21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental VI-123 – CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DE GESTÃO AMBIENTAL E SUA INTERDISCIPLINARIEDADE Marcelo de Andrade Roméro Arquiteto, Professor Livre - Docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Mestre e Doutor pela FAU-USP, Coordenador dos Cursos de Especialização em Gestão Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP, Coordenador da Área de Conservação de Energia do NUTAN - Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da USP; Vice - Chefe do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Arlindo Philippi Jr. Engenheiro Sanitarista pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Pós Doutorado pelo MIT-USA, Coordenador dos Cursos de Gestão Ambiental, Engenharia de Saneamento Básico, Educação Ambiental, Engenharia de Controle Ambiental e Direito Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Coordenador Científico do NISAM -Núcleo de Informações em Saúde Ambiental, Presidente do Conselho Consultivo do PROISA-USP Programa de Informações em Saúde Ambiental . Gilda Collet Bruna Arquiteto, Professora Titular da Universidade de São Paulo, Mestre, Doutora e Livre Docente pela FAU-USP, Ex-Diretora da FAUUSP, Ex-Presidente da EMPLASA, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes e Membro do Conselho Deliberativo do NISAM-USP - Núcleo de Informações em Saúde Ambiental. Endereço(2): Faculdade de Saúde Pública / Departamento de Saúde Ambiental / Prof. Arlindo Philippi Jr. Av. Dr. Arnaldo, 715 – Cerqueira César – São Paulo - SP - CEP: 01246-904 - Brasil - Tel: (11) 3081-8762 e-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho discute inicialmente os fundamentos da gestão ambiental urbana, procurando conceituar a questão encima de bases históricas e posteriormente analisa o sistema de educação na formação dos cidadãos. Por fim, o trabalho analisa os dados tabulados de matricula de cerca de 320 alunos que concluíram o Curso de Especialização Latu Sensu “Gestão Ambiental”, oferecido pelo NISAM-USP - Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da Universidade de São Paulo. O objetivo do presente trabalho é analisar a formação interdisciplinar dos alunos, bem como as questões de gênero, período de conclusão do curso, local de trabalho e o impacto da formação interdisciplinar adquirida, nos seus locais de trabalho, e consequentemente o impacto no país. PALAVRAS-CHAVE: Gestão Ambiental; Capacitação profissional; Interdisciplinariedade INTRODUÇÃO: FUNDAMENTOS DA GESTÃO AMBIENTAL URBANA Os comandos da Gestão Urbana Ambiental remontam às origens da vida em cidades e ao comportamento dos diferentes grupos sociais, nos diferentes contextos históricos em que viveram. Platão em seu livro A República , enfatiza a questão da justiça e injustiça, como base para a gestão de uma comunidade humana, a República. Naquela época outros querem que se demonstre que a justiça é sem si boa, entendendo-se por justiça, a necessidade de proceder bem durante a vida, ser justo. Sócrates porém já analisa esta questão procurando situar o indivíduo na cidade e entender as reações que diz serem biunívocas entre esta e aquele. (Platão, Platonis Opera, T. IV, 1983). Como se observa, a essência da gestão coincide com aquilo que hoje se chama ética, isto é, que reflete os usos e costumes, e, conseqüentemente, os diferentes tipos de ações humanas e seus impactos individuais e sociais, ABES – Trabalhos Técnicos 1 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental negativos ou positivos. Embora não se fale em meio ambiente diretamente, é dele que está se tratando. Em outras palavras, a liberdade de ação e suas conseqüências para os seres e o meio ambiente. (Nalini, 2001) Observa-se então que qualquer tipo de ordem imposta a uma comunidade humana torna-se a normativa que deve ser seguida. Nesta, valoriza a cooperação e se despreza o caos ou desordem. Por isto quando se fala em políticas públicas, a preocupação volta-se para o estímulo e controle de comunidades urbanas ou rurais, e, ao se tratar de gestão, o interesse é de poder aplicar, tanto as políticas, como as normas. Ora, não há como conhecer o comportamento da natureza humana frente às políticas públicas e à gestão da comunidade, sem se apoiar num sistema educacional que transmita os saberes e formas de aprendizado utilizados nos diferentes períodos da civilização. Desse modo a educação pode ser considerada como ciência que propõe a disciplina mental e o desenvolvimento do pensamento abstrato. (Platão, Platonis Opera, T. IV, 1983). Este pode ser utilizado para induzir as formas de ocupação do território e disciplinar a sociedade em suas relações com o assentamento humano, ou a comunidade. Na base da evolução das questões comunitárias e nestas, da participação do cidadão, tem-se a Teoria do Contrato Social, ou seja, a teoria política e as formas de governo ou gestão dessa comunidade, incluindo as ações e reações que interferem no contexto físico-territorial e ambiental, destacando-se a educação e as leis. (Nalini, 2001) Desse modo pode-se comparar a ameaça ao meio ambiente a uma questão eminentemente ética que depende da conduta humana. E que para determinada alteração nesta conduta, mormente aquelas relacionadas com as questões do desenvolvimento tecnológico e de proteção ao meio ambiente, pode se transformar numa ameaça ambiental, se não for estudada a priori, prevendo-se seus impactos. (Nalini, 2001, ref. p. XXII). Daí a necessidade de gerar e organizar um cultura ambiental que interaja biunivocamente com a educação, tanto fundamental, como técnica e superior, continuada por programas de capacitação e especialização. Pode-se entender portanto, que a gestão urbana ambiental é necessária mas não é facilmente adaptável aos diferentes contextos físico-territoriais, sociais, econômicos, políticos e culturais. Para tanto precisa ser constantemente analisada, reformulada e aplicada novamente. As situações agora são diferentes das anteriores. A Especialização em Gestão Ambiental Urbana portanto, se desponta como uma atividade essencial para a vida das comunidades humanas. É tanto mais importante nos dias de hoje, em que se vive um período de transição de tecnologias, processos, usos e costumes. O SISTEMA DE EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DOS CIDADÃOS Porque o sistema de educação é essencial na formação dos cidadãos, cabe-lhe um papel de relevo numa obra que trata da cidade. Maria Helena da Rocha Pereira, Porto, 1972, in: Platão, 1983 A educação voltada para a ordenação do território (aménagement du territoire) tomou vulto na primeira metade do século XX, assim como a Ecologia urbana. Aquela, com os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAMs), esta com a Escola de Sociologia Urbana de Chicago, nos Estados Unidos. Dentre os CIAMs, aquele realizado em 1933 em Atenas na Grécia, levou à aplicação de suas conclusões emanadas na chamada Carta de Atenas, em muitos países do mundo ocidental que passaram a adotar determinadas técnicas e procedimentos de projeto e planejamento urbano e regional. A cidade, dizia esta Carta, não poderia ser considerada independentemente de sua região e devia articular as quatro funções - morar, trabalhar, recrear e circular - em setores urbanos distintos. Independentemente das conseqüências dessa máxima das funções urbanas, cabe focalizar agora a relevância que o contexto regional adquiriu, com todo seu potencial de recursos para o desenvolvimento econômico. Destaca-se a ênfase no planejamento regional e ainda que com pouco realce, no meio ambiente. A Ecologia Urbana da Escola de Chicago iniciou-se com estudos empíricos de modelos de ocupação territorial naquela cidade americana. Burgess delineou um modelo concêntrico de formas de assentamento da população em torno do centro 2 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental urbano. Homer Hoyt contrapôs-se a este modelo mostrando que aquelas faixas concêntricas de padrões de ocupação do solo urbano eram modificadas pelos acessos e meios de transporte, de modo que o modelo anterior devia, por isto, ser transformado num modelo setorizado. E Hullmann verificou que os modelos anteriores se modificavam quando a expansão do assentamento humano passava a ocorrer numa aglomeração mais extensa, e portanto, organizada em função não de um único núcleo central, mais sim polinucleada. Os conceitos de dominância, de expulsão e reorganização social são utilizados para analisar o comportamento dos seres humanos, semelhante aos estudos feitos para o meio físico-geográfico natural (flora e fauna). Destaca-se assim um Ecologia Urbana, pois considera e analisa o ambiente construído de modo similar ao que é feito com o ambiente natural. . De um modo geral a educação superior passou a trabalhar essas questões nos diferentes campos do conhecimento, como engenharia urbana, arquitetura e urbanismo, geografia e economia urbana e regional, dentre outras. No caso da gestão urbana ambiental, nota-se que o planejamento tradicional focalizava o desenvolvimento dos assentamentos humanos de forma a integrar os conhecimentos dos distintos setores de atividade. Propunha-se uma integração dos setores de planejamento e a interdisciplinaridade, uma vez que, como diz Bertrand Renaud, era preciso primeiro crescer e acumular, para posteriormente dar início a um processo de distribuição mais igualitária para toda a população e assim seria importante investir primeiramente em determinados setores da economia. (Renaud, 1981) Assistiu-se assim a uma forma de planejamento patriarcal, pois era imposto pelo poder público, senhorialmente. Este também era chamado de planejamento tradicional, tendo sido típico dos anos de 1970, com o nome de Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI). Os profissionais com formação específica e por vezes especializada setorialmente eram os encarregados de planejar e de explicar para a população, por meio de textos, divulgação na mídia e mais posteriormente, já na década de 1980, também por seminários públicos, com convite à população para deles participar. Ainda não era uma participação dialogada ou mediada, mas dava-se oportunidade, primeiro ao poder público para expor os motivos de suas decisões e segundo aos nascentes grupos organizados para contraporem suas idéias. Enquanto no Brasil, provavelmente numa forma muito mais inconsciente que propositalmente estabelecida, a sociedade começava a manifestar-se tomando posições, principalmente na forma de reivindicações, nos países desenvolvidos como Estados Unidos e Grã-Bretanha, os anos 70 foram típicos do chamado planejamento comunitário advocatício (advocacy planning), em que grupos sociais se posicionavam contra decisões governamentais, como por exemplo, de construir vias expressas cortando centros urbanos de ocupação consolidada, ou ainda, o planejamento do desenvolvimento de comunidades (community development), que era típico pela participação da população no planejamento e construção de comunidades, como ocorreu no conjunto habitacional em Biker, New Castle Upon Tyne, na Grã-Bretanha, feito pelo arquiteto Ralph Erskin. Neste caso a decisão da população se voltava para a moradia e o ambiente de seu entorno, enquanto o arquiteto situava seu escritório no conjunto habitacional e ouvia grupos de moradores sobre suas necessidades e hábitos de vida, passando em seguida, a planejar aquele determinado setor e a detalhar as unidades de habitação. Ainda hoje o Planejamento do Desenvolvimento de Comunidades carentes é feito no exterior, conduzido basicamente pelo 3o Setor (ONGs, Voluntários, Universidades, Igrejas) que buscam com que profissionais especialmente capacitados trabalhem com a comunidade, não só para a elaboração do projeto e construção, mas também capacitando grupos de moradores a formar suas microempresas e a gerarem emprego e renda para suas comunidades. Estes exemplos estrangeiros estimularam o nascimento, também aqui no Brasil, de grupos de voluntários e principalmente a formação do 3o Setor para trabalhar de modo semelhante, recuperando, reconstruindo e reurbanizando muitas comunidades carentes. ABES – Trabalhos Técnicos 3 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Isto significa que cada vez mais há necessidade de capacitação e de cursos de especialização que estimulem o conhecimento de inovações, com a manutenção de um aprendizado continuado, pois muito há para ser feito em prol das comunidades brasileiras. Observa-se ainda que em Universidades estrangeiras dá-se ênfase na capacitação de profissionais para estas atividades de trabalho com as comunidades, a exemplo da Universidade Tecnológica de Delft na Holanda, que já no curso de graduação em arquitetura e urbanismo oferece opções de formação específica para o trabalho de planejamento com as comunidades, a partir de mediações feitas para as tomadas de decisões. Nos Estados Unidos destacam-se as atividades de mediação nos litígios pela disputa da terra (urbana ou rural), ou mesmo com relação à segregação de usos do solo e à alocação de recursos públicos. Buscam o consenso entre as partes envolvidas, utilizando-se de uma estratégia técnica de equilíbrio entre preocupações políticas e de estabelecimento de justiça como base para a solução de conflitos. (A humanidade volta-se novamente às preocupações com a justiça, da época de Platão, cinco séculos A.C.). (Susskind, Wansem, Ciccarelli, 2000) Isto mostra a importância da formação educacional para o desenvolvimento social, econômico, cultural e mesmo político de cidades, regiões e nações. Mostra também a importância e necessidade da especialização que vem sendo oferecida pelo NISAM USP (Núcleo de Informação em Saúde Ambienta da Universidade de São Paulo) e o trabalho dos professores da Faculdade de Saúde Pública e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, procurando capacitar profissionais de diferentes áreas de atuação, para trabalhar com a Gestão Ambiental Urbana, pois a população, mundialmente, está se localizando predominantemente em áreas urbanas. Nesta atividade destacam-se a preservação ambiental, a minimização de impactos negativos, o planejamento e processos limpos que possam gerar desenvolvimento com qualidade ambiental e sustentabilidade. Uma atividade de capacitação com estas características, precisa da interdisciplinaridade das áreas profissionais. Por sua vez, a complexidade da interdisciplinaridade que o saber ambiental requer mostra como os problemas cresceram exponencialmente, à medida que o meio ambiente foi ficando cada vez mais um sistema complexo, no qual intervêm processos de deferentes racionalidades, ordens de materialidade e escalas espaço-temporais. Como diz Leff, a problemática ambiental é o campo privilegiado das inter-relações sociedade-natureza. Por isto há necessidade de uma visão holítica e um método interdisciplinar, integrando as ciências da natureza e as da sociedade, aqui incluindo a economia, tecnologia e cultura. (Leff, 2000) Basicamente este enfoque interdisciplinar fundamenta, com sua presença, os cursos de especialização do NISAM USP que vêm formando e capacitando muitos profissionais. OS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL - CEGA CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES O curso de especialização em gestão ambiental foi desenvolvido para ser realizado em 11 (onze) meses, com uma carga horária de 500 horas-aula teórico-práticas, trabalhos, projetos, seminários e visitas técnicas. Os principais objetivos são proporcionar aos participantes complementação de sua formação, preparando-os para: 1. Participar de equipe multidisciplinar na gestão e controle da qualidade do meio ambiente; 2. Exercer funções relativas à área de gestão ambiental; 3. Desenvolver estudos, planejar e gerenciar programas de controle da qualidade do meio ambiente e desenvolver análise crítica do trabalho de gestão e controle da qualidade do meio ambiente. JUSTIFICATIVA O controle da qualidade ambiental consta na Constituição como incumbência do poder público, juntamente com a promoção da conscientização social para a defesa do meio ambiente. Leis federais, decretos, constituições estaduais, leis municipais, normas e portarias abrigam dispositivos que determinam, em escalas variadas, a obrigatoriedade do controle da qualidade ambiental. A efetividade de tais dispositivos esbarra, porém, na carência de pessoal preparado para desenvolver projetos nesta área. 4 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental O Curso de Especialização em Gestão Ambiental pretende preencher a lacuna, preparando profissionais para tratar de tópicos específicos da questão ambiental e que possam contribuir nas tarefas de controle, preservação e recuperação ambiental. Para conseguir este propósito, o Curso foi planejado para tratar as questões em 3 módulos. Os dois primeiros módulos oferecem subsídios para ações junto ao meio ambiente e o terceiro, mais específico, que aborda estratégias, métodos e técnicas a serem utilizadas no controle da qualidade ambiental, no qual os alunos terão oportunidade de integrar teoria à realidade. O item a seguir detalha os aspectos do conteúdo programático do curso. A INTERDISCIPLINARIEDADE NAS DISCIPLINAS A tabela 1 a seguir ilustra a divisão do conteúdo programático em módulos e a relação de disciplinas com suas cargas horárias. ABES – Trabalhos Técnicos 5 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 1 - Relação dos módulos, disciplinas e cargas horárias do curso de especialização em gestão ambiental CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL DISCIPLINAS CARGA HORÁRIA ABERTURA E INTEGRAÇÃO............................................................................................04 h I. MÓDULO BÁSICO: FUNDAMENTAÇÃO DO CONTROLE AMBIENTAL.............176h 1. Saneamento Ambiental e Ecologia Aplicada................................................24h 2. Controle Ambiental I..................................................................................36h 3. Controle Ambiental II.................................................................................24h 4. Controle Ambiental III................................................................................36h 5. Controle Ambiental IV................................................................................24h 6. Sistemas de Integração Ambiental...............................................................24h 7. Orientação Bibliográfica Aplicada...............................................................08h II. MÓDULO CULTURAL: FUNDAMENTAÇÃO SÓCIO- POLÍTICO CULTURAL DO MEIO AMBIENTE..........................................................................132h 8. Linguagem e Percepção Ambiental.............................................................24h 9. Fundamentos de Saúde Pública...................................................................24h 10.Fundamentos de Educação Ambiental........................................................24h 11.Política e Gestão Ambiental.......................................................................36h 12.Direito Ambiental Aplicado.......................................................................24h III. MÓDULO PROFISSIONAL: PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL.................................................................................................................180h 13.Desenvolvimento Urbano e Administração Pública..................................36h 14.Planejamento Territorial .........................................................................24h 15. Gestão de Áreas Especiais.......................................................................36h 16.Avaliação de Impacto Ambiental.............................................................36h 17.Auditoria Ambiental ...............................................................................24h 18.Seminário sobre Gestão Ambiental...........................................................24h 08h CARGA HORÁRIA TOTAL ...................................................................500 h IV. SEMINÁRIO E AVALIAÇÃO FINAL ANÁLISE DOS DADOS Este item pauta sua análise em duas bases de dados. A primeira relacionando os 322 alunos capacitados pelo curso e com a titulação de especialistas em Gestão Ambiental, formados entre janeiro de 1995 e dezembro de 2000, totalizando portanto de 6 anos de atuação e experiência ininterrupta. A segunda base de dados, aborda especificamente a questão da interdisciplinariedade, relacionando 176 profissionais que cursaram o curso entre janeiro de 1998 e dezembro de 2001.A terceira base de dados, analisa a atual ocupação dos 176 profissionais citados acima, buscando avaliar o impacto desta capacitação nas diversas instituições públicas e privadas nas quais eles trabalham. 6 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 2 – Tabela geral de dados dos alunos que finalizaram 11 cursos de especialização em Gestão Ambiental - CEGA Curso Nº Alunos Covênio Nº Alunos % Final Desistência Masc Fem Masc Fem Aberta Início Sexo Sexo % Fechada Início Término CEGA 1 31 SVMA 29 6,5 14 15 48 52 F 1995 1996 CEGA 2 29 SVMA 26 10 15 11 58 42 F 1995 1996 CEGA 3 30 SVMA 24 20 10 14 42 58 F 1996 1996 CEGA 4 30 JUNDIAÍ 22 27 9 13 41 59 F 1996 1996 CEGA 5 30 SVMA 28 7 12 16 43 57 F 1997 1998 CEGA 6 26 - 25 4 18 8 70 30 A 1997 1998 CEGA 7 35 - 31 11,5 16 19 45 55 A 1998 1998 CEGA 8 37 ABES 30 19 20 10 54 46 A 1999 1999 CEGA 9 36 ABES 34 6 16 18 44 56 A 1999 2000 CEGA 10 39 - 35 10 18 17 46 54 A 2000 2000 CEGA 11 38 ABES 38 - 25 13 66 44 A 2000 2000 TOTAIS 361 - 322 - - - - - - - - MÉDIAS - - - 11 - - 51 49 - - - Um dos aspectos a ser considerado em cursos com carga horária tão elevada e frequência praticamente obrigatória -- três noites em cada semana -- é o aspecto da desistência. Nas 11 turmas já encerradas, este percentual variou de 4 a 27% com uma média aritimética de 11%. A desistência é de fato um aspecto relevante a ser considerado, mormente na questão dos custos, e em nossa experiência, para efeitos orçamentários, 10% é um valor de referência razoável. Um segundo aspecto que se depreende da tabela 2 é a questão do gênero, ou seja, os cursos foram atendidos por profissionais de ambos os sexos, em proporções bastante similares e balanceadas, ou seja, 51% dos formados são profissionais do sexo masculino e 49% são profissionais do sexo feminino. Um terceiro aspecto verificado nas onze turmas já encerradas é a proporcionalidade entre turmas abertas e turmas fechadas. Entende-se por turmas abertas, aquelas nas quais o processo de seleção baseou-se em um grupo de profissionais oriundos de diversas instituições e localizações geográficas diferenciadas, enquanto que nas turmas fechadas, o processo de seleção baseou-se em um grupo de profissionais oriundos de uma única instituição, como por exemplo, a SVMA – Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura do Município de São Paulo e a Prefeitura do Município de Jundiaí. Neste aspecto, vale ressaltar a importância das duas formas de capacitação: A aberta voltada para profissionais de diversas origens institucionais, destacando-se aqui um aspecto benéfico que é a pulverização da capacitação nos diversos segmentos da sociedade, quer públicas ou privadas; A fechada voltada para profissionais de uma única origem institucional, demonstrando o aspecto benéfico da capacitação institucional, ou seja, a instituição como um todo por meio dos seus técnicos torna-se capacitada. ABES – Trabalhos Técnicos 7 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 3 - Relação da formação profissional de alunos que cursaram seis cursos de especialização em gestão ambiental Profissão Exatas CEGA 7 CEGA 8 CEGA 9 CEGA 10 CEGA 12 CEGA 13 TOTAIS FORMAÇÃO Engenharia Econ/Adm Quimica Contabilidad e Proc.Dados 11 2 2 0 0 9 2 1 0 0 9 3 0 1 0 10 2 1 0 0 9 3 1 0 0 13 5 2 1 1 61 17 7 2 1 (%) 35 10 4 1 1 Arquitetur a Geografia 4 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 1 2 0 0 6 0 1 1 0 0 0 5 1 1 0 3 1 0 0 1 1 0 2 1 1 1 3 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 3 2 0 0 1 1 0 0 0 0 1 17 7 3 2 15 4 1 1 1 1 1 10 4 2 1 9 2 1 1 1 1 1 8 0 5 1 7 0 6 0 4 0 3 1 33 2 30 29 33 28 22 34 176 Geologia Ciências Direito Humanas Ciências Sociais Turismo Ecologia Pedagogia Letras Sociologi a Biológicas Biologia Veterinaria Totais TOTAL -ÁREA ÁREA (%) 88 46 53 30 19 1 35 24 100 176 100 A tabela 3 anterior demonstra os aspectos da interdisciplinariedade no conjunto dos 176 profissionais envolvidos em 19 formações profissionais distintas. Este aspecto, evidencia a procura bastante diferenciada de profissionais, com formações das mais diversas, para o aprofundamento dos estudos na área ambiental. Evidencia também, embora não diretamente, a possibilidade de interação entre a área ambiental e uma extensa gama de outras áreas e profissões. No que tange às grandes áreas do conhecimento, a área de Exatas aparece como a de maior contribuição, com cerca de 46% dos profissionais. e nesta área estão também os profissionais com maior representatividade nos cursos, de gestão, que são os engenheiros A área de Humanas, com 30% dos profissionais, não é a mais representativa em termos de valores absolutos, mas é aquela com maior diversidade de profissões ou formações, ou seja, são 53 profissionais distribuídos por 11 profissões distintas.. A área de Biológicas com 24% dos profissionais é a terceira menos representativa, mas possui a segunda profissão mais representativa nos cursos de gestão ambiental, que são os Biólogos. A tabela 4 a seguir indica a participação de alunos de outras localizações externas à São Paulo, nos cursos de especialização. De fato a maior parte dos participantes, residem em São Paulo, porém a presença de alunos externos demonstra a ausência de cursos similares em outras regiões do Estado de São Paulo e mesmo de outros estados brasileiros. 8 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Tabela 4 - Relação dos locais de origem dos profissional que cursaram cinco cursos de especialização em gestão ambiental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Municípios CEGA12 CEGA 10 São Paulo Campinas Sto. André S. C. Sul Osasco Jundiaí Santos Mauá Atibaia Mairiporã Sorocaba Manaus Guarulhos Baurú Lins Juquitiba Cotia São João da Boa Vista Sta Bárbara São Roque Brasília 14 1 2 2 1 1 1 - 18 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1 - CEGA CEGA -8 9 22 1 1 1 1 1 - 29 1 1 2 1 1 - CEGA 13 Estado 25 1 1 1 1 1 1 1 1 SP SP SP SP SP SP SP RJ SP SP SP AM SP SP SP SP SP SP SP SP DF Em termos de ocupação atual, de todo o universo analisado – 176 profissionais – 7% dedicam-se à docência e 93% dedicam-se à atividades diversas e estreitamente ligadas às suas formações iniciais. Como fato positivo destaca-se a experiência adquirida por estes profissionais, que posteriormente será compartilhada e revertida em benefício de suas regiões de origem. Ver figura 1 a seguir. ABES – Trabalhos Técnicos 9 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Figura 1- Participação regional e de outros estados nos cursos de especialização OUTROS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO BRASÍLIA – D.F. MANAUS - AM CONCLUSÕES A existência de duas formas de compor as turmas, ou seja, turmas abertas e voltadas para profissionais de diversas origens institucionais e turmas fechadas e voltadas para profissionais de uma única origem institucional, demonstrou ser um aspecto benéfico na capacitação profissional e institucional. O aspecto da interdisciplinariedade, demonstrou ao longo dos cursos, ser uma ferramenta didaticamente bastante positiva. Os 176 profissionais envolvidos possuíam 19 formações profissionais distintas. Este aspecto, evidencia a procura bastante diferenciada de profissionais com formações das mais diversas, no aprofundamento dos estudos na área ambiental. Evidencia também, a possibilidade de interação entre a área ambiental e uma extensa gama de outras áreas e profissões. A presença de alunos externos demonstra a ausência de cursos similares em outras regiões do Estado de São Paulo e mesmo de outros estados brasileiros. Como fato positivo destaca-se a experiência adquirida por estes profissionais, que posteriormente será compartilhada e revertida em benefício de suas regiões de origem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 10 PLATÃO. (Platonis Opera, T. IV, Oxoriü e typographeo clarendoniano, 1949). A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983, 501 p. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 4a edição.. Ref. p. XXI-XXIII. NALINI, José Renato. Ética Ambiental. Campinas: Millennium, 2001, 304 p. RENAUD, Bertrand. National Urbanization Policy In Developing Countries. New Yourk: Oxford University Press, c. 1981, 181 p. A World Bank Publication. SUSSKIND, Lawrence, WANSEM, Mieke van der, CICCARELLI, Armand. Mediating Land Use Disputes. Pros and Cons. Cambridge, MA: Lincoln Institute of Land Policy, 2000, 40 p. LEFF, Enrique. Complexidade, Interdisciplinaridade e Saber Ambiental, pp. 19-51, IN PHILIPPI Jr., Arlindo, TUCCI, Carlos E. Morelli, HOGAN, Daniel, Joseph, NAVEGANTES, Raul (Editores). Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000, 314 p. ABES – Trabalhos Técnicos