Comunicação
comparada
Resumos
Relação de textos
1. Ribamar Bessa Freire – “A nossa miopia e o olhar dos
índios”
2. José Carlos Rodrigues – “Uma paixão cega pelos
meios visuais?”
3. Georg Simmel – “A metrópole e a vida mental”
4. Juremir Machado da Silva – “Os suportes da
comunicação: entre meio e poder”
“Nossa miopia e o olhar dos índios”
• Ressalta como a condição biológica se ajusta ao
ambiente conforme a cultura em que o indivíduo se
desenvolve.
• Compara os mundos da oralidade e da escrita no
tocante às aptidões visuais dos indivíduos.
• “...não existe um sujeito idealizado, dotado de uma
fisiologia única e comum, (...) as condições visuais são
socialmente determinadas não apenas por fatores
inatos, mas pela cultura e pela história. Quem é capaz
de ler a floresta tem um olhar diferente de quem foi
treinado para ler livros e vice-versa”.
• Uma visão relativista sobre a diversidade visual.
“Uma paixão cega pelos meios visuais?
• Dois mundos: (1) um preexistente, absoluto, comum a
todos e (2) os mundos interiores dos seres vivos,
dependentes dos “modos diversos por que operam os
órgãos dos sentidos de cada forma de vida”.
• Os aparatos de sensibilidade diferem entre as espécies.
• Humanos: dotados de aparatos perceptuais específicos
que definem os parâmetros de possibilidades e de
limitações de acesso ao mundo.
• Os órgãos dos sentidos codificam biologicamente as
percepções e as convenções e valores codificam
socialmente as percepções.
“Uma paixão cega pelos meios visuais?
• As “convenções a valores (...) os retiram da pura
biologia e os inscrevem no reino das relações sociais e
da cultura”.
• “...se os homens codificam o mundo por meio dos
sentidos, as sociedades codificam os sentidos e as
relações entre estes”.
• Entre os modernos a visão assumiu um papel
proeminente, desde pelo menos o Renascimento.
• Trata-se de uma civilização da imagem, que se dedica
às técnicas e tecnologias associadas à visão.
• No passado, a palavra escutada era um dos principais
critérios de verdade. Hoje, é a imagem.
“Uma paixão cega pelos meios visuais?
• “...depois de tanto conhecermos o real e o verdadeiro
por meio de fotografias, talvez tenhamos passado a
precisar de imagens e de fotografias para sentir que as
coisas e os acontecimentos são reais ou verdadeiros”.
• Os registros visuais: ilusão de fixar o tempo.
• A visão como critério de verdade na cultura
contemporânea se manifesta na importância assumida
por técnicas e tecnologias que fornecem tradução visual
do mundo.
• Uma importante estratégia persuasiva: “utilizar um
presumido realismo da visão e da imagem como
argumento para fazer crer e fazer aceitar”.
“Uma paixão cega pelos meios visuais?
• A questão do poder: “A aura que atribuímos à escrita
nos faz desprezar o fato de que desde os tempos mais
remotos ela venha sendo um dispositivo fundamental de
coletividades fundadas na desigualdade”.
• “...as classes que detiveram a escrita nunca diferiram
das que controlaram o poder”.
• Foucault: toda tecnologia é poder, toda ela depende de
uma ética determinada que a inspira, autoriza e viabiliza.
• Multiplicação de telas e câmeras: nos tornamos todos
agentes e pacientes de um mesmo poder que nos vigia
e controla.
“Uma paixão cega pelos meios visuais?
• Uma “democratização” que “faz de cada um,
simultaneamente, emissor e receptor, produtor e
consumidos, algoz e vítima do sistema de controle”.
• Tornamo-nos componentes intrínsecos de um sistema,
pessoas vigiadas que se sabem sempre vigiadas.
Assim, internalizamos o sistema de vigilância e fazemolo existir e funcionar mesmo quando ele está “ausente”
ou “inativo”.
“A metrópole e a vida mental”
• Descreve um individuo que luta para não ser nivelado,
uniformizado e manter sua individualidade na vida na
metrópole moderna.
• Alguns aspectos da vida urbana põem a individualidade
em situação de ameaça:
– A intensificação dos estímulos nervosos que conduz à atitude
blasé, isto é, ao embotamento do olhar, à dificuldade de
estabelecer diferenciações dado o fluxo excessivo de imagens,
impressões e sensações.
– A economia do dinheiro conduz a um nivelamento das pessoas
e objetos, todos referidos a valores, a números
– A dimensão calculista da mente moderna, que reduz valores
qualitativos a quantitativos.
“A metrópole e a vida mental”
• A vida urbana é organizada em uma estrutura da mais
alta impessoalidade.
• “Pontualidade, calculabilidade, exatidão, são
introduzidas à força na vida pela complexidade e
extensão da existência metropolitana”.
• “Uma vida em perseguição desregrada ao prazer torna
uma pessoa blasé porque agita os nervos até seu ponto
de mais forte reatividade por um tempo tão longo que
eles finalmente cessam de reagir”.
• “Surge assim a incapacidade de reagir a novas
sensações com energia apropriada”.
“A metrópole e a vida mental”
• “A autopreservação de certas personalidades é
comprada ao preço da desvalorização de todo o mundo
objetivo...”
• Há ainda o desenvolvimento da atitude de reserva em
relação às outras pessoas. “Se houvesse, em resposta
aos contínuos contatos externos com inúmeras pessoas,
tantas reações interiores quanto as da cidade pequena
(...) a pessoa ficaria completamente atomizada
internamente e chegaria a um estado psíquico
inimaginável”.
• E se a divisão social do trabalho oportuniza uma maior
liberdade de diferenciação, por outro lado ela pode levar
a um desenvolvimento cada vez mais unilateral do
indivíduo.
“A metrópole e a vida mental”
• Síntese: A metrópole / sociedade industrial é o lugar da
(1) economia do dinheiro; (2) divisão social do trabalho;
(3) aceleração da vida e intensificação dos estímulos.
• O homem metropolitano vive um auto-exílio na sua
esfera privada.
• Desenvolve-se (1) a atitude blasé; (2) um predomínio do
intelecto sobre as emoções; (3) atitude de reserva,
aversão, estranheza e antipatia; (4) relações impessoais
mediadas pela economia monetária; (5) um
desenvolvimento unilateral que deriva da divisão social
do trabalho; (6) uma desconexão entre interior (cultura
subjetiva) e exterior (cultura objetiva).
“Os suportes da comunicação: entre
meio e poder”
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