ProUni: Análise de dissertações do banco de dados da CAPES (2006 – 2007) Línea Temática: Prácticas para la reducción del abandono: acceso, integración y planificación FONSECA, Carla Camargo BONOTTO, Gabriele FELICETTI, Vera Lucia Mestrado em Educação/UNILASALLE – BRASIL [email protected] Resumo O Programa Universidade para Todos (ProUni) corresponde a um programa brasileiro de ações afirmativas que concede bolsas de estudo integrais e parciais (50%) em instituições privadas de Ensino Superior para egressos do ensino médio da rede pública ou particular, mas com bolsa integral, a estudantes com deficiência e professores da rede pública de ensino do quadro permanente em cursos de licenciatura. Este artigo, de cunho bibliográfico e exploratório, apresenta a análise realizada nas dissertações constantes no Banco de Teses da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) a partir do descritor ProUni, referentes aos anos de 2006 e 2007. Após a localização das dissertações, as mesmas foram buscadas na íntegra nas suas bibliotecas depositárias ou no site do domínio público. Do total de treze dissertações, nove foram encontradas e lidas de forma integral e quatro não foram disponibilizadas na íntegra, sendo considerados apenas os resumos. A análise realizada evidencia os pontos comuns e relevantes encontrados nas dissertações. Emergem da análise três categorias a saber: ProUni: lentes do acesso e da inclusão ao Ensino Superior; ProUni: uma segunda intenção?; Educação Básica e ProUni. Na primeira categoria é possível perceber que o Programa Universidade para Todos é uma política pública que possibilita o acesso ao Ensino Superior para estudantes oriundos de grupos minoritários. Na segunda categoria discute-se qual seria o objetivo real desta política, e na última categoria discute-se a dificuldade dos graduandos em apropriarem-se do saber universitário em função do fraco ensino desenvolvido na Educação Básica pública. Palavras-chave: ProUni. Acesso ao Ensino Superior. Democratização do Ensino. 1. INTRODUÇÃO O Projeto de Lei Nº. 8.035, de 2010 – Plano Nacional de Educação (PNE), decênio 20112020, objetiva em sua Meta 12 “elevar, de forma qualificada, a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para cinquenta por cento e a taxa líquida para trinta e três por cento da população de dezoito a vinte e quatro anos.” (Brasil, 2012, p. 29). Esta Meta está associada ao desenvolvimento socioeconômico de nosso país, pois o mesmo está diretamente ligado ao desenvolvimento educacional da população. Para tanto, há necessidade de profissionais qualificados de modo a melhor atuarem no todo da sociedade. Nessa direção, uma formação em nível superior representa melhor preparação para o mercado de trabalho, logo pode possibilitar uma melhor posição nele e, no contínuo, uma melhoria na qualidade de vida (Felicetti, 2011). Ampliar as vagas e proporcionar maior acesso ao Ensino Superior vem sendo um desafio no cenário brasileiro. Embora nos últimos tempos isso venha ocorrendo, bem como um aumento significativo de Instituições de Ensino Superior (IES) e de matrículas nesse nível de ensino, ainda se percebe uma quantidade maior de candidatos do que de vagas oferecidas. Isto ocorre com maior intensidade nas instituições públicas de Ensino Superior. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP, 2011), em 2011 houve 10,6 candidatos por vaga no setor público frente a 1,47 nas privadas. No entanto, a quantidade de ingressos (presenciais) nos últimos cinco anos é menor que o número de vagas ofertadas. A tabela 1 mostra esses dados. Tabela 1 – Número (em milhares) de vagas oferecidas, candidatos inscritos e ingressos por vestibular e outros processos seletivos, nos cursos de graduação presenciais por Categoria Administrativa das IES – Brasil – 2007-2011Ano ANO 2007 2008 2009 2010 2011 VAGAS OFERECIDAS (mil) Público Privado Total 329 2.495 2.824 344 2.641 2.985 394 2.771 3.165 445 2.675 3.120 485 2.744 3.229 CANDIDATOS INSCRITOS Público Privado Total 2.290 2.901 5.192 2.454 3.081 5.535 2.589 3.634 6.223 3.365 3.334 6.699 5.138 4.028 9.167 INGRESSOS (mil) Público Privado Total 336 1.473 1.809 353 1.521 1.874 354 1.157 1.511 409 1.182 1.590 427 1.260 1.687 Fonte: SINOPSES Estatísticas da Educação Superior (INEP, 2007-2011) Dos dados apresentados na Tabela 1, surgem alguns questionamentos, entre eles, o porquê do não preenchimento de todas as vagas oferecidas, quer seja nas instituições públicas ou nas privadas. Segundo Felicetti (2011), sobrar vagas nas instituições privadas é compreensível, já que há a necessidade de recursos financeiros para custear as mensalidades, mas no ensino público o natural seria que todas as vagas fossem ocupadas. O não preenchimento das vagas aponta a ociosidade na Educação Superior brasileira. Para diminuir essa ociosidade, programas de governo entram em ação a fim de proporcionar o preenchimento dessas vagas, bem como aumentar as oferecidas. Entre os programas alguns se destacam: Universidade Aberta do Brasil (UAB) que objetiva oferecer uma formação acadêmica para professores que já trabalham na Educação Básica e não são graduados (Brasil, 2008); A criação de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE) que correspondem a instituições de Ensino Superior, Básico e Profissional, multicampi e pluricurriculares (Brasil, 2008); O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) que proporciona o financiamento de cursos de graduação em instituições privadas por alunos sem condições de custear as mensalidades (Brasil, 2001; 2012 ); O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) (Brasil, 2007); O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que corresponde a um processo unificado de seleção (Brasil, 2009); O Sistema de Seleção Unificado (SISU) que possibilita aos estudantes concorrerem a vagas em IES públicas a partir do resultado do ENEM (Brasil, 2010 ); O Programa Universidade para Todos (ProUni) que é destinado à concessão de bolsas de estudo integrais ou parciais a estudantes de cursos de graduação em instituições privadas de Ensino Superior, com ou sem fins lucrativos (Brasil, 2005). As instituições de Ensino Superior que aderem ao ProUni têm durante a vigência do termo de adesão, isenção de impostos e contribuições. A saber: 1) Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas; 2) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 1; 3) Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social 2 e 4) Contribuição para o Programa de Integração Social 3. 1 Instituída pela Lei no 7.689, de 15 de dezembro de 1988, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7689.ht m> 2 Instituída pela Lei Complementar no 70, de 30 de dezembro de 1991, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp7 0.htm> 3 Instituída pela Lei Complementar no 7, de 7 de setembro de 1970, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp0 7.htm> O não cumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, pela IES refletirá em penalidades aplicadas pelo Ministério da Educação, tais como a desvinculação do ProUni e, portanto, a suspensão da isenção dos impostos e contribuições. Permanência tem valor máximo correspondente ao praticado na política federal de bolsas de iniciação científica, e são destinadas ao custeio das despesas educacionais de alunos com bolsa integral do Programa Universidade para Todos. O ProUni foi criado em 10 de setembro de 2004 como Medida Provisória que foi convertida na Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, sob a gestão do Ministério da Educação (Brasil, 2005). Os candidatos a bolsa ProUni são selecionados através de um sistema informatizado e impessoal, que oferece transparência e segurança ao processo. A seleção depende da nota obtida no ENEM o que conjuga mérito dos estudantes que obtiverem melhores desempenhos. O ProUni ofereceu de 2005 até o primeiro semestre de 2013 o total de 1.830.267 bolsas das quais 1.036.005 são integrais e as parciais correspondem a 794.262. Dessa forma, faz-se relevante um estudo acerca do ProUni, ou seja, perceber como essa temática vem sendo estudada no meio acadêmico, identificando os pontos positivos e/ou negativos proporcionados pelo ProUni. As bolsas de estudo ProUni são concedidas para brasileiros que ainda não têm curso superior, e correspondem às anuidades ou semestralidades escolares. Têm direito a bolsas integrais, brasileiros com renda familiar per capita mensal de até 1 (um) salário-mínimo e 1/2 (meio). Já as bolsas parciais (50%) são destinadas a brasileiros cuja renda familiar mensal per capita não exceda o valor de até 3 (três) saláriosmínimos. Tem direito a bolsas de estudo, no rigor da Lei, o aluno que cursou integralmente o Ensino Médio em escola pública ou em instituições privadas na condição de bolsista integral; que for portador de deficiência, nos termos da lei; que for professor da rede pública de ensino, especificamente dada aos cursos de pedagogia, normal superior e licenciatura, destinados para a formação do magistério da Educação Básica, independente da renda referida acima. Os alunos com bolsa integral do Programa Universidade para Todos têm direito a Bolsa Permanência quando matriculados em cursos presenciais com 6 (seis) semestres de duração no mínimo e com carga horária média igual ou maior a 6 (seis) horas diárias de aula, conforme os dados cadastrados pelas IES junto ao MEC. O benefício da Bolsa Para tanto, apresenta-se na sequência deste artigo a metodologia usada na elaboração do mesmo, a análise e discussão do material estudado, as considerações finais e as referências que nortearam este trabalho. 2. METODOLOGIA Este artigo, de cunho bibliográfico e objetivo exploratório, apresenta a análise realizada nas dissertações constantes no Banco de Teses da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) a partir do descritor ProUni, referentes aos anos de 2006 e 2007. Após a identificação de treze dissertações constantes no banco da CAPES, as mesmas foram buscadas na íntegra nas suas bibliotecas depositárias ou no site do domínio público. Do total de treze dissertações, nove foram encontradas e lidas de forma integral e quatro não foram encontradas na íntegra, sendo analisados assim apenas os resumos presentes no banco de teses da CAPES. As dissertações analisadas foram defendidas em diferentes programas de pós-graduação, a saber: oito dissertações na pós-graduação em educação, uma dissertação no direito, uma na economia, uma na administração, uma na teologia e uma dissertação na engenharia de produção. As metodologias utilizadas em sete dissertações foram qualitativas, predominando a revisão bibliográfica, em duas a metodologia foi mista. Nas quatro dissertações, que foram disponibilizados apenas os resumos, não se informou a metodologia. Nenhuma das dissertações abordou acerca de evadidos ou egressos. A análise das dissertações, realizada neste trabalho, teve por base a análise textual discursiva, de acordo com Moraes e Galiazzi (2007). Após a leitura cuidadosa das dissertações, a análise inicial se deu através da unitarização do material, na qual se evidenciou os pontos comuns e relevantes encontrados nas dissertações. Após, foram agrupados os pontos comuns em categorias iniciais e intermediárias, das quais originaram três categorias finais. A saber: 1) ProUni: lentes do acesso e da inclusão ao Ensino Superior; 2) ProUni: uma segunda intenção? e 3) Educação Básica e ProUni. A análise de tais categorias será apresentada na sequência. 3. ANÁLISE DADOS E DISCUSSÃO DOS Das treze dissertações analisadas, três nomearam o ProUni como uma política de boa intenção, porém, ainda sem eficácia; outras três destacaram o despreparo dos alunos para a universidade em função da Educação Básica que tiveram; oito discutiram diferentes aspectos como representação dos alunos sobre a universidade, modelo de gestão para seleção do ProUni e identidade negra nos estudantes; e seis apontaram o ProUni como uma operação de salvamento ao setor privado ou como uma máscara para disfarçar os interesses internacionais operantes. Tais análises são mais bem apresentadas nas categorias abaixo. 3.1. ProUni: lentes do acesso e da inclusão ao Ensino Superior O olhar destacado nesta categoria foi a condição que ocupa o ProUni como política pública inclusiva e geradora de acesso ao Ensino Superior. Segundo Silva (2006), em sua dissertação, por meio da visão de gestores e educadores, aponta algumas tendências deste tipo de política pública direcionada aos alunos de baixa renda. O autor conclui, a partir de seus estudos, que o ProUni não resolverá os desafios da inclusão ao Ensino Superior, mas sim ressalta a necessidade de melhorar a qualidade da educação do Ensino Superior. Em contraponto, evidencia que se mantenha e que se desenvolva este tipo de política, afinal, desfazer-se dela, seria retroceder ao passado. Isto vai ao encontro do que nos apresenta Brito Filho acerca de ações afirmativas: “Não há dúvidas de que as ações afirmativas, de forma coerente com o seu objetivo, que é o de promover a igualdade, só se justificam até que esta seja alcançada.” (2012, p.67). Portanto, no contexto atual, o ProUni ainda é necessário e importante para o acesso ao Ensino Superior de pessoas oriundas de grupos minoritários (alunos egressos do ensino público, afrodescendentes, indígenas, portadores de deficiência física e outros). Já os estudos de Lima (2007) em sua dissertação intitulada Identidade étnicoracial no contexto das políticas de ação afirmativa, que envolveu quatro acadêmicos bolsistas do ProUni, aponta que esta política não é somente uma oportunidade de ingresso ao Ensino Superior, é mais do que isto, é uma forma dos estudantes realizarem os seus projetos de vida. Na mesma direção, seguem as ideias da pesquisadora Silva (2007), acrescentando que essa forma de acesso à universidade é visualizada pelos estudantes como um caminho para a aprendizagem e para o crescimento pessoal. Se por um lado algumas dissertações trazem o ProUni como uma possibilidade de acesso ao Ensino Superior para pessoas oriundas de grupos minoritários, por outro, encontrou-se dissertações que apontam esse Programa como uma operação de salvamento ao setor privado ou como uma máscara para disfarçar os interesses internacionais operantes. Tal abordagem é a seguir apresentada. 3.2. ProUni: uma segunda intenção? Esta categoria abrange os recursos públicos destinados ao ProUni. Para Almeida (2006), a expansão do setor privado na Educação Superior brasileira, o aumento do desemprego e o achatamento salarial pode ter provocado inadimplência e ociosidade nas instituições de Ensino Superior privadas. A grande propaganda de ascensão social através da educação, também fundamentou a proposta de estatização de vagas nas instituições privadas em troca da renúncia fiscal. Afirmam também Almeida (2006) e Benetez (2007) que ocorre redução do financiamento público em detrimento do privado como uma alternativa rentável e geradora de lucros, além de haver subordinação a organismos internacionais e desigualdades regionais a partir do sistema de cotas. Contudo, os autores não levaram em consideração que não há efetiva transferência de verba para as IES particulares, e sim a redução de impostos para as instituições que participam do programa. Isso pode ser confirmado, de acordo com os dados apresentados no Portal do Ministério da Educação e Cultura – MEC, onde consta que as IES particulares são isentas dos seguintes impostos quando aderem ao ProUni: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Não havendo repasses financeiros para as instituições, mas sim movimentando a economia através de novas matrículas e ganhos a partir dessas isenções. (Brasil, 2013) Os textos de Almeida (2006), Alburquerque (2007) e Mello (2007) apontam que a expansão do Ensino Superior foi intensa no Brasil e ocorreu de forma desproporcional entre o ensino público e o privado, gerando ociosidade das vagas oferecidas pelas universidades. Contudo, a expansão do Ensino Superior iniciou muito antes do ProUni que veio sim para possibilitar o acesso, em extensão à ocupação das vagas ociosas na IES privadas. Segundo Neves (2012), na década de 1990 houve uma soma da estabilização da economia, do crescimento do nível de escolarização do país e do aumento das matrículas no Ensino Médio o que propiciou a expansão no Ensino Superior. Mattos (2007) criou em sua dissertação uma nova forma para o processo de seleção das bolsas do ProUni. Neste novo modelo, os candidatos poderiam escolher uma opção para bolsa integral e outras três parciais para cada curso escolhido. O objetivo seria que todas as vagas disponíveis para o ProUni fossem preenchidas. O instrumento foi criado a partir do método QFD (Quality Function Deployment). Outro ponto relevante dentro desta categoria é a referência ao sistema de cotas. Silva (2007) e Lima (2007) problematizaram as questões raciais relacionadas ao ProUni e ao sistemas de cotas. Segundo eles, o sistema não atinge todas as regiões da mesma maneira. Por isso, concluem que o ProUni e o sistema de cotas não são a solução para as desigualdades regionais, mas que precisam ser combinadas com outras políticas que mantenham o aluno nas cidades pequenas, propiciando que este possa contribuir com o crescimento da sua região. Pensar na criação de outras políticas que possam auxiliar o ProUni leva-nos ao encontro do que diz Mello (2007), quando em sua dissertação ressalta que é necessário um nova política na Educação Básica, assunto que trataremos a seguir. 3.3. Educação Básica e ProUni A terceira categoria analisada refere-se à Educação Básica e seu reflexos no ProUni. Segundo Mello (2007), para que realmente haja a democratização do acesso ao Ensino Superior, são necessárias mudanças na Educação Básica, através de uma escola que não apenas prepare para o mundo do trabalho, mas que vise o bem estar social. O que corrobora com Silva (2006) que enfatiza a necessidade de qualidade da educação e uma visão multidisciplinar, os quais são, para o autor, elementos essenciais para que ocorra a inclusão social. Nessa direção, estudos de Brito Filho apontam como variável principal do programa de cotas, por exemplo, que os indivíduos cursaram todo o Ensino Médio em escola pública, o que segundo o autor, “[...] justificaria mais uma melhoria nos níveis fundamental e médio do ensino, e menos um programa de ação afirmativa para o ingresso no ensino superior, pois o que se pretende é corrigir uma situação de desigualdade.” (2012, p.113). Lambertucci (2007) apresenta a importância dos professores como mediadores dos estudantes, salientando que a posição que os alunos ocupam na escola, enquanto sujeitos que apenas reproduzem conhecimentos também é fator determinante da dificuldade que os educandos apresentam em lidar com o saber na universidade. Também foi citada a análise da proposta de reforma universitária desenvolvida no Ensino Superior brasileiro (Bastos, 2007). Porém, maiores informações da dissertação não foram obtidas, pois apenas o resumo foi analisado. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise realizada nas dissertações relativas aos anos de 2006 e 2007 sobre o ProUni, foi possível perceber que este é tido como política pública que possibilita, para estudantes provenientes de grupos minoritários, o acesso ao Ensino Superior. O ProUni é um programa que não atingiu todos os seus objetivos, pois ainda existem vagas ociosas nas universidades. Porém, o Programa já beneficia muitos que, de outra forma, não teriam acesso a este nível de ensino. Também se destacaram estudos que mostram que, mais do que promover o acesso ao Ensino Superior, este programa contribui para que jovens de todo o Brasil alcancem suas metas de vida, ampliem seus conhecimentos e atinjam crescimento pessoal, o que, provavelmente, através do processo seletivo tradicional, não seria possível. Em contraponto às ideias apresentadas acima se encontram dissertações que visualizam o ProUni como uma forma de mascarar interesses, colocando que o objetivo real desta política seria desobrigar o estado no financiamento das universidades públicas e criar mecanismos que permitam a transferência de recursos públicos para as instituições de Ensino Superior privadas. Porém, conforme já discutimos anteriormente, segundo dados do MEC, não existe efetiva transferência de verbas para as universidades privadas, o que nos faz desconsiderar esta abordagem colocada nesta segunda categoria. Por fim, discute-se a ideia do despreparo dos estudantes que chegam à universidade e a dificuldade dos mesmos em apropriarem-se do saber universitário em função da aprendizagem deficitária que tiveram na Educação Básica. Abre-se aqui, portanto, um novo leque de questões que leva-nos à necessidade de novos estudos sobre o lugar que os estudantes ocupam na Educação Básica enquanto meros reprodutores do conhecimento e as dificuldades destes em lidar com os saberes na universidade. REFERÊNCIAS BRASIL.Comissão Especial Destinada a Proferir Parecer ao Projeto de Lei N.º 8.035, de 2010 – Plano Nacional de Educação. SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI. 26 de junho de 2012. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mo strarintegra?codteor=1012111&filename=ParecerPL803510-26-06-2012. Acesso em 15 de jun. 2013. BRASIL. Decreto Nº 7.790, de 15 de agosto de 2012 – Dispõe sobre financiamento do Fundo de Financiamento Estudantil – Fies. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_cont ent&view=article&id=13375&Itemid=925. Acesso em 15 de ago de 2013. BRASIL. National Report of Brazil 2008. The Development of Education. 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