todo a pesquisa envolveu uma Instituição de Ensino Superior, a UNIVALI, com foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental associado a algumas análises sobre os 60 cursos de Oceanografia, Ciências Biológicas, Engenharia Civil; e cinco estações ou coletivos de formação em Permacultura conforme descritos a seguir: • UNIVALI – Curso Engenharia Ambiental A instalação da Universidade do Vale do Itajaí, em 21 de março de 1989, foi, na verdade, sequência natural da trajetória da Educação Superior em Itajaí (SC) e na região. Esta história iniciou em 1964. De 16 de setembro deste ano data o registro do primeiro documento oficial da “Sociedade Itajaiense de Ensino Superior.”48 No dia 22 de setembro de 1964 a Sociedade deixa de ser iniciativa privada para tornar-se, via Lei Municipal, uma instituição pública. (UNIVALI) Pelas demandas de mercado, com a qualidade e a competência que lhe são peculiares, a Univali lançou, em agosto de 1998, o curso de Engenharia Ambiental. Já o de Ciências Biológicas foi implementado no primeiro semestre de 1998, o de Engenharia Civil em 1997 no segundo semestre e o de Oceanografia, o mais antigo, em 1992 também no segundo semestre; todos vinculado ao CTTMar - Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar. Desde então, os cursos tem se preocupado em oferecer aos seus acadêmicos uma formação que, além de apresentar solidez teórica e metodológica, também esteja atenta às realidades contemporâneas. A inclusão dos cursos de Engenharia Civil, Ciências Biológicas e Oceanografia na pesquisa, se deram em razão de: os cursos pertencem ao mesmo centro – CTTMar; há uma aproximação teórico-metodológica pela inserção de docentes que trabalham nos cursos em questão e participam das discussões dos PP no processo de formação continuada; alguns dos entrevistados são egressos da UNIVALI em algum desses cursos e estão envolvidos com as técnicas e metodologias da Permacultura, com a ecologia em si e com a bioconstrução. Outro fator importante é a aposta teórica de que a visão transdisciplinar pode extrapolar o curso de Engenharia Ambiental e envolver outros cursos de formação inicial, potencializando a interação e o fortalecimento da ecoformação. • Çarakura O Instituto ÇaraKura é uma organização não governamental (ONG), fundada em 11 de março de 2007, qualificada como utilidade Pública Municipal. É formado por estudantes e profissionais das áreas da pedagogia, medicina, engenharias, direito, arquitetura, geografia, 48 “A Sociedade Itajaiense de Ensino Superior – SIES –, originou-se em 5 de novembro de 1962, Dia da Cultura, a partir de uma mudança estatutária na Sociedade Professor Flávio Ferrari – SPFF, que havia sido fundada em 8 de maio de 1950.” UNIVALI. Site Univali. Disponível em: <http://univali.br>. Acesso em: 08 nov. 2012. 61 biologia, sistemas de informação, nutrição, artes plásticas e cênicas e outros, contando atualmente com 20 associados efetivos e 15 associados colaboradores. O Instituto ÇaraKura tem por finalidade desenvolver projetos de Educação Ambiental e ações referentes à pesquisa científica e tecnológica que facilitem a aplicação de tecnologias sociais, ou seja, simples, eficientes, de baixo custo e baixo impacto ambiental, aplicáveis principalmente na construção de habitações ecológicas, utilização de energias renováveis, recuperação de áreas degradadas, manejo e uso do bambu, agricultura ecológica, sistemas alternativos de saneamento básico e outras iniciativas que possam fomentar o desenvolvimento sócio-ambiental sustentável, bem como a valorização e resgate dos conhecimentos ancestrais. Sua sede localiza-se no Sítio ÇaraKura, futura Reserva do Patrimônio Natureza, (RPPN), situado no Canto do Moreira, distrito de Ratones, no início do Caminho Histórico Ratones/Costa da Lagoa. O Caminho Histórico Ratones/Costa da Lagoa foi tombado como Patrimônio Histórico Municipal em janeiro de 2002 e liga as duas maiores bacias hidrográficas de Florianópolis (SC): O Rio Ratones a Lagoa da Conceição. Os projetos e práticas pedagógicas desenvolvidos pelos membros do Instituto ÇaraKura já beneficiaram mais de cinco mil crianças e jovens. As atividades propostas buscam desenvolver o aprimoramento das habilidades humanas, associadas à recuperação e proteção dos ambientes naturais; tendo por objetivo a experimentação de sistemas sustentáveis, que permitam uma relação harmônica dos seres humanos com a natureza, promovendo a sensibilização e principalmente a participação ativa das crianças, jovens e adultos em atividades éticas ligadas ao uso sustentável dos recursos naturais. • Colmeia O Projeto da Casa Colmeia foi iniciado em fevereiro de 2009 pela família de artistas e designers de permacultura Juliano Riciardi, Teresa Dominot e seu filho Tiê, que a idealizaram e a construíram com as próprias mãos, no litoral sul Catarinense. Ela está localizada na Praia da Garopaba do Sul, uma região esplêndida por natureza a 150 km ao sul de Florianópolis (SC), no município de Jaguaruna (SC), próximo ao Cabo do Farol de Santa Marta. No principio a ideia era simples, bioconstruir uma moradia ecológica em um espaço de 600 [m²] utilizando-se dos princípios da Permacultura, para acolhê-los, e que ela provesse todas as necessidades básicas da família: abrigo, alimentos, energia, cultura, recursos, saúde e bem estar. 62 Neste pequeno espaço construíram hortas mandalas e canteiros medicinais, agrofloresta, banheiros secos, fornos, secadores e aquecedores solares, cozinha caipira com fogão a lenha, cercas vivas, bioconstruções com tetos vivos, alojamento para voluntários, biblioteca e videoteca, oficina de arte-reciclagem, composteiras, minhocário, filtros biológicos, captação de água, viveiro de mudas e área de lazer. Hoje passados apenas 3 anos a família conseguiu alcançar ainda mais que o sonho pretendido em seu inicio. A casa se transformou em uma casa auto-sustentável. Isso quer dizer que a casa gera para a família e as pessoas que nela convivem, atividades, energias, alimentos, recursos diversos e um rico ambiente de aprendizado que se irradia cada vez mais, inspirando outras pessoas interessadas em viver um estilo de vida semelhante e sustentável. • Instituto Anima49 O que é o Instituto Anima de Cultura Sustentável? Anima significa animar, ativar, em Latim: alma, astral, o jeito claro das coisas, o lado sensível da vida, o feminino no masculino, a intuição, uma música do Milton Nascimento cantada também pelo Uakti e a Leila Pinheiro. O Instituto Anima tem sua sede no “Sitio Cristal Dourado - Espaço Terapêutico Pulsar” com estágios, atendimentos terapêuticos, chás, produção de alimentos orgânicos, música, artesanato, yoga, neo-xamanismo, cursos, palestras, consultorias, redes da net, ecofeiras, entre outras riquezas e preciosidades “Na Esfera Agrícola e Ambiental: Formamos projetos de reciclagem de resíduos e de paisagismo não somente estético, mas permacultural, que alimente e proteja os ambientes e residências, e incentivando a formação de hortas e pomares orgânicos. Também atuamos na construção de fogões e lareiras ecológicas, telhados verdes, bioconstrução com bambu, pau-a-pique, costaneira, eucalipto, adobe e tijolo. Podemos estruturar ações de recuperação de áreas degradadas e programas em educação ambiental e de melhoria da qualidade em recursos humanos e serviços em escolas, associações, políticas públicas e empresas. Estamos também impulsionando a viabilidade de várias ecovilas no Brasil. Para isso fornecemos assistência técnica em fazendas, sítios, empresas e cursos diversos. 49 SCHORR, Mauro. Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável. Sitio Cristal Dourado e Espaço Terapêutico Pulsar. Disponível em: <www.institutoanima.org>. Acesso em: 06 maio 2013. 63 Na Esfera Terapêutica e Nutricional: Temos uma equipe que atua na abordagem holística na área da saúde, sobretudo utilizando abordagens avançadas como estudo dos chacras e do campo energético, iridologia, massagem e terapia corporal com shiatzu, ayurvédica, bioenergética, renascimento, cura prânica e quântica, com prescrição de dietas balanceadas e alimentos nutritivos naturais, incluindo a fitoterapia, hidroterapia, aromaterapia, uso de pedras, cristais e florais de bach, entre outros”. Mauro Schorr e Maristela Regina Ogliari Schorr Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável Sitio Cristal Dourado e Espaço Terapêutico Pulsar Prêmio Fritz Müller 2009 - Governo do Estado de SC Sites: www.institutoanima.org e www.permaculturabr.ning.com Produtos: http://permaculturabr.ning.com/group/InstitutoAnima/forum/topics/cooperativa-doinstituto-anima • Comissão de Permacultura e Agroecologia A Comissão de Permacultura e Agroecologia de Itajaí-SC que teve tão importância em 2007 com alguns cursos e iniciando um ciclo de Feiras Orgânicas em Itajaí, que na época era um grupo dentro da ONG – Voluntários pela Verdade Ambiental (V Ambiental), uma organização não-governamental. Este coletivo foi reativado após o “Curso de Permacultura: Por uma Vida Sustentável”, uma introdução sobre a permacultura, realizado nos dias quatro e cinco de julho de dois mil e onze, junto a UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí (SC) no Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos – LGVR, junto aos parceiros da Sala Verde e do Laboratório de Educação Ambiental – LEA; e outros parceiros locais. O grupo se reúne periodicamente buscando organizar mutirões de divulgações das práticas permaculturais. Para juntos fortalecer este contato com a essência transformadora que estas vivências proporcionam à vida cotidiana de cada ser pensante, lidando de maneira sustentável e consciente. Atualmente está ligado diretamente e indiretamente com os sítios Vale do Encano, Espaço Ecológico Macacos, Espaço Rural Clarear50 e Estância Harmonia. E conectados com o Laboratório de Educação Ambiental; Sala Verde Itajaí51 - Observatório de Educação, Saúde, Cidadania e Justiça Socioambiental do Vale do Itajaí – SC; Laboratório de Gestão e 50 ESPAÇO RURAL CLAREAR. Disponível em:<http://www.espacoruralclarear.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 51 SALA VERDE ITAJAÍ. Disponível em:<http://www.salaverdeitajai.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 64 Valorização de Resíduos; Triambakam52 - Arte, Ciência e Espiritualidade; e com o projeto “O Q Somos”53; ONG IDEIA54; e o Centro Público de Economia Solidária de Itajaí (SC).55 • Yvy Porã “Yvy Porã, como espaço coletivo, nasceu em agosto de 2003, depois de muitos meses de conversas, formando um grupo, buscando a terra, etc. São 7 pessoas que iniciaram o processo, todos permacultores. Até o final de 2006 basicamente estivemos convivendo e partilhando o espaço coletivo, fizemos um design amplo, contemplando os locais para as possíveis zonas 1 de cada família- tanto das nossas que iniciamos o projeto, como de outras que poderão vir. Nestes anos observamos, interagimos com o mínimo impacto, plantamos muitas árvores, vivenciamos estações, regularidades, etc. Compartilhamos nossas vidas. Jorge Timmermann e Suzana Maringoni formam um casal de permacultores. Ele é biólogo, permacultor diplomado por Bill Mollison como Permaculture Teacher, e vem dando cursos no Brasil desde 1998. Foi um dos fundadores do Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro (IPAB), que depois se transformou na Rede Permear. Ela é educadora, permacultora, trabalha com educação fundamental na escola Autonomia de Florianópolis (SC)56, e também com Educação de jovens e adultos no campo (PRONERA -UFSC, Saberes da Terra) e ainda na formação de educadores, tanto na rede Permear, na Autonomia e no I Terra (RS). Numa área de 82 hectares, sendo 10 ha de pastagens e 72 ha de mata atlântica em recuperação passamos agora a ter um espaço para esta convivência. Os participantes de Yvy Porã são: Antonio Carlos Mariani; Bárbara Giese; Edla Maria Faust Ramos; Jorge Roberto Timmermann; José Carlos Ramos; Suzana Martins Maringoni”. 3.3 COMITÊ DE ÉTICA Segundo site57 da universidade: “O Comitê de Ética em Pesquisa da Univali (CEP/Univali) é um colegiado interdisciplinar e independente, criado para defender os interesses e direitos dos sujeitos de pesquisa em sua integridade e dignidade. É um órgão que contribui para o desenvolvimento de pesquisa científica dentro de padrões éticos. Foi instalado através da Portaria nº. 110/97. Em 1999, a Resolução 109 do Consepe aprovou o regulamento do Comitê e ampliou seu alcance. Assim, hoje, o CEP/Univali julga, acompanha e avalia 52 TRIAMBAKAM. Disponível em:<http://www.triambakam.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012. OQSOMOS. Disponível em:<http://www.oqsomos.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 54 ONG IDEIA. Disponível em:<http://ideiasc.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 55 CEPESI. Disponível em:<http://www.cepesi.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 56 ESCOLA AUTONOMIA. Escola Autonomia de Florianópolis (SC). Disponível em: <www.autonomia.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012. 57 UNIVALI. Comitê de Ética em Pesquisa da Univali. Disponível em: <http://www.univali.br/etica>. Acesso em: 08 nov. 2012. 53 65 propostas de pesquisa que envolva seres humanos, animais ou aspectos de biossegurança”. Em função das proporções da pesquisa, as quais ultrapassam o protocolo (ERASMUS, 2012) e principalmente por envolver seres humanos. Foi preenchido o cadastro e encaminhado o trabalho de conclusão de curso para a Plataforma Brasil – que é uma base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o sistema CEP/Cone. “Ela permite que as pesquisas sejam acompanhadas em seus diferentes estágios - desde sua submissão até a aprovação final pelo CEP e pela Conep, quando necessário - possibilitando inclusive o acompanhamento da fase de campo, o envio de relatórios parciais e dos relatórios finais das pesquisas quando concluídas”.58 3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS A caminhada metodológica foi composta de 04 etapas interdependentes e complementares, apresentadas a seguir: 3.4.1 ETAPA 1 – A Pesquisa documental e Participação PDC A pesquisa documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema (LUDKE e ANDRÉ, 1986). Esta etapa consistiu em realizar: • Revisão da literatura disponível sobre o tema; • Análise documental o Projeto Pedagógico (PP): na Engenharia Ambiental da Univali; o Referências: Curso de Design em Permacultura (PDC); o Dos Perfis, Campos de Atuações e Vocações: dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil e Oceanografia do CTTMar da Univali em Itajaí-SC; o Matriz Curricular: Compreensão das ementas dos Planos de ensino dos docentes das disciplinas que compõe a Matriz Curricular do curso de Engenharia Ambiental do CTTMar da Univali em Itajaí-SC. Foi realizado um Curso de Design em Permacultura. Neste vivenciei e descrevo os principais pontos e reflexões; ao utilizar as técnicas de observação participante, pois se realiza por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter 58 MS, Ministério da Saúde. Plataforma Brasil. Disponível <http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em: 05 nov. 2012. em: 66 informações sobre a realidade do contexto onde está inserido, estabelece uma relação face a face. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto. A importância desta ferramenta reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos não obtidos por meio de questionários e entrevistas. (MINAYO, 2003, p.59) Segundo Martins (2001 pp.47-58) o mérito principal de uma descrição: “não é sempre a sua exatidão ou seus pormenores, mas a capacidade que ela possa ter de criar uma reprodução tão clara quanto possível para o leitor da descrição. Poderá haver tantas descrições de uma mesma coisa quantas sejam as pessoas especialistas que vejam essa mesma coisa.” • Diário de Campo Em seu contexto histórico, segundo as Muller e Marques (2008) o diário de campo pode ser descrito nos seguintes itens: • Registros muito antigos, práticas cotidianas, viagens e experimentos. Cronologicamente falando, o diário de campo é o primeiro instrumento da metodologia de investigação-ação (FALKEMBACH, 1998 apud PINTO, 1989). Como Método de Pesquisa Científica: • • Um Diário no sentido estrito do termo. Diário de Campo – Uso em pesquisa Também chamado como Diário de Bordo, Notas de Campo; Nada mais é, que um Instrumento de Anotações, um caderno com espaço suficiente para anotações, comentários e reflexão, para uso individual do investigador no seu dia-a-dia. Nele se anotam todas as observações de fatos concretos, fenômenos sociais, acontecimentos, relações verificadas, experiências pessoais do investigador, suas reflexões e comentários. Ele facilita criar o hábito de escrever e observar com atenção, descrever com precisão e refletir sobre os acontecimentos. 3.4.2 ETAPA 2 – Definição dos indicadores Nessa etapa fez-se o uso dos dez principios da ecoformação segundo Torre (2008, p. 1920), os cinco pilares sobre a sustentabilidade educadora citada pelo Alves et al. (2010) e os princípios da permacultura (HOLMGREN, 2007) como categorias de análise para avaliar os possíveis diálogos entre a formação curricular de um Engenheiro Ambiental e da Permacultura. Citados abaixo: 67 Decálogo sobre Transdisciplinariedade e Ecoformação (Torre, 2008, p. 19-20): 1. Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar; 2. Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes; 3. Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável; 4. Projeção social: Consequências de ma cidadania planetária; 5. Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores humanos; 6. Projeção das políticas trabalhistas e sociais: Satisfação das necessidades humanas; 7. Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade; 8. Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento; 9. Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz; 10. Projeção das organizações no estado de bem-estar: Auto-organização e dimensões ética e social. Sustentabilidade Educadora (ALVES et al., 2010): 1. Comunidade 2. Identidade 3. Diálogo 4. Potência de ação 5. Felicidade Princípios da Permacultura (HOLMGREN, 2007): Éticos: Cuidar da Terra, das Pessoas e Limitar o consumo e compartilhar os recursos e capacidades Design: 1.Observe e interaja. 2.Capte e armazene energia. 3.Obtenha rendimento. 4.Pratique a auto-regulaçãoe aceite feed back. 5.Use e valorize os serviços e recursos renováveis. 6.Não produza desperdícios. 7.Design partindo de padrões para chegar aos detalhes. 8.Integrar ao invés de segregar. 9.Use soluções pequenas e lentas. 10.Use e valorize a diversidade. 11.Use as bordas e valorize os elementos marginais. 12.Use criativamente e responda às mudanças. 3.4.3 ETAPA 3 – Entrevistas e Ouvidoria Geralmente a entrevista é indicada para buscar informações sobre opinião, concepções, expectativas, percepções sobre objetos ou fatos; ou ainda para complementar as 68 informações sobre fatos ocorridos que não puderam ser observados pelo pesquisador, como acontecimentos históricos ou em pesquisa sobre história de vida. (MANZINI, 2012)59 Foram realizadas entrevistas semi estruturadas, perguntas de acordo com a pesquisa documental “etapa 1”, com coordenadores dos cursos envolvidos, professores das disciplinas selecionadas na “etapa 2”, acadêmicos da Univali (grupo focal), egressos dos diferentes cursos, gestores das estações permaculturais, facilitadores e permacultores (grupo focal), com o objetivo de identificar as percepções dos sujeitos da pesquisa sobre as possibilidades dos diálogos propostos nos objetivos da presente pesquisa. O grupo focal segundo Borges e Santos (2005), é uma dentre as várias modalidades disponíveis de entrevista grupal e/ou grupo de discussão. Os participantes dialogam sobre um tema particular, ao receberem estímulos apropriados para o debate (RESSEL et. al., 2008). Para Perosa e Pedro (2009), é uma forma de coleta de dados diretamente por meio da fala de um grupo, que relata suas experiências e percepções em torno de um tema. Assim, o grupo focal é uma técnica para a exploração de um tema pouco conhecido, visando o delineamento de pesquisas futuras e a produção de sentido e significados sobre determinado tema, pois sua orientação está voltada para a geração de hipóteses, e desenvolvimento de modelos e teorias. De acordo com Thompson (1992), a preparação para uma boa entrevista segue alguns passos, corroborados com o relato da experiência pessoal do Niebuhr60: As principais regras de ouro: “escutar e não impor suas idéias”. Preparar as informações básicas, um pesquisador desinformado, e mal preparado, causa desconforto ao entrevistado, pois não consegue estabelecer relação entre o presente e o passado, construindo pontes para o fluir da memória; As perguntas devem ser bem específicas e bem fundamentadas; Conhecimento das práticas e terminologias locais; A entrevista deve fluir, não controlá-la, mas orientá-la, cabe ao entrevistador, encaminhar a entrevista com tranquilidade. Perguntas são necessárias, e apontam para uma direção, por isso a importância do planejamento; Perguntas devem ser simples e cabe ao entrevistador incentivar respostas; Realizar perguntas abertas, para proporcionar a livre expressão, aqui o entrevistador, possibilita ao entrevistado ampliar sua resposta, criando possibilidades para novas perguntas. Evite expressar suas opiniões. 59 MANZINI, E.J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiro. Disponível em: <http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/gt3/04.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012. 60 NIEBUHR, M,.Documento oral como pesquisar. Disponível em: <http://www.brusque.sc.gov.br/enciclopedia/index.php/Documento_oral_como_pesquisar> Acesso em: 05 nov. 2012. 69 O personagem é o entrevistado, o centro da atenção do pesquisador. A entrevista não é uma conversa ou um “bate-papo”, comparando opiniões ou discordando de pontos de vista. Busque perguntas que obriguem uma resposta e que desencadeiem lembranças. O entrevistador pode levar consigo “auxílios” para a memória, como: fotografias, recortes de jornais, documentos, etc. O lugar da entrevista é negligenciado por muitos pesquisadores, e somente após a entrevista, percebem as consequências deste ato. O lugar deve ser agradável ao entrevistado, no entanto o pesquisador não pode deixar de estar atento aos ruídos como transito intenso, que podem prejudicar a gravação, assim como o gorjear de um belo canário, ou uma desleal concorrência com um rádio e televisão próxima ao local da entrevista. Entrevistas coletivas exigem mais cuidados, neste caso, a entrevista pode apresentar dificuldades para transcrição. Informações ditas em confiança devem ser respeitadas, pois a ética do trabalho está em primeiro lugar. Inclusive um roteiro semi estruturado com os principais temas foi encaminhado para todos os entrevistados, sendo agendado um horário de acordo com ambas as necessidades. Outros instrumentos utilizados na coleta de dados, sendo que neste momento destaca-se: Gravação Direta: É o processo de captura de dados ou tradução de informação para um dispositivo de armazenamento, que pode ser tanto analógico como digital. Dentre as formas mais recentes estão às pinturas rupestres, as runas61 e os ideogramas62. A tecnologia continuamente fornece maneiras para que o ser humano represente, grave e expresse seus pensamentos, sentimentos e experiências. Para esta gravação em vídeo, foram utilizados duas câmeras digitais. Uma fixa, e outra móvel, possibilitando outros ângulos e efeitos. Estas gravações tiveram permissão prévia, inclusive com o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Além de uma terceira câmera profissional, quando um amigo teve disponibilidade (40% das entrevistas). Transcrição: Uma transcrição de documento, também conhecida como de gravação, consiste no serviço de colocar no papel todo o conteúdo encontrado em áudio ou vídeo. Neste caso será feita com todas as entrevistas uma transcrição integral, onde todo conteúdo 61 As runas são um conjunto de alfabetos relacionados que usam letras características (também chamadas de runas) e eram usadas para escrever as línguas germânicas, principalmente na Escandinávia e nas ilhas Britânicas. WIKIPEDIA. Runas. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Runas>. Acesso em: 08 nov 2012. 62 É um símbolo gráfico utilizado para representar uma palavra ou conceito abstrato. WIKIPEDIA. Ideograma. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Ideograma>. Acesso em: 08 nov. 2012. 70 é transcrito, inclusive os erros cometidos e não corrigidos, repetições, hesitações, risadas, pausas, assim como quaisquer outras coisas que normalmente são desconsideradas na língua portuguesa. Após será encaminhado para os entrevistados para analisarem seu próprio discurso e acrescentar pontos e vírgulas caso haja a necessidade. Disponibilidade: apresentar publicamente, se permitido pelos entrevistados, as gravações e transcrições. Assim possibilitam-se outras pesquisas e estudo. Neste caso, como um software livre63. Por consequência no futuro co-criar com outros projetos e sonhos. Após a gravação, transcrição e devolução (feedback) dos entrevistados foi realizada a análise de conteúdo dos dados quantitativos relativos aos registros de cada etapa e das atividades realizadas e os dados coletados por meio das observações, interpretações dos resultados qualitativos e análise do processo. A técnica de análise de conteúdo como prevê Trivinos (1987), foi desenvolvida em três fases: primeiro, a pré-análise; depois a exploração do material; e, por último o tratamento dos dados. O que se busca então através deste artifício, é o aprofundamento do tema da pesquisa, desvelando a complexa rede de relações que envolvem a realidade social dos sujeitos. Constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas possibilitando a reinterpretação das mensagens para atingir uma compreensão de seus significados num nível maior. Faz parte de uma busca teórica e prática, com um significado especial no campo das investigações sociais. Constitui-se em bem mais do que uma simples técnica de análise de dados, representando uma abordagem metodológica com características e possibilidades próprias. Fairclough (2008, p.27-28) apud Oliveira, (2009) destaca que as práticas discursivas além de contribuírem para mudar o conhecimento, crenças e o senso comum, provocam transformações também nas relações sociais e nas identidades sociais, alertando para o fato de que “as relações entre a mudança discursiva, social e cultural não são transparentes para as pessoas envolvidas”. Ainda na terceira etapa, foi criado um espaço virtual para as redes sociais, estações de permacultura e para as instituições de ensino superior, as quais o autor está conectado, por representar na Executiva Nacional dos Estudantes de Engenharia Ambiental – ENEEA64, a 63 Software Livre, ou software aberto é qualquer programa de computador cujo código-fonte deve ser disponibilizado para permitir o uso, a cópia, o estudo e a redistribuição. FSF. Free Software Foundation. Disponívelem: <http://www.fsf.org/>. Acesso em: 08 nov. 2012 64 ENEEA. Executiva Nacional de Engenharia Ambiental. Disponível em: <http://eneeabrasil.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012. 71 Diretoria de Pesquisa e Extensão, gestão 2011-2013. Denominou-se Ouvidoria, por buscar informalmente referências para este possível diálogo e a opinião entre acadêmicos, profissionais e permacultores. Abaixo imagem Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia, enviada junto com uma explicação sobre o trabalho de conclusão de curso, unido aos objetivos propostos: Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia FONTE: autor, 2012 3.4.4 ETAPA 4 - Análise dos dados Qualquer resultado em investigação é relativo a uma problemática, ao esquema teórico no qual se baseia direta ou indiretamente e à metodologia através da qual foi obtida. Portanto nesta etapa são interpretadas e conectadas as falas e discussões realizadas no decorrer da pesquisa com as categorias de análise pré-definidas com base nos textos de referencia por meio da observação e interpretação dos resultados apartir dos indicadores e das categorias emergidas. As diferentes etapas que compõem esta pesquisa podem ser assim representadas, pelo “APÊNDICE A”, que compõe de um mapa conceitual. 72 4 R ESULTADOS E DISCUSSÃO Inicio esta discussão ao apresentar os processos cognitivos, com intuito de trazer uma reflexão sobre a continuação dos resultados e discussão. Após, introduzo o diário de campo, relatando sobre minha experiência com o Curso de Design em Permacultura (PDC). Em sequência apresento os indicadores, em seguida uma re-leitura no PP. Então, a parte das entrevistas interconecta as discussões frente ao processo formativo. 4.1 PROCESSOS COGNITIVOS Entender os processos históricos não é uma atividade simples e fácil. Conforme a “lente” que utilizamos, visualizamos a realidade de uma determinada forma. Muitas pessoas, principalmente na academia, insistem que existe uma linha clara que separa a ciência da ideologia, dos interesses e das determinações econômicas, políticas e sociais. A ciência a nós é colocada como o verdadeiro “lócus” da neutralidade. Desta forma, trago a reflexão de três diferentes paradigmas de concepção de mundo: o idealismo, o mecanicismo e o interacionismo (SCHAFF, 1978). A construção mecanicista da teoria do reflexo, segunda esta concepção, o objeto do conhecimento atua sobre o aparelho perceptivo do sujeito que é um agente passivo, contemplativo e receptivo; o produto deste processo – o conhecimento – é o reflexo, a cópia do objeto, reflexo cuja gênese está em relação com a ação mecânica do objeto sobre o sujeito. Desta forma, compreende-se que a relação cognitiva é o de registrar estímulos vindos do exterior, papel semelhante ao de um espelho. As diferenças entre as imagens da realidade percebida reduzem-se as diferenças individuais ou genéricas do aparelho perceptivo. Historicamente, está principalmente associada com as diversas correntes do pensamento materialista, pois pressupõe “necessariamente o reconhecimento da realidade do objeto do conhecimento e interpretação sensualista e empírica da relação cognitiva” (ibidem). Se, no primeiro modelo, passivo e contemplativo, a predominância na relação sujeito-objeto volta ao objeto, é o contrário que se produz segundo o modelo idealista e ativista: a predominância, se não a exclusividade, volta ao sujeito que conhece, que percebe o objeto do conhecimento como sua produção. Advindo de diversas filosofias subjetivistas-idealistas e cognitiva: “a atenção está centrada sobre o sujeito a quem se atribui o mesmo o papel de criador da realidade. Certamente neste modelo, em contradição com a experiência sensível 73 do homem, o objeto do conhecimento desaparece, mas o papel do sujeito ganha mais importância”. No terceiro modelo, interacionista, contrariamente ao modelo mecanicista, é atribuído aqui um papel ativo ao sujeito, submetido por outro lado a diversos condicionamentos, em particular às determinações sociais, que introduzem no conhecimento uma visão da realidade socialmente transmitida. Propondo uma relação cognitiva na qual tanto o sujeito como o objeto mantém a sua existência objetiva e real, ao mesmo tempo em que atuam um sobre o outro. É evidente que a escolha de um destes três modelos implica consequências importantes para o todo da nossa atitude científica, em particular para a nossa concepção da verdade. Aqui esclareço que o meu olhar é do terceiro modelo, o interacionista, esta interação produz-se alguém que aprende o objeto na – e pela – sua atividade. 4.2 DIÁRIO DE CAMPO A metodologia do diário de campo foi adaptada para o Curso de Design em Permacultura (PDC), realizado entre os dias 10 a 19 de dezembro de 2012 como instrumento de metodologia, no primeiro dia de curso, foi comentado com os demais comPÃOnheiros65. Este curso teve formato de imersão, pois dormiu-se durante toda a programação lá no espaço da Casa Colmeia, em Jaguaruna – SC. O Diário de campo completo pode ser lido no (APÊNDICE – B). No primeiro dia, teve a entrega de um princípio para até o final do dia expressar com o corpo. Esta relação com o corpo é muito utilizada também em outras dinâmicas. A parte “engenhosa” com as tecnologias sociais apropriadas: secador de frutas, telhado verde, banheiro compostável, captação de água da chuva, fogão solar, espiral de ervas. Também foi destaque. A diversidade das áreas do pessoal gerou uma construção de conhecimento de vida, importantíssimo para um processo de aprendizagem. Lá busquei aprofundar na essência, nas coisas em comum e não nas diferenças. Ficou claro que a Permacultura era uma ciência de DESIGN, primeiro geográfico e depois ecológica. Muito foi falado sobre a valorização dos Nativos – endógeno. Me identifiquei com o Taoísmo, no sentido de buscar não falar nada e deixar fluir. Surgiu uma frase de efeito, que o “Conhecimento consiste em crenças e o Saber em experiências”. O estudo sobre a teoria de GAIA (Loverlock), organismo vivo. Teoria 65 Termo utilizado em uma das oficinas, utilizando uma relação de criação do pão com os amigos, com os companheiros. Relatando a importância da relação com o alimento e da amizade. 74 Sistêmica. O que realmente engrandeceu foram os debates, as rodas de diálogos, as conversas, filmes, documentários. E uma prática para consultorias (zoneamento, mapa de declive, altímetro, radiestesia). 4.3 INDICADORES Com o objetivo de se integrar os princípios, valores e conceitos chaves envolvidos nos aportes teóricos da pesquisa, foi necessário definir alguns indicadores comuns a todos eles e que tivessem abrangência suficiente para as analises categoriais pretendidas tanto no campo da Permacultura como da Formação do Engenheiro Ambiental e demais profissionais ambientais do CTTMar/UNIVALI. A definição destes indicadores foi subsidiada através de uma re-leitura sobre os princípios da permacultura, o decálogo sobre a transdisciplinaridade e ecoformação e a sustentabilidade educadora, além de todas as referências bibliográficas, minha trajetória de vida, vivências relacionadas à permacultura (PDC e outros cursos) e o Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Ambiental. Na tabela abaixo sintetizo os elementos que compõe cada indicador e que se tornaram categorias na pesquisa. Em relação ao PP – Projeto Pedagógico, os itens assinalados, foram os que aparecem no perfil do acadêmico e/ou no desenrolar do próprio documento. Processo que resultou na escolha de cinco indicadores como fundamentais para uma analise dos processos formativos em permacultura e em engenharia ambiental. Ressalta-se que esta escolha leva em consideração, além dos referencias teóricos adotados, a vivencia do pesquisador e sua percepção sobre os processos formativos aos quais participou tanto no campo da Permacultura quanto da Engenharia Ambiental. Os indicadores definidos são Transdisciplinaridade, Ecossistêmico, Ecoformação, Criatividade e Ética. A tabela a seguir evidencia as relações possíveis entre os documentos básicos e os processos formativos. 75 Tabela 1 - Indicadores Indicadores Bases teóricas PP Permacultura Decálogo TransD e Ecoformação Sustentabilidade Educadora Transdisciplinaridade Pratique a autoregulaçãoe aceite feed back Design partindo de padrões para chegar aos detalhes Américo Sommerman Erich Jantsch Basarab Nicolescu X Integrar ao invés de Segregar Use e valorize a diversidade Ecoformação Use as bordas e valorize os elementos marginais. Maria Cândida Moraes Saturnino de La Torre Observe e interaja Ecossistêmico Flor da Permacultura. Maria Cândida Moraes Edgar Morin Geraldo Milioli Pratique a autoregulaçãoe aceite feed backHolístico, Não produza desperdícios Pensamento e Teoria Sistêmica Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar; Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz Projeção social: Consequências de uma cidadania planetária Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento; Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável Projeção das organizações no estado de bemestar: Autoorganização e dimensões ética e social. Diálogo Potência de ação Identidade Comunidade Ético Criatividade 76 Maria da Gloria Dittrich Perma Cultura X X Use criativamente e responda às mudanças. Expressão – (uso do corpo/mente) Cuidado com a Terra, Cuidado com as Pessoas, Limitar o consumo e compartilhar os recursos e capacidades Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores humanos Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade; Felicidade Fonte: Autor, 2013 De forma breve, foram apresentadas alguns pontos chaves que descrevem cada indicador selecionado. Vale ressaltar, porém, que apesar de se constituírem em categorias individuais, todas elas estão fortemente co-relacionadas, havendo vários pontos em comum entre uma ou mais delas. Merece menção também o fato de que em cada uma delas, há um maior ou menor grau de afinidade com cada referencial teórico adotado. A Transdisciplinariedade e a Ecoformação foram descritas e comentadas no 2.5. Ecossistêmico O pensamento eco-sistêmico (MORAES, 2004) é um paradigma educacional, embasado na ação do aprendiz sobre o mundo; na atuação sobre a realidade; no reconhecimento de sua interação com o mundo e no desenvolvimento de diferentes diálogos que a pessoa estabelece consigo mesma, com os outros, com a natureza e com o sagrado. Firma-se sobre as dimensões construtivistas, interacionista, sociocultural, afetiva e transcendente. Toda construção teórica (pensamento) traz consigo a história de quem a escreveu, a sua maneira de pensar, de perceber a realidade, de interpretar e compreender os acontecimentos da vida. Logo a maneira como nos relacionamos com a vida, é ÚNICA e INTRASNFERÍVEL. Cada um constrói a realidade à sua imagem e semelhança. Este pensamento ecológico-sistêmico é relacional (estabelece diálogo), interligado; indica que tudo que existe co-existe e que nada existe fora das suas conexões e relações; vai além da ecologia natural, mas engloba a cultura, a sociedade, a mente e o indivíduo. Mostra a 77 interdependência existente entre os diferentes domínios da natureza, a existência de relações intersistêmicas que acontecem entre seres, indivíduos, contextos, educadores e educandos. A vida sistêmica prevê a interatividade e a interdependência existentes entre fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Assim entende-se a multidimensionalidade do ser humano e o papel do corpo como instrumento de mediação das relações do homem com o mundo. Com a construção do conhecimento numa evolução espiritual. Criatividade O fenômeno da criatividade humana, segundo Dittrich apud Torre et al (2011) está de certa forma, ligado à espiritualidade humana. Aponta-se para o fenômeno da vida como processos vital-cognitivos que levam o corpo-criante a viver a expansão e confirmação de seu ser e fazer no mundo. Quando legitima, toca as profundezas do humano e lhe desperta uma maneira de ser que procura, na criação ou na relação com o outro, sentido de viver, e isto é vivencia de profundidade espiritual. A criatividade precisa, antes de tudo, ser entendida como processo na liberação de uma energia que é a emoção de amor criante para o desenvolvimento da razão transdisciplinar nas relações eu-outro-naturezatranscencência. Ética Sobre a ética da permacultura, foi citada no item 2.4.3, que consiste em (HOLMGREN, 2007, p.8): • • • Cuidado com a terra (solos, florestas e água) Cuidado com as pessoas (cuidar de si mesmo, parentes e comunidade) Partilha justa (estabelecer limites para o consumo e reprodução, e redistribuir o excedente). Com estes indicadores, fez-se uma releitura no Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Ambiental e nos Planos de Ensino do respectivo curso. Para perceber as teorias e práticas da mesma, e, também para selecionar um grupo de professores para as entrevistas. 4.3.1 RELEITURA DO PROJETO PEDAGÓGICO - ENGENHARIA AMBIENTAL • Transdisciplinar Em relação à visão transdisciplinar foi encontrado em dois diferentes contextos: Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do Egresso (UNIVALI, 2012, p.10): 78 “atuar numa visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na gestão ambiental de empresas, indústrias e instituições públicas e privadas.” Esta visão transdisciplinar está muito fragilizada em relação aos conteúdos, pois antes deve ocorrer a interdisciplinaridade. A visão pode ocorrer pontualmente, entretanto não podemos depender de uma disciplina para garantir esta visão. O ideal é ocorrer à atitude transdisciplinar. Em relação à atuação, não cita ONGs. E este mercado de trabalho deve ser alterado para sociedade. É citada visão transdisciplinar como sendo: “Desta forma, entende-se que para atingir um perfil profissional que almeje uma capacitação técnico-científica com visão transdisciplinar, somente a inserção do aluno em atividades práticas do cotidiano profissional pode permitir que este integre adequadamente os diferentes conteúdos, abordagens e habilidades trabalhadas nas disciplinas do curso” (op. cit., 2012, p. 21). Capacitação tecno-científica, não é nem um pouco a visão transdisciplinar. Pois este nível de capacitação é reducionista e fragmentada atualmente. Estas atividades práticas, não garantem uma formação ou visão transdisciplinar. Projetos que visem à interdisciplinaridade e atuem de forma transdisciplinar pode ser. Nosso sistema é multidisciplinar, fechado, tempo aula/hora. Foi citada criação dialógica: “Há um entendimento de que o fortalecimento da ação pedagógica do ensino reside não só na comunicação e/ou transmissão do conhecimento, mas também na criação dialógica desse espaço investigativo em relação à prática exercida na academia, ampliando assim a tomada de consciência da comunidade acadêmica acerca da sua ação/intervenção no contexto e uso de diferentes estratégias. Buscam-se, também, novas formas de efetivar o ensino e a aprendizagem inseridas num contexto de desenvolvimento de habilidades e competências que envolvem o “aprender a aprender” (op. cit., 2012, p.53). Como este espaço investigativo tem se apropriado deste diálogo? Abaixo sobre formação multidisciplinar e outros conceitos que constam no PP: “A valorização da teoria e da prática é traduzida no processo de ensino e aprendizagem pela parceria, troca de informações, confronto de pontos de vista divergentes e pelo desenvolvimento de valores da cooperação e negociação exercida nas diferentes atividades acadêmicas, para asseguraras múltiplas funções do Engenheiro Ambiental do CTTMar que serão exercidas na sociedade. Dentre elas, as principais vinculam-se ao prevenir e resolver problemas ambientais, recorrendo tanto à tecnologia, quanto a processos de gestão. Sua formação multidisciplinar habilita-o a estabelecer estreitos diálogos com profissionais de outras áreas de atuação, característica essa que lhe confere um importante papel na consideração transdisciplinar das questões ambientais, onde poderá atuar: no controle da qualidade ambiental (monitoramento); na gestão e tratamento de resíduos sólidos; na prevenção à poluição da água, ar e solo; em sistemas de saneamento; na análise de riscos ambientais; na avaliação de impactos ambientais; em auditorias ambientais; na análise de ciclo devida de produtos; design ecológico; regulamentação e normatização de produtos; 79 defesa do consumidor; economia ambiental; estudos em modelagem ambiental; energias renováveis e alternativas; gestão e planejamento ambiental; tecnologias limpas; valorização de resíduos; gestão de recursos hídricos; ordenamento do território; planejamento energético, entre outras atividades relacionadas ao meio ambiente” (UNIVALI, 2012, p.53). Na academia, a prática é multidisciplinar, sendo assim, como irei garantir uma atitude ou visão transdisciplinar? Se para isto ocorrer deve-se ter a interdisciplinaridade. As disciplinas com mesma carga horária e com a mesma importância? “Para concretização desse perfil de homem que atuará no mercado e na área social entende-se que conhecer não é um ato passivo do sujeito frente à realidade concreta, mas sim conscientização, intercomunicação, intersubjetividade, síntese, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade. Nessa perspectiva, a realização das atividades curriculares do curso de Engenharia Ambiental extrapola o espaço da sala de aula, sendo extensiva para outros espaços e projetos, atividades intercursos e projetos integrados. Como exemplos das atividades intercursos compartilhadas destacam-se: aulas práticas em laboratórios integrados; saídas de campo; visitas técnicas e estágios em laboratórios de pesquisa, semana acadêmica, série seminários, além da prestação de serviços.” (op. cit., 2012, p.54) Esta frase possui um machismo em relação à questão de gênero, mesmo sendo da língua portuguesa, pode ser evitada. E a conscientização deve ser acompanhada da “ação” com consciência. Como está sendo realizada esta intercomunicação? Intersubjetividade? E onde está a interdisciplinaridade? Há uma certa mistura generalizada sobre os termos multi, inter e transD. “Fomento à pesquisa interdisciplinar, transdisciplinar e trans-centros.” (op. cit. 2012, p.83) Que tipo de fomento? Como? Valoriza-se o interesse mas junto de uma reflexão de como tem sido esta experiência na prática. Nas considerações finais apresento algumas alternativas. Aqui, sobre a formação continuada: “Formação continuada - Política Institucional - PROPPEC - direitos fundamentais e transdisciplinaridade. Um professor envolvido” (UNIVALI, 2012, p. 150-157). Somente um professor fez parte da formação continuada em relação aos direitos fundamentais e a transdisciplinaridade. Não foi encontrado nada relacionado à autoformação, heteroformação, coformação, ontoformação. • Ecoformação Apesar de citarem a transdisciplinaridade nenhuma palavra e/ou assunto foi encontrado. Por se tratar também de um termo teoricamente novo. Esta pesquisa visa justamente contribuir 80 para que esta dimensão possa ser apropriada na formação dos profissionais das áreas ambientais em termos de graduação. • Ecossistêmico Em relação ao ecossistêmico, não foi comentado sobre visão sistêmica. Como a academia tem se relacionado com as ciências sociais, humanas? • Criatividade A criatividade aprece no Objetivo do Curso e no Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do Egresso, ambas se referindo à capacitação técnica-científica: “Formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar em nível local, regional e nacional, de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental” (op. cit. 2012, p.19). Em outro momento se relaciona a criatividade de uma forma brilhante em relação estas operações abstratas, ações ativas e reflexivas e o desenvolvimento das relações interpessoais: “Em uma visão multidimensional, a concepção de ensino integra diferentes dimensões metodológicas: o domínio das técnicas, as operações abstratas, as ações ativas e reflexivas, o desenvolvimento das relações interpessoais, as concepções individuais derivadas da diversidade intercultural do grupo e dos saberes em si. Cada uma dessas dimensões forma um conjunto que deve ser praticado e realizado pelas diferentes estratégias selecionadas pelos docentes para o ensino, por meio da flexibilidade e criatividade, favorecendo o desenvolvimento de um profissional versátil, objetivo e criativo que se encontra num processo de contínua aprendizagem. Dentre as mais significativas, estão: saídas de campo, objetivando propiciar contato com a prática profissional, bem como forma de estímulo aos alunos em seu percurso acadêmico; aulas práticas de laboratório: possibilitando aos acadêmicos a correlação teoria e prática; tópicos especiais: incluindo os temas atuais ou complementares à matriz; eventos e atividades extraclasse, organizados pela coordenação do curso, que possibilitam a interação dos acadêmicos com os profissionais – geralmente Engenheiros Ambientais - já atuantes no mercado de trabalho” (UNIVALI, 2012, p.54). Qual a definição? Concepção? Contexto? Padrão de referência metodológica... Uma saída de campo ou laboratório não garante esta criatividade para todos, cada um tem um tempo de aprendizagem, não há garantias sem perceber que tudo é um processo de conhecimento. Uma das disciplinas (op. cit. 2012, p.55): “A disciplina Inovação em Tecnologia Ambiental foi oferecida no ano de 2010 como Tópicos Especiais II, ministrada pelo professor Cesar Laus Simas. Esta disciplina foi voltada para uma proposta insipiente de inovação, buscando dar uma nova dimensão à criatividade dos acadêmicos de Engenharia Ambiental.” 81 Neste contexto, pode-se produzir uma inovação, entretanto, as didáticas no geral na academia, não explora estas operações abstratas e reflexivas citadas acima. Abaixo um outro fragmento (op. cit. 2012, p.149): “Desse modo, considerando que a apropriação do conhecimento é um processo subjetivo de construção que deve ser mediado por um conjunto de ações pedagógicas, a Gerência de Ensino e Avaliação busca assessorar a construção dos Planos de Ensino de forma integrada e interdisciplinar; acompanha a atuação dos docentes, efetuando o levantamento de suas necessidades didático-pedagógicas; orienta as questões de relacionamento professor/aluno, melhorando a qualidade do trabalho docente e do ambiente acadêmico; incentivando o fazer pedagógico dinâmico, criativo e dialógico”. Busca, mas na prática a construção acaba sendo unilateral, não se tem subsídios para unir. Em relação aos professores é o tempo e uma abertura para os acadêmicos na construção do mesmo. “De modo geral, o mercado busca profissionais criativos, atentos, com boa cultura humanista, habilidade em conviver em equipe, principalmente multidisciplinar e que tenham raciocínio rápido e, sobretudo, que apresentem competência técnica desejada” (op. cit. 2012, p. 11). Como a academia tem feito para resgatar esta boa cultura humanista? “Formação continuada – Cultura e Formação Geral – Processo Criativo. Nove professores envolvidos” (op. cit. 2012, p. 150-157). Aqui se percebe o interesse grande na questão do processo criativo. • Ético Aparece também nos Objetivos e no Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do Egresso. Mas na prática se vê pontualmente em uma disciplina. Abaixo se vê no estágio curricular (irá depender do orientando e do profissional responsável), no projeto de graduação e na formação continuada, relacionada aos docentes. No Estágio Curricular: II – posicionar-se como profissional e confrontar criticamente o que é ensinado com o que é praticado, seja do ponto de vista técnico-científico, seja em termos éticos; No Projeto de graduação: Consolidar o comportamento ético na coleta, processamento de dados e apresentação de informações; Programa de formação continuada: Sub-item: aprimorar a sensibilidade pessoal e profissional no exercício ético da docência 82 Metodologia: “Nesse sentido, o processo educacional nessa universidade sustenta-se em uma ação pedagógica dinâmica que pressupõe uma postura investigativa do professor e do aluno frente ao conhecimento e ao domínio dos modos de sua produção. Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos, a produzi-los e avaliálos com rigor, precisão, correção, clareza, e que permitam a elaboração do pensamento de forma mais refinada do que o senso-comum. “Esse processo se implementa com base na missão de educar, formar e realizar pesquisas sob a égide da ética, da cidadania e da responsabilidade social” (UNIVALI, 2005, p. 15)”. “Nesse contexto de complexidades, tem-se presente que a formação de Engenheiro Ambiental está alicerçada em um conjunto de competências e habilidades definidas no perfil profissiográfico direcionado ao “profissional cidadão”. Para se conseguir esta formação têm-se presente um profissional generalista, técnico, científico, humanístico e crítico social de processo. Além do mercado, que exige um profissional especializado, focaliza-se a qualificação profissional assumida com responsabilidade social de cidadão, compromissado e comprometido a tornar o mundo com mais qualidade ambiental, mais humano, solidário, justo, ético e significativo no tempo presente” (UNIVALI, 2012, p.53). “Morin (2000) prioriza os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo” (UNIVALI, 2012, p.50). “Para ele não se pode esquecer que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico, e possui um destino em comum para enfrentar as incertezas da nossa época, com uma vocação para a paz e para compreensão mútua entre os seres humanos. Desta forma colabora com a defesa constante da ética e da cidadania” (op. cit., 2012, p.51). “O atendimento a estes objetivos permite que o perfil do egresso na área da Engenharia Ambiental transpareça as competências e as habilidades adquiridas; demonstre a capacidade de adequação à complexidade do mundo contemporâneo; propicie uma visão integradora e ao mesmo tempo, especializada do seu campo de trabalho e favoreça a consciência crítica quanto ao uso do instrumental teórico e prático do seu curso e inspire uma atitude, ética, inovadora e solidária em todas as suas ações” (op. cit., 2012, p.51). Acima diversos fragmentos de textos citando a ética, como comportamento, atitude e termos. Aqui reafirmo que não é uma disciplina que irá “dar conta”, pois a ética deve ser instigada, provocada a cada instante. Todos os educadores devem reforçar esta atitude ética. • Estrutura Curricular “A estrutura curricular do curso de Engenharia Ambiental está focada na Gestão Ambiental, com vistas a atender o perfil profissiográfico“. (op. cit., 2012, p.20) 83 O Foco do curso é evidente que é a Gestão Ambiental, entretanto, ao refletir sobre meu processo de formação, enquanto engenheiro ambiental, percebo que muitas vezes é esquecido a dimensão humana e as ciências humanas não tem o devido espaço curricular. E é justamente esta integração de áreas de conhecimento que podem fazer a diferença na formação humanista, ética e criativa de um profissional nas áreas socioambientais.. • Metodologia (PPI) Em relação ao Projeto Pedagógico Institucional (PPI), aqui uma referência a ético-político: Figura 12 - Projeto Pedagógico Institucional - PPI Fonte: (UNIVALI, 2012, p. 18) Abaixo, fragmentos que estão preocupados com esta fragmentação e tecnicismo (UNIVALI, 2012, p.50): “Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos”. “Chama a atenção o posicionamento do colegiado de curso explicitado neste documento (op. cit. 2012, p. 50), texto que transcrevo a seguir: [...] o curso de Engenharia Ambiental da Univali busca a superação da excessiva racionalidade técnica tradicionalmente presente nos cursos de formação superior que, fundamentados numa lógica de distribuição e fragmentação dos conteúdos, conduzem à desarticulação entre a teoria e a prática, bem como ao distanciamento entre os domínios genérico e específico das atividades profissionais”. Como esta superação de racionalidade técnica tradicional está sendo Repensada? As diretrizes curriculares, segundo o PP (op. cit. 2012, p. 51): “Diretrizes curriculares devem atender a três objetivos fundamentais a)flexibilizar a estruturação dos cursos; b) recomendar procedimentos e perspectivas essenciais c) estabelecer critérios mínimos de exigência, no que se refere à formulação e à qualidade da formação”. Como tem sido na prática? Que tipo de flexibilização se vê atualmente? 84 • Plano De Ação do PP Os planos de ação foram classificados somente nestas três dimensões abaixo, (op. cit. 2012, p.201-217): - Dimensão Capital Social; Dimensão Processos Administrativos; e Dimensão Sustentabilidade Financeira. Acadêmicos e E todos os planos de ação estavam direcionados somente para uma pessoa, no caso a coordenadora. Acredito que isto deve ser reavaliado e reestruturado. Na dimensão Capital Social, falou-se em consolidar e efetivar a atuação do NDE. Isto é extremamente importante e estes encontros não estão ocorrendo. Nos Processos Acadêmicos e Administrativos se destaca o de “Implementar propostas pedagógicas, incluindo-se cursos e ou programas multidisciplinares, intercentros e ou inter-áreas. Oferecer disciplinas inter áreas de conhecimento.” Este deve-se valorizar mais. Faço parte de um projeto de extensão “Sustenta-Habilidade” do qual interage com o “Centro de Ciências Jurídicas”. Outra situação é de divulgar, promover manifestações artísticas e culturais na comunidade acadêmica que deve permear mais os espaços e cursos. Na dimensão da Sustentabilidade Financeira, são 20 propostas, mas não se fala em autonomia, em ações específicas concretas, somente em estimular, desenvolver, eleger, articular. Somente uma das ações é implantar programas de boas práticas de Gestão Ambiental. Sendo que já temos trabalhos feitos em ecoeficiência e diversas propostas que poderiam ser aplicadas nas próprias disciplinas, mas ficamos a mercê de uma burocratização e falta de articulação. E outras em capacitar, articular e disseminar/incentivar, mas com pouca aplicação transformadora. Das 89 proposições de planos de ação, por estarem concentradas em uma única pessoa, pode ser um fator positivo quando se atua em modelos de gestão e tomadas de decisão centralizadoras, mas se pretende inovar e praticar outros modelos de gestão, mais participativos, este fator pode ser um limitante. Quanto à sustentabilidade financeira, é sempre outra dimensão determinante para a efetivação das ações pretendidas. Na medida em que mais ações são efetivadas, maior impacto se tem sobre a necessidade de recursos financeiros. Cabe ressaltar que muitas ações, nem sempre demandam recursos materiais e financeiros e são de outra ordem, onde predomina a criatividade e inventividade de seus agentes executores. Aqui um dos itens fundamentais para uma gestão participativa, ou mesmo uma co-gestão adaptativa são as parcerias e a inclusão do maior número possível de atores no processo de diálogo e tomada de decisão. Neste sentido os princípios e as praticas propostas e experimentadas no campo da Permacultura têm muito a contribuir com 85 os modelos de gestão e os processos de construção de conhecimento pertinente na academia. • Perfil Do Curso, Campo de Atuação Profissional e Vocação. Abaixo a “tabela 2” compilando a relação de duração dos cursos, o tipo de formação; quando não encontrado, utilizou-se “não se aplica”. Nota-se que a duração varia com o curso, a Biologia possui a menor, com 3600 horas e a Oceanografia com a maior 3925 horas. A Matriz do Curso de Eng. Ambiental possui 3720, e a nova, Curso de Eng. Ambiental e Sanitária com 30 horas a mais. Devido à carga-horária do TCC e disciplinas complementares de saneamento. Quase todas se definem como formação tecno-científica, entretanto um destaque para a Engenharia Civil que se diz, generalista. Não se aprofundou nesta questão, mas traz-se uma grande responsabilidade ao utilizar este termo em uma sociedade que cada vez é mais especialista. No perfil, em relação a Eng. Ambiental somente alterou-se de crítico para inovador no novo curso. Destaque para a biologia que dá ênfase ao observar e questionar. Outro destaque em Civil, ao comentar sobre a liderança, muito pouco fomentada (capacitação) nos cursos de Eng. Ambiental. Engenharia Ambiental e sua sucessora se definem como multidisciplinar e transdisciplinar. A Biologia fala de inter e multidisciplinar. A Eng. Civil não se posiciona no texto. E a oceano somente Transdisciplinar. No campo de atuação destaque que nenhuma delas diz atuar com Organizações Não-Governamentais. Somente na vocação de Oceanografia. Ao término das análises a página inicial do curso de engenharia ambiental se encontrava alterado, vide anexo ”D”. Fator este, que pode ser celebrado pela intenção em se buscar novas formas de aproximação à nossa realidade e perceber estas interações. 86 Tabela 2 - Compilações: Perfil, Campo de Atuação, Vocação Eng. Ambiental Eng. Ambiental e Sanitária Biologia Engenharia Civil Oceanografia Duração Curso [horas] 3.720 3750 3600 3915 3925 Formação técnico-científica técnico-científica técnico-científica generalista com qualificação técnica, científica, humanística, ética e cidadã, técnico-científica observar, questionar, investigar e analisar problemas biológicos e ambientais e suas possíveis soluções. de um profissional crítico e criativo, capaz de identificar e resolver problemas, de atuar de modo empreendedor e ético. prevenção, resolução e gestão de problemas ambientais e de ordem sanitária que afetam a qualidade de vida da sociedade, para atuar numa visão transdisciplinar de modo ético, crítico e criativo. prevenção, resolução e gestão de problemas ambientais e de ordem sanitária que afetam a qualidade de vida da sociedade, para atuar numa visão transdisciplinar de modo ético, crítico e inovador. Método Multidisciplinar, transdisciplinar Multidisciplinar, transdisciplinar inter e multidisciplinar Não se aplica transdisciplinar Campo de atuação prevenção, resolução e gestão ambiental em prevenção, resolução e gestão ambiental em instituições, organizações, indústrias e empresas que Relacionou as atividades conforme resolução em Universidades e centros de pesquisa, nas Perfil Capacitação buscam meios de utilizar os recursos vivos de forma comprometida com o desenvolvimento do meio ambiente e sua utilização sustentável. propor soluções a problemas teóricos e práticos, aplicando as teorias e os conceitos aprendidos em situações do dia-a-dia, bem como a capacidade de liderança para a coordenação de equipes e projetos. conhecimento e à previsão do comportamento dos oceanos e ambientes transicionais sob todos os seus aspectos, com vistas a capacitar o profissional a atuar de forma transdisciplinar nas atividades de uso e exploração racional de recursos marinhos e costeiros, renováveis e não renováveis. 87 empresas e instituições de tecnologia, pesquisa científica e saneamento, públicas e privadas, atuando também de forma autônoma, na elaboração projetos e prestação consultoria. empresas e instituições de tecnologia, pesquisa científica e saneamento, públicas e privadas, atuando também de forma autônoma, na elaboração projetos e prestação consultoria. estejam ligadas aos diversos aspectos das ciências biológicas. Podem atuar como pesquisadores em institutos de pesquisa privados e estatais, fundações e indústrias. Além disso podem atuar em planejamento e consultoria, tanto no setor produtivo como em prestação de serviços, para entidades governamentais e nãogovernamentais. CREA/Confea e os campos de atuação: (i) Construção Civil; (ii) Sistemas Estruturais; (iii) Transporte; (iv) Geotécnica; (v) Hidrotecnia; (vi) Saneamento em empresas públicas, mistas e privadas, exercendo suas funções em cargos técnicos, administrativos e gerenciais em pesquisas e consultorias, via escritório escola e entidades conveniadas à instituição. projeto e execução de obras, consultoria e extensão, atividades de planejamento e administração de empreendimentos do setor e avaliação de impactos ambientais, decorrentes de sua atuação profissional, usando da informática e das novas tecnologias como instrumentais para o exercício da engenharia. atividades de ensino, pesquisa e/ou extensão. No setor público pode atuar em órgãos federais, estaduais e municipais como secretarias de MeioAmbiente, secretarias de Agricultura e Pesca; secretarias de Obras e de Saneamento e em diversas divisões do Ministério da Marinha. No setor privado, está apto a trabalhar em cooperativas de produtores, setores de segurança e meio ambiente de indústrias químicas e gestão ambiental de portos, indústrias do setor de controle de efluentes e da poluição ambiental, empresas de consultoria ambiental, empresas de engenharia ligada à zona costeira, empresas de prospecção sísmica, empresas de exploração, produção e distribuição mineral (de petróleo e gás e derivados), empresas de extensão pesqueira e aquícola. 88 conhecimentos amplos nas áreas de zoologia, botânica, ecologia, e biologia celular e molecular. Vocação atuar numa visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na gestão ambiental de empresas, indústrias e instituições públicas e privadas Não se aplica apto a desenvolver trabalhos de pesquisa em diferentes áreas das Ciências Biológicas e de formular hipóteses, analisar dados experimentais, sintetizar conhecimentos e divulgar resultados. O profissional também é capaz de desenvolver e aprimorar produtos de origem biológica, assim como coordenar seu aproveitamento de modo sustentável. Com mais de 50% do curso sendo de aulas e atividades práticas Fonte: Autor, 2013 profissional responsável pelos estudos, projetos e execução das mais importantes obras de infraestrutura, das quais destacam-se a construção civil, rodovias, portos, aeroportos, saneamento e barragens. No canteiro de obras, chefia as equipes, supervisionando prazos, custos e padrões de segurança. Cabe a ele garantir a segurança da edificação, calculando os efeitos dos eventos e das mudanças de temperatura na resistência dos materiais. Coleta e interpreta informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas, e geológicas dos ambientes aquáticos. Analisa a composição da água de rios, lagunas e estuários e atua em projetos de saneamento de áreas costeiras, monitorando e gerenciando obras e instalações para garantir a preservação ambiental. Desenvolve técnicas de exploração dos recursos naturais dos mares e avalia os efeitos da atividade humana sobre os ecossistemas marinhos e costeiros, buscando preservá-los, a exemplo do controle ambiental em áreas de cultivo de organismos aquáticos. atua em empresas, órgãos públicos e ONGs voltadas para a exploração, preservação e/ou análise de impacto nos meios naturais 89 • CREA Não foi comentado, questionado no Projeto Pedagógico do porque de um engenheiro ambiental não responder às atividades: “Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 17 - Operação, manutenção de equipamento ou instalação;” Nem da sua extensão destas atividades, segundo a Resolução Confea/CREA, de 22 de agosto de 2005. “Da Extensão da Atribuição Inicial: Art. 9º A extensão da atribuição inicial fica restrita ao âmbito da mesma categoria profissional. Art. 10. A extensão da atribuição inicial de título profissional, atividades e competências na categoria profissional Engenharia, em qualquer dos respectivos níveis de formação profissional será concedida pelo CREA em que o profissional requereu a extensão, observadas as seguintes disposições: I - no caso em que a extensão da atribuição inicial se mantiver na mesma modalidade profissional, o procedimento dar-se-á como estabelecido no caput deste artigo, e dependerá de decisão favorável da respectiva câmara especializada; e II – no caso em que a extensão da atribuição inicial não se mantiver na mesma modalidade, o procedimento dar-se-á como estabelecido no caput deste artigo, e dependerá de decisão favorável das câmaras especializadas das modalidades envolvidas. § 1º A extensão da atribuição inicial decorrerá da análise dos perfis da formação profissional adicional obtida formalmente, mediante cursos comprovadamente regulares, cursados após a diplomação, devendo haver decisão favorável da(s) câmara(s) especializada(s) envolvida(s). § 2º No caso de não haver câmara especializada no âmbito do campo de atuação profissional do interessado, ou câmara inerente à extensão de atribuição pretendida, a decisão caberá ao Plenário do CREA. § 3º A extensão da atribuição inicial aos técnicos portadores de certificados de curso de especialização será considerada dentro dos mesmos critérios do caput deste artigo e seus incisos. § 4º A extensão da atribuição inicial aos portadores de certificados de formação profissional adicional obtida no nível de formação pós-graduada no senso lato, expedidos por curso regular registrado no Sistema Confea/CREA, será considerada dentro dos mesmos critérios do caput deste artigo e seus incisos. § 5º Nos casos previstos nos §§ 3º e 4º, será exigida a prévia comprovação do cumprimento das exigências estabelecidas pelo sistema educacional para a validade dos respectivos cursos” • Referências “VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984 MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000 90 ANASTASIOU, L. G. C. Educação superior e preparação pedagógica: elementos para um começo de conversa. Saberes,v.2.,n.2,mai/ago. 2001. PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L. G. C. & CAVALLET, V. J. Docência no ensino superior: construindo caminhos. Saberes,v.2.,n.2,mai/ago. 2001. UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Projeto Pedagógico Institucional da UNIVALI: um processo em construção. Documentos Institucionais. Itajaí: UNIVALI, 2005.” Em relação às referências, Morin e Vygotsky foram adaptados em pequenos fragmentos dentro de todo o documento do Projeto Pedagógico, sem suas premissas básicas de educação e formação estarem apropriadas pelo Curso, pela instituição. Entretanto valorizase pela audácia e interesse de se relacionar com estes conteúdos. Deve-se destacar que esta orientação metodológica, epistemológica e filosófica indicada pela Universidade, deveria estimular e legitimar cada vez mais iniciativas e atividades pedagógicas fundamentadas na teoria da complexidade e da auto-atividade, cada vez mais abordadas no Programa de Formação Continuada de Professores da UNIVALI. 4.3.2 PLANOS DE ENSINO As disciplinas podem ser divididas, segundo o PP, em três eixos temáticos: Planejamento Ambiental, Qualidade e Tecnologia Ambiental e Tecnologia de Informações. Figura 13 - Disciplinas dos Curriculos 2 e 3 Fonte: (UNIVALI, 2012, p.35) Também podem ser divididas em: básicas, profissionalizantes e específicas. Como demonstrado na figura abaixo: 91 Figura 14 - Enquadramento das Disciplinas Fonte: (UNIVALI, 2012, p.35) Em relação aos indicadores nas ementas das referidas disciplinas a dimensão da ética e da criatividade não estão embasadas em referências, metodologias, didáticas e dinâmicas. Estes itens variam de cada professor, mas que nas ementas eles não aparecem orientando como se deve agir e aplicar, fomentar estas dimensões, salvo exceções da disciplina isolada sobre Inovação e Ética. Só aparecer/constar de forma isolada numa disciplina certamente não é garantia, nem é suficiente para uma boa formação. Estas dimensões deveriam permear a matriz e não apenas uma ou duas disciplinas, periféricas, não são centrais. E também que a formação ética não se faz apenas com conteúdos disciplinares isolados. A TransD, interdisciplinaridade e a ética não chegam a ser citada em 5% das disciplinas. A criatividade, quando citada entra como método de avaliação e não chega a 8% as referências. A metodologia não define se as disciplinas debatem ou não a questão da ética, 92 da criatividade, pensamento sistêmico, entretanto não chega a 5% os que utilizaram alguma referência nestes aspectos. • Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso Tabela 3 - Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso O que é? Como é formado? NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE COLEGIADO DE CURSO O NDE se constitui no conjunto de professores de elevada titulação e de regime de trabalho em tempo integral ou parcial que responde diretamente pela formulação, implementação e desenvolvimento do Projeto Pedagógico do Curso. O Colegiado do Curso de Graduação é órgão consultivo em matéria de ensino de graduação e pós-graduação (lato sensu), pesquisa, extensão e cultura. – Ter como presidente o Coordenador de Curso; – Ter, no mínimo, 05 professores pertencentes ao corpo docente do curso há pelo menos 02 anos; – Ter pelo menos 60% de seus membros com titulação acadêmica obtida em programas de pósgraduação stricto sensu e destes 40% com título de doutor; – Ter todos os membros em regime de trabalho de tempo parcial ou integral, dos quais pelo menos 20% em tempo integral; – Ter cada um dos membros obtido, no mínimo, média 07 no programa de Avaliação Institucional, em cada um dos últimos dois anos anteriores ao exercício do mandato. – Coordenador de Curso; – 04 professores, escolhidos por seus pares; – 02 acadêmicos, escolhidos por seus pares; 93 Competências – Formular, implementar e desenvolver o Projeto Pedagógico do Curso, definindo sua concepção, fundamentos e estratégias de execução, contribuindo para a consolidação do perfil profissional do egresso; – Participar na atualização periódica do PPC; – Participar nos trabalhos de reestruturação curricular para aprovação nos órgãos competentes, zelando pelo cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais; – Auxiliar na supervisão dos processos de avaliação do curso e na análise dos seus resultados; – Contribuir para a promoção da integração horizontal e vertical do curso, respeitando os eixos/núcleos estabelecidos pelo PPC; – Participar na organização de estratégias de interação com estudantes egressos e entidades de classe, na busca de subsídios à avaliação permanente do curso; – Contribuir para a articulação das atividades de ensino, pesquisa e extensão do Curso; – Desenvolver atividades de pesquisa e/ou extensão, através de projetos de âmbito interno e externo; – Contribuir para a produção científica do Curso; – Representar o Curso em Organizações e/ou Conselhos Profissionais. – Participar ativamente da administração acadêmica do curso; – Auxiliar no planejamento, acompanhamento e avaliação do Projeto Pedagógico do Curso; – Zelar pelo fiel cumprimento dos dispositivos estatuários, regimentais e demais regulamentos e normas da UNIVALI; – Acompanhar, avaliar e deliberar sobre alterações curriculares. Fonte: Coordenadora, 2013 A composição do Núcleo Docente Estruturante (NDE) atende tanto o curso der Engenharia Ambiental como o de Engenharia Ambiental e Sanitária, sendo a seguinte: Profª Albertina Xavier da Rosa Correa, Prof. Antônio Carlos Beaumord, Profª Cristina Ono Horita, Prof. Franklin Misael Pacheco Tena, Profª Efigênia Soares Almeida, Profª Janete Feijó (presid.), Prof. José Matarezi, Prof. Márcio da Silva Tamanaha, Prof. Paulo Ricardo Schwingel, Prof. Rafael Medeiros Sperb, Profª Rosemeri Carvalho Marenzi Os membros do NDE são indicados atendendo critérios estabelecidos em Resolução específica. As reuniões são eventuais. O Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental tem a seguinte composição: Profª Albertina Xavier da Rosa Correa, Profª Janete Feijó (coord.), Prof. Joaquim Olinto Branco, Prof. Paulo Ricardo Schwingel, Prof. Rafael Medeiros Sperb, Acad. Gian Franco Werner, Acad. Wellinton Camboim. 94 Os representantes do curso de Engenharia Ambiental no Colegiado do Centro são os seguintes: Profª Janete Feijó (coord.), Profª Cristina Ono Horita (titular), Prof. Rafael Medeiros Sperb (suplente), Acad. Gian Franco Werner (titular), Acad. Wellinton Camboim (suplente) Vale lembrar que os representantes dos Colegiados do Curso e do Centro são eleitos por seus pares, sendo que a representação dos professores é por um período de dois anos e, dos alunos, um ano. As reuniões são “eventuais” (geralmente quinzenais para o Colegiado do Curso). A proposta do NDE é mais recente na UNIVALI, mas sinaliza para um caminho extremamente importante para a inter e transdisciplinaridade, assim como para a ecoformação, uma vez que amplia a participação de professores de diversas áreas no processo de discussão e qualificação da implementação do PP do curso. Apesar disto, segundo o PP: “Os membros integrantes do NDE do curso reuniram-se uma única vez, em 24 de maio de 2011, para discutirem as principais ações de motivação e incentivo visando à participação dos alunos no ENADE 2011.” (UNIVALI, 2012, p158). Já o colegiado se encontra atualmente pelo menos uma vez por mês. E apesar de ter somente um encontro do NDE, muitos fazem parte do colegiado. Entretanto o foco seria outro. Não se pode ignorar o fato de que a proposta dos NDE´s na UNIVALI é mais recente e ainda esta sendo efetivada nos cursos. Veio justamente para ampliar os espaços e tempos de construção coletiva do PP de forma dinâmica e processual e que, justamente por isso é que deve ser uma pratica cada vez mais frequente no âmbito da academia. 4.4 ENTREVISTAS Após o Comitê de Ética aprovar com o Parecer Técnico (ANEXO A), apresento aqui o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), o qual é uma exigência do Comitê de Ética e foi assinado por todos os entrevistados, o Cronograma das Entrevistas, o Roteiro Semi-Estruturado, bem como as discussões em relação aos indicadores, as novas categorias que surgiram e inclusive as “entre-linhas” que foram relatos/conversas ocorridas fora da entrevista. 95 4.4.1 CRONOGRAMA DAS ENTREVISTAS Abaixo o cronograma das entrevistas com alguns dados importantes para a tabulação, sendo que no eixo horizontal principal contém informações como: número de páginas da transcrição específica, quantidade de palavras computadas, o tempo aproximado de áudio e um indicador de quantas palavras foram ditas por minuto no diálogo. Variando com o entrevistado (utilizou-se uma letra para cada um para diferenciá-los e deixá-los em anonimato), correspondente a coluna no eixo vertical: Tabela 4 - Cronograma das Entrevistas Entrevistado Nº páginas Nº palavras Tempo Entrevistas [min] [palavras/min] A 8 2746 43 64 B 21 11011 87 217 C 11,5 4877 52 94 D 17,5 8075 82 98 E 23,5 9827 67 147 F 9,5 4030 51 79 G 19,5 8896 92 97 H 11 5202 69 75 I 22,5 10545 116 91 J 11,5 5188 70 74 K 15 10792 71 152 L 27 12719 129 99 GFP 280 GFA TOTAL 112 197,5 93908 1321 Fonte: Autor, 2013 No total foram em torno de 197 páginas transcritas, mais de 90 mil palavras observadas, numa escuta atenciosa em 1321 minutos, em torno de 22 horas de áudio. Percebe-se que as velocidades dos diálogos variaram mais ou menos 152 palavras por minuto até pessoas mais calmas a 64 palavras por minuto, inclusive à entrevista “K” foi a única a não ser finalizada, pois se conversou muito e saiu do foco da pergunta, entretanto os principais argumentos foram conseguidos. A primeira foi à entrevista “A”, acabou sendo um teste, pois as entrevistas foram tomando ritmo. O entrevistado “L” foi uma entrevista diferenciada, ocorreu em movimento, enquanto fazíamos manejo da terra e não foi seguido fielmente o 96 roteiro. O GFP (Grupo Focal Permacultura) e GFA (Grupo Focal Academia) não foram transcritos, nem tabulados, destas emergiram subsídios para as considerações finais. Em relação aos períodos, ocorreu após a validação do Comitê de Ética, no mês de Maio de 2013. Abaixo segue a ordem dos entrevistados, que variou em função dos horários disponíveis, tanto do entrevistado, como do entrevistador. Ênfase na primeira e segunda semana, onde se realizou até três entrevistas no mesmo dia. E aproveitou-se o final de semana. Preferiu-se separá-los em semanas, para de certa forma dificultar a identificação dos diferentes entrevistados. Tabela 5 - Período das Entrevistas Períodos das Entrevistas Primeira semana A,C, D, B, I Segunda semana H, K, F, G, E Terceira semana J, L, GFP Quarta semana GFA Fonte: Autor, 2013 Para estas entrevistas utilizaram-se alguns equipamentos para registrar estas informações. 4.4.2 OS EQUIPAMENTOS Foram utilizadas diferentes câmeras para registrar as entrevistas, dependendo quantas pessoas estavam me auxiliando, eram utilizadas três câmeras digitais para filmar, geralmente duas em posição fixa em ângulos diferentes e uma móvel. A Sony Alpha foi utilizada para registrar fotos. E o gravador de áudio, emprestado pelo projeto Meros do Brasil sempre registrou as entrevistas. Participação especial da câmera Panasonic, através de uma amiga em comum, Rafael Coelho acompanhou em algumas saídas de campo com este equipamento e técnicas mais profissionais, ele é formando em Cinema, na UFSC. • Câmera digital – SONY CYBER-SHOT DSC-H70 16.1mp • Câmera digital – SONY CYBER-SHOT DSC-W90 8.1mp • Câmera digital – JVCMINI DV GR-D30UB • Câmera digital – SONY ALPHA A390 • Câmera digital – PANASONIC AG-AF100 • Gravador de áudio – TASCAM DR-100 MKII • 2 tripés pequenos 97 4.4.3 ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO O roteiro semi-estruturado (APÊNDICE D) foi dividido em dados pessoais, onde envolvia a trajetória de vida relacionada com as problemáticas socioambientais e sua identificação/admiração pela área. E em dados para os indicadores e para os objetivos de pesquisa. No anexo, em vermelho, foi algo que às vezes foi acrescido caso fosse necessário, para o melhor entendimento das questões. Destes foi dividido em Projeto Pedagógico, onde o entrevistado falava sua experiência com a educação, com a teoria/prática, se conhecia ou estava envolvido com o projeto pedagógico e para explicar a concepção sobre: interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, ético, crítico, criativo. E sobre o perfil desejado para os profissionais das diferentes áreas. E se havia alguma lacuna específica entre a formação/PP na prática. Após foi falado sobre a Ecoformação, se o entrevistado sabia sobre este conceito. Quando o mesmo assumia que não conhecia, explicava para o mesmo e perguntava como era na prática e no currículo (tanto acadêmico como no PDC). Refletia sobre o significado do termo “ambiental” e apresentava uma frase sobre ecossistema, provocando-o para comentar a frase, principalmente no aspecto de sistema complexo e de auto-organização. Quando bem apresentado, acrescentava sobre o pensamento sistêmico. Em seguida sobre a Permacultura, se já havia tido contato com a Permacultura e sua compreensão sobre isto. Conheciam-se os princípios e como eles são/seriam trabalhados na academia. Logo apresentava a flor da permacultura e pedia para comparar com a academia. E por último se deveria fazer parte da academia. Relacionava também com a imersão, se era necessária ou não. Nas Habilidades, quais as que compõem um perfil do Educador, do Educando. E como despertar a criatividade, a ética, a crítica e o pensamento sistêmico nos educandos. Por último se eles têm incorporado novas atitudes e práticas cotidianas (pessoais e coletivas) relacionadas ao envolvimento sustentável. E por final se tinha algo a acrescentar no seu relato. 4.4.4 INDICADORES Os indicadores estão divididos em: transdisciplinar, ecoformação, ecossistêmico, criativo e ético. Na coluna do eixo horizontal se encontram os entrevistados, divididos em letras para manter o anonimato, e o “X” representa o item selecionado das diferentes respostas na 98 coluna na vertical. Para as compilações das falas, apresento: – (Indivíduo - Letra) – “frase”. Entre parênteses aparece (comentários meus para complementar a frase). A tabela abaixo comtempla uma categorização das respostas dos entrevistados sobre este item especifico. A ordem dos entrevistados é aleatória e foi reagrupada para melhor visualização das categorias convergentes e divergentes entre eles, indicando possíveis grupos de perfis para os entrevistados, reforçando diferentes visões e concepções entre os profissionais que atuam na academia e os que atuam na permacultura. Muitos deles atuam em ambos os campos e áreas de saberes. Optou-se por manter o anonimato dos mesmo, justamente para tentar uma analise mais objetiva, evitando a exposição dos entrevistados de acordo com os preceitos éticos da pesquisa. Nem todas as tabelas manterão este mesmo sequencia e agrupamento de entrevistados, dependendo da recorrência e similaridade entre as entrevistas. • T RANSDISCIPLINAR O item transdisciplinar foi comentado por todos os entrevistados, entretanto percebe-se a falta de compreensão/conceituação, pois não foi comentado sobre os três pilares, sobre autoformação, heteroformação entre outras definições importantes para o termo. Tabela 6 - Compilações Transdisciplinar Entrevistados Respostas B E F Burocracia X Consciência de importância, mas... X I G X Academia fez o caminho inverso X Conhecimento fenomenológico foi deixado X Acaba barreira da disciplina X X Através das, entre as disciplinas X X K X Queria praticar em seu projeto X Multidisciplinar X Deficiência na graduação J D L X Causa e Efeito O “objeto de estudo” fala por si só, o todo A X X X H C 99 Não tem projeto transD na graduação X Consegue mais com saídas de campo X Visão Sistêmica X Ideologia/Utopia X Permacultura X Desafio X Ligada ao meio ambiente X X X X Interdisciplinar X Educador aprendeu de forma fragmentada, esta é uma dificuldade X Está em tudo X X X Não segregar X Permeia todas as matérias X Lembrou na Educação Ambiental X Fonte: Autor, 2013 Percebem-se nas falas que se buscavam nas teorias alguns conceitos, como multi, inter e trans. Entretanto não extrapolava o cronograma, ficava preso ao planejamento inicial do Professor dentro da sala de aula – A – ”na época se buscava essa multidisciplinaridade, transdisciplinaridade, e dai tinha relação entre algumas matérias, mais nada muito realista, tipo a carga horária, os temas que você tinha que cumprir naquele semestre se baseava mais naquele cronograma”. E muito a questão da teoria – A –”só que mais conceitual, nada muito prático”.Sobre este diálogo com a academia todos que foram perguntados sobre a transdisciplinaridade, com exceção do entrevistado “E” afirmaram que D – “é uma dificuldade na academia ainda esse dialogo”. O mesmo entrevistado acrescenta D –“eu acho que as áreas mal se conversam, (mal)conseguem implementar algum projeto em conjunto e discutir os dados com base nesses vários enfoques”. Valoriza-se o uso ao utilizar conceitos tão importantes para este processo de aprendizagem –F –”Eu vejo que essa trans e interdisciplinaridade, já existem uma consciência da importância, mas que os próprios educadores, professores universitários, alguns não se empoderaram dessa necessidade, talvez pelo fato da academia, ela funciona de forma bastante burocrática.” Entretanto, quando a Universidade utiliza como referência, alguns termos conceituais, metodológicos. Fica ao trabalho da mesma, elaborar uma estratégia, um método para se alcançar – B – “acho que a proposta da academia quando se apropria de um termo desses é 100 assumir o real significado do termo, mas como a gente tem uma estrutura muito engessada não só em termos de instituição, mas dos professores que estão chegando para poder fazer essa transdisciplinaridade, nós temos que pensar em descongelar isso em um primeiro momento e eu não estou vendo a academia conseguir fazer isso”. Sobre este gradeamento curricular, veio uma reflexão da “grade”, que traz estes sinônimos da prisão, do sentir preso. Algumas universidades em Portugal utilizam Arquitetura Curricular, além de outras iniciativas como Teia Curricular. Outro tema que surgiu foi à questão da hiper-especialização – I – “o que mais se nota se esta na mesma área ou digamos na mesma faculdade dentro de uma mesma disciplina, dentro desta disciplina, trabalhando talvez com a mesma ordem animal, mas com gêneros diferentes. Não conseguem falar um com o outro porque estão tão na especialidade e tão com o foco fechado dentro do que sua área de conhecimento que todos os outros, esqueceram, eles já não são biólogos, já não são médicos. O médico do joelho direito não fala com o médico do joelho esquerdo.” Em relação ao conceito da TransD, praticamente todos conheciam, entretanto não estava muito bem enraizado os conceitos, pois além de não citarem os três pilares, por exemplo, sobre a autoformação, heteroformação, ecoformação; e/ou contextualizarem com outros conceitos, ocorria uma confusão com multidisciplinar e interdisciplinar e muitos comentavam que era a mesma coisa. Apesar de muitos vivenciarem! Uma das entrevistadas expressou melhor que a TransD – G – “começa a conversar a partir da “coisa” não a partir do nosso posto de engenheiro ou de educador. A coisa por si só traz conhecimentos que ali, pode ter, e você não vai ta preocupado com a engenharia nem eu com educação, nós vamos ta preocupado com o todo daquele objeto”. Acrescenta ainda que o – G –”transdisciplinar acaba com nós dois, você como engenharia e eu como educadora, é o projeto por si só começa a falar, acaba essa barreira da disciplina, ou seja, o transdisciplinar é grande desejo, que eu acho que dentro das instituições (ensino infantil, fundamental, médio, superior, pós) é o ultimo lugar que ele vai conseguir chegar.” Inclusive, na transD a disciplina deve perder esta pseudo-importância e focar no aprendizado – I –”A disciplina não tem valor nenhum, como status de poder, como ilha de poder. Claro você deve acabar com esta ilha de poder, este status.(caso houver ainda)” Comentaram em diversas falas sobre o desapego em relação à disciplina, que atualmente não ocorre dentro da academia, pois geralmente muitos professores estão ali, pela pesquisa, sendo que o passar das informações, acaba sendo uma obrigação. Pois há uma carreira a ser zelada. Exemplo disso é do – G – “apego a cadeiras acadêmicas que é mortal. É muito difícil abrir isso, os egos educacionais são muito grandes, seja "professorzinho" ou "professorzão", (é a minha disciplina, é a minha cadeira).” Como diria o indivíduo – I –”São jogos de poder no final da historia.” 101 O histórico está diretamente relacionado – H –“a dificuldade assim, cada um dos professores, vieram com um histórico de ver a disciplina de uma forma não interdisciplinar, cada um aprendeu de uma forma fragmentada”. Outro fator importante é a relação entre os docentes – H – “interdisciplinaridade ela é muito bem trabalhada, quando a relação interpessoal entre professores se dão muito bem, quando isso não acontece é muito difícil trabalhar mesmo sabendo da necessidade”. Para uma postura/atitude profissional inter e transD, há que se trabalhar as relações interpessoais e dar maior atenção aos processos intersubjetivos tanto na academia como na permacultura. E os espaços curriculares nem sempre priorizam uma formação dentro desta perspectiva. Nas falas de alguns permacultores, demonstra-se o real interesse ao introduzir a Permacultura – B – “oportunidade da permacultura para o aluno trilhar um caminho, seu rumo profissional. A nossa idéia não é formar um profissional permacultor, mas sim capacitar o cara a ter uma visão que consiga juntar as peças do quebra-cabeça que estão todas elas bem afetadas pela academia e formar um cara que consiga congregar essas idéias e traduzi-las à sociedade”. Em relação à disciplina Introdução à Permacultura, um dos entrevistados diz – “o currículo dela, é esse currículo, foi pensado por 22 permacultores e segue o programa, a carga horária prescrita pelo PDC, faz as atividades previstas pelo PDC. Faz as atividades previstas e trabalha todos os conteúdos do PDC. Nós traduzimos para Curso de Planejamento de Permacultural. Já estamos dando uma tradução para o termo design”, usando o termo planejamento. Esta disciplina (ANEXO B) apresenta um projeto de extensão associado, que é o caminho para, se emitir o certificado do PDC para quem não faz parte da universidade. Acrescenta ainda que – “é uma disciplina plural dentro da universidade, uma pena que ela não possa acontecer isoladamente” Na prática – G – “quando alguém que se forma em Eng. Amb. e vai fazer o manejo de uma floresta, não tem qual cadeira é mais, na hora que você vai fazer uma leitura, mapeamento de uma floresta, pense em quantas disciplinas que você teve, flora e fauna nativa, botânica 1, 2, 3, 4 e 5, e o que vale mais, quando você esta numa floresta, é a botânica ou a fauna e flora nativa? É tudo transdisciplinar, a tua atuação do mundo é transdisciplinar.” Entretanto cabe aos educadores, o currículo, os espaços acadêmicos de se apropriarem e de utilizarem destes conceitos, para que haja esta interdisciplinaridade, para esta busca de um conhecimento comum, numa “visão transdisciplinar”. Pois dentro da academia há muitas coisas no papel, inclusive até a burocracia não permite que professores de outros centros, outros setores façam parte do corpo técnico/docente de um laboratório, projeto, por exemplo. 102 Sob o enfoque metodológico, pode-se dizer que temos um exemplo interessante a ser citado, o qual vivenciei na academia, a Trilha da Vida, que é um experimento educacional transdisciplinar que se desenvolve enquanto metodologia de construção de conhecimento pertinente numa perspectiva critica e emancipatória da Educação Ambiental. Nela, os participantes deixam momentaneamente de utilizar a visão, passando a dar maior atenção aos outros sentidos, enquanto interagem com um ambiente de Mata Atlântica, tanto nos aspectos naturais como nos antropossociais (SCHMIDT, 2003). Uma das primeiras dissertações sobre a metodologia da Trilha da Vida foi desenvolvida pela oceanógrafa Angela Ferreira Schmidt (2003), sob orientação da Profª Dra. Maria Cândida Moraes, cuja pesquisa comprovou que ela é considerada também como um Ambiente de Aprendizagem. Além de saídas de campo com pernoite em Volta Velha, com um contato/vivência com um indígena do Alto Xingu, ainda uma saída com visitas às estações de permacultura do litoral sul de Santa Catarina, idealizadas e implementadas por egressos dos cursos de Engenharia Ambiental e Ocenografia da UNIVALI. O que evidencia um campo real de atuação dos egressos destes cursos, os quais tiveram que buscar formação especifica e complementar fora da academia. Entretanto foi afirmado que – “isso é uma fala bastante antiga do MEC de promover à interdisciplinaridade, a transversalidade, a transdisciplinaridade nas disciplinas e a gente só consegue isso com saída de campo. Projeto mesmo transdiciplinar, a gente não tem, são poucos os que conseguem fazer alguma coisa”. • ECOFORMAÇÃO Referente à ecoformação, ninguém soube conceituar o porquê do conceito eco. Que vêm de encontro com outras formações, a auto (você como laboratório), a hetero ou co (formação com o próximo, outro indivíduo), a eco (a formação em relação ao meio). Estas podem ser consideradas interdisciplinares. E no conceito da transdisciplinaridade, visualiza-se a ontoformação (que seria a formação em relação ao ser, ao todo), a teoria de GAIA, a meu ver se encaixa perfeitamente aqui, como um super organismo. A “realidade do ‘Onto’ revela a especificidade, a medida verdadeira do ser individualizado” (PAUL, 2001, p. 427). Entretanto este tema trouxe muitas reflexões, tanto em questão do Pré-Fixo: ECO às formas de formação e aprendizagem. Exemplo daquele foi D – “hoje em dia é tudo ambiental sustentável eco não sei o que”. 103 Tabela 7 - Compilações Ecoformação Entrevistados Respostas F Não existe um método exclusivo X Formação G B X Teoria de GAIA X Relacionou com o tempo (ameaça do futuro) E J H K C L D A X X Toda formação Necessário I X X Sustentabilidade X Respeito X Vai do educador, não sei se é trabalhado X Meio Ambiente X Ecossistema, biomas X X Preservação X Consciência Ambiental X Algumas disciplinas que tem este eixo X Formação em conceitos ecológicos X X Prática X X X Interação entre os seres X X X Integrativa X Fonte: Autor, 2013 Uma das reflexões intrigantes foi referente ao espaço/tempo da profissão do engenheiro ambiental, que reflete nas áreas relacionadas com a ecologia – A – “eu acho que a profissão de engenharia ambiental, muito se fala que é a profissão do futuro, mais acho que os profissionais, os novos e os que estão na academia, têm que fazer ser a profissão do presente, porque muitos que estão se formando, estão trabalhando com consultoria, e nada mais são do que despachantes ambientais, então, a gente pode muito mais, tem que ta explorando um pouco do lado criativo, porque nós, os profissionais, temos que demonstrar do que somos capazes, e não ficar só se adequando às normas, porque se adequar à norma, qualquer profissional pode conseguir, que a norma ta ali, agora, criar e fazer acontecer, é isso que vai fazer com que os engenheiros ambientais ganhem em credibilidade.”. Esta frase, principalmente se referindo ao profissional que se restringe apenas a seguir as normas, foi esclarecido por outro indivíduo, em outra pergunta – B – “Ele 104 simplesmente executou. Então esse cara não é um profissional, é um técnico, técnico é o cara que segue normas e procedimentos executando-os. Olho isso por que no Brasil nós temos muitos cursos superiores e poucos cursos técnicos, e no curso superior estamos formando profissionais de nível técnico” Acrescentou ainda que – B – “toda a profissão tinha que ter implícita uma ecoformação, (pois) é parte da responsabilidade ética de cada profissão. Não há um profissional que vá safar os outros (profissionais da sua falta de ética), eu preciso de um somatório de atitudes”. Ou seja, de profissionais éticos. E ainda reflete sobre o papel deste profissional– B – “você tem que lembrar que antes de você ser um profissional, você é você. É isso, simples assim! Por isso, acho que a permacultura em uma proposta de vida dentro de uma situação de baixa energia, (é viável, pois) você aproveita as baixas energias. O ser humano no sistema em que estamos inseridos não olha para as baixas energias, ele só olha para as altas energias, onde se obtêm lucratividade”. Sobre a Teoria de GAIA mencionada no início ela “entrou (no currículo de geologia) porque ela passou de hipótese para teoria”, porque como hipótese, dificilmente apareceria nos currículos acadêmicos, “mesmo assim, ela é super, super subordinada (no currículo) porque os meus colegas acham que ela é um contra ponto da tectônica de placas, assim ela quer derrubar a tectônica de placas... Não! ela é complementar”. Com isto, de pensar o Planeta Terra, como um super organismo, vem à reflexão repassadas para os acadêmicos – E – “pense bem o que você vai deixar para os próximos que virão depois de você”. Em relação à metodologia, entre tantas diversas realidades que a mesma deveria trazer – “Transformação profunda”, visão “Holística”, “Integrativa” e uma “Interação entre os seres”. Uma relacionada a esta vivência, descoberta, é o de “desintoxicar este cara da cidade”. Com uma fala amorosa o indivíduo “G” propõe que você, acadêmico, – G –“filho, durante pelo menos um ano você sai da cidade e vai viver num sitio, numa fazenda (orgânica), vai viver numa aldeia, pode escolher. Você vai sair do meio urbano. Na hora que a gente entra e qualquer dessas coisas, aparece à vida como ela é. E não é uma ida de um fim de semana, é no mínimo, um ano.” para “viver os ciclos da terra, vai viver o como é que essa relação do eco, viver um ano essa relação de ciclos biológicos, de ciclo de matéria, de produção de alimento”. Ao escutar isto, nas formulações destes possíveis caminhos, isto ficou mais claro. No final do semestre passado, facilitei uma proposta de estágio interdisciplinar de vivência (EIV), a qual proposta, se baseava em uma vivência com movimentos sociais em suas localidades. Então a idéia veio mais clara como, estágio na natureza. O acadêmico pode escolher entre vivenciar alguns conceitos com camponeses, indígenas, movimentos sociais (EIV), ecovilas, estações de permacultura, entre outros relacionados. 105 Alguns indivíduos reforçaram I –“o que deveríamos fazer é educação”. Entretanto percebe-se que educação ambiental, ecoeducação, educação profunda, ecoformação, entre outros “apareceu porque é necessário”. E inclusive o indivíduo “L”, afirma que a educação ambiental tem suas especialidades e todo seu universo. E deve ser levada a sério para além de acadêmicos e mestres, as prefeituras, as empresas e as organizações não-governamentais. • ECOSSISTÊMICO Através da pergunta relacionado ao ecossistema e o pensamento sistêmico, extrai alguns comentários referentes à auto-organização de um ecossistema e como isto reflete ao nosso dia-a-dia, como parte deste sistema. Bem como pensar a respeito da complexidade destes sistemas. E se possível refletir sobre o pensamento sistêmico. Tabela 8 - Compilações Ecossistêmico Entrevistados Respostas Sistema Complexo A H C D X X X X Interações Academia na área ambiental X Física Quântica X Varias funções X Resiliência X Sistemas evoluem X Auto-regeneração X B L X X X Refletir com o todo X Vida F G I X Não fragmentar Múltiplos caminhos, soluções E X X X X Proteção intrínseca X X Natureza nos ensina X X Observação X X Complexo ≠ Complicado X Feedback X Fora do Ecossistema X X Auto-poiése X Conhecer todas as relações entre elementos (vivos e não-vivos) X J K 106 Teoria da relatividade, com diferentes pontos de vista X Quebramos pensamento sistêmico, socialmente X Simplesmente se DIZ, te negaram este saber X Aplica-se em qualquer sistema X Visão holística daquele ambiente X Macro e micro interações X Mineral tem vida X Sabedoria, Respeito X Fonte: Autor, 2013 Já deixo claro que a complexidade não está diretamente relacionada com o complicado, como dito pelo indivíduo “G”, entretanto um dos indivíduos pensou que me confundi (expressei mal na pergunta), pois é o que geralmente acontece, acredito que utilizamos este conceito em diferentes situações, mas ele pôde de certa forma explicar-me ao fazer perguntas à mim – B – “então veja como toda a complexidade que você tem, com todos os processos que estão acontecendo, e que são descritos pela ciências, que muitos ainda não são, mas que serão um dia quem sabe, você consegue ter o equilíbrio pra falar de uma coisa que é externa a você, sem problema, então veja, que você tem o domínio na verdade de uma relação de equilíbrio dentro do seu próprio corpo que é super complexo, que é um mini ecossistema, só isso, então um ecossistema não tem nada de complexo desde que a gente tire esse fantasma de complexo dele pronto, só que de forma cartesiana isso é difícil, você tem que pensar de forma sistêmica”. Ficou claro nas respostas dos entrevistados, de alguma forma que C –“A auto-organização é a característica de todo sistema vivo de se auto-organizar e de encontrar uma forma de se adaptar a situação que se apresenta”. E ainda se abriu/expressou que foi algo – C –“Tão misterioso tudo isso que eu vejo que através (do seu curso) foi um dos meus maiores ganhos foi que eu conheci deus, para mim ali ficou claro que existe uma energia maior que coordena o que está em tudo, é um arquétipo de perfeição”. O que geralmente acontece, com as diversas graduações, políticas, frases, pessoas...– G – “é que a gente se coloca fora do ecossistema”. Então como prática, devemos refletir, alinhar e – F –“Observar as plantas, observar o comportamento dos animais com as transformações externas, a cada ciclo da lua, cada estação. Acho que é isso que nos falta, nós estarmos com nossos sentidos mais atentos, do pequeno para o grande, nós poderíamos atender muito mais, se nós conseguíssemos, pois não é uma prática que foi desenvolvida por nós dentro da nossa cultura.” 107 Através desta observação e interação vamos compreender esta teia, estas relações e – G – “Então, entender que eu sou parte” deste Universo conectado. Então, o acadêmico deve ter a – I –“Visão básica da ECOLOGIA”. Perceber que a – “ecologia de verdade quer dizer conhecimento de minha casa, economia - administrar minha casa”. Vem do grego Eko – casa, Logia – conhecimento, Nomia – administrar. A importância de – I – “conhecer todas as relações entre os elementos que estão dentro sendo vivos ou não.” E o que realmente interessa é perceber estas “conexões e relações entre os elementos”. E quando digo acadêmico, volto a repetir, que a nossa profissão não vai salvar o mundo, são as pessoas. As concepções das pessoas. Os acadêmicos têm que despertar este pensamento sistêmico e cabe a Universidade que forma o cidadão para este meio. Ao refletir sobre como despertar o pensamento sistêmico, um dos entrevistados trouxe uma reflexão que este pensamento sistêmico não precisa ser “despertado” e sim ALERTADO, REPASSADO, pois – I –“porque nós quebramos isso socialmente, se você vai para um aborígene e fala disso – pensamento o que? – Sistêmico de que tudo esta ligado! (Espera um pouco) Quando não esteve ligado? ele não precisa falar disso!”. Entretanto, atualmente necessita desta sabedoria de fazer estas conexões, uma – J – “visão mais holística, mais sistêmica, você precisa de conhecimento e sabedoria. Enquanto a gente está encarando a era das informações”. Necessitamos de ter mais “RESPEITO” pelas coisas e compreender todo o ciclo energético por detrás. • CRIATIVO Atualmente não temos tempo para a criatividade, hoje se compra tudo. O reparar e reutilizar, que é a hierarquia da gestão dos resíduos acabam sendo ignorada. Conforme o indivíduo “F” confirma que a – F – “criatividade é algo bastante abrangente, então, essa questão de comprarmos tudo pronto, tudo acessível, ela nos rouba um pouco desse espaço de desenvolver a nossa criatividade. Uma forma é tentar fazer o que você compra, é uma forma de redescobrir a nossa criatividade, e ai a gente vai tendo surpresas”. Tabela 9 - Compilações Criativo Entrevistados Respostas A Pouco trabalhado X Poucos professores X Bons Exemplos X Relacionou ao Divino B C X D L E F G H I J K 108 Potencial de Co-criação X Sem vivência, sem criatividade X Interpretação inconsciente X X Como pensar X Sistemas Complexos X Múltiplas interações X Não dar respostas prontas X X X Transversalidade X Estimular com mais perguntas, do que com respostas X Engenharia = Criar coisas X Paradigma X Limites X Inerente aos seres humanos X Depende do educador X Risco de ocultar X X Dons X Não fragmentada X Praticar coisas cotidianas X Se aprende X Conexões X Pensamentos “novos” X Atividades desafiadoras X Desestabilizar X X Felicidade X Liberdade, livre pensador X PAZ X Brincadeira, lúdico X Compromisso X X Inovação X Bagagem diversificada X Com coisas simples X Fonte: Autor, 2013 Todos demonstraram que a criatividade é extremamente importante. E para ter esta criatividade, deve-se ter – B – “vivencias em diferentes meios, por que agente sabe que o meio faz a pessoa e a pessoa faz o meio, é uma troca. Eu acho que, por isso eu vejo com maus olhos essa 109 especialização do profissional, eu acho que a gente tinha que dar possibilidade do profissional ver, ter varias visões para poder despontar a criatividade em vários ambientes”. E ao vivenciar estes diferentes espaços, devemos ter cuidado para não direcionar os objetivos, isto acaba sendo uma atividade formatada e o próprio espaço perde o sentido, e é o que geralmente acontece nas saídas de campo – B –“esse contato com a natureza (ou empresas) sempre tinha um viés de fazer determinada tarefa, e não deixava enxergar o resto, eu só consegui enxergar o resto quando fui para o campo sem ter a obrigação de descrever determinado processo cientifico, fenômeno que seja, então eu acho que a didática de ensino têm de mudar para poder incentivar a criatividade”. Esta didática tem que ser explorada e pouco se nota dentro das ementas esta relação com a criatividade, com o lúdico, com a expressão do corpo. É necessário desconstruir estes conceitos fixos sobre determinadas coisas, ao apresentar uma perspectiva nova sobre a mesma realidade – G –“Já diria o seu Piaget, você propor atividades que se desestabilize e depois da possibilidade do cara de se estabilizar de novo.” E aprender com isto. A criatividade está muito ligada à paz de espírito da pessoa, a liberdade que o mesmo tem consigo e com os próximos – C –“Acho que criar é estar exercendo as divindades. não poder fazer isso, a reprimir um ser a não ser criativo, que é da nossa própria natureza, acho que você está fazendo uma ruptura do que é ser humano”. E esta ruptura acaba ocorrendo sem percebermos, pois é um paradoxo – E – “parece um paradoxo quando você dá limites, você está limitando“, por exemplo – E – “eu quero que seja criativo, mas eu quero que vocês sejam criativos em 5 páginas”. Então o próprio sistema educativo é – E – “limitado por tempo, por espaço, limitado até por essas coisas que dizem que vão dar criatividade para pessoa. Quando a gente faz um desafio para um aluno, antes dele pensar da cabeça dele, ele vai procurar no Google pra ver se tem algo parecido, isso já é um limitador de criatividade, procurar no Google”. Pois então, devemos refletir junto como potencializar a criatividade, refletindo sobre este sistema educativo. Na criatividade – G –“todos os artistas falam que a coisa da criação é 10% inspiração e 90% transpiração.” Desta forma, – F – “dentro da academia a gente corre um grande risco de ocultar essa criatividade que é inerente de todo nos seres humanos. E isso depende de cada educador, eu acho que é algo que tem que estar vivo, e caminhar junto com a ética, inclusive. Todos nos somos criativos dotados de dons, e que nossa criatividade não caminha de forma separado aos nossos padrões, conceitos, morais ou conceituais. Penso que a arte deve fazer parte de tudo.” Isto vai do educador, como exemplo – G –“A gente trabalhou, uma coisa chamada Artvismo. É um movimento de arte de intervenções sociais a partir da arte do bom humor.” Um dos entrevistados traz a reflexão sobre o nosso trabalho – I –“O trabalho de adulto deve ser a 110 brincadeira da criança num nível de pensamento de adulto. Tudo que tiver de lúdico e de aprendizado te traz isso. Tudo pra mim é uma brincadeira estou fazendo por prazer.” Já existe a percepção da importância e da necessidade do acadêmico ser criativo, reestruturar o pensamento e a prática, inovar nas suas ações. O tecnicismo, o passo-a-passo, tem o seu valor, mas como Engenheiros, precisamos reinventar as relações entre os elementos e resgatar a sustentabilidade, que anos atrás já existia e não precisávamos deste conceito, utilizado hoje com interesses mercadológicos nada práticos. Devemos nos unir e cooperar para uma boa governança. Dentro do PP que – G – “propõe a universidade ser criativa, é muito interessante. Em geral, o acadêmico é aquele cara que segue passos. Aprender ser criativo em todas as áreas, ser criativo é fazer conexões.“ E necessitamos de fazer estas conexões com a história, com a relação sociedade e meio ambiente. As pessoas estão se distanciando do meio, estamos nos artificializando. Entretanto ela não tem se apropriado de metodologias, de didáticas para expandir este indicador. Cabe ressaltar que durante o processo de re-estruturação curricular do curso de engenharia ambiental, que passou a ser engenharia ambiental e sanitária, houve uma sutil mudança alterando o termo “Criativo” por “Inovação” no PP. Podemos suscitar possíveis razoes mercadológicas para a inclusão do termo “Inovação” invés do “Criativo”. Mas, mesmo que por razoes outras, deve-se ressaltar que não é possível realizar inovação sem criatividade. Portanto, mesmo que tenha ocorrido tal mudança, a necessidade de formação de profissionais criativos e éticos continua a ser um grande desafio e meta do curso ao meu entendimento. Necessitamos de uma – H – “bagagem diversificada... por isso a parte cultural é importante assim como as vivências e as leituras, os eventos...” • ÉTICO A ética foi apresentada de diferentes formas, desde uma explicação, o que há influência e maneiras de como construí-la. Abaixo algumas compilações, seguidas de frases e comentários: Tabela 10 - Compilações Ético Entrevistados Respostas Bons exemplos Conduta A L X X B C D E X X F I G H J X K 111 Como colocar em prática algum valor X X Valores X X Construção X X X Visão ética X Horizonte da permacultura para transmiti-la X Auto-Crítica X X Despertar a consciência X Conhecendo pessoas éticas X Trazer a problemática X Outras dimensões X Para viver, tem que ter X Base X Igualdade X Tão abrangente é, difícil X X X Busca X Amorosidade X Não tem uniformidade na academia X Coerente com o seu pensamento X X Valores de outros reinos X Varia entre indivíduos X Reflexivo X Se colocar no lugar do outro indivíduo X X Quem está pagando? Rabo preso Interesses X X Integridade Não existe meio ético X X X X X X X X X Valores cruzados X Não se pratica X Disponibilizar a informação/conhecimento X Cultural X Invadir outras áreas/espaço/conhecimentos X Ambiental X Desenvolvimento Sustentável X 112 Respeito ao próximo, aceitar as diferenças X Relação funcionário/professor/aluno X Ética profissional X Discussões X Fonte: Autor, 2013 Pensar a ética por si só, é complexo, de um lado não se têm meio ético, entretanto a cultura influencia muito nela, – C – “a ética pra mim não é pro outro”. Uns dizem que se busca, outros que simplesmente se é. Contudo – F – “A ética no meu ponto de vista é de fazer as coisas de forma coerente, integra, não visando somente os valores humanos, mas os valores de outros reinos, ela é muito abrangente. Têm muitas coisas que não são muito éticas, como, experimentos com animais, que ai depende do olhar do observador, na verdade.” Reforçando o nível de expansão que a ética pode chegar é – C – “quando desperta a nossa capacidade de se colocar no lugar do outro. E quando falo do outro, não me refiro somente seres humanos. Do cachorro que esta ali na rua, do pássaro que está na gaiola, de uma arvore que está sendo cortada. É uma grande oportunidade de refletir sobre isso”. Além deste se colocar no lugar do outro, é o de praticar a transparência, se é algo que você não tem vergonha de expressar e cuidar para não utilizar sua posição, cargo na profissão por exemplo. E a Permacultura já afirma, focando seus esforços nos princípios éticos que – I – “os problemas ambientais não se resolvem pela biologia não se resolvem pela química ou física se resolvem pela ética.” E a ética pode ser definida quando – I – “você faz alguma coisa independente que alguém te olhe ou te avalie ou te julgue você esta atuando eticamente”. Alguns relacionaram a ética com a moral – C – “A moral é uma coisa mais teórica, um sistema de valores a ética eu vejo como mais pratico, não existe pessoa meio ética, ou ela é ou ela não é. Parte por ai” Uma das disciplinas da Eng. Civil Deontologia66 – cujo termo foi introduzido em 1834, por Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais. Cabe aqui, uma reflexão sobre a questão moral67 - que é normativa, ou seja, diz respeito aos costumes dos povos, ao conjunto de hábitos, regras, normas, leis que regulam a conduta de um povo, nas diversas épocas. Ela é abrangente, divergente e variante de cultura para cultura. Geralmente visa circunstâncias e necessidades imediatas de um povo. Já a Ética é especulativa e possui um caráter críticoreflexivo. Ela procura o nexo entre os meios e os fins dos costumes, das condutas, das leis. 66 WIKIPEDIA. Deontologia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Deontologia>. Acesso em: 2 jun. 2013 67 ALICE NO PAÍS DA FILOSOFIA. Ética x Moral. Disponível em: <http://alicenopaisdafilosofia.blogspot.com.br/2012/01/etica-x-moral.html> Acesso em: 2 jun. 2013 113 É específica na medida em que busca avaliar a fundamentação de cada costume, de cada prática cultural e assume um caráter universal (que independe das práticas culturais dos povos) enquanto reflexão crítica. Como se percebe atualmente – a G –“Faculdade de medicina é de medicina ou da doença? Trata-se da medicina, saúde porque não se fala de comida orgânica, o quanto esses frangos cheios de hormônios estão fazendo mal. Crianças com colesterol, com déficit de atenção, hiperatividade.”. Logo – I –“os valores estão cruzados então você tem níveis de complexidade e níveis de percepção diferentes. Pessoa que pensa que o valor fundamental é ser livre e ser feliz e outro que pensa que o mais importante é ter dinheiro”. Lembramos sempre que – B –“a universidade não forma um profissional, ela forma um cidadão melhor preparado pra atender as demandas da sociedade”. Com este subsídio, reforça o papel da universidade – B –“Que não deveria formar para o mercado de trabalho, porque geralmente, este não acompanha as reais necessidades locais e regionais. Ela entra em um patamar que corresponde a uma ilusão, pois o que gera estas necessidades mercadológicas é o próprio sistema, que não é sustentável.” Fazendo deste sistema uma analogia com o nosso corpo humano: O sistema funcionaria em Marte, pois ele só possui o “sistema digestório”, não importa de onde vem os recursos (natureza, ser humano, financeiro), no caso a boca. E nem qual a destinação destes recursos, inclusive os resíduos (Sistema Excretor). Algo importante a ser destacado, que foi debatido muito no Grupo Focal, foi que o despertar dos diferentes níveis de ética, é quando se conhece, lê ou estuda pessoas que têm ética. Grandes mestres, que influenciaram diversas pessoas e ao buscar na essência destas pessoas, encontramos este caminho a ser trilhado. 4.4.5 CATEGORIAS EMERGIDAS Das entrevistas, emergiram outras categorias, as principais descrevem-se abaixo e as demais podem ser acessadas no “APÊNDICE E”, com as principais frases ditas pelos entrevistados. • O “Despertar” O despertar para a temática foi geralmente este contato com a natureza, uma busca pela compreensão do planeta terra e/ou a curiosidade. Alguns foram pegos de surpresa – E –“eu fui pra verificar vazão de um rio e não tinha rio no lugar que eu tinha marcado, só tinha lixo e aí a preocupação, aí falei: nossa, como a gente vai trabalhar, pensar em vazão de águas, se não tem, se o rio não consegue nem sair daí, só lixo, lixo, lixo?”. Outros quatro ao encontrar a Permacultura sentiram que I - “era a luva que me faltava, já se estava com todos os argumentos teóricos e ideológicos para aceitar uma mudança que faltava, a ferramenta para mudança foi a permacultura”. 114 Outros três ao fazerem as conexões necessárias para – L –“a salvação da humanidade, pega o seu lixo, o seu coco, o seu esgoto e reciclar, pra ajudar a produzir solo, e solo é vida. Solo vivo, alimento vivo, medicina alternativa.” Tabela 11 - Compilações "Despertar" Entrevistados Respostas A Estilo de Vida X Contato com a Natureza/Terra X Esporte X Intercâmbio Cultural X B H X X C D E X X F G I K L X X Reflexão do tempo X X Concepção X X Compreender o Planeta Terra X Visão Conservadora X X Respeito à Vida Curiosidade J X X X Crise Econômica Européia X Projetos que eu acredito X Contato com crianças X Compartilhar um sonho X X Desenhar X Disciplina X Ao experimentar alimento orgânico X Trajetória cheia de curvas X Memórias da infância: interior, animais, água, terra X Natureza cura X Microuniverso X Fonte: Autor, 2013 115 • Educação Muitos relacionaram que é um – C – “Processo de aprendizagem. então a pergunta é: quando a gente não está sendo educado? porque se você começar a perceber cada situação em sua vida se você consegue levar para uma forma positiva você esta trazendo uma mensagem para um aprendizado tanto as situações boas como as ruins”. Mas – B – “uma educação que não é a educação que formata o cérebro, mas que lhe faz pensar, você tem condições de definir o caminho que quer seguir” E reforço, que todos somos educadores! É uma troca constante, então o educador deve construir o conhecimento junto ao acadêmico e lembrar-se deste processo contínuo e permanente deve ser transversal ao meio em que se vive. A educação é – F –“uma forma consciente de como nos vamos desenvolver nossas ações no mundo”. Sendo assim ela está conectada diretamente com a nossa prática, nossa relação com a sociedade, com o meio. E muitos reforçaram esta questão da prática que é – “a melhor forma de educar ainda é fazendo, fazendo bem feito, então o educador tem que estar muito certo, muito consciente daquilo que ele tem pra dar, pra ensinar, porque ele só vai conseguir educar a partir do momento que ele realmente faça bem feito, faça certo“. Tabela 12 - Compilações Educação Entrevistados Respostas A B Educação Ambiental X Poder de mudança, transformação X Não precisa ter educação ambiental X Inclusiva X Pluralidade Social X C D E F G H I J K X Processo de Aprendizagem/Contínuo X Desconstrução X X Comovido X Comprometido X X Educador filtrar assuntos X Humildade X Fazendo X X Conceito que muda X Forma de Vida X Atento aos nossos sentidos X Conceito vivo X X L 116 Religação com a natureza X X Humanidade melhor X X Todos somos educadores X X X X Crescimento X Disciplina X Mais prática, do que teoria X Educação moderna está muito voltada para os valores capitalistas X Construção Conjunta/Compartilhada X Vários níveis X Família, agrupamento familiar X Forma de viver, incorporar e aplicar X Fonte: Autor, 2013 • Teoria e Prática Em relação à teoria e a prática, – C – “dizem que existe um abismo [...] Por exemplo, professores que falam muito de ecologia, mas não colocam pratica na vida deles, ou falam de ética, de valores, mas não colocam este pratica. e isto frustra, trás uma frustração interna, pode ser que fique no inconsciente, mas trás uma frustração interna, porque você acaba tendo todo um potencial de sonho e de poder de criatividade e você não vê as pessoas que alimentam estes sonhos realizando isto”. Um dos entrevistados recorre as falas de Bill Mollison ressaltando que ele – G – “se dedicou em observar pessoas que faziam, não o que as pessoas falavam (...) Eu acho que tudo que eu falo, tem peso um, e tudo que eu faço, tem peso dez.”. Já diz um ditado chinês que G –“a teoria sem a prática é vazia e prática sem teoria é muito perigosa”. Tabela 13 - Compilações Teoria/Prática Entrevistados Respostas A B C D E F G H I J K L Abismo X X Ótimas teorias, mas... X X Falta muita prática X Mestrado, pois graduandos não se sentem seguro X Estão caminhando em lados contrários X X 117 Pouca possibilidade para se aplicar X Não há diálogo X Atento ao que se faz e não se fala X X Caminho do meio X Certos assuntos não necessitam da prática outros não se aprendem se ficar só na teoria. X As práticas para adquirir Habilidades X Começo de tudo é observar X Fonte: Autor, 2013 Atualmente – H –“o aluno tem tanto acesso a informação, e tem muita coisa que dependendo da curiosidade, sabe até muito mais do que o próprio professor, porque ele já investigou, já procurou, já pesquisou, e então, não vale a pena ele guardar só pra ele, mais ele compartilhar na sala inteira e discutir, cada um com seu conhecimento e suas experiências, uma construção conjunta”.E o educador tem que saber provocar isto, com dinâmicas, com debates, grupos de discussão, rodas de diálogo. Como fica evidente no próprio principio de design, tudo se inicia pela contemplação do – J– “que você esta fazendo, você precisa observar. Você começa a ver coisas diferentes, você se torna mais curioso, leva a motivar a fazer alguma coisa, ir atrás do conhecimento. Acho que tudo passa pela observação.” Os entrevistados A, B e K foram contemplados com a relação da teoria e prática já na categoria “Educação”. • Sobre o PP/Formação O Projeto Pedagógico deve ter uma relação com a sociedade, algo que deve ser debatido com os acadêmicos e construído com os mesmos. Devemos cuidar com as receitas de bolo, com os consultores de “PPP”. Os profissionais e educadores devem se encontrar com freqüência para se articularem e aplicarem a dita interdisciplinaridade e construção deste projeto pedagógico que não vem merecendo o devido valor acaba passando como um relatório e/ou uma exigência do MEC. 118 Tabela 14 - Compilações PP/Formação Entrevistados Respostas A Não conheceu X Lembra de alguma coisa, mas não sabe explicar X B C D E H F G X Sugestão Currículo Generalista/ Mais enxuto X X X Legislação X Relação/Devoluçao com a sociedade X Leitura/Manual/ Relatório/Retrato X X x X Não me envolvi X X X X Reconstruído X Legislações top-down X Consultor vende PPP X Deveria ser apropriada pelos educadores X X Saber autoritário da academia X Quem financia os projetos X Poder X Apropriada pelos profissionais X Competência, habilidade, atribuição X Exigência do MEC X Deveria ser feito em conjunto X PP realizado em fragmentos X Pouco tempo/pessoas para se projetar o PP X Executar atividades básicas Problema com o tempo J X Receita de bolo Mais que um relatório L X Reflexo na mudança de comportamento Dinâmico K X Não era este termo Não é tema debatido com alunos I X X X 119 Dinâmicas para discussão entre os acadêmicos X Problemática já na educação básica X Fonte: Autor, 2013 Esta formação acadêmica está gerando profissionais “hiper-específicos” – B –“ele norteia para uma ramificação, uma especialização e todas as outras são abandonadas de cara, um sujeito vira um especialista. Ele acaba esquecendo a relação com todo, o leque de opções.” E isto foi frequente em mais de uma fala – C – “É sempre se especializando. por exemplo: eu sou especialista do rabo da lagartixa vermelha do oriente norte”. Um dos indivíduos reforçou a estrutura estratégica e de gestão das universidades, que – B – “hoje dentro da universidade você tem uma hierarquia de cargos e coisas, protocolos a repetir que é muito similar a uma estrutura militar, largamente combatida pela universidade na ocasião da ditadura. Então, vejo que se contrapôs um pensamento, mas se aplica ele também da mesma forma e dentro dessa lógica”. E ainda temos o pensamento do passo a passo, – E –“se tiver uma receita pronta, uma receita de bolo e tiver uma técnica e números e gráficos, pra ele está ótimo”. E quase todos os entrevistados deixaram claro esta preocupação com as novas gerações – J – “cada ano que passa a gente sente isso, que os alunos são menos observadores, menos curiosos. Mais a fim de ver o que ta passando no facebook. É a questão da informação, o aluno ele quer informação, ele não ta querendo gastar energia pensando, conectando as coisas [...] tá ficando preocupante”. Realmente a era da informação nos deixa um pouco confusos, como cidadão, universitário e sociedade. • Lacuna na formação acadêmica Em relação às lacunas tivemos diversas reflexões sobre, desde os engenheiros “engenharem”, de vivenciar alinhando a teoria com a prática. Alguns reforçaram que o Brasil necessita de profissionais generalistas! Que devemos utilizar do pensamento sistêmico, bem como da arte e cultura. Falou-se da muita racionalidade, tecnicismo que a academia impõe, sem fomentar o lado humanístico, psicológico, emocional. A sociologia e a filosofia deveriam permear as disciplinas tal qual a educação ambiental! Atualmente na formação temos a – I – “chave e não sabemos para que serve”. Reforçaram que o currículo encontra-se muito engessado, que o educando fica a mercê de uma visão fragmentada. Então a necessidade deste olhar holístico, sistêmico, como um ecossistema, que se auto-organiza. E valorizar – G – “A questão do desenvolvimento endógeno. A questão de entender que o agente do local é cara que é o grande ponto da transformação” 120 Falou se muito das conexões, da dificuldade de co-relacionar os conteúdos, – H – “muitas lacunas, penso que uma delas é a conexão entre conteúdos básico e profissionalizantes, do conteúdo profissionalizante para a necessidade do mercado de trabalho, o curso (de graduação) não pode estar enclausurado na academia, mas ela tem que servir a sociedade, então essa conexão, esse ponto é uma falha”. Outro indicador importante de ser comentado, é que segundo alguns indicadores, o próprio PP (p. 144) demonstra que 12 alunos desistiram ou trancaram o curso em cada semestre nestes dois anos analisados por diferentes motivos, demonstradas na figura “14” abaixo. Figura 15 - Motivos de Evasão do Curso de Engenharia Ambiental Fonte: Projeto Pedagógico (UNIVALI, 2012, p. 146) Este número de alunos que desistem é um fator preocupante, minha sala, em 2008 entrou com quase 70 alunos, no primeiro ano, saíram uns 15/20. E nos meses seguintes o número diminui e só os “fortes sobrevivem”, ou seriam os que têm paciência? Pois o primeiro ano são as matérias convencionais, praticamente cursinho ou segundo grau. Estas matérias não acabam sendo um “atrativo”, uma representação do curso e das diferentes áreas que ao decorrer dos anos irão se aprofundar. Como alterar isto? Da mesma forma que seleciona os que tem facilidade, limitam-se os possíveis aprendizados futuros. Como reverter esta situação? No decorrer da discussão vou propor alguns caminhos, mas já afirma-se que no primeiro semestre já deve iniciar as saídas de campo e sentir as diferentes áreas possíveis dentro da formação de um engenheiro ambiental. 121 E temos que refletir quem dita as regras do jogo, agora com a Resolução 1010, isso ficará, espero eu, mais neutro. Entretanto há uma forte pressão nos “órgãos” que regularizam isto. Será que – B – “é o CREA que vai dizer o que nos temos que ensinar? Ou somos nós que vamos ensinar para o CREA poder habilitar. Então, há uma inversão de valores, por que na verdade quando negamos que um conhecimento não possa ser transmitido por determinado ramo do “mercado de trabalho”, estamos cerceando a sua capacidade de desenvolver uma tecnologia, uma metodologia científica capaz de resolver problemas”. Abaixo a tabulação em relação às lacunas desta formação acadêmica. Tabela 15 - Compilações Lacunas na Formação Acadêmica Entrevistados Respostas A Engenharem X Vivenciar X Alinhar teoria com prática X B C D F G H I J K L X X X Não sai pronto X X Generalização X X Psicológico X Emocional X Raciocinar X Construção do conhecimento X Rótulos X Pensamento Sistêmico X Nível técnico X Muito cartesiana X Inversão de valores X Encontro dos professores (NDE) X X X X X Pensamento reducionista X Diálogo com sociologia, filosofia X Currículo engessado E X X X Diálogo com outros temas X Problema Real X Sentir o terreno X Debate entre acadêmicos X X Cuidado com as pessoas, social X X 122 Pouca leitura X Não tem lacuna X Mais tempo, mais disciplinas X Fase adulta, conseqüência da infância X Sentimento X Visão Integrada X Fragmentado X Valorizar o desenvolvimento endógeno X X Competência X X Capacidade de transmitir os conhecimentos práticos X X Ética X X Mais projetos X Criatividade/ Inovação X Perfil desejado X Não ter atividade complementar X Espiritual X Deformação X Excesso racionalidade X Precisa ter uma Visão Holística X Ativismo político prático da Universidade X Conexão conteúdos básicos e profissionalizantes X Diversidade X Interdisciplinaridade X Infraestrutura X Mente aberta do aluno X Compromisso consigo mesmo X Formação básica X Compreensão dos textos, informação muito mastigada, falta de leitura X Fonte: Autor, 2013 123 4.4.6 PERMACULTURA Teve um bloco específico nas entrevistas para investigar em relação à permacultura, como conheceu, em relação a sua concepção, seus princípios e flor e se deve dialogar com a academia. Outra fato levantado foi à questão da imersão, saídas de campo. • Como conheceu a Permacultura Como se percebe a maioria das pessoas conheceu a Permacultura através da Academia de alguma forma, dentro dela, por acadêmicos ou em eventos. Inclusive conheci ela no semestre de calouro, em 2008 – final do semestre. Através do CPA, onde alguns acadêmicos faziam parte e divulgavam na universidade. Um dos indivíduos teve um contato através de um estágio – C –“então, eu achava que não ia veneno nos alimentos, então descobrir que os alimentos que comiamos eram envenenados, para mim, foi um grande impacto na minha visão cor de rosa do planeta e das pessoas. Então fui fazer estagio em agricultura orgânica”. Tabela 16 - Compilações Como conheceu a Permacultura Entrevistados Respostas Alguém contou que eram permacultores Companheiro(a)/amigos Folder Li em algum lugar Evento Acadêmico B G I J L C A D E F H K X X X X X X X X X X Estágio X Saída de Campo – Educação Ambiental X Estudantes da Universidade Fonte: Autor, 2013 Destas vivências, surgiu o que senti e que diversos já retrataram – C –“Integrava tudo o que eu sentia na verdade, tanto a questão em trabalhar em harmonia com a floresta como a questão da agricultura orgânica e o conviver com as pessoas, então foi uma descoberta de uma paixão mesmo” Em outra ocasião, foi a meu ver por intuição, pela visão sistêmica, através da agroecologia que simplesmente uma das pessoas interessadas em adquirir terreno – B – “veio nos visitar disse: “vocês são permacultores[...] “ela nos contou que em 92, na ocasião da Eco 92, vendeu um carro para trazer o Bill Mollisson ao Brasil, para dar um curso de permacultura”. 124 Uma das entrevistadas diz que voltou – “super animada destes cursos que eu fiz em Bagé no IPEP na época no RS, e voltei para a universidade com os amigos montamos a CPA, iniciamos um processo de levar isto para dentro da universidade”. Da qual, através do Monitor do Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos, na época eu – junto a diversos parceiros – reativamos a CPA com um Curso de Introdução à Permacultura: Por uma vida + Sustentável. • Concepção de Permacultura Como dito pelo indivíduo – A – ”é difícil estar definindo a permacultura, conforme tu vai vivenciando ela, a tua definição vai mudando”. Percebe-se que a concepção da mesma varia de pessoa para pessoa. Compiladas 47 subcategorias, das quais alguns a consideram como filosofia de vida e/ou como uma ferramenta potente. Pessoalmente, me encaixo neste grupo, pois a própria lógica aristotélica nos leva a esta percepção! Buscar a harmonia, não deixar se cristalizar, virar um dogma. Entretanto dar uma atenção, pois o “bloqueio” mais evidente é a desinformação – B –”Qual é a barreira que a academia tem com a permacultura, o desconhecimento, só! [...] “a permacultura é feita por pessoas, que saíram da academia”. Outra evidente é o preconceito que surge da desinformação, também por que há uma estética associada ao modo alternativo de vida dentro dos estereótipos da sociedade de consumo, da sociedade urbanizada, o qual confunde estilo da pessoa com a ferramenta de design. Tabela 17 - Compilações Concepção de Permacultura Entrevistados Respostas A Estilo/Filosofia de Vida X Design da sua propriedade, onde se vive X Relacionou ao Clima X Setores X Harmonia X Difícil definir X Muda ao vivenciar X Acredito que não serão todas as pessoas que vão/devem se identificar X B C D E F G H I X X Intuição X É um tema transversal X Perfil X X K L X X Relacionou com a espiritualidade J 125 Holístico X Forma Completa X Livre X X Autonomia X Criatividade X Liberdade X Despertar da consciência X Visão de Mundo X Transformação X X X X X X Ferramenta potente X Resgate X Relações X Ecoformação X X X X X Restrito X Vida Natural X X Dinâmica X Carismática X Não é cristalizada X Tesouro X Existe se for praticada X Complexo X Soluções para crises X Religação X Desaceleração X Não é Permacultura Australiana, esta elitizada X Conectar X Ecologia Prática X Ético X X “8 ou 80” X Pré-conceito X Crescimento por degraus X Extra-curriculares, não obrigado, voluntários X Equilíbrio X Iniciou com a Permacultura X Respeito em relação ao meio e com o todo X Viver em micro-sociedades, tribo X X 126 Surgiu na Austrália X Fonte: Autor, 2013 O entrevistado “B” citou diversos exemplos de diferentes áreas, desde a medicina, jornalistas até ecólogos e disse – B –”usar o termo permacultura pra reunir toda essas boas coisas esses bons profissionais, técnicas que enxergam de uma forma completa e holística os acontecimentos é uma coisa interessante, mas não precisa ser permacultura, poderíamos chamar de outra coisa, mas o interessante é que se criou em cima da permacultura a possibilidade de dar uma identidade pra esse perfil. Então eu acho assim, se nos temos um rótulo e a nossa sociedade só reconhece alguém pelo rótulo, façamos uso deste rótulo nesse momento, mas a partir do momento que a maior parte da sociedade, sei lá quando é que vem isso, pra mim é utópico, não importa, temos que seguir. Um dia as pessoas vão olhar pra trás e vão dizer, mas porque a gente usava rótulos mesmo? Nós não precisávamos deles.” No grupo focal que ocorreu com os interessados na permacultura, surgiu que o objetivo da permacultura, era que a “permacultura” não precisasse existir. Parafraseando o Greenpeace. Do qual se refletiu, se toda manhã eles tinham acesso a este objetivo. Muitos compararam com o movimento de agroecologia – D –”o que é permacultura, o que é agroecologia, até onde começa a permacultura e começa a agroecologia, por que são conceito que surgiram meio que paralelos em alguns momentos e alguns lugares, mas que totalmente se sobre põem mas enfim acho que a idéia é buscar a sustentabilidade”. Alguns conseguiram elencar os pilares pessoais em relação ao termo – C –”para mim permacultura são três palavras: autonomia, criatividade, liberdade com você, com as pessoas que estão ao teu redor, com a comunidade onde você estiver.” Possui inclusive uma conexão forte com– B –“Esta relação com a espiritualidade, no sentido da fé, não sentido religioso [...] ela deixa você tocar um pouco a intuição e a nossa academia ocidental não deixa”. Muitos percebem este resgate, reflexão – D –”como um resgate mesmo de varias técnicas ferramentas enfim de varias comunidades ao longo do mundo inteiro que trabalham que buscam justamente aproveitar da melhor forma possível os recursos naturais da região para sua própria autonomia, dai na questão de produção de alimentos, da moradia, da energia, das relações” Outro indivíduo foi mais direto afirmando que – L – ”a permacultura nasceu com os índios, isso ai nasceu com os caiacós, com os xavantes. A permacultura aqui no Brasil nasceu com os nossos índios da Amazônia, cada tribo indígena tinha a sua permacultura. a permacultura da Austrália ela nasceu com os aborígenes então. E digo a você, os tritões, os gauleses, germânicos todo mundo aí no passado tinha sua permacultura também, então a permacultura não é de agora, quem ganhou um premio Nobel alternativo, quem inventou isso aí, ele sintetizou um conhecimento. E outro indivíduo 127 ainda acrescentou num momento de reflexão – H – ”é que no fundo no fundo me parece que a permacultura é, se for ver a historia da humanidade, ela começou na permacultura”. Entretanto não necessitamos “viver na pré-história” como já ouvi falar de alguns. Simplesmente refletir, pois –I –”ser permacultor é conectar o que está desconectado, porque toda formação acadêmica que acaba sendo acadêmica e toda formação que você recebe nas escolas sendo feitas ou dirigidas por acadêmicos em ultima instancia são universitários dando aulas, quebrou isso, quebrou a conexão, enche a cabeça de dados e você não sabe para que serve um com outro” Alguns relacionam com a vida natural – E –”assemelha à vida, vida natural, vida como base. São experiências fantásticas, uma pena, o grande ressentimento é que poucas pessoas tenham contato com isso”. Principalmente, pois ela – F –”é muito carismática, ela consegue envolver os jovens, consegue preencher uma lacuna que a academia não preenche. A academia é muita voltada para o conceitual e a permacultura para o experimental”. Algumas reflexões sobre o conceito – F –”Tem que ter esse cuidado, a permacultura na teoria não é permacultura, ela é permacultura se é praticada. O conceito que ela traz é bastante interessante, mas, se ela não passou por nossas mãos, e não tivemos a oportunidade de aplicar, será somente, mas um conceito bonito entre outros.” E principalmente a proposta é de– I –”Não criar novos mitos, não ser dono da verdade nem ser dono do tema e a permacultura é um movimento mundial que vai se re-criando todos os dias. E irá mudando com tempos, locais.” Há certa marginalização, geralmente parte do acadêmico buscar informações. O indivíduo “K” sugere que elas de início, sejam – K –“atividades voluntárias relacionado à Permacultura [...] Extracurriculares, não-obrigatórias [...] crescimento por degraus, para que se torne institucionalizado”. Pois possui certa “Resistência de gestores”. Entretanto, esta percepção deve ser redesenhada. A temida reforma curricular acadêmica deve ocorrer, pois a mesma academia virou um produto, com interesses. Então para – H – ”inserir num conceito holístico na academia que está fragmentada em disciplinas turmas, teoria, pratica etc... então eu acho que de repente tenha que ter uma reestruturação ou uma quebra desses paradigmas funcionais, mas partir destes conceitos de permacultura para trabalhar dentro do curso, da maneira de como esta organizada” O grande lance, é as diferentes formas de se chegar à Permacultura, suas diferentes pétalas, suas diversas temáticas e caminhos, – B –“Uma vivência com a permacultura, pode mostrar diversas áreas, sendo assim, para o aluno que está um pouco perdido em relação a qual “carreira” seguir, uma formação ou esta introdução pode abrir um leque e descobrir suas afinidades”.Inclusive – H –”sendo uma disciplina, pode ser uma semente plantada nos alunos, para mostrar, o que é essa permacultura”. 128 Algo que foi levantando é que – H –“ta muito distante de ter uma atuação da permacultura, e depois se for expandir isso, um profissional que sai daqui, que sai com essa visão da permacultura, vai estar na contra mão, porque vai ter que brigar com uma sociedade toda, que não pensa dessa forma, então é uma briga constante e eterna, que vai tentar implantar a permacultura na sociedade...“ Entretanto este pensamento mercadológico está desmoronando nas mais diferentes áreas, através de doenças, do psique, da relação com o próximo. Então não acredito que a briga seja com a sociedade, e sim, consigo mesmo. Pois quem constrói a sociedade somos nós. O conceito que mais me identifiquei, foi dito pelo indivíduo “I” ao dizer que ela nada mais é, do que a Ecologia Aplicada, pois tanto se dividiu os conteúdos que a Ecologia é integradora e com ela maximiza-se as relações entre indivíduo e espaço. • Princípios e Flor da Permacultura Com certeza a base da permacultura é a ética e valores – C –“se a gente não tem isso muito claro e não consegue aplicar na nossa vida a gente tem que ficar um tempo trabalhando em cima disso a principio, mas se a gente já tem isso claro e consegue aplicar a permacultura é muito lógica ela trabalha com a lógica, e o principio de trabalhar com a natureza e não contra, o que na maioria das vezes a gente aprende na universidade, e a energia da cooperação que é uma energia contraria ao movimento que o sistema capitalista quer fazer com a gente”. Tabela 18 - Compilações Princípios e Flor da Permacultura Entrevistados Respostas A Conhecer X Estar mais visível na academia X Fazendo check-list X Repensar as ações X Vai do professor X Formação de cada professor/aluno X Incentivar X B D E F G H I J K L X X X X X Gestão territorial mais humana X Disciplina X Já no ensino fundamental X Através da Interdisciplinaridade C X X 129 Abrir mais X Ética e Valores! X Lógica X É trabalhado, mas X Apresentar em algumas disciplinas já existentes X Sim, não como um todo X X Formação de qualquer área X Flor – por onde chegar... X Religação dos Saberes X Na Ecologia X X A própria academia deveria ser a flor por completa. X Parte de cada um, do professor do aluno X Relembrou da infância X Compartilhar, aproveitamento, respeito à natureza X Grande maioria da flor se encontra na academia X Fonte: Autor, 2013 Além desta ética, ela parte de uma visão baseada em alguns princípios, que todos – G –“são princípios de sustentabilidade, principio de respeito, principio de boas relações. Na verdade todos eles são princípios de humanidade. Qualquer ação humana deveria respeitar esses princípios. Deveria ser pensado sobre isso, deveria ser explicitado”. Agora refletindo sobre o primeiro – “I –Mas se você vai analisando eles qual o primeiro principio? Observar e interagir. Como começa o método cientifico? Observação. Tudo o que vem depois é insistir na multiplicidade de ângulos de visão, é insistir na diversidade, na complexidade, é insistir em tudo o que estamos falando. Em ultima instancia é insistir no ecossistema. Quando se fala em agroflorestas, quando se fala em cultivo diversificado, monocultivo, tudo isso é ecologia.” Outro indivíduo reforça que “J – Tudo passa pela observação e o respeito pela natureza.” E isto, perpassa na formação de qualquer área, – G –“quando fala, observe e interaja, esse principio da pra medico, pra engenheiro, arquiteto, pra biólogo, pra qualquer coisa. Quando você tem, aceite o feedback, é pra qualquer um”. Mas vale lembrar que a C – “permacultura não é uma 130 especialização, é uma ciência de generalização. Então a gente já começa a entrar num campo mais restrito, a universidade estimula a especialização”. A principal reflexão que posso trazer é que utilizar os termos sem ter uma prática, desencadeia um processo de insegurança, G –“os professores deveriam discutir e trabalhar cada um dentro da sua cadeira, como que cada um desses princípios aparecem. Talvez possa ser uma possibilidade.” Outra proposta é através de um check-list, interno a meu ver. O ideal é que – G – “a academia poderia ser cada uma das pétalas. Tem o livro do Morin, que chama Religação dos Saberes”. O qual subsidia este diálogo numa visão mais integradora entre as diferentes áreas, deixando de ser um feudalismo universitário. Geralmente – H – são coisas tão simples de serem resolvidas, e difíceis de serem aceitas...” • Deve dialogar com a academia Segundo (HOLMGREN, 2007), existem muitas razões pelas quais soluções ecológicas de envolvimento que incorporam os princípios de design da permacultura não tiveram um impacto maior nas últimas décadas. Por exemplo: • Uma cultura reducionista científica predominante que é cuidadosa, se não hostil, a métodos holísticos de pesquisa. • A cultura dominante do consumismo, impulsionada por medidas econômicas equivocadas de bem-estar e progresso. • Elites políticas, econômicas e sociais (globais e locais) que correm o risco de perder influência e poder no caso de adoção de autonomia e autoconfiança locais. Esses e outros impedimentos a eles relacionados se expressam de forma distinta conforme as diferentes sociedades e contextos. Entretanto – F –”eu a vejo crescendo de forma crescente, os educadores querem fazer, mas ainda não sabem como. Mas já existem esforços para permear isso, não de uma forma integral. Você vê hoje um curso de arquitetura, que em, cinco anos atrás não tinha o menor espaço para trabalhar a questão de bioconstrução, e hoje dentro dessa mesma academia existem projetos de extensão, onde se constroem trinta casas de terra. Ou o curso de agronomia, que algum tempo atrás preconizava somente o uso de herbicidas, grandes produções, e hoje tem um mestrado em agroecologia, esta ganhando espaço. Eu acredito que o próximo passo, são os educadores dessas redes se ligarem um pouco mais”. Abaixo as compilações entre estes possíveis diálogos, a maioria afirma que deve ocorrer, o indivíduo “I” comenta que tem que estar articulada, o “B” fala que este conhecimento deve ser transmitido. Já o “G” afirma que deve ser como formação de indivíduo! O entrevistado 131 “K” não se expressou em função do tempo que se prolongou, entretanto se mostrou interessado nesta relação da permacultura com a academia. Tabela 19 - Compilações Diálogo com a Academia Entrevistados Respostas A Deve Estar X Mesmo que o aluno não se interesse X Processo de aprendizado é extremamente produtivo X B D E F L X X X X X G H I X J K X X Transmitir o conhecimento X Academia tem que ser mais social X Sociedade se apropriar do conhecimento da academia X Reformulação geral C X X X Meio que desacreditei, mas voltei X Desde a pré-escola X Qualquer sistema de ensino X Disciplina optativa X Espaço/Tempo dentro da academia X Formação Pedagógica do professor X Andar junto, dentro X X Diluído X X Todo educador X Toda profissão X Não necessariamente com este nome X Necessidade X Como formação do indivíduo X X X Articulada X Permacultura é livre X Pensar no contexto, conceito, conteúdo X Fonte: Autor, 2013 Aqui uma reflexão, para a Academia mesmo que ela – B – “reconheça principalmente que quem faz a permacultura, o grosso das pessoas aqui que eu conheço que praticam de fato a permacultura, 132 são pessoas formadas pela academia, que estão ali botando em prática os seus conhecimentos cartesianos, mas ao mesmo tempo estão conectando ele a outras coisas muito interessantes, e fazem acontecer!” Muitos dos permacultores são oriundos da academia, a própria trajetórias dos seus idealizadores confirmam essa relação. Ao mesmo tempo é um tipo de pesquisador que ousa dialogar com outros saberes e conhecimentos além de suas áreas especificas, ou seja, tudo indica que sejam pesquisadores que praticam uma atitude teórica mais inter e transdisciplinar. Hoje quem se encontra na academia com maior facilidade é – D – ”a agroecologia, é o que ta dentro da academia”. Quem sabe este seja uma forma de introduzi-la, pois através o conceito de Perma, carrega diversos significados. E o – C – ”Sistema universitário forma o individuo para competir no mercado de trabalho e não para cooperar, [...] todo sistema de avaliação do aluno, a relação professor-aluno, eu ensino, você aprende. Então teria que haver uma reformulação geral para que pudéssemos dizer que a permacultura esta permeando o que se chamou universidade, ou senão ela vai começar como algo do que é educação ambiental hoje em dia, segregado.” G – “Eu morro de medo da academia se apropriar da permacultura. A tendência é de se colocar em cima do trono, agora eu sei, e todos os permacultores do mundo, não sabem. A permacultura esta dentro da academia como formação, como mais uma coisa, eu acho perfeito. Você, ter uma faculdade de Permacultura Deus me livre. Não é isso. [...] A permacultura não vai virar academia nunca. Ela é muito marginal, franco atirador anárquico para virar. Espero eu.” Entretanto é realmente necessário introduzir os conceitos da Permacultura na Academia, pois esta insustentabilidade tanto do ensino, como da sociedade atual, formata muito o aluno, porém ela pode ser “trabalhada” de outras formas – F –”acho que seria bastante interessante esse espaço pudesse crescer dentro das academias, talvez não necessariamente com o nome permacultura. Hoje se fala em tecnologias sociais, que são simples, apropriadas, de baixo impacto ambiental, não se usa o nome de permacultura”. Pois necessitamos ter – F –”cuidado para que ela não se cristalize, se torne um conceito. Que de repente o profissional fez o curso de permacultura, e nunca praticou nada, mas já utiliza em seu currículo – eu sou sustentável, pois eu fiz o curso de permacultura, esta aqui em meu currículo.” Reforçando a idéia minha e do indivíduo – I –”acho que o importante desta época é não promover novo dogma, estamos cheios de dogmas”. Concordo que H – ”esses princípios, ainda estão um pouco distante da sociedade, mas eu penso que isso, mais ali na frente, a permacultura deva vir da família, trazer da família, ai quando chega na educação na escola, já tenha essas ações [...] hoje deveria ser trabalhado mais nas escolas, porque a escola é um formador de conhecimento”. 133 Entretanto como dito, necessitamos nos responsabilizar pela formação dos acadêmicos. E não esperar que a Escola nos ensine, a Família nos encaminhe. Esta responsabilidade é integral, permanente e contínua. Apesar de que muitos pensem que para se apropriar dos conhecimentos da “Perma”, necessite de ser ecólogo, de se identificar com o meio. Na prática pessoas que nunca tinham parado para se escutar, se relacionar, se transformam sem nenhum pré-requisito. O aprendizado se bem conduzido, transforma vidas em poucas horas, às vezes num pequeno vídeo. Algo que foi levantado é que uma boa forma de se relacionar é vivenciar um estágio na selva, umas pensam em uma semana – J –“Eu acho uma coisa que seria legal, que a gente tivesse alguma uma dinâmica, ideal com as crianças (universitários), levar para o campo, e deixar uma semana vivenciando isso, essa coisa mais próxima da natureza”. Outras, “G”, já visualizam no mínimo um ano. Acredito no caminho do meio. Um semestre para o aluno desprender-se do meio urbano e viver os ciclos da natureza, das mais diversas formas, como foi falado no início da discussão dos resultados. • Imersão Ao longo das entrevistas percebemos que outras dimensões importantes para a concepção sobre permacultura e a formação acadêmica eram frequentemente mencionadas pelos entrevistados. Uma destas dimensões se refere aos processos formativos que envolvem a “imersão” dos educandos em vivencias significativas dentro da unidade dialética entre teoria e pratica. Processos de convivência em grupo por determinados períodos que permitem uma práxis em permacultura mediante um PDC, por exemplo. De início trago a reflexão do indivíduo – A –”imagina uma sala de aula ter uma imersão de todos os alunos, tu vai conhecer muito melhor aquele teu colega, a relação vai melhorar com o teu professor também, então esse processo é interessante...”. Reforçando que a – G –A revolução é individual. E o individual acontece pelo olho no olho, pelo afeto, pelo cuidado das pessoas.” Tabela 20 - Compilações Imersão na academia Entrevistados Respostas A Academia deveria ser mais flexível X Deve ter imersão X B Para quem está distante X Pequenas imersões X Muito válida X C D L X E F G H J K I 134 Contato com outras pessoas X X Desperta outros sentidos X X Absorção maior X Contexto X A academia deveria ser sempre imersão X São escolhas X Fonte: Autor, 2013 O Indivíduo “B” traz uma reflexão para os nãos conectados com a natureza – B – ”o curso em imersão é muito importante para quem está distante (da natureza), aquele sujeito que está no décimo quinto andar de um edifício e não sente mais o cheiro de terra molhada quando chove, para isso (a imersão) é importante”. Desta forma, o curso, para os Engenheiros Ambientais, por exemplo, não necessita de longas imersões. Apesar de ser importante no processo formativo de pelo menos, nos finais de semana as pessoas trocarem experiências mais próximas. Já o indivíduo, afirma que a – I –“academia devia ser sempre uma imersão, só que não é assim, o curso imersão tem este charme especial que é você se isolar do meio em que está e fazer toda discussão e critica de uma vez com grupo de pessoas. É muito interessante. (Pois às vezes) as pessoas não tem a possibilidade de decidir no seu tempo pessoal.” Sendo assim ela considera que é um – “grave problema”. Os outros entrevistados não se manifestaram a respeito, conduziram o diálogo para a questão do diálogo entre a permacultura e a academia. • Atitudes Bem, como diz o velho marketeiro com seu “green washing”, – “A – hoje em dia é tudo sustentável, então a gente procura dar exemplos de atitudes”, E complementa “G - Na hora que você tem ações concretas, isso diz muito mais que todos os discursos” Tabela 21 - Compilações Atitudes Entrevistados Respostas A B C D X E F G H X I J K L X Compostagem X Sistema de Saneamento X X Banheiro Compostável (Seco) X X Difícil, precisa de uma X 135 atenção Auto-crítica X Pensamento Sistêmico X X Agroecológicos/Orgânicos X Consumo Consciente X Auto-conhecimento X Reflexão X Respostas profundas X Positivar nas ações X X X X X X X X X Já fui mais “radical” X Plantar, sementes crioulas X Manejo de florestas X X Ervas medicinais X X Captação da água de chuva X X Não desperdiçar (matéria e energia) X Resíduos (reciclagem e energia) X Mesmo carro X Constante melhoria X X X X X Mostrar que as coisas são possíveis X Não pode perder este objetivo X X X X Atitudes desde criança X Coisas simples, práticas X Fonte: Autor, 2013 Alguns conseguem reaproveitar inclusive seu esgoto, uma forma descentralizada de se tratar e beneficiar o que antes tinha um destino final “ambientalmente adequado” (odeio este termo, por acreditar que ele é apropriado pelas instituições, principalmente quando se trata da questão dos resíduos) – A –“Só que é muito gratificante, tu ver o teu dejeto depois de seis meses, virando adubo, e que pode estar usando para as arvores...“ G –“No livro do David (HOLMGREN), ele faz um paralelo entre as zonas de design, zonas 0,1,2, 3,4,5. Ele faz um “esqueminha", que ele coloca, zona 0 é você, como civil. Zona 1 é você e a sua família. Zona 2, é seu trabalho e sua comunidade. Zona 3, cidade, bairro. Zona 4 é a sua micro região. Zona 5 e estado ou nação. E que, portanto, como um bom Permacultor a sua energia tem que esta colocada na zona 0,1, 2. Que é o teu grau de abrangência.”. Por isto nos últimos meses 136 tenho buscado me focar na família, e vizinhança próxima, pois sempre busquei autoconhecimento e ainda continuo, sempre. I –“se você está no caminho, perfeito. Importante não ficar estagnado, achando o que você deveria fazer e não faz. Ai você está traindo sua visão de mundo, do que você quer, ai a coisa fica complicada. Não se traia, se respeite, faça o que você puder [... ]Eu acho que não perder pique, expectativa. Acho que uma vida sem utopia é uma vida vazia.” Esta última parafraseando Eduardo Galeano Para se comprometer melhor com o meio, devemos ter atitudes pró-ativas, organizar o seu tempo e em algum determinado tempo/espaço reservar para apoio ao próximo. Melhor, se for ao horário da novela, onde a mídia manipula com informações generalistas. Lembrar sempre da questão da continuidade e insistência. Com foco e autocrítica. É um processo, mas podemos iniciar com o cuidado na alimentação, por exemplo, ao relacionar o impacto da indústria da carne. Por exemplo, nos últimos 20 anos, a expansão da pecuária bovina na Amazônia foi assustadora. Segundo o IBGE, nesse período duplicou-se o número de cabeças, que passaram de 26 milhões em 1990 para 80 milhões em 2010, o que corresponde a 70 milhões de hectares desmatados para criação da carne bovina. De fato, 80% do crescimento bovino no Brasil ocorreram na Amazônia, mas a pecuária vem destruindo florestas em diversos estados brasileiros. De acordo com a ONU, a pecuária é responsável por 18% das emissões de gases causadores do aquecimento global, sendo a maior responsável, à frente de todos os meios de transporte juntos. Segundo Maurício Waldman o que mais gera resíduos é o setor da pecuária, sendo responsável por 39% de todo o montante produzido no mundo, em seguida 38% mineração, 19% agricultura, 4% indústria, 3% entulho e somente 2,5% os resíduos sólidos urbanos.Sem falar da questão relacionada ao uso excessivo da água como podemos observar abaixo: Figura 16 - Litros de água Produzir 1kg de alimento Fonte: SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira 137 Atitudes que podem ser importantes neste processo de transformação é realizar a compostagem e observar o alimento da terra, fechar este ciclo. Plantar sementes crioulas (dê preferência), utilizar pequenas Hortas, Ervas medicinais em casa/apartamento. Vivenciar o pensamento sistêmico ao utilizar o composto para a mesma. Além de Sistemas de Saneamento com bananeira, reaproveitar as águas cinzas. Um Banheiro Compostável (Seco). A compra de alimentos Agroecológicos/Orgânicos. Viver este Consumo Consciente, refletir a origem dos produtos, dos elementos que compõe o mesmo, se teve testes em animais. Captar a água da chuva. Não desperdiçar energia. Matéria, os recursos. Reduzi-los e reutilizá-los. Refletir com debate permanente em relação a como positivar as nossas ações, se apropriar do auto-conhecimento para uma busca interior. Saber se posicionar e receber um feedback. Nossa vivência na sociedade atual e antiga gerou muitos traumas que devemos neutralizar. Inclusive Reich fala das couraças, a somaterapia também conduz os seus estudos nestes véus entre o eu interior e a sociedade. A mudança de consciência acontece quando você conhece, se identifica com uma pessoa e esta pessoa vive/interage de uma forma diferente. Aos seus olhos e você se identifica de alguma forma com aquilo e muda a sua percepção frente aquilo. Este contato com estas pessoas, esta troca de energias, estes encontros; são motivadores, são reconhecimentos e sempre esta troca ocorrer através da possibilidade da troca de diálogos, visualizar um ao outro, como nas rodas de diálogo em círculos, gera-se um aprendizado, um despertar para uma auto-reflexão. Refletimos no grupo focal (GFP) sobre a mágoa - Má água. Onde todos em algum momento relataram esta mágoa com o sistema do qual estamos inseridos, esta crise interna que muitos passaram e passam. Esta desconstrução necessária, mas que devemos positivá-la, pois se não a mudança não ocorrerá. Concluo com um – I –“Fechamento da idéia geral de tudo que discutimos até agora passa pela intenção da pessoa, passa pela coerência da intenção que é respeitar sua ética. Então, primeiro vamos descobrir que filosofia temos e que ética temos. O resto é tudo coisa aprendida no caminho, o que não se sabe se aprende, mas ética não se aprende, ética se descobre um dia e você tem que fazer, ser coerente com você mesmo, respeitoso com você mesmo, isso você é ou não é, o resto vem sozinho, é como a saúde depois você corre atrás.” 138 4.4.7 OUVIDORIA Em relação esta ouvidoria, utilizou-se as redes sociais interconectadas pela internet ao redor do mundo, atualmente, além do “Facebook” e do “Orkut”, têm-se outras redes específicas, como neste caso em relação a PERMACULTURA. Uma delas é o Permaculture Global, em nível “mundial” e outra é a rede brasileira NING, a Rede Permacultura Social Brasileira. Em breve a rede de idéias altruístas “COOLMEIA” será uma das ferramentas importantes neste “boom” tecnológico de inter-relações digitais. Global • Permaculture Global Perfil - http://www.permacultureglobal.com/users/7831-fabio-carvalho Fórum - http://forums.permaculturenews.org/ Em âmbito transnacional criou-se um perfil, com algumas trocas de mensagens entre brasileiros, somente para agendar uma entrevista. Figura 17 - Ouvidoria - Permaculture Global Fonte: Autor, 2013 No fórum, foi feita uma apresentação, falando sobre minha pessoa e uma busca por um grupo permanente de debate sobre permacultura e academia, foi sugerido um artigo do Rob Scott, do qual referenciei, inclusive. Foi realizado uma troca e-mails com o responsável pelo artigo, ele sugeriu ler e acompanhar os comentários na própria página dele. Não obtive respostas nos e-mails encaminhados para Bill Mollisson e David Holmgren. Não sei se eles receberam, inclusive. 139 Nacional • Ning – Rede Permacultura Social Brasileira Perfil – http://permaculturabr.ning.com/profile/fabinhovaccarocarvalho Grupo- http://permaculturabr.ning.com/group/permacultura-e-academia-universidade Foi dialogado com uns dos criadores, e ele sugeriu que abrisse um grupo para este debate permanente e contínuo. Algumas pessoas entraram no grupo e inclusive falaram que tinham o mesmo interesse e que estavam visualizando algo na área. Ocorreu uma troca de e-mails com três pessoas. Quem sabe um possível encontro em MG. Figura 18 - Ouvidoria - PSB - Nacional Fonte: Autor, 2013 Ambos os grupos subsidiaram algumas pesquisas e textos. 4.4.8 OUTRAS PROPOSTAS DE APRENDIZADO Nesta pesquisa, alguns outros caminhos foram evidenciados em pesquisa bibliográfica, propostas transformadoras ao redor do mundo e algumas bem importantes no contexto Brasileiro. Decidi por apresentá-los (ipsis literis) com a referência em nota de roda-pé, pois serve de inspiração e direção utópica. 140 • Decrescimento68 “É a palavra que faz referência a um conjunto de mobilizações sócio-político-ecológicas que criticam o crescimento econômico e os padrões de consumo nos países de capitalismo avançado. Essas críticas assumem as formas mais diversas como que em oposição a uma centralização do movimento. Um dos meios encontrados para nomear essa mobilização que apesar de ter um nome é uma variedade de associações, coletivos e pontos de vista foi considerar o decrescimento como uma “nebulosa”. Os livros escritos na França coma finalidade de apresentar o decrescimento de maneira abrangente (e não apenas como as teorias de Serge Latouche, por exemplo) usam a palavra “nebulosa” para explicar porque precisam usar vários capítulos, alguns para as teorias e outros para os pequenos coletivos espalhados na França (cf. BAYON, FLIPO; SCHNEIDER, 2010; DUVERGER, 2011). É comum também que os próprios militantes evoquem a “nebulosa” ou “guarda-chuva” para apresentar o movimento, como uma forma de dizer que existem alguns sentidos compartilhados sem que haja algum (ou um grupo ou uma pessoa) que prevaleça sobre os demais”. • Escola dos Deuses “No livro69, ao seguir as pegadas de um ensinamento desconhecido de um manuscrito milenar — The School for Gods —, escrito pela singular figura do filósofo Lupelius, um lendário monge-guerreiro, o protagonista reencontra a sí mesmo e recebe, do Dreamer, a mais incrível tarefa: fundar uma nova Escola, uma universidade sem fronteiras. A Escola dos Deuses é, também, a história do nascimento prodigioso e das idéias que norteiam a European School of Economics (ESE) que, em poucos anos, abriu as suas sedes em Londres, Nova York, Roma, Milão e Lucca, na Itália”. • Flex School É uma proposta de estruturar a sua grade, de forma livre você incorpora as disciplinas que tem interesse em toda a universidade e é capacitado pelas diferentes disiciplinas, não sai um profissional “X”, mas um cidadão melhor preparado para a sociedade. 68 BÁDUE, Ana Flávia P. L. The nebula of degrowth. A study on the contradictions of new forms of political action. 181p. Dissertação (Mestrado Antropologia Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, 2012. 69 SCRIBD. Escola dos Deuses. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/74678868/A-Escola-dosDeuses>. Acesso em: 5 jun. 2013. 141 • Gaia Education70 “O Programa Educação Gaia – Design para a Sustentabilidade foi criado por um consórcio de educadores denominado “GEESE” (Ecovillage Educators for a Sustainable Earth), que têm se reunido desde 1998 em diversos países com o objetivo de formular um currículo holístico e transdisciplinar de educação para a sustentabilidade. Suas raízes estão nas experiências e lições aprendidas por ecovilas de várias partes do mundo que vem desenvolvendo comunidades sustentáveis em áreas e rurais e urbanas”. “Desde 2005, o programa é reconhecido como uma das contribuições oficiais à Década Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2004-2014), com o endosso da UNITAR – Instituto para Treinamento e Pesquisa das Nações Unidas e da UNESCO”. “Atualmente, está presente nos 5 continentes, em 33 países, com mais de 135 programas. No Brasil foi realizado o primeiro Gaia em São Paulo em 2006 e desde então, vem sendo realizado também no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Ceará, Brasília e Amazonas. Com lançamento em Florianópolis para o segundo semestre de 2013”. ‘O Programa foi organizado sistemicamente como uma mandala, com quatro dimensões que consideramos intrínsecas à experiência humana, e cada uma delas contempla 5 módulos temáticos”: • SOCIAL • ECONÔMICO • ECOLÓGICO • VISÃO DE MUNDO • Gaia University71 “Universidade Gaia oferece um modelo único e flexível para aprender e desaprender com base na auto-direção, percursos baseados em projetos. Com um mínimo de disciplinas obrigatórias estabelecidas por nós, você dedica a maior parte de sua energia para a concepção, implementação e documentação de projetos do mundo real. Nós fornecemos uma teia de apoio multidimensional de conselheiros e mentores que ajudarão no 70 NHANDECY. Programa Educação GAIA. Disponível em: <http://institutonhandecy.wordpress.com/programa-educacao-gaia/>. Acesso em: 5 jun. 2013. 71 GAIA UNIVERSITY. Disponível em: <http://www.gaiauniversity.org/welcome-gaia-university> Acesso em: 5 jun. 2013. 142 desenvolvimento prático de seus projetos e incentivá-lo a desenvolver sua capacidade de pensar criticamente sobre o seu trabalho e os processos internos”. • UMAPAZ 72 “A UMAPAZ, Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo, opera por meio de uma rede de parcerias. Foi concebida em 2005 e iniciou suas atividades em janeiro de 2006. Em 2009, como departamento, passou a coordenar também a Escola Municipal de Jardinagem, a Divisão de Astronomia e Astrofísica e o Programa A3P”. “O Prefeito aprovou a idéia de instituir, em São Paulo, a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz - UMAPAZ - e designou, também, um prédio no Ibirapuera para sediar a UMAPAZ”. “A proposta básica da UMAPAZ foi apresentada e aprovada no CADES - Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, em 28 de julho de 2005”. “A formulação da proposta da UMAPAZ considerou outras experiências de Universidades Abertas ou Livres em vários países e no Brasil, que complementam ou suplementam as instituições de ensino formal, como a Unilivre - Universidade Livre do Meio Ambiente, em Curitiba (PR); a Universidad Libre del Ambiente, em Córdoba - Argentina; a U-Peace de Costa Rica; a Universidad Libre de Cataluña, na Espanha e o Schumacher College, na Inglaterra.” • UNIPAZ 73 “A UNIPAZ – Universidade Internacional da Paz, unidade Santa Catarina em Florianópolis, desenvolve projetos de Paz oferecendo o curso Eco Formação FHB – Formação Holística de Base, atualmente na 12ª turma. A Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ foi criada por Pierre Weil, em Brasília, em 1987. Tem como missão disseminar uma Cultura de Paz no mundo e promover a plenitude e inteireza do ser humano, alicerçada na visão holística transdisciplinar, de acordo com a Declaração de Veneza da UNESCO (1986) e a Carta de Brasília, documento-síntese do I Congresso Holístico Internacional (1987). Graças à sua expansão, a UNIPAZ constitui-se, hoje, numa Rede Internacional com Unidades em vários Estados do Brasil e em outros países.” 72 UMAPAZ. Disponível em: < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz>. Acesso em: 5 jun. 2013. 73 UNIPAZ. Disponível em: <http://www.unipazsc.org.br/>. Acesso em: 5 jun. 2013 143 • Universidade dos pés descalços74 “Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica como funciona.” • Universidade Libertária Sobre o termo, descoberto em um Curso Online de introdução, autoformação e construção da “VIA SOT” – Sistema Orgânico do Trabalho. Considera-se que uma das primeiras experiências de “universidade libertária” no Brasil seria a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). Não tanto pelo conteúdo ou tipos de cursos ofertados, mas, sobretudo, por ser uma escola dos trabalhadores para os trabalhadores. “A ENFF foi inteiramente construída com tijolos de solo cimento, uma técnica de bioconstrução aprendida nos cursos de permacultura, fabricados na própria escola. Além de esses tijolos serem mais resistentes, seu uso possibilita uma redução de 30% a 50% nas quantidades de ferro, aço e cimento necessárias à execução da obra, comparativamente a uma edificação convencional. Os tijolos são levados para secar ao ar livre, dispensando-se portanto o uso de fornalhas e a queima de madeira. Esse tipo de manejo atende a um princípio fundamental para o MST: preservar e utilizar racionalmente os recursos naturais.” “Como um autêntico espaço de uma educação, em sentido amplo, para além do capital (MÉSZÁROS, 2002), a instituição “universidade libertária” abrangeria, de forma não dissociada e menos ainda hierárquica, as diferentes dimensões de produção e socialização do conhecimento, não como instrumento para a valorização do capital ou legitimação das ideologias dominantes, mas sim na perspectiva da emancipação plena dos humanos. Essa perspectiva materializa se tanto no processo de inovações ou novas tecnologias sociais, voltadas para uma adequação sócio-técnica dos eixos produtivos do SOT, viabilizando assim uma efetiva produção de valores de uso, como também nas relações sociais mais amplas, com a questão da cultura e da comunicação ou mesmo na tarefa histórica de superação da divisão entre formas de trabalho manual e formas de trabalho intelectual.” 74 YOUTUBE. Universidade dos pés descalços. <http://www.youtube.com/watch?v=oC5FMJlD_EQ>Acesso em: 5 jun. 2013 . Disponível em: 144 “Dentre deste escopo, é possível pontuar algumas funções e propósitos que a universidade libertária (ou o conjunto delas) viria a desempenhar: • Adequação Sócio-Técnica do setor produtivo e do consumo; • Política Científica e Tecnológica vinculada a Política de Investimentos do Sistema Orgânico do Trabalho – SOT; • Formação continuada, crítica, com autonomia plena (nova estrutura curricular que supere o isolamento dos conhecimentos e a subordinação do conhecimento à lógica de “profissões”); • Espaço permanente e livre de trocas, debates, socialização de conhecimentos, valores, práticas culturais, entre outros; • Observatório da SOT (estudos analíticos, avaliações de desempenho sistêmico, discussões, ponderações e autocrítica); • Comunicação e Jornalismo independentes (rádio, TV, outras mídias, com autonomia e liberdade de expressão).” “Dessa forma, haveria vários espaços qualificados de trocas e diálogos, tanto de discussão, ponderações, análises, como também espaços deliberativos, especialmente no setor de investimentos e inovações técnicas e científicas, talvez na forma de um “conselho das inovações”, diretamente integrado aos eixos produtivos, como uma espécie de órgão de planificação, dos investimentos produtivos, de abrangência sistêmica.” “Entretanto, numa lógica orgânica de superação da divisão hierárquica e social do trabalho, seria ainda fundamental construir elos entre esses espaços (intercalando autonomia e autogestão com elementos ou práticas de coparticipação), potencializando assim a responsabilização e a prudência em cada esfera de atuação, bem como uma solidariedade organicamente integrada, a partir do próprio espaço decisório determinante da política científica e tecnológica de todo o SOT, dentro de uma efetiva governança autogestionária, conforme veremos adiante.” 145 • Virtuais Diversos são as formas de aprendizagem virtuais, entre elas a Academic Earht75, que possui aulas onlines gratuitas e a Wikiuniversidade, “que é uma wiki onde pessoas e grupos colaboram utilizando conhecimento livre no aprendizado e na pesquisa em todos os níveis de complexidade. Convidamos estudantes e professores, autônomos e em instituições, a utilizarem este ambiente para organizar seus estudos e anotações, promover discussões e trocas de ideias, de forma que todos possam participar no processo educativo, criando, aprimorando e aprendendo com seus conteúdos e comunidade”. “A organização da Wikiversidade é muito simples: o módulo básico são as aulas, essas podem estar reunidas em cursos, e ambos aparecem reunidos em portais. Frequentemente uma aula figurará em mais de um curso, e uma aula ou um curso em mais de um portal. Os portais podem reunir as atividades de um grupo de estudo, de uma pesquisa, dos participantes de uma instituição, ou os conteúdos anteriores relativos a uma área do conhecimento”. Outra proposta é a Rede Coolmeia76 de Ideias Altruístas, “que é um espaço para a contínua reflexão, debate e apresentação de ideias para serem implementadas individualmente ou de forma coletiva tanto local quanto globalmente. É um fórum permanente, onde as mais diversas ideias são debatidas e implementadas. É também um repositório, um armazém de ideias e ações simples e efetivas que já foram postas em prática e que, comprovadamente deram certo. Elas estão aqui para inspirar e iluminar o caminho de quem começa nesta jornada altruísta. São ideias que não necessariamente necessitam de dinheiro para serem postas em prática e podem ser completamente realizadas sem qualquer tipo de apoio institucional ou governamental. Basta chamar um par de amigos no fim-de-semana e arregaçar as mangas”. Entre outras propostas como da UFRGS77, do VEDUCA78 entre outras iniciativas educadoras libertárias. 75 ACADEMIC EARTH. Disponível em: <http://www academicearth.org/>. Acesso em: 4 jun. 2013. COOLMEIA. Disponível em: <http://www.net.colmeia.org/>. Acesso em: 7 jul. 2013. 77 INF – UFRGS. Disponível em: <http://www.inf.ufrgs.br/pet/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=26&Itemid=17/>. Acesso em: 7 jul. 2013. 78 VEDUCA. Disponível em: <http://www.veduca.com.br/>. Acesso em: 7 jul. 2013. 76 146 5 C ONSIDERAÇÕES FINAIS “9 mulheres não fazem uma criança em um mês” Citado numa das entrevistas Neste processo referente às entrevistas e aos processamentos de dados, sentiu-se uma aprendizagem crescente, muitas entrevistas, muita informação. Se não fosse o apoio de amigos para as transcrições, se tornaria impossível. Quanto às recomendações, tive a consciência que era muito amplo à quantidade de categorias, entretanto continuou-se com a intenção de apresentar uma síntese de cada categoria de uma forma mais generalizada e superficial. Pois cada categoria se desdobraria em uma pesquisa científica. Visa-se com estas compilações refazer a analise categorial de forma mais aprofundada, visualizando tendências e resultados mais práticos de solução. Visualizo meu trabalho de conclusão como um “Start” no sentido de abrir os espaços para uma visão mais integradora e mais holística. Desta forma senti uma necessidade de abranger diversos conteúdos e conceitos. Mas deixo claro que o ideal seria reduzir e focar em poucas categorias. Acredito que o passo foi maior que as pernas cientificamente falando, precisaria de mais um semestre para maturação das informações e/ou um mestrado para abraçar as reais necessidades de adaptações e aprofundamentos. Bem, a permacultura a meu ver, ela transcende uma filosofia/estilo de vida, pois ela pode ser aplicada em diferentes níveis e pode ser adaptada para o seu meio, maximizando as interações suas com o mesmo. Além de ser uma ferramenta potente de design/planejamento estratégico para sua permanência. Acredito ser um processo também, que aos poucos vai se incorporando as atitudes cotidianas, eu mesmo a conheci em 2008 e ainda não me considero um Permacultor. Quanto às implicações práticas para um Engenheiro Ambiental, acredito que a compreensão do pensamento sistêmico integrador é essencial. Mas principalmente sua ética baseada na cooperação e no diálogo, a relação entre as pessoas envolvidas e o lado da intuição. Para a formação de Permacultor, a Engenharia Ambiental entra com a relação do tempo de maturação e com questões mais científicas, um olhar mais rigoroso. Quanto aos objetivos, teve-se conhecimento do projeto pedagógico, dos perfis dos outros cursos e da compreensão da matriz curricular. As lacunas foram debatidas como uma categoria que emergiu diversas visões quanto ao processo de aprendizagem da academia. As atitudes, apresento, de uma forma crítica construtiva (colaborativa) com uma reflexão forte ao mostrar que nós somos os agentes de mudanças e que o foco maior é o 147 autoconhecimento e estas transformações estão próximas à nós, ressaltando a nossa ética. Quanto aos caminhos, foram sugeridos alguns interessantes para esta relação sistêmica que a Permacultura apresenta, tanto de forma direta (inserção dos conceitos e vivências) como de forma indireta ao focar nas práticas e atitudes. Ressalto que o sistema universitário forma o indivíduo para competir no mercado de trabalho e não para cooperar. Sendo assim, teria que haver uma reformulação geral para que pudéssemos dizer que a permacultura esta permeando o que se chama atualmente de universidade, que se subentende como universo, o todo; não somente um olhar científico. No século XIX, tornou-se “laica” (apesar de hoje na Univali possuir uma “pastoral”, cujo nome remete religiões específicas). Quando instituiu sua liberdade frente à religião e ao poder, abriu-se a grande problematização, surgida com o Renascimento, que interroga o mundo, a natureza, a vida, o homem, Deus (e outros nomes). Acreditam que Jesus, Buda, por exemplo, queriam que as pessoas utilizassem roupas específicas e ajoelhar-se perante eles? Será que não seria egóico da parte deles? Há um núcleo de Espiritualidade e Ciência, que aparentemente não está vinculado à pastoral, mas que busca integrar este lado muitas vezes dito místico ao cotidiano. Esta reforma possibilitou que se criassem departamentos onde introduziu-se as ciências modernas. A partir dai, co-existia – mas não se comunicam – as duas culturas: a das humanidades e a cultura científica. A universidade deve adaptar-se à sociedade ou a sociedade é que deve adaptar-se a Universidade? Há pontos em comum, o que irá depender é o estágio que se encontra a população, esta deve participar mais do meio acadêmico, trazer reflexões para a mesma ao ponto desta transformação ocorra de dentro, tanto da universidade como da sociedade e se complementem. A reforma universitária não poderia contentar-se com uma (pseudo) democratização do ensino universitário e com a generalização do status de estudante. Fala-se em uma reforma que leve em conta nossa aptidão para organizar o conhecimento – ou seja, pensar. A reforma do pensamento exige a reforma da Universidade. A fim de instaurar e ramificar um modo de pensar que permita a reforma, seria o caso de se instituir, um “dízimo epistemológico ou transdisciplinar” que retiraria 20% (à princípio) da duração dos cursos para um ensino comum, orientado para os pressupostos dos diferentes saberes e para as possibilidades de torná-los comunicantes. Penso eu que deveria ir além, todo semestre, deveria ter um projeto para construção do conhecimento em comum. 148 Digamos que na M3, uma das “notas” (aqui uma reflexão se as notas deveriam mesmo ser a referência máxima de se aprovar um aluno) seria através de uma vivência integradora entre ambas as disciplinas do mesmo semestre. Além de dependendo da área/tema/disciplina, dialogar, inclusive entre cursos e centros. Vivenciando os saberes compartilhados entre a saúde e o meio ambiente, por exemplo. Poderíamos também imaginar a instituição, um centro de pesquisas sobre os problemas de complexidade e de transdisciplinaridade, bem como oficinas destinadas às problemáticas complexas e transdisciplinares. Os princípios que norteiam a universidade são os princípios da separação e de redução. Sendo esta redução do todo ao adicional de seus elementos. Além deste tipo de redução, ocorre a limitar que o conhecimento tende a ser somente mensurável, quantificável, formulável. Ora, nem o ser, nem a existência podem ser expressos matematicamente. Levando a “quantofrenia” (Sorokin) e à “Aritmomania” (Georgescu-Roegen). Devemos recorrer ao princípio de Pascal: “Como todas as coisas são causadas e causadoras, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e todas são sustentadas por um elo natural e imperceptível, que liga as mais distantes e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes”. As duas revoluções científicas do século preparam a reforma do pensamento. A primeira começou com a “física quântica”, a queda do dogmatismo determinista, e a introdução da incerteza no conhecimento científico. A segunda frente “às grandes ligações científicas”, os conjuntos organizadores, ou ecossistemas, em detrimento do dogma reducionista, há uma ressurreição das entidades globais, como o cosmo, a natureza, o homem. Alguns elos começaram a se formar entre as duas culturas. “Alguns pensadores79 científicos ocuparam o lugar deixado vago por uma filosofia enrodilhada sobre si mesma, que já não reflete sobre os conhecimentos transmitidos pelas ciências” (MORIN, 2000). Mesmo apropriadas das informações recebidas através da grade curricular, as pessoas sentem uma grande dificuldade em colocar em prática o saber decorrente das associações entre essas informações. Tendência a ordenação é algo que a torna rígida e inquestionável por parte dos professores. A hierarquização contamina a sociedade onde no topo estão os que pensam e na base massiva, aqueles que “não sabem”, possuindo “subempregos”, ditos inferiores. Este 79 Jacques Monod, François Jacob, Ilya Prigogine, Henri Atlan, Hubert Reeves, Michel Cassé, Bernard d’Espagnat, Basarab Nicolescu (transD), Jean-Marc Lévy-Leblond e tantos outros. 149 pensamento desconsidera a qualidade do saber popular e das tradições, desvalorizando também as pessoas que produzem e mantém os bens de consumo. A fragmentação do saber protege seu conteúdo, limita e aprisiona. A hiperespecialização promove a construção de linguagens próprias garantindo que somente o especialista daquela determinada subárea seja capaz de dominá-la. Mesmo sendo de uma área comum, estes não conseguem permutar saberes ou perceber e estudar problemas complexos que extrapolam as disciplinas. A excessiva valorização do pensamento em detrimento do corpo e das emoções. Os corpos dos alunos são extremamente disciplinarizados. Sentar e ficar quieto, prestando atenção, copiando e fazendo “AHAM” com a cabeça. A academia produz um grande distanciamento entre pensamento, o corpo e as emoções dos alunos, fraturando o ser humano integral em partes distintas. Tornamo-nos, acima de tudo, seres pensantes, em busca de uma suposta verdade, e esquecemo-nos de desenvolver aspectos ligados à ação do sujeito em seu meio e à interação desse sujeito com outros sujeitos e consigo mesmo. Cooperação, comunhão, autoconhecimento e outras habilidades e conquistas essenciais à existência humana não encontram lugar na Grade curricular. Além da tendência a generalização e o distanciamento entre os sujeitos e a produção de conhecimento. Desde cedo os alunos argumentam que, se existem duas ou mais definições a respeito de um mesmo objeto de conhecimento, apenas uma delas é a correta: a que está disposta no livro didático. O livro torna-se a fonte do conhecimento ou o próprio conhecimento em si. Invés de explorar o diálogo e os debates e construir o mesmo. Utilizar arquitetura curricular (como diriam os portugueses), ou melhor, TEIA curricular. Constitui-se do contexto e das realidades locais e globais. O tecido desta teia é vivo e carrega consigo o desejo transdisciplinar do encanto, do mistério, do conhecimento e do desconhecimento. Procura associar: corpo, emoções e pensamento; arte, ciência e tradição; indivíduo sociedade e natureza; teoria, prática e sentido. A universidade como organismo, deve investir as suas co-relações tanto institucionais, como interpessoais. O “olhar para dentro”, é necessário, para sensibilizar e mobilizar os acadêmicos para uma transformação. O olhar para fora, enquanto organismo deve interagir com o seu entorno, não é à toa, que a Univali é uma universidade comunitária. Este olhar através de seus muros é essencial. Mudanças impostas são fáceis e rápidas de ocorrer, porém mudanças profundas e necessárias demandam mais tempo, atenção e energia. 150 A transdisciplinaridade vem sendo apresentada como uma alternativa à excessiva especialização e fragmentação hoje presente na ciência. Entretanto, é preciso verificar se ela está restrita ao discurso epistemológico ou se está presente na prática de pesquisadores. Como a universidade é um lugar privilegiado de produção de conhecimento, parece relevante investigar se ela faz parte do cotidiano de uma grande universidade. Entretanto ficou evidente que há uma falha em articular as disciplinas, pois a interdisciplinaridade pressupões o diálogo entre as disciplinas em um mesmo nível (carga horária). E mais delicado ainda na produção de um conhecimento comum (TransD). Percebeu-se nas falas dos entrevistados uma grande diferença entre a construção de um conhecimento e a transmissão do mesmo. As ferramentas digitais tem tomado conta desta transmissão, entretanto a didática acaba sendo, de uma forma top-down, sem os diálogos necessários para a construção deste conhecimento. Precisamos unir as didáticas com a informação. Os debates em sala de aula devem ser fomentados e diferentes pontos de vista serem expostos, pois sabe-se que a realidade está aos olhos do observador. E a diversidade dos sujeitos, suas culturas, seus pensamentos, suas vivências influenciam neste processo. Quanto à exigência do MEC, através do Decreto nº 4.281/02 que recomenda a “integração da educação ambiental às disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente” (Art. 5º, inciso I) mas que veio ser regulamentada com a Resolução do Conselho Nacional de Educação - Resolução do CNE n.2, aprovada em 15 de junho de 2012 – acredito totalmente necessária, pois elas estão tão fragmentadas que muitas vezes não conseguimos pensar em onde que as mesmas podem ser aplicadas. Em todos estes decretos e resoluções é explicito a inserção da EA de forma interdisiciplinar e transversal no sistema de ensino, mas em todas elas também se coloca um inciso especifico facultando a criação de disciplinas especificas de EA nos cursos de graduação que atuam com formação de profissionais da área. O que é o caso de todos os cursos que foram foco de investigação, por exemplo, pois ela contém suas especificidades e sua arte. E não pode ser confundida somente com ética, que é o que o novo currículo pretende fazer. De que forma estas disciplinas podem conter a EA, somente com diálogo, com formação de professores, com didáticas. Além das propostas sugeridas já no início, dos vinte por cento para o conhecimento comum e/ou uma das notas da M3 para um projeto entre as 151 disciplinas do semestre. Além de um centro de pesquisas sobre a complexidade e a transdisciplinaridade, exemplo do CETRANS80, na USP e CIRET81, na França. Outra proposição é estruturar as Atividades Complementares que é uma forma de se fomentar as atividades extra-classes e poderiam ser definidas de diversas formas.Como exemplo temos uma tabela (APÊNDICE F), que foi adaptada da Universidade Mackenzie. Inserção de oficinas/cursos/disciplinas sobre filosofia, sociologia – trazer a questão mais humana para a Universidade. Bem como dinâmicas que expressem uma relação com o corpo, com a mente. Em forma de CHECK LIST, o NDE pode rever o que cada disciplina almeja repassar e de que forma. E suas reuniões, tanto NDE como Colegiado, deveriam possuir uma página específica disponibilizando as atas online. Como podemos debater algo, se não conhecemos? E falando em ONLINE, na UFSC têm-se uma aula no final do semestre para avaliação – debate entre os alunos sobre a disciplina, professor. Não somente uma pesquisa online. Uma ideia que surgiu é que cada disciplina liberasse uma vaga pra qualquer um da UNIVALI e qualquer um da comunidade (no mínimo). Sendo assim iriam se co-relacionar inter-centros, pois em cada semestre o acadêmico poderia ter a chance de fazer uma disciplina bônus em outro curso. Fomentando estas interações entre as temáticas. Sem falar nas disciplinas optativas inter-centros. Falta um fomento em relação a isto. E “disciplinas” que proporcionem um aprendizado mais transcultural, que alimentem a alma, mergulhem no desconhecido, questões existenciais, lado filosófico da vida. “Vida simples, Pensamento Elevado”. As saídas de campo poderiam ser integradas, por exemplo, com mais de um dia. Assim os alunos se conheceriam melhor e ótimas idéias eclodem destas imersões. Cada semestre ter um projeto TRANS entre as disciplinas. Imagine por exemplo todas as disciplinas no semestre dialogando para realizar um projeto em comum, a verdadeira transdisciplinaridade, busca de um conhecimento comum. Imaginem um estágio dentro do Centro Acadêmico. Imaginem uma impressão com folhas recicláveis pela cotas, do TICT final com os dois lados preenchidos e com as margens mais estreitas? Imaginem um TICT sendo entregue em meio digital. Nossa vivência na sociedade atual e antiga; gerou, muitos traumas que temos que neutralizar. Inclusive Reich fala das couraças, a somaterapia também conduz os seus estudos nestes véus entre o eu interior e a sociedade. Estamos com uma dúvida, disse um 80 81 CETRANS. Disponível em: <http://cetrans.com.br/> Acesso em: 29 mai 2013 CIRET. Disponível em: <http://ciret.org/> Acesso em: 29 mai 2013 152 dos indivíduos: a FÉ. Será que a fé deveria ser o PP ou estar contido nele? De que forma? Sendo assim, não posso deixar de falar de dois banners apresentados por mim (elaborados pelo CPA) num estágio de gestão de resíduos (lixo zero) do qual fala sobre alimentação (APÊNDICE G) e sobre uma sustentabilidade pouco falada, a pessoal, profunda (APÊNDICE H). Nos Grupos Focais todos acabavam afunilando na Raiz do problema – grandes corporações que “controlam” o mundo. E ditam as regras, inclusive as metodologias de aprendizagem. Imagina se todos os engenheiros ambientais e agrônomos decidissem não assinar mais projetos relacionados com os agrotóxicos? E nós temos este potencial de articulação. Em relação à Permacultura, é uma metodologia holística que necessita de um amadurecimento por parte da Universidade. Não que não possa existir como disciplina, ter saídas de campos, vivências. Mas ela saiu da universidade/academia, se libertou das amarras disciplinares/reducionistas e deu certo! Agora passados três décadas a acadêmica reconhece e se apropria dela. Será mais um modismo, a exemplo de tantos outros (Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Socioambiental, Ecos e mais Ecos?). Morin considera que todo conhecimento cientifico tende a se tornar senso comum ao logo do tempo. Por isto este diálogo entre a academia deve ser planejado na prática, o ritual acadêmico é bastante conservador e tem medo de inovar, de buscar subsídios para esta transformação. Por isso recomendo novamente um grupo para pensar a Complexidade e Transdisciplinaridade e quem sabe algum dia vire uma atividade complementar, uma disciplina (a ordem dos fatores neste momento não importa). Apresento para reflexão, uma monografia apresentada junto ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília, para obtenção de Bacharel em Ciências Sociais, com habilitação em Antropologia da Danielle Freitas Henderson intitulada “Permacultura: as técnicas, o espaço, a natureza e o homem” 82. Estas transformações têm que estar no nível pessoal, e ainda atualmente, muito focado nas transformações urbanas, com isto, indico também a Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Geografia do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, 82 Monografia pode ser lida e acessada neste http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/3408/1/2012_DanielleFreitasHenderson.pdf link - 153 como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Geografia do Renato Velloso Magrini intitulado “Permacultura e Soluções Urbanas Sustentáveis” 83 Em (ANEXO C), também um “MANIFESTO DA UNIVERSIDADE NOVA”, onde Reitores de Universidades Federais Brasileiras consideram necessária uma Reestruturação da Educação Superior no Brasil. E o grande auge de toda pesquisa, “meu êxito”, foi nas entrevistas, tanto amadureci conceitos, quanto sensibilizei para outros, literalmente uma troca que já pode ser vista, inclusive na página inicial do Engenheiro Ambiental – (ANEXO D), foi acrescentado “perfil holístico” entre outras propostas, inserido as “ONGs” como possíveis áreas profissionalizantes. Uma mudança no ensino, acreditamos, deve estar sustentada pela integração dos conhecimentos, numa verdadeira interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Esta interdisciplinaridade não pode ser edificada como a criação de um discurso fundamentado numa somatória de disciplinas, mas sim configurada como uma prática específica visando à abordagem de problemas relativos à existência cotidiana. Esta forma participativa, que imaginamos deva tornar-se um paradigma que norteará as organizações sociais num breve futuro, deve pressionar o ensino em relação a uma mudança radical. Quem não assumir essa nova postura ficará na contramão da história, e terá que arcar com as conseqüências disso. O ensino de engenharia necessita, mais do que de uma modernização, de um verdadeiro choque de qualidade, de uma mudança de postura que possa permitir a construção de soluções contextualizadas, e que acima de tudo respeitem as individualidades dos seus participantes. Isso, acreditamos, passa por uma formação diferenciada do corpo docente.84 Exemplos desta articulação têm em Minas Gerais. Experiência desenvolvida pelo SAUIPE85 - Saúde Integral em Permacultura, um grupo de universitários da Federal de Viçosa que desenvolve trabalhos de educação, pesquisa e extensão, buscando considerar “que a construção do conhecimento em Permacultura desenvolvido no contexto do grupo SAUIPE começa a emergir, num contexto que envolve a formação de pessoas e grupos humanos (agricultores/as familiares, acadêmicos e outros sujeitos) com a justificativa de compartilhar 83 Monografia pode ser lida e acessada neste link http://www.geografiaememoria.ig.ufu.br/downloads/330_Renato_Velloso_Magrini_2009.pdf 84 BAZZO, Walter Antônio. A QUALIDADE DE ENSINO E SISTEMAS DE AVALIAÇÃO. Disponível em: <http://www.engenheiro2001.org.br/artigos/Bazzo.htm> Acesso em: 25 maio 2013 85 SAUIPE. Caminhos para a permacultura popular: experiência de Formação do grupo SAUIPE – saúde integral em Permacultura. Disponível em: <http://www.seer.furg.br/ambeduc/article/download/2650/2171>. Acesso em: 26 maio 2013. 154 os conhecimentos adquiridos de forma a promover a autonomia econômico-social entre os envolvidos e construir uma cultura da sustentabilidade.” Dentre tantos outros. Para ficar mais claro quanto aos potenciais individuais e coletivos, apresento abaixo uma lista de competências relevantes: • • • • Competências Pessoais: autoconhecimento, auto-estima, autoconfiança, querer-ser, autoproposição, visão do futuro, autodeterminação, resiliência e auto-realização; Competências relacionais: reconhecimento do outro, convívio com a diferença, interação, comunicação, afetividade, convívio em grupo, planejamento/trabalho/decisão em grupo, compromisso com o coletivo, com o ambiente e a cultura; Competências cognitivas: leitura e escrita, cálculo e resolução de problemas, análise e interpretação de dados/fatos/situações, acesso à informação acumulada, interação crítica com a mídia, autodidatismo, didatismo e construtivismo; Competências produtivas: criatividade, gestão e produção do conhecimento, polivalência e versatilidade, profissionalização, auto-gestão, co-gestão, heterogestão. Além destas competências, a principal é a de ação. “É necessário definir o profissional do Setor Ambiental a partir das proposições subjacentes neste novo conceito de profissionalidade cujos referenciais básicos são as competências de ação profissional. Estas constituem hoje em dia o referencial profissional por excelência para muitos âmbitos, no entanto, no campo profissional do meio ambiente, ainda continuamos falando do “agente ideal”, do “bom educador” como algo distante, sem ver e analisar o profissional singular que temos na frente, olhando como age e o que se exige dele em cada momento. Esta miopia nos leva a estruturar planos de formação descontextualizados e inoperantes. Portanto, as competências devem-se tornar referenciais, tanto para a caracterização da prática profissional dos agentes ambientais como para o projeto de sua formação nas correspondentes instituições. Estas competências são o fruto de uma complexa combinação de habilidades, conhecimentos, atitudes, experiências e recursos presentes e futuros que predispõem o profissional do setor ambiental a intervir eficazmente em contextos locais”. (GUTIÉRREZ-PEREZ, 2005, p.211) Importante ressaltar a atenção a alguns conceitos, como a desescolarização, que num primeiro momento implica em desfazer/desmontar a estrutura de pensamento que a escolarização obrigatória causou no indivíduo. É um resgate da liberdade, da responsabilidade, da criatividade, da capacidade de raciocínio e reflexão que a escola rouba da criança desde muito cedo. Ilich (1997) comenta que “A desescolarização da sociedade implica um reconhecimento da dupla natureza da aprendizagem.” E nesta visão da escola, se observa a Universidade. Fidel Castro fala como se intencionasse caminhar para a isto quando promete que, por volta de 1980, Cuba estará em 155 condições de acabar com sua Universidade, uma vez que toda a vida em Cuba será uma experiência educacional. Devido ao casamento entre nosso próprio corpo e a máquina informática, podemos modificar livremente nossas sensações até criarmos uma realidade virtual, aparentemente mais verdadeira que a realidade de nossos órgãos dos sentidos. Nasceu assim, imperceptivelmente, um instrumento de manipulação das consciências em escala planetária. Em mãos imundas, este instrumento pode levar à destruição espiritual de nossa espécie. Esta tripla destruição potencial — material, biológica e espiritual — é, na verdade, o produto de uma "tecnociência" cega, mas triunfante, que só obedece à implacável lógica da eficácia pela eficácia (NICOLESCU, 1999 p.12). Hoje vemos que grande parte dos profissionais tanto da Engenharia Ambiental, como outras profissões voltadas à ecologia, tanto marinha quanto terrena, atuando no setor de gestão ambiental e assumindo a responsabilidade de gerir as ações de Educação Ambiental. Em consequência disto considera-se de relevância o aprendizado e a vivência destes conceitos e seus desdobramentos. Conheci agora na reta final a ABENGE – Associação Brasileira de Educação em Engenharia vou encaminhar um artigo científico para o Congresso Brasileiro de 2014. O neocientificismo já não nega mais o diálogo entre a ciência e os outros campos do conhecimento, mas não renuncia a visão de que a ciência continua capaz de dar conta da totalidade de tudo o que existe. E então, o que virá após disto? 156 6 R EFERÊNCIAS I Encontro internacional de ciências eco-espirituais: transdisciplinaridade, ecoformação e saúde. 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