Ano XV Nº 143
MARÇO 2007
R$ 2,00
www.uruatapera.com
BR-163 terá
definição só
em abril
Produtores rurais não
agüentam mais esperar cumprimento de
promessas.
PREFEITO DE
JURUTI BATE
FORTE NA ALCOA
MAIS
EM
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ASFALTO
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TI
Serviço - 2
INVESTIMENTOS
Polvorosa no meio empresarial e
político: Juruti enfrenta a mineradora
em busca de compensação financeira.
Deputados
mobilizados
pela região
Atualidades -7
Educação, energia e asfalto
figuram entre as principais
reivindicações.
Regional - 5
SANTARÉM
ILUSTRAÇÃO ATORRES
Ganzer
promete obras
estratégicas
Em visita, avalia serviços e
discute prioridades.
Serviço - 2
SAÚDE
Oriximiná zera
casos de dengue
Política - 4
BAIXO-AMAZONAS
ENTREVISTA
Argemiro Diniz pede
atenção para Oriximiná
DEMANDAS
Vale confirma
Fórum de Juruti
que faz pesquisa e PA-254 em
de bauxita
atraso histórico
Atualidades - 7
Regional - 5
Esperança e determinação
estão na ordem do dia na Prefeitura de Oriximiná. Energia
é prioridade máxima.
Cidades - 3
A turma da disciplina História da Amazônia I, aproveitando a oportunidade.
HISTÓRIA
CULTURA
Estudantes
no Museu
Contextual
Cátedra ÍtaloAmazônica na
CEI-UFPA
Oriximinaenses foram a
Óbidos em aula de campo
de resgate histórico.
Casa de Estudos Italianos
incrementa intercâmbio e
festeja Américo Vespúcio.
Regional - 5
Serviço - 2
SERVIÇO
2 MARÇO - 2007
Ganzer promete obras estratégicas
O secretário executivo
de Transportes, Valdir Ganzer, fez uma visita técnica
a Santarém, para avaliar os
serviços da Setran e discutir
novas obras estratégicas com
a prefeita Maria do Carmo.
Ganzer disse que é sua intenção elaborar um diagnóstico
antecipado do que é necessário para que, no inverno
de 2008, as rodovias e pontes
estaduais estejam em condições de suportar as chuvas e
o tráfego.
A rodovia SantarémCuruá-Una (PA-370) terá
atenção especial, prometeu o
secretário. Ganzer percorreu
parte da rodovia e reuniu com
lideranças comunitárias da
região no entorno, considerada importante corredor de
escoamento de produção da
agricultura familiar. O asfaltamento da rodovia, há décadas
pleiteado, já provocou vários
e sucessivos protestos, inclusive com bloqueio da rodovia
pelos produtores rurais.
A Secretaria Executiva
de Transportes irá organizar
um cronograma para garantir
a continuidade das obras durante o inverno. 'O objetivo é
impedir que ocorram perdas
dos recursos já utilizados
nas obras', adianta Valdir
Ganzer. No planejamento
da Setran figura a execução
de serviços de manutenção
da estrada durante todo o
inverno. 'Apenas em julho a
pavimentação vai iniciar. Mas
até o final do ano queremos
entregar esta importante
obra', afirmou o titular da
Setran.
Em dezembro do ano
passado, o então governador
Simão Jatene disse em Santarém que todos os recursos necessários para o asfaltamento
da rodovia PA-370 já haviam
sido liberados para a Setran.
O atual secretário contradisse
a informação. “ Eu estou indo
pro Rio de Janeiro para renegociar a parte que o Estado
não honrou. Vou emprestar
dinheiro do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para
concluir a obra”, afirmou.
Sobre a estrada do São
José, que interliga o distrito
A prefeita Maria do Carmo Martins Lima, com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos
de Mojuí dos Campos à PA370 e à Santarém-Cuiabá
(BR-163), considerada estratégica pelo escoamento de
gêneros para Santarém, Valdir
Ganzer revelou que ela não
está incluída no projeto de
pavimentação da Setran. 'A
São José não está no programa. Acho estranho o trecho
não estar incluída. Mas vou
tentar conseguir recursos para
ela', ponderou.
A prefeita Maria do
Carmo Martins Lima aproveitou a visita do titular da
Setran e pediu auxílio para a
construção de um terminal
fluvial no município, além
da pavimentação de rodovias
da região. Maria explicou
a enorme carência de uma
estrutura adequada ao transporte fluvial, responsável
por 80 % dos deslocamentos
da população. Por falta de
um terminal fluvial, as embarcações de Santarém são
obrigadas a ancorar em duas
balsas improvisadas na frente
da cidade. Para a prefeita, a
visita do secretário executivo
de Transportes significa uma
mensagem da governadora
de que o município de Santarém pode contar com ela
para obras de infra-estrutura
e transportes. 'As conversas
já se arrastam desde o governo Jatene, quando houve
desentendimento em relação
ao local onde seria instalado o
terminal. Mas já conseguimos
R$ 4 milhões do governo
federal para um terminal de
cargas', salientou Maria do
Carmo.
Valdir Ganzer também
recebeu o pleito para realizar
o recapeamento da rodovia
Everaldo Martins, que liga
Santarém a Alter do Chão.
E anunciou que a Setran,
em regime de parceria com
a Prefeitura, vai duplicar a
rodovia Fernando Guilhon,
no trecho que vai da entrada
da Praia do Maracanã até a
rodovia Everaldo Martins,
que leva a Alter do Chão'.
Outro pedido ao secretário
foi o de inclusão do município no programa Asfalto na
Cidade. Em Santarém, 90 km
de ruas estão empiçarradas,
prontas para receber asfalto
e pelo menos em 10 Km o
Governo do Estado deve ser
parceiro.
Setran constrói ponte na Santarém / Curuá-Una
A Secretaria Executiva
de Transportes começou a
construir uma nova ponte na
rodovia PA- 370, a SantarémCuruá-Una. O investimento
gira em torno de R$ 300 mil.
A velha ponte já não oferecia
segurança para os veículos,
ciclistas e pedestres, e a classe produtora agrícola e a
população da região, que foi
contemplada com ciclofaixa
e passarela para pedestres
nos dois sentidos, há muito
reivindicava a obra. A antiga
ponte de concreto, construída
há décadas, está sendo demolida enquanto a nova está em
ritmo acelerado. A expectativa
é de que fique pronta em dois
meses.
Ela terá doze metros
de largura por 12 de comprimento e vai permitir que
veículos carregados de grãos
e outros produtos trafeguem
com segurança e rapidez.
O secretário executivo
de Transportes, Valdir Ganzer, vai percorrer, durante os
próximos meses, a maioria das
rodovias estaduais que estão
contempladas na Operação
Inverno, acompanhando de
perto as obras e fiscalizando
pessoalmente o trabalho das
empreiteiras.
A intenção é elaborar
um diagnóstico antecipado
das obras necessárias para
que no inverno de 2008 as
rodovias e pontes estaduais
estejam em condições de
suportar as chuvas e o tráfego que vem crescendo em
todas as regiões, em razão do
desenvolvimento da cadeia
produtiva do Estado.
Obras na BR-163 e Transamazônica só em abril
O Ministério dos Transportes só vai apresentar ao
Governo do Pará em abril,
na melhor das hipóteses, o
cronograma de obras das
rodovias Santarém-Cuiabá
(BR-163) e Transamazônica
(BR-230). As duas rodovias
estão incluídas no Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), mas até agora nada
há de concreto sobre o início
da pavimentação.
As obras na BR-163
incluem o asfaltamento do
trecho Santarém-RurópolisGuarantã do Norte (divisa
do Mato Grosso com o Pará),
até o acesso a Miritituba. Já
na Transamazônica, a pavimentação abrange o trecho
Marabá-Altamira-Medicilândia-Rurópolis.
Os trechos SantarémRurópolis, Rurópolis-Miritituba e Miritituba-Castelo de Sonhos deverão ser
construídos pelo Consórcio
integrado pelas empresas
Queiroz Galvão e Odebrecht.
A Estacon ficará com o trecho
Guarantã-Castelo de Sonhos.
Para o trecho entre Altamira
e Medicilândia, da Transamazônica, único percurso legali-
zado , existem R$ 80 milhões
já contratados e as obras iniciadas continuarão em 2007.
Os trechos Marabá/Altamira,
Altamira/Medicilândia e Medicilândia/Rurópolis ainda
não têm definição.
Casa de Estudos Italianos inaugura Cattedra Italo-Amazzonica
Destinada a incrementar os intercâmbios entre o
Brasil e a Itália, a Casa de
Estudos Italianos da Universidade Federal do Pará – CEI/
UFPA - inaugura, em caráter permanente, a Cattedra
Italo-Amazzonica Amerigo
Vespucci, dedicada ao nave-
gador italiano, nascido em
Florença, em 1454. O evento
será realizado no próximo dia
9 de março, data em que se
comemora o nascimento de
Vespúcio.
Ao longo deste ano,
deverão ser realizadas conferências, cursos, mini cursos,
mesas redondas e seminários,
com a participação de professores brasileiros e italianos.
Também será promovido o
curso “Specializzazione nella
Gestione della Cooperazione Internazionale”, dirigido a professores italianos e
brasileiros.
A Cattedra tem como
objetivo o incremento de
intercâmbios técnicos, científicos e culturais entre o
Brasil e a Itália. Segundo
a coordenadora da CEIUFPA, Profa. Heloísa Bellini, a realidade brasileira,
particularmente a amazônica,
na qual está inserida a Universidade, contém aspectos,
nestas áreas, que interessam
à Itália e, da mesma forma,
a realidade italiana interessa
ao Brasil. “O lançamento da
Cattedra Italo-Amazzonica
Amerigo Vespucci surge
num momento especial para
a Universidade Federal do
Pará que este ano completa
50 anos de funcionamento
como Universidade Federal
Pública, embora algumas
faculdades, como Direito e
Farmácia, tenham mais de
100 anos”, destaca Bellini.
(fonte:www.oriundi.net)
Novo bispo vai assumir a diocese de Santarém
O Papa nomeou o Monsenhor Esmeraldo Barreto de
Farias Bispo da Diocese de
Santarém. Bento XVI aceitou a
renúncia apresentada por Dom
Lino Vomboemmel.
Dom Esmeraldo nasceu
Editora responsável
Franssinete Florenzano
Colaborador especial
Emanuel Nassar
em 4 de julho de 1949 em Santo Antonio de Jesus, diocese de
Amargosa, onde freqüentou o
Seminário Menor. Completou
os estudos de Filosofia junto à
Universidade Federal de Minas
Gerais e os estudos de Teologia
no Instituto de Teologia da
Universidade Católica de São
Salvador da Bahia.
Ordenado sacerdote em
9 de janeiro de 1977, foi pároco de Senhor do Bomfim de
Jiquiriçá, diocese de Amargosa,
ao mesmo tempo trabalhando
nas paróquias do município de
Mutuípe, Ubaíra, Santa Inês,
Brejões, Laje e Parelhas, no Rio
Grande do Norte. Coordenou
a equipe diocesana da Pastoral
Rural; foi Administrador Dio-
Colaborador especial
José Wilson Malheiros
Vicente Malheiros da Fonseca
Walcyr Monteiro
João Francisco Mileo Guerreiro
Ademar Aires do Amaral
Fotolito e impressão
Rua Gaspar Viana, 778
Tel. 0xx91.32300777
www.uruatapera.com
[email protected]
Av. Independência, 1857
Oriximiná.PA. CEP 68270-000
Tel.Fax. 0xx91.32221440
CNPJ. 23.060.825/0001-05
Paulo Afonso em 22.03.2000,
recebeu a ordenação episcopal
em 11 de junho do mesmo
ano. Na CNBB é Membro da
Comissão Episcopal para os
Ministérios Ordenados e a Vida
Consagrada.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS
TELEFONES ÚTEIS
Editoração eletrônica
Calazans
cesano de Amargosa durante a
Sé Vacante da Diocese; diretor
espiritual adjunto do Seminário Maior; Vigário na paróquia
de São Benedito; e coordenador nacional dos Sacerdotes
do Prado. Nomeado Bispo de
Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319
Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224
Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681
Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072
Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371
Hospital Municipal – (93) 3544 1370
Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169
Defensoria Pública – (93) 3544 4000
Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587
Fórum – (93) 3544 1299
Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119
Polícia Civil – (93) 3544 1219
CIDADES
MARÇO - 2007 Argemiro Diniz pede informes
atenção para Oriximiná A
Esperança e determinação
estão na ordem do dia da
Prefeitura de Oriximiná.
Energia é prioridade
máxima, porque sem ela
não é possível implantar
indústria, mecanizar a
agricultura e ampliar
o mercado consumidor.
Argemiro Diniz fala
aos leitores do UruáTapera sobre os planos
para 2007.
de maneira correta. A nossa
vontade é investir mais, só
que os recursos do Estado não
chegaram pra nós. Para falar a
verdade, nós temos dois convênios celebrados no governo
passado, para a construção do
mercado e a feira, e que não
foram concretizados em termos da contrapartida estadual.
Fizemos até mesmo serviços
de melhoramento da PA-254,
que é uma rodovia estadual, e a
reforma do colégio Padre José
Nicolino. E olha que tanto a
reforma do Nicolino e da estrada são de responsabilidade
do governo do Estado. O município fez a sua parte, porque
achamos que ambos merecem
que se faça o investimento.
Inclusive estamos com autorização do governo do Estado
para asfaltar o trecho que vai
desde a entrada da cidade até
ao aeroporto e, ao contrário
do que está se falando, os
recursos são do município de
Oriximiná e não do Estado.
Solicitamos a autorização da
Câmara de Vereadores e eles
concordaram e nos autorizaram a realizar esse trabalho de
asfaltamento até ao aeroporto,
porque a nossa população está
sofrendo e nós temos que agir,
não podemos ficar esperando
eternamente pelas ações do
governo estadual.
Oriximiná já tem alternativas para quando a bauxita
acabar?
Argemiro – Acredito
que o que temos a fazer é
investir na agricultura, na
pecuária, na piscicultura e
no turismo. É fundamental
para o desenvolvimento do
nosso município a instalação
de indústrias. Mas para isso
é preciso fazer a transposição
do rio Amazonas com o linhão
trazendo a energia da usina de
Tucuruí. Ainda há a expectativa de viabilizar a hidrelétrica
de Cachoeira Porteira, que está
incluída em plano plurianual
do governo federal. Estamos
lutando por isso.
Como vai a saúde dos
oriximinaenses?
Argemiro – O nosso
município investe cerca de
30% do seu orçamento em
saúde. É praticamente o dobro
do que é obrigado por lei. Temos 21 médicos que prestam
serviços em Oriximiná e mais
11 especialistas que chegam
todos os meses; são médicos
residentes de Santarém que
prestam valiosos serviços à
população de Oriximiná. Em
Belém hoje nós oferecemos
aos nossos munícipes uma
casa de apoio muito boa, para
que os pacientes que viajam a
tratamento tenham o conforto
e a segurança necessários.
O lixo também repercute
na saúde pública. Como está
sendo tratado?
Argemiro – Estamos
aguardando o licenciamento
para instituir a área adequada
ao lixão. A Sectam mandou
técnicos a Oriximiná diversas vezes mas até hoje não
liberou nenhuma área para
que pudéssemos fazer esse
trabalho. Sabemos que existe
uma determinação da Comara
para que seja distante da sede
do município 8 quilômetros.
Teríamos que pagar como
transporte adicional pelo menos 16 quilômetros além do
que já existe, mais ou menos
20 Km, e isso fica praticamente inviável. Precisamos
da liberação para poder fazer o
aterro sanitário e para que não
fique o lixão a céu aberto, o
que poderia trazer risco para as
aeronaves pelas proximidades
do aeroporto.
A agricultura está registrando algum avanço?
Argemiro – Estamos
começando a fazer agricultura em estufa mecanizada,
considero que obtivemos
avanço razoável, temos feito
obras e serviços com recursos
próprios da Prefeitura e que
estão sendo aplicados justamente com a intenção de
gerar empregos e renda. Não
temos dinheiro guardado, mas
investimos todos os recursos
“Nós temos
esperança de um
bom relacionamento
com a governadora,
já nos conhecemos
pessoalmente e tivemos
a oportunidade de
conversar na época em que ela era senadora,
principalmente tratando da questão da
energia, que eu acho fundamental para o
desenvolvimento da nossa região como um
todo. E esperamos que o presidente Lula
olhe para a nossa região.”
“Investimos fortemente
na conservação de
estradas, construção
de pontes e muitas
obras de importância
estratégica, como, por
exemplo, a construção
do Terminal Hidroviário, ampliação e
adequação do Matadouro Municipal.”
em favor do desenvolvimento
municipal.
Na infra-estrutura, ainda há muito a fazer?
Argemiro – Construímos escolas nas comunidades de Moura, Abuí, Jacupá,
Acapuzinho, ampliamos as
escolas existentes tanto na
zona urbana quanto na rural.
Temos uma extensa lista de
realizações de trabalho, não
só na área da educação como
também na saúde e na agricultura. Investimos fortemente
na conservação de estradas,
construção de pontes e muitas
outras obras de importância
estratégica, como, por exemplo, a construção do Terminal
Hidroviário, ampliação e adequação do Matadouro Municipal, asfaltamento da PA- 439
até o aeroporto e alojamento
de professores. Hoje, as mudanças podem ser observadas
facilmente, é só andar pelas
ruas e bairros de Oriximiná,
é significativa a quantidade de
casas de alvenaria que estão
sendo construídas, isso significa que o dinheiro está circulando bem no município.
O município é rico em
matéria-prima e em arrecadação. Dá para fazer mais?
Argemiro – Olha, apesar deste ano o município não
ter tido aumento de receita
substancial, nós demos aumento para o funcionalismo
em torno de 16,67% e isso não
foi só para quem ganha salário
mínimo, foi para todas as categorias. A situação está dentro
do controle. O dinheiro dos
royalties está sendo aplicado
E o imbroglio no Bairro
do Penta?
Argemiro – “Estivemos com o juiz titular de
Oriximiná, Dr. Cornélio,
e a partir do entendimento
que tivemos com a presença
das partes interessadas e do
advogado, ficou certo que
apresentaríamos uma proposta por parte da Prefeitura
e outra por parte dos interessados e levaríamos à Câmara
de Vereadores e eles dariam
a sua opinião em relação à
questão. No dia 13 de dezembro recebemos a resposta da
Câmara, que encaminhamos
para o juiz e estamos esperamos que haja um consenso da
outra parte para que possamos
resolver esse problema de
interesse social. Quero esclarecer que as áreas em questão
foram separadas da gleba
patrimonial do município de
Oriximiná, portanto faziam
parte da área do Estado. E a
partir daí, o município quer
resolver e tem consciência da
responsabilidade do município para com os cidadãos de
Oriximiná. Se houver acordo
o bairro do Penta poderá receber todos os benefícios como
os outros bairros, em questão
de pavimentação de ruas,
drenagens, abastecimento
de água, iluminação pública,
logradouros públicos e outras
melhorias.
Como será o relacionamento da Prefeitura com os
governos estadual e federal?
Argemiro – Nós temos
esperança de que vamos ter
um bom relacionamento com
a governadora, porque já nos
conhecemos pessoalmente
e tivemos a oportunidade de
conversar na época em que
ela era senadora, em alguns
encontros em Belém, principalmente tratando da questão
da energia, que eu acho fundamental para o desenvolvimento da nossa região como
um todo. E esperamos que
o presidente Lula olhe para a
nossa região.
sfaltamento da Transamazônica e da
Santarém-Cuiabá e a construção da
hidrelétrica de Belo Monte já estão na
pauta da reunião que os prefeitos da Associação
de Municípios da Transamazônica, Santarém-Cuiabá, Região Oeste do Pará e Xingu
terão com Ana Júlia na primeira quinzena de
abril. Na audiência a Amut irá com a nova
diretoria que será eleita na segunda quinzena
de março.
Operações da PF
Piadinha infame que corre em Santarém: se
a Polícia Federal continuar prendendo servidores do Ibama e da Sectam, não vai sobrar
ninguém para vistoriar o terminal graneleiro
da Cargill.
Pegou mal
A entrevista do presidente mundial da Alcoa,
Alain Belda, à revista Veja, sob o título “É
hora de agir”, está repercutindo muito mal
no oeste do Pará. Comenta-se à farta que o
executivo está preocupado com o aquecimento global, mas não com a degradação
ambiental causada pelas mineradoras e os
bolsões de miséria junto às áreas de lavra.
O prefeito de Juruti já levou ao pé da letra o
bordão do presidente da Alcoa. E os outros
estão se articulando para a rebordosa.
Mudança de data
A Associação dos Criadores de Monte Alegre
quer que a Agência de Defesa Agropecuária
do Pará mude o calendário de vacinação
contra a febre aftosa na região. Segundo a
entidade, o calendário atual é inadequado à
realidade local, daí as dificuldades para conter
a doença. O maior argumento é a lembrança
de que, em junho de 2003, foco da aftosa teve
repercussão internacional e ainda hoje causa
prejuízos aos criadores locais.
Vôo noturno
A implantação de equipamentos de balizamento noturno no aeroporto é uma das
maiores reivindicações monte-alegrenses.
Reinaugurado em 2001, o aeroporto tem
pista de 1.300 metros, com capacidade para
receber aviões de pequeno e médio porte,
mas não opera à noite. Exemplo dramático
foi quando, para resgatar doentes em estado
grave, centenas de motocicletas e carros
foram alinhados ao longo da pista de pouso, com os faróis ligados, para permitir o
pouso e a decolagem de aeronaves com os
pacientes.
Magistrado compositor
O desembargador federal do trabalho Vicente
Malheiros da Fonseca entregou à presidente
do TJE-PA, desembargadora Albanira Lobato
Bemerguy, o Hino do Tribunal de Justiça do
Estado do Pará. Compôs letra e música, com
arranjos para canto e piano; coro a 4 vozes
mistas e piano; e orquestra de sopros, percussão, coro e piano. O magistrado compositor
é autor também de quase 40 outros hinos,
entre os quais o da Justiça Eleitoral, TRT
8ª Região, Ministério Público do Trabalho,
Canção da Escola da Magistratura (letra do
desembargador Almir de Lima Pereira), e
Escola Superior da Amazônia (letra de Célio
Simões), além de outras quase 700 composições nos mais variados estilos.
Dança das cadeiras
O deputado Antônio Rocha emplacou seu
filho Erlon Pereira Rocha como gerente da
Agência do Detran em Santarém, e Sandro
Lopes como gerente regional do Detran na
Pérola do Tapajós. Na regional da Sespa, outros dois afilhados políticos: o médico Edson
Ferreira, coordenador, e Ezequiel Marinho,
diretor administrativo.
Integração do interior
Aliás, Antônio Rocha assumiu a presidência da Comissão Permanente de Segurança
Pública da Assembléia Legislativa. E, através
de Moção, defendeu a necessidade de construção de pontes de concreto na PA-254,
entre os municípios de Óbidos, Alenquer e
Oriximiná.
3
POLÍTICA
4 MARÇO - 2007
Oriximiná zera casos de dengue
Com o período de chuvas, propício para a proliferação da larva do mosquito
Aedes Aegypti, a equipe de
Endemias da Secretaria de
Saúde de Oriximiná está
trabalhando duro mas comemora os resultados: até agora,
nenhum caso de dengue foi
registrado no município.
Uma equipe de servidores
trabalha no fumacê, fazendo a
borrifação na cidade; 14 agentes de saúde, sendo que 2 são
supervisores de campo, fazem
campanha de esclarecimento
em visitas familiares, e dois
laboratoristas trabalham no
combate à dengue, leschimaniose e malária.
Os profissionais de saúde percorrem as residências,
educam - nem todas as pessoas acreditam que o melhor
remédio é a prevenção -,
detectam a larva e a eliminam,
através da borrifação.
Há um ano as equipes
se dedicam à erradicação dos
focos. O esforço tem sido
bem recompensado, avalia o
prefeito Argemiro Diniz.
Este ano ainda não foi
confirmado nenhum caso de
dengue em Oriximiná. No
ano passado, nesta mesma
época, já haviam sido registrados dois casos, porém, o
coordenador do programa
de combate às endemias,
Manoel Franco, alerta que já
foi enviado material coletado
para Santarém, que ainda
está sendo analisado, e que
aguarda o resultado do laudo
sorológico.
“Esses dados para nós
são muito importantes. Estamos lutando bastante para
não se repita em Oriximiná o
que houve em 2005, quando
vários casos foram detectados”, disse Manoel Franco.
Para o borrifador Júlio
Alex, o maior problema em
que as ações de saúde esbar-
ram são as próprias pessoas
que não gostam da fumaça
que a máquina emite, e também crianças que correm
atrás. A Prefeitura está solicitando aos pais que não
permitam que seus filhos
corram atrás dos borrifadores,
uma vez que a proximidade
das crianças atrapalha o andamento do serviço.
A equipe do fumacê
trabalha de segunda a sábado
(de manhã), de acordo com
a necessidade de cada bairro.
Manoel Franco aconselha as
pessoas que não deixem água
parada em nenhum recipiente, para evitar a proliferação
do mosquito da dengue. Em
2006, foram confirmados 18
casos de dengue. Os bairros
mais afetados foram São Pedro, N. Sra. das Graças e Santa
Luzia e os com maior número
de focos das larvas, em torno
de 128, foram São José Operário e Cidade Nova.
Participação da comunidade aumenta a eficácia
Combate ao vetor, vigilância epidemiológica, diagnóstico precoce e assistência
ao paciente são as principais
ações para o controle da dengue. Também são importantes
o saneamento ambiental,
educação em saúde, mobili-
zação e comunicação social.
A Prefeitura de Oriximiná
está investindo na capacitação de recursos humanos,
acompanhando e avaliando
todas as ações desenvolvidas
pela secretaria municipal de
Saúde.
122 municípios paraenses estão infestados por
mosquitos Aedes Aegypti,
sendo que 92,65% deles têm
os três sorotipos circulantes,
ou seja, o 1, 2 e 3, assim como
25% dos municípios prioritários do Programa Estadual
de Controle da Dengue, o
que aumenta o risco de surgimento de casos de dengue
hemorrágica. Em 2006, foram
registrados 8.860 casos de
dengue, com quatro óbitos,
em todo o Estado.
Entrar nas casas é uma
estratégia fundamental, mas
que enfrenta dificuldade para
ser executada em todos os
locais. Médicos alertam para
que todos fiquem atentos para
as formas atípicas de dengue,
que além dos sintomas conhecidos, apresenta encefali-
te, miocardite e insuficiência
hepática.
O prefeito Argemiro
Diniz enfatiza que o combate
à dengue depende também da
participação da comunidade,
que deve eliminar criadouros
domésticos do mosquito.
Diagnóstico precoce é fundamental para debelar endemias
Enquanto a leishmaniose tegumentar tem como
principal fator a entrada do
homem na mata, as da leishmaniose visceral são a pobreza, desnutrição, precárias
condições de moradia e de
vida da população, que atraem
o flebotomíneo, mosquito
transmissor da doença, tendo
como principal hospedeiro os
cães, que vivem em convívio
direto com as famílias.
A Prefeitura de Oriximiná está se esforçando para
controlar as duas doenças, com
capacitação de profissionais de
saúde, redução do contato do
homem com o vetor, estimulando o uso de proteção individual a quem costuma entrar na
mata, como camisas de manga
comprida e chapéus com tela, e
orientações de higiene e cuida-
dos com ambiente domiciliar.
O Pará é responsável por 40%
dos casos de leishmaniose
tegumentar e 60% dos casos
de leishmaniose visceral. A
rede básica de saúde precisa
fazer o diagnóstico precoce da
leishmaniose visceral. Muitas
crianças chegam ao Hospital
sem diagnóstico, apesar de
estar com a doença em estado
avançado.
REGIONAL
MARÇO - 2007 5
Deputados se mobilizam pelo Oeste
A deputada Josefina
Carmo (PMDB) propôs mobilização política em favor do
desenvolvimento da região
Oeste do Pará. Argumentando que ‘o desenvolvimento
do Estado é desigual: favorece, de um lado, o crescimento
acelerado de umas regiões, ao
mesmo tempo em que provoca a pauperização de outras’, a deputada denunciou
que o Oeste do Pará figura
entre os que estão empobre-
cendo, ‘justamente porque
lhe negam os investimentos
estratégicos necessários ao seu
desenvolvimento’.
A situação dos nove
municí pios localizados na
margem esquerda do rio
Amazonas é alarmante, alertou Josefina, salientando que
as rodovias estaduais não são
asfaltadas, não há universidades públicas nem energia
elétrica do linhão da Hidrelétrica de Tucuruí.
Josefina quer todos pela região
Entretanto, ela reconhece que o movimento só
terá sucesso se contar com
a participação de todos os
deputados estaduais eleitos
majoritariamente com votos
da região e o apoio da própria Assembléia Legislativa.
O compromisso de todos os
deputados deve ser ‘com o
desenvolvimento sustentável
do Estado, permitindo que
todas as regiões tenham os
investimentos minimamente
necessá rios à implantação
das obras de infra-estrutura de produção’, defendeu
Josefina.
Os deputados entendem ser necessário que o
governo do Pará e a Assembléia Legislativa apresentem,
discutam e adotem propostas
que estimulem desenvolvimentos regionais de forma
mais equilibrada, corrigindo
as desigualdades hoje registrados pelos dados do PIB
estadual.
‘Aceito o chamamento e
tenho certeza de que, juntos,
muito podemos fazer pelo
Oeste do Pará’, afirmou o
deputado Alexandre Von
(PSDB), em aparte. Von elogiou o pronunciamento, ‘uma
abordagem muito interessante das carências, dos entraves,
das grandes dificuldades históricas da região’.
Os deputados Gabriel
Guerreiro (PV) e José Megale
(PSDB) em apartes, também
reafirmaram o compromisso
em prol do desenvolvimento
do Oeste do Pará.
Júnior Ferrari pede pela PA-254 e Fórum de Juruti
O Deputado Júnior
Ferrari tocou em problemas
antigos e ainda sem solução
no oeste do Pará, como a
recuperação de rodovias, assistência judiciária e energia.
A PA-254, que liga os municípios da margem esquerda do
rio Amazonas, e a construção
do Fórum em Juruti foram
abordados por ele na Assembléia Legislativa. E aproveitou
para elogiar o carnaval 2007
em Oriximiná e Óbidos, dos
mais tradicionais do Pará.
Jr. Ferrari lembrou que,
na legislatura passada, participou da reunião com o então
presidente do Tribunal de
Justiça do Estado, o prefeito
Henrique do PT e o Presidente da Câmara, quando
ficou acertada a construção
do Fórum, em regime de
parceria. A Prefeitura entrou
com o terreno, a Alcoa está
construindo e o TJE com a
infra-estrutura, mas até hoje
o Fórum não está pronto.
Juruti tem cerca de 40 mil
habitantes que, para recorrer
ao Poder Judiciário, precisam
ir a Óbidos, numa viagem que
dura 20 horas, ida e volta.
A PA-254 é o sonho
da população de Óbidos,
Oriximiná, Prainha, Monte
Alegre, Alenquer, Curuá e
Almeirim, Faro e Terra Santa.
Cerca de 300 mil habitantes
vivem no seu entorno, mas
não recebeu sequer o pontapé inicial. Como a estrada
tem inúmeras pontes e quase
todas de madeira, é preciso
construir pontes em concreto
para escoamento dos grãos,
pecuária, agricultura, além
de promover a interligação
dos municípios. Os demais
deputados da região fizeram
coro com o pronunciamento
e endossaram os pedidos à governadora Ana Júlia Carepa.
Universitários oriximinaenses fazem intercâmbio cultural
Estudantes do curso
de História, do núcleo em
Oriximiná da UFPA fizeram
uma visita de estudos a Óbidos. A iniciativa objetivou a
contextualização da disciplina
História da Amazônia I, ministrada pelo professor Élcio
Monteiro. Como aula de
campo, os alunos visitaram
o antigo Quartel, hoje Casa
da Cultura, o Forte Pauxis e
outros pontos turísticos integrantes do Museu Contextual, que conta a História da
Cidade de Óbidos em placas
espalhadas pelo centro da
cidade. Os alunos puderam
conhecer o importante patrimônio histórico obidense,
tema de várias monografias e
teses acadêmicas.
O prefeito de Oriximiná, Argemiro Diniz, aplaudiu
a iniciativa do professor Élcio
Monteiro. “É uma felicidade
muito grande ver que todo o
esforço que fizemos para ampliar a quantidade de cursos
de nível superior oferecidos
aos oriximinaenses está resultando na formação de uma
juventude ética e comprometida com a realidade regional,
preservando a memória cultural”, comemorou.
OPINIÃO
6 MARÇO - 2007
H
istoricamente, a palavra
“homenagem” significa
a promessa de fidelidade que
o vassalo fazia a seu senhor
feudal; demonstração ou prova
de respeito e veneração.
Falarei sobre algumas
músicas de homenagem, registradas no catálogo de minha
obra musical, onde figuram
quase 30 hinos, tais como:
“Hino ao Centenário do Teatro da Paz” (letra: Emir Bemerguy); “Hino da Justiça do
Trabalho”; “Hino da Escola de
Música Maestro Wilson Fonseca”, “Hino da Escola Estadual
de Ensino Médio ‘Maestro
Wilson Dias da Fonseca’”;
“Hino da Justiça Eleitoral”;
“Hino da Associação Amigos
do Theatro da Paz”; “Hino do
Tribunal de Justiça do Estado
do Pará”.
É bem extenso o hinário
produzido pela família Fonseca. O meu avô paterno (José
Agostinho da Fonseca) fez
uma dúzia de 12 hinos; e meu
pai (Wilson Fonseca) produziu
quase uma centena de hinos,
além de marchas e dobrados
(46).
Há “Valsas Santarenas”
dedicadas a pianistas: Ana Maria Adade (nº 42), Cíntia Vidigal (nº 44), Maria Helena de
Andrade (nº 45), Adriana Azulay (nº 47), Lenora Menezes de
Brito (nº 49), Ana Maria Souza
(nº 50) e Eliana Cutrim (nº 52).
A primeira homenagem dessa
série de “Valsas Santarenas” é a
de nº 6, dedicada à minha mãe
(Rosilda), a quem eu já oferecera a “Pequena Valsa para uma
B
elízia era o nome dela. Ela
sempre me dizia: - “Olha,
qualquer dia desses vais apanhar da Matinta Perera...!”
E eu respondia: - “Não
vou apanhar, não! Eu não vou
mexer com ela”.
E assim o tempo ia passando. A velha Belízia dizendo
que eu ia apanhar e eu dizendo
que não, pois não mexia com
nenhuma Matinta Perera...
Quem assim vai falando
é Djalma Nogueira dos Santos,
mais conhecido por DD, velho
morador do Mosqueiro, balneário de Belém, onde trabalha
como caseiro.
- Em certo dia, à boca
da noite caiu uma chuva pros
lados do Chapéu Virado e eu
corri para casa de um amigo
meu esperar que passasse.
Seriam umas 9 horas quando
estiou e eu resolvi ir embora.
Aí ele me deu um pedaço de
pau para me proteger, dizendo
que eu segurasse na mão, pois
pela vizinhança tinham uns
cachorros muito brabos.
Eu ia do Chapéu Virado
para a Estrada do Natal do Murubira. Saí da casa do amigo, e
tinha uns vinte metros que eu
ia andando, quando ouvi a bicha (a Matinta Perera) assobiar
na minha frente. Aquilo parece
que me levantou. E eu disse
O
episódio se passou aí por
volta de 1921. Meu pai,
Areolino, tinha 5 anos de idade
e era o rebento mais novo do
coronel Joaquim Gomes do
Amaral. Quando ele nasceu, em
1916, minha avó Nila contava
42 anos, meu avô 54 e a vida
financeira deles seguia num
mar de rosas diante dos altos
lucros do cacau e da pecuária.
Para o casal, com os filhos mais
velhos(três moças e três rapazes)
já quase todos criados, a chegada
de um filho extemporâneo foi
como a de um neto esperado.
Meu tio, Quincas Amaral, contava que nas dores da
minha avó para ter meu pai,
foi ele o irmão encarregado de
pegar e matar a galinha para
o preparo da tradicional canja
da parturiente. Era costume,
naquela época, as mulheres
permanecerem deitadas durante
quarenta dias após o parto, em
resguardo e com alimentação
leve, deixando a amamentação,
nesse período, ao encargo das
conhecidas mães de leite.
Por essa razão, ou pela
fibra das mulheres de antigamente, minha avó sempre
esbanjou uma saúde invejável,
mesmo tendo parido nove
filhos - dois ela perdeu - com
parteiras do interior. Lembro
que, com mais de oitenta anos,
por insistência das filhas, mas
muito constrangida, ela foi levada quase à força para fazer seu
primeiro exame ginecológico e
os médicos ficaram tomados de
espanto com o útero de menina
que ela tinha.
VICENTE MALHEIROS DA FONSECA
[email protected]
Músicas de homenagem
Grande Mãe” (1970), com letra
de meu irmão José Wilson. A
de nº 16 é dedicada a meus
filhos Vicente e Adriano. A de
nº 33, à minha filha Lorena e
à minha sobrinha Ana Paula.
Aliás, para a Lorena dediquei
também a valsa nº 46 (por
ocasião de seus 15 anos, quando foram tocadas outras valsas
que compus para ela: “Lorena”
e “Valsa dos Sete Anos”). Para
a professora Rachel Peluso,
dediquei a valsa nº 39; e para
a soprano Gioconda Peluso, a
valsa nº 41. Para a minha sobrinha “Isabelle”, a valsa santarena
nº 43. Para o meu pai, escrevi
três valsas santarenas: a de nº 40
(“Valsa dos 80 Anos”); a de nº
48 (“Lira Renovada”); e a de nº
51 (“Lira Iluminada”, com letra
minha). A ele dediquei a “Valsa
dos 70 Anos”; e a valsa “Bodas
de Ouro”, aos meus pais. Em
homenagem póstuma de meu
pai, fiz a “Suíte ao Maestro
Isoca” (Orquestra de Violinos
e Piano a 4 mãos).
Outras composições que
ofereci a meus familiares foram
as valsas “Neide” (esposa),
“15 de Dezembro” (data de
nascimento de Vicente Filho),
“9 de Janeiro” (data de nascimento de Adriano) e “Valsinha
em Fá” (ao Vicente Neto,
recém-nascido).
Compus valsas para festas
de 15 anos, além da “Lorena”,
como as de nomes “Eliane”,
“Amanda” e “Isabelle”. A preferência pela valsa de homenagem
também é observada nas músicas
“Ana Paula”, “Valsa para Marina”,
“Zuíla Maria” e “Júlia”.
O dobrado “14 de Julho”
é homenagem à Neide, em alusão à data em que começamos
a namorar em 1971. A ela também dediquei a composição
“Acalanto”.
O choro “Os Três Peraltas” é dedicado aos meus
três filhos. A cantiga infantil
“Serrador”, ao Vicente Filho. A
“Canção de Janeiro” é homenagem à Neide, nascida nesse
mês, enquanto que a “Canção
de Março” alude ao mês de meu
nascimento. Escrevi o maxixe
“Quase aos 50” quando eu estava
para completar aquela idade.
Ao Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger), pianista, dediquei a “Ave Maria”, para
a qual fiz quase 40 arranjos
com diversas formações instrumentais e vocais. “Senta a
Puia” (duo para vibrafone e
violoncelo) é dedicado à percussionista paraense Cláudia
Oliveira Lacourt.
Na minha obra musical
há uma série de canções dedicadas a cantoras líricas, com letras
de minha autoria: “Canção
para Adriana” (Clis, soprano),
“Canção para Gabriella” (Pace,
soprano), “Canção para Luciana” (Bueno, mezzo-soprano),
“Canção para Raquel” (Soares
Pereira, soprano) e “Canção
para Silviane” (Bellato, soprano). Para o tenor santareno
Expedito Toscano, fiz a marcha-rancho “Canta Seresteiro”.
Para o Coral da Justiça do
Trabalho, a “Pequena Oração”
(letra de José Wilson).
Para músicas de meu
pai, escrevi algumas letras,
tais como: “Be-lém, Belém”
(que contou com a parceria
de José Wilson), “Valsinha em
Si Menor”, “Samaritana (2)”
e “Santarém Pôr-de-Sol”. Foi
uma forma ainda de homenagear o “velho”.
Há músicas com letras de
vários parceiros: José Wilson,
João Luís Sarmento, Emir Bemerguy, Felisbelo Sussuarana,
Felisberto Sussuarana, Irmã
Marília Menezes, Maria Célia
Marques, Milton Meira, Célio
Simões, Bruno de Menezes,
Silvério Sirotheau Corrêa, Fernando Pessoa etc. De parceria
com este notável poeta lusitano
são as canções “Poeta Fingidor”
(sobre o poema “Psicografia”),
“Tenho Tanto Sentimento”
e “Ao longe, ao luar” (que
dediquei à violinista paraense
Luciana Arraes).
O catálogo de minha obra
musical é bastante eclético, pois
registra peças sinfônicas, de câmara, banda de música, sacras,
coral e até sambas-enredos,
como são os casos de “Nurandaluguaburabara” (letra de José
Wilson), “Tempos de Criança”
(letra de Emir Bemerguy) e
“Lendas e Mitos” (letra de
Renato Sussuarana).
Há composições com
arranjos inusitados: “Acalanto”
(Quarteto de Cordas e Vibrafone); “Chorinho Pai D’Égua”
(2 Violinos e Clarone); “Irurá”
(Quarteto de Cordas e Pandeiro); “Procissão do Círio” (Quarteto de Cordas e Caixa; e, ainda,
2 Violinos e Clarone); “Tapajós”
(Quarteto de Cordas e Vibrafone); “Tempo Breve” (Duo
para Violino e Contrafagote); e
“Contraflauteando” (Duo para
Flautim e Contrafagote).
Compus arranjos para
obras de outros compositores,
como o “Hino de Óbidos”
(Saladino de Brito): canto e
piano; orquestra de sopros,
coro a 4 vozes mistas, piano
e percussão; coro a 4 vozes
mistas e piano; trio para canto,
clarinete e piano.
Entretanto, foi para obras
de meu pai e de meu avô
paterno que elaborei mais
arranjos, além daqueles produzidos para as minhas próprias
composições.
Para peças de meu pai,
os arranjos: “Maria das Dores” – minha irmã (quinteto
de cordas e piano); “Rosilda”
– minha mãe (trio de violino,
violoncelo e piano); “Um
poema de amor” – dedicada
a meu irmão Agostinho Neto
(quarteto de cordas; quinteto
de cordas; quinteto de metais;
orquestra etc.); “Canção de
Minha Saudade” – com letra
de meu tio Wilmar Fonseca
(orquestra sinfônica e piano; e
orquestra de câmara); e “Santarém Pôr-de-Sol” (quarteto de
cordas e piano; trio de violino,
viola e violoncelo; canto e piano; quarteto de cordas; e duo
de violoncelo e piano).
Elaborei arranjos para a
primeira e a última composição
de meu avô: “Idílio do Infinito” (duo de clarinete e piano;
quinteto de sopros, com ou
sem piano; quinteto de cordas
e sopros, com piano; deceto ou
orquestra e piano; orquestra
sinfônica e piano; quinteto de
metais; e duo de tuba e piano);
e “Ave Maria” (quarteto de
cordas). Foi com a sua primeira
composição centenária (1906)
que meu avô conquistou a
minha avó Ana.
A todos, enfim, presto a
minha homenagem musical.
mulher disse que nós não
tínhamos. Pra quê? D. Belízia
foi dizendo:
- O que que não tem!
Ainda esta noite eu estive lá
e vi que teu marido tem um
canteiro cheio de hortelã e tu
me dizendo que não tem.
Aí minha mulher disse:
- Então, se é que tem, vá lá
apanhar...
E D. Belízia saiu resmungando: - Ora, dizendo
que não tem. Se esta noite eu
estive lá...
Minha mulher quando
chegou me contou. E aí eu
disse pra ela que toda noite
realmente eu ouvia a Matinta
Perera assobiar no meu quintal. Pois era ela, a D. Belízia!
Sim, senhor, era ela, a sem
vergonha!
E DD continua dizendo
que aquela Matinta Perera
se transformava em vários
bichos: podia ser um porco,
um cachorro, um cavalo, uma
galinha cheia de pintos. E
quando duvidavam dela ou
com ela mexiam, ela surrava as
pessoas, que apanhavam e não
sabiam nem de onde era... Ela
só se transformava em galinha
cheia de pinto quando estava
acuada... Pois aí as pessoas
viam aquilo e não achavam que
podia ser a Matinta Perera, mas
era ela mesma! Ela fazia muitas maldades com as pessoas,
malinava mesmo. Anos depois
D. Belízia morreu. Dizem que
deixou sua herança de Matinta
para uma sobrinha... Eu não sei,
porque logo depois eu me mudei... Mas dizem que a sobrinha
continuou, pois que nos anos
que se seguiram, ouvia-se por
aquelas redondezas, ao chegar
da noite:
- Firifififiu... Firifififiu...
Fazendas. E o bode, logo apelidado de Malhado, foi a marca e
a grande paixão da infância do
meu pai. Ele o domesticou e se
apegou de tal forma ao animal
que, mesmo à noite, o bicho só
parava de berrar se fosse dormir em cima de uma esteira de
junco, na varanda do São Braz.
Meu pai, moleque que gostava
de andar nu, assim ficava o dia
inteiro pra cima e pra baixo
montado no bode, para agonia e
muito ralho da minha avó. Um
dia o navio Moacir encosta no
porto e logo foi esticada uma
prancha larga para permitir que
a família do coronel Amaral
fosse a bordo.
As moças escolhendo os
melhores panos e perfumes, enquanto o meu avô fazia o acerto
sobre o embarque de um lote de
gado que estava à espera. Pois
nessa hora – estamos falando
de uma manhã ensolarada de
1921 – nu como veio ao mundo,
meu pai montou no bode e foi
subindo a prancha do navio,
sendo notado somente quando
já estava no meio da viagem.
Deram o alarme, mas, para que
o bode não se espantasse, o jeito
foi deixar que a dupla seguisse
em frente até o fim da jornada,
evitando o risco de despencar no
rio. No fim, segundo contava
minha avó, meu pai foi aplaudido e recebeu vários pacotes de
bolacha dos passageiros.
Mas, o mais incrível sobre
esse episódio aconteceu depois
do susto. Entre os passageiros
do Moacir viajava um fotógrafo
que pediu licença para fazer o
registro do meu pai montado
no bode. Sempre ouvia minha
avó contar orgulhosa sobre essa
façanha infantil do meu velho
e sobre a existência dessa velha
fotografia. Minha mãe também
me dizia que chegou a ver a foto,
mas que a mesma tinha sumido, provavelmente havia sido
perdida quando nossa família
se mudou para uma outra casa
lá mesmo no Paraná da D. Rosa.
Pois há coisa de uns cinco anos,
e aqui mesmo em Belém, minha mãe organizava uns velhos
documentos deixados pelo meu
pai, quando encontrou dentro
de um envelope roído pelas
traças, a bendita fotografia.
Apesar de muito antiga
e em formato pequeno, a foto
ainda estava bem nítida e conservada. Feliz por ter em mãos
aquela preciosidade, tratei de
descobrir um especialista em
restaurar velhas fotografias,
mandei ampliá-la, coloquei
moldura e dei para minha mãe
como um presente surpresa
no Natal de 2002. A foto do
menino nu, montado no bode
Malhado, agora ocupa lugar de
destaque na sala de visitas do
apartamento da minha mãe.
Muito honrado por ser
filho do seu Areolino e apreciador incondicional da grandiosa
infância que ele viveu, eu tenho
a imensa satisfação de mostrar
essa fotografia a quem se deu
ao sacrifício de ler este meu
relato.
Meu pai, Areolino Amaral, em 1921, montado no
Malhado.
WALCYR MONTEIRO
[email protected]
A velha Belízia
comigo mesmo: - “Ó, meu
Deus, será que é hoje?”
A noite escura, não se via
nada e davam aqueles relâmpagos a assustar mais ainda. E eu
ouvia aqueles assobios, ora a
minha frente, ora atrás de mim.
Eram uns assobios fortes:
- Firifififiuuuu...
Continuei andando e os
assobios me seguindo. De vez
em quando ela dobrava:
- Firifififiu...
Firifififiuuuu...
E assim continuamos, eu
andando, ela me seguindo e as-
Quando meu pai nasceu,
o ambiente na Fazenda São
Braz era esse, de total prosperidade e alegria. Os irmãos o
paparicavam como se fosse um
filho e os pais como se fosse
um neto. Meu avô, estando no
auge do poder e da sua condição
financeira, podia fazer todas
as vontades do filho caçula. A
madrinha de batismo foi uma
das irmãs, minha tia Alda, que
estava desabrochando, aos dezessete anos, no apogeu de uma
rara beleza que impressionou
meio mundo de homens.
Diziam, e as velhas fotos
não mentem, que ela foi a moça
mais bonita do seu tempo. Meu
pai sempre lhe tomava a benção
respeitosamente e a chamou
de “madrinha Alda” até no dia
em que, muito alquebrado pela
doença, reuniu o que lhe restava
de forças para uma última visita
de despedida à irmã. Dona Alda
era um grande papo e continuou
caminhando por esta vida mais
alguns anos depois do meu pai,
tendo conservado uma lucidez
impressionante até às vésperas
da sua morte aos 101 anos. Ao
comentar sobre a sua juventude
de rara beleza, ela me dizia com
um sorriso irônico e com tudo
o mais que aquelas palavras
pudessem significar, que só de
olhar pra ela, qualquer homem
era capaz de urinar nas paredes
Mas caiu de paixão apenas
por um deles, Marcio Corrêa,
numa união cheia de felicidade
que gerou sete filhos. Perdeu
o marido ainda muito jovem
e, numa atitude não rara às
sobiando, até mesmo passando a
casa dela. Depois aquilo se afastou e eu fiquei tranqüilo. Deixei
passar o tempo... Não assobiou
mais. Não ouvi mais nada. Aí
retomei meu caminho. No que
me afastei da casa de meu tio e
peguei o caminho de casa, os
assobios recomeçaram e aí é que
ela assobiou forte e eu fiquei
apavorado. Mas também foi só
aquilo. Quando ouvi de novo, o
assobio já estava longe...
Cheguei sem mais problemas em casa, onde encontrei
meu pai esperando por mim.
- Olha, ela não vinha
junto contigo?
Eu disse: - Desde lá de
fora. Era uma hora atrás, outra
na frente.
- Ela não te surrou por
que ela te conhece. Mas ela está
te amedrontando. Te conhece,
se não tu tinhas apanhado. Mas
se tu continuares, vai acabar
apanhando...
E eu falei!: - Não, não
vou apanhar porque eu não
vou mais.
Aí eu não saí mais à noite, só de dia. Quando dava
umas sete horas eu já vinha
m’embora pra casa, porque eu
fiquei com medo desta história
toda...
O tempo passou. Anos
mais tarde eu me casei e lá um
belo dia D. Belízia encontra
minha mulher e pede uns
galhos de hortelanzinho para
fazer um chá, pois ela estava
com dor de barriga. Minha
ADEMAR AYRES DO AMARAL
[email protected]
O menino e o bode
mulheres respeitáveis daquele
tempo, optou por assumir até o
fim um papel digno de grande
mãe, batalhando para bem encaminhar os filhos, nos muitos
anos de sua viuvez.
Um dos grandes negócios
do meu avô era fornecer carne
bovina para a Amazon River e a
outros importantes clientes da
capital, também cedendo seus
vastos campos de várzea para
a engorda do gado comprado
em sociedade com um certo
senhor José Inglês, tendo como
agente um luso muito rico e
depois amigo e compadre, a
quem chamavam de Jaboti.
Na época, o Paraná da D. Rosa
permitia calado para qualquer
tamanho de navio e logo se
tornou passagem dos vapores
da Amazon River e de outros,
com parada obrigatória no porto
do coronel Amaral. Além das
relações comerciais com gente
graúda de Belém, meu avô
acabou amigo dos donos e da
maioria dos comandantes desses
navios. O vapor preferido, mais
confortável e bem equipado de
todos era o Moacir, que muitos
anos depois acabou naufragando na Baia de Curralinho. Nas
viagens que fazia a Belém com a
família, o coronel embarcava no
próprio porto da fazenda e todos
viajavam de primeira classe com
tratamento digno de rei.
A história do bode aconteceu numa dessas paradas do
vapor Moacir. Desde criança
meu pai mostrava uma rara vocação para as lidas da fazenda e
vivia azucrinando o coronel para
ganhar um cavalinho. Como ele
era muito pequeno para montar
a cavalo, o pai lhe deu um bode
manso que havia recebido como
presente do grande amigo João
Anastácio, poderoso dono do
cacaual São José, da linda Fazenda Nava e, por coincidência, avô do meu futuro amigo
Célio Simões. O cacaual São
José há muito foi levado pelo
Amazonas, mas a Fazenda Nava
continua desafiando o tempo
e a tradição, lá no Igarapé das
ATUALIDADES
MARÇO - 2007 7
Prefeito de Juruti bate na Alcoa
O Prefeito de Juruti,
Manoel Henrique Gomes
Costa, mandou um ofício
à Alcoa, endereçado ao gerente de Sustentabilidade
do Projeto Juruti, Maurício
Macedo, em termos duros,
exigindo melhor tratamento
ao município, em razão dos
impactos ambientais e sócioeconômicos da implantação
da lavra de bauxita.
“Percebemos que não
estamos sendo levados a sério. O tratamento dado pela
empresa ao Poder Público
constituído é de descaso. A
referência da empresa no mu-
nicípio não tem sido a Prefeitura, mas terceiros. A agenda
positiva que lançamos há mais
de um mês com toda a pompa
e inclusive com a presença
da governadora do Estado do
Pará não deu nenhum passo
significativo de lá para cá”,
bateu o prefeito.
Alinhando os problemas criados pela chegada
do Projeto - vias públicas
totalmente destruídas, aumento da violência, excessivo
aumento de atendimentos no
Hospital Municipal, aumento
considerável do número de
alunos nas Escolas Munici-
pais (inclusive de fora do município) – o prefeito reclama
que os impostos arrecadados
são insuficientes para fazer
face às necessidades.
Manoel Henrique
lembrou que, durante o
processo de Audiências Públicas, “criou-se uma grande
expectativa de que o nosso
município seria beneficiado
enormemente, inclusive
com a garantia de geração
de renda e empregos e hoje
o que estamos presenciando é que empresas de fora
estão assumindo serviços
que bem podiam ser assu-
midos por jurutienses (fornecimento de alimentação,
material de construção, aluguel de veículos, e outros)”,
denunciou.
O prefeito afirma que
os números divulgados para
o mundo inteiro acerca do
percentual de jurutienses
empregados nas empresas
terceirizadas não corresponde à realidade. Diz que tem
conhecimento de pessoas
de outros municípios que se
inscreveram para trabalhar
fornecendo o endereço de
Juruti e não do município de
origem, e que a empresa não
checa essas informações.
Em tom educado mas
incisivo, o prefeito informa a
Alcoa, no ofício, que a partir
de agora pretende mudar sua
postura, assumindo definitivamente o comando das ações
e rediscutindo todos os pontos até então acertados e não
cumpridos, inclusive todo o
conteúdo da Agenda Positiva
que, em face da grandeza das
riquezas que serão retiradas
do solo, é considerado insignificante para as pretensões
do município. E finaliza com
um golpe contundente: “Ademais, informamos ainda que
estaremos retomando, a partir
desta data (28 de fevereiro), o
domínio público da Estrada
da Terra Preta como forma
explícita de que aquilo que é
público deve permanecer nesta condição, a não ser que em
função dos interesses maiores
da sociedade jurutiense, seja
dado outro destino. Aguardamos o posicionamento
oficial desta Empresa quanto
às questões aqui levantadas
a fim de que tenhamos nosso papel preponderante de
Agentes Políticos do município respeitados”, fulminou
o prefeito.
Alcoa se defende e dá sua versão ao imbroglio
Através de nota de sua
assessoria de comunicação enviada ao Uruá-Tapera, pedindo
publicação, a Alcoa esclarece
que, em relação aos fornecedores locais, dos R$ 21,5 milhões
investidos ano passado em
empresas paraenses, através da
aquisição de bens e serviços
para a instalação de sua mina em
Juruti, cerca de R$ 15 milhões
corresponderam à participação
de fornecedores atuantes em Juruti e Santarém. Além disso, no
início deste ano foram formali-
zados contratos de grande porte
com duas empresas paraenses
para a compra de dormentes de
concreto para a ferrovia e serviços de transporte fluvial, levando a um aumento substancial
do montante comprometido de
compra, diz a nota.
“No ano de 2006, a Alcoa
recolheu junto à Prefeitura de
Juruti o montante de R$ 1,4
milhão em ISS. No tocante à valorização e utilização da mão-deobra local, em dezembro de 2006
já havia cerca de 2.200 funcioná-
rios atuando na construção da
nova mina, sendo 53% naturais
do município de Juruti, 29% de
outras regiões do Pará e apenas
18% oriundos de outras cidades
do Brasil”, complementa.
Segundo o gerente de
Aquisição e Logística da Alcoa
em Juruti, Cláudio Vilaça, o
fortalecimento e valorização da
economia local é um dos princípios de atuação da Alcoa.
Como iniciativa voltada
especificamente ao empresariado de Juruti e regiões pró-
ximas, a Alcoa firmou parceria
com a Associação Comercial e
Empresarial de Juruti, o PDF
e o Instituto Esperança de
Ensino Superior, Pós-graduação, Extensão e Pesquisa, para
a criação do curso de Gestão
Empresarial, que beneficia
cerca de 45 empresários locais.
A primeira etapa do curso foi
iniciada em dezembro de 2006
e tem término previsto para
abril de 2007. Dividido em
quatro módulos, o curso tem
como foco conhecimentos
sobre estratégia, marketing, finanças e tributos, atendendo às
demandas dos empresários de
Juruti e Santarém, levantadas
durante seminários realizados
nos dois municípios, no primeiro semestre de 2006.
Conforme o gerente de
Sustentabilidade e Assuntos
Institucionais da Alcoa em
Juruti, Mauricio Macedo, juntamente com as ações diretas
de incentivo ao empresariado
jurutiense, é destinada atenção
especial à qualificação da mão-
de-obra local para assegurar
mais oportunidades e competitividade aos profissionais da
região. “O Programa de Qualificação de Mão-de-Obra beneficiará mais de dois mil profissionais e, hoje, mais de 80%
dos funcionários que trabalham
nas obras de implantação da
Mina de Juruti são paraenses”,
destaca. O referido programa
foi desenvolvido a partir de parceria formal de dois anos entre
a Alcoa e o SENAI, assinada em
junho de 2006.
CRVD confirma pesquisa de bauxita no Baixo Amazonas
A Companhia Vale do
Rio Doce está mesmo prospectando bauxita em área
vizinha ao local do projeto
da Alcoa, em Juruti, mas a
empresa diz que apenas realiza estudo preliminar. A expectativa é de que em breve a
mineradora inicie as consultas
públicas para implantação do
projeto de lavra.
Após um encontro com
empresários na Federação das
Indústrias do Pará (Fiepa), o
diretor de assuntos corporativos da Vale do Rio Doce, Tito
Martins, disse que a CVRD
está sendo conservadora na
divulgação de novos projetos,
que só está divulgando aqueles que já estão licenciados.
“No passado nós pecamos por
anunciar investimentos e, por
força maior, o cronograma foi
prejudicado por falta de licenciamento”, disse Martins.
A Vale é uma das acionistas da Mineração Rio do
Norte, que explora bauxita
em Porto Trombetas, em
Oriximiná. Além das jazidas
do Trombetas, de Paragomi-
nas e de Juruti, a Rio Tinto,
uma das maiores mineradoras do mundo, anunciou
recentemente a descoberta
de uma jazida gigante entre
os municípios de Alenquer
e Monte Alegre. A empresa
vai ter que se esforçar um
bocado para obter licença
de exploração, uma vez que
grande parte da jazida está
situada na Estação Ecológica
do Grão-Pará, uma unidade
de preservação integral em
que a atividade mineradora
não é permitida.
VARIEDADES
8 MARÇO - 2007
A
lô, Franssi. Hoje vou dedicar
estes escritos ao meu amigo
Walcyr Monteiro, o afamado
pesquisador de assombrações.
Diz o folclore popular que visagem é um ser sobrenatural de
mau agouro.
Quem vê uma coisa dessas, geralmente nas horas mortas
da noite, fica ou está mundiado,
muitas vezes passa a ser atazanado, malinado, perseguido pela
estranha criatura. Tem gente
que vira cavalo, porco, cachorro,
porca, etc, nas noites de luar.
Quem já presenciou esses fatos
assombrosos conta que quem
tem o poder de virar bicho geralmente é pálido, amarelão, calado,
arredio, talvez temendo que seu
segredo seja descoberto.
Diz a tradição popular
que na lua cheia o ser, ainda
humano, dirige-se para a beira
da praia, para o meio do mato,
para a capoeira, para uma rua
erma e depois de se debater vai
se transformando pouco a pouco
no “bicho”. Cumprido o fato, o
animal volta a ser gente outra
vez. Pois é. O fato que vou relatar
aconteceu comigo.
Eu não estava no meio
do mato, não era noite de luar,
ninguém me atazanou, malinou,
mundiou ou coisa parecida.
Sempre estive em pleno gozo
de minhas faculdades mentais e
intelectuais.
O meu amigo pesquisador
de fama sabe que o sobrenatural
não existe. Quando acontece algo
que foge ao nosso entendimento
a tendência é colocar a culpa em
algo extraordinário, inusitado.
Mas, na realidade tudo acontece
em virtude de leis da natureza
que ainda não descobrimos e
mistificamos. Descoberta a lei,
a causa, tudo perde a aura de fenômeno excepcional e vira coisa
corriqueira. Foi assim com a lei
da gravidade, com os descobrimentos científicos, etc.
Mas o que eu quero dizer, Walcyr e leitores, é que já
vi uma “visagem” (entre aspas)
muito real, sim senhor. Isto não
JOSÉ WILSON MALHEIROS
[email protected]
Uma visagem real
é folclore. Vamos aos fatos. Vou
dizer, inclusive, o nome dos
personagens, com a coragem de
quem fala a verdade.
Quatro da tarde de uma
quinta-feira, auditório da OAB,
em Belém. Eu palestrava para
uma platéia de mais de cem
pessoas. Minha atenção estava
concentrada no assunto da conferência, obviamente.
A certa altura minha atenção é dispensada para a primeira
fila de cadeiras na platéia, onde
um senhor gordinho, cabelo
meio “espeta-caju”, trajando
calça de linho branca e blusão de
azul bem clarinho, estava sentado
e sorria para mim. Continuei
dando aula. Momentos depois
o personagem levanta-se do
seu lugar, vem em minha direção, sempre sorrindo, passa por
detrás, como quem vai apagar
a lousa. Continuei a palestra,
intimamente agradecido pela
gentileza.
Mas... quando precisei
escrever no quadro vi que não
estava apagado. Olhei para aquela
cadeira da primeira fila e estava
vazia. Confesso que fiquei de
cabelos arrepiados. Olhei para a
platéia e ninguém pareceu notar
nada. Então, pensei: deve ser
imaginação, minha.
Mas o fato não me saiu
da cabeça. Uma semana após
fui à Reitoria da ESA, na OAB,
receber meu pagamento. Atrás
da cabeça do Reitor, lá estava, na
parede, a foto que eu nunca havia
visto antes. Era ele, o meu amigo
da sala de aula. Meio espantado,
perguntei e o Dr. Leonam Cruz
me responde que era o patrono
da escola, e “o pessoal diz que ele
anda aqui pelo prédio, de noite”.
Como meu pai já havia
me falado dele, que era amigo de
meu avô Malheiros e professor
de Português e Inglês do meu
velho, perguntei como era fisicamente o meu personagem.
APOIO: PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ
Izoca me descreveu exatamente como eu havia visto
e estava lá na foto. Quando eu
disse que havia visto a criatura,
ele ainda me deu maiores detalhes, sorrindo, que realmente
comprovaram a realidade.
Nem a propósito, quando
tornei a entrar na OAB, o porteiro, meu conhecido, me disse,
sem que eu perguntasse, que um
dos porteiros da noite havia visto
o “homem da fotografia”. Como
era evangélico jurou que era Satanás e nunca mais voltou nem
para receber o aviso prévio.
Ah, vocês já estão curiosos.
Aqui vai o nome do personagem.
Já contei o acontecido para o Paulo André e Tito Barata que deram
sonoras gargalhadas. Acreditem
se quiser. Mas, se não quiserem,
não tem problema. Todos sabem
que eu não brinco com coisa séria
e não sou de potocas.
O meu amigo da aula vespertina na OAB era o Dr. Alarico
Barata, pai do Rui Barata.
... E aí Walcyr?
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