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Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
Editorial
Movimento
rumo ao futuro
Professora doutora
Rivana Basso
Fabbri Marino
Vice-reitora de
Extensão e
Atividades
Comunitárias
Centro
Universitário FEI
Quando esta edição da Domínio FEI chegar às mãos de nossos leitores, uma campanha
publicitária estará no ar para apresentar a nova logomarca do Centro Universitário FEI
para o mercado. Mais do que contar que a FEI está atualizando a sua logomarca aos alunos,
ex-alunos, educadores, empresários e sociedade em geral, nosso objetivo é apresentar
nosso novo posicionamento como Instituição de ensino superior cada vez mais integrada
às necessidades do mundo atual. O Centro Universitário FEI vem construindo, ao longo
dos últimos 13 anos, uma base sólida e madura para a consolidação de seu novo posicionamento no meio universitário. A logomarca, escolhida depois de um longo e coletivo
processo que reuniu gestores, professores, comunicadores e especialistas em branding,
reúne a tradição da FEI e remete à modernidade e à visão de futuro que, hoje, são a marca
da Instituição. A nova logomarca foi construída exatamente para ter esse significado: a
partir de um passado sólido estamos prontos para o futuro.
Neste processo de construção da nova logomarca fizemos uma riquíssima pesquisa
com diferentes atores – alunos, egressos, formadores de opinião, empresas e até concorrentes – e tivemos a grata satisfação de saber que a FEI é reconhecida como um nome
forte e com valor na formação, além de ter uma alma acolhedora e gerar orgulho em seus
alunos, ex-alunos e colaboradores. Para nós, essa informação é de grande importância,
pois, apesar de termos consciência da necessidade de avançar, tivemos a certeza de estar
no caminho certo. Outra informação valiosa foi conhecer ainda melhor o perfil de nossos
alunos. A pesquisa confirmou que os jovens que escolhem estudar na FEI são determinados, compenetrados e sérios, com um olhar mais maduro para o futuro e que sabem
exatamente aonde querem chegar. E o aluno vem para a FEI em busca dessa seriedade na
conduta, dessa solidez para a carreira e com a certeza de que sairá da Instituição preparado
para ser o protagonista na sua vida.
Esta edição da revista apresenta alguns dos frutos que temos colhido, resultado dos
avanços institucionais a que me refiro. A participação em grupos de pesquisas e projetos
internacionais, tendo como resultados a premiação do projeto de discentes no Fórum
Partners­for the Advancement of Collaborative Engineering Education – Parceiros pelo
Avanço da Educação da Engenharia (PACE), programa mundial liderado pela General
Motors (GM), e a promoção do workshop sobre corredores verdes ilustram a maturidade
de nossos pesquisadores e linhas de pesquisa e a competência de nossos discentes e seus
orientadores. Os temas tratados na Semana da Qualidade, assim como os trabalhos apresentados por nossos docentes no Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia (Cobenge),
demonstram o alinhamento de nossos docentes com o perfil dos jovens e o comprometimento da Instituição com a excelência do processo formativo. Este é o momento ideal para
mostrar a todos o posicionamento da FEI por meio da nova logomarca, que representa
a consolidação do avanço do Centro Universitário. E é para que a FEI assuma mais este
protagonismo em sua história de sucesso que gestores, docentes e alunos se preparam
neste momento. A logomarca já está pronta.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
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Espaço do leitor
Revista Domínio FEI
Publicação do Centro
Universitário da FEI
expediente
“Como ex-aluno e trabalhador na área, fi­quei
muito contente em saber sobre a pós-graduação em Gestão de Produção Aeroespacial­que
está sendo oferecida pela FEI. Sou piloto privado de aeronaves e, hoje, trabalho com con­
sultoria aeronáutica em uma empresa própria.
Espero que o polo aeroespacial de que tanto
se fala na região do ABC saia do papel logo
e beneficie a região e a faculdade. Parabéns­
pela revista!”
Francisco Pompeo
Engenharia Mecânica – Turma 2009
“Tenho recebido todas as edições da Domínio­
FEI e acompanhado com muita atenção tudo
que a revista nos traz, e parabenizo o grande trabalho feito pela equipe da redação.
Hoje, atuo como representante comercial no
segmento de material para construção e represento empresas de grande renome no segmento. Gostaria de saber mais sobre os professores e alunos desta turma e de outras, que
participação estão tendo com o nosso mundo.
Sei que o grande foco da Domínio FEI é a
tecnologia, sobre a qual nos orgulhamos, mas
gostaria de sugerir a possibilidade de a revista
ter uma seção explorando assuntos voltados
ao mundo dos administradores de empresa,
envolvendo as estratégias deste universo tão
abrangente do mundo dos negócios, finanças
e outros temas.”
Alfredo Pacheco Pradelli
Administração – ESAN – Turma 1982
“Sou engenheiro mecânico formado na primeira turma do noturno, em 2003. Primeiramente, parabenizo a iniciativa, a qualidade e o
conteúdo das entrevistas e reportagens, especialmente com ex-alunos atuando no mercado
de trabalho, que tenho lido com frequência
na revista Domínio FEI. Já estou no mercado
desde o ano 2000, ainda quando era estagiário de Engenharia. Nestes meus anos de experiência profissional reconheço o valor que
o curso da FEI me trouxe, com uma formação
acadêmica sensacional, especialmente as disciplinas de Resistência dos Materiais. Ficarei
muito honrado e orgulhoso de fazer parte de
uma futura matéria, expondo minha experiência, enaltecendo o nome da Instituição e,
talvez, inspirando futuros engenheiros para a
indús­tria aeronáuti­ca.”
Haroldo Chacon
Engenharia Mecânica – Turma 2003
Centro Universitário FEI
Campus São Bernardo do Campo
Av. Humberto de Alencar Castelo
Branco, 3972 – Bairro Assunção
São Bernardo do Campo – SP – Brasil
CEP 09850-901 –­ Tel: 55 11 4353-2901
Telefax: 55 11 4109-5994
Campus São Paulo
Rua Tamandaré, 688 – Liberdade
São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000
Telefax: 55 11 3274-5200
Presidente
Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J.
Reitor
Prof. Dr. Fábio do Prado
Vice-reitor de Ensino e Pesquisa
Prof. Dr. Marcelo Pavanello
Vice-reitora de Extensão e
Atividades Comunitárias
Profª. Drª. Rivana Basso
Fabbri Marino
Conselho Editorial desta edição
Professores doutores Flavio Tonidandel,
Vagner Bernal Barbeta e Roberto Baginski
Coordenação geral
Andressa Fonseca
Comunicação e Marketing da FEI
Produção editorial e projeto gráfico
Companhia de Imprensa
Divisão Publicações
Edição e coordenação de redação
Adenilde Bringel (Mtb 16.649)
Reportagem
Adenilde Bringel, Elessandra Asevedo,
Fabrício F. Bomfim (FEI)
Fotos
Arquivo FEI e Leonardo Britos
Fale com a redação
A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões
e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP
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Programação visual
Companhia de Imprensa - Divisão Publicações
Estagiário
Vitor Gitti
Tiragem: 18,5 mil exemplares
Impressão e distribuição: Edições Loyola
Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa equipe agradece
a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.
As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte.
Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas antecipadamente à redação pelo e-mail
[email protected].
Instituição associada à ABRUC
www.fei.edu.br
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Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
Sumário
28
ENTREVISTA
O engenheiro eletrônico
Renato Buselli assumiu a
vice-presidência da Divisão
Digital Factory, da Siemens,
com o objetivo de ampliar a
digitalização nas indústrias
32
O Centro Universitário FEI
desenvolve pesquisas sobre
Internet das Coisas, área que
estuda a conexão entre objetos
e é considerada a mais nova
revolução tecnológica no planeta
istockphoto.com
Pesquisa & tecnologia
06
DEstaques
26
DEstaque jovem
37
GESTÃO E INOVAÇÃO
40
PÓS-GRADUAÇÃO
42
ARTIGO
• FEI é destaque no maior evento de ensino de Engenharia do País
• Aula inaugural da Administração aborda aspectos de cultura e fé
• Centro Universitário é protagonista na Olimpíada de Robótica
• Inova FEI no campus São Paulo premia os melhores trabalhos
• Alunos de Engenharia ganham prêmio no 4º Fórum PACE da GM
• Contexmod permite a troca de conhecimentos na área têxtil
• Semana da Qualidade amplia debate sobre ensino superior
• Professores da FEI escrevem capítulo em livro internacional
• IPEI Infoco reúne especialistas de IoT no campus São Paulo
• Diferentes turmas de Engenharia se reúnem depois de formadas
• NIT da FEI faz parte da rede paulista de inovação INOVA-SP
• Instituições católicas se encontram na 25ª edição da FIUC
• Encontro internacional avalia possibilidades de corredores verdes
• Recruta FEI é uma porta de entrada para o mercado de trabalho
•Engenheiro eletricista formado em 2006 desenvolveu projeto inédito e realizou o sonho de morar e trabalhar nos Estados Unidos
•Centro Universitário FEI apresenta a nova logomarca, criada para acompanhar a evolução pela qual vem passando nos últimos anos
•Novo curso de especialização em produtos têxteis tem foco
no produto e visa atender à constante evolução do mercado
•O mercado aeroespacial no Brasil está em expansão e deve oferecer boas oportunidades para profissionais, inclusive no ABC
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
5
Destaques
Docentes discutem o en
Centro Universitário é um
dos organizadores do maior
evento sobre o assunto
U
ma das perguntas mais frequentes entre educadores que se dedicam à formação de enge­nhei­ros
é como estimular os alu­nos a
aprenderem de forma colaborativa e
proativa, para formar profissionais
bem preparados e motivados a buscar a inovação, o desenvolvimento e o
bem-estar da sociedade. Com o tema
‘Aprendizagem Ativa: engenheiros colaborativos para um mundo competitivo’,
professores de diferentes instituições de
ensino superior do País se reuniram para
discutir este assun­to durante a 43a edição
do Congresso­Brasileiro de Educação em
Engenharia (Cobenge). O encontro foi or-
6
ganizado por cinco instituições de ensino
superior do Grande ABC, entre as quais o
Centro Universitário FEI, e realizado no
campus da Universidade Federal do ABC
(UFABC).
Preocupada com esta questão, a FEI
tem estimulado o corpo docente a buscar
iniciativas que possam ajudar a melhorar
o aprendizado, especialmente dos alunos
ingressantes. Com isso, diferentes propostas têm sido desenvolvidas e aplicadas
e, destas, 10 foram selecionadas pela comissão científica do Cobenge para serem
expostas ou apresentadas no encontro.
As iniciativas envolvem o diagnóstico
da percepção dos alunos sobre o
aprendizado e algumas experiências de intervenções com
novas metodologias.
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
“A maioria das ações está relacionada ao
ensino da Física e da Matemática, duas das
áreas que mais geram apreensão por parte
de estudantes nos primeiros semestres do
curso”, explica o professor doutor Roberto
Baginski Santos, do Departamento de
Física, que esteve à frente da organização
pela Instituição.
O docente é autor do trabalho ‘Metodo­
logia Ativa de Aprendizagem para Física
Básica em Cursos de Engenharia’ – em
parceria com a professora doutora Eliane
Chinaglia –, que consiste na implantação
de uma nova metodologia para o ensino de
Física nos primeiros ciclos do curso. Com
essa nova metodologia, os alunos discutem
questões propostas pelos docentes em sala
de aula e resolvem os problemas em pequenos grupos. “Tradicionalmente, a aula
é muito expositiva e o aluno assiste de
forma passiva. Nossa proposta
é trazer a tarefa de casa para a
sala de aula. Se o estudante conseguir aprender bem a matéria
nos primeiros ciclos ficará mais
seguro e saberá estudar corretamente nos demais”, acredita o
professor.
Outro estudo do depar­tamen­
to­­envolve o uso pedagógico do
efeito Hall, que permite determinar
o sinal dos portadores de carga
dentro de condutores e semicondutores. A experiência, denominada
‘Montagem Experimental para Determinação do Coeficiente Hall
no Contexto das Metodologias Ativas’, de autoria do
professor Gilberto Marcon
Ferraz e do aluno de Engenharia Guilherme Nechar
sino da Engenharia
Hernandes Ferreira, facilita o aprendizado
porque permite ao aluno visualizar e desenvolver intuição sobre a condução elétrica,
que ocorre dentro de um fio.
O Departamento de Ciência da Compu­
ta­­ção levou dois trabalhos: ‘Ferramenta
de Ensino Baseada em Game Engine pa­ra­­
o Estu­do e Simulação de Reações e Pro­
priedades­Físicas de Estruturas’, e o pro­
tótipo de mes­mo título apresentado na
Mostra de Protótipos Acadêmicos (MPA),
ambos de autoria de Gustavo Magalhães
Tercete, Rodrigo Paes Pereira Corte Real
e Rodrigo Filev Maia. Os dois trabalhos
apresentam a construção de um ambiente
de estudo de estruturas no qual os alunos
podem experimentar a reação de estruturas
treliçadas quando esforços são aplicados,
além de o estudante poder construir suas
próprias estruturas para estudo. Para a
construção do ambiente e para a simulação
das reações utilizou-se um game engine e
bibliotecas de simulação física.
O coordenador do Departamento de
Engenharia Civil, professor doutor Kurt
André Pereira Amann, apresentou um
O professor doutor Roberto Baginski Santos, ­
da FEI, participou da Comissão Organizadora
Da esq.: O reitor da FEI, Fábio do Prado (1º), representantes da Abenge e o reitor da UFABC, Klaus Capele (5º)
estudo de caso baseado em uma mudança
de metodologia aplicada à disciplina de
Fundações. O docente usou diversas estratégias ativas de aprendizagem, como PBL
(Problem-Based Learning ou Aprendizagem
Baseada em Problemas), Painel Integrado
(Jigsaw), e uma breve simulação de jogo de
empresas para estimular os alunos a serem
mais proativos em aula. “Trabalhamos duas
semanas em determinados temas e os alunos têm de atender a diferentes desafios em
grupo. As mudanças são sempre desafiantes e os estudantes se incomodam de sair
da zona de conforto, criada por décadas de
aulas expositivas não interativas, mas nõs,
docentes, também devemos sair da zona
de conforto e ter a coragem de propô-las
para formar adequadamente esses novos
profissionais”, argumenta.
O Departamento de Ciências Sociais e
Jurídicas apresentou o estudo ‘Experiências e Práticas de Transformação: Engenharia na Escola’, que teve como objetivo
ressaltar a importância e a relevância da
interação entre cursos de Engenharia e
escolas de ensino médio para promover
e despertar o interesse dos alunos para
cursos das áreas de Ciências Exatas, em
especial a Engenharia. Sob a coordenação
da professora doutora Lania Stefanoni
Ferreira, o projeto teve duração de 15 meses
e foi realizado em parceria com a escola
pública Nail Franco de Mello Boni, em São
Bernardo do Campo. O estudo fez parte do
programa Forma Engenharia (leia mais na
página 8). O reitor do Centro Universitário,
professor doutor Fábio do Prado, lembra
que a FEI sempre esteve atenta às políticas
de inovação e essa dezena de trabalhos
de seus docentes comprova o interesse
de buscar novas formas de ensinar. “A
formação deve buscar cada vez mais bons
gestores de projetos, sempre tirando o foco
do modelo passivo da sala de aula e criando
metodologias que estimulem a autonomia
dos alunos”, reforça.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
7
Destaques
O valor da Matemática
O Departamento de Matemática do
Centro Universitário FEI levou cinco trabalhos ao Cobenge, dois deles vincu­lados
ao Programa Forma Engenharia (leia
quadro). Um dos estudos é ‘A construção
de Mapas Conceituais: Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem
para o Cálculo Diferencial
e Integral no curso de Engenharia’, dos professores
doutores Fábio Gerab, chefe do
Departamento de Matemática,
e Paulo Henrique Trentin. Os docentes usam a construção de mapas
conceituais como metodologia ativa
de aprendizagem para que o estudante
possa compreender as interações e conexões entre os componentes curriculares
do curso e do ciclo em que realizam seus
estudos. “A proposta metodológica exige
uma quebra de paradigma para o estudante, bem como uma reorganização da
instituição de ensino, que se compromete
com a formação de seu corpo discente”,
afirmam os autores.
O chefe do departamento também
participa do estudo ‘A transição do Ensi­no
m
ckphoto.co
Vik_y/isto
Médio – Ensino da Engenharia na Perspectiva do Aprendizado de Matemá­tica:
um Diagnóstico sob a Ótica do Estudante’,
em parceria com o professor doutor Elenilton Vieira Godoy. O trabalho envolve um
projeto de pesquisa intitulado ‘Desafios
do Ensino de Matemática nos Cursos
de Engenharia no Século XXI’, que tem
como objetivo investigar e propor ações
para facilitar a transição da educação
básica para a educação superior, mais
particularmente para os cursos de
Engenharia. A pesquisa foi aplicada
aos alunos dos 2º, 3º e 4º ciclos dos
cursos de Engenharia da FEI, dos
períodos diurno e noturno.
Os professores doutores Tiago
Estrela de Oliveira e Mônica Karrer apresentaram o estudo ‘Uma
Proposta de Ensino de Vetores
De­sen­volvida em um Ambiente
de Geometria Dinâmica’. No trabalho, os autores demonstram os
resultados da aplicação de parte de
um experimento de ensino sobre
vetores, conteúdo presente na disciplina de Geometria Analítica. O objetivo
do estudo, que envolveu estudantes do ciclo básico, foi investigar as compreensões
construídas pelos estudantes ao participarem do experimento. “Depois do trabalho
experimental, os alunos validaram algebricamente as conjecturas levantadas no
ambiente computacional, estabelecendo
conversões entre os registros algébrico,
gráfico e da língua natural”, explicam.
Programa Forma está entre os estudos apresentados na área
Dois estudos desenvolvidos por
docentes do Departamento de Matemática, apresentados no Cobenge, fazem
parte do programa Forma Engenharia,
organizado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e que envolveu vários
docentes do Centro Universitário FEI.
No trabalho ‘Despertando o Interesse
pela Engenharia: o Ensino do Desenho
Geométrico no Ensino Médio, com a
Utilização de Software’, os professores
Armando Pereira Loreto Junior e João
8
José Rosa Junior desenvolveram uma
experiência pedagógica em uma escola
de ensino médio na cidade de Santos,
litoral de São Paulo, com participação
de alunos como multiplicadores. “O Desenho Geométrico é fundamental para
uma boa aprendizagem da Geometria
e, sem essa disciplina, os alunos não são
estimulados suficientemente para trabalhar com a visão espacial”, acentuam
os docentes.
Com o título ‘Contribuição da Matemática no Ensino Médio para Despertar
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
o Interesse pela Graduação em Engenharia’, o professor doutor Custódio Thomaz
Kerry Martins coordenou um projeto em
que foi construída uma relação de aproximadamente 50 problemas de aplicação
de recursos de Matemática do ensino
médio e fundamental em cenários que
pudessem ser relacionados a situações de
trabalho de Engenharia. Os problemas
foram coletados por meio de material
didático de uma escola de ensino médio,
de avaliações ou de concursos, além de
receber contribuições de engenheiros.
Destaques
O Padre José Tolentino Mendonça (2º à esq.) foi o professor convidado no campus São Paulo
Cultura e fé em debate
Aula inaugural aborda a
mesa como privilegiado
espaço de partilha de ideias
e de tomada de decisões
P
resente na casa e no cotidiano
de todas as pessoas, a mesa
pode ter uma simbologia muito
maior do que ser simplesmente
um mobiliário. Considerada um lugar de
construção do cristianismo, a mesa foi
destaque na aula inaugural do ensaísta,
poeta e especialista em estudos bíblicos
Padre José Tolentino Mendonça, professor doutor da Universidade Católica de
Portugal, realizada no início do semestre
letivo do curso de Administração no
campus São Paulo, em agosto. Com o
tema ‘Fé e Cultura: o Diálogo com as Interrogações do Presente’, a apresentação
reuniu educadores e alunos do Centro
Universitário FEI.
O professor convidado mostrou que,
ao redor da mesa, é possível partilhar có-
digos simbólicos fundamentais e adquirir
cultura. “É na mesa e durante as refeições
que as famílias se encontram – mesmo
que sejam momentos raros hoje em dia
–, que os empresários discutem os negócios e que os amigos se divertem. Na
mesa há a alimentação da palavra, é um
momento cultural”, enfatiza. O ensaísta
lembra como é difícil comer na frente de
um estranho na mesma mesa por ser um
dispositivo de comunicação, tanto nos
dias atuais como no tempo de Jesus.
De acordo com o Evangelho de Lucas,
os fariseus tinham simpatia por Jesus e o
convidaram para comer à mesa, em uma
época na qual apenas os puros e perfeitos
poderiam fazer isso. No entanto, três atos
feitos pelo convidado mostravam que a
mesa deveria ser um local de acolhimento.
Primeiramente, uma mulher pecadora
toca em Jesus, chora e é perdoada por
estar arrependida do pecado – Maria
Madalena; depois, Jesus convida um
pobre para sentar-se junto a ele e, em um
terceiro momento, cura um doente que é
considerado impuro.
Segundo o Padre José Tolentino Mendonça, Jesus estabeleceu uma nova cultura a partir do momento em que aceitava
que qualquer homem poderia sentar-se
à sua mesa. “A questão é complicada e a
mais forte pela qual foi sacrificado: por
pensar e praticar uma mesa igualitária
para todos. A mesa é uma máquina de
construir pensamentos e cultura. E herdamos um estilo na medida em que nos
alimentamos de Jesus, por meio da hospitalidade, do acolhimento e do amor. Em
uma mesa, o diálogo está sempre aberto”,
complementa o ensaísta.
Após a palestra, o professor lançou
o livro ‘A leitura infinita – A bíblia e a sua
interpretação’, que aproxima o leitor do
mistério da leitura dos textos pertencentes às Sagradas Escrituras, destacando
uma série de elementos que caracterizam
as tradições bíblicas: a qualidade poética,
a linguagem metafórica, a capacidade de
fazer uma leitura da pessoa humana e do
mundo e o impulso de silenciar o homem,
levando este último à contemplação do
mistério e ao encontro com Deus.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
9
Destaques
A invasão dos robôs na
Professora doutora Esther Luna Colombini
FEI é protagonista no
crescimento do número
de estudantes na Olimpíada
Brasileira de Robótica
A
robótica e a automação são
consideradas áreas estratégicas
para o desenvolvimento do Brasil e precisam cada vez mais de
recursos humanos. Esta realidade incentivou a criação, em 2007, de uma competição
destinada a alunos do ensino fundamental
e médio que, devido à importância para
o desenvolvimento do País, passou a receber o apoio do governo federal a partir
de 2008. Para despertar e estimular o
interesse pela robótica e promover os
conhecimentos básicos sobre o tema de
forma lúdica, a Olimpíada Brasileira de
Robótica (OBR) foi criada como parte de
uma iniciativa de pesquisadores na área
10
de robótica de diversas instituições. Além
do Centro Univer­­si­­­­­tá­rio­­ FEI, que possui
importante expertise na área em nível
nacional e é a Instituição coordenadora da
competição desde 2013 – com gestão até
2016 –, fazem parte do grupo o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), a Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (UNESP), a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
e a Universidade Federal de Rio Grande
(FURG) que atuam de forma conjunta para
difusão da robótica na sociedade brasileira. Atualmente, a coordenação está sob a
responsabilidade­da professora doutora
Esther Luna Co­lom­­bini, do Departamento
de Engenharia Elétrica da FEI.
A Olimpíada Brasileira de Robótica
é composta de provas teórica e prática
realizadas em todo o Brasil, que utilizam
o conhecimento em robótica como temática. Na modalidade teórica, os estudantes
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
respondem as questões de uma prova
escrita preparada por uma comissão de
professores da OBR, realizada em uma
única fase e simultânea em todas as escolas participantes do País. Na modalidade
prática, os alunos utilizam kits de robótica
ou componentes eletrônicos em geral para
construção de robôs e devem cumprir o
desafio de construir e programar um robô
que desempenhe uma função de resgate
em um ambiente de desastre simulado,
seguindo algumas regras específicas. O
campeão garante vaga na competição
internacional RoboCup, na categoria RoboCup Junior Rescue.
“A robótica tende a se tornar uma das
10 maiores áreas de pesquisa na próxima
década, mas o Brasil ainda tem se situado
de forma marginal neste segmento, o
que pode levar o País a perder um fator
potencial para a geração de empregos,
técnicas, tecnologias e produtos devido,
principalmente, à falta de incentivo para a
OBR EM NUMEROS
educação
formação de recursos humanos”, afirma o
professor doutor Flavio Tonidandel, chefe
do Departamento de Ciência da Computação da FEI e coordenador geral da OBR
entre 2013 e 2014. O docente acentua
que a OBR passou por uma reestruturação
das representações estaduais, que agora
contam com professores doutores de universidades locais e com uma nova organização geral, com manuais, apostilas, vídeos
explicativos e orientações que permitiram
melhor entendimento e visibilidade ao
evento, além de aumentar o número de
participantes na modalidade prática.
Com isso, a competição viu o número
de equipes saltar de 300, em 2012, para
800 em 2013. O crescimento continuou
em 2014, com 1,8 mil equipes e mais de
68 mil estudantes inscritos na categoria
teórica, o que transformou a OBR em uma
das maiores olimpíadas científicas do País.
“Com a RoboCup realizada no Brasil em
2014, em João Pessoa, na Paraíba, a visibilidade e o interesse aumentaram ainda
Ano
inscritos na
modalidade teórica
equipes na
modalidade prática
2015
93.000
2.533
2014
68.360
1.796
2013
51.147
828
2012
28.149
315
2011
23.670
430
2010
29.350
510
mais. Com isso, em 2015 atingimos 2,5
mil equipes, sendo 555 só em São Paulo”,
comemora o professor, que é membro do
Conselho Superior da OBR e representante
estadual da competição. A edição 2015
teve 91,5 mil participantes de todos os
estados brasileiros, atingindo 42% dos
municípios, com crescimento de 35% em
relação ao ano anterior.
Representatividade
A modalidade prática da OBR tem a
região Nordeste como a mais representativa, com 1.140 times, seguida pelo Sudeste
com 793 e pelo Sul com 268 equipes. Entre
os estados com maior representatividade
estão São Paulo, com 555 grupos; Paraíba
com 335; Pernambuco com 260 e Rio
Grande do Norte com 200. “O Ceará é o
Estado com maior participação na categoria teórica. Essa participação expressiva do
Nordeste é fruto do investimento de políticas públicas que ocorrem na região em relação à robótica no ensino básico”, justifica
a professora Esther Luna Colombini.­Além
do recorde de público, os organizadores
também destacam a qualidade das provas
e o crescimento do despertar pela área de
Ciências voltadas para a Engenharia.
Na última pesquisa, 57% dos alunos
disseram que a OBR ajudou a definir a carreira e 99% dos que já participaram e fazem
faculdade estão matriculados em alguma
área da Engenharia. Os coor­denadores
também afirmam que a multidisciplinaridade do evento desperta o interesse e a
capacitação para o trabalho em grupo e a
proatividade nos participantes. Neste ano,
a prova teórica ocorreu em 21 de agosto e a
modalidade prática está na fase regional e
estadual. A etapa nacional vai ser realizada
entre 28 de outubro e 1º de novembro
em Uberlândia, Minas Gerais, com 84
equipes dos níveis fundamental e médio.
O campeão de cada nível vai representar o
Brasil na categoria RoboCup Junior Rescue
Line, da RoboCup 2016, que acontecerá na
Alemanha.
Copa internacional reúne os melhores
A FEI participou novamente da mais importante competição de robótica do mundo, a
RoboCup, realizada na China, em julho. A Instituição foi representada nas categorias Small
Size e Humanoide Kid Size, compostas por alunos de graduação, mestrado e doutorado. Na
categoria Small Size, a FEI participa pela sétima
vez da RoboCup e coleciona títulos em competições nacionais e internacionais. O humanoide já
participou da competição nacional duas vezes,
mas, neste ano, estreou em solo internacional.
Embora a Instituição não tenha garantido
nenhum título na edição 2015, a participação
neste grande evento científico é considerada
muito importante, porque permite que estudantes, pesquisadores e especialistas compartilhem informações. “Disseminar a pesquisa é
um dos objetivos da competição, por isso, todos
os projetos ficam disponíveis aos participantes,
que também tiram dúvidas entre si”, acrescenta
o professor Flavio Tonidandel.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
11
Destaques
FEI ganha prêmio com protótipo de
O projeto foi destaque no
4º Fórum Mundial PACE
da General Motors, realizado
pela primeira vez no Brasil
A
nualmente, inúmeras instituições de ensino de Engenharia participam do Fórum
Partners­for the Advancement
of Collaborative Engineering Education
– Parceiros pelo Avanço da Educação da
Engenharia (PACE), programa mundial
liderado pela General Motors (GM) para
o desenvolvimento da educação de Engenharia Automotiva. Neste ano, o fórum foi
realizado pela primeira vez no Brasil, em
julho, e reuniu 350 alunos e professores
de importantes escolas de Design e Engenharia do mundo, entre elas o Centro
Universitário FEI, que participou pela
primeira vez e foi premiado pela inovação
e pelo desenvolvimento do veículo REVO.
O projeto foi vice-campeão na categoria
Engenharia, terceiro colocado na categoria
Manufatura e premiado com o exclusivo
PLM Software, oferecido pela empresa
Siemens como reconhecimento ao melhor
desenho utilizando o software NX.
O REVO foi desenvolvido por estudantes de Engenharia Mecânica, de
Produção e Civil do Centro Universitário,
em parceria com alunos da Universidade
Iberoamericana (ITESM), da Universidade de Toluca, ambas no México, da
Universidade de Porto Rico e
do College for Creative
Studies, nos Estados
Unidos. O desafio
dos estudantes
era construir um
veículo urbano
direcionado para
as megacidades do
futuro e que fosse utilizado tanto para
12
o transporte de cargas quanto de pessoas,
além de atender às diferentes demandas
de mobilidade, inclusive com a possibilidade de uso compartilhado. O veículo
criado pelos alunos tem um mecanismo
de alteração do volume interno e permite
expandir a cabine e reconfigurar de acordo
com a quantidade de passageiros ou de
cargas transportados.
Um aplicativo para dispositivos móveis avisa o local de retirada mais próximo
do usuário, as rotas e se há alguém interessado em compartilhar o uso e dividir
despesas durante o trajeto. “O grande
diferencial do projeto da FEI é o foco na
mobilidade, e os alunos tentaram criar
uma opção mais versátil do que as convencionais, que fosse menor, reconfigurável e
pudesse ser compartilhada. As responsabilidades foram compartilhadas entre as
escolas participantes”, afirma o professor
doutor Roberto Bortolussi, chefe do De­
par­tamento de Engenharia Mecânica e
orientador do projeto, que também
teve participação do professor Ricardo Bock,
na orientação do
grupo.
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
Professor doutor Roberto Bortolussi: diferencial
Os alunos da FEI realizaram estudo de
viabilidade, custo e processo de fabricação, e desenvolveram plano de negócios
com pesquisa de mercado e manufatura,
além de participarem da construção do
protótipo, esculpido à mão em placas
de poliuretano
e apresentado em escala
1:3.
veículo inovador
Alunos envolvidos com o projeto do carro REVO comemoram premiação
“Trabalhamos duro e tivemos nosso esforço reconhecido.
Estamos muito felizes com o resultado”, comemora a aluna de
Engenharia Mecânica, Ana Lúcia Cox, que é a diretora da equipe
da FEI. Para o professor Roberto Bortolussi, participar pela primeira vez e já ser premiado é muito representativo, pois amplia
o processo de internacionalização da Instituição e permite aos
alunos interagirem e conviverem com multiculturas. Além disso,
abre possibilidades para novos desafios e permite que a FEI se
alinhe com escolas de Engenharia de outros países. A segunda fase
do projeto consiste na construção do carro, que será apresentado
em julho de 2016 em Cincinatti, nos Estados Unidos. Com o tema
‘Rethinking Mobility’ (Repensando a Mobilidade), a 4ª edição do
fórum incluiu palestras de executivos da GM e de empresas patrocinadoras do PACE, que ofereceram treinamento de software
específico aos interessados.
Evento científico na área têxtil
Há três anos, a Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil,
Confecção e Moda (ABTT) criou o Congresso Científico Têxtil
e de Moda (Contexmod) com o objetivo de compartilhar as
pesquisas científicas acadêmicas relacionadas com a cadeia
produtiva têxtil e da moda. O encontro une diferentes profissionais do segmento têxtil e é uma oportunidade de as instituições de ensino demonstrarem seus estudos na área. O Centro
Universitário FEI, que tem o curso pioneiro de Engenharia Têxtil
do Brasil, atua de forma intensa no congresso e, neste ano, foi
apoiador e coordenador do Comitê Científico de Tecnologia.
O 3º Contexmod foi realizado em agosto, em Fortaleza,
Ceará, e teve apresentações orais de trabalhos de pesquisa
científica e tecnológica relacionados com os temas Tecnologia
Têxtil, Moda e Gestão da Cadeia Têxtil e de Confecção. Cerca de
80 trabalhos de todo o País foram inscritos e 44 foram selecionados e apresentados para, posteriormente, serem publicados
na Revista ABTT, veículo em formato eletrônico com publicações científicas. A professora doutora do Departamento de Engenharia Têxtil da FEI, Camilla Borelli, coordenadora do Comitê
Científico de Tecnologia do congresso, afirma que o evento
é uma grande oportunidade de discutir temas importantes e
saber o que está sendo feito no País.
“A participação da FEI no Contexmod é muito importante,
por ser pioneira no ensino na área têxtil e referência em tecnologia”, enfatiza, ao lembrar que, no evento, é possível criar uma
rede de colaboração e firmar parcerias com pesquisadores de
outras instituições para alavancar a tecnologia nacional. O congresso da ABTT também teve a parceria do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) e da Escola de Artes, Ciências
e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP).
Valor agregado
O PACE envolve várias instituições de Engenharia e Desenho
Industrial e gera incentivos entre empresas de software e escolas
para que utilizem programas que a GM usa nas fábricas. “A maior
parte desses programas já é tecnicamente consagrada e bastante
utilizada, inclusive na FEI, com exceção do CAD High Level, que
a montadora utiliza e foi instalado na Instituição para ser usado
por todas as modalidades da Engenharia”, informa o professor
Roberto Bortolussi. Em setembro de 2012, a FEI e a GM firmaram parceria para a inclusão da Instituição no PACE e, com isso,
três laboratórios foram equipados com modernos software para
desenho técnico no campus São Bernardo do Campo. O programa
já beneficiou mais de mil estudantes de Engenharia Mecânica e de
Produção, com treinamentos e aulas nos laboratórios.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
13
Destaques
Novas formas de avalia
Processo de ensino e
aprendizagem precisa
testar o conhecimento
dos estudantes
A
avaliação dos alunos sempre foi
um dos pilares do processo de
ensino e aprendizagem, pois
está relacionada às finalidades
básicas da educação superior, às concepções de currículo vigentes, à pedagogia
assumida pela instituição de ensino e
ao desdobramento desses fundamentos
na seleção de métodos e recursos para o
trabalho em sala de aula. No entanto, em
tempos de globalização da informação e
de tecnologia ao alcance de todos, de inovação nos processos universitários e de
necessidades prioritárias de transformação social, este processo avaliativo deve
deixar de lado reproduções mecânicas
e padronizadas do conhecimento e ter
permanente preocupação em fortalecer
a educação pautada na diversidade dos
estudantes e seus diferentes tipos de
formação e aprendizado. Por ter uma
constante preocupação com essa questão,
o tema foi discutido durante a Semana
de Qualidade no Ensino, na Pesquisa e
Extensão do Centro Universitário FEI,
no início do segundo semestre letivo,
em agosto. Ao longo das apresentações,
especialistas convidados e docentes mostraram os novos caminhos adotados para
a avaliação.
Para o professor doutor Fábio do
Prado,­reitor da Instituição, a problemática trazida à discussão é bastante
complexa e exige a disposição de todos
os docentes em buscar formas de valorizar novas atitudes e comportamentos e,
consequentemente, criar um ambiente
saudável de aprendizagem ativa. Este
processo também pode ser exercido por
meio de uma análise crítica do insucesso,
ao invés de reduzir a avaliação a medidas
isoladas e pontuais, sem oferecer oportunidade de revisão de rumos e em um
tempo adequado. “O desafio é grande
quando pensamos em um contexto de
educação em massa, mas é extremamente
compensador quando refletimos os seus
possíveis benefícios e avanços justamen-
Professora doutora Cristina Zukowsky Tavares
te para essa problemática. Este é o propósito deste debate: olharmos o futuro
sob novas perspectivas, sair da condição
de conforto e buscar novas soluções,
algumas vezes para velhos e conhecidos
problemas ainda não enfrentados com a
devida ousadia”, acentua.
Novas for mas de di álo go são
necessárias­para que o aprendizado se
concretize plenamente e esteja alinhado
ao novo perfil dos estudantes, sem esque-
Professores e
colaboradores da
FEI participaram
da Semana da
Qualidade
14
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
ção no ensino superior
cer a qualidade do ensino. As mudanças
no processo de avaliação da aprendizagem no ensino superior também devem
passar pela ressignificação da visão do
homem, do mundo e da educação. “A
reestruturação da avaliação educacional
é parte dos pilares da inovação curricular,
junto com a formação do docente, os cenários educacionais e a gestão”, enfatiza
a professora doutora Cristina Zukowsky
Tavares, pesquisadora em avaliação
educacional e coordenadora do curso
de Pedagogia do Centro Universitário
Adventista de São Paulo (UNASP).
Para a especialista, os caminhos do
ensino e da avaliação não podem ser separados, e diferentes métodos de ensino
demandam diferentes instrumentos de
avaliação. Cabe ao docente escolher o melhor caminho para desenvolver seu plano
de ensino e suas aulas. Se os professores
trabalharem a partir de um conceito de
educação e avaliação mais abrangente poderão seguir planejando aulas mais ativas
por meio da exposição dialogada, seminários, debates, palestras, trabalhos em
campo e utilização de novos ambientes de
aprendizagem por meio das tecnologias
Da esq.: O reitor Fábio do Prado (2º), o arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer (3º),
representantes da reitoria da FEI e o presidente do Centro Universitário, Padre Theodoro Peters (último)
de informação e comunicação. “Os resultados do processo de avaliação da aprendizagem no ensino superior nos trarão
indicadores de habilidades, atitudes e
conhecimentos do aluno. Isso envolve
juízos de qualidade e valor que geram
uma nota, qualificando se o estudante
está apto ou não a prosseguir ou receber
determinada certificação”, orienta.
Dentro das abordagens em avalia-
ção, o professor deve analisar se está
comprometido com a aprendizagem do
aluno e ter clareza do que espera que os
estudantes aprendam. Para isso, precisa
diversificar os instrumentos de avaliação,
estabelecer vínculo de respeito e confiança com a turma, envolver os estudantes
na gestão das aprendizagens e planejar
reorientações individuais e coletivas de
maneira participativa.
Educação católica como referência
O arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer, foi
o convidado da Semana da Qualidade no dia 30 de julho, quando
abordou a universidade nascida no coração da igreja para lembrar
o dia de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus,
comemorado no dia 31 de julho. O religioso citou os 25 anos de
edição da Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae, documento
referência para a Igreja Católica na área da educação, e os 50 anos
do Concílio Vaticano II, conferência que debateu diferentes temas
relacionados à igreja.
Segundo o arcebispo, a educação era responsabilidade da Igreja
no período colonial – por meio dos jesuítas – e, embora hoje seja
diferente, ainda é uma área entendida como missão católica de ensinar com qualidade e como um campo de exercício e espaço para
transmissão da cultura cristã. “A presença do pensamento cristão é
necessária na formação de pessoas com saber e com olhar humano
para assumir as responsabilidades sociais”, acentua. Dom Odilo
Scherer enfatiza, ainda, que além da autonomia institucional para
a liberdade acadêmica, as instituições católicas têm como objetivo
assegurar a presença cristã no mundo, na sociedade, na cultura e
na Ciência, abrindo espaço para o diálogo entre as culturas, a fé e
a razão.
O Padre Theodoro Peters, S.J., presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Saboia de Medeiros (FEI), mantenedora
do Centro Universitário, lembra que a FEI assume sua identidade
católica realizando com vocação a missão da universidade em busca da pesquisa e da verdade para encontrar as melhores soluções.
“É missão de cada um dos professores desenvolver um plano de
estudo e, por meio da disciplina, dar testemunho com valores, verdades, justiça e paz, oferecendo o trato adequado a cada pessoa e
questão”, acrescenta.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
15
Destaques
Os docentes Ricardo Destro, Edson Coutinho, Renato Giacomini, Marcilei A. Guazzelli Silveira e Kurt André Pereira Amann: exemplos concretos
Experiências com bons resultados
Docentes de diferentes áreas de ensino
e pesquisa do Centro Universitário FEI vêm
desenvolvendo formas alternativas e complementares para a avaliação dos alunos,
com resultados considerados promissores.
No ensino da Engenharia, por exemplo, os
professores afirmam que o modelo adotado deve ser baseado no profissional que a
Instituição quer formar e o conhecimento
adquirido deve colaborar para solucionar
problemas micros e macros de toda a
sociedade. Na Administração, uma nova
forma de avaliação induz o aluno a utilizar
diferentes competências desenvolvidas em
sala de aula na elaboração de um trabalho
em grupo.
Um dos exemplos de inovação na Engenharia vem do Departamento de Física.
Para estimular os alunos buscando avaliar
as diferentes competências que um enge­
nheiro deve adquirir em sua formação, a
professora doutora Marcilei A. Guazzelli
Silveira utiliza recursos multimídia e aulas
práticas semanais no laboratório, além
de disponibilizar conteúdo em ambiente
e­-learning. “Após a atividade em sala de aula
é promovida uma discussão em grupo e, ao
16
término do experimento no laboratório,
os alunos elaboram uma síntese sobre o
tema e desenvolvem um projeto sobre o
experimento, finalizando o curso com a
apresentação oral do projeto. A nota final
é a soma de provas, exercícios e a média do
laboratório”, explica.
Para o professor doutor Kurt André
Pereira Amann, chefe do Departamento
de Engenharia Civil, também é preciso
respeitar o tempo de aprendizagem de cada
aluno e mostrar que todos os processos de
aprendizado, assim como as avaliações, são
sacrificantes, mas têm significados. O chefe
do Departamento de Engenharia Elétrica,
professor doutor Renato Giacomini, acredita que para atingir os objetivos do projeto
pedagógico institucional deve-se implicar
o aluno no processo de aprendizado. “O
estudante deve tratar o desconhecido com
naturalidade, participar de problemas em
grupo para o relacionamento social, apresentar e defender seus resultados, tomar
decisões individualmente e negociar em
grupo”, resume.
Como alguns alunos sabem mais do que
apresentam na sala de aula, muitas vezes
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
por não conseguirem se expor ou externar
seus conhecimentos, o professor Ricardo
Destro, do Departamento de Engenharia
Elétrica, apresenta problemas nos quais
é necessário o raciocínio sistêmico. Para o
docente, a prova é um mecanismo efetivo
de avaliação. “No entanto, neste processo
é necessário incentivar a discussão, deixar
os alunos errarem, aproximar o objetivo do
trabalho à realidade do estudante e reduzir
as restrições do projeto de laboratório”,
acentua.
No curso de Administração, uma das
iniciativas é do professor doutor Edson
Coutinho, que utiliza como item de avaliação um trabalho integrador com mapas
conceituais baseado em competências, em
que os próprios estudantes criam o painel
com o mapa e fazem a apresentação. A
escolha dos alunos e a ordem que farão
a apresentação são informadas minutos
antes, assim, todos do grupo devem estar
preparados. “Esse trabalho visa estimular
o raciocínio analítico, crítico e lógico, bem
como a visão de negócios e de mercado,
comunicação, negociação, adaptabilidade
e flexibilidade”, explica.
Destaques
Participação em livro
FEI é a única do Brasil­a
fazer parte de publicação
internacional sobre soluções e
padronização organizacional
O IPEI Infoco foi criado em 2013
pelo Instituto de Pesquisas e Estudos
O
s relatórios­
de susten­ta­­­
bi­l ida­d e­ se
transforma­
ram­e­ m prática comum e essencial
para todas as organizações que procuram uma imagem sustentável,
mas a qualidade
das informações
contidas nestes documentos pode não ser satisfatória e não envolver conteúdo suficiente. Com base nestes
pontos, os professores doutores Hong Yuh
Ching, coordenador do Departamento de
Administração do campus São Bernardo do
Campo, e Fábio Gerab, chefe do Departamento de Matemá­tica, têm desenvolvido
vários estudos sobre o tema no Centro
Universitário FEI. Os resultados de alguns
desses estudos motivaram um convite para
escreverem um capítulo em livro internacional que tem participação de pesquisadores de todo o mundo. Lançada neste
ano, a publicação ‘Organizational Change
and Global Standardization: Solutions
to Standards and Norms Overwhelming
Organizations’ é editada pelo renomado
professor de Administração David M. Boje,
da New Mexico State University (NMSU),
dos Estados Unidos, e possui 16 capítulos
distribuídos em 275 páginas.
A FEI é a única instituição brasileira­
a participar, com o capítulo ‘Disclosure­
of Sustainability Information and the
Evolution to a New Type of Report in a
Tetranormalization­Context’. O texto abor-
IPEI Infoco discute
Internet das Coisas
Os professores Fábio Gerab e Hong Yuh
Ching são os autores do capítulo sobre
relatórios de sustentabilidade nas empresas
da a divulgação do tema sustentabilidade
e o novo tipo de relatório ao longo dos
anos até 2010, citando a abordagem de forma social e ambiental, com uso das normas
ISO 26000 e ISO 14000, respectivamente,
e o fator econômico financeiro, abordando
a padronização das demonstra­ções financeiras e com a proposta de um novo tipo de
relatório que aborda a tetranormalização.
O professor Fábio Gerab conta que o convite foi feito após a apresentação do artigo
‘Sustainability Reports of Brazilian Listed­
Companies: An Exploratory Study’ em um
congresso na França, em 2013, no qual o
desenvolvimento de uma metodologia de
análise quali-quantitativa do conteúdo dos
relatórios de sustentabilidade permitiu
a sua avaliação com bases estatísticas.
Desde então, o estudo foi ganhando mais
informações para se encaixar no contexto­
das normas globais de padronização com
foco na tetranormali­zação. “Agora, esta­
mos trabalhando na publicação de um ter­
ceiro artigo, chamado ‘An Analysis of the
Sustainability Reports of Brazilian Listed
Companies’, apresentado recentemente
no 75th Annual Meeting of Academy of
Management, em Vancouver, no Canadá,
importante evento que reuniu 10 mil participantes”, diz o professor Hong Yuh Ching.
Industriais (IPEI), vinculado ao Centro
Universitário FEI, com objetivo de ser
um espaço de discussão de assuntos ligados à inovação, além de ser um fórum
aberto para análise das questões relacionadas aos modelos de cooperação
entre universidade e empresas, editais
e sistema público de fomento, entre outros. Como parte das comemorações de
40 anos do IPEI, a 11ª edição do evento,
realizada em 10 de setembro, ocorreu
pela primeira vez no campus São Paulo.
Com o tema ‘Conceitos Fundamentais da IoT, seus Desafios e Oportunidades’, especialistas trataram sobre
Internet das Coisas (IoT, na sigla em
inglês), com palestra ministrada pelo
engenheiro Gabriel Marão, ex-aluno
da FEI formado há 44 anos e um dos
fundadores do Fórum Brasileiro de
IoT. Também foi realizada exposição
de painéis contando a história do IPEI
ao longo dos anos. Na apresentação, o
engenheiro Gabriel Marão apresentou
fundamentos de Internet das Coisas
e casos em que o conceito tem sido
utilizado de forma prática, como o uso
em iluminação pública e em redes de
produção, distribuição e consumo de
energia (smart grids).
Além disso, foram abordadas questões sensíveis relativas ao tema, como
a segurança de dispositivos e informações, e a consequente importância de a
sociedade como um todo participar dessa discussão. O professor doutor Vagner
Bernal Barbeta, diretor do IPEI, conta
que mais de 100 pessoas estiveram
no evento, entre alunos de graduação,
pós-graduação, docentes e convidados.
“Devido ao forte interesse e como parte
do trabalho de disseminação da cultura
de inovação, o IPEI Infoco passará a ser
realizado no campus São Paulo ao menos duas vezes ao ano”, adianta.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
17
Destaques
Turmas se reúnem décadas depois da
Três reencontros foram
realizados com ex-alunos
de Engenharia de 1979,
1980, 1981, 1985 e 2010
A
possibilidade de reencontrar
colegas de faculdade após décadas de distância e revivenciar
emoções que estavam guardadas, e até mesmo esquecidas, é algo cada
vez mais frequente entre os ex-alunos da
FEI, que se reúnem periodicamente em
agradáveis encontros. Nos últimos meses,
três desses encontros foram realizados
com formandos dos cursos de Engenharia
dos anos de 1979, 1980, 1981, 1985 e
2010. Em agosto, dois eventos reuniram
turmas com mais de 30 anos de graduação.
Formandos dos cursos de Engenharia
Mecânica, Eletrônica e Eletroeletrônica
de 1979, 1980 e 1981 realizaram um
grande reencontro com cerca de 120 pessoas, entre ex-alunos e familiares, em um
restaurante. O encontro ocorreu apenas
seis meses após a ideia inicial de reunir os
engenheiros, graças aos contatos antigos e
à internet, que permitiu a troca de e-mails
e a busca dos colegas em redes sociais.
Álvaro Airton Wagner Silva, formado
em Engenharia Mecânica Plena em 1979 e
um dos organizadores do encontro – junto
com Flavio Cappelletti e Adolfo Costa –,
lembra que a organização da visita à FEI,
no dia 21 de agosto, e do encontro, dia
22, foram muito facilitados, porque hoje
é possível manter contato pelas redes
sociais, ao contrário de décadas passadas,
quando era bem mais difícil acompanhar a
vida profissional dos colegas e até mesmo
a manutenção das amizades.
Durante o evento, histórias de professo­
res, momentos alegres, superação de dificuldades daquela época, atividades realizadas internamente e o perfil dos alunos
Engenheiros de 1979, 1980 e 1981: encontro reuniu mais de 120 em restaurante
Formandos de 2010 voltam ao campus São Bernardo
Com as redes sociais ficou mais fácil manter
contato com amigos, familiares e pessoas que moram longe. Mas, mesmo com a tecnologia ao alcance de todos, marcar um encontro para conversar
pessoalmente ainda é a melhor maneira de manter
os laços de amizade. Por isso, os formandos de
Engenharia Química de 2010 realizaram, em julho,
um encontro no campus São Bernardo do Campo
com ex-alunos e familiares, que permitiu relembrar
as melhores histórias vividas durante a graduação e
saber como está a carreira profissional de cada um.
Muitos não se encontravam desde a formatura
e, com o sucesso do reencontro, a ideia é que
ocorram mais reuniões em intervalos menores de
tempo. Embora alguns integrantes mantenham
contato mais próximo, os ex-alunos de Engenharia
Química de 2010 esperavam a oportunidade de
encontrar todos os colegas novamente e, dos 21
18
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
formandos, 13 compareceram. Como alguns moram no litoral e no interior de São Paulo, a organização levou cerca de seis meses para acertar o local
e a data, e contou com a ajuda de uma rede social
que permitiu maior interação e acompanhamento
das etapas. Segundo Anderson Tadeu Silva Ramos,
organizador do encontro, havia a dificuldade de
achar um espaço que fosse neutro e que todos
conhecessem, até que ficou sabendo que o Centro
Universitário apoiava os reencontros dos ex-alunos
e disponibilizava um local com churrasqueira.
“Tivemos todo o suporte necessário do Departamento de Comunicação e Marketing e, com isso,
conseguimos adiantar a data. Gostamos muito da
recepção da Instituição, com faixa e brindes”, conta
o engenheiro químico.
Embora a formatura tenha acontecido há menos de cinco anos, alguns alunos não se viam desde
Destaques
formatura
foram relembrados com a ajuda de fotos,
cadernos, livros e até mesmo de um carnê
de pagamento da primeira mensalidade,
materias levados pelos convidados. “Muitos colegas não se viam desde a formatura,
o que gerou muita emoção. Reencontrei até
mesmo um colega que foi meu padrinho de
casamento e com quem eu tinha perdido
contato. Embora ele não tenha participado
por estar morando nos Estados Unidos, foi
muito bacana ter notícias dele”, comemora.
Além do resgate da história das turmas,
os reencontros permitem saber como está a
carreira de cada um, descobrir quem mora
no exterior ou viaja pelo mundo a trabalho,
quem é dono do próprio negócio e mudou
totalmente de área e aqueles que se dedicam à carreira acadêmica. “A reunião acabou tendo também um caráter profissional,
uma vez que muitos colegas estão na área, o
que permitiu aumentar nosso networking”,
pontua o engenheiro mecânico Alvaro
Camargo Prado, da turma de 1980, que é
docente do Departamento de Engenharia
Mecânica da FEI há 25 anos e, durante o
encontro, ficou surpreso ao descobrir que
lecionou para filhos de colegas de classe.
Grupo de Engenharia Química de 1985 foi com familiares ao campus São Bernardo do Campo
Familiar
A turma de Engenharia Química de
1985 teve a oportunidade de se reunir aos
25 anos de formatura, em 2010, mas o
encontro aconteceu em um restaurante e
houve pouca interação. Quando a ex-aluna
Maria Adelina Pereira viu, em uma edição
da revista Domínio FEI, que era possível fazer o encontro no campus São Bernardo do
Campo, acionou a turma para uma reunião
em agosto no espaço onde viveram por cerca de cinco anos. “Desde o encontro de 25
anos várias interações surgiram entre os colegas profissionalmente e isso reaproximou
amizades eternas, mas, com o encontro
de 30 anos, a alegria foi bem intensa, pois
temos agora também a história de nossos
filhos na faculdade, nossos acertos e erros
de carreira, enfim, foram deliciosas horas
de convivência e recordações”, enfatiza a
engenheira química, organizadora do reen-
então e estavam ansiosos com a oportunidade
do reencontro. “Valeu muito a pena participar.
Éramos uma turma muito unida na graduação,
e é interessante ver como, em tão pouco tempo,
mudam as perspectivas em relação à vida e à
profissão. Foi divertido ver também como as
aparências mudaram nesses poucos anos que se
passaram”, afirma a ex-­aluna Ramires Menezes
da Silva Araújo, que atua como engenheira de
processos.
O ex-aluno Marcelo Sartori Ferreira, que
atualmente exerce o cargo de engenheiro de
administração contratual, ressalta que, depois de
tantos anos, havia muito assunto para ser compartilhado com os colegas de turma. “Além de relembrar os bons e maus momentos na graduação
e saber como todos estão, esse tipo de encontro
é importante para aumentar nosso networking,
contro. A turma também levou objetos da
época da graduação, como fotos, camisetas,
lista de exercícios e até mesmo a prova do
vestibular que fizeram.
Além de retornar ao passado com as
histórias e lembranças, os 17 ex-alunos e
seus familiares foram recebidos pelo reitor
da FEI, professor doutor Fábio do Prado,
que passou números sobre o crescimento
da Instituição, alunos e prédios. Os feianos
também realizaram uma visita pelo campus
e viram a transformação dos laboratórios
antigos, que representaram muito na sua
formação de engenheiros químicos. “Fiquei
admirado pela infraestrutura de primeiro
mundo; dá vontade de voltar a estudar.
Rever o espaço da FEI e reencontrar os
amigos resultou em uma experiência diferente, com carga emotiva muito forte”,
complementa o ex-aluno José Gregório
Fonzaghi Mazzucco.
já que agora somos profissionais e atuamos no
mercado de trabalho”, complementa.
Para relembrar as festas realizadas entre
os estudantes na época da graduação, como
amigo secreto e churrascos, o organizador do
encontro levou um computador com centenas
de fotos que contam muitos momentos de convivência. As viagens acadêmicas também estão
registradas, como o torneio esportivo universitário Engenharíadas 2010, que aconteceu em
Rio Claro, interior de São Paulo, e o Congresso
Nacional dos Estudantes de Engenharia Química
2009 (Coneeq), realizado em Florianópolis, Santa
Catarina. Com o sucesso do reencontro, a ideia é
fazer um novo churrasco, ainda neste ano, para
que dois ex-alunos da turma, que estão morando
na França e nos Estados Unidos, também possam
fazer parte.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
19
Destaques
Rede de inovação tecno
NIT da FEI é um dos únicos
de instituição privada a fazer
parte da INOVA São Paulo
E
ntre as regras estabelecidas pela
Lei de Inovação Tecnológica,
edi­tada pelo governo federal em
2004, está a obrigatoriedade de
todas as universidades públicas brasileiras
terem um Núcleo de Inovação Tecnológica
(NIT). Esses núcleos têm como função
proteger a propriedade intelectual da instituição de ensino e de seus pesquisadores,
fomentar a cultura da inovação e aproximar
a universidade do setor produtivo por meio
da transferência de tecnologia. Além de
cuidar do patrimônio intelectual, o NIT
acompanha os trâmites legais e avalia se
a inovação pode ser patenteada e se vale a
pena pedir a patente e, em uma segunda
etapa, é responsável pela busca de interessados em desenvolver comercialmente a
nova tecnologia.
Embora seja opcional às instituições
Professor doutor Vagner Bernal Barbeta: incentivo
20
particulares, o Centro Universitário FEI
acaba de lançar seu Núcleo de Inovação
Tecnológica. O NIT do Centro Universitário recebeu a denominação de Agência
FEI de Inovação (AGFEI) e foi criado em
agosto deste ano. No entanto, desde 2013
a Instituição já desenvolve uma série de
atividades atribuídas ao núcleo de inovação
por meio do seu Instituto de Pesquisas
e Estudos Industriais (IPEI), que teve,
inclusive, um projeto selecionado para
receber recursos do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no fim do ano passado, para
implantar uma estrutura interna de NIT.
“Com o NIT, as possibilidades de parcerias com empresas aumentam muito”,
assegura o diretor do IPEI, professor
doutor Vagner Bernal Barbeta. Entre as
responsabilidades do NIT da FEI também
estão buscar oportunidades para os pesquisadores em editais de órgãos de fomento
e empresas públicas e privadas, e abrir
oportunidades de sinergia entre a Instituição e as empresas. A AGFEI terá como
função, ainda, dar apoio aos pesquisadores
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
na submissão de propostas, contratação,
execução e prestação de contas de projetos com empresas e órgãos de fomento,
assim como na preparação de documentos
necessários e intermediação entre os responsáveis por aprovações de projetos e o
Centro Universitário.
INOVA São Paulo
A recém-criada AGFEI nasce inserida
no sistema de inovação do Estado, já participando da rede INOVA São Paulo, que
funciona como um canal para congregar
esforços para o fortalecimento das iniciativas que visem a proteção da propriedade
intelectual, padronização de procedimentos e formatação de políticas para a
comercialização de tecnologias geradas
pelas instituições de ensino e pesquisa.
A FEI é a segunda instituição de ensino
privado a fazer parte desa rede. Em julho
istockphoto.com/ alex-mit
Andrew Hobbs (Melbourne)
lógica
deste ano, o Centro Univesitário também
foi recomendado, juntamente com outras
21 instituições, para fazer parte da Rede
Paulista de Núcleos de Inovação Tecnológica (RPNIT). Criada por uma lei estadual
de 2014 voltada a instituir e regulamentar
o Sistema Paulista de Ambientes de Inovação, a RPNIT reúne diversos NITs do
Estado e busca congregar esforços para o
fortalecimento das ações dos NITs paulistas. Segundo o professor doutor Fábio do
Prado, reitor do Centro Universitário, fazer
parte dessas redes de inovação qualifica a
FEI a participar de fóruns de discussão com
as maiores universidades paulistas. Essas
instituições, especialmente as públicas,
alavancam o desenvolvimento tecnológico
e a inovação. “Essa participação é de grande
importância, porque nos dá visibilidade
e fortalece as nossas ações para a consolidação da política de investimentos em
ciência e tecnologia. Por meio dessas redes
os nossos pesquisadores vão aprender e
também levar referências a outros cientistas”, afirma.
FEI participa da FIUC
A cada três anos, a Federação Internacional das Universidades Católicas
(FIUC) realiza uma Assembleia Geral
com reitores de instituições de ensino
e delegados da entidade, com objetivo
de discutir uma agenda de interesses
da educação católica no mundo. A
última edição do encontro, realizada
na Universidade Católica da Austrália
na cidade de Melbourne, entre os dias
13 e 17 de julho, teve como tema ‘Os
tempos mudam. Os valores permanecem’, e deu a oportunidade de os educadores discutirem a ética no ensino
e na pesquisa, a interdisciplinaridade
dos programas, a internacionalização
dos currículos, as novas tecnologias e o
novo perfil da juventude, entre outros
assuntos.
O reitor do Centro Universitário
FEI, professor doutor Fábio do Prado, que representou a Instituição na
Assembleia, afirma que as discussões
com um grupo de espectro social e
cultural tão heterogêneo permite uma
reflexão mais ampla do ensino e agrega
referências importantes a respeito
dessas diversas éticas. “O encontro
é uma referência para analisarmos e
fazermos uma autorreflexão da educação diante da diversidade cultural.
Regressei para a FEI seguro de que as
temáticas se repetem, mesmo em países e culturas tão diversas”, ressalta,
ao enfatizar que isso permite pensar
em uma abordagem mais coletiva e em
uma política universal para a educação
católica.
Ao final do encontro, a FIUC produziu um documento com algumas
ações a serem tomadas pelos membros
associados, entre as quais assumir o
protagonismo no debate sobre a ética,
elaborar uma plataforma online para
a facilitação da discussão do tema e
fortalecer o diálogo entre Igreja e universidades. “Face às oportunidades e
ameaças da globalização, bem como do
uso em massa das novas tecnologias,
as universidades católicas têm de desenvolver uma política comum eficaz
de cooperação, atenta à diversidade
da cultura e aos diferentes contextos
sociais”, argumenta o reitor.
A 25ª edição da FIUC reuniu 216
representantes e, além das discussões
e debates, reconduziu ao cargo de
presidente o reitor da Universidade
Católica de Pernambuco, Padre Pedro
Rubens de Oliveira S.J., para o mandato 2015-2018. O educador brasileiro
foi eleito para o primeiro mandato
em 2012, quando a FEI sediou a Assembleia Geral da FIUC no campus São
Bernardo do Campo, reunindo 280
representantes de 131 instituições
católicas de educação superior de 45
países dos cinco continentes.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
21
Destaques
Exemplos e perspectivas
Encontro internacional avalia oportunidades
e dificuldades para criar corredores verdes
A
logística de transportes está entre as grandes dificuldades vivenciadas diariamente por empresas de todos
os portes, na maioria dos países. E, no Brasil, com deficiências históricas de infraestrutura, o problema ganha
proporções ainda maiores. A opção de utilizar essencialmente o
transporte rodoviário, aliada à falta de investimentos em ferrovias
e portos que sejam capazes de ajudar no escoamento da produção,
coloca o Brasil entre os países que mais precisam investir em
soluções para oferecer melhores condições para a distribuição de
produtos. Uma das ações que permitiria um ganho de competitividade, com economia de custos e menor emissão de poluentes,
seria o incremento do transporte intermodal utilizando rodovias,
ferrovias e o modal aquaviário de forma integrada. Para discutir
essa possibilidade, especialistas do Brasil e do exterior estiveram
reunidos no Centro Universitário FEI, no dia 15 de setembro.
O encontro, cujo tema foi ‘International Workshop on Green
Corridors: European Experience and Brazilian Perspectives’, teve
como objetivo promover a troca de conhecimentos sobre a implantação de corredores verdes com base na experiência do ‘Super
Green Project’, que começou em 2011 na Europa e se concentra no
desenvolvimento de soluções logísticas e um plano de ação para
a implementação de corredores verdes em 13 países, sob a coordenação da National Technical University of Athens. O professor
doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário, afirma que
é muito importante receber este seminário para discutir um tema
tão atual que reúne especialistas em soluções logísticas e apresenta
as tendências do futuro para o transporte no mundo. “A população
merece projetos inovadores que foquem na economia de energia e
na menor emissão de poluentes, e o mercado necessita de soluções
que permitam aumentar a competitividade”, afirma. A diretora do
Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), que organizou o evento, Alessandra Holmo, lembra que o papel do órgão
é fazer essa articulação entre os dois países, permitindo que as
partes envolvidas trabalhem juntas em prol de soluções eficientes
e projetos inovadores .
O professor doutor Rui Carlos Botter, coordenador do projeto
‘Proposição de Corredor Marítimo Verde para o Brasil’, desenvolvido pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Por-
22
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
Palestrantes e organizadores do encontro realizado no campus São Bernardo
tuária (CILIP) do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI/USP),
CISB e Lindholmen Science Park, de Gotemburgo, na Suécia – com
participação do Centro Universitário FEI, Universidade Federal
do ABC (UFABC) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA) –,
ressalta que o foco do evento foi apresentar problemas e possíveis
soluções. Representante da FEI no projeto do CILIP, o professor
doutor Wilson Hilsdorf acrescenta que, embora o Brasil tenha
muitos problemas a resolver para conseguir implantar o projeto de
corredores verdes, esses desafios configuram oportunidades e, por
isso, acabam sendo um estímulo aos pesquisadores e especialistas
envolvidos no projeto. “Temos muito a fazer, mas, a boa notícia é
que há bons projetos em andamento no Porto de Santos, o principal
do País, e iniciativas inovadoras de empresas, como a Scania, que
nos permitem acreditar que será possível mudar este cenário em
médio prazo”, acredita.
Desafio diário
Com o tema ‘Innovative Inbound Logistics for a Sustainable
Transport’, o engenheiro Fábio Castello, vice-presidente de Logística da Scania para a América Latina, abordou as dificuldades que as
empresas vivenciam diariamente para administrar a distribuição
de seus produtos. “Temos muitos desafios, que envolvem a burocracia e a ineficiência que atinge todos os setores, mas é preciso
enfrentar as dificuldades para melhorar a competitividade”, afirma.
A Scania opera na América Latina com um universo de mais de 32
mil clientes, mais de 150 revendedores, 19 distribuidores e apro-
Destaques
para a sustentabilidade
Expertise europeia como modelo
O consultor sênior da Lindholmen
Science Park, Jerker Sjögren, começou
a trabalhar com o conceito de corredores verdes em 2007 e, desde 2012,
participa do programa CLOSER para
a eficiência do transporte na Europa,
com a oferta de um ambiente de inovação para a colaboração entre indústria,
academia e setor público. O foco do
trabalho envolve a alta capacidade do
transporte, o uso do transporte intermodal e a mobilidade urbana. “Esses
são desafios globais da sociedade”,
enfatiza. O especialista ressalta que
os corredores verdes são soluções
logísticas sustentáveis que envolvem
conceitos de intermodalidade integrada, regulamentos específicos, concentração do tráfego de mercadorias em
rotas de transporte longos, eficientes e
estrategicamente programadas, além
de infraestrutura de suporte e plata-
forma de pesquisa e desenvolvimento.
Atualmente, há nove redes de
corredores em cooperação na comunidade europeia e o maior deles é o
Escandinavo-Mediterrâneo, que envolve sete países membros, 6,3 mil km
de rede, 25 portos, 19 aeroportos, 44
terminais ferroviários e 18 modais urbanos. O consultor concorda que não
é fácil fazer um projeto dessa magnitude, pelas dificuldades de implantação e
regulação, mas considera fundamental
ir nessa direção. “Precisamos definir
como operar esses corredores e buscar as melhores soluções logísticas
para implantá-los. Este desafio tem de
envolver a iniciativa privada, a academia e os governos para sair do papel”,
acentua. O projeto, que deverá custar
7 bilhões de euros, será financiado
meio a meio pelos setores público e
privado.
Soluções envolvem todos os setores
O PhD George Panagakos, da Technical University of Denmark, afirma que
a academia deve desenvolver projetos
e pesquisas que possam ir além dos
papers e que a indústria é fundamental
para a transformação dos modelos de
transporte existentes atualmente.
Qual é a importância deste workshop
no Brasil? A iniciativa é de grande importância. O maior objetivo de nossas
pesquisas é oferecer uma prestação de
serviços à comunidade. No final dos
nossos estudos, vamos precisar de todos,
mas acho que a indústria deve liderar
este esforço. Uma vez que os empresários estejam convencidos de que encontraram novas maneiras de operar na
área de transportes, vão poder colocar
pressão sobre os políticos. No final, todo
mundo tem de trabalhar em conjunto: a
indústria, o governo, a academia e o público em geral. Este conjunto de projetos
e estudos relacionados ao tema apresentados no workshop, tanto por parte
de acadêmicos quanto de especialistas,
demonstra que é possível encontrar
saídas para superar as dificuldades e
consolidar projetos de transporte mais
sustentáveis.
O Brasil tem muitos problemas estruturais para resolver antes de conseguir
implantar corredores verdes. O que o
senhor pensa sobre isso? Na Europa
temos problemas similares aos do Brasil
em muitos países, e é muito importante
buscar soluções conjuntas para conquistar esses objetivos. Certamente é possível. No meu país, a Grécia, por exemplo,
temos problemas semelhantes. Mas
devemos continuar tentando e começar
a partir de pequenos projetos, de projetos-pilotos, para mostrar à comunidade
que podemos fornecer soluções, que
existem soluções. Precisamos convencer
as pessoas de que os resultados das pesquisas acadêmicas podem ser colocados
em prática e não são apenas para se
colocar na estante.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
istockphoto.com/ blackestockphoto
ximadamente 900 fornecedores. Para administrar
a logística de recebimento de materiais nacionais,
um time de profissionais trabalha diariamente
criando as estratégias de rotas e coletas para o dia
seguinte. Com este trabalho, a empresa conseguiu
reduzir o número de viagens em 120 – em um
ano – e economizou 114 mil quilômetros e 131
toneladas de emissão de CO2 no mesmo período.
“Estes resultados demonstram que as iniciativas
dependem das pessoas e da conectividade entre
os fluxos de materiais e informações”, argumenta. A importância da conectividade também foi
destacada pelo responsável pelo Desenvolvimento
Powertrain da Scania Latin America, Häkan Sjödin,
que apresentou as novas tecnologias da montadora
sueca para caminhões, inclusive elétricos.
Newton Narciso Pereira, do CILIP, destacou
a importância de investir nos portos brasileiros
para torná-los mais sustentáveis, inclusive economicamente, e apresentou a certificação AQUA
Port, criada no Brasil em parceria com o CILIP e a
Fundação Vanzolini e cujo objetivo é melhorar a
qualidade dos portos no Brasil, por meio de boas
práticas. O especialista informa que alguns portos
operam com apenas 25% da capacidade e, entre os
desafios, estão melhorar a idade dos caminhões, a
conservação dos navios e a segurança, e diminuir
as filas para carga e descarga. Além disso, o evento
teve apresentações de Rogério de Abreu Menescal,
superintendente de Performance, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (ANTAQ), que abordou
marcos legais e vantagens competitivas da navegação de cabotagem; Edson Dalton, da área de
Transportes e Logística do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que passou informações
sobre investimentos; e Edilson Jun Kina, da Vale –
unidade Carajás, no Norte do Pais, que apresentou
a tecnologia empregada para operar locomotivas
com gás natural e biodiesel à base de óleo de palma,
com importante economia na operação.
23
Destaques
De frente com o exigente
Da esq.: Estudantes visitam estandes do Recruta FEI; grupo da Globo que esteve no evento e o aluno Ronaldo Francisco Junior, que busca o primeiro estágio
Multinacionais apresentam
programas de recrutamento
e seleção em­­busca de
futuros profissionais
N
úmeros recentes do Censo INEP/
MEC apontam que o Brasil tem
mais de 7 milhões de estudantes
matriculados em cursos de graduação. Desses, somente 740 mil aproximadamente estão estagiando – 10,1% do
total –, enquanto 89,9% não conseguem
uma oportunidade de estágio, seja por
opção do próprio estudante em se dedicar exclusivamente aos estudos ou pela
escassa oferta do mercado. Independentemente da situação econômica do País,
o Centro Universitário FEI tem buscado
aproximar cada vez mais seus alunos do
mercado de trabalho com iniciativas que
vão além de um ensino de excelência.
Uma das iniciativas é o Recruta FEI,
evento organizado pela Junior FEI – empresa júnior de consultoria da Instituição – que tem como objetivo aproximar
importantes corporações dos alunos para
que conheçam e participem dos progra-
24
mas de recrutamento das empresas que,
por sua vez, têm a oportunidade de captar
novos talentos. Mirele Filomeno, supervi­
sora de recrutamento para a América do
Sul da Cummins – empresa que esteve no
Recruta FEI –, afirma que a iniciativa é
uma grande oportunidade para que os jovens conheçam melhor cada companhia,
suas áreas de atuação e filosofias. “Para
a Cummins, a FEI é um case de sucesso,
pois muitos dos nossos profissionais
bem-sucedidos vieram da Instituição”,
destaca a executiva da multinacional da
área de motores.
Exclusivo para estudantes da Instituição, o evento é a porta de entrada para
alunos que almejam uma oportunidade de
iniciar a carreira profissional, a exemplo
de Carolina Rauccio, do sexto semestre de
Engenharia de Produção, que se inscreveu
nos programas de recrutamento das empresas que participaram do Recruta FEI
em 2012 e foi chamada para trabalhar na
área de gestão de produtos e serviços do
Banco Itaú. “Estou adorando o estágio.
Tenho desafios constantes que estimulam
meu desenvolvimento profissional, tudo
isso graças ao Recruta FEI, que nos dá
a oportunidade de conhecer melhor as
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
empresas nas quais desejamos atuar”,
comemora.
Entre os muitos alunos que visitaram
a edição deste ano do Recruta FEI em busca da primeira oportunidade de estágio
está Ronaldo Francisco Junior, do terceiro
ciclo de Engenharia Mecânica. Embora
estivesse procurando oportunidades em
montadoras de automóveis, conversando com empresas de outros segmentos
descobriu como o universo de atuação da
Engenharia é amplo. “Essa oportunidade
de ter um tempo exclusivo com diversas
empresas nacionais e multinacionais
foi muito bom, pois abriu meu leque de
opções por estágios e descobri que posso
atuar em diversas áreas e organizações”,
acentua. Mesmo para quem está prestes
a pegar o diploma e já tem experiência
em estágios, como Ane Monique Graci
Alves, o Recruta FEI é uma boa oportu­
nidade para buscar novas e melhores
oportunidades. “É bom para conhecer
outras empresas, como e onde atuam e
o que oferecem em termos de carreira, o
que nos possibilita almejar um up grade
na carreira”, comenta a aluna do oitavo
ciclo de Engenharia Civil, que atualmente
estagia em uma grande construtora.
mercado de trabalho
o outro lado
Em todas as edições do Recruta FEI é
normal encontrar alunos e ex-alunos da
FEI representando empresas expositoras e compartilhando com os visitantes
experiências profissionais. No estande
da Cummins, por exemplo, profissionais
que se formaram na FEI carregavam com
orgulho um adesivo no peito com os
dizeres: ‘Fui FEI. Hoje sou Cummins’,
como forma de mostrar como a Instituição foi importante na conquista de uma
oportunidade na multinacional. A aluna
do sétimo semestre de Administração,
Isabela Coelho dos Santos Oliveira, que
atua na área de Recrutamento e Seleção
da Faurencia – multinacional na área de
peças automotivas – e estava representando a empresa, alerta os alunos sobre
a importância de se especializar cada vez
mais. “Hoje é quase obrigatório o candidato a uma vaga de trabalho ter fluência
em mais de um idioma, principalmente
o inglês. Além disso, o domínio em programas básicos do pacote Office, como
Excel, por exemplo, são considerados um
grande diferencial, pois esses programas
são os mais usados, tanto na Engenharia
como na Administração”, avisa.
Organização profissional realizada por empresa júnior
Totalmente organizado por alunos que fazem parte da Junior FEI, o Recruta FEI é uma oportunidade importante também para os jovens que ajudam na realização do evento. O analista
sênior da Junior FEI, Henrique Prado de Oliveira, destaca que são inúmeras as dificuldades encontradas durante a organização, mas todas se tornam aprendizados importantes. “Temos de
aprender a negociar patrocínios e lidar com situações de última hora – como empresas que desistem de vir –, entre outras adversidades que qualquer profissional encontra no dia a dia, mas
que, para nós, se transformam em aprendizados valiosos. Além disso, exercitamos a comunicação, o trabalho em equipe, a organização, liderança e determinação. É uma experiência riquíssima”, reforça. Por causa dos problemas econômicos que o País tem enfrentado, muitas empresas
estão sendo obrigadas a diminuir o ritmo de contratações, o que poderia ser um problema para
o êxito do evento. Mas, segundo Henrique de Oliveira, todas as metas do Recruta FEI deste ano
foram atingidas. “Estipulamos a meta de 30 empresas, já prevendo a atual situação em que o
mercado se encontra, mas conseguimos trazer 33 organizações que realmente querem os alunos da FEI entre seus colaboradores. Também conseguimos aumentar o número de inscritos nos
programas de recrutamento, com 2,8 mil no total”, comemora. Segundo estimativas da Junior
FEI, mais de 5 mil alunos passaram pelo evento, que também teve uma programação repleta de
palestras informativas ministradas por profissionais de grandes empresas.
O professor
doutor
Fábio do
Prado
(5º­à esq.)
com os
alunos que
compõem a
Junior FEI
Destaque Jovem
Ex-aluno planejou e
conquistou emprego nos
Estados Unidos e é diretor
em empresa do setor jurídico
Arquivo pessoal
Carreira construída fora
F
oco e determinação foram alguns
dos fatores que contribuíram
para que o engenheiro eletricis­ta
Esdras de Oliveira e Silva Fi­lho
ocupasse, aos 32 anos, o cargo de diretor
de Tecnologia da Informação na Centext
Legal Services, uma prestadora de serviços jurídicos com base na Califórnia,
Estados Unidos. Formado em 2006 em
Engenharia Elétrica com ênfase em Computadores pelo Centro­Universitário­FEI,
durante a graduação não fez estágios, pois
se dedicou apenas aos estudos. Contudo,
mesmo antes do fim do curso já buscava
vagas de emprego como engenheiro de
computadores, e o visto para trabalhar
no exterior.
Decidido a realizar seu sonho, meses
antes da formatura o engenheiro passou a
entrar em contato com algumas empresas
norte-americanas do setor jurídico em
busca de emprego. Para ter mais chances
de sucesso, junto com currículo enviava
um projeto particular desenvolvido para
automatizar o download de arquivos de
texto e converter em formato jurídico,
com tecnologia para centralizar recursos
de hardware formando, assim, uma linha
de produção gráfica customizada especificamente para a área de gerenciamento
de processos jurídicos na área pública e de
justiça arbitral. Isso porque, em procedimentos jurídicos nos Estados Unidos, o
recolhimento de provas e testemunhos é
efetuado pela iniciativa privada. “Portanto, existe a necessidade de que empresas
privadas estejam aptas em fornecer serviços como aqueles existentes nos fóruns
26
de Justiça pública brasileiros”, explica
Esdras Silva Filho. Estes servicos incluem
o recolhimento
de testemunhos,
armazenamento
de documentos
e acesso físico e
eletrônico a tais
testemunhos e documentos.
A determinação de trabalhar
no exterior e a ideia do projeto deram
resultado, e o engenheiro conseguiu
iniciar sua tra­jetória profissional em outubro de 2007, aos 24 anos de idade, na
Esquire Solutions, em Atlanta, no Estado
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
da Georgia. A empresa é uma das líderes
de mercado na área de suporte ao setor
jurídico, com presença
física em 15 estados
norte-americanos e
aproximadamente 40
escritórios, além de
ser reconhecida pela
capacidade de atender
às necessidades dos
maiores clientes corporativos da América
do Norte. Inicialmente, o jovem foi contratado como engenheiro de software
para desenvolver e implantar o sistema
operacional interface oferecido.
Com apenas alguns meses no cargo,
“Escolhi a FEI
por ser a melhor
faculdade privada”
do Brasil
Esdras Silva Filho obteve sucesso e entregou a versão beta do software, que
inicialmente integrava-se a uma única
impressora de grande volume. “Com o
conceito provado e aprovado, fui promovido a diretor de Desenvolvimento
de Software e tive um orçamento muito
generoso para desenvolver uma versão do
sistema específico para produção de documentos. A primeira versão do software
foi lançada com sucesso em menos de um
ano, atingindo a meta de 70% mais eficácia na produção de páginas impressas em
variadas mídias, incluindo inúmeras versões digitais e armazenamento online dos
mesmos volumes impressos”, acrescenta. Com a experiência e exposição na área
de tecnologia da informação aplicada ao
gerenciamento, à produção e ao armazenamento de documentos legais e aplicativos jurídicos, o engenheiro foi convidado,
em dezembro de 2011, para estabelecer
uma nova empresa de prestação de serviços de suporte ao ramo jurídico, a Centext
Legal Services, com sede em San Diego,
no Estado da Califórnia. Esta nova empresa tem como foco clientes de alto padrão
que exigem soluções customizadas como
estenógrafos e tradutores juramentados,
além de produção e armazenamento de
documentos e evidências associadas a
procedimentos jurídicos.
Com o convite de emprego, o engenheiro passou a atuar como diretor de
Tecnologia da Informação na empresa,
que hoje já possui sete escritórios físicos
e um virtual na Califórnia e, nos próximos
seis meses, deverá abrir mais dois escritórios físicos, sendo um deles em Las Vegas,
Estado de Nevada. Segundo o ex-aluno,
trabalhando na Centext foi possível estabelecer novos sistemas sem a necessidade
de integrar programas obsoletos e, assim,
hoje atua com um sistema de produção
tão eficaz como o utilizado pela líder de
mercado, com a vantagem de poder ser
customizado para cada cliente.
“Com uma visão de negócios mais
arrojada, implementei na empresa uma
forma mais eficaz de administrar custos
operacionais e terceirização de serviços.
Como diretor de TI, planejo e gerencio
empresas e parceiros comerciais que, por
sua vez, têm a responsabilidade de escalar
os times e as prioridades de acordo com a
minha demanda”, informa. O engenheiro
ressalta que está em uma ótima fase da
carreira e que, embora o cargo que ocupa
não permita galgar novos degraus – por
fazer parte do primeiro escalão –, não tem
planos de buscar um novo emprego ou
empresa dentro dos próximos cinco anos.
Objetivo de
longa data
A afinidade de Esdras Silva Filho com os
Estados Unidos começou quando, ainda na
adolescência, teve a oportunidade de fazer
um intercâmbio estudantil patrocinado pelo
Rotary Club Internacional, que permitiu concluir
o último ano do ensino médio e conhecer as
tradições e cotidiano daquele país. “Ao retornar
ao Brasil, prestei vestibular na FEI e mais duas
universidades em Santos, minha cidade natal.
No entanto, já havia definido que faria FEI devido ao alto conceito que sempre teve no mercado, afinal, um bom currículo é essencial para
abrir portas e galgar um espaço no mercado de
trabalho. Além disso, nunca quis estudar em
uma instituição pública devido à inconsistência
do ensino”, ressalta. Esdras Silva Filho já havia
se formado em Processamento de Dados em
nível técnico, desenvolvido trabalhos como
engenheiro de software e sabia que queria
cursar Engenharia de Computadores, optando
pelo curso de Engenharia Elétrica com ênfase
em Computadores da FEI.
Durante os anos de graduação, dedicou-se
apenas aos estudos. O engenheiro acredita que
o aprendizado passado pela FEI é muito mais
que o ensinamento das matérias técnicas e
se estende a uma lição de vida, pois o aluno
aprende a se superar e procurar a solução
para um problema existente, indo além do
cálculo de fórmulas. “É uma Instituição difícil
de entrar e mais ainda de sair, mas levamos os
ensinamentos adquiridos na graduação para a
vida pessoal e profissional”, reforça. O trabalho
de conclusão de curso de Esdras Silva Filho
e sua turma de projeto foi a prova de que os
alunos não se importavam em sair da zona de
conforto. Os formandos construíram um robô
humanoide inspirado no pequeno robô R2D2, um dos principais personagens da saga
Star Wars. “Comandado pelo computador, o
protótipo foi totalmente construído por nós, da
carcaça até os circuitos eletrônicos, pois não
existia nada do gênero naquela época, o que
chamou bastante atenção”, complementa. Esdras Silva Filho é casado há oito anos e reside
em San Diego, Califórnia.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
27
Entrevista – Renato Buselli
A nova revolução indus
O
mundo caminha a passos largos
rumo a mais uma mudança fundamental para as indústrias, que
está sendo chamada de quarta
revolução industrial. O novo conceito, que
vem sendo implantado em países como
Estados Unidos e Alemanha, envolve a
digitalização de processos de produção
industrial, assim como concepção, desen­
volvimento e simulação do produto, pla­
ne­jamento, fabricação e serviços. Uma
das empresas líderes neste segmento é
a Siemens, por meio da Divisão Digital
Factory, cujo vice-presidente sênior é o
engenheiro Renato Buselli, formado pela
Faculdade de Engenharia Industrial – hoje
Centro Universitário FEI, em 1986.
Qual é o principal negócio da Divisão
Digital Factory?
A divisão é recente e nas­ceu de uma
rees­truturação que a Siemens fez em 2014,
depois de uma reanálise do planejamento
estratégico de longo prazo. Nesse realinhamento percebemos três pilares estratégicos
que per­meiam a sociedade e, por consequência, nossos negócios: eletri­ficação,
automação e digitalização. A eletricidade
está presente em todas as suas formas
no mundo e é funda­mental em todos os
setores da sociedade. A automação vem
se fortalecendo desde a última revolução
industrial. E a digitalização é um tema
bastante amplo que se aplica, inclusive,
na distribuição de energia. Digitalizar o
ambiente industrial, no qual a minha área
se insere, significa trazer o hardware e
o software em termos de solução para o
cliente, fazendo com que a indústria manufatureira, todo o design e a simulação
do produto, a engenharia de pro­dução e
a simulação da produção sejam feitas no
mundo virtual com extrema fideli­dade ao
real, com baixíssimo investimento e mui­to
mais rapidez. A divisão é principalmente
endereçada à automação e digitalização.
Quais são os objetivos da digitalização nas empresas?
Aumentar a competitividade. Podemos
28
fazer isso tanto por redução no consumo
de insumos básicos, como energia elétrica,
como pelo aumento da produtividade e um
controle maior da qualidade. O mercado
também demanda maior flexibilidade
e capacidade de resposta às demandas
do mercado. Por isso, um dos principais
objetivos é a redução do time to market,
permitindo que os processos que envolvem
o lançamento de novos produtos sejam
mais rápidos e assertivos. Na indústria automobilística, por exemplo, o lançamento
de um automóvel, que demorava cerca de
oito anos, hoje é feito em três. O segundo
tema é a flexibili­zação da produção. Ainda
no exemplo da indústria automobilística,
isso significa montar mais de um tipo de
carro na mesma linha, inclusive modelos de
segmentos de mercado diferentes. Isso faz
com que a indústria otimize sua produ­ção.
A digitalização possibilita a interface cada
vez maior do consumidor com o centro produtivo e também permite a customização a
preços vendáveis, competitivos.
Quanto as empresas podem economizar­
com digitalização?
Cada caso precisa ser analisado individualmente. Mas, pela nossa experiência,
percebemos que só em Engenharia é possível reduzir 30% do custo, com a diminuição
do time to market e o retorno mais rápido do
investimento, tornando a empresa muito
mais competitiva. Portanto, customização, redução de custos e flexibilização são
os pontos principais da digitalização que
traz competitividade às empresas. Como
último tema, podemos citar o pós-venda
ou serviços em suas várias dimensões. Se a
empresa tiver tudo digitalizado será muito
mais fácil fazer alterações, quando necessário. Imagine o projeto de um automóvel.
Em determinado momento, depois que o
carro está sendo produzido ou até mesmo
rodando, alguém pode pensar que a fixação
de determinado parafuso poderia ser feita
em um ângulo diferente. Até recentemente,
essa modificação obrigaria a montadora
a transferir essa alteração para todo o
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
processo, não só de produção, mas todos
os desenhos atrelados – e são milhares e
milhares de desenhos. Isso era feito um a
um e gerava um volume de recursos brutal.
Com todo o processo digitalizado, com um
clique estará tudo modificado e o sistema
também atualiza a máquina de produção,
pois todas essas informações digitalizadas
servem como inputs para a produção. De
novo, a indústria tem redução de custo e
agilidade na atualização. Como está tudo
digitalizado, se der um problema em uma
linha é muito mais rápido e fácil detectar e
resolver, a linha fica menos tempo parada e,
com isso, a empresa terá menos custo, mais
produção, mais volume, mais dinheiro.
Isso também vai gerar muito mais informação organizada...
Essa é uma característica crucial da
cha­mada revolução industrial. Dados
preci­sam ge­rar informações que agregam
competitividade na medida em que forem
utilizadas para atender às necessidades
do cliente. Como temos cada vez mais li­
nhas­digitalizadas e monitoradas, temos
cada vez mais dados. Se forem tratados
da forma analítica adequada, esses dados
serão vistos como informações, vendáveis
ou não. Por exemplo, hoje, quem presta
serviço de manutenção para a indústria
automobilística recebe o chamado depois
que a peça queimou. Com a digitalização,
poderá receber um chamado avisando que
uma peça vai queimar ou ter falha em deter­
minado momento, e poderá programar
a parada da linha. Outra ação possível é
avaliar quantas vezes a peça foi trocada no
mesmo lugar para entender melhor onde
estão os problemas e ter oportunidade de
resolver a origem desses problemas. Essas
não são situações vendáveis, mas vão para
o custo das empresas. Como exemplo de
situações vendáveis podemos citar uma
empresa que produz máquinas, prensas ou
injetoras e, hoje, compete no mercado vendendo seus produtos. Se usar um sistema
digitalizado e monitorar essas máquinas
posteriormente, o empresário poderá ter
trial
um parque de máquinas monitoradas com
milhares e milhares de informações. Assim,
as informações podem ser utilizadas para,
por exemplo, oferecer uma consultoria para
aumentar a produtividade da máquina.
A digitalização atende todo tipo de
indústria?
Quanto tempo leva para preparar
todo esse processo de digitalização?
Depende do produto. E também pode­
mos fazer a digitalização somente em
par­tes do processo e, conforme o cliente
vai solicitando, vamos digitalizando mais
partes até que tenhamos tudo integrado e
digitalizado. Havia um tabu, muito tempo
atrás, de que digitalização não se aplicava
a produtos manufaturados de forma não
maciça, ou seja, artigos fabricados por
produção artesanal. Quebramos este tabu.
A Maserati tem produção artesanal e, hoje,
temos um case desenvolvido para a Maserati para um determinado tipo de carro,
que foi totalmente desenvolvido de forma
digitalizada: software, Engenharia do produto, simulação do produto, simulação da
linha de produção.
A digitalização é um caminho sem volta para a modernização do mercado?
Esse é o caminho, embora a maior
parte do mundo ainda esteja apoiada na
manufa­tu­ra tradicional e muitos países
ainda tenham muitos gaps com relação
à indústria 3.0, que é a automação. A indústria tradicional é baseada em custo de
mão de obra e só vence quem tem custo
Fábio Tierri
O que o desenvolvimento de carros de
Fórmula 1, os parques da Disney, a produção de foguetes e o planejamento de uma
nova linha de produção têm em comum?
A resposta é simples: a integração entre o
virtual e o real, em um processo que cha­ma­
mos de digitalização. E isso não está restrito a um ou outro segmento. Uma pesquisa
global da PriceWaterhouseCoopers, com
235 empresas, mostrou que o investimento
em tecnolo­gias digitais resultou em um
aumento médio da eficiência de 20%.
“Customização, redução de custos e flexibilização
são os pontos principais da digitalização,
que traz competitividade às empresas.”
baixo. Se avaliarmos de 1990 a 2011, quem
conseguiu captar a maior quantidade de
valor agregado de manufatu­ra mundial
foram os países emergentes, mas, dentro
dos emergentes, foi a China, por causa
do baixo custo de produção, tão baixo a
ponto de compensar o custo logístico.
Na Europa Ocidental, quem se deu bem
fazendo a mesma­coisa foram República
Tcheca e Polônia, porque têm mão de obra
baixíssima e custo de logística baixo pela
proximidade com centros consumidores.
Esses países tiveram um crescimento do
PIB industrial substancial neste período.
Em compensação, França, Reino Unido e
Itália, por exemplo, caíram violentamente.
A Alemanha cresceu por uso intensivo de
novas tecnologias. Se neste período a China
foi o grande ven­cedor, os grandes perdedores foram Estados Unidos, Europa e Brasil.
A Europa, de 1990 a 2011, perdeu 15% do
valor agregado em manufatura mundial
e, no Brasil, a indústria manufatureira vai
terminar este ano com aproximadamente
9,5% do PIB, o que é muito baixo para um
país em desenvolvimento.
Essa nova revolução industrial tem
como meta melhorar esses índices?
Sim. A Europa Ocidental e os Estados
Unidos têm como meta retomar parte do
valor agregado mundial da produção. Para
isso, os Estados Unidos têm a indústria
renaissance e a Europa tem a indústria
4.0, que nada mais são que investimento
intensivo em tecnologia na produção.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
29
Entrevista – Renato Buselli
Está provado que se a empresa investir
em tecnologia terá melhor retorno sobre o
investimento em função do ganho de produtividade. E esses países, capitaneados­
pe­la Alemanha, na Europa, e pelos Estados­
Unidos, estão aplicando tecnologia altamente desenvolvi­da,­tendo como base a
indústria 3.0, que é a automação, e agregando a digitalização de forma a dar um
salto tecnológico e de competitividade.
Estão digitalizando toda a cadeia de valor
da indústria para aproveitar os benefícios
da digitalização, que são flexibilização, melhora na eficiência dos processos e redução
do time to market sempre com foco no aumento da competitividade. E estão fazendo
isso porque sabem que é uma questão de
tempo para a China chegar à indústria 3.0.
A China consome mais de 50% de toda a
automação vendida no mundo, é um dos
países que mais investem em cen­tros de
inovação e caminha rapidamente para
fechar, em parte, o ciclo da indústria 3.0.
E, para ser uma excelência em indústria
4.0, primeiro é preciso ter uma base de
automação e de conhecimento. Isso traz
uma mudança brutal na configuração e nas
forças do mundo.
Em que estágio está a indústria brasileira em relação a essa revolução?
Na área industrial, que gera o maior
valor agregado e gera serviço como efeito
secundário, o Brasil tem de escolher qual
é seu caminho. Já existem empresas em
diversos segmentos altamente digitaliza­
das – automotivas, alimentícias –, mas
o País precisa escolher, na minha visão,
um projeto, primeiro, para saber aonde
queremos ser inseridos. E acho que temos
de ficar com a parte nobre também, que
significa ter conhecimento, porque o tripé da indústria 4.0 é base de automação
forte, PIB industrial razoavelmente forte
e conhecimento. Temos de avançar para
a automação, temos de ter um projeto do
governo brasileiro, apoiado pelo BNDES e
outros órgãos de financiamento, para que
a indústria possa­ganhar produtividade
nos processos com base em automação,
investindo na abertura de pequenas e médias empresas de integração para suportar
o processo de modernização. Estamos em
um momento chave da nossa história, que
oferece riscos e oportunidades. Temos a
30
“A digitalização traz
mais competitividade,
gera maior circulação
de produtos e de
impostos, e alimenta
outros setores...”
oportunidade de pular etapas e atingir
rapidamente um nível de excelência como
nunca visto em nosso desenvolvimento.­
Por outro lado, caso não estejamos atentos,
podemos perder esta janela de oportunidade que será oferecida pela nova revolução
industrial e ficar irremediavelmente para
trás na competição por uma participação
expressiva na cadeia de valor mundial.
Qual segmento está mais atrasado?
O setor de bens de capital é o que mais
sofre. Hoje, temos grandes empresas de
má­quinas levando suas produções para
fora do Brasil, para vender para o mundo
e também para cá, por falta de competitividade. Temos uma série de coisas para
fazer neste sentido, mas, de qualquer
forma, a venda de automação no Brasil
cresceu brutalmente nos últimos anos
em múltiplos do crescimento médio do
PIB, o que indica uma clara preocupação
do empresário bra­si­leiro de, pelo menos,
buscar melhorar a produtividade perdida
nos últimos anos. Mas ainda há muito que
fazer neste sentido. O Brasil hoje produz
11 USD/hora trabalhada de PIB, enquanto
Alemanha gera 57 USD/hora e Estados
Unidos geram 67 USD/hora, para ter uma
dimensão da nossa baixa produtividade.
Como essa nova revolução industrial
vai tratar o emprego?
A digitalização traz mais competitivida­
de, gera maior circulação de produtos e
de impostos, e alimenta outros setores,
criando novas oportunidades e ocupações
diretas e indiretas. Uma indústria que se
enfraquece e perde competitividade ter­mi­
na por eliminar empregos diretos e impacta
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
negativamente a economia, gerando indiretamente mais desemprego. Por mais que
a robótica esteja presente nas empresas, o
robô não tem as qualidades do ser humano.
O que precisamos é pre­parar as pessoas
para uma mudança grande de mentalidade
e também dar maior ênfase para a educação
e a formação. Quando fala­mos educação,
queremos também dizer que é necessário
estimular nas crianças e nos jovens o gosto
pela inovação, pela curiosidade. Além disso,
precisamos valori­zar a formação técnica.
Um dos grandes se­gredos do sucesso ale­
mão está no fato de que a formação e a
car­reira técnica são altamente valorizadas
e motivo de orgulho. No Brasil, tivemos
grandes avanços no acesso ao ensino supe­
rior, mas descuidamos do lado técnico. Isso
foi um erro! Precisamos ter pessoas capazes
de trabalhar em um mundo menos analógico, cada vez mais digital, que valoriza o
conhecimento técnico.
Como estão os negócios da sua divisão?­
A Siemens neste ano comemora 110
anos de Brasil e tem mais de 150 anos no
mundo. Estamos inseridos como empresa
dentro desse mundo da eletroeletrônica, temos um portfólio muito vasto e adequamos
a estrutura e o foco da empresa em função
de objetivos estratégicos. Temos orgulho
de participar ativamente dessa transformação que ocorre na manufatura e na
infra­estrutura em todo o mundo. Estamos
envolvidos nesses processos na Alemanha,
nos Estados Unidos, na China, entre outros
países, inclusive no Brasil. A Siemens foi a
única que teve a coragem de chamar essa
área de Digital Factory, porque tem exatamente esse foco no futuro, porque é a
visão desses dois mundos, a convergência
do virtual com o real. Quanto ao negócio,
temos crescido consistentemente e, neste
ano, vamos crescer de novo em valores
reais, acima da inflação.
Como foi a sua trajetória de carreira?
Sou engenheiro eletrônico formado em
1986, que foi chamada de década perdida
para a Engenharia. O principal filme na
minha época era ‘O engenheiro que virou
suco’. Era terrível aquela época. Lembro das
filas para preencher ficha em busca de vaga.
No quarto ano da faculdade, procurando
por oportunidades, descobri a Siemens.
Entrei como estagiário em uma filial de
ven­das de São Paulo. Eu fazia orçamentos
de painéis de baixa tensão. Em 1988, ofere­
ci­uma ideia para a Siemens: como havia
um boom de novos shoppings centers no
País, sugeri que focássemos no segmento e
criamos uma estrutura voltada para vendas
e soluções para shoppings e hospitais, incluindo automação. Em 1991 fui chamado
para abrir uma filial no interior de São
Paulo, onde fiquei até 1995 como gerente
de ven­das, e a unidade de produtos de baixa
tensão se tornou a segunda maior filial da
Siemens do Brasil. Em 1995 fui para a Alemanha para ficar dois anos, mas, um ano e
pouco depois, recebi um chamado do Brasil
para reestruturar uma área voltada para a
construção civil. Produzíamos e ven­díamos
disjuntores e interruptores de to­madas.
Naquela época, os disjuntores aqui eram
de padrão americano (NEMA). Por meio
de um trabalho conjunto com a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o
Comitê Brasileiro Eletricidade Eletrônica
Iluminação (COBEI) ajudamos a mudar o
padrão para obter aderência à norma de
instalações NBR 5410. Trouxemos muito
inves­timento em novas linhas de produção.
Em 2003 fui convidado para ser o CEO da
Siemens Building Technology, uma junção
de várias empresas que tinham sido compradas mun­dial­mente no segmento de
automação, segurança e proteção predial.
No Brasil, ha­víamos adquirido uma empresa de monitoramento e fui para lá integrar
essas atividades para a Siemens. Após dois
anos de trabalho fui chamado para assumir
a área de eletromedicina. Fizemos um
projeto muito interessante e conquistamos
a liderança do mercado chamado in vivo.
Depois, a Siemens comprou três empresas
mundiais de reagentes e começamos a
vender reagentes para a área médica, no
mercado in vitro. Ainda na atividade de eletromedicina tive oportunidade de liderar a
equipe da Siemens na América Latina até
dezembro de 2011. Em janeiro de 2012 voltei para o segmento industrial para, junto
com meu time atual, fazer a reestruturação
e preparar a empresa para enfrentar os dias
atuais de forma competitiva.
O sucesso na carreira se deve também
à sua formação?­­­­ ­­­­
Sem dúvida. A Siemens é uma empresa
para mim e acho que foi uma combinação
muito feliz. Tenho muitos amigos que se
formaram na FEI, tenho ex-chefes que se
formaram na FEI, indico muita gente e
tenho vários colaboradores que são da FEI.
Quais são suas melhores lembranças
daquela época?
“Aprendi na FEI a ter
resiliência e que dá
para mudar as coisas,
para atingir o objetivo.”
de engenheiros e minha entrada aqui, sem
dúvida, foi por causa da Engenharia. Além
de conhecer a parte técnica, o que nos ajuda muito é aprender a ter esse raciocínio
lógico. Outra vantagem vem da faculdade.
A FEI, além de ser excelente em termos
de estudo, é uma excelente faculdade de
vida. Sou de Limeira e morei em república,
e isso também foi muito importante para
a minha formação. A FEI é uma faculdade
muito difícil e acho isso bacana, porque a
vida é muito difícil. Tenho dois filhos e falo
para eles: “se acham que seu pai, às vezes, é
difícil, esperem até encontrarem seu chefe,
aí vocês vão ver como a vida é difícil.” Mas
acho que isso foi muito bom. Também
aprendi na FEI a ter resiliência e que dá para
mudar as coisas, dá para atingir o objetivo.
E o que é interessante lá é que precisamos
aprender através de outros, as conexões são
importantes. A faculdade acabou forjando
muito meu ca­rá­ter e a forma como vejo e
encaro o dia a dia dos negócios. Depois,
acabei deixando a Engenharia de lado, indo
para o gerenciamento, fazendo outras especializações. A Siemens foi outra faculdade
Acho que tenho todas as melhores
lem­branças! Peguei a fase em que a FEI
estava sendo construída, aquilo foi uma boa
lembrança. Era uma fase difícil, porque­não
tínhamos quadra, não tínhamos campo,
não tínhamos nada! Brigávamos muito
pa­ra ter, mas a melhor lembrança é que
éramos muito unidos. E o que me deixava
feliz era que a faculdade dava visão muito
cla­ra de onde eu ia chegar. Quando conversava com dirigentes, com professores, isso
era muito claro pa­ra mim. Outra coisa que
aprendi lá foi ter responsabilidade com a
otimização de recursos. Além disso, como
era importante ter professores abertos para
o mundo, porque muitos trabalhavam na
in­dústria, tinham uma grande proximidade
com a realidade da indústria. Havia até um
diretor da Siemens que dava aulas de Telecomunicações. Isso me deixava fe­­­­­­­­liz, porque eu não estava descolado da rea­lidade.­­­­­­­­­­
O senhor acredita no Brasil?
Vivemos um momento chave na histó­
ria do Brasil e, por trás das dificuldades, te­
mos uma oportunidade de acer­tar o passo.
Todos passamos por reavaliações na vida
e o Brasil está passando por um momen­to
desses. Acho que é o momento de aprendermos com os erros, entendermos, mais
uma vez, onde estão as oportunidades.
Pre­cisamos traçar, de maneira clara e
obje­tiva, onde quere­mos chegar e focar
na implementação das nossas estratégias.
Se fizermos isso estaremos bem, porque
o Brasil é uma das maiores economias do
mundo, um dos maiores potenciais de
consumo do mundo, o maior celeiro de
exportação do mundo e tem um potencial
brutal. Temos grandes defeitos, problemas,
barreiras e desafios, mas o Brasil tem recursos naturais, não temos grandes discussões
com países vizinhos, somos um País pacífico. Se tivermos transparência nos nossos
objetivos e conseguirmos ter a capacidade
de garantir uma estabilidade de longo prazo
nos contratos, o capital vem.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
31
Pesquisa & Tecnologia
A Internet das Coisas permite a conexão
entre máquinas sem intervenção humana
E
m um futuro muito próximo, o que era ficção
científica nas telas de cinema deverá estar presente no dia a dia de milhares de
pessoas ao redor do planeta. Imagine
ter eletrodomésticos que ‘conversem’ entre si,
geladeira que faz lista de compras, carro que
anda sem motorista, lixeira que separa os
resíduos, computador que atende a um
comando de voz, termostato que controla
a temperatura da casa, pulseira que registra os movimentos do usuário, mesa que
reconhece o comportamento do dono e
até fechadura inteligente que transforma
o smartphone em chave para abrir a porta.
Pois esses são apenas alguns exemplos de
uma realidade que já está ao alcance das mãos
graças à Internet das Coisas (do inglês Internet
of Things – IoT).
Considerada a mais promissora revolução tecnológica desde
O professor doutor Rodrigo Filev coordena os estudos na área na FEI
32
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
istockphoto.com/Chesky_W
A era dos objetos com
o advento da própria internet, a IoT começou a ser projetada
em 1991, quando Bill Joy, cofundador da Sun Microsystems –
fabricante de computadores, semicondutores e software com
sede na Califórnia –, começou a discutir sobre a conexão entre
os objetos. Mas foi somente em 1999 que Kevin Ashton, cofundador da Auto-ID Center do tradicional Massachusetts Institute
of Technology (MIT), também nos Estados Unidos, propôs a
denominação para essa nova tendência mundial. Estimativas
indicam que a Internet das Coisas vai movimentar, até 2030,
US$ 11,4 trilhões, com mais de 100 bilhões de dispositivos
ativados no mundo.
O Centro Universitário FEI também investe neste segmento
e já desenvolve algumas linhas de pesquisa. Os projetos tiveram
início em outubro de 2014, quando foi firmado um acordo de
cooperação entre a Instituição e a Telefônica Vivo para criação
de um espaço que permitisse estudos na área, a fim de garantir
inovações e usabilidade para os ambientes digital e mobile. O
laboratório atende os cursos de Ciência da Computação, Enge-
vida própria
nharia Elétrica e Engenharia Têxtil, com
a oferta de recursos e bolsas de estudo
para a realização de pesquisas. Por ser um
assunto multidisciplinar e que envolve
conceitos de diversas áreas do saber, o
laboratório IoT procura manter o conceito
de ‘Open Lab’, no qual os pesquisadores
e profissionais de diferentes áreas interagem para o desenvolvimento dos
trabalhos de pesquisa.
“O laboratório instalado pela Te­
lefônica Vivo na FEI para desenvolvimento de tecnologias relacionadas à
Internet das Coisas segue a tendência de modelos de parceria entre a
academia e a indústria,
encontrados na Europa e nos Estados
Unidos, de forma
a promover a pesquisa e o desenvolvimento”, explica o professor
doutor Rodrigo
Filev, do Departamento
de Ciência da Computação
da FEI e coordenador dos projetos de IoT na Instituição. O laboratório também é usado para discussão e
contribui­ção no desenvolvimento de padrões abertos para padronização da IoT,
com foco em interações entre sistemas
heterogêneos. No momento, 11 alunos
de graduação desenvolvem trabalhos de
conclusão de curso e três estudantes do
Programa de Iniciação Científica participam de pesquisas na área, além de um aluno de mestrado. Ainda neste ano, outros
estudos devem ser iniciados envolvendo
mais seis alunos de graduação
SUCESSO
O primeiro trabalho já concluído é
uma lixeira que detecta o tipo de resíduo
que recebe. Desenvolvido pelo aluno de
O aluno Yuri Marinho Olivatti desenvolveu lixeira que detecta os resíduos que recebe
Ciência da Computação Yuri Marinho
Olivatti, que tem bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), o protótipo foi apresentado em agosto e tem como objetivo
a educação ambiental para a reciclagem
adequada de dejetos. “A ideia é mostrar
quanto um indivíduo produz de resíduo
daquilo que está consumindo, sendo uma
forma de alertar para o consumo consciente”, explica o professor Rodrigo Filev,
orientador do trabalho. Como o sentido
da preservação ainda é muito abstrato
e, para a maioria da população, é difícil
entender o impacto que isso causa e seu
papel nesse contexto, a ideia dos pesquisadores é que a lixeira possa ajudar neste
entendimento. A meta do departamento
é dar sequência ao projeto, agregando
valores relevantes que possam ampliar o
uso, inclusive, para o segmento industrial.
Outro projeto se insere no contexto
das Smart Cities e avalia áreas de risco
nas cidades. O trabalho de conclusão de
curso, que vem sendo desenvolvido pelos
alunos Francisco Maresca, João Urtiga
Jr, Igor Urias e Yuri Marinho Olivatti,
usa alguns modelos de deslocamento de
solos e mecanismos de detecção de áreas
de alagamento para identificar se sensores
conseguiriam detectar situações de risco
para informar os órgãos competentes e
avisar a população sobre rotas de fuga. A
ideia dos alunos é saber se é possível detectar a movimentação do solo antes que
o risco ocorra e sem intervenção humana.
“Essa tecnologia já existe, mas estamos
avaliando uma forma de aplicação. Temos
feito um esforço em pequenos projetos
para mapear os cenários possíveis de serem trabalhados de maneira mais efetiva.
A expertise nesses projetos iniciais nos
ajuda a entender melhor as possibilidades
de uso desta ferramenta”, diz o professor
Guilherme Wachs Lopes, também do Departamento de Ciência da Computação.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
33
istockphoto.com/Oktay Ortakcioglu
Mestrando pesquisa
desempenho de atletas
O profissional de Ciência da Computação, Wesley Dal Col Von Doelinger, formado na FEI em 2013, está desenvolvendo um
trabalho de mestrado que visa identificar
perfis de atletas baseados em dados que
serão coletados durante os exercícios, como
batimentos cardíacos, respiração, temperatura e velocidade. A pesquisa, que recebe
o apoio do Departamento de Engenharia
Têxtil da FEI, usa o princípio da Internet
das Coisas para coletar os dados por meio
de um conjunto de sensores, que se comunicam com outros dispositivos para fazer
o processamento e entender o significado
das informações.
Esses dados podem adicionar informa­
ções inteligentes que permitam aos treinadores, por exemplo, traçar o perfil do atleta
para aplicar treinamentos específicos que
visam um melhor desempenho, e ajudar os
próprios atletas a obter um feedback­do treino. “Nossa ideia é desenvolver um sistema
que permita separar perfis de atletas para
que o treinamento seja mais direcionado.
Hoje, todos os atletas de um time de futebol
treinam da mesma maneira, com exceção
dos goleiros”, exemplifica. O autor do estudo lembra que já existe um experimento
do gênero feito com jogadores no Paraná
para tentar encontrar esses perfis e separar
quem precisa de mais treino de velocidade,
de força, de resistência e outros parâmetros
importantes.
Wesley Doelinger, que pretende concluir o estudo em abril de 2016, está
avaliando algoritmos para utilizar na identificação dos perfis. O passo seguinte é detectar momentos em que o atleta esteja sob
esforço exagerado, em nível de estafa, para
saber se está indo além do próprio limite,
tanto para eliminar o risco de uma possível
lesão quanto para maximizar a eficácia do
treinamento, melhorando o desempenho.
Wesley Doelinger: feedback para treinadores
“Se conseguirmos dar significado a esses
sinais que vêm dos sensores e encontrar
esses perfis, poderemos mensurar valores
que indiquem cansaço, risco e outros fatores”, acentua.
O professor Rodrigo Filev lembra que
esta é mais uma das aplicações da Internet
das Coisas, quando a máquina interage com
o atleta e permite que o treinador tenha
mais informações sobre seu desempenho
e sua condição física no momento em que
esteja realizando o exercício. Ao término do
estudo, a intenção do mestrando é testar os
parâmetros, primeiramente, com voluntários atletas e não atletas e, na segunda
etapa, com diferentes tipos de atletas
para identificar a eficácia dos algoritmos
propostos. Para o estudo, o mestrando
recebe a ajuda de alunas de graduação
em Ciência da Computação e Engenharia
Têxtil, que desenvolvem um hardware e
respectivo software para aquisição de dados. Já o aluno de Ciência da Computação
Caio Yutaka Hirose Haraguchi, bolsista de
iniciação científica do CNPq, avalia o canal
de comunicação entre a roupa e o sistema
que computará os dados coletados.
Pesquisa & Tecnologia
Estudo avalia arquiteturas de IoT
A Internet das Coisas gera uma grande
quantidade de dados sobre ambientes,
interação, pessoas e sistemas e, por isso,
é necessário criar ferramentas que permitam analisar o que esses dados significam
e de que forma podem ser utilizados. Essa
é mais uma das linhas de pesquisa do Centro Universitário FEI e um dos estudos de
engenharia de sistemas está sendo desenvolvido pelo aluno de iniciação científica
Leandro Duque Mussio, do 4º ciclo de
Ciência da Computação. O estudante está
avaliando alguns modelos já existentes
de arquiteturas para saber como pode
ser feita a captura da informação, por
meio de sensores e aplicativos, e de que
maneira essa informação será enviada
para o usuário final. “Já existem alguns
modelos dessa arquitetura, cada qual com
algumas características de destaque, mas
estamos propondo um novo modelo de
avaliação”, explica.
O professor Guilherme Wachs Lopes,
orientador da pesquisa, informa que
o objetivo é fazer estudos empíricos,
propondo um problema genérico relacionado à IoT para ser solucionado com
três arquiteturas diferentes, para verificar
qual oferece menor tempo de resposta.
Após a conclusão do levantamento, os
pesquisadores vão utilizar um modelo
O estudante do 4º
ciclo de Ciência
da Computação,
Leandro Duque
Mussio, pretende
propor um novo
modelo de avaliação
proposto de análise de arquitetura de
sistemas chamado ‘BRICS Mosaic Model
for IoT Feasibility Barriers’, de autoria do
professor Rodrigo Filev em parceria com
pesquisadores da Universidade de São
Paulo (USP), para verificar as barreiras e
os detalhes de cada elemento envolvido,
como negócios, políticas, técnicas, fatores
humanos e segurança.
No estudo ‘BRICS Mosaic Model for
IoT Feasibility Barriers’, os pesquisadores
propõem fatores para mapear a complexidade dos sistemas da Internet das Coisas
com abordagem holística, considerando­
se as pessoas, a tecnologia e as relações
entre elas. “Para modelar sistemas da IoT
desenvolvemos um modelo sócio-técnico
que permite representar interpretações
do conhecimento que estão presentes no
contexto do sistema”, explica o professor Rodrigo Filev. Com base em planos
de análise, além da própria tecnologia,
fatores humanos e ambientais, redes de
acesso, aplicações, tecnologia, segurança,
plano de gerenciamento e de controle e
regulações estão entre os principais itens
a ser analisados para implementação de
projetos que contemplem a IoT.
Pesquisas com olhar social
Um estudo com vertente social e que se insere em uma linha de
forte tendência na Europa envolve a Internet das Coisas voltada à
tecnologia assistiva. Neste segmento, a FEI está desenvolvendo um
protótipo de pulseira que detecta queda, indicada para idosos ou
indivíduos com dificuldades de mobilidade, especialmente aqueles
que moram sozinhos. A pulseira avisa um familiar por SMS de que
o usuário sofreu uma queda e possibilita um atendimento imediato.
O protótipo, desenvolvido pelo aluno de graduação Vitor Cali sob
a orientação do professor Rodrigo Filev, é uma das tentativas dos
pesquisadores da FEI para desenvolver projetos de casas inteligentes
e, segundo o docente, dá uma noção do que é possível fazer com
a Internet das Coisas.
O aluno do 3º ciclo de Ciência da Computação, Mateus Gonçalves
de Macedo Carvalho, também do Programa de Iniciação Científica,
utiliza um módulo de IoT para propor um sistema de identificação
de pessoas em ambientes fechados. O estudo se insere no contexto
da domótica, tecnologia que permite o uso de dispositivos para automatizar rotinas e tarefas de uma casa, como controle de temperatura do ambiente, iluminação e som, e para o reconhecimento
de pessoas. “A ideia é que a Internet das Coisas possa ser usada,
em um futuro não muito distante, para reconhecer os moradores
de uma casa, interagindo de forma transparente e com segurança
por meio de câmeras e sistemas integrados”, enfatiza o professor
Guilherme Wachs Lopes.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
35
Pesquisa & Tecnologia
Como as fronteiras tradicionais dos
sistemas não existem quando se
trata de Internet das Coisas,
uma das grandes preocupações dos pesquisadores de IoT é fazer com
que a comunicação
e o tratamento de
dados sejam seguros.
Entre as questões
a serem respondidas nesta área estão
como distri­buir uma
estrutura de dados
sem expor os indivíduos,­
como a arquitetura de IoT
poderá funcionar em uma grande cidade provendo qualidade de serviços,
segurança e robustez na aplicação, e até
que ponto vale a pena abrir as informações
pessoais e profissionais para ter acesso
a esses benefícios. Pesquisadores da FEI
trabalham para responder pelo menos
parte dessas perguntas.
O professor Guilherme Wachs Lopes
informa que o objetivo de envolver alunos
de iniciação científica nesses projetos é
inserir esses estudantes no contexto atual
e despertar o interesse e o conhecimento
nesta nova modalidade, que vai crescer
muito nas próximas décadas. “Tudo envolve segurança e lógica, e podemos gerar
valor ou criar um grande risco para os
envolvidos se não usarmos as informações
da forma correta”, orienta.Os pesquisadores trabalham para que a Internet das
Coisas seja o mais segura possível e, para
isso, usam arquiteturas baseadas em Cloud
Computing e entrega de serviço de forma
confiável.
Este é o tema de um estudo que foi
apresentado recentemente na Suécia,
por intermédio do Centro de Pesquisa
e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), que
permitiu a aproximação de três instituições de ensino e pesquisa interessadas no
36
istockphoto.com/Oktay Ortakcioglu
Segurança é um desafio atual
tema, entre elas a FEI. O trabalho, que foi
considerado elegível na Europa, participa
da chamada da Financiadora de Estudos
e Projetos (FINEP) e é inédito no Brasil.
“Esta aproximação pode resultar em
parceria com o próprio CISB, que apoia e
auxilia nas discussões”, conta o professor
Rodrigo Filev. O objetivo do projeto é
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
realizar pesquisas sobre conceitos inova­
dores relacionados com a computação
em nuvem, serviços seguros heterogênos
e distribuídos e outras tecnologias, além
de projetar, desenvolver e colocar em
operação um sistema para vários serviços
eletrônicos e de e-commerce em grandes
áreas urbanas.
O professor
Guilherme
Wachs Lopes
orienta alguns
dos trabalhos
Gestão & Inovação
A força de uma marca
Evolução do logotipo da
FEI ajuda a contar parte
dos mais de 70 anos de
história da Instituição
E
m sete décadas de existência, a FEI
construiu uma reputação de Instituição forte na formação, com
excelência técnica e humanista,
expertise em áreas tecnológicas e grande
reconhecimento no mercado. A inovação
e a tecnologia presentes no ensino e na
pesquisa nas áreas de Administração, Ciência da Computação e Engenharia também
colaboram para a evolução da Instituição,
que se relaciona com diferentes setores
em busca de soluções concretas para os
problemas que afligem a sociedade. Neste
momento em que se prepara para assumir
sua responsabilidade como universidade,
projeto que percorre um caminho seguro e
deverá ser consolidado nos próximos anos,
a Instituição apresenta seu novo logotipo,
criado para acompanhar a evolução pela
qual vem passando nos últimos anos.
Para criar o novo logotipo do Centro
Universitário, a empresa TroianoBranding
desenvolveu um abrangente projeto que
teve como principais resultados o direcionamento estratégico das ações da marca
FEI e a revisão de sua identidade visual.
O processo incluiu uma ampla pesquisa
com estudantes, docentes, funcionários
e ex-­alunos­­do Centro Universitário, além
de profissionais de mercado e especialistas
em Recursos Humanos, que destacaram a
tradição, a formação prática, o sucesso no
mercado de trabalho e a exigência com o
ensino como alguns dos pontos fortes da
Instituição.
A solução gráfica encontrada para o
logotipo dá um peso expressivo para o
nome FEI, a exemplo das marcas usadas
por grandes universidades ao redor do
mundo, e reúne uma combinação de força,
credibilidade, inovação, desenvolvimento,
movimento e avanço em direção ao futuro. A professora doutora Rivana Basso
Fabbri Marino, vice-reitora de Extensão
e Atividades Comunitárias, afirma que
o logotipo pontua o início de uma nova
fase na FEI, que se renova a cada ano para
oferecer mais possibilidades aos alunos
de graduação, pós-graduação, mestrado e
doutorado. “Parte de nosso compromisso
institucional é com a inovação, a geração e
a difusão de conhecimentos e a proposta
para o novo logotipo é representar todos
esses atributos da marca FEI, com destaque
para a própria sigla”, ressalta.
O logotipo também foi construído
com objetivo de refletir a personalidade,
a potencialidade e a reputação que a FEI
tem junto ao mercado, aos egressos e aos
próprios alunos. “A FEI, historicamente,
adquiriu uma forma de reconhecimento
e reputação, no seu mercado, que não era
bem representada pelo conjunto das suas
formas de expressão. A evolução ocorreu
em uma velocidade tal que as formas de
expressão gráfica e visuais usadas pela
Instituição não eram mais capazes de
acompanhar esse crescimento”, resume
o engenheiro Jaime Troiano, diretor da
TroianoBranding.
O especialista acrescenta que estilos
gráficos podem ser considerados esteticamente mais bonitos ou mais feios, no entanto, o novo logotipo da FEI foi criado com
muita racionalidade e, para chegar ao resultado, a equipe teve de estudar graficamente
e racionalmente durante bastante tempo
até que pudesse ter a forma de representar
a FEI como a Instituição que é. “Começamos com um trabalho de natureza muito
racional para criar uma identidade gráfica,
que não é apenas o momento de bom gosto
de um designer. A solução que chegamos
é fruto de um trabalho extremamente racional de investigação que desemboca em
uma solução gráfica inteligente”, acentua.
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
37
Processo envolveu
A Árvore de Valor é um conceito
criado pela TroianoBranding
Para analisar o cenário da marca e da categoria sob as perspectivas dos públicos interno e externo, definir o modelo de
arquitetura e construir o posicionamento mais adequado, o
projeto de criação do novo logotipo foi estruturado em três
etapas que incluíram diagnóstico qualitativo e quantitativo,
desenvolvimento para rever o atual posicionamento da FEI e
a arquitetura da marca, e difusão. O diagnóstico qualitativo
envolveu entrevistas em profundidade com membros da liderança e com embaixadores da marca; discussões em grupo
com alunos, coordenadores, docentes, funcionários e público externo, como ex-alunos, estudantes do ensino médio
e cursinho e alunos da concorrência; bem como pesquisas
em publicações e material informativo, proporcionando
uma visão interna e externa do Centro Universitário FEI.
Já o diagnóstico quantitativo foi realizado por meio
de 250 entrevistas online com alunos de graduação e pós­
graduação da FEI e de outras instituições. Como resultado,
os especialistas­identificaram sete pilares associados à FEI:
confiável, DNA tecnológico, humana (valores Inacianos), atualizada, inovadora, moderna e exigente. Do ponto de vista externo, são pontuadas
a força e a personalidade. A avaliação geral mostrou que todos acreditam que o
logotipo poderia sofrer uma alteração e representar de forma mais plena o prestígio e a credibilidade da FEI. ”Queríamos fazer um diagnóstico completo dessa
marca, como é percebida e o que precisaria ser feito para que fosse cada vez mais
poderosa na sua categoria”, informa Renata Natacci, diretora da TroianoBranding
que coordenou o projeto da FEI.
Com base nos dados apurados, os elementos de representação gráfica existentes foram submetidos a uma profunda revisão após a definição do posicionamento da FEI por meio da ‘Árvore de Valor’, que reúne todos os elementos a
Evolução das logomarcas ao longo do tempo
Década de 1940
O primeiro logotipo da Escola Superior de Administração e Negócios (ESAN), precursora do Centro
Universitário FEI, é formado por um brasão heráldico com fundo vermelho dividido por uma cruz em
amarelo, com quatro campos preenchidos por um
desenho e com a inscrição em latim Quod deesr me
torquet, que significa ‘Aquilo que falta me atormenta’
em referência à privação de conhecimento. A palavra
Escola é representada pelo livro (método, estudo) e pela tocha (luz do
saber). A Administração é simbolizada por sete elementos: seis alvéolos,
curva estatística, esquadro, pirâmide, círculo de elos, bastão e gráfico
estatístico, em demonstração das funções técnica, comercial, financeira
e administrativa, previsão, planejamento, organização, coordenação,
comando e controle, respectivamente. A palavra Negócios é representada pela engrenagem, em referência à indústria; por asas, em relação
ao comércio; ramos de café e algodão, que simbolizam a agricultura; e
por uma flor-de-liz, representação da nobreza e da ética profissional.
1950
O primeiro logotipo da Fundação de Ciências Aplicadas
(FCA), instituição mantenedora da ESAN e da FEI naquele período, é composto
por um brasão heráldico
dourado com moldura prateada. No centro há um
triângulo equilátero azul,
que representava a Santíssima Trindade, já que a
FCA era um centro de ensino ligado à Companhia de
Jesus, tendo ao centro uma torquês, ferramenta que
representava o trabalho operário que os profissionais
de Engenharia deveriam orientar. Cinco abelhas de
asas abertas representavam o trabalho árduo e relevante dos engenheiros, A inscrição em latim Spiritus
est Qui vivificat significa ‘É o espírito que dá vida’.
Gestão & Inovação
pesquisas com diferentes públicos
partir dos quais se desenvolvem a mensagem central e as ações
que materializam essa mensagem junto aos públicos. Com isso,
o desenvolvimento do novo logotipo buscou manter a força e,
ao mesmo tempo, ressignificar o nome FEI, por tratar-se de uma
Instituição com atributos positivos, como formação de excelência
e grande reconhecimento de mercado. “Não poderíamos ter na
marca da FEI o uso de uma letrinha frágil ou uma forma gráfica
muito tímida. O peso da palavra FEI escrita tem de ser o mesmo
que a Instituição tem, e a FEI é sólida, integrada. Por causa disso,
as letras F, E e I ocupam todo o espaço, assim como uma instituição
que tem raízes”, analisa Jaime Troiano.
Outros pontos ressaltados são a infraestrutura disponível em
dois campi, a busca pela projeção externa nacional ou internacional,
e presença da tecnologia no DNA da FEI, ao mesmo tempo que há
uma ligação com a Companhia de Jesus, tornando a Instituição
mais humana e enxergando os indivíduos em sua totalidade.
Como resultado, com um símbolo único e forte, o novo logotipo
transmite a unidade da Instituição e reflete a modernidade por
meio dos cantos arredondados, enquanto a solidez e tradição são
expressas na união com os ângulos retos. A tipografia única remete
ao movimento, ao crescimento e à inovação de forma acolhedora e
tem a cor azul mais tecnológica, forte e madura. “A ideia é que, cada
vez mais, a FEI se torne esse nome forte, esquecendo essas outras
significações de engenharia industrial ou Fundação Educacional
Inaciana, que é o nome da mantenedora”, diz Renata Natacci.
Importância
A marca é a suprema ferramenta de negócios de uma empresa
ou instituição, e a identidade visual da marca é tão importante que
1950
O primeiro logoti­
po da Faculdade de
Enge­nharia Industrial
(FEI) foi desenvolvido pelo então aluno
Jorge Wilson Hilsdorf
após um concurso
e era composto por
uma engrenagem azul sobreposta a
uma chaminé vermelha que simbolizam os cursos oferecidos na época:
Engenharia Química e Engenharia
Mecânica. Dentro da engrenagem há
a inscrição ‘Faculdade de Engenharia
Industrial’ adornada pelo busto de
Minerva, deusa greco-­romana que
representa a sabedoria e as artes.
1970
Após um novo concurso com
participação de professores e
alunos, com comissão avaliadora formada por docentes
de Desenho Técnico, a FEI
ganha nova identidade, formada por um retângulo com
contorno em cor escura e fundo branco e quatro circunferências alternadas nas cores
branca, preta e vermelha, que
complementam a inscrição
FEI grafada em preto.
deve ser renovada a cada 5 a 8 anos, desde que a essência não seja
perdida. Esse processo de adaptação e renovação deve ser gradual
e desenvolvido por especialistas em branding, pois, se o logotipo
mudar muito, violenta a marca; e, se não mudar nada, a marca fica
esclerosada. “Não podemos jogar fora o bebê junto com a água do
banho”, exemplifica Jaime Troiano, ao afirmar que essa é a chave
do bom processo de gestão, especialmente de uma instituição como
a FEI, que tem uma história a ser preservada. Para o especialista,
o nome de uma empresa ou instituição, com o passar do tempo,
fica muito maior do que o significado original ou literal que poderia
ter, e é isso que garante que a marca possa abrigar novos desenvolvimentos e novas áreas de serviços e negócios, como é o caso da
FEI. Jaime Troiano afirma que, quando se administra uma marca,
a ideia chave é preservar o essencial na busca do novo, porque não
se pode permanecer eternamente com a mesma identidade e nem
violentar a história e esquecer quem se é.
O professor doutor José Mauro da Costa Hernandez, do Departamento de Administração da FEI, concorda que os logotipos
devem ser atualizados. Para empresas ou instituições que têm público jovem como principal consumidor, a atualização é ainda mais
importante, pois as opiniões e preferências dos jovens costumam
mudar conforme a geração e dão prioridade ao que parece novo.
Além disso, na medida em que uma organização passa a oferecer
novos serviços, o logotipo deve representar adequadamente essa
nova oferta de produtos. “No caso da FEI, o principal público-alvo
são jovens que dão preferência aos símbolos, pois falam mais diretamente com a sua geração. A FEI também está crescendo e se
modernizando, e é necessário que o logotipo dialogue com esses
novos públicos e comunique adequadamente esta evolução”, avalia.
2002
Com a criação do Centro Universitário, um novo logotipo foi desenvolvido para abrigar todas as instituições.
A logomarca, utilizada até 2015, tem
a letra ‘F’ envolvida por um traçado
que indica movimento rumo ao
futuro e remete à força e à ciência.
1990
A Fundação de Ciências Aplicadas ganha
uma nova identidade visual e um desenho
padrão é incorporado a todos os órgãos de
ensino da Fundação. O novo modelo de logotipo é formado por um retângulo negro
de cantos arredondados, com cinco linhas
paralelas na cor branca . No centro, as siglas FCA, FEI e ESAN ficam inscritas na cor
branca, em fonte arial com negrito itálico.
Pós-graduação
Especialização tem foco
Pós-graduação lato sensu
pretende atender a atual
demanda do mercado, que visa
variedade de matérias-primas
para diferentes aplicações
O
s cursos de pós-graduação para a área
têxtil existentes no mercado são voltados predominantemente à moda
e estilo ou a negócios da moda, com
muito pouca conceituação na área de produto
têxtil. Além disso, as amplas possibilidades
técnicas e a necessidade de atender critérios de
sustentabilidade tem tornado o desenvolvimento de produtos têxteis cada vez mais desafiador.
Diante desta realidade, há algum tempo a cadeia
têxtil reivindica um curso com foco em produto,
voltado para profissionais que trabalham na
área e não possuem uma formação técnica na
mesma. Para atender a essas necessidades, o
Centro Universitário FEI criou um novo curso
de pós-graduação em Produtos Têxteis, pioneiro
no Brasil, que terá início no primeiro semestre
de 2016.
A nova especialização é uma evolução do
curso de Processos e Produtos Têxteis que a
FEI oferecia e que teve turmas regulares até
2012. Segundo o coordenador do novo curso,
professor doutor Paulo Pedro Maria Alfieri, do
Departamento de Engenharia Têxtil, o mercado de trabalho não se resume à indústria de
transformação – o que inclui vestuário, casa,
esportivo, automobilístico, têxteis técnicos –,
mas estende-se também às grandes redes de
varejo, às marcas esportivas e a representantes
de máquinas, produtos e acessórios têxteis. “O
foco em desenvolvimento de produto do novo
curso é inovador, pois não existe nada do gênero
no Brasil”, enfatiza.
Com foco no produto, a nova especialização
visa atender às necessidades provocadas pela
evolução da tecnologia têxtil, com matérias­
40
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
nos produtos têxteis
dos, principalmente nesta última década,
que colocou no mercado uma grande
variedade de artigos têxteis. O docente
ressalta que existe um grande público
do segmento, em particular no Estado
de São Paulo que, com aproximadamente
55% da indústria têxtil, abriga a sede de
importantes marcas mundiais.
O professor Paulo Pedro Maria Alfieri: coordenador
primas de maior potencial técnico e
acabamentos especiais visando os mais
variados ramos de aplicação, como as
áreas médica, civil, automotiva e agroindustrial. Outro objetivo é atender ao
aumento crescente do fluxo de importa-
Conhecimento aprofundado
A pós-graduação em Produtos Têxteis
permite ao profissional atuar em várias
áreas do setor, como desenvolvimento de
produtos, controle de qualidade e desenvolvimento de fornecedores, além de se
especializar em ramos específicos como,
por exemplo, têxteis técnicos de proteção,
têxteis para a indústria automotiva e
ves­tuário esportivo. As aulas serão ministradas por docentes com experiência
de mercado, que têm abordagem prática
e teórica sobre os temas para dar ao aluno
uma atualizada bagagem técnica, científica e mercadológica. Do total de 15 docen-
tes, sete fazem parte do quadro da FEI e
oito são convidados. O curso também está
disponível para grupos in company, com
turmas fechadas para colaboradores de
empresas. “A vantagem neste caso é que
as empresas podem customizar a especialização dentro das suas necessidades
específicas, de modo a torná-la ainda mais
objetiva”, acentua o coordenador.
Dividido em três semestres, o curso
tem disciplinas que seguem uma sequência lógica da cadeia têxtil (fibra, fio, tecido,
malha, beneficiamento e confecção), com
foco especialmente voltado para o produto final têxtil, seu desenvolvimento e suas
características e propriedades nas diversas áreas de aplicação. As aulas teóricas
serão oferecidas no campus São Paulo duas
vezes por semana, no período noturno,
e complementadas com aulas práticas
oferecidas mensalmente aos sábados nos
laboratórios e oficinas do campus de São
Bernardo do Campo. As turmas devem
ter entre 25 e 30 participantes.
Objetivos – Atender à nova demanda de mercado por profissionais com conhecimentos de produtos têxteis, e permitir
ao profissional que trabalha na área adquirir um conhecimento
técnico mais aprofundado sobre os materiais têxteis, visando
o desenvolvimento e a gestão do portfólio de novos produtos.
Público-alvo
– Profissionais que atuam na área têxtil ou
áreas afins e não possuem formação em Engenharia Têxtil.
Fazem parte desse universo empresários, executivos em cargos
de gerência e supervisão, engenheiros que atuam nas empresas
têxteis ou afins, profissionais que atuam em vendas técnicas, administradores de empresas, economistas e outros profissionais
com interesse em adquirir conhecimentos de produtos têxteis.
Pré-requisitos – Graduação em Engenharia, Tecnologia,
Economia ou Administração de Empresas e análise de currículo.
Informações – Campus São Paulo (11) 3274-5200 e campus
São Bernardo do Campo (11) 4353-2909. Envio de currículos
para análise: [email protected].
JULHO a SETEMBRO DE 2015 Domínio fEi
41
Artigo
O promissor mercado
aeroespacial brasileiro
A
Professor
José Tavares
Coordenador
Pós-graduação
Gestão de Produção
Aeroespacial
Centro
Universitário FEI
42
s oportunidades profissionais na área de produção da indústria aeroespacial são promissoras, principalmente no desenvolvimento e na produção de veículos aeroespaciais
no Estado de São Paulo, região que concentra o maior polo aeroespacial da América
Latina. O Brasil tem, atualmente, 136 estabelecimentos instalados para fabricação de
aeronaves, 99 em São Paulo. O Estado responde por 73% das unidades locais, 95% do pessoal
ocupado e 96% do Valor da Transformação Industrial (VTI) da indústria aeronáutica nacional
(IBGE/2011). O número de profissionais contratados nesse setor deve aumentar substancialmente nos próximos anos devido, sobretudo, ao programa FX-2 de reequipamento e modernização da frota de aeronaves militares supersônicas da Força Aérea Brasileira (FAB). A previsão
é que, em 20 anos, o número de aviões duplique com substituições e compras de aeronaves,
chegando a uma frota de 120 até 2030. E mais: conforme dados da Associação das Indústrias
Aeroespaciais do Brasil (AIAB), a indústria aeroespacial brasileira é a maior do Hemisfério Sul.
Quando comparada às indústrias líderes percebe-se que apresentou, em 2010, 4,9% da receita
da indústria europeia e 3,3% da norte-americana.
A cidade de São Bernardo do Campo está sendo incluída nesse próspero mercado, a partir
do projeto FX-2, pois será instalado na cidade um importante polo de fabricação de peças de
fuselagem para aeronaves Gripen NG. O governo brasileiro adquiriu 36 caças Grippen NG da
empresa Saab, da Suécia, e 15 serão totalmente fabricados aqui. Para atender a essa demanda
deverão ser contratados novos profissionais, especialmente os especializados na gestão da
produção. Destacam-se, também, as oportunidades que devem se abrir com a fabricação do
KC-390, maior avião já construído pela indústria aeronáutica brasileira. Estudo de mercado feito
pela Embraer indica um potencial de vendas de 728 unidades para 77 países, o que representa
negócios da ordem de US$ 50 bilhões nos próximos 10 anos.
O futuro é imediato para o profissional dessa área, atrelado ao crescimento da indústria
aeroespacial no Brasil, que tem a Embraer como integradora e centenas de fornecedores na
cadeia de produção. Uma das líderes mundiais, a Embraer registrou volume de 87% de exportações em 2010, mais da metade deste montante para Estados Unidos e Europa. O avanço da
participação da Embraer no mercado mundial, nos setores comercial, executivo e de defesa, é
um forte indício da necessidade de explorar os negócios com fornecedores locais daqui para
frente. O segmento aeronáutico oferece uma variada gama de produtos, tais como aviões,
helicópteros, seus conjuntos e partes estruturais, motores e seus componentes e peças, equipamentos de radiocomunicação e navegação, sistemas e equipamentos embarcados e para
controle do tráfego aéreo. Também são oferecidos serviços de manutenção, reparo e revisão
geral de aeronaves de diversos portes, motores, componentes e equipamentos de sistemas de
bordo, além de projeto, engenharia e serviços industriais relacionados. Enfim, trata-se de um
setor em franco crescimento no País.
A Embraer está fechando muitos contratos, com total potencial para expandir. E as empresas precisam de profissionais para gerir a produção. A pós-graduação em Gestão de Produção
Aeroespacial, recentemente lançada pela FEI, visa suprir essa demanda e preparar profissionais
especializados, particularmente na gestão da produção de aeronaves, voltados para liderança. O
curso destina-se a quem já fez Engenharia, Administração, Tecnologia ou áreas correlatadas, mas
é desejável ter experiência em produção. As disciplinas abordam processos, gestão, projetos e
qualidade, e o conhecimento que o curso transmitirá será peça-chave para empresas produtoras
do segmento. Embora ainda haja muito a ser trabalhado para que o Brasil alcance o patamar
desejado, a avaliação do País no setor aeroespacial é considerada positiva e significativa. Ainda
que a indústria aeroespacial brasileira se encontre em um processo de evolução, é tratada com
especial atenção na estrutura produtiva do País por ser de alta tecnologia, possuir destaque e
competir – mesmo que em menor posição – com as líderes mundiais. Então, é hora de aproveitar
para formar pessoal com expertise, ajudar o mercado a crescer e o Brasil a evoluir nessa área.
Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
CADA PESSOA LIDA COM
O DINHEIRO DE UM JEITO.
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Existem vários jeitos de lidar com o dinheiro. Por isso, o Santander,
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Domínio fEi JULHO a SETEMBRO DE 2015
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Resumo: FEI desenvolve estudos relacionados a essa nova