Ano XV Nº 148 AGOSTO 2007 R$ 2,00 61 anos do círio fluvial noturno em Oriximiná Cortejo do Círio de Santo Antônio: a balsa com a berlinda, especialmente ornamentada, é acompanhada por barcos enfeitados com bandeirolas coloridas e efeitos luminosos. Na chegada ao cais, buzinas, show pirotécnico, aplausos, cantos e bandeirolas. VARIEDADES | Pág 8. Chegada da balsa com a imagem de Santo Antonio, recebida com fogos de artifício, aplausos, cantos e lágrimas: espetáculo de luz e cor e muita emoção dos fiéis que renovam promessas FLAVYA MUTRAN DESCOBERTA EDUCAÇÃO Própolis vira remédio para a malária Óbidos pode Candidatura sediar Escola de Priante em agrotécnica Santarém PREFEITURAS O melhor é que não há efeitos colaterais e a atividade pode alavancar a economia. Projeto de Lei nesse sentido tramita na Câmara Federal, em benefício da região. A política ferve na Pérola do Tapajós. Troca-troca de partidos e dissidências. CIDADES | Pág 3. CIDADES | Pág 3. INFORMES | Pág 3. Von, Luis Cunha e Guerreiro OESTE DO PARÁ Transporte multimodal é a solução Conferência das Cidades pediu Luz Para Todos e hospital . P-2 MUNICÍPIO ALCOA Reforma feita Prêmio por na delegacia arquitetura Frente Parlamentar defende gestão integrada rodo-fluvial para eixos de integração. REGIONAL | Pág 5. SERVIÇO | Pág 2. ATUALIDADES | Pág 7. Produção de mel: além do benefício à saúde, geração de emprego e renda Argemiro fez entrega dos equipamentos ORIXIMINÁ LENDA Comunidades ganham saneamento básico Pescador diz que foi atacado por criatura Reservatórios de água atenderam antiga reivindicação dos ribeirinhos em várias comunidades do lago Sapucuá. Jovem obidense jura que um ser encantado tentou levá-lo ao fundo do rio. Curandeiro e outros populares confirmam. POLÍTICA | Pág 4. As guaribas assustam, mas são mansas ATUALIDADES | Pág 7. PE. ELÍSIO GAMA www.uruatapera.com 2 SERVIÇO AGOSTO - 2007 Argemiro teve que reformar a Delegacia O prefeito de Oriximiná, preocupado com os problemas na área de segurança pública, foi obrigado a solucionar a situação precária da carceragem na delegacia de policia no município. De acordo com o prefeito Argemiro Diniz, a iniciativa se tornou imprescindível depois de várias fugas de prisioneiros que estavam aguardando julgamento para serem transferidos ao presídio de Santarém. “Enviamos diversos ofícios à Secretaria de Segurança Pública do Estado e diretamente à governadora, para que ao menos fosse possível um trabalho em parceria na recuperação da delegacia de polícia, mas, infelizmente, apesar de tudo isso, o Estado não nos deu nenhum apoio financeiro, apenas concedeu a licença para mexer no local”, lamenta. Mesmo com a demora de mais de três meses, a Prefeitura conseguiu a autorização e já está reformando o prédio com recursos próprios. “Se não bastassem as outras obrigações que o município contraiu por conta da segurança pública, como é o caso das polícias militar, civil e mesmo a alimentação dos presos, ainda temos que arcar com o prédio”, enfatizou o prefeito, aduzindo que, mesmo sem a manifestação do Governo do Estado quanto às reivindicações que são enviadas de Oriximiná, os trabalhos continuam. “Infelizmente a nossa região está ficando às margens do Estado como um todo. O que está acontecendo com Oriximiná e com outros municípios é que a ausência do Estado está criando um clima de separatismo, resultando nesse plebiscito para a criação do estado do Tapajós”, pontua Argemiro Diniz. Argemiro não se conforma em pagar despesas com o sistema carcerário, de responsabilidade do Estado, sem atenção do governo Mais três famílias oriximinaenses ganharam casa própria A prefeitura de Oriximiná, através da Secretaria Municipal do Trabalho e promoção Social, entregou no dia 07 de agosto mais três unidades habitacionais de alvenaria, cada uma com 42m² de área. Desta vez as agraciadas pelos imóveis foram: Carmelena Medeiros dos Santos, 44, moradora no bairro de São Pedro, mãe de cinco filhos; Marlene Batista de Oliveira, residente no bairro da área pastoral, mãe de quatro filhos e Luiza Graças, que reside no bairro de Santa Terezinha, que receberam as chaves em suas próprias residências. “Pedi muito a Deus que me proporcionasse uma casa Argemiro e Maria Diniz com Luiza Graça, de Santa Terezinha digna para morar e graças a Ele e ao prefeito Argemiro, hoje estou recebendo minha casa”, desabafou Carmelina M. dos Santos, assim como Marlene de Oliveira e Luiza Graça que ficaram emocionadas e agradecidas ao receberem a chave. Com a entrega dessas três residências, a admi- nistração de Argemiro Diniz totaliza 13 residências construídas apenas com recursos próprios do município. Além destas já foram entregues mais 38 casas, graças a uma parceria entre a Prefeitura e empresa Mineração Rio do Norte, que totaliza 53 casas. Durante a cerimônia de Entrega de chave a Carmelena Santos, no Bairro de São Pedro entrega o prefeito Argemiro Diniz disse em entrevista aos meios de comunicação que, além dessas casas, a Prefeitura Municipal, em parceria com a Caixa Econômica Federal, entregará ainda este ano mais 96 imóveis. Na Secretaria do Trabalho e Promoção Social, continua o cadastramento de nomes de pessoas que possuem terreno próprio e que não têm condições para construir o seu lar. Serão mais 204 casas, que em parceria com a Caixa serão construídas no município assim que tudo for avaliado por profissionais da Secretaria do Trabalho e Promoção Social. Prefeito entregando casa a Marilene Almeida, na área Pastoral Oriximiná realiza I Conferência das Cidades e pede Luz para Todos O Conselho Municipal das Cidades (COMCID) realizou no sábado, 28, em Oriximiná, a 1ª Conferência Municipal das Cidades. O evento discutiu o desenvolvimento urbano, com o tema “Avançando na Gestão Democrática das Cidades”. A conferência aconteceu no Centro de Eventos Braz Mileo, no Parque de Exposições José Diniz Filho. Para que fossem desenvolvidas as melhores propostas, dois grupos foram formados. O primeiro para tratar sobre o desenvolvimen- Diretora-Editora responsável Franssinete Florenzano Colaborador especial Emanuel Nassar Editoração eletrônica Calazans Fotolito e impressão Rua Gaspar Viana, 778 Tel. 0xx91.32300777 Hosiptal de referência é uma das reivindicações, além da regularização fundiária to urbano e rural e controle social. O outro sobre gestão democrática e participação popular. Várias propostas nos dois grupos foram discutidas e as mais convincentes aprovadas. Do primeiro grupo a plenária aprovou as seguintes propostas: Projeto Luz Para Todos no município de Oriximiná e reivindicação junto ao estado de apoio técnico-financeiro nas questões ambientais do município. No segundo grupo foram aprovadas a intensificação da recuperação das malhas viárias municipais, estaduais e federais e que cada instância assuma sua competência, podendo, para tanto estabelecer convênio entre as diversas esferas de governo para a implementação dessas políticas. Outra decisão foi criar uma política articulada para a regularização fundiária, de acordo com a realidade regional. Os participantes ainda decidiram pela construção de um hospital de referência para melhorar a rede de atendimento para os usuários do sistema de saúde. PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS TELEFONES ÚTEIS Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319 Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681 Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072 Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371 Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224 Hospital Municipal – (93) 3544 1370 www.uruatapera.com [email protected] Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169 Av. Independência, 1857 Oriximiná-PA. CEP 68270-000 Tel/Fax. 0xx91.32221440 CNPJ 23.060.825/0001-05 Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587 Fórum – (93) 3544 1299 Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119 Polícia Civil – (93) 3544 1219 Defensoria Pública – (93) 3544 4000 CIDADES AGOSTO - 2007 3 Óbidos pode ganhar informes escola agrotécnica S O município de Óbidos poderá ser aquinhoado com a Escola Agrotécnica Federal do Baixo Amazonas, se aprovado o projeto de lei que tramita na Câmara Federal, apresentado pelo deputado Joaquim de Lira Maia. A proposta contempla antiga reivindicação local, de sediar em Óbidos uma instituição de ensino voltada para as peculiaridades regionais. O projeto dispõe que a Escola Agrotécnica Federal do Baixo Amazonas contará com recursos do Orçamento da União, para sua manutenção e estrutura. Lira Maia justificou a iniciativa argumentando que o Pará é o segundo maior Estado do país, com população estimada em 7.110.465 habitantes, distribuída em cerca de 1.247.690 km² de território. As grandes distâncias e a escassez de vias de ligação entre os centros urbanos e as demais cidades dificultam o transporte e, conseqüentemente, o acesso da população à educação. Apesar de sua expressiva extensão territorial, o Pará tem participação praticamente insignificante na rede federal de educação tecnológica: conta com apenas 2 Escolas Agrotécnicas, em Castanhal e Marabá; um CEFET em Belém (com 3 Unidades de Ensino Descentralizadas em Marabá, Altamira e Tucuruí); e 2 Escolas Técnicas vinculadas à Universidade Federal do Pará - a Escola de Música e a Escola de Teatro e Dança. Só que essas instituições se concentram no leste do Estado, enquanto o Baixo Amazonas fica completamente desassis- tida em termos de oferta de educação profissional. O Baixo Amazonas abrange 14 municípios, agrupados em 3 microrregiões: Almerim, Óbidos e Santarém. A economia é baseada no extrativismo mineral e de madeira, agricultura, pecuária, pesca e potencial turístico. “Temos que oferecer à população maior participação na vida produtiva do Estado e do País, mediante formação de pessoal técnico especializado nessas atividades”, defende o parlamentar. Uso de própolis vai ajudar na erradicação da malária A descoberta ajudará no enfrentamento de uma das maiores causas de óbitos no Pará, a malária. A tese é do apiterapeuta (especialista em mel e derivados) catarinense Gilvan Barbosa Gama, que estuda há 13 anos essa resina natural. Trata-se de uma cera, às vezes escura, às vezes esverdeada, que as abelhas usam para vedar a colméia e, ao mesmo tempo protegê-la contra toda sorte de bactérias oportunistas e vírus”, explica o cientista. A malária infecta uma em cada dez pessoas no mundo e fica atrás apenas da tuberculose em termos de impacto sobre a saúde pública. Ainda não há vacina contra a doença. Maleita, impaludismo e febre terçã (devido aos episódios intermitentes de calafrios seguidos de febre alta, seus principais sintomas) são outros nomes da malária, causada por protozoários que se multiplicam nos glóbulos vermelhos do sangue humano, transmitidos pelos mosquitos do gênero Anopheles (o anofelino). A própolis não tem contra-indicação e para tratar gripes, resfriados e afecções respiratórias (laringite, rouquidão, faringite, rinite, sinusite e bronquite) já vem sendo usada em gotas ou misturada ao mel. A bala de própolis e a própolis em spray servem para as afecções da boca, garganta e combate à tosse. Quem ingere constantemente a substância exala um cheiro que impede a aproxi- mação do mosquito transmissor da doença. Mas, para isso, é preciso tomar 7,5 ml de própolis, diluída em meio copo de água-de-coco. Embora não seja reconhecida como antimalárica no Brasil, a própolis é aceita e praticada com sucesso na África, principalmente em Angola e Moçambique. Os medicamentos contra a malária não têm eficácia completa, além de produzirem efeitos colaterais. Não raro, o parasita resiste e sobrevive no organismo do hospedeiro. Os pesquisadores Mauro de Oliveira Jr. e Maria Amélia Barata da Silveira, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) sintetizaram compostos existentes na própolis e dizem que alguns deles podem servir de matéria-prima para produzir novos fármacos antimaláricos. Testes específicos ainda não foram feitos, mas um ácido encontrado na própolis deve ser eficaz no tratamento da doença. O p-hidroxicinâmico é um bactericida potente, com alta atividade farmacológica: é capaz de combater a leucemia e outros tipos de câncer, além de eliminar bactérias, entre as quais a Helicobacter pylori, responsável por úlceras estomacais. A falta de vacina é um dos grandes obstáculos ao controle da malária; mesmo assim, o número de notificações da doença no Pará, de janeiro a abril de 2007, caiu em 31,4% em relação ao mesmo período do ano passado. FLAVYA MUTRAN ucessão em Santarém em plena ebulição. José Priante planeja ser candidato a Prefeito de Santarém. Já está providenciando mudança de domicílio eleitoral e residência. Não se sabe como o PMDB irá conciliar essa decisão com a recente adesão de Helenilson Pontes, que se mudou de mala e cuia do PPS justamente para se candidatar a prefeito – e indicado pelo presidente regional do partido, deputado federal Jader Barbalho. Sem falar em como ficará a aliança política com o PT, já que Maria do Carmo será recandidata. Jogue-se nesse caldeirão o novo peemedebista Odair Corrêa, que também mudou de galho para garantir que irá influenciar no pleito, e o deputado Antonio Rocha, que afinal de contas seria o candidato natural do partido. Enquanto isso, na sala de Justiça, em Gotham City... Troca de galho O vereador Luiz Alberto, vice-presidente da Câmara Municipal de Santarém, sai do PMDB para o PP. Ele foi reeleito pelo PSDB, depois migrou para o PPS, pelo qual disputou eleição a deputado estadual em 2006, foi para PMDB e, agora, passa para o PP, por onde andou quando a sigla era comandada pelo então deputado Benedito Guimarães, já falecido. Sua volta foi costurada em Belém com o próprio presidente do partido no Pará, deputado federal Gérson Peres. Agulha & linha Arnaldo Jordy, que preside o PPS no Estado e lidera a bancada na Alepa, alinhava o que sobrou do partido em Santarém. O deputado trabalha com duas opções: desencavar uma liderança para lançar candidatura própria, como quer a executiva nacional, ou fazer dobradinha com o PMDB, como já acertou em Santo Antonio do Tauá. Separatistas contra-atacam Em revide à Câmara de Belém, que considerou o vice-governador Odair Corrêa “persona non grata”, os líderes do movimento Pró-Estado do Tapajós articulam para que as Câmaras municipais dos municípios que poderão integra o futuro Estado repudiem o ato e declarem “personas non gratas” os deputados Zé Geraldo, Zenaldo Coutinho, Nilson Pinto e outros que se manifestaram contra a criação de novos Estados. Preliminares da campanha O deputado petista Airton Faleiro, líder do Governo na Alepa, declarou que vai concorrer à Prefeitura de Altamira, onde o deputado Domingos Juvenil (PMDB), presidente da Assembléia, já anunciou que quer ser prefeito. A disputa promete. Alexandre Von (PSDB) está resolvendo com o federal Lira Maia (DEM) qual dos dois vai disputar a Prefeitura de Santarém. Em Monte Alegre, a deputada Josefina do Carmo pode ser indicada pelo PMDB. Júnior Ferrari (PTB) diz que não mas deve ser candidato à Prefeitura de Oriximiná. Antonio Rocha, Megale, Júnior Hage e Gabriel Guerreiro fazem mistério. E Carlos Martins, é claro, apóia Maria do Carmo. Candidatos proliferam Luiz Gonzaga Viana é candidatíssimo em Oriximiná, pelo PV. O prefeito Argemiro Diniz (PSDB) pretende se recandidatar. Leôncio Souza quer tentar outra vez, pelo PMDB. Como o município não tem segundo turno, ou as lideranças coligam ou vão perder feito para Gonzaga, que desde que deixou o cargo continua nos píncaros de intenção de voto. Solução barata, natural e sem contra-indicações. De quebra, poderá alavancar a produção de mel, gerando renda Obras nas estradas do oeste do Pará Cerca de 55 mil agricultores familiares e pequenos produtores rurais unicípio de Santarém e de outros municípios vizinhos, como Placas e Uruará, serão beneficiados com a pavimentação de 63 km da PA-370 (Santarém/Curuá-Una) e dos 24 km da PA-431 (Santarém/ Mojuí dos Campos). A Secretaria de Estado de Transportes abriu quatro frentes de trabalho para finalizar a terraplanagem das rodovias. A conclusão da pavimentação, incluindo o asfaltamento, está prevista para novembro deste ano. O governo do Estado investiu nas duas rodovias cerca de R$ 34 milhões. As obras fazem parte do Plano de Investimentos para 2007. Para o agricultor Raimundo de Lima Mesquita, o Peba, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, as obras vão garantir que a produção de farinha, arroz, feijão e frutas chegue ao mercado de Santarém em boas condições de consumo. O que não acontecia antes, com as estradas em péssimas condições de tráfego. “O abastecimento das feiras dos municípios próximos com a produção dos agricultores familiares estará garantido. A estrada vai trazer políticas públicas importantes para os agricultores”, reforça a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, Ivete Bastos. A sindicalista lembra que a pavimentação das duas rodovias era um sonho antigo. “Fizemos paralisações, abaixo-assinados, reuniões e peregrinações por gabinetes em busca dessa realização. Estamos suportando a poeira, mas sabemos que agora a obra vai sair.” Ivete destaca a participação da população beneficiadas na fiscalização das obras e da aplicação dos recursos. O secretário Valdir Ganzer lembra que os grupos de acompanhamento e fiscalização das obras, que estão sendo constituídos em todo o Estado a partir de reuniões com as comunidades e autoridades municipais, têm como objetivo otimizar os investimentos. Raimundo Mesquita destaca que as obras em andamento também beneficiarão grandes produtores que escoam sua produção para outros Estados. E usa como exemplo a pavimentação da Santarém/ Curuá-Una. “Quem precisa se locomover entre Altamira e Santarém vai poder fazer uma economia de cerca de 200 km. Essa obra vai encurtar esse caminho”, afirma. Outro importante benefício aos agricultores, segundo Peba, é a possibilidade de criação de um plano de desenvolvimento rural sustentável. Sigilo no Çairé Falta menos de um mês para o Çairé, e até agora ninguém sabe o que está sendo progaramado. Os organizadores garantem que a festa vai ser um sucesso e fazem boca de abiu, não se sabe o porquê. Oti na Cosanpa Oti Santos vai assumir a Regional Baixo Amazonas da Cosanpa, com sede em Santarém. A empresa aguarda apenas a liberação da Emater, de onde o ex-prefeito de Belterra é funcionário. A Cosanpa, com recursos financeiros do PAC e do governo do Estado, promete solucionar o problema de abastecimento de água em Santarém, inclusive expandido a rede. Há projeto, também, para implantar um sistema em Alter do Chão. Justa homenagem Ao inaugurar a reforma das instalações do fórum de Santarém, a desembargadora Albanira Bemerguy, com muita justiça, lembrou a figura do saudoso promotor público Nestor Orlando Miléo, para ela e para todos os santarenos exemplo e símbolo de competência, humildade, dedicação e amor ao próximo, notadamente às pessoas carentes. 4 POLÍTICA AGOSTO - 2007 Comunidade do Sapucuá recebeu instalação elétrica, TV e parabólica No ultimo sábado, 18, o prefeito Argemiro Diniz, acompanhado do presidente da Câmara, vereador Antonio Odinélio (Ludugero); do diretor de patrimônio do município, Amarildo de Sousa; e do Promotor de Justiça de Manaus, Lauro Tavares, entregou na comunidade Lêro de Dentro, no lago Sapucuá, 1.100 metros de instalação de rede elétrica, um televisor e uma antena parabólica para sete famílias que residem naquele lugar. Segundo Adalberto Gemaque Amaral, que lidera aquela comunidade, há muito tempo as famílias vinham reivindicando essas necessidades e nunca eram atendidas. “Nem estou acreditando que o nosso sonho finalmente foi realizado e a gente nem esperava que esses bens fossem entregues pelo próprio prefeito Argemiro Diniz e ainda com a presença de outras autoridades, estamos muito felizes”, disse, emocionado. Os comunitários agora poderão assistir a programação em rede nacional. Além da entrega dos bens, o prefeito Argemiro Diniz reservou um tempo para ouvir os anseios dos moradores. Na oportunidade, reforçou a importância da união na comunidade, lembrando que todos são responsáveis pelo patrimônio entregue pela Prefeitura Municipal. “É da união que sai a força. Da desunião sai a discórdia, sai a confusão, a briga e os ressentimentos do atraso. Os países mais atrasados do mundo são aqueles desunidos, então queremos que vocês cresçam e se desenvolvam porque, a nós, compete ajudá-los”, recomendou Argemiro Diniz .Os ribeirinhos expuseram suas demandas e o prefeito assumiu o compromisso de viabilizálas o mais breve possível. Prefeito Argemiro Diniz assinando documento de entrega de 1.100 metros de instalação de rede elétrica, aparelho de TV e antena parabólica Argemiro, Ludugero e comunitários benefiados do Lero de Dentro Prefeito anunciando os benefícios para a comunidade Corrida de motos no Dia dos Pais evidencia hospitalidade oriximinaense Oriximiná realizou, no dia 12 de agosto, em homenagem ao Dia dos Pais, uma corrida de motos no Sítio Tucumã, localizado na zona rural do município. Motoqueiros dos municípios vizinhos foram participar da corrida, e pagaram R$ 20,00 como taxa de inscrição, minutos antes da largada. O evento acabou sendo a maior prova de que a rivalidade entre os municípios é coisa do passado e só permanece nas brincadeiras entre equipes esportivas. Óbidos, cidade com tradições culturais fortíssimas, contou com a participação maciça da torcida, o que surpreendeu os oriximinaenses porque, apesar de estar se- diando o evento, a torcida de Oriximiná não compareceu. O resultado é que Óbidos foi campeã nas duas modalidades em que competiu: na Categoria Tornado, com Éder Vieira (Kiko) que, como premiação, ganhou um pneu, e Darvin, campeão na Categoria 125, e que recebeu um capacete como prêmio. Os esportistas comemoraram a vitória e a convivência pacífica ao invés do antigo bairrismo, que já causou muitos dissabores pela intolerância injustificada. “Sinto-me honrado em poder representar Óbidos neste evento, e o que me deixa mais feliz ainda é ter sido campeão, pois isso mostra que apesar de sermos amado- res, mostramos que sabemos competir e, o que é melhor, brincar na paz sem violência e isso com certeza eleva o nome de nosso município, é por essas e outras razões que sempre recebemos convites como esses para participar desses eventos”, falou Kiko. O casal Wilson e Maydina Florenzano funcionou como mediador para que os motoqueiros de Óbidos participassem da corrida, e coordenou a equipe. Todos os participantes elogiaram a iniciativa de Oriximiná ao promover o evento, o espírito esportivo e a hospitalidade com que foram tratados os competidores de outros municípios. Prefeitura entrega material de saneamento na zona rural A comunidade do Castanhal, no lago Sapucuá, recebeu da Prefeitura Municipal de Oriximiná, no último sábado 18, sessenta e seis reservatórios de água e sessenta e seis pedras sanitárias. Uma solicitação que foi feita pela comunidade para melhoria no saneamento básico dos comunitários. Segundo Elizeu Freitas, responsável pelo Posto de Saneamento da Cidade Nova, cada tanque entregue tem a capacidade para 100 litros de água. Durante a entrega desses materiais o prefeito Argemiro Diniz esteve presente e na oportunidade conversou também com os comunitários esclarecendo sobre a importância dos bens que são entregues e que todos os líderes comunitários têm prioridade em seu gabinete para tratar assunto da comunidade. “Com as pedras sanitárias e os tanques a qualidade de vida na comunidade vai melhorar principalmente quanto à higiene sanitária”, disse o presidente da comunidade do Castanhal, Sandro de Oliveira. Além da comunidade Castanhal foram entregues também esses mesmos materiais na comunidade Santa Maria Goretti no Aimim. Entrega de tanques e pedras sanitárias na Comunidade do Castanho REGIONAL AGOSTO - 2007 5 Frente defende gestão integrada da hidrovia do Tapajós, BR-163 e BR-230 Os deputados Luis Cunha, presidente, Alexandre Von, vice- presidente e Gabriel Guerreiro, relator da Frente Parlamentar Pró-Hidrovias do Pará, ao lado de mais 35 deputados estaduais, estão ultimando agenda positiva para realizar uma série de debates com a população, entidades do setor produtivo e de navegação, acerca do potencial hidroviário do Pará. O primeiro tema é a hidrovia Tapajós -Teles Pires -Juruena, em evidência no Plano Nacional de Logística de Transportes, instrumento do governo federal que prevê ações e ferramentas para incrementar o setor em todo o País, com foco no desenvolvimento regional e sustentável. A intenção é apontar ações que contemplem a vocação do Estado, cujos rios são as estradas naturais. Vários municípios pólos do oeste do Pará, como Santarém, Oriximiná e Itaituba, figuram como sede de amplas reuniões destinadas a viabilizar o empreendimento. Para os membros da Frente, integrada por 38 dos 41 deputados estaduais, a hidrovia do Tapajós tem como perspectiva a abertura da fronteira agrícola do Pará e Mato Grosso e pode ser considerada importante opção para o comércio exterior, com sensíveis reflexos para geração Ana Cunha, Valdir Ganzer, Bosco Gabriel, Tetê Santos, Carlos Martins, Guerreiro, Parsifal Pontes, Luis Cunha e Von: todos os partidos estão na luta. de empregos e surgimento de novos empreendimentos. As discussões que envolvem a implantação do projeto se estendem há vários anos entre o Ministério dos Transportes, líderes indígenas, representantes do poder público e empresas privadas das regiões Norte e Nordeste de Mato Grosso e Centro-sul do Pará. Há um mês, o projeto de Lei do Senado nº 184/2007, de autoria do senador Flexa Ribeiro, que inclui a hidrovia do Tapajós no Plano Nacional de Viação e na Relação Descritiva do Sistema Hidroviário Nacional, foi aprovado e enviado à Câmara Federal. “A hidrovia traz importantes benefícios à nossa região e é mais um caminho para sanar os problemas de infraestrutura que impedem o desenvolvimento sócio-econômico do Pará”, argumenta o deputado Luis Cunha, prevendo uma grande virada sócio-econômica para toda a região, com a ampliação de frentes de trabalho. “É um sonho acalentado e que começa a tomar corpo. Tudo mostra a viabilidade, a vantagem competitiva para a região e o estado, e não mediremos esforços para que se torne realidade em curto espaço de tempo”, diz, otimista. Ele defende a hidrovia como a melhor alternativa para o transporte da produção de grãos do Centro-Oeste/Norte do País, que deve dobrar em pouco tempo com um aumento substancial da produtividade por hectare, citando informações da Embrapa. O deputado Alexandre Von lembra que a hidrovia Tapajós-Teles Pires -Juruena tem, hoje, apenas 343 quilômetros navegáveis e, para a navegação livre ao longo dos 1.043 quilômetros - a extensão viável economicamente, é preciso que o governo federal tenha vontade política e invista no projeto. Mas os recursos previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para as hidrovias somam R$ 735 milhões, menos de 1,26% do total previsto em logística. “Falta visão estratégica para o transporte hidroviário”, alfineta. “A Frente Parlamentar é uma iniciativa para consolidar o setor hidroviário como importante ferramenta de logística de transportes do país e, em particular, do nosso Pará”, frisa o deputado Gabriel Guerreiro, que aponta a questão ambiental como a principal aliada das hidrovias, ao contrário do que pregam os detratores do projeto. “Nestes tempos em que a insensatez ataca os empreendimentos hidroviários, tachando-os de agressores do meio ambiente, é preciso salientar que com o transporte hidroviário há uma redução de cerca de 90% na emissão de gases tóxicos na atmosfera em relação a outros modais como o rodoviário, por exemplo, para um mesmo volume de carga transportada. Além disso, é da maior importância manter a mata protegida, a fim de garantir a navegabilidade”. De acordo com o deputado, o País ainda não acordou para as vantagens do modal em termos da economia de fretes. Idéia é conciliar preservação ambiental com desenvolvimento O Tapajós, afluente da margem direita do rio Amazonas, tem 851 Km até a confluência dos rios Teles Pires e Juruena e sua foz, junto a Santarém, fica a 950 Km de Belém e 750 Km de Manaus. A hidrovia, juntamente com a pavimentação da BR-163 e da BR-230, proporciona novo cenário de incremento do fluxo de pessoas, expansão agrícola e pecuária e dinamização do desenvolvimento econômico, acreditam os parlamentares. Citando estudo feito pelo engenheiro do Dnit – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, Fred Crawford, o presidente da Frente Pró-Hidrovias questiona: “Se a foz do rio Amazonas fosse ladeada por terras indígenas, poderíamos impedir a navegação de embarcações que demandam o Peru, por exemplo? A resposta é não, em respeito à Convenção pactuada entre o Império do Brasil e a República do Peru, em 1851, que foi internalizada no País pelo Decreto imperial n.º 2.442, de 16 de julho de 1859. Tal convenção garante a navegação de vapores peruanos e brasileiros pelo rio Amazonas e seus confluentes. E a navegação tratada na convenção é a que se dá ou pode se dar no rio Amazonas e seus confluentes, não apenas nos rios compartilhados com a República do Peru, mas todo e qualquer rio da Bacia Hidrográfica Ama- zônica, como o rio Tapajós, por exemplo. E as convenções internacionais não são alteradas por revoluções internas ou mesmo por novas ordens constitucionais de um dos convenentes. Se assim fosse, a base naval norte-americana da baía de Guantânamo teria sido recuperada pelos cubanos na década de 1960, e a possessão inglesa de Hong-Kong teria passado ao domínio chinês no início da revolução maoísta, assim como a possessão portuguesa de Macau”, fulmina. Para o deputado Luis Cunha, não se trata de “civilizar tribos selvagens” fazendo uso da navegação, mas também não se quer que o direito constitucional de os índios Alepa vai ganhar TV aberta e está informatizada O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Domingos Juvenil (PMDB) anunciou que a partir do dia 5 de setembro as sessões legislativas paraenses serão transmitidas em tempo real pela internet. O programa “Assembléia vai a todos”, levará aos 143 municípios do Pará os trabalhos dos deputados. Trata-se do primeiro passo para a implantação da TV Legislativa, objeto de interesse de todos os presidentes de Assembléias Legislativas do Brasil, que recentemente reuniram com o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Ficou acertada a concessão de um canal na TV aberta para os legislativos estaduais implantarem suas emissoras de TV. Hélio Costa deu um prazo de 120 Deputado Domingos Juvenil dias para a regulamentação do serviço. “Teremos que criar uma Fundação Pública da Alepa para pleitear imediatamente esse canal de TV”, declarou o presidente Domingos Juvenil. “Com essa decisão, iremos ao encontro dos anseios da classe política e da sociedade. Vamos trabalhar neste sentido de acordo com o nosso orçamento e capacidade operacional”, enfatizou o deputado. O presidente da Alepa vem implantando projeto de modernização que já está oferecendo a informatização do plenário, com inscrição para apresentação de projetos de lei e outras proposições através da intranet. A medida, além da economia de papel e de gastos com copiadoras, agiliza os trabalhos parlamentares e permite agilidade no armazenamento de informações, que podem ser resgatadas a qualquer tempo sem necessidade de gastos adicionais. A atual Mesa Diretora já reajustou o valor do tíquete alimentação e da cesta básica ofertada aos servidores, e o presidente Domingos Juvenil estuda a concessão de um aumento salarial que supere as perdas acumuladas nos últimos anos. se organizarem socialmente segundo suas tradições, costumes, crenças e línguas se traduza em isolamento e no cerceamento do direito de passagem por águas públicas. Alexandre Von defende um eixo do oeste paraense integrado pela Santarém/Cuiabá e pela hidrovia do Tapajós, com utilização racional e integrada dos recursos hídricos, visando o desenvolvimento sustentável. O deputado prega, ainda, o aproveitamento da inter e intramodalidade entre as BR- 163 e BR-230 e a hidrovia, de modo a externalizar a produção agrícola para fronteiras nacionais e internacionais e internalizar os efeitos positivos gerados pela exploração dos recursos minerais e hídricos do Estado. “É assim que será possível estimular a geração de oportunidades de investimento, de empregos diretos e indiretos e efeitos que ampliem a atividade econômica para atender ao mercado local e criar programas e projetos integrados que formem uma mesma cadeia produtiva ou complexo de setores economicamente articulados”, avalia o parlamentar. Na nossa região, são inúmeras as oportunidades de investimento, como exploração sustentável de produtos da floresta, ecoturismo, biotecnologia, agropecuária, agroindústria, exploração mineral e serviços, destaca o deputado Luis Cunha, para quem a gestão ambiental integrada é fundamental. “A Santarém/Cuiabá está inserida na denominada Área do Tapajós – região centro-oeste do Pará, envolvendo parte da rodovia Transamazônica e os municípios de Itaituba, Rurópolis, Santarém, Novo Progresso, Trairão, Aveiro, Jacareacanga, entre outros. É preciso atentar para a gestão ambiental integrada, descentralizada e participativa dos ecossistemas e das áreas urbanizadas no Pará, a fim de que se garanta a sustentabilidade dos recursos naturais, a conservação da biodiversidade e a recuperação de áreas degradadas, bem como a melhora do padrão de saúde ambiental da população. Deputados defendem municípios mineradores No 8º Encontro Nacional dos Municípios Mineradores, em Minas Gerais, no último dia 23, o aumento da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral paga pelas mineradoras aos municípios, foi o ponto alto dos debates. Das 80 prefeituras representadas no encontro, 25 são do Pará, e todas querem elevar a CFEM, dos atuais 2% sobre a produção líquida para 4% sobre a produção bruta. A deputada Bernadete Ten Caten (PT), presidente da Comissão de Mineração da Assembléia Legislativa do Pará, e o deputado Gabriel Guerreiro, líder do PV, participaram do evento, e assumiram o compromisso de defender a idéia. O evento serviu para troca de experiências e debate de alternativas para avanços socioeconômicos e ambientais Bernadete Ten Caten na compensação pela exploração mineral. O movimento será reforçado pela Associação Brasileira dos Municípios Mineradores, no dia 17 de setembro, em Brasília. “O lucro da Vale, previsto para este ano, é de R$ 22 bilhões. Enquanto isso, a pobreza no Pará cresce”, observou Bernadete Ten Caten, afirmando que o Pará tem muito a aprender com o exem- plo mineiro. Nas audiências públicas, antes dos projetos se instalarem, os municípios de Minas formalizaram acordos para garantir programas de sustentabilidade social, ambiental, econômica, cultural e educacional. “A descoberta dos débitos das mineradoras na ordem de R$ 600 milhões com o Pará e de R$ 2,6 bilhões em Minas Gerais, por irregularidades no recolhimento da CFEM, nos últimos três anos, detectado em fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral, vai ajudar os municípios”, comemora a deputada. Outro ganho foi o fim do abatimento do custo de transporte das mineradoras no CFEM. Com isso, será ampliada a compensação financeira de Parauapebas em R$ 2 milhões por mês, segundo a parlamentar. 6 OPINIÃO AGOSTO - 2007 JOSÉ WILSON MALHEIROS www.wilsonmalheiros.mus.br As encomendas A lô, Franssi. Semana passada, fui ao Aeroporto. Tive o prazer de encontrar um amigo que não via a mais ou menos trinta anos. Quase não nos reconhecíamos. Os cabelos enbranquecendo, a barriguinha saliente, a terceira idade chegando... Ele vinha de Santarém, com a mulher e uma filha. Para rememorar os antigos e felizes tem- pos de Bar Mascote, sentamos para conversar e tomar – hoje em dia - refrigerante. Papo vem, conversa vai e ele me cutuca: tem muita gente ali pela nossa região que na década de sessenta e setenta fez fortuna graças ao contrabando de ouro. Vou contar a estória que corria na boca de todo mundo à época. É como diz aquele conhecido humorista de televisão: WALCYR MONTEIRO [email protected] O casamento É comum do interior paraense as mulheres lavarem roupa nos rios e igarapés. Ás vezes formam-se grupos que reúnem as vizinhas e, ao mesmo tempo em que vão lavando a roupa, ou batendo ou ainda colocando para secar, vão conversando e sabendo das novidades, que geralmente não são muitas, a não ser quando os maridos vão à sede do município ou quando são visitadas por alguém. As visitas também pouco acontecem: parentes ou poucas amizades que vêm da capital ou de outro município vizinho. De qualquer forma, é uma atividade que promove o encontro social das interioranas e a alegria das crianças. Sim, porque geralmente as crianças acompanham as mães e para elas é uma grande diversão banhar-se no rio ou igarapé ou brincar de mil e uma maneiras. Só que as crianças nem sempre sabem dos perigos das águas e das matas da Amazônia... Aos poucos, com os ensinamentos dos mais velhos e a própria vivência, é que vão aprendendo que águas e matas tem seus senhores, que tem suas leis, que tem seus horários, enfim, que tem seus segredos... e que todos tem que ser respeitados, senão... Maria Auxiliadora da Silveira Leão, mais conhecida por Lia, é filha de Primavera e é quem conta a história que segue. Como de praxe, D. Tercília foi com os filhos, um menino e uma menina, lavar roupa no ADEMAR AYRES DO AMARAL [email protected] Amante de telefone A rmando salta do carro quase correndo para não perder a fila do elevador. Arremete atropelando a velha gorda do sétimo. -Veja lá como entra! -Mil desculpas, D. Reginalda! Quinze minutos pras seis da tarde. O ponteiro do relógio correndo e o elevador desafobado, parando em cada andar. Finalmente, o dele. Empurra a porta e atira-se qual possesso pelo corredor, já arrancando a gravata. Nervoso, na fechadura, entra. Vai deixando no apartamento um rasto de pertences íntimos, ganhando pole position na porta do banheiro com a cueca no pé. Olha o maldito relógio. -Putz, tenho cinco minutos. Entra no chuveiro e deixa-se ficar por instantes refrescando o central. Daí a pouco, enrolado na toalha, entra no quarto. Roda, no toca-fita, o Bolero de Ravel e, com todo cuidado, tira de dentro do armário embutido, a potente luneta. Uma preciosidade comprada na Zona Franca de Manaus, que podia até mesmo distinguir, à grande distância, um mosquito disfarçado de mucuim. Apressa no que pode a armação do tripé, porque o ponteiro já se aproximava da hora combinada. Mira na direção do luxuoso edifício e inicia a contagem: terceiro, quarto... oitavo, nono, décimo andar. Pára. Ajusta a nitidez da imagem e gira com precisão o parafuso do vernier, centralizando o foco na janela do apartamento. Exatamente às seis horas, nem um minuto a mais nem a menos, a bela figura de mulher entra na lente do aparelho. Tira vagarosamente a roupa, peça por peça, revelando toda sua nudez escultural. Espreguiça-se, põe também uma fita e começa a ginástica ritmica, contorcendo-se e deixando a quando o povo fala, ou foi, ou é ou será. Por via das dúvidas, si non è vero é bene trovato (pode não ser verdadeiro, mas é muito provável que seja). Na época era costume do pessoal de Santarém mandar “por mão própria”, pelos passageiros do avião que fazia a linha para a capital, as famosas “encomendas”. Enviava-se farinha d’água, piracuí, e, principalmente, os gostosos tucunarés, tambaquis, acaris etc. Vez por outra remetiam veados, pacas ou outros animais caçados nas matas vizinhas da cidade santarena. O aeroporto de Santarém, na hora dos vôos para a capital, se enchia de “encomendas” muito bem empacotadas em caixas de papelão ou de isopor, com gelo dentro. Em Belém era a mesma coisa, quando chegava o avião: as pessoas se acotovelavam para esperar os passageiros que desembarcavam com as “encomendas”, muitas vezes sem saber quem era o destinatário. Em Santarém: Vai pra capital?... Então leve pra mim este isopor com peixe... Sabe como é, né, meu compadre gosta de um tucunarezinho... Faz tanto tempo que ele não come um peixinho aqui da região... Pode deixar, que tem gente lá na chegada pra fazer procuração...não tem trabalho... a gente paga o excesso de bagagem e manda deixar lá dentro do avião...você só leva o “ticket”.... Mas eu nem conheço você, meu caro, e nem conheço o destinatário, também... Não faz mal, amigo, essas “encomendas” já são tradicionais por aqui e fazem parte do folclore local. Se você chega por lá sem trazer nada os teus amigos vão achar ruim... E a fiscalização lá no aeroporto de Belém? Que nada, amigo, o pessoal já está acostumado e a polícia nem olha mais... Eles já sabem que é comida regional... No aeroporto da capital: Vem de Manaus?... Não, senhor, de Santarém. Sabe quem vem trazendo uma encomenda para... (dava-se o nome do destinatário) Que encomenda? Um isopor cheio de comida, com gelo... Ah! Sim, o portador sou eu... Aqui está o “ticket”. É só retirar o pacote... Já veio despachado... Muito obrigado, amigo! Meu prezado leitor, talvez você vá ter uma surpresa. Na maioria das vezes, a “encomenda” fraterna, segundo falavam, trazia muito bem escondido, dentro da boca dos peixes gelados, dentro isopor, nada mais nada menos do que cem, duzentos, quinhentos gramas de ouro... Sim, o-ur-o... Ouro em pepitas ou em pó. Some grama por grama, peixe por peixe, ano por ano e veja quantas toneladas de ouro foram contrabandeadas de Santarém e do país, nas ventrechas saborosas dos pirarucus, nas bocas dos tambaquís e tucunarés, nos estômagos das pacas e veados. Muita gente enriqueceu por conta da gentileza dos inocentes transportadores dessas “encomendas”, gostosas que, vistas do lado de fora, pareciam espalhar a fraternidade via aérea, mas na realidade não eram tão inocentes, assim. Rio da Pedreira, nos campos de Mirasselva. E lá ficou entretida em seu trabalho, enquanto os filhos brincavam. Completamente absorvida em sua faina, não reparou o que acontecia com o casal. Somente quando a menina gritou, chamando-a, é que D. Teca – como atende D. Tercília – virou-se e verificou que apenas a menina estava ali, o menino havia desaparecido. D. Teca inquiriu a menina. - Onde está o teu irmão? - A mulher levou ele.... - Que mulher? Que história é esta? - Foi, mamãe... Nós estava brincando e banhando rio mais abaixo, prá não atrapalhar seu trabalho, quando surgiu uma mulher no rio e chamou a gente! Eu não fui, mas sabe como é o mano, né? Ele foi... Ela me chamou também, mas eu fiquei com medo... Não sei por que, mas fiquei com medo... Ela era bonita e estava rindo... - Mas que negócio é este? Que mulher? Não tem nenhuma mulher aqui... - Mas já lhe disse... Ela apareceu no rio e chamou a gente. Ela era muito bonita e estava achando graça e nos chamava prá gente ir lá com ela... - Ir lá aonde, menina? Perguntava D. Teca já se desesperando.] - Lá onde ela estava, no meio do rio... eu fiquei com medo... o mano foi e... - E aí, o que aconteceu? - Ele deu a mão para ela e os dois sumiram no rio... - Não é possível, não é possível. D. Teca saiu procurando o menino rio acima e rio abaixo e nada. Procurou na mata próxima e não encontrou seu filho. Correu à sua casa, avisou os vizinhos e foram todos ao local, onde realizaram uma grande busca... e igualmente nada. Depois de vários dias de procura sem resultado, aconselhada por amigos e vizinhos, D. Teca resolveu procurar o pajé do local. Em lá chegando, após contar o caso, D. Teca viu o pajé concentrar-se e, em seguida, com voz grave, dizer-lhe: - Seu filho está encantado no fundo do rio. A mãe do rio se agravou dele e encantou ele. - E o que devo fazer? Perguntou, nervosa, D. Teca. - A senhora não tem muita coisa a fazer, não... Entretanto, vai ter uma oportunidade para seu filho ser desencantado... Mas tem de ser feito como eu digo! - Diga, diga o que devo fazer, que farei... - Mas não é a senhora que tem de fazer. Olhe, se acalme e me ouça com atenção. Como já disse, o curumim foi encantado e agora vive no fundo do rio... Mas só quem pode desencantar ele é a madrinha. Ele vai aparecer encantado na forma de uma cobra, uma pequena cobra, na casa de vocês. A madrinha dele deve estar lá. Quando ver a cobra, deve jogar em cima dela o pano com que o curumim foi batizado. A cobra não vai se mexer. Então deve cortar o rabo da cobra. Se isto for feito tal como estou dizendo, o seu filho será desencantado! D. Teca saiu da casa do pajé direto para a casa de sua irmã, que era a madrinha do menino. Lá contou tudo o que acontecera, convidando-a para ir passar uns tempos em sua casa, até a cobra aparecer e poder realizar o desencante. A irmã de D. Teca aceitou de imediato o convite. Procuraram o pano usado no batismo e encontraram. E ficaram no aguardo dos acontecimentos... E lá um dia... não demorou muito, mas... quando menos esperavam eis que... Mas faltou dizer ainda que a madrinha do menino fizera uma autêntica preparação. Vivia com o pano de batismo do menino seguro na sua vestimenta, bem como estava com uma faca sempre por perto. Não queria que, quando a cobra aparecesse, ela estivesse desprevenida, mesmo porque o pajé dissera que haveria única oportunidade. E lá um dia... não demorou muito... quando menos esperavam, eis que uma cobra, tal como o pajé dissera, aparece para a madrinha do menino, bem no meio da sala. Não era uma cobra grande, pelo contrário, devia ter no máximo uns sessenta centímetros. Mas a madrinha, como se estivesse hipnotizada, ficou olhando a cobra atravessar a sala, sair pela porta da rua em direção ao mato da frente e sumir, sem que conseguisse se mexer, quanto mais lançar o pano de batismo do menino em cima da cobra e ainda corta-lhe o rabo... O menino não apareceu até hoje. Dizem os moradores do local que se encontra encantado, em forma de cobra, no fundo do Rio da Pedreira... sensualidade tomar conta do seu corpo. Pele morena, cabelos lisos e negros, muito mais pra dona que pra menina. Linda de tudo. Bunda de fazer inveja a muita cocotinha musculosa, peito rijo e firme apontando para o sol das manhãs. Levada à exaustão depois da demorada ginástica, joga-se na cama pingando suor e vira o belo traseiro na direção da janela. Armando chega no zoom e apanha o detalhe mais de perto. Sem despregar o olho, apanha o telefone estrategicamente colocado e disca. Vê Salete levar a mão preguiçosa e atender. -Armando... -Alô, meu tesão! Fazia três meses essa cerimônia. Armando beirava os quarenta e cinco anos, por aí. Idade que ele sabia disfarçar tanto quanto qualquer mulher nessa fase. Caminhadas na praça, academia três vezes na semana, sauna e vitaminas. Enfim, coroão de não se jogar fora. Funcionário antigo do Banco do Brasil, ganhava o suficiente para ir levando. Transava pouco, imaginava muito. Raramente saía. Vez por outra derrubava uma baiana da madame Dulce, ali na discreta alameda da Sudam. Coisa mecânica, mera troca de óleo. Pagava direitinho. E bem. Na pensão, cliente de primeira com certas regalias. No emprego, era tido como garanhão, alvo de comentários. -Nada, eu, hoje, só faço aplaudir...- e dava um sorriso meio comprometedor. -Quê-que é isso, seu Armando, solteiro, grana no bolso... deve comer Belém inteira. Antes assim, melhor que ser confundido com alguma bichona de meia-idade. A luneta foi a solução que caiu do céu. Com tão poderoso alcance, ele passou a vasculhar a cidade. Levou Belém pra dentro do seu apartamento, da sua solidão. Via de tudo. Cenas de carinho, de desamor, tapas, o diabo. E, há três meses, por acaso, deu de olho na ginástica da Salete. Um dia, numa bela manhã de sábado, passa na porta do prédio onde a bela morava. Conversa com o porteiro, molha a mão dele e recebe a ficha completa: Salete era casada, séria e honestíssima. -Bote honesta nisso, doutor! -D.Salete é a melhor mulher de Belém- comentou o moleque lavador de carro, que ouvia a conversa. Pra chegar no telefone foi um pulo. Depois de um mês não resistiu, ligou. -D.Salete, meu nome é Armando, a senhora não me conhece, eu... Contou a verdade sem nada esconder. Derreteu-se mais do que vela em dia de finados. Debulhou-se. Nem deu conta do quê e do quanto falou. No fim, após um silêncio desesperador, ouve: -Liga amanhã. Assim, passados três meses, o papo já tinha evoluído pra pura sacanagem. Apenas isso, nada mais. -Oi, meu tesão! -Salete, não dá mais, não está dando pra agüentar... -Bem, vai que eu já tô indo. -Porra, Salete, não é isso! Insiste. -Eu preciso te ver, te pegar... -Não! Isso não! -Salete, vê se entende, masturbação na minha... Ia dizendo a palavra “idade”, mas conserta: -Masturbação não faz bem pra saúde... eu estou há três meses... -Não posso, Armando, sou mulher honesta! -Ah, se você visse minha parede... tem pena de mim. -Não dá, Armando, não vou trair meu marido. Aí ele foi fatalista: -Qualquer dia eu ainda cometo uma bobagem. Reforçou: -Você sabia? Sabia que paixão mata? -Armando, eu hein, pára de besteira. -Juro, ainda me jogo aqui de cima, deixo bilhete! -Meu Deus, Armando, que drama... -Pense, um escândalo e você nunca mais sai na coluna do Isaac Soares. Depois de tanto puxa-encolhe, lenga-lenga, a colunável reluta, mas acaba cedendo. No outro dia, às cinco da tarde, depois de passarem a chuva no motel, o feliz Armando encosta o carro na Batista Campos. -Eu fico aqui pra não dar na vista - ela diz. -Amanhã, de novo? -Nunca mais! -Ahn? Como é? -Isso mesmo que você acabou de ouvir. Nunca mais! Armando agarra-se nela, chora, beija-lhe as mãos, suplicante, como se fossem as do arcebispo. -Mas por quê? Por que!? A resposta inesperada o atingiu como um raio. -Sabe, Armando, meu marido transa melhor do que você. -Quer dizer que acabou? Acabou tudo? -Não, seu bobinho, na cama meu marido é melhor, em compensação... -Em compensação... Salete respira fundo. -Bem... no telefone você é insuperável. Sai, dá a volta e abaixa-se até a janela do carro. Acaricia-lhe a fronte com ternura e sapeca um longo beijo de despedida. Segreda: -Quero que você seja meu amante de telefone. Armando está perplexo. -Amanhã, liga na mesma hora. Estou molhadinha só de pensar... ATUALIDADES AGOSTO - 2007 7 Criatura ataca banhista em Óbidos O pescador Miracildo Cerdeira Vieira, 21 anos, viveu uma história fantástica ao ser atacado por um ser encantado que tentou levá-lo para as profundezas do rio Amazonas. Pelo menos é o que ele não cansa de repetir. C onta o rapaz que resolveu aproveitar o último dia 12, um belo domingo de agosto, para passear com a família na praia no “Porto de Cima”. E assim levou mulher, enteado, sogra, cunhado, sobrinhos e aparentados para o convescote. Tomou logo umas doses de cachaça para “começar os trabalhos” e resolveu dar um mergulho para refrescar. Só que sumiu da vista de todos e, depois de dez minutos, a família começou a entrar em pânico, achando que ele tinha morrido afogado. Pediram ajuda e, numa bajara (embarcação de pequeno porte) foram atrás de Miracildo, que localizaram no meio do rio, levantando os braços desesperadamente, antes de afundar. Cunhado e sobrinho nadaram em direção a ele, que estava desmaiado, pegaram-no pelo cabelo e o arrastaram até a praia. Ao voltar a si, Miracildo deixou todos de cabelo em pé ao contar sua aventura: “Ao cair na água, um ser muito peludo, de mais ou menos 1 metro e 80 centímetros de altura, trançou uma espécie de rabo na minha perna, foi me arrastando e eu relutando com ele. Nessa luta ele ia para o meio do rio e dizia nitidamente: ´vou te levar..., vou te levar...`. Até que consegui me desprender e as forças só deram para pedir socorro levantando os braços. Daí, não lembro mais de mim”, disse Miracildo, que capricha na entonação para destacar os momentos de terror que diz ter vivenciado, atracado à estranha criatura, em luta pela vida. A família tratou de levar o jovem pescador para ser benzido por um curandeiro, que vaticinou na hora: “Essa história é pura verdade. Você teve é muita sorte, porque lá nesse ponto do rio é o encante de uma Guariba-Amboia, e ainda vai sumir mais gente lá se não tiverem cuidado. Não volte mais naquele lugar”, disse o curandeiro, que receitou uns “banhos” e garrafadas em Miracildo para afastar a assombração. A história parecia ter acabado por aí, mas a notícia se espalhou e a mulher de Miracildo foi entrevistada na Rádio Comunitária Sant’Ana, para alertar a população para tomar cuidado com o monstro. No ar, a rádio recebeu a ligação de uma senhora garantindo que essa mesma criatura já tinha atacado o marido dela, mas ele tinha conseguido sobreviver. Miracildo jura de pés juntos que foi Deus que o salvou, do fundo do rio. “Quando as pessoas ficam do que aconteceu comigo, não acreditam. Mas eu vi e lutei com bicho.”. E quem quiser, que conte outra, como diria Monteiro Lobato. Apesar do relato dos nativos, não há registro científico da existência da criatura lendária descrita, apenas dos macacos Ciência não registra Guariba-Amboia A origem do nome vem da língua tupi-guarani. “Guár - ayba” (guariba) quer dizer indivíduo feio e ruim. Os macacos Guaribas são corpulentos e ágeis. Têm cabeça maciça, queixo barbado, principalmente nos machos velhos cujo pescoço se avoluma em demasia, devido ao osso característico. A cauda (considerada como quinto membro) apresenta uma musculatura desenvolvida, e sua porção inferior da ponta é desprovida de pêlos e dotada de grande sensibilidade. Pesam em média 7 quilos e estão entre os maiores primatas das Américas. Vivem aproximadamente 20 anos em vida livre. Os machos são avermelhados e brilhantes com reflexos dourados. Já as fêmeas têm coloração castanha muito escura, quase negra. O ventre e o peito são regiões de poucos pêlos. Além destas, os machos apresentam cabeça mais desenvolvida acompanhada de um “cavanhaque”. Seu hábitat costuma variar, de florestas montanhosas tropicais úmidas a vegetação mais aberta como a caatinga, cerrado, babaçual ou de araucária. Gostam muito de matas densas, e que geralmente estejam próximas de rios ou de lugares úmidos. Não se entusiasmam com áreas secas e próximas do homem. São quietos, preguiçosos e mansos. Seus gritos aterrorizantes, especialmente durante a manhã, fim da tarde ou quando molestados, são ouvidos até a 5 Km de distância. A maior parte do tempo ficam no alto das grandes árvores, descendo apenas para tomar água e atravessar rios. Devido a isto, antigamente, os naturalistas acreditavam que eram incapazes de andar no chão. Dizem que costumam dar pauladas nos infratores e em animais que os maltrate. Alcoa ganha prêmio por arquitetura sustentável em Juruti Graças ao uso de materiais nativos e de baixo impacto ambiental, o projeto da Alcoa em Juruti foi premiado no quarto concurso de arquitetura corpora- tiva organizado pela empresa brasileira Flex Eventos. O arquiteto Márcio Mazza recebeu o prêmio na categoria de edificações sustentáveis. A unidade de mineração de bauxita reúne cerca de 30 edifícios com 1.400 metros quadrados de superfície construída. Os prédios incluem as instalações da empresa e uma série de centros comunitários. Entre outros materiais, foram utilizados tijolos produzidos seguindo o método tradicional dos povos indígenas da região, com processo de secagem ao ar livre. O presidente da Alcoa na América Latina, Franklin L. Feder, entregou à Prefeitura de Juruti dois caminhões, destinados para a coleta e compactação de lixo da cidade, no valor de R$ 640 mil. A doação faz parte dos recursos destinados na Agenda Positiva para contribuir com a limpeza pública e o saneamento. "Trilha da Excelência" leva a recorde na segurança da produção Empregados da Alcoa e de empresas contratadas para atividades na área do porto e do beneficiamento participaram de um diálogo diário de segurança especial e um almoço, em comemoração à superação da marca de cinco milhões de homens/hora trabalhadas em total segurança na Mina de Juruti. A meta, agora, é alcançar dez milhões de HHT. “O único momento em que podemos atuar pela prevenção contra qualquer incidente é o dia de hoje. Esse é o nosso desafio: vencer o presente. As cinco milhões de homens hora trabalhadas comprovam a nossa capacidade de vencer esse desafio”, disse Nilson Souza, vice-presidente de Produtos Primários da Alcoa América Latina. VICENTE MALHEIROS DA FONSECA [email protected] Carlos Gomes e o marcapasso N a edição de maio/2003, escrevi neste jornal um artigo sob o título “JOSÉ AGOSTINHO, CARLOS GOMES, VILLA-LOBOS e WILSON FONSECA”, onde narrei sobre curiosos encontros musicais ocorridos entre esses quatro gênios da música brasileira. Retorno ao tema, com novas informações que ilus- tram os contatos pessoais entre meu avô José Agostinho da Fonseca (1886-1945) e o Maestro Carlos Gomes (18361896), falecido em Belém. Em longas e proveitosas conversas com meu tio e padrinho Wilde Fonseca (Maestro Dororó, 87 anos), que veio a Belém para implantar um marca-passo, agreguei aos fatos, que me foram transmiti- A Alcoa tem incentivado os empregados a ações seguras por meio de um programa de reconhecimento ao bom desempenho em saúde, segurança e meio ambiente, o “trilha da excelência”. Todo mês, as equipes com maior número de comportamentos seguros são reconhecidas e premiadas. No mês de julho, a equipe do encarregado de produção da Camargo Corrêa, Edmilson Araújo, foi a vencedora. “A equipe se destacou como a que fez mais sugestões para eliminação de riscos, não apresentou qualquer violação e acidente com lesão e foi a que mais reportou quaseacidentes.” afirmou Paulo Rodrigues, superintendente de Segurança da Alcoa Mina de Juruti. Outro fator que contribui muito são as campanhas promovidas nos locais de trabalho. Uma delas, a campanha “mãos protegidas”, que tem conscientizado os trabalhadores sobre os cuidados com as mãos e dedos, que são as partes do corpo mais comumente envolvidas nos incidentes em obras. Maurício Macedo, gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais da Alcoa Mina de Juruti, diz que “a meta deve ser diária e o esforço individual, para que a pessoa faça um compromisso consigo mesmo para não se acidentar”, acrescentando que, para isso, a equipe de segurança vai buscar amadurecer as ferramentas de prevenção a incidentes e ampliar os programas de conscientização, através de treinamentos educativos e de comportamento seguro. dos por meu pai (Wilson Fonseca, Maestro Isoca), outras informações preciosas sobre os encontros musicais de meu avô e o maestro campineiro. Esses contatos pessoais ocorreram tanto no Conservatório de Música, então dirigido por Carlos Gomes, em Belém, como nas ocasiões em que o grande maestro brasileiro visitava o Instituto de Educandos Artífices (depois, Instituto Lauro Sodré), onde meu avô estudou. E não há dúvida de que José Agostinho da Fonseca, então com 10 anos de idade, participou das exéquias do Maestro Carlos Gomes, em setembro de 1896, na capital paraense, na condição de membro da famosa Banda de Música do Instituto de Educandos Artífices. Além das narrativas de meu saudoso pai, confirmadas por meu tio Dororó, louvo-me das informações de Vicente Salles e Clóvis Moraes Rego, com os quais conversei sobre o assunto. Aquele Instituto era considerado um dos principais estabelecimentos de ensino, no gênero, no Brasil, onde lecionavam professores especializados na Europa. Por isso, o destaque no cortejo fúnebre de Gomes. No livro “Carlos Gomes no Pará” (Clóvis Moraes Rego), L & A Editora, 2004, UFPa, que me foi ofertado, com dedicatória do próprio autor, há diversas evidências da participação destacada da famosa banda de música daquele Instituto, inclusive com fotografias, que revelam a magnitude e a autêntica apoteose das homenagens fúnebres a Carlos Gomes, em Belém. Por isso, meu avô ja- mais esqueceu do memorável e histórico evento, narrado para seus filhos. Esse fato deve ser motivo não apenas de orgulho para nós, seus descendentes, como também dever que temos de preservar a memória de nossos ancestrais. O tio Dororó me confessou que jamais havia assistido alguma ópera ao vivo. Já ouvira muitas e sua preferida era justamente “O Guarany”, de Carlos Gomes. Cuidei então de levá-lo ao Theatro da Paz, onde se realiza o excelente Festival de Ópera da Amazônia. Embora convalescente da recente cirurgia cardíaca, meu tio conseguiu realizar um velho sonho. Aceitou o convite e lá fomos nós ao teatro, acompanhados de familiares. Diante de nós, a mais conhecida ópera do famoso compositor paulista, cuja abertura é tocada no início da “Voz do Brasil”, nas estações de rádio. A produção foi magnífica. Depois da récita, fomos jantar e encontramos o regente da ópera, Maestro Roberto Duarte, carioca, membro da Academia Brasileira de Música, que nos revelou ter conhecimento e bom conceito da obra musical de meu pai. Ainda no hospital, entreguei ao tio Dororó as partituras de arranjos que escrevi para a primeira e a última composição musical de meu avô: “Idílio do Infinito” (1906), para Quinteto de Sopros; e “Ave Maria” (1938), para Quarteto de Cordas. Retornei para casa e compus o chorinho “Marcapasso” (Duo para Flauta e Piano), que lhe dediquei, por sugestão de minha irmã Conceição. 8 AGOSTO - 2007 61 anos do círio fluvial noturno de Santo Antonio FOTOS: PE. ELÍSIO GAMA Oriximiná comemorou neste mês de agosto, 61 anos de sua festa maior, o Círio Fluvial Noturno de Santo Antônio, cuja primeira celebração foi no dia 04 de agosto de 1946. Naquela data histórica, a imagem do Santo foi conduzida em uma canoa de 30 palmos que pertencia ao Sr. José Vicente Calderaro (Carapina), guiada por oito bons remadores. A procissão foi acompanhada pelo barco a motor Urucari - na época, o único barco desse tipo que existia na cidade pertencia ao antigo SESP, hoje Secretaria de Saúde Pública -, algumas lanchas a vapor e canoas de vários tamanhos, todos enfeitados com bandeirinhas e tochas para iluminar o percurso. Nos primeiros Círios era comum a presença de canoas enfeitadas com fitas e bandeirinhas de papel de seda coloridos. A animação na praça era de responsabilidade do Sr. Pedro Martins, que apresentava Jazz no Coreto da Praça, além de variado repertório de músicas populares que animavam o ambiente, lembram as professoras Etelvina Queiroz e Maria Salete Soares, que resgataram a história do Círio, em extenso trabalho de pesquisa. Hoje, a romaria é acompanhada por barcos iluminados que oferecem um espetáculo de luz, cor e magia sobre as águas escuras do caudaloso Trombetas. As barquinhas coloridas e iluminadas, fabricadas em Aninga e papel de seda multicor, confeccionadas pela comunidade escolar e pelos romeiros, iluminam a extensão do rio durante o cortejo. São milhares de pontos de luz que espelham as águas, como as estrelas reluzem nos céus. Antigamente, as barquinhas eram cuias com velas que marcavam o caminho e levavam os pedidos de bênçãos, escritos pelos fiéis, em pequenos papéis. Contam os historiadores que a idéia surgiu após a queda acidental de um balão nas águas do Trombetas que, por possuir o fundo de papelão grosso, ficou a flutuar iluminando o rio. Nos anos posteriores, com o restante de madeira que sobrava do forro do Salão Paroquial, foram confeccionadas 500 barquinhas. Cada barquinha levava uma vela acesa dentro de um balão de papel de seda colorido, e eram espalhadas no início da procissão fluvial. O efeito visual é de uma cidade flutuante se aproximando da A balsa conduzindo a imagem de Santo Antônio, com alegoria reproduzindo a igreja Matriz Fogos de artifício, um show à parte na chegada da romaria Fervor da multidão acompanhando a procissão do padroeiro Em frente à igreja especialmente decorada e iluminada, a missa em louvor ao santo padroeiro Preparação para a chegada da berlinda e missa campal orla de Oriximiná. O cortejo do Círio de Santo Antônio é orientado por uma balsa que conduz a berlinda com a imagem de Santo Antônio, especialmente ornamentada para a ocasião, acompanhada por outras embarcações decoradas com bandeirolas coloridas e efeitos luminosos. Com a chegada dos barcos ao cais, o santo é saudado com as buzinas dos barcos, show pirotécnico e uma multidão que espera a imagem do padroeiro com aplausos, cantos religiosos e bandeirolas. A emoção toma conta dos fiéis, que agradecem graças recebidas e encomen- dam novas promessas. Começa a procissão terrestre que vai até a Igreja Matriz, onde é celebrada a Missa. O Círio de Santo Antônio é uma das maiores manifestações de fé do Oeste do Pará. E Oriximiná já se destaca pela singularidade da expressão cultural de sua população. A devoção pelo padroeiro começou a ser celebrada com pequenas procissões terrestres que aconteciam do dia 1º até o dia 15 de agosto, anualmente. Nesse período, diariamente, a imagem do Santo saía da casa de uma família da comunidade até a A multidão se aglomerou para assistir às apresentações culturais na praça de Santo Antonio Detalhe da decoração da berlinda, com flores regionais Igreja Matriz, onde se realizava trezenas e ladainhas em louvor ao santo. Somente a partir de 1946, o Círio deixou de ser terrestre e passou a ser fluvial. Como todos os anos, a prefeitura de Oriximiná participa de forma ativa na programação do Círio do padroeiro do município, assim como na ornamentação da cidade e no patrocínio dos fogos, um dos momentos mais esperados do evento. Este ano a Prefeitura investiu mais de R$ 100 mil, através de um convênio firmado com a igreja católica para atender as necessidades do evento. “O Círio de Santo Antonio, além de ser uma tradição de Oriximiná, tem uma particularidade que o torna único, sendo fluvial e noturno”, disse Argemiro Diniz, prefeito de Oriximiná, satisfeito em colaborar com as festividades do padroeiro, todos os anos, durante 15 dias, iniciando no primeiro domingo de agosto e encerrando do terceiro domingo. Milhares de pessoas acompanharam o círio de Santo Antonio e participaram dos eventos festivos