O JOGO COMO MÉTODO DE ENSINO NAS AULAS DE MATEMÁTICA Ana Carla da Silva Santos i Ana Paula Araújo da Silva Cledineide Medeiros de Araújo Joedna Loyse de Souza Morais O presente trabalho denominado "O jogo como método de ensino nas aulas de matemática" é o resultado de um trabalho desenvolvido pelo PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência) em uma escola da rede pública de ensino da cidade de Caicó/RN. O interesse pelo assunto se deu a partir da compreensão que o ensino da matemática precisa ser mais atrativo, haja vista que esse tipo de recurso torna a aula mais dinâmica, favorecendo, assim, as relações entre professor e aluno e ensino/aprendizagem – isso principalmente se tratando de alunos da educação básica. Assim mostraremos como se deu a utilização desse procedimento metodológico com base em autores como: Eva Maria Siqueira Alves, Ivana Valéria Denófrio Aranão, os Parâmetros Curriculares Nacionais/matemática, livros do PNAIC, entre outros. A intervenção pedagógica foi dividida por etapas, desde a confecção até o produto final, havendo assim participação efetiva dos alunos juntamente com os bolsistas, que gerou uma maior proximidade desses estudantes para com o programa. Deste modo, depois de aplicado os jogos, percebeu-se que os alunos envolvidos nesse processo tiveram uma melhoria substancial nos seus índices de desempenho nessa disciplina. Além disso, esse recurso favoreceu uma maior comunicação na sala de aula entre os próprios alunos e dinamizou as aulas na turma, tendo em vista que as próprias professoras com o curso do PNAIC estão trabalhando a matemática de forma mais atrativa. Por fim, tivemos resultados satisfatórios, apesar de pouco tempo intervindo com os alunos, pois os recursos oferecidos nessa intervenção trata-se de novidade nas aulas de matemática. Palavras-chave: jogos de matemática, aprendizagem, dinamicidade A matemática durante vários anos era vista como uma ciência pronta e acabada, onde o professor era detentor do saber e o aluno passivo e até amedrontado com este tipo de ensino, no entanto, com o decorrer dos anos é percebido várias mudanças ocorridas nesse ensino, uma delas é que a matemática não é algo pronto e acabado, pois está em constante mudança e que o aluno é capaz de apreciar essa disciplina tão questionada por eles. Neste ponto, vemos que a matemática também deve acompanhar as mudanças de gerações, pois as crianças de hoje são ativas e curiosas, então de nada adianta tentar ensiná-las da mesma forma que um dia fomos ensinados, pois elas não vão entender nem se interessarão pelo assunto. Dessa forma, foi pensando em transformar o ensino da matemática em algo mais atrativo com a utilização do concreto, como o exemplo dos jogos fazendo com que os alunos passassem a sentir um maior interesse por ela, que desenvolvemos este trabalho. Sendo assim, no artigo será exposto o ensino de matemática tradicional, o ensino de matemática com deve ser (dinâmica e interativa) e as intervenções feitas pelas bolsistas do PIBID, onde relata alguns jogos e anotações feitas para demonstrar que os jogos como método de ensino fazem a diferença nas aulas de matemática. Portanto, esse artigo terá como objetivo fazer com que as pessoas (professores, alunos, pais, funcionários, dentre outros) compreendam que o ensino de matemática através de jogos fazem com que as crianças sintam mais entusiasmo nas aulas expostas pela professora, sendo de grande importância saber como trabalhar com jogos, e aplicá-los na rotina da sala de aula, desenvolvendo nos alunos um gosto por essa disciplina tão questionada e que amedronta a todos. 1. O Ensino de matemática tradicional A matemática sempre foi um “bicho de sete cabeças” para muitos alunos, os professores como detentores do saber faziam dessa disciplina um tormento, não tinham criatividade, pois o ensino resumia-se apenas a transmissão de conteúdos, dessa forma, pouco interativa e significativa para os educandos. Os alunos eram seres passivos, onde nada podiam, ficavam apenas observando e recebendo informações, muitas vezes desnecessárias. Dessa forma Dewey, 1996 vem dizer que “Se todos os professores compreendessem que a qualidade do processo mental, não a produção de respostas correctas, é a medida do desenvolvimento educativo, algo de pouco menos do que uma revolução no ensino teria lugar na escola". Com isso, o autor nos mostra que não apenas os resultados devem ser levados em conta, mas também todo o processo pelo qual a mente da criança passa para se desenvolver cognitivamente. Sendo assim, se faz necessário essa reforma no ensino de matemática, tendo em vista que o mesmo não se dá mais através de informações jogadas para alunos e sim como processo, uma interação e uma dinamicidade, o que dá um significado a esta disciplina considerada tão complexa por muitos deles. Deste modo Aranão (1997:8) vem enfatizar o que é esse ensino de matemática tradicional Nesse universo didático encontramos o ensino da matemática, em que as crianças são obrigadas a realizar exercícios alheios a seu nível de desenvolvimento cognitivo, preencher lacunas e resolver problema mecanicamente, com base em um modelo apresentado. O aluno não compreende o que está fazendo ou porque fazê-lo. Sua preocupação é tratar de adivinhar a resposta que o professor quer e com isso conseguir uma boa nota para ser promovido. Contudo, há ainda a questão de formação de professores, onde muitos não desenvolvem a formação continuada e acabam prosseguindo do mesmo modo que era ensinada a matemática. Dessa forma os Parâmetros Curriculares Nacional, 1997 vem dizer sobre formação continuada que Parte dos problemas referentes ao ensino de Matemática estão relacionados ao processo de formação do magistério, tanto em relação à formação inicial como à formação continuada. Decorrentes dos problemas da formação de professores, as práticas na sala de aula tomam por base os livros didáticos, que, infelizmente, são muitas vezes de qualidade insatisfatória. A implantação de propostas inovadoras, por sua vez, esbarra na falta de uma formação profissional qualificada, na existência de concepções pedagógicas inadequadas e, ainda, nas restrições ligadas às condições de trabalho. Portanto, há também o interesse por parte dos professores, pois se ele não quiser inovar em suas aulas o único prejudicado será o aluno. Dessa forma é necessário uma reforma no ensino e principalmente que os educadores tenham empenho em desenvolver uma matemática mais inovadora. 2. A matemática como deve ser Hoje, a matemática tem outra face, onde o professor é tido como mediador e o aluno está em constante construção, havendo assim a interação entre ambos, contudo a matemática ainda é vista como uma disciplina muito difícil e amedronta muitos alunos, tendo em vista os resquícios de como era a matemática, porém bem menos, pois quando os professores desenvolvem os conteúdos de matemática através de jogos, ou da tecnologia as crianças se sentem muito mais motivadas a aprender, visto que há troca de saberes. Dessa forma Anabela Silva e Susana Martins vem falar sobre a matemática como A educação matemática derige-se sobretudo para a valorização dos seguintes aspectos: a resolução de problemas, a comunicação, o raciocínio matemático e as conexões. Porque a Matemática é também uma forma de comunicação, uma segunda linguagem, é essencial que a aula de Matemática funcione como um espaço onde o aluno possa comunicar as suas ideias. Neste sentido, as actividades em grupo são extremamente importantes, uma vez que permitem ao aluno aprender a trabalhar com os colegas e, logicamente, a comunicar. O jogo pode revelar-se um óptimo aliado neste processo porque, enquanto jogam, os alunos vão percebendo a(s) finalidade(s) do jogo, compreendendo e partilhando significados e conceitos através do diálogo no grupo e com o professor. Donde, o jogo na aprendizagem da Matemática constitui um factor estimulador da capacidade de comunicar. Sendo assim, é preciso desenvolver um trabalho mais dinâmico, em grupos, onde o aluno possa interagir com o seu colega e assim construírem seu processo de ensino e aprendizagem. Com isso o jogo é um importante recurso para ser trabalhado na sala de aula, como afirma Moura (1991, p. 24) Jogo é uma palavra, uma maneira de expressar o mundo e, portanto de interpretá-lo. Precisamos, reconhecer que estamos tratando de uma concepção complexa na medida em que em torno de um nó de significações, giram valores bem diferentes: a noção aberta a interpretações e, sobretudo, a novas possibilidades de análise. Podese descobrir um paradigma dominante em torno da oposição ao trabalho, mas também potencialidades diversas conforme se favoreça essa ou aquela direção de seu desenvolvimento. Portanto, o jogo é um recurso importante para que o aluno possa desenvolver seus conhecimentos, facilitando a aprendizagem dos conteúdos. Com isso vários cursos de formação continuada já estão sendo aplicados para professores, como: pró-letramento, PNAIC, entre outros, fazem com que os professores possam desempenhar atividades diferenciadas para as crianças aprenderem a matemática seja através de problemas, jogos, brincadeiras e/ou o cotidiano do aluno. Dessa forma, o PNAIC vem tratar o jogo em sala de aula, quando diz que Para que o ato de jogar na sala de aula se caracterize como uma metodologia que favoreça a aprendizagem, o papel do professor é essencial. Sem a intencionalidade pedagógica do professor, corre-se o risco de se utilizar o jogo sem explorar seus aspectos educativos, perdendo grande parte de sua potencialidade. 3. Intervindo com jogos matemáticos As intervenções se deram com dois 02 jogos de matemática que começou pela confecção dos mesmos até sua utilização pelos alunos, o primeiro jogo foi o lulu, trabalhamos com 18 crianças de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I. No inicio da intervenção os alunos foram divididos em 6 grupos de 3 componentes, em seguida produziram o jogo Lulu no qual os materiais utilizados para sua confecção foram: cartolina, papel laminado, cola, lápis grafite e borracha. Cada grupo fez 4 círculos grandes e 10 círculos pequenos, sendo estes últimos colados nos círculos maiores na ordem de 1 a 4. As crianças têm um bom desenvolvimento motor, já que elas mesmas cortaram e colaram o material do jogo, o que pudemos perceber foi a dificuldade que algumas crianças tem em fazer contas de adição, sendo esta dificuldade propósito de nosso trabalho já que este primeiro jogo foi tido mais como um diagnóstico para sabermos como os alunos estavam relacionados a matemática, a partir disto pudemos observar o desenvolvimento deles e definir intervenção seguinte. O segundo foi o jogo pintando o sete, foram com 12 alunos cada grupo com 3 participantes, ficando cada monitora com um grupo, participando ativamente do desenvolvimento do jogo. Nele há uma tabela onde tem os números: 2,3,4,5,6, 8,9,10,11,12, e embaixo dessa tabela havia outra com sete números sete. Iniciamos o jogo falando de sua regras, as mesmas foram colocadas no quadro para os alunos lerem e compreenderem melhor o jogo, em seguida entregamos as cartelas a cada componente do grupo e o jogo deu início. O jogo se dá dessa forma; com dois dados cada componente do grupo joga os mesmos, a partir do número que deu eles pintam o número na cartela, quem pintar todos os 7 primeiro perde o jogo. Com isso, as crianças desenvolveram uma maior interação, faziam somas, discutiam os resultados das contas, aprendiam em equipe, por isso o mesmo foi feito com foco no trabalho em grupo. Com estas intervenções percebemos que os alunos tem um pouco de dificuldade em matemática, pois só conseguiam fazer as operações após contarem. Sendo assim o jogo auxiliou no desenvolvimento do raciocínio lógico, quando eles começaram a trabalhar com o concreto e tomar gosto pela matemática, viram que ela também pode ser divertida, desde que seja trabalhada com clareza e dinamicidade. Nesta perspectiva o lúdico é um meio eficiente de motivação no ensino de vários conteúdos e disciplinas, principalmente a matemática que é considerada desinteressante pelos alunos. Assim, Emerique (1999, p. 186) nos mostra que há “possibilidade de, através do um jogo (de construção) com regras, desenvolver a noção da unidade ganhar-perder presente em várias situações de vida, também na escolar, questionando o propósito capitalista de ‘levar vantagem em tudo’”. Este autor nos faz perceber que o ensino com jogos de matemática também precisa ser planejado adequadamente para poder colocá-lo em prática, tendo em vista que é necessário perceber todos esses conceitos citados: regras, tentar desenvolver o conceito de ganhar e perder para que os alunos saibam se comportar diante de qualquer evento, entre outros. Portanto tudo isso são possibilidades que se pode resultar de um jogo seja ele de matemática ou não. Apesar de poucos jogos trabalhados com os alunos, pode ser percebido um interesse maior por parte dos mesmos, tendo em vista que quando eles ficavam sabendo que as intervenções seriam jogos, as crianças se entusiasmavam ainda mais e brincavam, jogavam, discutiam e interagiram, Portanto, foi perceptível o grau de desenvolvimento dos mesmos quanto a matemática, pois como é sabido essa disciplina deixa muitos alunos assustados e para isso é essencial a inserção de jogos no cotidiano da sala de aula. Referências ARANÃO, Ivana Valéria Denófrio. A matemática através de brincadeiras e jogos. 2. ed. Campinas, SP: papirus, 1997. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. ______. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Apoio a Gestão Educacional. Pacto Nacional Pela Alfabetização na Idade Certa: Jogos na alfabetização Matemática. – Brasília: MEC, SEB, 2014. DEWEY, J. Democracy and Education: an introduction to the philosophy education. Nova York/Londres: Free Press, 1996. EMERIQUE, Paulo Sérgio. Isto e aquilo: jogo e ensinagem matemática. Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. BICUDO, Maria AparecidaViggiani (Org.). São Paulo: Editora UNESP, 1999, p. 185-198. MOURA, M. O. de. A construção do signo numérico em situação de ensino. São Paulo:USP,1991. SILVA, Anabela. MARTINS, Susana. Falar de matemática hoje é. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/20_ect5.htm>. Acesso em: 10 out 2014. Anexos Regras do Jogo: Jogo lulu do Havai; Jogo pintando o 7; Jogo Lulu do Havai: HISTÓRICO: Lu-lu é um jogo praticado pelos povos que primeiro chegaram ao arquipélago do Havaí. Stewart Culin, famoso antropólogo e colecionador de jogos, escreveu sobre esse jogo em um artigo publicado em 1899. Os Polinésios navegaram por grandes distâncias através do Oceano Pacífico, para irem da Ásia até o arquipélado do Havaí. As ilhas são de origem vulcânica, e mesmo hoje alguns vulcões emitem lava. As crianças havaianas jogam lulu com discos de pedra vulcânica. MATERIAL: Discos OBJETIVO: Obter a soma mais elevada no final de um número convencionado de rodadas. REGRAS: 1. Os jogadores decidem de antemão quantas rodadas irão jogar. 2. Eles se revezam no lançamento dos discos. 3. Cada jogador tem dois lances antes de passar os discos para o próximo jogador. 4. Para lançar os discos, o jogador segura os quatro discos com as mãos juntas e deixa-os cair na mesa ou no chão. 5. Se todos os discos caírem com a face voltada para cima, o jogador fará 10 pontos e lançara todos os discos outra vez. 6. O número de pontos que aparece no segundo lance é adicionado aos 10 do primeiro lance para obter o total. 7. Se um ou dois discos caírem com as faces para baixo no primeiro arremesso, o jogador pegará somente estes discos e arrefecera de novo. 8. O total é a soma de todos os pontos dos quatro discos após o segundo arremesso. 9. Vence o jogador que tiver a soma mais elevada no final do número convencionado de rodadas. Fonte: Zalavsky, Cláudia – Jogos e atividades Matemáticas do Mundo Inteiro – Artmed Editora, 2000. Jogo Pintado o sete: APRENDIZAGEM: RESOLVER ADIÇÕES; analisar as possibilidades de soma 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 no lançamento de dois dados. REGRAS: O primeiro jogador lança os dois dados, soma os pontos obtidos e risca esse número na sua folha. Se o total for 7, deverá pintar um dos setes da sua folha. Os próximos jogadores deverão fazer o mesmo. Caso o jogador obtenha, em uma jogada, um total que já foi riscado, deverá passar a vez. O jogador que pintar todos os “setes” sai do jogo. Ganha o jogo quem primeiro conseguir riscar todos os números. PROBLEMATIZANDO: O jogo “Pintando o sete” explora os fatos básicos da adição. Fatos básicos são operações com números de apenas um algarismo. A exploração dos fatos básicos da adição e das outras operações auxiliará os alunos na compreensão dos algoritmos Não basta desenvolver apenas as estratégias mentais nesta ação, mas conhecer as diversas possibilidades de decomposição de um número. Fotos: Alunos confeccionando o jogo lulu Alunos confeccionando o jogo lulu Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Alunos jogando o jogo Lulu Alunos jogando o jogo Lulu Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Alunos jogando o jogo Lulu, orientado pela monitora Alunos jogando o jogo Lulu Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Escrevendo sobre as regras do jogo pintando o 7 Jogo pintando o 7, orientado pela monitora Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Jogo pintando o 7, orientado pela monitora Parte da turma jogando o jogo pintando o 7 Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla Fonte: Arquivo pessoal de Ana Carla i Alunas Graduandas do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte