Marcas
de luxo
fazem fila na
Avenida da
Liberdade
MAR ATRAI CADA VEZ MAIS EMPRESAS
As oportunidades de negócio fazem
disparar investimentos em portos,
aquacultura e energia E16
O comércio até pode
estar em crise, mas o
luxo desfila em grande
na Avenida E32
“MEIA HORA A MAIS
NÃO AUMENTA A
PRODUTIVIDADE”
O economista Ricardo
Cabral diz que o défice
externo é o problema E8
Expresso
ECONOMIA
Catroga apontado
para a EDP
> O ex-ministro de Cavaco é o nome preferido do Governo e alguns
acionistas para suceder a António de Almeida como chairman da EDP
> Decisão pode ficar suspensa até à conclusão da privatização
E6
Últimas
2040
3 de dezembro de 2011
www.expresso.pt
24% dos inquilinos
lisboetas pagam
menos de ¤50
Rendas antigas
perduram e prejudicam
mercado. No Porto, 18%
dos senhorios recebem
abaixo daquele valor
Arrendar casa nos concelhos
de Lisboa e do Porto custa,
em média, ¤1100 e ¤940 por
mês, respetivamente, segundo a consultora Worx.
Porém, apesar do peso crescente dos contratos assina-
dos após 2006, ainda permanece um número elevado de
‘alugueres’ antigos: uma em
cada quatro rendas em Lisboa é inferior a ¤50 e 18%
dos senhorios do Porto também têm habitações arrendadas abaixo deste valor.
As casas com as áreas mais
generosas ficam no norte do
país e os preços de venda baixaram sobretudo nos concelhos junto à capital.
E10
ZON E AR TELECOM OBRIGADAS
A ASSUMIR CONCENTRAÇÃO
E13
4.420.462 Este é o número
de desempregados em Espanha. Só em novembro mais
59.536 ficaram sem trabalho. Os dados confirmam a
tendência de aumento do desemprego no último período
do ano, tal como previa o Governo e como advertia a Comissão Europeia nas suas previsões de outono.
Equipa Alumnigmc Críticos vence prova de gestão Terminou a 32ª edição
nacional do Global Management Challenge com a vitória
de uma equipa alumni, composta por três antigos participantes desta competição. A
equipa vai representar Portugal na final internacional de
2011, em Kiev.
MORANGOS DO
ALGARVE DELICIAM
EUROPA Uma empresa
algarvia consegue
exportar morangos e
framboesas de janeiro
a maio, batendo toda a
concorrência E14
ENTREVISTA A HENRIQUE DE CASTRO, DA GOOGLE
Empresas portuguesas
não aproveitam
o potencial
da Internet
E27
Das 10
barragens
de Sócrates
há apenas
duas em
obra
Competição de bolsa
avança Estão abertas a partir de hoje as inscrições para
o Global Investment Challenge (GIC), competição de bolsa promovida pelo Expresso
e a SDG, com início agendado para 5 de janeiro de 2012.
O endereço na Internet é
www.expresso.pt/gic.
E26
O clima de investimento e as
questões legais e de acesso ao
mercado do Cazaquistão são
o tema do seminário organizado pela Fundação AIP, que
decorre a 5 de dezembro nas
suas instalações.
FOTO LUÍS FAUSTINO
AIP debate Cazaquistão
PAUL DE GRAUWE
E O BCE Segundo
o professor de Lovaina,
o Banco Central
Europeu só entrará em
ação quando rebentar
uma crise bancária
em larga escala E38
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14
Expresso, 3 de dezembro de 2011
ECONOMIA
BREVES
A BIODROID LANÇOU ESTA SEMANA
O VIDEOJOGO CRISTIANO RONALDO,
A NÍVEL MUNDIAL, QUE VAI ESTAR
DISPONÍVEL PARA IPHONE E ANDROID
5380
metros de profundidade
A esta distância da superfície
de água, no mar brasileiro, o
consórcio da Galp com a
Petrobras e a Shell voltou a
descobrir petróleo, desta feita
no poço Biguá, localizado em
águas ultraprofundas da bacia
de Santos, a 270 quilómetros
da costa do estado de São
Paulo.
Aviapartners falha
Groundforce
CAHORA BASSA ADIADA
Ainda não foi desta vez que o
Estado português consumou a
venda da participação de 15%
que mantém na HCB –
Hidroelétrica de Cahora Bassa.
Durante a visita oficial que o
Presidente moçambicano,
Armando Guebuza, efetuou
esta semana a Portugal, o
primeiro-ministro, Pedro
Passos Coelho, admitiu que o
respetivo processo de alienação
ainda não estava pronto, razão
pela qual a REN e a CEZA –
Companhia Elétrica do
Zambeze não compraram, cada
uma, 7,5% da HCB. Resta saber
quanto tempo mais levará a
concluir o processo de venda
destes ativos de produção.
BAGAGENS A venda da Ground-
force ao grupo belga Aviapartners falhou. O grupo TAP, único acionista da Groundforce —
gestora de bagagens —, equaciona agora encerrar a empresa de handling.
Chineses da Goldwind
investem em Portugal
Os chineses da
Goldwind, uma empresa subsidiária da China Three Gorges
(concorrente à compra da
EDP), vão montar uma fábrica
de eólicas em Portugal.
INVESTIMENTO
AGRICULTURA
Os jardins suspensos do morango algarvio
Empresa portuguesa Hubel exporta 90% dos frutos vermelhos que produz em estufas e sem tocar no solo
Cinco vezes
mais produção
em cinco anos
Humberto Teixeira, fundador da Hubel, nas estufas em Tavira, onde os morangos são produzidos em hidroponia, sem tocar no solo
Uma jovem sueca regala-se com uma
tarte de framboesa, que afinal foi produzida no Algarve, com recurso a tecnologia de ponta — é o que mostra a nova
campanha de publicidade da Vodafone,
destinada a profissionais e pequenas e
médias empresas, e que vai para o ar na
próxima semana. A empresa portuguesa Hubel dá a cara nestes anúncios enquanto produtor de frutos vermelhos,
largamente exportados para países do
norte da Europa, com destaque para a
Suécia, Holanda ou Dinamarca.
“O que nos diferencia é ter desenvolvido uma técnica que permite produzir
no Algarve morangos e framboesas nas
alturas em que na Europa não se produzem, tirando partido do nosso clima, e
colocando-os no mercado ao triplo do
preço”, explica Humberto Teixeira, fundador e diretor-geral do grupo Hubel.
Com 14 hectares de estufas na zona do
sotavento algarvio (Luz de Tavira, Moncarapacho e Faro), a Hubel concentra o
grosso da produção de frutos vermelhos de janeiro a maio, “quando na Eu-
ropa só se consegue produzir morangos a partir de maio”, conforme refere
Humberto Teixeira. A produção é feita
a 100% segundo a técnica da hidroponia, não diretamente no solo mas em
estufas de ambiente controlado com vasos suspensos.
“O Roussel teve coisas boas”
Entre outras vantagens, a hidroponia
permite o aproveitamento de solos sem
aptidão agrícola, evitando ainda as desinfeções com produtos químicos que
são necessárias para fazer face às habituais doenças das plantações de morangos. “Isto era uma zona pedregosa, o so-
“Com o nosso clima
conseguimos produzir aqui
morangos e framboesas de
janeiro a maio, quando na
Europa não se produzem”
lo aqui é só um suporte geográfico.
Aprendemos esta técnica com Thierry
Roussel, de quem fomos fornecedores, e
trouxemo-la para o Algarve”, adianta o
responsável da Hubel. Apesar de o
ex-marido de Christina Onassis ter deixado má memória na costa alentejana,
Humberto Teixeira frisa que “o Roussel
teve coisas boas, criou uma dinâmica de
desenvolvimento muito importante na
região. Deixou dívidas, mas também
pôs muito dinheiro líquido cá em Portugal, e para isso até vendeu um quarteirão em Paris”.
A esmagadora maioria da produção da
Hubel, que nas framboesas atinge 95%,
é exportada para mercados nórdicos,
através da multinacional Driscoll’s (ver
caixa). “Em Portugal quase não se vendem framboesas, é como um produto
gourmet. Esses países têm esses hábitos
de consumo regulares”, faz notar Humberto Teixeira.
Até ao início dos anos 90, o soalheiro
Algarve dava cartas na produção agrícola. “Produzíamos aqui os primores, as
FOTO NUNO BOTELHO
primeiras produções de meloa gália e
outros hortícolas que chegavam a Lisboa a bom preço”, conta Humberto Teixeira. Mas com a abertura das fronteiras, a concorrência de preços com a vizinha Espanha e a invasão de frutas e legumes até do Chile, mudou tudo. “Os tais
primores do Algarve deixaram de ser
primores e a horticultura entrou em declínio. A área de hortícolas em estufas,
que no Algarve ultrapassava 1200 hectares em 1990, está hoje reduzida a 200.
Com um volume de negócios anual da
ordem dos ¤30 milhões, o grupo Hubel
atua nas áreas de tratamento de água,
sistemas de rega, fertilizantes e adubos
líquidos, além da produção agrícola de
frutos vermelhos. “Começou por ser
uma atividade periférica para auxiliar
as outras áreas no seio do grupo, e está
a conquistar um peso crescente”, diz o
diretor-geral da Hubel. “Curiosamente,
em tempo de crise, a atividade agrícola
revela-se a mais rentável”.
Multiplicar por cinco a
produção de morangos e
framboesas até 2017,
alargando a área global de
plantação a 120 hectares e
atingindo um volume de
negócios de ¤30 milhões, é
a meta da Madre Fruta,
uma organização de
produtores do Algarve
fundada em 1996 por
impulso da Hubel. Os 14
produtores associados da
Madre Fruta utilizam a
técnica da hidroponia e
produzem atualmente 1100
toneladas de morango e
framboesa (metade das
quais asseguradas pela
Hubel), que deverão
elevar-se a 5500 hectares
nos próximos cinco anos. A
multinacional Driscoll’s,
que detém plantações de
frutos vermelhos em
Odemira, é o parceiro da
expansão em curso na
Madre Fruta, tendo
desenvolvido as variedades
de morangos e framboesas
que estes produtores
utilizam. É a Driscoll’s que
assegura a distribuição dos
morangos, framboesas e
amoras produzidos no
âmbito da Madre Fruta,
90% dos quais vão para
exportação. A partir do seu
entreposto na Holanda, a
Driscoll’s faz chegar os
frutos vermelhos do
Algarve a diversos países
no norte da Europa. “Daqui
saem camiões diários para
a Noruega e Suécia”,
adianta Humberto
Teixeira. “Há frutos nossos
que até chegam a Moscovo
a partir da Holanda”.
Conceição Antunes
[email protected]
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