O MITO DE PROMETEU
Pode-se dizer que boa parte da mitologia
antiga, grega, romana ou oriental, enfatiza os perigos
que incorre o ser humano ao tentar ultrapassar os
limites fixados com leis de ferro da Natureza,
amparada pelos deuses.
Os exemplos são inúmeros e até hoje são
sempre lembrados quando a ciência avança sobre
áreas que consideramos melindrosas ou sagradas.
No
entanto, os homens curiosos e cientistas
corajosos e capazes, mesmo arriscando suas vidas,
jamais negaram-se a ir em frente. Tiveram que
enfrentar a incompreensão das autoridades, o
fanatismo e a superstição do povo comum, a
revolta do clero e por vezes o calabouço, o exílio, a
pobreza forçada ou a fogueira por terem defendido
concepções que hoje consideramos absolutamente
aceitáveis e naturais mas que no tempo em que
foram proferidas foram consideradas heréticas ou
demoníacas.
O MITO DE PROMETEU
Prometeu era um dos quatro filhos de Jápeto e
Clímene e pertencia à raça dos Titãs. Como era um
adivinho, previu a derrota de seu povo e tornou-se amigo
de Zeus. Segundo a tradição (que não consta da
Teogonia de Hesíodo), Prometeu criou os primeiros
seres humanos na Terra. Bem antes da vitória de Zeus
sobre os Titãs, Prometeu foi um benfeitor da
humanidade.
Devido a esta troca de lugares, os deuses
sempre desconfiaram da proteção dada por Prometeu
aos homens. Um dia em Mecone, o deus filantropo
desejou ludibriar o pai dos deuses e dos homens em
favor dos mortais, dividindo um grande boi em duas
porções: a primeira continha carnes e entranhas,
cobertas pelo couro do animal. A segunda, apenas os
ossos, disfarçados com a gordura branca dos mesmos.
Ao escolher uma delas, Zeus optou pela segunda e,
vendo-se burlado, "a cólera encheu sua alma, enquanto o
ódio lhe subia ao coração".
Novamente o benfeitor dos homens agiu. Roubou
uma centelha do fogo celeste, ocultando-a na haste de
uma férula, e a trouxe à Terra, reanimando os mortais.
O maior dos deuses Olímpicos resolveu punir com mais
rigor a humanidade e seu protetor. Contra os homens
imaginou perdê-los para sempre através da irresistível
Pandora (cuja caixa continha todos os males da
humanidade, inclusive a esperança). Contra Prometeu, a
punição foi terrível. Ele foi acorrentado com grilhões em
uma coluna e tinha o fígado "roído" durante o dia por
uma águia e, à noite, o órgão se regenerava. Zeus jurou
que jamais o libertaria daquela prisão.
Habilitados parcialmente pela centelha de fogo
celeste, os homens experimentaram o uso diferencial da
inteligência e a fome de saber.
Quanto a Pandora ("a detentora de todos os
dons"), ela foi a primeira mulher modelada em argila,
animada por Hefesto e tornada irresistível pelos deuses
- "Afrodite deu-lhe a beleza e insuflou-lhe o desejo
indomável que atormenta os membros e os sentidos." Por
fim, Hermes concedeu-lhe o dom da palavra.
De certo modo, muitas das fobias antigas
voltaram à luz com a notícia da clonagem de uma ovelha
adulta feita na Escócia pelo Instituto Roslin, em 1997.
Governos, igrejas, seitas religiosas de todas as crenças,
manifestaram profundo receio perante a possibilidade
de se clonar, em breve, um ser humano. As sanções e
ameaças feitas aos cientistas, caso eles tentem isso,
variam de simples negação de verbas federais até
medidas mais rigorosas como pena de prisão. Isto tudo
afinal é muito natural. Toda inovação revolucionária
provoca um choque ético na humanidade. Mas com o
tempo, as barreiras uma a uma vão caindo, e aquilo que
foi encarado certa vez como uma blasfêmia, ou um crime
contra Deus, passa a ser visto com toda a naturalidade.
Quem se negaria hoje a vacinar-se contra febre
amarela. No entanto, a sua obrigatoriedade introduzida
no Rio de Janeiro pelo cientista e sanitarista Dr.
Oswaldo Cruz, provocou a Revolta da Vacina de 1904.
Observa o poema abaixo, de Murilo Mendes:
Novíssimo Prometeu (Murilo Mendes)
Eu quis acender o espírito da vida,
Quis refundir meu próprio molde,
Quis conhecer a verdade dos seres, dos elementos;
Me rebelei contra Deus. Contra o papa, os banqueiros, a
escola antiga,
Contra minha família, contra meu amor,
Depois contra o trabalho
Depois contra a preguiça,
Depois contra mim mesmo,
Contra minhas três dimensões:
Então o ditador do mundo
Mandou me prender no Pão de Açúcar:
Vêm esquadrilhas de aviões Bicar o meu pobre fígado.
Vomito bílis em quantidade,
Contemplo lá embaixo as filhas do mar Vestidas de maiô,
cantando sambas,
Vejo madrugadas e tardes nascerem .
Pureza e simplicidade da vida! .
Mas não posso pedir perdão.
1) Explica com tuas palavras a relação do poema
com o Mito de Prometeu. A quê o poema está fazendo
referência ao usar este mito como suporte?
2) Qual a relação que pode ser estabelecida entre
o livro Frankenstein, o Mito de Prometeu e o poema de
Murilo Mendes?
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o mito de prometeu - ESCOLA MARIO QUINTANA / TRÊS VENDAS