AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA, NO MUNICIPIO DE CAMPO LARGO – PR, À LUZ DO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA Anna Carolina Galhart1 UFPR [email protected] Iloine Maria Hartmann Martins2 UFPR Lizmari Merlin Greca3 UFPR [email protected] Resumo: Através do presente artigo pretende-se estabelecer uma reflexão sobre a relevância do curso de formação continuada em Alfabetização Matemática, à luz do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, aos professores alfabetizadores do município de Campo Largo – PR. Inicia-se com uma breve apresentação do PNAIC e a seguir a discussão acerca da Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento. Os dados apresentados, através de depoimentos são parciais, visto que foram pautados no curso inicial de formação dos Professores Alfabetizadores. O curso de formação continuada mostrou-se necessário e de interesse desse grupo de profissionais. Desta forma, promoveu discussões pertinentes sobre o respeito aos modos de pensar e a lógica da construção dos conhecimentos pelas crianças. 1 Graduada em Letras Português Espanhol com Especialização em Interdisciplinaridade na Escola e Literatura Brasileira e Construção de Texto, Acadêmica do curso de Pedagogia e Mestranda em Educação Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Orientadora de Estudos do PNAIC/ Campo Largo-PR. 2 Pedagoga com Especialização em Gestão Educacional e Educação Especial; Acadêmica de Psicologia e Mestranda em Educação Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Formadora do PNAIC/Língua Portuguesa. 3 Pedagoga com Especialização em Educação Especial e Educação Bilíngue para Surdos e Mestranda em Educação Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Formadora do PNAIC/Língua Portuguesa. Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna : Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática – PPGECM da Universidade Federal do Paraná. Orientador das autoras. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Palavras-chave: Educação Matemática. Alfabetização Matemática. Formação Continuada. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O compromisso assumido pelo município de Campo Largo O presente artigo tem por objetivo trazer as contribuições e reflexões dos professores do município de Campo Largo, no estado do Paraná, sobre a formação continuada proposta pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC/Matemática. O PNAIC é um programa do Governo Federal, que abrange quase todos os municípios do Estado do Paraná, no qual estes assumem o compromisso junto ao governo de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade, ao final do 3° ano do Ensino Fundamental (BRASIL/MEC 2014, p.8). Da mesma forma que a formação de Língua Portuguesa4, o curso de Alfabetização Matemática parte do pressuposto que é fundamental que o professor alfabetizador deve ser tratado como um profissional em constante formação, em todas as áreas do conhecimento. Assim, o eixo central do PNAIC é a formação continuada deste profissional. As ações do PNAIC apoiam-se em quatro eixos de atuação: Formação continuada presencial para professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo; materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; avaliações sistemáticas, gestão, controle social e mobilização. (BRASIL/MEC, 2014, p. 8) Faz-se necessário considerar que os cadernos de Alfabetização Matemática adotam a perspectiva do letramento, estando assim em consonância com o material de formação de linguagem. Dessa forma, a Alfabetização Matemática é entendida como um instrumento para a leitura do mundo, uma perspectiva que supera a simples decodificação dos números e a resolução das quatro operações básicas. (BRASIL/MEC, 2014, p.5) 4 A formação continuada em Língua Portuguesa dos Professores Alfabetizadores de Campo Largo aconteceu durante o ano de 2013, atingindo um total de 188 professores e com carga horária de 88h presenciais e 32h a distância. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Além do apoio do Governo Federal, o município de Campo Largo, conta com a colaboração da Secretaria Municipal de Educação. A coordenação geral e pedagógica está sob a responsabilidade da Universidade Federal do Paraná, esta instituição elabora e executa as ações do programa. No município está a Coordenação local que atua na organização dos cursos, monitoramento dos Professores Alfabetizadores, apoio operacional às Orientadoras de Estudos e orientações necessárias para o envolvimento de todos. A formação continuada dos professores alfabetizadores está organizada por meio de cursos divididos de acordo com o material didático, bem como a carga horária e sob a orientação das coordenações e Secretaria Municipal. A carga horária total da capacitação dos Professores Alfabetizadores é de 160 horas, sendo que 80 horas de Matemática e 40 horas de Língua Portuguesa é presencial, e mais 40 horas a distância. A etapa à distância dos Formadores, Coordenadores Locais e Orientadores de Estudos acontece pelo ambiente Moodle5 e para os Professores Alfabetizadores através de endereço eletrônico a partir de reflexões acerca da temática abordada. Os encontros presenciais acontecem quinzenalmente, às terças-feiras, no horário das 18h às 22h, no espaço da Escola Municipal Reino da Loucinha, a mais central da cidade, situada na Rua do Centenário, 2171. O material constitui-se de oito cadernos de formação cujos temas são: Organização do Trabalho Pedagógico; Quantificação, Registros e Agrupamentos; Construção do Sistema de Numeração Decimal; Operações na Resolução de Problemas; Geometria; Grandezas e Medidas; Educação Estatística e Saberes Matemáticos e outros Campos do Saber; além dos cadernos de referência Apresentação, Educação Matemática do Campo; Educação Inclusiva e Jogos. Os cadernos foram elaborados no sentido de auxiliar os Formadores, Orientadores de Estudos e Professores Alfabetizadores, contudo as experiências e o conhecimento do grupo de profissionais podem e devem ser discutidos e aproveitados para o encaminhamento do trabalho com a Alfabetização Matemática. O município de Campo Largo encontra-se na etapa inicial do curso, ou seja, os Professores Alfabetizadores tiveram contato apenas com os cadernos de Apresentação e Organização do Trabalho Pedagógico. As reflexões e contribuições dos professores 5 O Moodle é um software livre em um ambiente virtual de aprendizagem, que proporciona a interação entre os Orientadores de Estudos, Formadores e Coordenadores Locais. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 serão apresentadas como os resultados parciais dessa pesquisa. No programa participam 199 Professores Alfabetizadores que atuam nos três primeiros anos do Ensino Fundamental e 14 pedagogas que integram o grupo como ouvintes. Os seminários são ministrados por Formadores, selecionados pela Universidade Federal do Paraná. Os participantes desses eventos são os Orientadores de Estudos, os quais são responsáveis em ministrar as formações em seus municípios, para os Professores Alfabetizadores. Dessa forma, o PNAIC atua com três grupos de professores: Formadores, Orientadores de Estudos e Professores Alfabetizadores, com o compromisso de mobilizar diferentes saberes que devem resultar em conhecimentos efetivos para as crianças. Os cadernos de formação são constituídos por textos que permitem reflexões sobre os temas a serem tratados. Muitos dos textos contêm indicações para o trabalho prático em sala de aula e também apresentam relatos de experiências de Professores Alfabetizadores, em aulas de matemática associadas a outros saberes. Há também, sugestões de atividades que podem ser trabalhadas durante as formações tanto pelos Formadores das instituições responsáveis como pelos Orientadores de Estudos. É importante salientar que os cadernos possuem tarefas a serem desenvolvidas em casa e na escola, tendo como objetivo a reflexão sobre a realidade de sala de aula, pautada por discussões teóricas e pesquisa na área da Educação Matemática. (BRASIL/MEC, 2014, p.15). Os cadernos de formação apresentam ilustrações e fotos de atividades realizadas por professores e crianças, tornando-os muito atrativos. A Educação Matemática é vista no Pacto na perspectiva da resolução de situações-problema e o desenvolvimento do pensamento lógico. Tendo o lúdico como o principal aliado ao trabalho do professor e respeitando o modo de pensar e a lógica no processo de construção dos conhecimentos pela criança. Dessa forma, a criança é incentivada a produzir os seus próprios registros e também a buscar diferentes estratégias de solução. Seguindo os mesmos princípios do material de linguagem, o PNAIC Matemática também apresenta os direitos de aprendizagem a todas as crianças brasileiras: as que vivem no campo ou na cidade, independente da origem social, da estrutura familiar, da etnia e das limitações motoras, físicas ou intelectuais. Esses direitos de aprendizagem apresentam-se em eixos estruturantes: números e operações; pensamento algébrico; XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 geometria; grandezas e medidas e estatística e probabilidade, devendo ser abordados de forma integrada. A alfabetização matemática na perspectiva do letramento As discussões realizadas pelos pesquisadores nos Cadernos do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (BRASIL/MEC, 2014) apresentam elementos que definem o sujeito letrado matematicamente, o qual compreende o papel da matemática na sociedade e a utiliza no atendimento de suas necessidades. O sujeito letrado deve ser capaz de compreender a intenção dos textos que circulam socialmente, relacionando-se com as pessoas também através da produção de seus próprios textos, comunicando suas ideias iniciais sobre os fenômenos e depois reescrevendo estas ideias com novas informações adquiridas na escola reelaboradas a partir de um processo de criação, vivo e significativo com a linguagem matemática. Fonseca (BRASIL/MEC, 2014), discute a ideia de alfabetização num sentido amplo, na qual a ação pedagógica precisa contribuir para que as crianças consigam se relacionar melhor com os outros e consigo mesmo, lendo e compreendendo como a sociedade organiza, descreve, aprecia e analisa o mundo. A alfabetização matemática para Danyluk (2010) refere-se aos atos de aprender a ler e a escrever a linguagem matemática. A leitura envolve a compreensão e a interpretação da linguagem matemática e esta compreensão e interpretação desenvolvidas podem ser comunicadas pelo registro escrito. A matemática tem uma linguagem própria, diferente da linguagem natural. A linguagem matemática utiliza termos e signos (ícones, índices e símbolos) que são próprios dela, ou seja, o seu próprio alfabeto e sua própria gramática, que Danyluk nomeou “discurso matemático”. A alfabetização matemática, portanto, como fenômeno que trata da compreensão, da interpretação e da comunicação dos conteúdos matemáticos ensinados na escola, todos como iniciais para o discurso matemático. Ser alfabetizado em matemática é então compreender o que se lê, escreve e compreende a respeito das primeiras noções da lógica, da aritmética e da geometria. Danyluk afirma que a “ênfase dada às letras” pelos professores nas séries iniciais, também se encontra presente na ideia de que as crianças precisam aprender a ler e a escrever para então aprender matemática. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Nessa visão, Danyluk (1999, p. 289) afirma que: [...] a Matemática é vista por muitas pessoas como ciência que alguns podem construir e da qual podem desfrutar, restando àqueles que não são gênios a busca de um esforço incomparável do pensamento para entender esse conhecimento mostrado por asserções intocáveis ou, então, o imediato afastamento de tudo aquilo que solicite matemática. Para a autora, a leitura e a escrita não são atos exclusivos à língua materna. Abrange as formas humanas de inferir, elucidar e depreender o mundo. A matemática é uma linguagem que apresenta códigos e um sistema de comunicação e de representação da realidade, construído ao longo de sua história, tal como o conjunto de línguas. Todavia não é outra língua. Os momentos de criação da escrita para Vygotsky (2009) são privilegiados, pois envolvem mecanismos da imaginação criativa, os quais resultam das vivências elaboradas através das informações captadas fora e dentro da escola. Para que a criança possa criar em seus registros escritos, suas experiências precisam ser ampliadas, para que esta tenha bases suficientemente sólidas para a sua atividade de criação. É importante que a oralidade neste período de alfabetização tenha espaço garantido, pois ouvindo suas histórias, argumentações, dúvidas, curiosidades e interesses, oportuniza-se o diálogo e abre-se espaço para as intervenções em lacunas, nas quais, não seria possível, se o ambiente formador/alfabetizador fosse pautado no silêncio. Da mesma forma que a criança aprende a expressar seu conhecimento de mundo através da fala, pode também expressar sua visão sobre si e sobre os outros, através do registro escrito. A escola pode e deve contribuir para que a criança se interesse pela vida a sua volta, expressando estes conhecimentos através da escrita a ajudá-la a dominar os meios para essa atividade. A escrita é uma atividade cultural e complexa e deve ser ensinada como algo relevante para a vida (VYGOTSKY, 2010). Para criar com a palavra algo próprio, é necessário que a criança tenha tido experiências de vida, tenha oportunidade de falar e refletir a partir destas, e aprenda a analisar as relações que os homens estabelecem entre si, para então adquirir novos conhecimentos relacionando com aqueles que já possuem e então criar algo novo. O maior estímulo para a criação infantil XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 é organizar um ambiente que permita gerar necessidades e possibilidades de aprendizagem, para essa criação. De acordo com as discussões nos cadernos do PNAIC, o ambiente de sala de aula deve ser alfabetizador. Isto significa que além dos materiais que remetam à função social da matemática, das brincadeiras e das expressões culturais da infância, o ambiente alfabetizador deve estar alicerçado em uma metodologia dialógica, onde seja possível expor as dúvidas e dificuldades para que os colegas e o professor possam colaborar com estratégias na busca de alternativas, bem como apreciar a exposição das conquistas. As situações de aprendizagem da linguagem matemática propostas em sala de aula devem propiciar práticas inclusivas e colaborativas, nas quais as crianças possam manipular objetos, desenhar, construir e desconstruir sequências, comparar, medir, classificar, quantificar e prever situações, resolver problemas argumentando e defendendo seu ponto de vista, a partir do uso de jogos, livros de literatura, situações do cotidiano, favorecendo assim, a troca e a construção de conhecimento dos saberes matemáticos vivenciados durante a infância, que servirão de base para elaboração de conceitos mais universais. O professor alfabetizador deve ser aquele que mantém diálogo com as diferentes áreas do conhecimento, assim como do universo da criança, que seriam os jogos e as brincadeiras. Para Vianna e Roulkoski, os jogos e as brincadeiras oportunizam o aprendizado da matemática na perspectiva do letramento. “Recorrer aos jogos, brincadeiras e outras práticas sociais nos trazem um grande número de possibilidades de tornar o processo de Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento significativo para as crianças” (BRASIL/MEC, 2014, p.25). Os papéis desempenhados pelo jogar e brincar na alfabetização matemática são discutidos por Muniz (BRASIL/MEC, 2014) destacando que os elementos como regra, estrutura do material e o mundo imaginário devem se levados em conta para favorecer a aprendizagem matemática. Para ele, o jogo desencadeia a curiosidade, o desejo de resposta, a contestação ou aceitação da regra, de negociação entre os jogadores, a reflexão sobre a ação. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Na dimensão lúdica dos jogos destaca-se também o ouvir, contar e ler para as crianças. Ao ouvir e contar histórias, a criança desenvolve o prazer pela leitura, a fantasia e a imaginação, não só no momento que a leitura acontece, mas desenvolve sua capacidade criadora para produção de seus próprios textos (BRASIL/MEC, 2012). Tahan destaca que as histórias desenvolvem o poder de observação, imaginação e emoção, treinam a memória, exercitam a inteligência e a lógica, e intensificam e estendem as relações sociais das crianças. Para o ensino da língua, particularmente, elas enriquecem a experiência, desenvolvem a sequência lógica dos fatos, dando um sentido à ordem e esclarecem o pensamento, fixam e ampliam o vocabulário da criança, dão formas às expressões da linguagem infantil. “Ora a narração de uma história constitui, sem a mínima dúvida, tarefa educativa da mais alta significação” (TAHAN, 1957, p. 67). Diante disso, a Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento significa muito mais que saber ler e escrever todas as palavras e números. O sujeito alfabetizado lê em diferentes situações sociais. Domina os conhecimentos em relação à linguagem, possui conhecimento de outras disciplinas, assim como os conhecimentos da matemática e se utiliza de diferentes gêneros textuais para comunicar e adquirir conhecimentos de forma criativa e crítica. Metodologia utilizada para análise dos dados O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa investigatória; e a metodologia adotada nesta investigação é de caráter qualitativo. Os dados apresentados foram coletados através dos depoimentos dos profissionais e são parciais, visto que esta formação ainda está acontecendo nos municípios do Estado do Paraná. O principal instrumento utilizado na pesquisa foi a coleta de depoimentos escritos por Professores Alfabetizadores e registros de observações feitas pelas pesquisadoras do município de Campo Largo – PR, apresentados durante os encontros de formação, presenciais e a distância. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 As primeiras impressões acerca do curso de formação: O PNAIC Língua Portuguesa em 2013 apresentou um resultado significativo no município de Campo Largo, quer seja na mobilização dos professores para os estudos, quer seja no progresso em relação ao desenvolvimento da aquisição da escrita dos nossos alunos. Gerou-se uma grande expectativa em relação ao PNAIC Matemática, pois o ensino de matemática, na ótica dos professores, ao longo dos anos apresentou um moroso processo na contextualização dessa área do conhecimento. A formação dos Professores Alfabetizadores a partir dos cadernos de Matemática, no município de Campo Largo, teve início no dia 1° de abril, no Anfiteatro do Colégio Estadual Sagrada Família, em um momento coletivo, necessário para que o primeiro debate fosse em conjunto. A partir de uma reflexão sobre o caderno de Apresentação, o qual norteia a proposta do PNAIC Matemática, em consonância com o PNAIC Língua Portuguesa, os Professores Alfabetizadores construíram as suas primeiras impressões acerca da Alfabetização Matemática, na perspectiva do letramento. A Orientadora de Estudos, Ana Simone Garrett Sampaio manifestou o seu otimismo: Tenho certeza que, assim como em Língua Portuguesa, também em Matemática, aprenderemos muito e poderemos colaborar para a melhora da Educação em nosso município. A maioria dos professores cursistas de 2013, do PNAIC Língua Portuguesa permanece no grupo. Entretanto, há professores iniciantes dispostos a estudar e repensar a sua prática nos anos iniciais do ensino fundamental. Todos certamente contribuirão com suas experiências. São eles os atores, que no cotidiano, interagem com as crianças e mediam os processos de aprendizagem. O segundo encontro aconteceu no dia 22/04, na Escola Municipal Reino da Loucinha, sede do curso de formação no município, que por ser a mais central, dispõe de ambiente adequado para a formação. Os Professores Alfabetizadores, conforme o ano escolar de atuação foram divididos em 9 turmas, a fim de que a partilha de vivências se torne significativa. O número de participantes é maior nas turmas de professores regentes do 1° ano, pois a demanda de alunos no 1° ano do ensino fundamental é maior. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Após um momento de interação para que todos os professores que compõem cada uma das 9 turmas se apresentassem, houve a discussão do caderno 1 “Organização do Trabalho Pedagógico”, que propõe, como nos cadernos vindouros, proporcionar ao professor um repertório de saberes que possibilite desenvolver práticas de ensino, que favoreçam práticas de ensino de matemática que favoreçam as aprendizagens dos alunos. O cerne das discussões foi a Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento, e sua relação com o conhecimento matemático da criança antes de sua inserção no âmbito da escola. Os professores apontaram a necessidade de rever a prática do ensino de Matemática, já que um dos objetivos é compartilhar vivências de professores que buscam garantir os Direitos de Aprendizagem de Matemática de todos os alunos, conforme afirmam a Orientadora de Estudos Mônica Dalponte Ukasinski e a Professora Alfabetizadora Ilka Sarnick: Hoje aconteceu o primeiro encontro referente à unidade 01 em Campo Largo. Foi bom rever as alfabetizadoras, empolgadas em conhecer um pouco mais sobre a temível Matemática. Percebi em seus relatos muitos traumas devido à Metodologia e encaminhamento vivido na idade escolar. Quero poder ajudar a transformar isso tudo em alegria e entusiasmo em ensinar Matemática. Infelizmente percebi que algumas professoras possuem uma certa "aversão" a essa área, sendo que um pequeno grupo não tem nenhum tipo de lembrança do tempo de alfabetização.. Conversamos muito sobre a Alfabetização Matemática na perspectiva do Letramento e refletimos sobre o nosso tempo histórico e a necessidade de trabalhar de forma significativa. Fiquei feliz, ansiosa na expectativa de aprender jogos para trabalhar com minha turma, sendo que já tenho uma caixa de jogos que fiz e trabalho com eles. Bom, enfim foi um encontro bom, cheio de vontades, preocupações na questão de conseguir, pois nossas vidas são tão cheias de compromissos, mas até nisso precisamos administrar nosso tempo. Houve uma reflexão eloquente sobre o texto da p. 6, do caderno, “Organização do trabalho pedagógico para a alfabetização matemática”, da autoria de Adair Nacarato, Carmen Passos e Regina Grando. Os professores levantaram como relevantes: direitos de aprendizagem, função social da matemática, diferentes formas de planejamento, a alfabetização matemática e a aprendizagem colaborativa. As professoras regentes do 3° ano Danielle Oliveira e Rita Vieira estiveram muito motivadas: . A leitura compartilhada do texto, com as diferentes formas de apresentar, foi realmente muito inteligente! XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 O primeiro encontro sempre é de muita expectativa: sala, colegas, metodologia da professora (por mais que a conheçamos). E neste não foi diferente e creio que a superamos pois as colegas são parceiras, incluindo as novas, a sala (escola) diferente, mas sempre precisamos nos impulsionar ao novo e as atividades propostas e desenvolvidas no primeiro dia foram muito bem aplicadas e proveitosas, principalmente a colcha de retalhos e o livro Para começar - nos fazem refletir sobre as nossas maneiras de ver o mundo, nossas atitudes diante do que estamos vivenciando. Os professores ressaltaram a relevância de um bom planejamento, contextualizado, lúdico e contemplando os eixos estruturantes da matemática. Apontaram também a necessidade de um ambiente matemático alfabetizador, com material visual e manipulável, e a presença de leitura de obras literárias na rotina de sala de aula. Através do depoimento da Professora Alfabetizadora Lidiane Wilcek Borges, percebe-se essa necessidade: Tudo que foi visto nesta primeira aula foi muito válido, mas para mim a dinâmica da "Colcha de retalhos" mexeu com o meu emocional, pois ao mesmo tempo que aquela quantidade de palavras nos deixou assustadas, pensando será que posso tudo isso, a reflexão nos deixa fortes. Interessante, que a dinâmica casou direitinho com a história lida como deleite “Colcha de retalhos”. Como gostamos de ouvir histórias, precisamos ler e contar histórias para as crianças. Ana, Mônica, Ilka, Danielle, Rita e Lidiane, professoras empenhadas no exercício de sua profissão, na busca por formação continuada e pela garantia dos direitos de aprendizagem de seus alunos. A partir dos depoimentos dos docentes sobre a formação inicial do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC Matemática, em Campo Largo – PR, intui-se que os envolvidos nesse processo estão motivados e engajados com a aprendizagem de seus alunos. Dessa forma, a formação continuada promove momentos de interação e visa otimizar práticas lúdicas e contextualizadas. O PNAIC Matemática apenas iniciou. No decorrer do ano e através de cronograma pré-estabelecido, as discussões acerca da Alfabetização Matemática darão sequência aos estudos. Pretende-se que por meio de muitas discussões, os eixos estruturantes do ensino de matemática sejam contemplados e os direitos de aprendizagem de nossas crianças sejam garantidos. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Referências BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria da Educação Básica. 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