UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Escola de Ciências Humanas e Sociais
Departamento de Educação e Psicologia
Mestrado em Ensino – Educação Pré-Escolar
COMO APRENDEM AS CRIANÇAS
EM IDADE PRÉ-ESCOLAR
SANDRA GABRIELA DE JESUS CARDOSO
Sob a orientação da:
Professora Doutora Ágata Cristina Marques Aranha
Vila Real, 2012
Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS,
como requisito para a obtenção do grau de Mestre em
Educação Pré-Escolar, cumprindo o estipulado na alínea
b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos
de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da
Professora Ágata Cristina Marques Aranha.
I
Agradecimentos
À Professora Doutora Ágata Aranha pelo encorajamento, motivação e
conhecimentos que transmitiu principalmente nos momentos mais difíceis. Sem o seu
apoio seria muito difícil ultrapassar esta etapa.
À Professora Doutora Maria Gabriel, pela amabilidade com que me acolheu.
Ao grupo de crianças e pais/encarregados de educação com quem trabalhei, pela
alegria, amizade e curiosidade com que me receberam.
Ao meu filho, Vasco, pelo carinho e paciência nas alturas em que estive ausente.
À minha família, que sempre acreditou em mim, especialmente à minha cunhada
Paula Liberal.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram na elaboração deste
trabalho.
A todos, muito obrigado.
II
Resumo
Apresentamos sob a forma de um relatório o trabalho desenvolvido na nossa
prática pedagógica durante o ano 2010/2011, tendo como ponto de partida uma base
teórica/reflexiva onde tentamos explicitar de forma organizada com se deverá
implementar a prática pedagógica numa sala do ensino pré-escolar.
A equiparação da habilitação para a docência ao grau de mestre é um sinal
evidente das exigências da qualidade e profissionalismo, que se colocam nos dias de
hoje, ao ensino tornando-se uma condição importante no desenvolvimento de um país.
Estamos cientes que este relatório reflete todo o trabalho como educadora de
infância que realizámos durante o ano letivo 2010/2011 com um grupo de crianças
pertencente ao Agrupamento de Escolas Monsenhor Jerónimo do Amaral.
Começamos com uma descrição do contexto onde exercemos funções docentes,
iniciando com uma referência ao meio onde está inserido o Jardim-de-Infância, a sua
caracterização/organização, passando depois para a descrição de todos os espaços
existentes tanto internos como externos. De seguida fazemos uma breve reflexão, com
algum suporte teórico, sobre as orientações curriculares para a educação pré-escolar que
constituem um conjunto de princípios para apoiar o educador nas decisões sobre a sua
prática, ou seja, para conduzir o processo educativo a desenvolver com as crianças.
Estas também se diferenciam de algumas conceções de currículo por serem mais gerais
e abrangentes, isto porque incluem a possibilidade de fundamentar diversas opções
educativas e, portanto, vários currículos. Abordamos alguns conceitos tais como
planificação, avaliação e currículo. Expomos o modelo pedagógico utilizado por nós
baseando-nos também em alguns autores que o defendem.
Terminamos com a reflexão sobre os projetos em educação pré-escolar e a sua
importância no desenvolvimento das crianças.
Palavras-chave:
Educação
Pré-escolar,
Educador,
Orientações
curriculares,
Planificação, Avaliação, Modelo pedagógico, Projetos.
III
Abstract
This report serves to present the work carried out during our pedagogical
practice in 2010/2011. With a theoretical/reflective basis as a starting point, we tried to
make it explicit in a clear and organized manner, the way we should implement the
pedagogical practice in a pre-school classroom.
The equivalence of teaching qualification to a master’s degree is a clear demand
for quality and professionalism in the teaching process, which becomes extremely
important for the development of a country.
We are aware this report reflects all the work as a kindergarten teacher in
2010/2011 with the group of children of Escolas Monsenhor Jerónimo do Amaral.
We began with the description of the context, referring to the surroundings and
environment of the kindergarten, its characteristics and organization, as well as its
facilities. Afterwards, and with some theoretical support, we made a reflection on
curricula orientations in pre-school teaching, which constitutes the necessary principles
to back up the teachers’ decisions in their practice, that is, to carry through the whole
learning/teaching process. Those are also different from some curriculum conceptions
for being more general and far-reaching, as they include the possibility to base many
teaching options, and therefore, many curricula. We approach some concepts such as
planning, evaluation and curriculum. We set out the pedagogical model we used,
supported in some authors.
We end up with a reflection on pre-school teaching projects and their role on
children’s development.
Key-words:
Pre-school
Education,
Teacher,
Curricula
orientations,
Planning,
Evaluation, Pedagogical model, Projects.
IV
Índice de quadros
Quadro 1 - Horário Escolar
Quadro 2 - Horário da Assistente Operacional
Quadro 3 - Horário de Atendimento aos Pais/Encarregados de Educação
Quadro 4 - Horário de Trabalho de Escola
Quadro 5 - Caracterização do Grupo
Quadro 6 - Nível Etário das Crianças
Quadro 7 - Número de Irmãos
Quadro 8 - Frequência no Jardim-de-Infância
Quadro 9 - Transporte para a Escola
Quadro 10 - Locais onde vivem as Crianças
Quadro 11 - Planificação de outubro
Quadro 12 - Planificação de novembro
Quadro 13 - Planificação de dezembro
Quadro 14 - Planificação de janeiro
V
Índice de gráficos
Gráfico 1 - Caracterização do Grupo
Gráfico 2 - Percentagem de Crianças segundo o Sexo
Gráfico 3 - Nível Etário das Crianças
Gráfico 4 - Frequência no Jardim-de-Infância
VI
Índice de figuras
Figura 1 – Concelho de Vila Real
Figura 2 – Planta da Sala
Figura 3 – Área do Computador
Figura 4 – Área da Loja
Figura 5 – Área dos Jogos
Figura 6 – Diário de Grupo
Figura 7 – Mapas
Figura 8 – Acolhimento/Reunião
Figura 9 – Área da Pintura
Figura 10 – Espaço Exterior
Figura 11 – Espaço Exterior
Figura 12 – Apresentação/Projeto
Figura 13 – Trabalho de Projeto
VII
Siglas e abreviaturas
Projeto Educativo
…………………………..
PE
Projeto Curricular de Agrupamento …………..
PCA
Plano Anual de Atividades
PAA
…………………..
Projeto Curricular de Grupo/Sala
…………..
PCG
Movimento das Escola Moderna
…………..
MEM
Orientações Curriculares Educação Pré-escolar ... OCEPE
VIII
ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO …………………...…...............................................................
2
2. REVISÃO DA LITERATURA …………………………………………………..
5
2.1. CARATERIZAÇÃO DO CONTEXTO ………………………………………..
5
MEIO ENVOLVENTE ……………………………………………………………
5
2.2. INSTITUIÇÃO …………………………………………………………………
9
GESTÃO /DIREÇÃO ……………………………………………………………..
9
HORÁRIOS PRATICADOS ……………………………………………………….
10
CORPO DOCENTE /PESSOAL AUXILIAR …………………………………………
12
LOTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS CRIANÇAS …………………………………..
12
DOCUMENTOS ORIENTADORES ………………………………………………..
12
2.3. CARATERIZAÇÃO GLOBAL DOS ESPAÇOS ………………………………
16
ESPAÇO INTERIOR ……………………………………………………………..
16
SALA DE ATIVIDADES /HALL …………………………………………………...
16
ÁREA DO COMPUTADOR ……………………………………………………….
19
ÁREA DA BIBLIOTECA/ESCRITA ……………………………………………….
20
ÁREA DA COZINHA …………………………………………………………….
20
ÁREA DA LOJA …………………………………………………………………
20
ÁREA DO QUARTO ……………………………………………………………..
21
ÁREA DOS JOGOS DE CONSTRUÇÃO …………………………………………...
21
ÁREA DOS JOGOS DE MESA/MATEMÁTICA …………………………………….
21
ÁREA POLIVALENTE …………………………………………………………...
22
ÁREA DA PINTURA/MODELAGEM ……………………………………………...
23
ESPAÇO EXTERIOR ……………………………………………………………..
23
REFLEXÃO ……………………………………………………………………..
24
IX
CARATERIZAÇÃO DO GRUPO DE CRIANÇAS …………………………………...
29
ÁREA DE FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL ……………………………………..
29
ÁREA DE EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO ………………………………………
30
DOMÍNIO DA EXPRESSÃO MOTORA ……………………………………………
31
DOMÍNIO DA EXPRESSÃO PLÁSTICA …………………………………………..
31
DOMÍNIO DA EXPRESSÃO MUSICAL …………………………………………...
31
DOMÍNIO DA EXPRESSÃO DRAMÁTICA ………………………………………..
32
DOMÍNIO DA LINGUAGEM ORAL ABORDAGEM À ESCRITA ……………………
32
DOMÍNIO DA MATEMÁTICA ……………………………………………………
33
ÁREA DO CONHECIMENTO DO MUNDO ………………………………………..
34
3. A ATIVIDADE EDUCATIVA EM JARDIM-DE-INFÂNCIA ………………….
36
ORIENTAÇÕES CURRICULARES ………………………………………………..
36
PLANIFICAÇÃO ………………………………………………………………...
39
AVALIAÇÃO ……………………………………………………………………
40
CURRÍCULO …………………………………………………………………….
41
4. MODELO PEDAGÓGICO ADOTADO …………………………………………
44
5. MODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ……………………………….
47
6. PERFIL DO DESEMPENHO DO EDUCADOR DE INFÂNCIA ………………..
49
7. PROJETO CURRICULAR DE GRUPO ………………………………………….
52
IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES E INTERESSES …………………………..
53
METAS E OBJETIVOS …………………………………………………………...
55
METODOLOGIA ………………………………................................................
58
ORGANIZAÇÃO DO GRUPO …………………………………………………….
59
ATIVIDADES ORIENTADAS …………………………………………………….
59
ATIVIDADES LIVRES …………………………………………………………...
59
ATIVIDADES DE ROTINA ……………………………………………………….
60
X
ATIVIDADES DE PROJETO ……………………………………………………...
60
8. UNIDADES DE TEMPO ………………………………………………………...
63
9. PLANIFICAÇÕES REALIZADAS ………………………………......................
68
10. AVALIAÇÕES DAS PLANIFICAÇÕES ………………………………………
79
11. CONCLUSÃO ……………………………………………...............................
85
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …………………………………………..
89
ANEXOS ………………………………………………………………………..
91
XI
1. Introdução
Introdução
1. INTRODUÇÃO
A Educação Pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de
educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família, com a
qual deve estabelecer estreita relação, favorecendo a formação e o desenvolvimento
equilibrado da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser
autónomo, livre e solidário.
O Jardim-de-Infância deve ser um espaço facilitador do desenvolvimento e da
aprendizagem criando condições para o sucesso, a formação e o desenvolvimento
equilibrado da criança. A ação e a investigação convergem para o mesmo fim, dar voz
às crianças e iniciar um processo nas práticas do educador. Parece evidenciar-se que
este processo, embora ainda numa fase inicial, favorece a participação mais ativa das
crianças e sustenta a reconstrução da prática pedagógica em direção a uma pedagogia de
participação. Deixando-as participar, elas tornam-se mais criativas, cooperantes e
críticas, sentindo-se mais valorizadas. Damos a conhecer o trabalho desenvolvido como
forma de dar resposta à questão que nos colocou face à realidade em estudo e que ia no
sentido de sabermos a importância das práticas pedagógicas no desenvolvimento
pessoal e social das crianças, não apenas porque a educação pré-escolar é essencial para
o desenvolvimento da criança, tendo o educador um papel fundamental nesse
desenvolvimento, na medida em que ajuda as crianças a realizarem as suas
aprendizagens e a satisfazerem as suas necessidades, de acordo com as características
individuais de cada um, mas porque sentimos que as crianças com quem trabalhamos,
precisavam de motivação para terem uma melhor comunicação e aprenderem a
respeitar-se e ajudar-se mutuamente.
O presente trabalho descreve a nossa prática pedagógica em Educação Préescolar num Jardim-de-Infância da rede pública pertencente ao Agrupamento de Escolas
Monsenhor Jerónimo do Amaral, durante o ano letivo 2010/2011. Para desenvolvermos
este Projeto elaboramos primeiro a caracterização do contexto, seguindo-se a
caraterização da Instituição, organização e documentos orientadores. Partimos depois
para a caracterização do grupo segundo as diferentes áreas de conteúdo. Área é um
termo utilizado na Educação Pré-escolar para designar formas de pensar e organizar a
intervenção do educador e as experiências proporcionadas às crianças, encontramos as
2
Introdução
dificuldades e interesses das crianças e o que necessitamos desenvolver. Fazemos ainda
uma descrição de todos os espaços interiores e exteriores que compõem a estrutura do
Jardim-de-Infância de Constantim. Os espaços na Educação Pré-escolar podem ser
diversos mas, o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão
dispostos, condicionam o que as crianças podem fazer e aprender.
Abordamos a atividade educativa em Jardim-de-Infância que pressupõe o
conhecimento dos objetivos pedagógicos expressos na Lei-Quadro que, por sua vez,
englobam os fundamentos e a organização das Orientações Curriculares para a
Educação Pré-escolar.
Fazemos referência à Planificação, Avaliação e Currículo em Jardim-deInfância. Caracterizamos também a avaliação na Educação Pré-escolar e abordamos a
importância de um Currículo na Educação Pré-escolar. Fundamentamos o nosso modelo
pedagógico de acordo com o Movimento da Escola Moderna (MEM), que é um modelo
pedagógico e assenta numa prática democrática da gestão das atividades, dos materiais,
do tempo e do espaço e pretende através da ação do educador proporcionar uma
vivência democrática e um desenvolvimento pessoal e social da criança, garantindo a
sua participação na gestão da vida da sala e escola. Esta gestão deve ser apoiada por
instrumentos de pilotagem, registo e avaliação, tais como mapa de presenças, mapa de
tarefas, atividades, plano semanal, lista de Projetos e diário de parede, este que se torna
instrumento mediador e operador da regulação social do grupo e interativa que uma
educação cooperada ou democrática pressupõe. No diário escrevem-se as ocorrências
negativas e positivas do grupo, o que gostamos, o que não gostamos, o que queremos
fazer e o que fizemos. No final da semana lemos o diário, conversamos e refletimos. No
dia-a-dia da sala temos momentos de reunião em que planeamos o trabalho ser realizado
partilhamos saberes, avaliamos trabalhos, tarefas e atitudes e comunicamos descobertas
e aprendizagens.
Seguidamente fazemos uma breve abordagem ao modo e instrumentos de
avaliação utilizados em Jardim-de-Infância. Abordamos o nosso Projeto Curricular de
Grupo e a sua importância, segundo alguns autores.
Terminamos o nosso estudo com uma breve abordagem aos Projetos
desenvolvidos e a importância destes para todo o grupo.
3
2. Revisão da Literatura
Revisão da Literatura
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Caraterização do Contexto
Meio Envolvente
O meio envolvente onde se insere o Jardim-de-Infância, as características
geográficas e socioeconómicas da região e da localidade, influenciam as aprendizagens
transmitidas, na interação com as crianças, as famílias e as instituições. Tal como é dito
nas Orientações Curriculares, segundo o Ministério da Educação (1997), o meio social
envolvente – localidade ou localidades de onde provêm as crianças que frequentam um
determinado estabelecimento de Educação Pré-escolar, a própria inserção geográfica
deste estabelecimento – tem também influência, embora indireta, na educação das
crianças. As características desta(s) localidade(s) – tipo de população, possibilidades de
emprego, rede de transportes, serviços e instituições existentes, meios de comunicação
social, etc. Não são também independentes de sistemas mais vastos e englobantes,
sistemas políticos, jurídicos, educativos ainda mais alargados. Torna-se por isso
fundamental que o educador faça um levantamento, do meio onde o Jardim-de-Infância
se insere, de onde provêm as crianças que o frequentam, conhecendo a realidade de cada
uma, possibilitando desta forma adequar o contexto educativo institucional às
características e necessidades das crianças e adultos que fazem parte da instituição.
Além disso, o mesmo Ministério refere ainda que compreender melhor cada criança, ao
conhecer os sistemas em que esta cresce e se desenvolve, de forma a respeitar as suas
características pessoais e saberes já adquiridos, apoiando a sua maneira de se relacionar
com os outros e com o meio social.
Reforça-se assim a ideia de que o conhecimento, do meio natural em que o
Jardim-de-Infância se insere, das especificidades geográficas e socioeconómicas, das
suas potencialidades passíveis de serem utilizadas no contexto educativo, é da maior
importância na intervenção pedagógica que o educador possa vir a desenvolver.
A cidade de Vila Real está situada a cerca de 450 metros de altitude, sobre a
margem direita do rio Corgo, um dos afluentes do Douro. Localiza-se num planalto
rodeado de altas montanhas, em que avultam as serras do Marão e do Alvão. Dista
aproximadamente 85 km, em linha reta, do oceano Atlântico, que lhe fica a oeste, 15 km
5
Revisão da Literatura
do rio Douro, que lhe corre a sul, e para norte, cerca de 65 km da fronteira com a
Galiza, Espanha. Vila Real é sede de concelho e capital de distrito.
Do concelho de Vila Real, sem prejuízo da feição urbana da sua sede, mantém
características rurais bem marcadas.
Figura 1 – Concelho de Vila Real
Dois tipos de paisagem dominam: a
zona mais montanhosa das serras do
Marão e da serra do Alvão, separadas
pela terra verdejante e fértil do Vale da
Campeã, e para sul, com a proximidade
do Douro, os vinhedos em socalco. Por
toda a parte existem linhas de água que
irrigam a área do concelho, com
destaque para o rio Corgo, que atravessa
a cidade num pequeno mas profundo
vale, originando um canhão de invulgar
beleza.
O concelho é constituído por 28 freguesias: Abaças, Adoufe, Arroios, Borbela,
Campeã, Constantim, Ermida, Folhadela, Guiães, Justes, Lamares, Lamas de Olo,
Lordelo, Mateus, Mouçós, Nogueira, Nossa Senhora da Conceição (urbana), Parada de
Cunhos, São Miguel da Pena, Quintã, São Dinis (urbana), São Pedro (urbana), São
Tomé do Castelo, Torgueda, Vale de Nogueiras, Vila Cova, Vila Marim e Vilarinho da
Samardã. A população do concelho é de 46.520 habitantes, para uma área de cerca de
370 Km2, havendo assim 123,2 habitantes por Km2.
Constantim é uma localidade cuja fundação remonta aos primórdios da
nacionalidade, tendo-lhe sido concedido um importante foral em 1096 pelo Conde
Henrique. Atualmente é uma sede de freguesia, composta por quatro localidades:
cabana Constantim, Ranginha e Reta da Portela, possuindo mais de dez mil e trezentos
habitantes. Fica situado cerca de seis quilómetros da cidade de Vila Real e é nesta
freguesia que estão implementados o Centro de Formação Profissional e a zona
industrial de Vila Real.
A população de Constantim dedica-se a atividades ligadas ao sector primário
(vinicultura, horticultura e fruticultura), ao sector secundário (operários nas fabricas da
6
Revisão da Literatura
zona industrial e em pequenas oficinas locais e na construção civil) e ao sector terciário
(em serviços públicos na sede de Concelho e no comércio local).
Com a implementação da zona Industrial, do Centro de Formação e a construção
da autoestrada, a pacatez da aldeia de outrora foi-se gradualmente alterando e os
horizontes socioculturais da comunidade local alargando: aumentaram os postos de
trabalho, surgiu a atividade mobiliária de aluguer/venda de habitações, a poluição
aumentou assim como os riscos em termos de segurança rodoviária e o número de
pessoas que se dedicam a atividade doméstica tem vindo a diminuir.
A aldeia foi palco de uma emigração intensa, sobretudo para a França,
Alemanha e Suíça, facto que se reflete na densidade populacional e mais concretamente
no número de crianças que frequentam a escola. Este fenómeno ainda hoje ocorre em
muitas famílias locais. Os acessos a esta localidade são de razoável qualidade e nela
existe uma rede de transportes públicos. Possui também água canalizada ao domicílio,
da rede pública e um fontanário, rede de distribuição elétrica, saneamento básico e
recolha de resíduos sólidos.
No que se refere ao património cultural, Constantim possui uma escola onde
funciona o 1º Ciclo e o Jardim-de-Infância um Centro Social e Paroquial, uma sede de
Junta de Freguesia, um Cruzeiro, o lugar da Mamôa, uma Igreja Matriz reconhecida
com valor arquitetónico incluindo as capelas anexas e altar mor de talha dourada com
sacrário giratório. Na capela guarda-se o crânio de São Frutuoso que a tradição manda
beijar a 30 de Janeiro e no último domingo de Junho. São Frutuoso é o Padroeiro da
Freguesia.
Constantim é também um importante Pólo de desenvolvimento desportivo. A
Associação Desportiva e Cultural foi fundada em 1976, possuindo um bom parque de
jogos onde se desenvolvem ativamente o ciclismo, as escolinhas de futebol e o grupo de
danças e cantares.
Realizam-se na freguesia de Constantim duas festas/romarias anuais, no último
domingo de Julho por devoção a São Frutuoso, Santa Barbara e Santa Maria da Feira e a
vinte de Janeiro em devoção a São Sebastião.
O estudo do meio envolvente é de extrema importância porque o educador deve
ter em conta a realidade sociológica em que a criança se encontra, favorecendo o
sentimento de identidade cultural e de cidadania. O conhecimento do meio traduz-se
num aproveitamento de recursos que este proporcionará, bem como no desenvolvimento
da criança em si mesma com as restantes do Jardim-de-Infância e com o educador,
7
Revisão da Literatura
vivenciando trocas de experiências entre a comunidade educativa. Este processo de
socialização ajuda a criança a progredir enquanto cidadão, contribuindo para a sua
autonomia e sentido de integração. A interação com o meio também poderá
proporcionar um maior auto e hétero conhecimento entre as crianças e também com o
educador.
O Jardim-de-Infância de Constantim caracteriza-se por se integrar num meio
rural, onde as crianças têm uma estreita relação com o mundo natural e com os
elementos que dele fazem parte. Poder-se-á então aproveitar a curiosidade inata que as
crianças sentem pelos elementos da natureza, para que possam realizar o maior número
de aprendizagens possível. A aldeia de Constantim situa-se nas proximidades da cidade
de Vila Real, o que facilita o conhecimento do meio urbano por parte dos habitantes
mais jovens. De qualquer modo, o papel da escola passa por proporcionar às suas
crianças o conhecimento de um meio diferente e afastado que lhes pode oferecer
experiências novas e significativas. Isto porque ao conhecermos o meio em que nos
encontramos, identificam-se todos os recursos existentes e inexistentes. Este
conhecimento deve servir para desenvolver nas crianças determinadas competências e
habilidades, tais como identificar elementos estruturantes da paisagem, ser capaz de se
orientar e deslocar com segurança no espaço exterior à escola (rural e urbano), conhecer
algumas normas cívicas de comportamento e conhecer espaços de valor patrimonial. As
competências atrás referidas poderão ser trabalhadas no espaço envolvente da escola,
assim como nas saídas ao exterior, nomeadamente a Vila Real. Na cidade poderão
conhecer melhor o ambiente urbano, visitar monumentos e outros espaços que não
existem na aldeia. Daí a importância de valorizar e desenvolver vivências e experiências
em ambos os contextos, tanto os rurais como os urbanos, visto que os dois
proporcionam aprendizagens diferentes, mas igualmente necessários, para a construção
da criança enquanto cidadão ativo na sociedade.
Ao nível da participação da comunidade nas atividades realizadas pelo Jardimde-Infância, é muito importante que se estabeleça uma boa relação entre
pais/encarregados de educação e educadora e que as crianças o sintam. É importante que
os pais/encarregados de educação se envolvam ativamente no dia-a-dia do Jardim-deInfância promovendo-se assim um bom ambiente educativo. Para Abreu, Sequeira e
Escoval (1990) as crianças não deverão estar sujeitas a grandes discrepâncias entre os
ambientes educativos (família, escola) pelo que os educadores e pais deverão encetar
esforços de aproximação quanto aos modelos e estratégias educativas. Para além destes
8
Revisão da Literatura
autores também Silva (2003) refere que uma maior coresponsabilização dos
pais/encarregados de educação no processo educativo dos seus educandos, tem
resultados positivos para estes, daí advenientes, para além de uma valorização social das
famílias, sobretudo as de meios populares, a partir da imagem que lhes é devolvida pela
instituição escolar.
2.2. Instituição
O Jardim-de-Infância de Constantim pertence à rede pública e insere-se no
Agrupamento Monsenhor Jerónimo do Amaral. Tal como é referido no primeiro ponto
do artigo 6º do Regime de Autonomia, Administração e Gestão dos Estabelecimentos
Públicos da Educação Pré-Escolar e dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pelo
Decreto-Lei nº 75/2008, de 22 de Abril, o Agrupamento de Escolas é uma unidade
organizacional, dotada de órgãos próprios de administração e gestão, constituída por
estabelecimentos de Educação Pré-escolar e escolas de um ou mais níveis e Ciclos de
ensino, a partir de um Projeto Pedagógico comum.
Ao Agrupamento compete assegurar a estabilidade e eficiência da gestão
escolar, adotar condições para o reforço da articulação entre ciclos de modo em que se
aprofunde a sequencialidade curricular, promover o desenvolvimento integral dos
alunos criando igualdade de oportunidades e organizar o Projeto Educativo traçado para
um horizonte de quatro anos. É ainda responsável pela gestão financeira do Jardim,
através de verba atribuída pelo Ministério da Educação. Guia-se por estruturas
organizativas, isto é, o Conselho Geral, o Diretor, o Subdiretor e Adjuntos, o Conselho
Pedagógico, o Conselho Administrativo e os diferentes Conselhos de Docentes. Apesar
de pertencer ao Agrupamento, o Jardim-de-Infância de Constantim rege-se por
documentos próprios, dos quais se destaca o Regulamento Interno. Este é enquadrado
pelo Decreto-Lei 115-A-98, que no seu artigo nº3 refere que os Regulamentos Internos
definem o regime de funcionamento da escola, bem como os direitos e deveres dos
membros da comunidade escolar.
Gestão/Direção
Na Legislação para a Educação Pré-escolar, a Lei nº 5/97, Lei-Quadro da
9
Revisão da Literatura
Educação Pré-Escolar, estabelece, no artigo 11º que cada estabelecimento de Educação
Pré-escolar dispõe, de entre outros órgãos, de uma direção pedagógica assegurada por
quem detenha as habilitações legalmente exigíveis para o efeito, a qual garante a
execução das linhas de orientação curricular e a coordenação da atividade educativa.
Este artigo refere ainda que nos estabelecimentos de Educação Pré-escolar da rede
pública, a direção pedagógica será eleita pelos educadores, sempre que o seu número o
permita. O Estado é o responsável por definir as orientações gerais, nomeadamente nos
aspetos pedagógicos e técnicos, competindo-lhe definir regras para o enquadramento da
atividade dos estabelecimentos de Educação Pré-escolar; definir objetivos e linhas de
orientação curricular.
Horários Praticados
O Decreto-Lei nº 147/97 de 11 de Junho estabelece, no nº 1 do artigo 9º, que os
estabelecimentos de Educação Pré-escolar asseguram um horário flexível, segundo as
necessidades da família. No nº 2 do mesmo artigo determina que o horário será fixado
antes do início das atividades de cada ano sendo ouvidos, obrigatoriamente, para o
efeito, os pais/encarregados de educação ou os seus representantes. A Lei-Quadro que
atesta nitidamente a articulação do horário do Jardim-de-Infância com as necessidades
das famílias, diz ainda que os pais/encarregados de educação devem ser consultados
sobre esse horário e a sua entrada em funcionamento sujeita à homologação pela
Direção Regional de Educação do Norte. Os horários do Jardim-de-Infância de
Constantim foram homologados pelo Ministério da Educação, sob proposta da direção
pedagógica e ouvidos os pais/encarregados de educação. Cumprindo as normas, o
horário letivo foi o seguinte: das 09h00 às 12h00, com interrupção para o almoço das
12h00 às 14h00, reabrindo novamente às 14h00 e encerrando às 16h00, cumprindo
assim um total de 5 horas por dia, sendo 3 horas no período da manhã e 2 no período da
tarde. Neste Jardim-de-Infância decorreram ainda as atividades de prolongamento que
se realizam entre as 12h00 e as 14h00 (almoço) e entre as 16h00 e 18h00
(prolongamento).
10
Revisão da Literatura
Quadro 1 – Horário Escolar
Manhã
Tarde
09h00 – 12h00
14h00 – 16h00
Almoço
Prolongamento
12h00 – 14h00
16h00 – 18h00
O horário da assistente operacional é diferente do horário da educadora como se
pode verificar no quadro a baixo representado.
Quadro 2 – Horário da Assistente Operacional
Manhã
Tarde
08h45 – 12h15
14h00 – 17h30
O horário para atendimento aos pais/encarregados de educação está definido no
Regulamento Interno, podendo ser alterado sempre que necessário e realiza-se de 15 em
15 dias, conforme o quadro abaixo mencionado.
Quadro 3 – Horário de atendimento aos Pais/Encarregados de Educação
5ª Feira
As
reuniões
com
Das 16h00 – 17h00
os
pais/encarregados
de
educação
são
realizadas
trimestralmente, sempre que se justifiquem e fora do horário letivo, sendo da
responsabilidade da educadora a sua marcação e organização. Eventualmente, surgem
reuniões extraordinárias dependendo do trabalho que está a ser elaborado pelo grupo de
crianças.
O Trabalho de Escola (TE) foi realizado todas as 2ª feiras, tal como mostra o
quadro seguinte.
Quadro 4 – Horário de Trabalho de Escola (TE)
2ª Feira
Das 16h00 – 17h00
11
Revisão da Literatura
Corpo Docente/Pessoal Auxiliar
O funcionamento do Jardim-de-Infância de Constantim foi assegurado por
pessoal docente e não docente, distribuído por:
- Pessoal docente: 1 educadora de Infância;
- Pessoal não docente: 1 assistente operacional.
Lotação e Organização das Crianças
O grupo é composto por 9 crianças, 2 do sexo feminino e 7 do sexo masculino
não obedecendo, segundo a Legislação para a Educação Pré-Escolar, às determinações
do artigo 10º do Decreto-lei nº 147/97 de 11 de Junho onde é referido a frequência
mínima de 20 e máxima de 25 crianças por sala. Apenas em situações devidamente
fundamentadas, nomeadamente em zonas de baixa densidade demográfica, poderá ser
autorizada, pelo Ministério da Educação, uma frequência inferior a 20 crianças por sala,
ou então adaptar outra modalidade alternativa, como a educação itinerante. É um grupo
que se salienta pela diferença relativamente ao sexo, idades e aprendizagens. O grupo é
heterogéneo apresentando, contudo, necessidades e vivências muito iguais.
Documentos Orientadores
Para Abreu, Sequeira e Escoval (1990) em torno da escola, ou mesmo dentro
dela, existem por vezes diferentes serviços tendo objetivos específicos e devem ter um
objetivo comum a construção de um ambiente educativo de qualidade, onde as
aprendizagens sejam mais viáveis e integradas. Segundo Bassedas, Huguet e Solé
(1990) quando se trabalha em instituições educativas é indispensável realizar um
trabalho em equipa com todos os profissionais responsáveis pela tarefa educativa. Cada
instituição deve ter documentos orientadores pelos quais todos os intervenientes e
responsáveis pelo processo educativo se devem reger e orientar. No Jardim-de-Infância
de Constantim, o Regulamento Interno, o Projeto Educativo (PE), o Projeto Curricular
de Agrupamento (PCA), o Plano Anual de Atividades (PAA) e o Projeto Curricular de
Grupo/Sala (PCG) formam o conjunto de instrumentos de apoio à gestão escolar. O PE,
como vem referenciado no artigo 3º do Regime de Autonomia aprovado pelo Decreto12
Revisão da Literatura
Lei nº 115-A/98, é um documento que consagra a orientação educativa da escola no
qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo as quais a
escola se propõe cumprir a sua função educativa. Para Barroso (1998), o Projeto
Educativo corresponde a um conjunto de princípios, valores e políticas capazes de
mobilizarem a ação da escola e a tomada de decisões. No nosso entender, Costa (1996)
define o Projeto Educativo de forma ainda mais abrangente dizendo que é um
documento de carácter pedagógico que, elaborado com a participação da comunidade
educativa, estabelece a identidade própria de cada escola através da adequação do
quadro legal em vigor à sua situação concreta, apresenta a missão da escola, o modelo
geral de organização e os objetivos pretendidos pela instituição e, enquanto instrumento
de gestão, é ponto de referência orientador na coerência e unidade da ação educativa.
Pretendemos, com a elaboração do PE, a promoção do sucesso educativo, a
formação integral do aluno, a igualdade de oportunidades, criar condições para uma
prática de pedagogias ativas, desenvolver ações que envolvam a participação dos
pais/encarregados de educação, incentivar atitudes e valores, fazer a articulação
interdisciplinar, valorizar a ação educativa na sala de aula, estabelecer parcerias com
entidades locais, publicas ou privadas, para desta forma rentabilizar os recursos e
esforços que promovam a eficácia do serviço educativo para benefício mútuo.
Depois de definidas as linhas orientadoras no PE, elaboramos o PCG. A sua
operacionalidade implica um ajuste entre as exigências do PE, do PCA e o contexto
socioeconómico, cultural, escolar e psicológico do ato educativo de uma forma
específica. A elaboração é da responsabilidade do educador titular, e deve ser fruto das
preocupações deste e do diagnóstico efetuado através da observação feita às crianças, do
contexto familiar, do meio que as rodeia e do conhecimento que tem da comunidade
educativa. Pretendemos com este Projeto definir as estratégias de realização e de
desenvolvimento das orientações curriculares para a Educação Pré-Escolar a partir das
características do grupo e sempre das necessidades do mesmo. No que se refere ao PCA,
podemos concluir que é o instrumento indispensável de gestão do Currículo,
estabelecendo a ligação entre o Currículo Nacional e as opções do PE, no contexto da
legislação existente, da autonomia da escola e da sua realidade específica. O conceito de
"Currículo" assim desenvolvido surge das interações estabelecidas entre estes fatores, e
assume-se como um Currículo Individualizado, específico da realidade escolar que o
elaborou, mas no entanto delimitado pelo Currículo Nacional que lhe dá origem. Os
13
Revisão da Literatura
Decretos-Lei nºs. 6/2001, de 18 de Janeiro e 74/2004, de 26 de Março, estabelecem os
princípios orientadores da organização e da gestão do Currículo, bem como da avaliação
das aprendizagens referentes aos Ensinos Básico e Secundário, respetivamente, e
determinam que as estratégias de desenvolvimento do Currículo Nacional sejam objeto
do PCA integrado no PE. Por esta razão e em conformidade, este é um documento onde
se descreve a política educativa para a escola num período de 4 anos, que constitui um
suporte coerente daquela formação integrada, refletindo já a identidade e a autonomia
próprias de cada estabelecimento de ensino. Por sua vez, o PCA concretiza e desenvolve
aqueles princípios gerais anualmente. O PCA pode definir-se atendendo ao nível de
prioridades estabelecidas para o Agrupamento/Escola e às competências essenciais e
transversais em torno das quais se organizará o Projeto e os conteúdos que serão
trabalhados em cada área curricular.
Assim o desenvolvimento do PCA, além de atender aos princípios gerais do PE,
como acima descrevemos, tem como padrão referencial o Currículo Nacional, adequado
às opções de cada escola, devendo por isso:
- Responder aos problemas reais e principais da escola, integrando e
generalizando a ação dos diversos intervenientes;
- Desenvolver uma ação pedagógica mais informada e esclarecida;
- Promover o desenvolvimento de competências.
O PCA do Agrupamento de Escolas Monsenhor Jerónimo do Amaral, do qual o
Jardim-de-Infância de Constantim faz parte, pretende ser um conjunto de
processos/ações de construção coletiva que concretizam as orientações curriculares de
âmbito nacional em propostas globais de intervenção pedagógico/didáticas, adequandoas ao contexto deste Agrupamento. Este processo de construção e de adequação do
currículo ao contexto específico da Escola/Agrupamento, tendo em conta as
necessidades dos alunos, realiza-se no seio dos conselhos de docentes e
departamentos/grupos disciplinares pela articulação e sequencialidade dos conteúdos,
dando origem a aprendizagens significativas, numa perspetiva
integrada e
interdisciplinar de saberes, para que esta forma de desenvolvimento seja realmente
concretizada, importa garantir alguns aspetos fundamentais para a construção de
situações significativas, e que devem nortear a ação do professor. Neste contexto, o
PCA encontra-se diretamente relacionado com o PE e apoia-se nele para dar sentido e
voz a uma formação integral da criança/aluno, tendo por base os valores de cidadania
14
Revisão da Literatura
que aí se espelham. Assim sendo, o Agrupamento decidiu, para um período de quatro
anos, que o tema central do PE seria “Aprender em Comunidade”.
Os objetivos gerais consagram melhorar a qualidade do sucesso escolar; implicar
e comprometer os alunos nas tomadas de decisão; operacionalizar a articulação a
sequencialidade entre os níveis de ensino; detetar precocidades/dificuldades;
desenvolver as interações entre a escola e a comunidade educativa; melhorar o
desempenho profissional do pessoal docente e não docente; melhorar as instalações e
equipamentos das escolas do Agrupamento e promover uma autoavaliação reflexiva e
partilhada. O PE apresenta a orientação educativa do Agrupamento para um período de
quatro anos, o PAA concretiza os objetivos e as metas do PE para cada ano letivo,
definindo objetivos, condições e meios. Pretendemos que o PAA seja um
documento/instrumento simples, prático e flexível para planificação das atividades a
desenvolver ao longo do ano letivo e deverá ter em conta os objetivos do Sistema
Educativo, a promoção das aprendizagens dos alunos e atenção com a sua formação e
desenvolvimento pessoal e social. Elaborado pela direção do Agrupamento, com base
nas propostas de cada departamento e cada estabelecimento de educação e ensino do
Pré-Escolar e 1º Ciclo, tem por objetivo fundamental facultar à comunidade educativa
um resumo de todas as atividades a realizar no presente ano letivo. O PAA enquanto
documento dinâmico, mobilizador e aglutinador, será avaliado e, sempre que necessário,
passível de reformulação, podendo sofrer alterações e/ou melhorias ao longo do ano
letivo (todas as atividades que surjam e que sejam consideradas pertinentes serão
devidamente planificadas pelos seus proponentes e apresentadas em Conselho
Pedagógico). A avaliação deverá ser feita no final de cada atividade, o que permite
conhecer o grau de consecução dos objetivos. No Jardim-de-Infância onde exercemos
funções, o PCG tenta, o mais possível, ir de encontro ao PE – “Aprender em
Comunidade”, respeitando sempre o PAA. Partindo do conhecimento que temos do
grupo de crianças, do PE e baseando a nossa atividade nos pressupostos previstos nas
Orientações Curriculares, definimos o PCG. Os temas propostos no PE são abordados
com o grupo de uma forma sistemática articulando esta opção com a necessidade de
desenvolver valores, trabalhando-se a área da formação pessoal e social e a área do
conhecimento do mundo, onde as questões ambientais e os projetos emergentes estão
incluídos. Não havendo nenhum tema central, damos prioridade às questões que as
crianças vão levantando, surgindo dessa forma muitos projetos, uns de maior e outros de
menor dimensão, mas todos importantes.
15
Revisão da Literatura
2.3. Caraterização Global dos Espaços
Segundo Hohmann et al (1995), as crianças precisam de espaço em que
aprendam com as suas próprias ações, espaço em que se possam movimentar, em que
possam construir, escolher, criar, espalhar, edificar, experimentar, fingir, trabalhar com
os amigos, trabalhar sozinhas em pequenos e grandes grupos. É muito importante
fazermos o estudo de todos os espaços que as crianças possam utilizar para
conhecermos e direcionarmos a nossas intenções educativas.
Para Zabalza (1998) o termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos
locais para a atividade, caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo
mobiliário e pela decoração. O espaço é indispensável para as aprendizagens da criança.
O educador deverá proporcionar ao grupo espaços estimulantes, atrativos e variados.
Este espaço também deverá ter em conta os valores e objetivos pedagógicos do
educador.
Segundo as Orientações Curriculares (1997), os espaços podem ser variados,
mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos, vão
condicionar, em grande parte, o que as crianças podem fazer e aprender. Assim, o
educador deve interrogar-se sobre a função e finalidade educativa do espaço, material
de modo a planear e justificar as razões dessa organização.
A organização do espaço deverá refletir as intenções educativas, promover as
aprendizagens significativas, o entusiasmo de estar na escola e que, desta forma,
potencie o desenvolvimento do grupo de crianças que passam aí a maior parte do seu
dia.
Espaço Interior
Sala de Atividades/Hall
Para Hohmann et al (1995), uma sala de atividades de orientação cognitivista
precisa de espaço, espaço para atividade das crianças e espaço para grande diversidade
de materiais e apetrechamento. A sala precisa de espaço de arrumação visível e
16
Revisão da Literatura
acessível às crianças.
O espaço do Jardim-de-Infância de Constantim era constituído por uma sala de
atividades, duas casas de banho (adultos e crianças) e um hall de entrada que tinha
também como funções:

Afixar trabalhos das crianças de modo a que os pais/encarregados de educação
os pudessem observar;

Afixar avisos para os encarregados de educação, assim como a lista das crianças
que frequentavam, calendário escolar, normas e horário de funcionamento do
Jardim-de-Infância, horários da assistente operacional e da educadora;

Receber os pais/encarregados de educação nas horas das entradas e saídas das
crianças;

Local onde se situavam os cabides para colocação de casacos e mochilas;

Placard onde eram afixados os trabalhos realizados no Projeto Leitura em
Contexto Familiar;

Painel das estações do ano;

Arca para arrumação dos brinquedos do exterior;

Espelho que ajudava as crianças na hora de apertar e desapertar botões, vestir e
despir casacos (por esta razão organizamos este espaço com materiais que não
estavam a ser utilizados antes);

Armário onde se arrumavam livros e jogos que se trocavam consoante a
necessidade do grupo;

Mesa redonda para auxiliar em diversas tarefas como, por exemplo, assinar algo
por parte dos pais/encarregados de educação sem ter que interromper atividades,
para Projetos com o 1º Ciclo como, por exemplo, a Semana da Ciência, Semana
da Leitura, Dia do Agrupamento, entre outros;

Extintor na parede lateral junto a porta de acesso ao exterior;

Uma pequena despensa para guardar vários tipos de material e, inclusive, o leite
escolar.
No que se refere a sala de atividades, o pavimento era em madeira corrida. Era
resistente à lavagem e de fácil manutenção. As paredes e tetos apresentavam-se pintados
com tinta de água, a iluminação era natural fazendo-se a partir de três janelas com
estores de palha. A sala de atividades estava dividida em várias áreas: área polivalente,
área da pintura/modelagem, área da cozinha, área do quarto, área da loja, área da
17
Revisão da Literatura
biblioteca que funcionava como área da escrita, a área dos jogos de mesa e matemática,
área do computador e ainda a área dos jogos de construções.
Relativamente aos placards, estes existem em todas as paredes da sala e até o
quadro de lousa é utilizado para expor trabalhos. A sala estava devidamente equipada
com todos os requisitos de primeiros socorros, caixa que se encontra dentro da sala
colocada numa parede onde só os adultos tinham acesso. Apesar desta organização, as
áreas sofreram alterações e nunca poderiam ser fixas. Tudo dependeria do grupo e seus
interesses e necessidades. Lobo (1988) diz que nem o número de áreas, nem o seu
arranjo deverão ser fixos, devem oferecer diversas possibilidades de organização. Não é
desejável que os espaços permaneçam estáticos ao longo do ano. As modificações
deverão acompanhar a evolução e os interesses do próprio grupo. O espaço sala foi
reorganizado com o grupo de crianças, várias vezes ao longo do ano, e era embelezado
diariamente com as suas produções que nos demonstravam as aprendizagens do grupo
podendo ainda originar novos projetos. Assim criamos um espaço acolhedor e agradável
com o qual tanto a educadora como as crianças e pais/encarregados de educação se
identificavam. A seguir apresentamos a planta da sala.
Figura 2 - Planta da Sala
18
Revisão da Literatura
O espaço físico da sala, como se verifica na planta, estava organizado por áreas,
onde o mobiliário se apresentava à altura das crianças para permitir facilmente acesso
aos materiais e também ao desenvolvimento autónomo e livre das atividades por parte
do grupo. Hohman et al (1995) referem que um espaço funciona melhor com crianças
que fazem as suas próprias opções. Estas áreas de trabalho ajudam as crianças a ver
quais as opções possíveis, pois cada área apresenta um único conjunto de materiais e de
oportunidades de trabalho.
Desta forma consideramos que quando a criança opta por uma área, sabe que
materiais têm à sua disposição e o que poderá fazer com eles. Hohman et al (1995)
adiantam ainda que, por isso, os seus Projetos podem ser apresentados, podem ser
decisões intencionais, em vez de acessos fortuitos de energia.
Assim podemos afirmar que a organização do espaço torna-se importantíssima
para promoção da autonomia, interação entre o grupo e o desenvolvimento das crianças.
As áreas desta sala estavam delimitadas no espaço e bem definidas pelo
mobiliário e materiais que as compunham. Os materiais permitiam que o grupo
percebesse o seu modo de utilização tornando-o cada vez mais autónomo leva-os a
tomar decisões pois olham e optam pelo que desejam fazer. Sobre isto Lobo (1988) diznos que nem o número de áreas, nem o seu arranjo deverão ser fixos, devem oferecer
diversas possibilidades de organização Não é desejável que os espaços permaneçam
estáticos ao longo do ano. As modificações deverão acompanhar a evolução e os
interesses do próprio grupo. As áreas não permaneceram fixas e ao longo do ano, foram
alteradas umas e acrescentadas outras conforme o trabalho era desenvolvido, tendo
sempre em linha de conta o desenvolvimento e o bom funcionamento do grupo.
Área do Computador
O grupo neste espaço tinha acesso a jogos didáticos e também a possibilidade de
pesquisarem com recurso à internet. Nestas idades, a utilização
Figura 3 – Área do Computador
de meios informáticos promovem as capacidades de expressão
plástica e musical, estimulando a linguagem oral e a abordagem
à escrita assim como à matemática. É desenvolvido também a
coordenação visual-motora. Neste espaço existiam vários
jogos, CD´S interativos e um computador que incentivava e
19
Revisão da Literatura
facilitava as aprendizagens das crianças de forma divertida.
Área da Biblioteca/Escrita
Neste espaço o grupo tinha ao seu alcance uma estante com livros
constantemente mudados conforme as opções do grupo. As crianças tiveram assim
acesso a vários livros com temáticas diversificadas. As crianças aprenderam a folhear
livros, a tratá-los e a conservá-los e assim foram criando e desenvolvendo o gosto pela
leitura e escrita, tornando-se mais sociáveis. Com a audição e a visualização das
histórias, as crianças enriqueceram o vocabulário, exercitaram a memória, a imaginação
promovendo, deste modo, o desenvolvimento da língua materna. As histórias
originaram nas crianças emoções e agradáveis recordações e sensações. Bettelheim
(1985) diz-nos que, ler, contar e ouvir histórias com personagens ou outros seres da
natureza, são excelente meio para estimular a imaginação da criança, promover
projeções do inconsciente, clarificar valores e atitudes que podem, posteriormente, ser
transferidas para a vida real.
Área da Cozinha
Esta área foi uma das mais escolhidas por quase todos os elementos do grupo.
Era onde vivenciavam o “faz de conta”, onde recriavam experiências da vida quotidiana
e imitações constantes da vida familiar.
Área da Loja
Esta área surgiu do interesse que as crianças manifestaram em comprar e vender
produtos alimentares para poderem utilizar na casinha. E como tínhamos arrumado, de
anos anteriores, o mobiliário da loja resolvemos colocá-lo na sala. A par disto surgiu a
reciclagem dos materiais que as mães em casa colocavam no
Figura 4 – Área da Loja
lixo tais como embalagens de cartão e de plástico que
começaram a trazer para pormos à venda na loja em diálogo
também com o grupo. Foi utilizado um jogo com euros de
brincar para colocarem na caixa registadora e trocarem por
aquilo que queriam comprar. Com a introdução desta área as
crianças vivenciaram momentos de “faz de conta” e
20
Revisão da Literatura
desenvolveram, além da linguagem e socialização, várias noções de matemática.
Área do Quarto
O quarto é também uma área que permite a interatividade entre as crianças
através de jogos e brincadeiras “faz de conta”. Nesta área existia um guarda-vestidos
com várias roupas, calçado e acessórios que as crianças podiam utilizar para mais uma
vez brincarem ao “faz de conta”. Era constituído por uma cama, sofás e espelho.
Área dos Jogos de Construção
Na nossa opinião este é um espaço que permite o desenvolvimento intelectual e
motor das crianças porque, além de brincarem e jogarem, desenvolvem a imaginação, a
criatividade e a capacidade intelectual. Apresenta ainda a
Figura 5 – Área dos Jogos
possibilidade das crianças brincarem em grupo e partilharem
materiais, promovendo-se a partilha e a cooperação entre elas.
Neste espaço existiam legos grandes de encaixe, puzzles de
borracha, jogos com peças de madeira sendo que todos
permitiam o desenvolvimento de capacidades e várias noções.
Esta área foi também utilizada como pista de automóveis pois
tinha também diversos carrinhos de diferentes tamanhos.
Área dos Jogos de mesa e da Matemática
Esta área era composta por jogos mas de dimensões mais pequenas, daí a razão
de existir uma mesa com cadeiras e uma estante com variadíssimos jogos adaptados às
crianças e ao seu alcance. É de salientar que, como se verifica também na área da
biblioteca, os jogos iam sendo trocados semanal ou quinzenalmente, conforme
necessidades do grupo. Existiam vários puzzles em madeira, dominós, enfiamentos,
blocos lógicos e jogos de seriação, ordenação e sequências.
21
Revisão da Literatura
Área Polivalente
Designamos esta área de polivalente por
Figura 6 – Diário de Grupo
englobar outras. Era aqui que fazíamos diariamente o
acolhimento, reunia o grupo para darmos início ao dia e
a todas as atividades. Começávamos por contar as
novidades, todas as crianças e adultos contam as suas e
no final cada criança fazia o registo gráfico. Seguia-se a
canção dos bons dias em que todos nos saudávamos e
desejávamos bom dia. De seguida planificávamos o dia
numa folha A3 (Anexo 1) onde a educadora registava
Figura 7 – Mapas
todas as atividades que iam ser realizadas tanto da parte
da manhã como de tarde, enquanto ouvia e se discutiam
as propostas do grupo. Era eleito o “chefe do grupo”
para esse dia, que teria várias responsabilidades e
funções em que uma delas seria a de, no final do dia,
ouvir os seus colegas e registar no mapa dos
comportamentos (Anexo 2) a respetiva bola verde,
amarela ou vermelha conforme o comportamento que tivessem durante o dia.
Registavam-se o estado do tempo (Anexo 3) num mapa próprio onde as crianças
procuravam um cartão com a imagem correspondente ao estado do tempo (tarefa
atribuída no início da semana a um membro do grupo). A seguir marcávamos as
presenças (Anexo 4) de todas as crianças, com uma
Figura 8 – Acolhimento/Reunião
cruz no respetivo quadrado referente ao seu nome. No
final do dia, o “chefe de grupo” marcava as faltas.
Depois registavam-se no diário de grupo as notícias
trazidas de casa ou surgidas na escola que as crianças
escolhiam, as ideias eram transformadas em sugestões
de trabalhos que, por sua vez, poderiam terminar em
Projetos. O “acho mal” correspondia, normalmente, a
situações que tinham surgido com as quais o grupo não concordava, o “acho bem”
situações boas que as crianças queriam registar. Todas as opiniões eram escritas pela
educadora e posteriormente a criança fazia o registo gráfico correspondente. Aqui foram
também realizadas as reuniões de avaliação. Nesta área e como a mesa era extensa,
22
Revisão da Literatura
também se realizavam as atividades de grande grupo como ouvir histórias do Projeto
Jerónimo Saltarico, A Ler+, trabalhos realizados sobre o Projeto “Era uma vez com a
Matemática”, Projeto da Semana das Ciências e Semana da Leitura que envolveram o 1º
Ciclo do ensino básico. Realizavam-se colagens, corte e recortes, desenhos e
trabalhavam-se os Projetos emergentes. Esta área era também onde as crianças
lanchavam e onde se festejavam os aniversários. Era também onde recebíamos os
pais/encarregados de educação que se envolveram, ao longo de todo o ano, em várias
atividades. Como verificámos, esta área tinha várias funções. É de referir que nesta área
existia um armário com todos os materiais necessários e ao alcance de todas as crianças
para realização destas atividades. É ainda importante referir que todos os mapas e
quadros anteriormente referidos de organização, daquele que deverá ser o trabalho numa
sala de Educação Pré-escolar, eram fixados nos placard´s também nesta área.
Área da Pintura/Modelagem
Esta área era composta por um cavalete onde
Figura 9 – Área da Pintura/Modelagem
podiam estar duas crianças em simultâneo. Tinha um
armário de apoio onde estavam todos os utensílios para a
pintura e uma mesa onde se encontravam os utensílios da
modelagem. Tinha ainda um placard onde eram expostas
as pinturas quando terminadas. É uma área que fomenta o
desenvolvimento da coordenação visual e motora, do ritmo,
da motricidade fina e contribui para o desenvolvimento da criatividade e imaginação.
Espaço Exterior
Segundo o Ministério da Educação (1997), o espaço exterior é um local que
pode proporcionar momentos educativos intencionais,
Figura 10 – Espaço Exterior
planeados pelo educador e pelas crianças. A este
propósito, o espaço exterior do nosso Jardim-de-Infância
era composto por um recreio comum ao 1º Ciclo do
ensino básico, bastante espaçoso, sendo o solo de gravilha
que, na nossa opinião, não é o mais indicado para as
crianças por serem pequenas e gostarem de brincar no
chão. Existiam dois baloiços grandes e um pequeno e um
23
Revisão da Literatura
escorrega pequeno. Todo o espaço envolvente à escola
Figura 11 – Espaço Exterior
era delimitado por um muro de granito com rede no topo.
Quanto à localização, o recreio estava bem situado, e
tinha um acesso fácil à sala de atividade e tinha o dobro
da dimensão desta. Para além das duas salas de aula,
divididas em 1º Ciclo do ensino básico e Jardim-deInfância, o edifício era também constituído por três
instalações sanitárias uma para os professores e duas para as crianças das quais uma era
para o 1º Ciclo e outra era para o Jardim-de-Infância, dividida em duas partes e com
uma sanita cada e dois lavatórios. Existia uma casa de arrumos comum à escola e ao
Jardim-de-Infância para armazenar brinquedos e demais materiais. Na parte de trás da
escola existia um coberto que dava acesso às instalações sanitárias, mas que no inverno
não podia ser utilizado pois, lateralmente, não estava tapado deixando entrar chuva e
frio.
Reflexão
A organização dos espaços assenta em alguns princípios do Movimento Escola
Moderna (MEM). Este modelo pedagógico implica uma dinâmica de organização
cooperada e onde cada criança participa ativamente com tempos, espaços e instrumentos
próprios para que desta forma se organizem como grupo. No nosso entender o espaço
educativo estava bem organizado, por áreas de trabalho, de modo a que as crianças
pudessem realizar atividades escolhidas e por uma área polivalente para trabalhos em
grupo. A opção e realização das atividades implicavam um compromisso e
responsabilidade por parte de cada criança. Quanto aos materiais, estes estavam ao
alcance e disposição das crianças para as tornar cada vez mais autónomas. Com esta
organização permitimos às crianças frequentarem sozinhas as áreas de trabalho. A sala e
hall eram assim diariamente embelezados e enriquecidos com as produções do grupo.
Caracterização do Grupo de Crianças
O grupo de crianças que frequentava o Jardim-de-Infância de Constantim era
constituído por 9 crianças. Era um grupo heterogéneo, com idades compreendidas entre
24
Revisão da Literatura
o 3 e os 5 anos de idade e constituído por 2 crianças do sexo feminino e 7 do sexo
masculino.
Quadro 5 – Caracterização do Grupo
Rapazes
Raparigas
Total
7
2
9
25
20
15
Crianças
10
5
0
Rapazes
Raparigas
Total
Gráfico 1 – Caracterização do Grupo
Da leitura do gráfico acima mencionado, podemos constatar que o grupo foi
constituído maioritariamente por crianças do sexo masculino e apresentava uma
frequência menor do sexo feminino.
25
Revisão da Literatura
22,2%
Raparigas
Rapazes
77,7%
Gráfico 2 – Percentagem de crianças segundo o sexo
Pelo gráfico acima referenciado, 77,7% do grupo de crianças é do sexo
masculino. Por sua vez, 22,2% são raparigas.
Quadro 6 – Nível etário das crianças
Crianças
Idades
4
5
3
3
2
4
8
7
6
Crianças
Idades
5
4
3
2
1
0
Gráfico 3 – Nível etário das crianças
26
Revisão da Literatura
Dos dados apresentados podemos agrupar as idades das crianças em três níveis
etários, ou seja, temos 4 crianças com 5 anos de idade; 2 crianças de 4 anos de idade e
por fim 3 crianças de 3 anos de idade.
Quadro 7 – Número de Irmãos
Número de irmãos
Número de crianças
0
2
1
6
3
1
Analisando o quadro 7 verifica-se que 2 crianças não tinham irmãos, 6
crianças tinham 1 irmão e 1 criança tinha 3 irmãos.
Quadro 8 – Frequência no Jardim-de-Infância
Frequência no Jardim Número de crianças
1ª Vez
4
2ª Vez
2
3ª Vez
3
10
9
8
7
6
Crianças
5
4
3
2
1
0
1ª vez
2ª vez
3ª vez
Gráfico 4 – Frequência no Jardim-de-Infância
27
Revisão da Literatura
Analisando o quadro 8 e o gráfico 4 constatamos que 4 crianças frequentaram o
Jardim-de-Infância pela primeira vez, 2 crianças frequentaram-no pela segunda e 3
crianças frequentaram-no pela terceira vez.
Quadro 9 – Transporte para a Escola
Transportes para a escola
Número de crianças
A pé
1
Carro
8
Através do quadro podemos verificar que 8 crianças vinham para o Jardim-deInfância de carro e 1criança vinha a pé.
Quadro 10 – Local onde vivem as crianças
Local
Número de crianças
Vale de Nogueiras
1
Constantim
5
São Pedro
1
Paúlhe
1
Fonteita
1
Da análise do quadro verificou-se que 5 crianças viviam em Constantim, sendo
que as restantes distribuíam-se pelas localidades de Vale de Nogueiras, São Pedro,
Paúlhe e Fonteita.
28
Revisão da Literatura
Caraterização do Grupo de Crianças
(Segundo as áreas de conteúdo das OCEPE)
Área de Formação Pessoal e Social
Apresenta um conteúdo transversal, presente em todas as outras áreas, e é uma
área integradora. Segundo o Ministério da Educação (1997), tem a ver com a forma
como a criança se relaciona consigo própria, com os outros e com o mundo, num
processo que implica o desenvolvimento de atitudes e valores. Esta área deverá auxiliar
a promover nas crianças atitudes e valores que lhes permitam tornar-se adultos
conscientes, solidários e habilitando-os para a resolução de problemas da vida.
O Ministério da Educação (1997) vai ainda mais longe referindo que a relação
que o educador estabelece com cada criança, a forma como a valoriza e respeita,
estimula e encoraja os seus progressos, contribuem para a autoestima da criança e
constituem um exemplo para as relações que as crianças estabelecerão entre si.
Em relação a esta área é importante referir que:
- As crianças manifestavam impaciência ou prazer diante de determinadas
situações
- Modificavam várias vezes de postura corporal e realizavam movimentos faciais,
demonstrando desagrado;
- As crianças solicitavam os adultos para pequenos gestos como as idas à casa de
banho ou para limpar o nariz;
-Todas as crianças iam à casa de banho sozinhas mas algumas ainda não
conseguiam desapertar os botões;
- Todos conseguiam, com mais ou menos dificuldades, tirar o casaco, pendurá-lo,
assim como a mochila;
- Quase todas as crianças conseguiam colocar a palhinha no leite;
- Algumas crianças conseguiam calçar-se sozinhas quando os sapatos tinham
atacadores;
- A maior parte das crianças comiam o lanche sem necessitar da ajuda do adulto;
- Durante a realização das atividades, nem todo o grupo era autónomo,
necessitando com alguma frequência do adulto ou mesmo dos colegas mais
velhos;
29
Revisão da Literatura
- Quanto ao cuidado com os materiais da sala, as crianças mais velhas ajudavam
sempre os mais novos nessas tarefas, principalmente na hora de arrumar;
- As crianças chamavam à atenção das outras quando alguma coisa se encontrava
fora do lugar. Normalmente as crianças mais velhas ajudavam as crianças mais
novas a arrumar as coisas no sítio certo;
- As crianças mais pequenas mostravam dificuldades em terminarem uma
atividade quando esta era mais elaborada;
- Ficavam impacientes quando esperavam por algo, ou na ajuda de uma atividade,
ou na preparação de algum trabalho, chamando constantemente pelo educador;
- A relação que o grupo estabeleceu com os adultos da sala era boa, apesar de
existirem algumas crianças que eram mais dependentes deles. Normalmente
aceitavam bem as propostas dos adultos;
- Todas as crianças se relacionavam bem com os seus colegas. Era um grupo
carinhoso, afetivo e todos amigos uns dos outros. Nota-se por parte das crianças
mais velhas uma grande proteção e preocupação com as crianças mais novas;
- Todas demonstravam gostar imenso de brincar/jogar no exterior.
Área de Expressão/Comunicação
Para o Ministério da Educação (1997), esta área engloba as aprendizagens
relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simbólico que determinam a
compreensão e o progressivo domínio de diferentes formas de linguagem. Apenas nesta
área podemos distinguir diversos domínios estreitamente ligados, todos relacionados
com as aprendizagens dos códigos essenciais à comunicação com os outros. Isto é:
- Domínio das expressões: motora, dramática, plástica e musical;
- Domínio da linguagem oral e abordagem à escrita;
- Domínio da matemática.
30
Revisão da Literatura
Domínio da Expressão Motora
O grupo gostava muito de fazer jogos orientados, mas também gostava de
brincar livremente. A nível de postura corporal/equilíbrio, a maior parte das crianças
conseguiam deslocar-se com facilidade, corriam, saltavam a pés juntos e transpunham
obstáculos sem grandes problemas, exceto as mais pequenas que ainda tinham
dificuldades. Gostavam de fazer exercícios de expressão corporal e de ritmo,
reproduzindo gestos, imitando movimentos que envolviam todo corpo ou algumas
partes. Esta era uma atividade que todos gostavam de fazer. Assim, às sextas-feiras e
por opção do grupo realizávamos danças e jogos pré-desportivos.
Domínio da Expressão Plástica
Gostavam de realizar atividades plásticas, explorando materiais e gostavam de
materiais novos, saber como funcionavam, para que serviam. Dependendo da atividade
plástica que era realizada, o grupo necessitava de mais ou menos ajuda na realização do
trabalho e na utilização dos materiais. Adoravam pintura e colagens e os mais pequenos
ainda não conseguiam manipular muito bem o pincel, nem dosear a cola e tintas mas
tentavam e foram melhorando até ultrapassar esse obstáculo. Todas as crianças
identificavam as cores sem dificuldade, exceto as mais pequenas. Algumas crianças já
pintavam sem sair dos contornos. Algumas crianças tinham dificuldade em recortar, em
segurar corretamente na tesoura. Havia crianças que nem sempre mostravam confiança
nas suas potencialidades, e o “não consigo” vencia a tentativa de concretizarem as
atividades. Porém, quando realizavam algum trabalho que consideravam que estava
bonito ou bem feito, demonstram uma enorme satisfação, querendo mostrá-lo a todo o
grupo.
Domínio da Expressão Musical
Todas as crianças demonstraram gostar de cantar e aprender músicas novas. As
crianças conseguiam memorizar as músicas, umas com mais facilidade do que outras.
As crianças demonstravam gostar de cantar com o acompanhamento de gestos.
31
Revisão da Literatura
Conseguiam reproduzir os gestos, umas com mais facilidade do que outras. As crianças
mais velhas, já conseguiam cantar e bater palmas seguindo o ritmo da canção,
identificando e reproduzindo sons.
Domínio da Expressão Dramática
Referindo o Ministério da Educação (1997), é um meio de descoberta de si e do
outro, de afirmação, de relação com os outros que corresponde a uma forma de se
apropriar de situações sociais.
As crianças gostavam de brincar na casinha, desenvolvendo o jogo simbólico,
onde criaram situações do quotidiano de uma família, retratando as suas vivências.
Gostavam de inventar e recriar histórias. Eram capazes de imitar animais utilizando voz
e movimento. As crianças criavam livremente brincadeiras e jogos.
Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita
O grupo demonstrou muitas dificuldades em comunicar e expressar-se
corretamente, isto em relação às crianças mais novas, e a algumas das mais velhas que
foram até encaminhadas para a terapia de fala. Na hora das novidades, as crianças
gostavam de contar tudo aquilo que fizeram, mas as mais pequenas ainda estavam a
começar a dialogar em grande grupo. Houve uma criança de cinco anos na sala que teve
a ser acompanhada na terapia este ano e também em Pedopsiquiatria, pois tinha
diagnóstico comprovado de hiperatividade com défice de atenção. Existiam ainda outras
crianças neste grupo que apenas falavam quando eram solicitadas, limitando-se a
responder às questões colocadas. Quanto ao interesse em ouvir explicações dos adultos,
o grupo dividia-se: algumas crianças interessavam-se por ouvir o que era dito, mas
depois quando estavam muito tempo concentrados, começavam a distrair-se. Outras
crianças demonstravam algumas dificuldades em estar concentradas e ouvir uma
explicação até ao fim. O grupo não demonstrava dificuldades em compreender o que se
dizia dentro da sala a nível de explicações, tarefas e ordens. Todas as crianças mais
velhas conseguiam escrever o seu nome. As mais novas faziam tentativas de copiar.
32
Revisão da Literatura
Todas as crianças gostavam de ouvir histórias, assim como observar as imagens, tanto
nos livros como no computador era como se fosse um mundo mágico.
Domínio da Matemática
Na Matemática, as crianças espontaneamente desenvolvem noções matemáticas
a partir das vivências do dia-a-dia. As estruturações destas noções fundamentam-se na
vivência do espaço e do tempo, partindo de atividades espontâneas e lúdicas das
crianças. Por essa razão tivemos na sala, puzzles, dominós, blocos lógicos, o “tangram”
e outros jogos de classificação, para formarem conjuntos, seriarem, ordenarem e
formarem diversos padrões, em conjunto com a exploração das situações dos seus
quotidianos, foram úteis para que as crianças desenvolvessem noções matemáticas.
Estes jogos tornam-se recursos indispensáveis para fundamentar aprendizagens
matemáticas. O educador também deverá estar atento e provocar. Segundo o Ministério
da Educação (1997), as situações problemáticas que permitam que as crianças
encontrem as suas próprias soluções, que as debatam com outra criança, num pequeno
grupo, apoiando a explicitação do porquê da resposta e que todas as crianças tenham
oportunidade de participar no processo de reflexão.
O educador deve estimular o desenvolvimento do raciocínio e do espírito crítico.
Quanto à orientação no tempo, algumas crianças tinham dificuldades no que diz respeito
a antes/depois, ontem/amanhã. Algumas das crianças ainda não identificavam as quatro
formas geométricas mais elementares (quadrado, triângulo, retângulo e círculo), daí que
tivéssemos esse facto em atenção e trabalhássemos as formas em várias atividades.
Todas as crianças gostavam de jogar, manipular objetos, concentrando-se sozinhas ou a
pares, a realizarem puzzles e construções. Todo o grupo conseguia contar até 10, mas 4
crianças que já contavam até 20. Gostavam de realizar pequenos jogos com os materiais
existentes na sala. Utilizavam o corpo como meio de aprendizagem (contar os dedos,
contar os olhos, etc.).
33
Revisão da Literatura
Área de Conhecimento do Mundo
Referindo o Ministério da Educação (1997), esta área enraíza-se na curiosidade
natural da criança e no seu desejo de saber e compreender o porquê. A área do
conhecimento do mundo deverá ser uma sensibilização às ciências, que poderá estar
mais ou menos relacionada com o meio próximo, mas que aponta para a introdução a
aspetos relativos a diferentes domínios do conhecimento humano: a história, a
sociologia, a geografia, a física, a química e a biologia.
As crianças gostavam muito de aprender, descobrir coisas e situações novas.
Quando aprendiam alguma coisa de novo mostravam-se interessadas, entusiasmadas e
participativas. No meio envolvente, as crianças identificavam algumas infraestruturas
existentes. As crianças identificavam a sua casa, onde moravam e com quem moravam.
As crianças mais velhas enumeravam o agregado familiar. Gostavam de trabalhar com
as novas tecnologias e solicitavam-nas.
34
3. A Atividade Educativa
em Jardim-de-Infância
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
3. A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
Só se pode falar em atividade educativa no Jardim-de-Infância se tivermos
conhecimento da Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar principalmente do “Princípio
Geral” e dos “Objetivos da Educação Pré-escolar” referidos no artigo 10º, que nos
reporta para o documento “Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar” que
explicita, pormenorizadamente, aquele princípio e os objetivos que dele advêm. Assim a
atividade educativa parte do reconhecimento da criança como sendo o sujeito do
processo educativo, valorizando os seus saberes e neles fundamentando as novas
aprendizagens. Privilegia-se, deste modo, a cooperação no grupo, promove-se o
crescimento pessoal e social da criança e favorece-se a aquisição gradual da sua
consciência como cidadão. Neste perspetiva, é fundamental que a aprendizagem se
inicie a partir dos saberes de cada criança para promoção de novas aprendizagens e
através de experiências diferenciadas interligando com pares e adultos. Assim
formamos adultos responsáveis e respeitadores das diferenças dos outros.
Orientações Curriculares
As Orientações Curriculares dividem-se em duas partes. A primeira, trata
“Princípios Gerais e Objetivos Pedagógicos enunciados na Lei-Quadro”, fazendo
referência ao princípio geral já referido, que define a Educação Pré-Escolar como a
primeira etapa da educação básica, complementar da ação educativa da família, enuncia
os objetivos pedagógicos decorrentes daquele princípio geral. Referem ainda os
fundamentos e organização das Orientações Curriculares e apresentam as orientações
globais para o educador. A segunda parte denomina-se “Intervenção Educativa”, aborda
os temas Organização do ambiente educativo, Áreas de conteúdo, Continuidade
educativa e Intencionalidade educativa. Assim, como já verificámos, é do Princípio
Geral estabelecido pela Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar que advêm todos os
objetivos gerais pedagógicos definidos para a Educação Pré-Escolar. Torna-se, então
para nós, fundamental analisar esses objetivos e o modo como eles se traduzem nas
Orientações Curriculares:
36
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
1) Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança com base em
experiências de vida democrática numa perspetiva da educação para a cidadania. Este
primeiro objetivo informa o educador do quanto é importante que a aprendizagem parta
dos saberes de cada criança. Estimulando a interação com o grupo, ensinando o respeito
por si mesmo e pelos outros, promove-se assim uma educação para a vida em
sociedade;
2) Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela
pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência como membro da
sociedade. Este objetivo completa o primeiro, uma vez que a interação com os outros (o
grupo), com as suas diferenças culturais e sociais, contribui para formar o indivíduo
como cidadão, capaz de participar ativamente na sociedade;
3) Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o
sucesso da aprendizagem. Este objetivo aponta para um processo pedagógico tendo em
conta o grupo na sua diversidade, com vista ao desenvolvimento da autoestima e da
autoconfiança de todas as crianças, transmitindo as condições necessárias para abordar
com sucesso a etapa seguinte;
4) Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas
características individuais, incutindo comportamentos que favorecem aprendizagens
significativas e diferenciadas. Este objetivo aponta para respeitar e valorizar as
características individuais de cada criança, com a sua cultura e os seus saberes próprios,
como sujeito do processo educativo. A possibilidade de usufruir de experiências
diversificadas, num contexto com outras crianças e adultos, permite que cada criança vá
aprendendo e vá contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagens dos outros;
5) Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas
como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do
mundo. O enunciado deste objetivo encaminha para o conteúdo das áreas de Expressão
e Comunicação e Conhecimento do Mundo. Deste modo a primeira constitui uma área
básica que contribui simultaneamente para a Formação Pessoal e Social e para o
Conhecimento do Mundo;
6) Despertar a curiosidade e o pensamento crítico. É um dos objetivos que pode
ser concretizado nas diferentes áreas de conteúdo que se articulam numa formação
global. Devem-se proporcionar atividades e situações que levem a criança à exploração
e à descoberta, constituindo-se assim momentos privilegiados para despertar a
curiosidade e o gosto por aprender;
37
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
7) Proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança, nomeadamente
no âmbito da saúde individual e coletiva. O bem-estar e segurança dependem em grande
parte do ambiente educativo, em que a criança se sinta acolhida, escutada e valorizada,
o que contribui para aumentar a sua autoestima e o seu bem-estar físico e psicológico;
8) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e
promover a melhor orientação e encaminhamento da criança. A deteção prematura das
deficiências ou precocidades, aliada a uma pedagogia diferenciada, promove a inclusão
de todas as crianças no grupo, promove a igualdade de oportunidades e a aceitação e o
respeito pela diferença. A escola assume um papel de grande responsabilidade que
poderá ser determinante para o futuro de uma criança como cidadão;
9) Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer
relações de efetiva colaboração com a comunidade. Partindo do conhecimento do meio
familiar e da cultura de cada criança, a Educação Pré-Escolar pode tornar-se mediadora
entre as culturas de origem das crianças e a cultura a que terão de se adaptar para terem
uma aprendizagem com sucesso.
O documento “Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar” foca
outro importante tema, as Orientações Globais para o educador, que orientam a
intervenção profissional do educador de infância, que passa por diversas etapas
interligadas que vão acontecendo e aprofundando, o que pressupõe: observar cada
criança e o grupo, planear todo o processo educativo em função do que sabe sobre o
grupo e de cada criança, agir ou concretizar na ação as suas intenções, avaliar todo o
processo e os efeitos, comunicar todo o conhecimento que adquire da evolução de cada
criança, articular ou promover a continuidade educativa, constituindo todos estes
instrumentos etapas interligadas e contínuas do processo educativo.
Observar cada criança e o grupo – “Observar cada criança e o grupo para
conhecer as suas capacidades, interesses e dificuldades, recolher as informações sobre
o contexto familiar e o meio em que as crianças vivem (…) o conhecimento da criança e
da sua evolução ” (Ministério da Educação, 1997, p.25). Com esta observação o
educador pode adaptar a sua atividade educativa ao grupo e a cada criança,
compreender os seus interesses e dificuldades, e planear o desenvolvimento das suas
potencialidades.
Planear o processo educativo para concretizar na ação as intenções educativas –
“Planear implica que o educador reflita sobre as suas intenções educativas (...)”
(Ministério da Educação, 1997, p.25). O planeamento a partir do conhecimento da
38
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
criança e do grupo, bem como do contexto familiar e social, auferido pela observação
atenta e continuada, permite criar um ambiente estimulante de desenvolvimento e
promover aprendizagens significativas. Cabe, ao educador, planear situações de
aprendizagem desafiadoras, para captar e estimular cada criança, ou optar por fazer o
planeamento com a participação das crianças. Este processo permite ao educador fazer a
previsão e a organização de recursos bem como a articulação entre as diferentes áreas
de conteúdo.
Agir – “Concretizar na ação as suas intenções educativas, adaptando-as às
propostas das crianças e tirando partido das situações e oportunidades imprevistas”
(Ministério da Educação, 1997, p.26). Envolver quer o grupo quer a comunidade (pais,
famílias, técnicos auxiliares, outros docentes, etc.) é uma forma de alargar as interações
das crianças e uma maneira de engrandecer o processo educativo.
Avaliar o processo e os efeitos – “Implica tomar consciência da ação para
adequar o processo educativo às necessidades das crianças e do grupo e à sua
evolução” (Ministério da Educação, 1997, p.26). A avaliação efetuada com o grupo de
crianças é uma atividade educativa, constituindo também uma base de avaliação para o
educador.
Comunicar – “O conhecimento que o educador adquire da criança e do modo
como esta evolui é enriquecido pela partilha com outros adultos (…)” (Ministério da
Educação, 1997, p.26). A troca de opiniões com os pais permite um melhor
conhecimento da criança e de outros conceitos que influenciam a sua educação.
Articular – “Cabe ao educador promover a continuidade educativa….em
colaboração com os pais e em articulação com os colegas do 1º ciclo (…)” (Ministério
da Educação, 1997, p.27). É fundamental que o educador assegure e fomente a
continuidade educativa e o percurso para a escolaridade obrigatória. É também função
do educador proporcionar condições para aprendizagens com sucesso na etapa seguinte,
nomeadamente através da colaboração com as famílias e com os docentes.
Planificação
Planificar significa para nós transformar uma ideia numa ação. Para Vasconcelos
(1991), planear é coordenar um conjunto de ações entre si, em ordem a obter um
determinado resultado. Para alcançarmos as metas a que nos propomos, devemos
39
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
delinear e fazer uma previsão da ação, isto é, devemos projetar.
Segundo Escudero, citado por Zabalza (1997), planificar é prever possíveis
cursos de ação de um fenómeno e plasmar de algum modo as nossas previsões, desejos,
aspirações e metas num Projeto que seja capaz de representar, dentro do possível, as
nossas ideias acerca das razões pelas quais desejaríamos conseguir, e como poderíamos
levar a cabo, um plano para as concretizar.
A partir do conhecimento do grupo, o educador parte para a planificação do
processo educativo. Assim promoverá um ambiente estimulante de desenvolvimento
que origine aprendizagens significativas e diversificadas.
Planificar implica a reflexão sobre intenções educativas e as formas de as
adequar ao nosso grupo; Facilita a previsão e a organização dos recursos; Possibilita a
articulação entre todas as áreas de conteúdo e; Promove a partilha e interação do grupo
o que origina a aprendizagem e o desenvolvimento. Planificar torna-se uma
necessidade, é um apoio indispensável para o educador desenvolver o seu trabalho
auxiliando-o, levando-o a refletir e avaliar em tudo o que faz de forma a progredir ou
reajustar o processo ou a sua prática educativa. O educador deve encontrar o seu modelo
de planificação, pois existem diferentes maneiras de planificar. Para Vasconcelos (1991)
compete a cada educador encontrar o seu modelo, procurando tornar coerente o seu
modo de pensar e de agir, os seus valores em articulação com aquilo que o
conhecimento nos diz sobre as crianças.
Avaliação
A avaliação na Educação Pré-escolar tem o papel importante na verificação e
eficácia da ação educativa, contribuindo para a sua inovação com o objetivo de
aperfeiçoar, cada vez mais e melhor, os processos de desenvolvimento das crianças.
Para Ferreira (2007) ter diferentes sentidos e ser aplicada em várias situações e
contextos de vida quotidiana, também na educação pode ter finalidades e funções
distintas que vão desde o currículo ao processo de ensino-aprendizagem, aos Projetos
desenvolvidos na escola. Desta forma consideramos que a avaliação é complexa, porque
avaliar abarca diferentes domínios.
Avaliar é um método que pressupõe a capacidade de questionar o nosso modo de
trabalhar e de agir, os nossos comportamentos e as nossas propostas. Ao avaliarmos não
40
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
o devemos fazer apenas em relação à evolução do grupo mas também ao programa, à
prática pedagógica, ao Projeto e à sua intervenção educativa. Para Bassedas, Huguet e
Solé (1999), a avaliação serve para valorizar o que acontece quando colocamos em
prática o programa que planejamos previamente e para verificar se é preciso modificar
ou não determinadas atuações.
Ao planearmos temos o propósito de alcançar objetivos. Depois são realizadas as
atividades para as crianças atingirem os objetivos, quer gerais quer específicos. Por essa
razão temos de observar se as crianças atingem ou não esses objetivos. Avaliar significa
analisar se os objetivos foram alcançados pela criança e intervir para modificar e
melhorar a prática. Segundo Bassedas, Huguet e Solé (1999), a avaliação é importante
para valorizar quando se realiza uma atenção adequada à diversidade das crianças que
formam o grupo e se estamos a proporcionar experiências pertinentes que as ajudam a
avançar e a desenvolver-se.
Currículo
Zabalza (1994) diz que o Currículo é o conjunto dos pressupostos de partida, das
metas que se deseja alcançar e dos passos que se dão para as alcançar; é o conjunto de
conhecimentos, habilidades, atitudes que são consideradas importantes para serem
trabalhados na escola, ano após ano. Este autor refere ainda que o professor deverá
provar, em termos científicos, as decisões tomadas e deve conhecer os meios que o
levam à prática para que se obtenha bons resultados de aprendizagens com o grupo de
crianças e, eventualmente, proceder a alterações, se necessário. Contudo, para Spodek
(1993) as experiências organizadas proporcionadas às crianças são feitas num
enquadramento escolar. Para este autor são as próprias crianças que originam o
Currículo. A circular do Ministério da Educação sobre Gestão do Currículo na
Educação
Pré-escolar
(Circular
nº17/DSDC/DEPEB/2007),
diz-nos
que
o
desenvolvimento curricular é da responsabilidade do educador, que este deve prever e
organizar o tempo estruturado e flexível para que todos os momentos tenham sentido
para o grupo de crianças, com o objetivo de promover processos de desenvolvimento e
de aprendizagens pensadas e organizados com intenção pelo educador. Nesta circular,
há dois documentos de apoio para organização e gestão do currículo:
41
A Atividade Educativa em Jardim-de-Infância
• Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola – que define as estratégias de
desenvolvimento
do
Currículo,
visando
adequá-lo
ao
contexto
de
cada
estabelecimento/escola ou de Agrupamento e integrado no respetivo Projeto Educativo;
• Projeto Curricular de Grupo/Turma – que define as estratégias de concretização
e de desenvolvimento das orientações curriculares para a Educação Pré-Escolar e do
Projeto Curricular de Estabelecimento/Escola, visando adequá-lo ao contexto de cada
grupo/turma. A organização do Currículo auxilia o educador a operacionalizar as
orientações curriculares contribuindo para alterar positivamente a perceção social da
importância do Ensino Pré-escolar.
Zabalza (1994) diz que a existência de Currículos que valorizem a Educação Préescolar e difundam esta perspetiva contribui para o reconhecimento, pela sociedade, do
direito das crianças a uma educação de qualidade antes da sua entrada na escolaridade
obrigatória e para o reforço da posição da Educação Pré-escolar na perceção social e na
própria organização do sistema educativo. Assim na construção de um Currículo
pretendemos definir orientações globais que sejam explícitas e que apoiem a prática
pedagógica dos educadores.
42
4. Modelo Pedagógico Adotado
Modelo Pedagógico Adotado
4. Modelo Pedagógico Adotado
O modelo pedagógico adotado por nós é o Movimento Escola Moderna (MEM).
Pela nossa passagem ao longo de alguns anos, por vários Jardim-de-infância enquanto
educadora de apoio pode-se constatar que é um método bastante utilizado até no 1º
Ciclo do ensino básico com o qual nós não só concordamos como apoiamos. O modelo
do MEM assenta, desde 1966, na autoformação cooperada entre docentes cujas práticas
educativas constituem ensaios estratégicos e metodológicos apoiados por uma reflexão
teórica contínua e uma forte componente de interação com as famílias e comunidade
educativa, baseada numa herança sociocultural que é redescoberta com o apoio dos
pares e dos adultos. Os docentes que se associam a este modelo, para Grave-Resendes e
Soares (2002), põem em prática metodologias ativas e diferenciadas de trabalho
pedagógico, que fomentam a participação democrática dos educandos, tanto na vivência
em cooperação na sala de aula como nos contextos da vida escolar.
Partindo sempre das necessidades e interesses do grupo de crianças e partilhando
com ele a gestão dos conteúdos, dos tempos e dos recursos. Este modelo afirma-se, tal
com é referido por Grave, Resendes e Soares (2002), sociocêntrico, cuja prática
democrática da gestão dos conteúdos, das atividades, dos materiais, do tempo e do
espaço se fazem em cooperação. A participação dos alunos na organização, gestão e
avaliação cooperadas de toda a vida da turma constitui um exercício de cidadania
democrática ativa.
Neste modelo as crianças/alunos participam na organização, gestão e na
avaliação do dia-a-dia do grupo originando um exercício de cidadania democrática
ativa. Com estratégias de aprendizagem, valoriza-se o ensino mútuo e cooperativo o que
implica um reforço no sentido de cooperação de forma a contribuir para o
desenvolvimento educativo e social da criança, isto é, a criança tem de fazer para
aprender visto ser através da ação que ela descobre, compreende e se desenvolve. Para
Grave, Resendes e Soares (2002), a pedagogia deste modelo distingue-se pelo modo
como organiza e gere a vida da sala, ou seja, pela forma como considera a opinião de
cada criança e pela forma como respeita as decisões tomadas em conjunto.
As aprendizagens realizam-se através do fazer da experiência, da interação
cooperada, pela participação de todos e pela partilha entre todos. Este modelo concebe
um ambiente na sala de pertença, segurança, o que permite a comunicação e a partilha
44
Modelo Pedagógico Adotado
de sentimentos, tendo como objetivo estimular a curiosidade natural da criança
promovendo a sua autonomia e auxiliando-a no seu processo de formação como
individuo e como cidadão, desenvolvendo as competências de saber ser, saber aprender
e saber fazer. Desta forma, este tipo de aprendizagem democrática origina a liberdade
de pensamento e a expressão na criança que vai permitir encaminhar as aprendizagens
conforme as capacidade e as necessidades e, simultaneamente, proporciona um
ambiente que leva a criança à descoberta, à resolução de problemas e ao trabalho de
grupo. O modelo pressupõe que o espaço educativo seja organizado em função dos
conceitos
de
ensino-aprendizagem
para
permitir
que
as
crianças
realizem
simultaneamente atividades várias em diferentes métodos de trabalho quer em pequeno
grupos quer em pares, individualmente ou em coletivo.
O ambiente da sala deverá ser estimulante e agradável sendo que as paredes são
utilizadas como expositores constantes das produções das crianças para desta forma,
também, embelezar a sala. Em relação às atividades, este modelo apresenta dois
períodos de tempo diferentes: período da manhã e período da tarde. Neste modelo
pedagógico a planificação de todo o trabalho, bem como a sua avaliação, realizam-se
diariamente em reunião de cooperação pelas crianças e pelo educador. Pensamos que o
educador no MEM é considerado como um executador indispensável da educação
incitando o exercício de valores, a autonomização e a colaboração. Pensamos também
que é um promotor da organização participada tendo a responsabilidade de incentivar a
expressão individual da criança, a sua atividade em grupo num espírito de entreajuda e
cooperação. Tem ainda a responsabilidade o desenvolvimento da socialização da
criança, a valorização do pensamento lógico e das iniciativas em relação à leitura e
escrita através das interações estabelecidas diariamente. Tem ainda a função de gerir e
guiar as atividades, as descobertas, as dificuldades apoiando e compreendendo a criança
nas diferentes tarefas e adequando sempre o processo ensino-aprendizagem ao
conhecimento prévio da mesma.
Concluindo, pensamos que as crianças ao serem envolvidas neste Sistema de
Educação Pré-escolar têm um importante papel de promoção e de uma organização
participada tanto por elas como o educador. A criança estimula a cooperação e torna-se
ouvinte ativo, com expressão livre e uma atitude crítica, sendo responsáveis por manter
e estimular a autonomia.
45
5. Modos e
Instrumentos de Avaliação
Modos e Instrumentos de Avaliação
5. Modos e Instrumentos de Avaliação
Podemos afirmar que a avaliação em Jardim-de-Infância é tão importante como
em qualquer outro nível de ensino. Para Zabalza (2000) torna-se desta forma uma peça
fundamental no trabalho dos bons profissionais de educação, desde que se afaste dessa
imagem convencional e redutora em que avaliar é dar notas, avaliar é examinar, avaliar
é estar obcecados com o rendimento e pela consecução de umas metas impostas, avaliar
é medir as crianças, avaliar é comparar e introduzir diferenças entre os pequenos.
É importante dizermos que neste modelo pedagógico é na constante interação
entre educador e grupo de crianças que surge a observação formativa. Para além desta
há ainda os documentos que nos dão a regulação formadora, registos coletivos e
individuais de produções do grupo de crianças. A planificação em grande grupo, o mapa
de tarefas, as rotinas, o mapa das presenças, o mapa de comportamento, o mapa de
tempo, os Projetos e os Projetos emergentes, o diário de grupo. Temos ainda outras
fontes que nos dão informação e observação que são as comunicações elaboradas por
todas as crianças do grupo no final de cada Projeto quando expõe ao 1º Ciclo do ensino
básico todos os passos pelos quais o grupo passou para desenvolver determinado
Projeto.
Assim a utilização deste tipo de informação dá origem a uma avaliação
cooperada, integrada na ação e nas aprendizagens. A participação dos pais/encarregados
de educação, também assume um papel importante no modelo pedagógico por nós
utilizado. Torna-se pertinente dizer que durante este ano letivo os pais/encarregados de
educação foram envolvidos, ao longo de todo o ano letivo, nos Projetos deste Jardim e
todos eles foram participantes ativos. Mensalmente vinham ao Jardim-de-Infância
trabalhar connosco ou faziam em suas casas atividades com os seus filhos relacionadas
com atividade do Projeto Leitura em Contexto Familiar ou ainda com Projetos
relacionados com a sala. No final, os pais/encarregados de educação apresentavam ao
grupo, juntamente com os seus filhos, os trabalhos desenvolvidos. Tiveram lugar várias
reuniões de pais/encarregados de educação que tinham como finalidade, de os envolver
e captá-los para fazerem também uma avaliação do trabalho realizado com o grupo ao
longo de todo o ano. Existiu assim um grande envolvimento com as famílias, que se
tornou enriquecedor para o desenvolvimento dos seus educandos.
47
6. Perfil do Desempenho
do Educador de Infância
Perfil do Desempenho do Educador de Infância
6. Perfil do Desempenho do Educador de Infância
O Perfil Específico de Desempenho Profissional do Educador de Infância diznos que o educador deve avaliar sempre formativamente a sua intervenção pedagógica,
o ambiente educativo e os processos que adotou; deve avaliar o desenvolvimento e as
aprendizagens de cada uma das crianças e do grupo de crianças em geral. Por estas
razões verifica-se que a avaliação na Educação Pré-escolar distingue-se da avaliação
tradicional, que se centra mais nos resultados do que nos processos.
A partir da observação de cada criança e do grupo conhecemos as suas
capacidades, interesses e dificuldades. Temos também que conhecer o contexto familiar
e o meio em que as crianças vivem para compreendermos as suas características e
adequarmos o processo educativo às necessidades do grupo. Fizemos uma avaliação
diagnóstica para elaborarmos o Projeto Curricular de Grupo. No entanto, a observação
contínua, recurso aos trabalhos e formas de registo das crianças foram fundamentais. À
medida que fomos conhecendo o grupo e cada criança, planeou-se o ambiente educativo
incluindo sempre a participação ativa das crianças neste processo. A avaliação e a
autoavaliação com o grupo serviram de referência e suporte ao planeamento. Podemos
assim afirmar que a avaliação do desenvolvimento/aprendizagem de cada criança é
imprescindível para planificarmos e implementarmos o Projeto Curricular. Segundo
Cardoso et al (1998) a avaliação emerge, assim, como um importante mecanismo de
regulação do processo educacional com potencial para beneficiar a aprendizagem da
criança individual e melhorar o programa é, nessa medida, um elemento fundamental de
trabalho dos profissionais de educação de infância competentes. Este autor refere ainda
que o educador deve definir um sistema de avaliação compreensivo, de acordo com as
suas conceções de educação e que integre, de forma articulada, os conteúdos do
currículo e estratégias de ensino/aprendizagem que aplica e ter em atenção o contexto
onde se desenvolve a aprendizagem.
Assim partilhamos da opinião de Guerra (2003) que defende que a avaliação é
um fenómeno que permite tornar claras todas as nossas conceções sobre a sociedade, as
instituições de ensino, a aprendizagem e a comunicação interpessoal. Reforça a ideia de
que avaliação envolve conceitos e versões com significados muito díspares.
49
Perfil do Desempenho do Educador de Infância
Importa ainda referir que no nosso Jardim-de-Infância existiam instrumentos de
avaliação, que designamos por “informantes da regulação formativa” Foram
instrumentos de trabalho utilizados ao longo do ano sendo analisados semanalmente
e/ou mensalmente ou seja, o diário de grupo, o plano de atividades, os mapas de tarefas,
presenças, comportamento e mapa de leite.
Com o apoio de todos estes instrumentos utilizados diariamente por todo o grupo
de crianças faziam-se as avaliações e discutia-se, com todo o grupo, o trabalho de toda a
semana e era onde surgiam as ideias para a semana seguinte. Desta forma verificámos
que tínhamos elementos para podermos avaliar e para as crianças se autoavaliarem. No
final, em conjunto, podia ocorrer uma avaliação permanente participada e objetiva em
que todos aprendiam e emitir a sua opinião, a aceitar críticas e a partilhar os seus
trabalhos e Projetos. Concluímos assim que no modelo pedagógico do MEM, a
avaliação é um sistema que se encontra totalmente integrado no próprio processo de
desenvolvimento da educação que este modelo vive diariamente. Concluímos ainda que
a função de regulação formativa e principalmente formadora desempenham um papel
fundamental.
50
7. Projeto Curricular de Grupo
Projeto Curricular de Grupo
7. Projeto Curricular de Grupo
Nos dias de hoje a qualidade do ensino e a capacidade de responder às situações
reais, mobilizando recursos locais, passa pelo envolvimento das escolas e dos seus
agentes na obtenção de respostas que se adaptem a contextos específicos e propiciem
uma formação coerente e objetiva para todas as crianças. Esta conceção engloba várias
situações e a flexibilização de percursos e meios de formação onde enquadramos
Projeto Educativo (PE), Projeto Curricular de Agrupamento (PCA) e Projeto Curricular
de Grupo (PCG). A Educação Pré-escolar, como não tem carácter obrigatório, engloba
um conjunto de orientações curriculares elaboradas pelo Ministério da Educação que
nos permitem uma maior flexibilidade pedagógica de acordo com as especificidades do
grupo, do meio e da comunidade educativa. Torna-se assim o educador o construtor e
gestor de um Projeto, fundamentado por este, a partir dos seus princípios, das
orientações curriculares e da situação onde se insere.
Assim, nesta etapa da educação há uma liberdade curricular que se revê nas
Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar. Segundo a Circular nº
17/DSDC/DEPEB (2007) o Desenvolvimento Curricular na Educação Pré-Escolar é da
responsabilidade do educador. A atividade educativa/letiva de 5 horas diárias deve
prever e organizar um tempo simultaneamente estruturado e flexível em que os
diferentes momentos tenham sentido para as crianças com a finalidade de proporcionar
processos de desenvolvimento e de aprendizagem pensados e organizados pelo
educador, intencionalmente. Ainda Segundo o Ministério de Educação (1997) o Projeto
Curricular de Grupo só faz sentido se elaborado com a equipa pedagógica, ouvindo os
saberes das crianças e das suas famílias e os desejos da comunidade e, também, as
solicitações dos outros níveis educativos.
O Projeto Curricular de Grupo organiza toda a atividade do Jardim-de-Infância
conferindo-lhe coerência e intencionalidade tendo sempre por base as orientações
curriculares, a realidade demográfica e o meio envolvente. Este Projeto elaborado em
conformidade com o Projeto Educativo deverá ser flexível, geral e abrangente
originando diversas opções educativas que proporcionem às crianças um contacto com a
cultura e os instrumentos que lhes vão ser imprescindíveis para a realização de uma
aprendizagem ao longo da vida. O educador, numa sala de Jardim-de-Infância e perante
52
Projeto Curricular de Grupo
um grupo de crianças, deve criar relações afetivas e de socialização que lhe vão permitir
executar um diagnóstico de competências/aprendizagens que estas possuam bem como
das suas necessidades e motivações. No parecer do Ministério da Educação (1997)
observar cada criança e o grupo para conhecer as suas capacidades, interesses e
dificuldades, recolher as informações sobre o contexto familiar e o meio em que as
crianças vivem, são práticas necessárias para compreender melhor as características das
crianças e adequar o processo educativo às suas necessidades.
Sempre com o suporte do Projeto Educativo e das Orientações Curriculares, o
educador define o Projeto que pretende desenvolver com o grupo tendo total
consciência de que é um instrumento de trabalho podendo ser alterado e/ou enriquecido
conforme as manifestações que as crianças demonstram. Quando procedermos a
alterações é sempre necessária a realização de auto e heteroavaliação, tanto pelo
educador como pelas crianças, promovendo-se o desenvolvimento do espírito crítico.
Para Figueiredo (2005) o Projeto Curricular de Grupo deve ser visto como um
instrumento de gestão pedagógica, no qual deve ser visível a reflexão e a análise dos
processos de ensinar e de fazer aprender/desenvolver.
Identificação das Necessidades e Interesses
A análise que passamos a apresentar resultou da observação do grupo de
crianças e de cada uma em particular, além de utilizarmos uma grelha global de
avaliação diagnóstica. Sempre tentámos privilegiar todas as situações em interação, em
contexto e a observação do comportamento das crianças, bem como os seus
desempenhos nas atividades ou tarefas propostas, as produções, os diálogos das crianças
sobre e/ou durante as atividades e registos de observação que fomos recolhendo
constituem um dos nossos dados.
Também estabelecemos várias conversas formais e informais com todos os
pais/encarregados de educação principalmente nas situações que entendemos necessitar
de mais informação ou de uma melhor articulação em termos de intervenção, visto não
termos dados suficientes no Jardim-de-Infância e, num caso mais específico, mandamos
relatórios à Pedopsiquiatra de uma criança, e também falamos quinzenalmente com a
53
Projeto Curricular de Grupo
Terapeuta de fala da criança em questão pois só trabalhando em equipa e interligando as
atividades podemos esperar bons resultados. E foram estes elementos que nos levaram a
identificar os interesses e necessidades e a estabelecer as nossas opções educativas e
intenções de trabalho para este ano letivo.
O grupo de crianças do Jardim-de-Infância de Constantim era muito peculiar,
onde a diversidade de comportamentos adotados nas diferentes situações era muito
distinto. A nível de criatividade geral, o grupo apresentava um nível médio. A
criatividade coletiva era verificada nas produções que realizavam a nível do desenho,
onde o grupo em geral apresentava produções muito ricas de cor, forma e temas. As
brincadeiras nos diferentes espaços, eram bem-dispostas, criativas e animadas. Quando
se encontravam em atividades livres, no espaço dos jogos de construção, realizavam
construções engraçadas que, na minha opinião, tinham bastante criatividade, capacidade
de imaginação e combinação entre as diferentes peças. No grupo existia uma
contradição muito grande em termos de autonomia e responsabilidade, caracterizava-se
autónomo em tudo o que fazia e realizava, quer nas tarefas a desempenhar ao longo do
dia (em geral), quer nos hábitos de rotina. Apesar do grupo, na sua maioria, se ter
apresentado autónomo, ainda apresentava dificuldades de nível da responsabilização, ou
seja, a maioria das crianças quando estavam nas suas brincadeiras, em atividades livre,
não tinham a iniciativa de arrumar o que desarrumavam. Uma parte do grupo era
autónoma nos momentos de rotina instituídos. Por exemplo, utilizavam a casa de banho
sozinhos, sendo necessário apenas ajudar os mais novos a desapertar ou apertar os
botões. Na hora do lanche iam buscar as suas mochilas de onde retiravam o seu lanche e
algumas das crianças mais novas vestiam e despiam os seus casacos.
O grupo, por vezes na realização de atividades, quando não lhes apetecia
trabalhar parecia que deixavam de ser autónomos e diziam que não sabiam o que fazer
(em vez de dizerem que não lhes apetecia fazer e queriam era ir brincar). Em relação à
responsabilidade foi algo que tentámos incutir, pois além das várias regras da sala e os
mapas que tinham para preencher, o Quadro de Tarefas permitia controlar os
esquecimentos. Não era um grupo que gostasse muito de arrumar o que desarrumava,
como já anteriormente referimos, deixava trabalhos para terminar, e por vezes
esqueciam as tarefas a cumprir ao longo do dia (no entanto julgamos que este facto foi
ultrapassado gradualmente). O poder de concentração deste grupo era razoável na sua
grande maioria. E foi mais ou menos fácil incutir regras.
54
Projeto Curricular de Grupo
Quanto à participação, atividade e dinamismo, era um grupo que, quando queria
e estava disposto a trabalhar, reunia sem dificuldade estas três características. A
participação nas diferentes atividades orientadas era de grande entusiasmo, mas estas
tinham que incidir em temas que os cativassem. Daí resultaram produções muito
bonitas. No entanto, quando isto não acontecia, começavam a dispersar e a distraíremse. Face a esta situação, tentámos sempre aproveitar as suas ideias para desenvolver as
atividades, pois assim sentir-se-iam mais integrados na realização das mesmas. O
dinamismo do grupo traduzia-se numa agitação, a maioria das crianças não conseguiam
estar paradas. Diariamente nesta sala era uma agitação. Não só por serem mais rapazes e
por isso mais enérgicos mas também devido ao facto da criança hiperativa estar em
constante agitação e originar esta situação. Esta energia era sempre canalizada, na sua
maioria, para atividades lúdicas, pois tínhamos notado uma grande necessidade de
libertação desta. Para colmatar esta situação recorremos a jogos de expressão motora e
utilizámos muitas danças do “Canal Panda” porque além de serem educativas, tinham
bastante movimento e eram muito alegres. Também tentámos utilizar bastantes jogos no
exterior ou, se estivesse a chover, jogos no hall de entrada.
De uma maneira geral, existia uma boa socialização entre o grupo, apesar de
existirem alguns conflitos, no que diz respeito à partilha de materiais. Estes conflitos
foram ultrapassados com diálogos com as crianças. Os locais privilegiados pelo grupo,
na sala de atividades, eram os espaços dos jogos de construção onde também
funcionavam as pistas que as crianças montavam e desmontavam, a casinha das
bonecas, o espaço dos jogos de mesa/matemática. Mas notava-se um crescente interesse
pelo espaço da biblioteca para ver novas histórias, o computador para ouvir músicas,
dançar e também para ver histórias em PowerPoint.
Metas e Objetivos
As metas aqui referidas dizem respeito aos objetivos gerais pedagógicos
privilegiados, que foram os seguintes:

Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança, pois este objetivo é
fundamental na inserção da criança no contexto escolar tendo em conta a sua
existência e a dos outros, realçando também a importância das relações e
55
Projeto Curricular de Grupo
interações entre as crianças, os adultos e a comunidade, tendo em conta a
aquisição de regras e valores;

Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas
características individuais, pois cada criança tem características diferentes e essas
devem ser respeitadas dentro de uma sala e desenvolvidas ao ritmo da criança,
pois assim irão ser incutidos comportamentos que favoreçam aprendizagens
significativas e diferenciadas;

Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas como
meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do
mundo. Este será um dos objetivos a ser posto em prática, pois pretende-se
desenvolver na criança a oralidade e a abordagem à escrita levando a que esta
tome consciência da importância das mesmas.
Assim as áreas de conteúdo a privilegiar foram a Área de Formação Pessoal e
Social e também a Área da Expressão e Comunicação, principalmente no domínio da
linguagem oral e abordagem à escrita. A linguagem é imprescindível ao homem. Sem
ela, certamente encontrará muitos obstáculos a sua volta.
Constatámos, através de diálogos com as crianças e da observação realizada, que
as suas maiores necessidades se centravam no domínio da linguagem oral e abordagem
à escrita, área básica de conteúdos, porque incide sobre aspetos essenciais do
desenvolvimento, da aprendizagem e engloba instrumentos fundamentais para a criança
continuar a aprender ao longo da vida e; na Área de Formação Pessoal e Social, área
transversal e integradora. Estas necessidades foram detetadas ao nível da capacidade de
expressão oral, nomeadamente nas reuniões de grande grupo, atividades que exigiam a
expressão do raciocínio das crianças, em registos/produtos realizados pelas mesmas
onde tinham de escrever pequenas palavras, como o seu nome, data, ou alguns registos
alusivos aos trabalhos realizados.
No que diz respeito à Formação Pessoal e Social, algumas crianças
demonstravam dificuldades em cumprir as regras estabelecidas em grupo,
nomeadamente nas reuniões de grande grupo.
Assim, as áreas de conteúdo a que atribuímos mais atenção foram aquelas acima
enunciadas, ou seja, Expressão e Comunicação (domínio da linguagem oral e
abordagem à escrita) e a Formação Pessoal e Social. Por esta razão dinamizámos
repetidamente a área da biblioteca, diversificámos os livros e trabalhámos várias
56
Projeto Curricular de Grupo
histórias e registos que implicavam escrita e linguagem oral. Desenvolvemos várias
atividades para trabalharmos esta área, nomeadamente, nas rotinas. Tínhamos o registo
das presenças, a dinamização do diário do grupo, a marcação do tempo, marcação do
mapa do leite, as reuniões diárias, as planificações, a marcação das tarefas no início para
preparação do dia. No final do dia para a avaliação do mapa de tarefas semanal e a
marcação dos comportamentos. Nas atividades livres, foram contempladas as atividades
na biblioteca, em todos os registos da escrita e no computador, essencialmente.
No que diz respeito às atividades orientadas que pretendíamos insistir foram as
histórias, produção de histórias, as canções, os “Trava Línguas”, as “Lengalengas”,
poemas, adivinhas e todos os jogos e até danças que abordavam trocadilhos da
linguagem, bem como a dinamização dos Projetos Jerónimo Saltarico e Contexto
Familiar. Este último teve a participação ativa de todos os pais/encarregados de
educação.
Quanto à área da Formação Pessoal e Social, pretendíamos realizar atividades
para desenvolver as crianças nesse sentido, nomeadamente a criação de regras nos
espaços, bem como as reuniões e diálogos que fomentassem o espírito de grupo, a
solidariedade, a socialização e a interação das crianças entre si e também com os
adultos.
Assim esperávamos que as crianças conseguissem um bom relacionamento, que
interiorizassem valores essenciais para o seu dia-a-dia. Nas reuniões e avaliações
pretendíamos que emitissem juízos de valor, refletindo sobre os seus atos,
comportamentos e produções, assim como nas dos seus colegas.
Julgámos que todas as atividades planeadas no PCG, assentavam nas
necessidades e nos interesses das crianças, tentando sempre aliar atividades que as
desenvolvessem a diversos níveis com atividades de interesse para estas, tentando que
fossem aliciantes e cumprindo os objetivos propostos. A planear o ato pedagógico
implica que o educador reflita sobre o processo e intencionalidades educativas para
assim proporcionar as vivências numa interdisciplinaridade entre as áreas de conteúdo.
Assim não podemos, nem devemos, dissociar as áreas. Por esta razão implicámos todas
as áreas na nossa prática pedagógica.
Estas metas/objetivos e áreas de conteúdo foram privilegiadas na medida em que
verificámos algumas dificuldades na aplicação das mesmas. Deste modo trabalhámos
atividades para ajudar a combater estas dificuldades. Acrescentámos também as metas e
57
Projeto Curricular de Grupo
objetivos gerais que constam no Plano Anual de Atividades (PAA) de departamento e
que valorizámos durante o ano letivo, ou seja:

Consolidar os elevados valores de sucesso escolar;

Melhorar a qualidade do sucesso escolar;

Atingir um grau satisfatório de articulação e sequencialidade pedagógica;

Operacionalizar a articulação e a sequencialidade entre os vários níveis de
ensino;

Atingir uma participação ativa dos pais/encarregados de educação nas
atividades educativas dos seus educandos e em ações de formação/informação;

Desenvolver as interações entre a escola e a comunidade educativa;

Atender às prioridades definidas neste Projeto Educativo (PE) em todos os
Projetos/atividades realizadas no Agrupamento;

Realizar Projetos/atividades que potenciem as aprendizagens dos alunos e a
articulação no Agrupamento.
Metodologia
A metodologia assentou numa pedagogia ativa em que as crianças foram os
construtores do seu próprio conhecimento e o educador um facilitador e orientador do
processo.
Em relação ao método de trabalho assentava no modelo pedagógico do MEM
(Movimento Escola Moderna), como já referimos anteriormente, no que respeita aos
instrumentos de organização e gestão do grupo e na pedagogia de Projeto como o ponto
de partida dos interesses das crianças para desenvolver conteúdos.
Para nós é importante destacar os interesses e motivações das crianças e orientar
o processo ensino-aprendizagem nesse sentido, de forma a responder às suas
curiosidades tão próprias desta faixa etária. A criança é o centro da ação educativa. A
partir dela o educador organiza, orienta e ensina os saberes, numa ação conjunta e
construtiva.
58
Projeto Curricular de Grupo
Organização do Grupo
Conforme a realização das atividades e o seu grau de dificuldade ao longo do dia
de trabalho, fomos verificando a necessidade de trabalhar em grande grupo, em
pequenos grupos ou mesmo individualmente, se fosse necessário. Os pequenos grupos
de trabalho a constituir no âmbito do desenvolvimento das atividades, podiam ser por
idades ou por relação de gostos nas curiosidades demonstradas pelas crianças e por
afinidade nos Projetos a desenvolver. O grande grupo reunia de manhã para se fazer o
acolhimento e o planeamento do dia e ao fim do deste para fazer o balanço. As histórias,
as sessões de movimento e outras atividades foram feitas em grande grupo.
Diariamente foram realizados diferentes tipos de atividades que passamos a
mencionar.
Atividades Orientadas
Estas atividades foram pensadas e planeadas previamente pelo educador, para
realizar com as crianças, individualmente ou em grupo, tendo em conta as necessidades
de cada criança. Estas atividades podiam ser realizadas, quer no interior quer no
exterior, e podiam e deviam ser sugeridas pelas crianças. As atividades orientadas
respondem a uma finalidade educativa, a objetivos específicos de aprendizagem com
uma estruturação interna. Forem exemplos de atividades orientadas o contar e explorar
uma história, uma sessão de culinária, uma sessão de movimento.
Atividades Livres
Foram atividades escolhidas e desenvolvidas pelas crianças, sem serem
diretamente orientadas pelo educador. E desenvolveram-se nas várias áreas de sala.
Estas atividades desenvolveram-se, normalmente, em pequenos grupos. As atividades
realizaram-se informalmente a partir da organização dos espaços e materiais, as “regras
são internas” e não dirigidas do exterior. A criança escolhe a área que quer frequentar
ou o jogo que quer fazer, por exemplo, no recreio, sem que haja a intervenção direta do
educador. Contudo, as crianças não devem abandonadas com o mesmo material e no
mesmo espaço durante muito tempo.
59
Projeto Curricular de Grupo
Atividades de Rotina
Estas atividades desenvolveram-se durante todo o ano letivo. Realizaram-se
quase sempre à mesma hora e devem ter a orientação de um adulto. Podem ser
desenvolvidas em grande grupo, pequeno grupo ou individualmente. Através destas
atividades, as crianças adquirem e compreendem a noção de tempo e de espaço,
desenvolvendo assim a responsabilização e a autonomia. A sucessão de cada dia ou
sessão tem um determinado ritmo existindo, deste modo, uma rotina que é educativa
porque é intencionalmente planeada e porque é
Figura 12 – Apresentação/Projeto
conhecida pelas crianças que sabem o que podem fazer
nos vários momentos e prever a sua sucessão, tendo a
liberdade de propor modificações. As referências
temporais são elementares para a criança e servem
como fundamento para a compreensão do tempo:
passado, presente, futuro; contexto diário, semanal,
mensal, anual.
Atividades de Projeto
Estas atividades foram surgindo das ideias e sugestões das crianças. Estas
poderão ter desenvolvimento e posterior orientação do educador conforme o valor
educacional de cada uma. As atividades de Projeto dependem também da motivação e
interesse das crianças. Surgem, normalmente, em momentos de diálogo ou de realização
de atividades. Poderão partir de ideias e sugestões das crianças, mas também podem
surgir do educador, tendo em conta o trabalho que se está a desenvolver.
Tendo como objetivo o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, os
projetos pedagógicos permitem integrar um conjunto diversificado de atividades e a
abordagem a diferentes áreas de conteúdo, numa finalidade comum que os relaciona em
diferentes momentos de decisão, planeamento, realização, avaliação e comunicação.
São exemplos de atividades de Projeto o estudo de um animal, a resolução de um
problema detetado, o estudo de um fenómeno natural. Conhecer as diferentes atividades,
prever o que vai fazer e tomar consciência do que foi realizado, é fundamental para a
criança, facilitando a organização democrática do grupo.
60
Projeto Curricular de Grupo
Em relação aos Projetos desenvolvidos neste Jardim-de-Infância, a maioria
partiu do interesse das crianças do grupo, de problemas levantados por elas, de
acontecimentos e de situações que lhes levantaram interesse e que quiseram, por essa
razão, encontrar respostas pesquisando dando origem aos Projetos.
Começámos por escrever numa folha do tamanho do quadro de lousa dividida
em cinco partes: Como surgiu? O que sabemos? O que
Figura 13 – Trabalho de Projeto
queremos descobrir? O que descobrimos? O que fizemos?
Depois, fazemos a conclusão e avaliação de todo o Projeto.
Terminámos com a comunicação, que é a apresentação de
todo o trabalho elaborado por parte do grupo de crianças,
sempre com a supervisão do educador, aos professores do1º
Ciclo e também aos pais/encarregados de educação. A fase
de divulgação torna-se muito importante para todo o grupo, pois é onde se reorganizam
as ideias, se sistematizam as informações e onde decidimos o “papel” de cada criança e
o que cada elemento do grupo vai falar sobre o que aprendeu. Para Grave, Resendes e
Soares (2002), este é um momento de divulgação de partilha, de articulação e de
sistematização de conhecimentos e também de avaliação.
61
8. Unidades de Tempo
Unidades de Tempo
8. Unidades de Tempo
No dia-a-dia dos Jardim-de-Infância há uma sequência de atividades que podem
ser de rotina, de livre escolha, orientadas ou atividades de Projeto, onde as crianças
trabalham em pequeno/grande grupo e individualmente.
É fundamental referir que a organização do tempo não é rígida, pois a atividade
educativa no Jardim-de-Infância não é compatível com a noção exata da duração de
uma atividade. Em seguida apresentamos a distribuição dos vários tipos de atividade
que se desenvolveram diária, semanal, quinzenal, mensal e anualmente, seguindo
sempre a calendarização semanal adotada por nós e pré-estabelecida com as crianças.
Diariamente
Horas
Atividades
09:00
- Marcação das presenças (Atividades de rotina);
09:20
- Acolhimento/reunião/planificação do dia em grupo (Atividades
de rotina);
09:45
- Atividades Orientadas/Projeto/Livres;
10:30
- Arrumar a sala /Higiene/Lanche/Recreio (atividade de rotina);
11:00
- Atividade orientada ou início de uma outra atividade;
12:00
- Atividades de rotina (almoço);
14:00
- Atividades de rotina (diálogo com as crianças);
14:15
- Atividades orientadas (terminar as atividades iniciadas da parte
da manhã);
15:15
- Atividades livres (brincar nas varias áreas da sala ou no recreio);
15:40
- Atividades de rotina (arrumar os materiais utilizados nas
atividades);
15:50
- Atividades de rotina (reunião de avaliação do dia marcar o
mapa dos comportamentos marcar mapa do leite);
16:00
- Saída.
Os dias da semana tiveram atividades estipuladas pelas crianças do grupo, desde
o início de novembro.
63
Unidades de Tempo
Quadro 7 – Atividades diárias
Segunda-feira
Terça-feira
Dia dos jogos onde foi também desenvolvido o
projeto – “Passezinho”.
Atividades de expressão plástica (corte recorte
dobragens, colagens , etc.).
Atividades de linguagem abordagem a escrita
Quarta-feira
onde também se desenvolveram os Projetos
Jerónimo Saltarico e A Ler+/Leitura em
Contexto Familiar.
Quinta-feira
Sexta-feira
Atividades
de
pintura
(utilizando
vários
suportes e técnicas ao longo do ano).
Jogos de movimento que podiam ser feitos no
interior / exterior conforme o estado do tempo.
Semanalmente
- Contar as novidades;
- Distribuir e avaliar tarefas;
- Eleição do chefe de grupo;
- Planificar a semana seguinte;
- Registo do fim-de-semana;
- Jogos do projeto “Passezinho”;
- Atividades relacionadas com a matemática;
- Atividades de expressão motora;
- Atividades de expressão musical;
- Contar recontar folhear registar histórias;
- Atividades de expressão plástica;
- Avaliação do mapa do tempo;
- Avaliação do mapa das tarefas.
64
Unidades de Tempo
Quinzenalmente
- “Trava línguas”;
- “Lengalengas”.
Mensalmente
- Avaliação do mapa de presenças;
- Avaliação do mapa do leite;
- Avaliação do mapa dos comportamentos;
- Avaliação do Projeto Leitura em Contexto Familiar;
- Verificação do próximo aniversário.
Trimestralmente
- Atividades relacionadas com as estações do ano.
Anualmente
- Dia da Alimentação;
- Aniversários;
- Halloween;
- S. Martinho (magusto);
- Natal;
- Cantar os Reis;
- Dia do Idoso;
- Carnaval;
- Dia dos Namorados;
- Dia do Pai;
- Páscoa;
- Dia da Mãe;
- Dia do Agrupamento;
- Festa de Fim de Ano;
- Atividades de Projeto;
65
Unidades de Tempo
- “Era uma vez com a Matemática” (elaboração de um jogo);
- Jerónimo Saltarico, A Ler+;
- Atividade Leitura em Contexto familiar;
- Atividade Experiências Cruzadas;
- A Árvore dos Afetos (semana da leitura como 1º Ciclo);
- Semana das Ciências (experiências com o 1º Ciclo).
66
9. Planificações Realizadas
Planificações Realizadas
9. Planificações Realizadas
A planificação é um fator essencial pois transforma uma ideia numa ação. O
educador deve ter um registo do que pensa fazer para depois converter esse registo
numa planificação que constitui um guia de orientação. Nicolau (2000) refere que a
planificação das atividades na Educação Pré-escolar constitui um valioso recurso para
que os objetivos sejam alcançados. Contudo, é um instrumento, nunca um fim em si
mesmo. Pensamos que os educadores deverão fazer planos a curto e a longo prazo. A
curto prazo temos em atenção o equilíbrio diário e as relações estabelecidas entre as
diferentes áreas de conteúdo. A longo prazo, porque nos auxiliam na visualização das
atividades para todo o ano e nos permitem realizar novas atividades a partir das
experiências do grupo de crianças. À medida que o grupo progride podemos e devemos
alterar/modificar a nossa planificação. Na nossa opinião o importante é que a
planificação envolva todo o grupo e este possa participar ativamente. Daí que, ao longo
do ano no nosso Jardim-de-Infância, as planificações foram sempre elaboradas com a
participação das crianças tendo estas um papel ativo em todas as fases que envolveram o
processo de planificação do trabalho a desenvolver. Desta forma fundamentamos mais
uma vez a nossa prática pedagógica. Assim passamos a apresentar as nossas
planificações, bem como a nossa avaliação nas mesmas.
68
Planificações Realizadas
Quadro 11 – Planificação do mês de outubro
Áreas de conteúdo
Objetivos
Ser capaz de:
Área de Formação
Pessoal e Social
Área da
Expressão e
Comunicação
- fazer escolhas
- exprimir ideias
- expressar-se em grupo
- cumprir o que se propõe
- exprimir-se corretamente
- verbalizar ideias de forma
compreensível
- cumprir a sua tarefa
- marcar a sua presença
- conhecer o seu nome
- conhecer e dizer os dias da
semana
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Matemática
Expressão plástica
-contar os pacotes de leite
-exprimir-se corretamente
Área de Conhecimento
do Mundo
-observar o tempo que faz
-associar o desenho
Área da
Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
-responder as questões
solicitadas
-esperar a vez par falar
-nomear semelhanças e
diferenças entre si e os outros
Expressão plástica
-representar através do
desenho as suas características
físicas
-perceber o antes e o depois
-perceber a simbologia da
bandeira
Área de Formação
Pessoal e Social
-estar atento à representação
do 1Ciclo
Situações de
aprendizagem
“O que queremos fazer”
- *introdução dos quadros
das planificações
- planificação das
atividades para o mês de
outubro feita com o grupo
de crianças
“Introdução dos mapas”
Obs
*este quadro de
planificação
passa assim a
ser
utilizado
todas
as
semanas
- presenças
- tempo
- tarefas
- leite
- comportamento
“negociação” com o grupo
sobre a avaliação dos
mapas
“Quem somos”
-diálogos
-entrevistas individuais
-elaboração do quadro das
entrevistas
-quadro de pesos
-quadro de alturas
“O que foi a implantação da
república”
- Comemorar implantação
da república com o 1º ciclo
- Simbologia da bandeira
“Atividade
inserida no
projeto
experiências
cruzadas”
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
-desenhar a bandeira de
Portugal e pintar
“Atividade
elaborada com o
1º ciclo”
Expressão plástica
69
Planificações Realizadas
Área de Formação
Pessoal e Social
Área do conhecimento
do Mundo
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Expressão plástica
-conviver com outras crianças
e adultos
“Dia mundial da
alimentação”
-descobrir o que e uma
alimentação saudável
-quais os bons e os maus
alimentos
-qual a importância da sopa
-perceber quais são os frutos
do Outono
-Separar agrupar frutos
-sequencias de frutos
-elaboração de espetadas
de frutas do Outono
Matemática
Área da Expressão e
Comunicação
-estar atento
Expressão musical
Área de Formação
Pessoal e Social
-conhecer o estado do tempo
nesta época do ano
sons
Área da Expressão e
Comunicação
Expressão musical
-elaboração de colagens
pinturas, desenhos para o
portefólio sobre a
alimentação saudável e a
roda dos alimentos.
-canções
alusivas
alimentação
-conseguir repetir
ritmos
-memorizar
Expressão plástica
-power-point (a roda dos
alimentos)
-história a sopa verde
a
e
-elaboração do painel do
Outono”
-recortes desenhos
colagens
-recortar
-pintar
-desenhar
-pintura e decalque de
folhas e outros elementos
alusivos ao Outono.
-desenvolver a acuidade
musical
-ouvir
-estar atento às mudanças de
- “Canção de outono”
(doidas, doidas andam as
70
Planificações Realizadas
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Expressão plástica
ritmo
folhinhas)
-perceber a mensagem da
história
-registar o que mais gostou
-desenvolver a linguagem
-aprender novas palavras
-alargar o vocabulário
Histórias:
-A Nuvem e o Caracol
(powerpoint)
- fazer o registo gráfico
-fazer colagens
-O Rato Renato não que
comer
-Adivinha quanto gosto de
ti
-Dizer a verdade*
-O João pé de feijão*
*Histórias
trazidas por 2
crianças do
grupo e contadas
por essas
crianças
“Projeto Jerónimo
Saltarico”
71
Planificações Realizadas
Área da Expressão e
Comunicação
- identificar formas
geométricas
-distinguir formas geométricas
Matemática
-conviver/socializar-se
-perceber as tradições de
culturas diferentes da nossa
Área de Formação
Pessoal e Social
-estar atento
-fazer registos gráficos
Área da Expressão e
Comunicação
-desenvolver o vocabulário
- Comemorar o Halloween
- Recorte e enfeite das
abóboras
- Pinturas, desenhos e
colagens alusivas ao
Halloween
- História do Halloween
- Visualização de uma
história em powerpoint
(Por acaso achas que és
uma Bruxa?)
Atividade
elaborada em
conjunto com o
1º Ciclo da
manhã
Expressão plástica
Área do Conhecimento
do Mundo
72
Planificações Realizadas
Quadro 12 – Planificação do mês de novembro
Áreas de conteúdo
Objetivos
Situações de
aprendizagem
Obs
Ser capaz de:
Área de Formação
Pessoal e Social
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Área de
Conhecimento do
Mundo
Área de Formação
Pessoal e Social
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
- Fazer escolhas
-Exprimir as suas ideias
- Se expressar em grupo
- Cumprir aquilo a que se
propôs
-Se exprimir corretamente
-Verbalizar as ideias de forma
compreensível
-Conseguir associar as
atividades ao período em que
estamos
- Planear tarefas de acordo com
o tempo que tem para as
cumprir
- Fazer escolhas e exprimir as
suas ideias
- Expressar-se em grande grupo
Expressão Plástica
Área do
Conhecimento do
Mundo
Planificação
das
atividades para o mês de
Novembro feita com o
grupo de crianças.
“Projeto Passezinho”
Jogos
-Fingir que se lê.
-O meu brinquedo
melhor que o teu.
-ultrapassa as gomas
-As caras e os sabores.
é
“Introdução do mapa das
atividades diárias”
-Segunda: Jogos
-Terça: At. exp. plástica
Recorte colagens
-Quarta: Histórias
dramatizações
-Quinta: Pintura
-Sexta: At. exp. motora
-Danças e jogos
- Perceber a mensagem da
história
- Registar o que mais gostou
Desenvolver
a
atenção/comunicação
- Desenvolver o vocabulário
- Explorar o texto
- Recontar a história
“Projeto Jerónimo
Saltarico”
- Descrever-se
- Apresentar-se
- Falar sobre o que gosta
- Falar do que não gosta
- Desenhar o que quer transmitir
aos colegas
- Dizer onde mora
- Dizer onde é o Jardim de
Infância
“Troca de
correspondência”
“Carta”
- Envio de uma carta para
os meninos do J.I. de
Guiães e J.I. de Vila Nova
- Responder à carta
enviada pelos meninos do
J.I. de Guiães e J.I. de
Vila Nova
- Elaboração de um
Placard para colocação
dos trabalhos realizados
Expressão plástica
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
“O que queremos fazer”
Atividade
inserida no
Projeto
“Experiências
Cruzadas”
73
Planificações Realizadas
Área da Expressão e
Comunicação
Expressão corporal
Área da Expressão e
Comunicação
Matemática
Área da formação
pessoal e social
Expressão Motora
Expressão musical
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
- Perceber
- Estar atento
Conseguir
repetir
os
movimentos que visualizou
- Orientar-se corretamente no
espaço
- Articular e coordenar os
exercícios
- Dançar
- Fazer sequências com jogos da
sala
- Fazer sequências com
enfiamentos
de
círculos,
quadrados e retângulos
- Pintar dentro dos contornos
- Conviver com outras crianças
e adultos
- Estar atento
- Perceber a mensagem
- Correr e saltar e dançar
- Ser capaz de ouvir
- Cantar em diferentes ritmos
- Fazer escolhas
- Explicar e recontar a história
em grande grupo
Avaliar
os
trabalhos
produzidos com as mães e os
pais em grupo
“Danças Canal Panda”
“Matemática”
Sequências e pinturas com
pincel das formas
geométricas
“Dia de S. Martinho”
Comemoração do Dia de
S. Martinho
Power-point – Lenda de
S. Martinho
Jogos tradicionais
Canções alusivas ao Dia
de S. Martinho
Atividade
inserida no
projeto leitura
em contexto
familiar
“Projeto A Ler+”
Cada criança em conjunto
com a mãe ou o pai
escolhe a história que vai
trabalhar em casa e que
vai posteriormente contar
aos seus colegas com
ajuda do pai ou da mãe e
no final faz-se a
exposição dos trabalhos
que serão depois
avaliados pelo grupo
Projetos emergentes
*Projeto “Os Sapos”
74
Planificações Realizadas
Quadro 13 – Planificação do mês de dezembro
Áreas de conteúdo
Área de Formação
Pessoal e Social
Objetivos
Ser capaz de:
- Fazer escolhas
-Exprimir as suas ideias
- Se expressar em grupo
- Cumprir aquilo a que se
propôs
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
-Exprimir-se
corretamente
-Verbalizar ideias de
forma compreensiva
Área da Expressão e
Comunicação
Expressão Plástica
- Contactar com outras
realidades
- Troca de experiências
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
- Perceber a mensagem
da história
- Desenvolver a
linguagem
- Alargar o vocabulário
- Aprender novas
palavras
- Mencionar o que mais
gostou para o adulto
escrever
- Registar (desenhar)
Expressão plástica
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
-Promover o contato
Pais/Jardim de Infância
-Desenvolver linguagem
-Contactos com outras
realidades
Área da Expressão e
Comunicação
Expressão plástica
-Contactar com diversos
materiais usados
-Perceber o que é a
reutilização de materiais
e a importância destes
gestos para o planeta
Situações de
aprendizagem
Obs
“O que queremos
fazer”
- Planificação das
atividades para o mês de
Dezembro feita com o
grupo de crianças
“Projeto Passezinho”
- Jogos
- Como escovar os
dentes.
- Jogo dos beijinhos.
- Fingir que se lê.
“Troca de atividades
relacionadas com época
natalícia”
Atividade inserida no
projeto experiências
cruzadas
“Projeto Jerónimo
“Atividade inserida no
projeto Jerónimo
Saltarico”
Saltarico”
“Projeto leitura em
contexto familiar”
(uma das mães levou a
História “Pedro e o
Pinheirinho de Natal”
livro que escolheu com
o seu filho para
trabalhar em casa e
posteriormente contar
ao grupo e fazer uma
atividade alusiva a
história)
Atividade inserida no
Projeto leitura em
contexto familiar
(lanche alusivo ao
pequeno almoço do Pai
Natal história escolhida
pela mãe de outra das
crianças “dicionário de
75
Planificações Realizadas
-Divulgação de alguns
trabalhos que se podem
fazer com estes materiais
sempre numa perspetiva
reutilizada.
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Expressão Musical
Expressão motora
-Desenvolvimento da
linguagem
-Promover o gosto pela
educação musical
-Desenvolvimento da
atenção/concentração
-Desenvolvimento da
locomoção coordenação
natal”)
-enfeitar a sala
-Confeção do pinheiro
de natal utilizando
apenas materiais
reciclados
-Elaboração de postais
de boas festas para os
Pais/Encarregados de
Educação e outros
-Elaboração dos
convites de par a festa
de Natal.
“Atividade inserida no
projeto postais de Natal
do A.E.M.J.Amaral”
“Elaboração do postal
de Natal par o shopping
doce-vita de Vila Real”
“Preparação da festa de
Natal que se realizará no
Centro Social e
Paroquial de
Constantim”
-Danças
-Canções
76
Planificações Realizadas
Quadro 14 – Planificação do mês de janeiro
Áreas de conteúdo
Área de Formação
Pessoal e Social
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Área do conhecimento
do mundo
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Área da Expressão e
Comunicação
Objetivos
Ser capaz de:
- Fazer escolhas
-Exprimir as suas ideias
- Se expressar em grupo
- Cumprir aquilo a que
se propôs
-Exprimir-se
corretamente
-Verbalizar ideias de
forma compreensiva
- Desenvolver o gosto
pelo livro.
- Alargar o vocabulário
-Aprender novas
palavras
-Mencionar o que mais
gostou para o adulto
escrever
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Matemática
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Expressão musical
-Repetir o exemplo dado.
-Contar Seriar Agrupar
-Contactar com outras
realidades
-Desenvolvimento da
socialização
-Estar atento
-Cantar ouvir e repetir a
letra da música.
Expressão plástica
-Recortar colar e pintar
as coroas dos reis.
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Área do conhecimento
do mundo
Área da Expressão e
Comunicação
Linguagem oral e
abordagem à escrita
Matemática
-Estar atento
-Perceber a mensagem
da história
-Recontar a história
-Como se apresenta o
estado do tempo nesta
altura do ano.
- Qual o vestuário
adequado.
- Estar atento
- Compreender a
mensagem da história
- Noções topológicas por
exemplo alto/baixo
-Qual o mais alto e qual
o mais baixo
Situações de
aprendizagem
Obs
“O que queremos fazer”
- Planificação das
atividades para o mês de
Janeiro feita com o
grupo de crianças
“Projeto Passezinho”
-Jogos
-Qual o meu desporto
favorito?
“Exploração na internet
da situação geográfica
Dos JI de Guiães e de
Vila nova.”
-pesquisa no Google do
mapa de Vila Real.
Atividade inserida no
projeto Experiências
Cruzadas
Atividade elaborada
em parceria com o
primeiro ciclo
Atividade inserida no
projeto
“Era uma vez com a
Matemática”
“Projeto Jerónimo
Saltarico”
-O rinoceronte muito
malcriado
-As cores do arco iris
“Cantar os reis”
-Cantar os reis pelas
ruas da vila.
“Canção: Nós somos os
três Reis”
“Elaboração das coroas
dos Reis”
“História o pobre
boneco de neve”
em Power-Point
“ As estações do ano o
Inverno”
-Pesquisa na internet
-O estado do tempo no
inverno.
- Leitura do livro:
“Alice no País das
Maravilhas”
77
10. Avaliação das Planificações
Avaliação das Planificações
10. Avaliação das Planificações
Avaliação do mês de outubro
No que se refere ao mês de outubro, além de continuarmos a dar atenção à
integração do grupo, fizemos também a implementação dos métodos com os quais
realizámos a nossa prática pedagógica. Assim iniciámos o quadro das planificações, os
mapas de tempo, tarefas, presenças, mapa de leite, comportamento e foi explicado em
que consistia cada um deles. As crianças mantiveram-se atentas e colaboraram. Durante
este mês fizemos a introdução, também, do Projeto “Experiências Cruzadas” explicando
às crianças em que consistia pois, no ano anterior, não havia sido realizado. As
atividades foram escolhidas com o grupo de Vila Nova e Guiães, “Quem Somos”, em
que cada grupo fez a sua apresentação, enviando posteriormente as evidências para os
colegas. Começámos também a trabalhar o Projeto “Jerónimo Saltarico”. Surgiram
ainda as primeiras articulações com o 1º Ciclo do ensino básico, nomeadamente, a
Implantação da República. Seguiu-se o Dia Mundial da Alimentação e terminámos com
o Halloween. Foi também introduzido e explicado como se realizava o Projeto
“Passezinho”. Neste primeiro mês fizemos a escolha da mascote e a elaboração do
dossier para colocar as evidências. Trabalhamos também o “Outono” realizando várias
atividades alusivas ao tema.
A par destas atividades fomos fazendo a diagnose do grupo e verificámos que
tinham algumas dificuldades na lógico-matemática, nomeadamente, no conhecimento
das formas geométricas. Por essa razão, as formas geométricas foram “trabalhadas” de
diferentes formas. No que se refere à linguagem, foi sempre muito valorizada e
trabalhada. Também se começou a verificar que havia crianças com dificuldade ao nível
da linguagem oral e abordagem à escrita. Julgámos que os objetivos a que nos
propusemos foram cumpridos e as crianças colaboraram muito em todas as atividades
propostas. É importante salientar que durante este mês começámos por organizar os
portefólios individuais para cada criança do grupo, divididos por atividades e onde,
mensalmente, registámos as competências relativas a cada uma das áreas de conteúdo e
se arquivavam todos os trabalhos realizados.
79
Avaliação das Planificações
Avaliação do mês de novembro
Em relação ao mês de novembro foi introduzido o mapa das atividades diárias,
em reunião de grupo, ficando decidido uma atividade principal por dia. Continuámos
com os Projetos iniciados no mês anterior e foi implementado mais um novo Projeto:
Projeto Leitura em Contexto Familiar. Começámos por realizar um inquérito aos
pais/encarregados
de
educação.
Depois
foi
explicado
às
crianças
e
aos
pais/encarregados de educação como iria ser desenvolvido este Projeto. Assim, durante
este mês, os pais/encarregados de educação escolheram, em conjunto com as crianças,
os livros que iriam trabalhar. À medida que o tempo ia passando, foram surgindo
trabalhos muito interessantes, realizados entre pais/mães e filhos. No final de todos os
trabalhos, foram entregues em reunião de grupo e cada criança fez a sua avaliação para
depois ser eleito o que mais tinha gostado, ficando registado em ficha elaborada também
com o grupo. Este foi um trabalho de que gostámos imenso, porque notámos que, tanto
crianças como pais/encarregados de educação, se envolveram bastante na sua realização
e com o Jardim-de-Infância.
Em relação ao Projeto “Jerónimo Saltarico” contámos as histórias “A casa da
mosca fosca”; “Desculpa, por acaso és uma bruxa?” (que já tinha sido contado à Pré e
1º Ciclo na atividade do “Halloween” em PowerPoint e para todas as crianças)
resolvemos, a pedido do grupo, ler a história novamente; “O Tom Ratão e a Rata
Tomasa”. Todas estas histórias foram exploradas e registadas por todo o grupo. Em
relação a articulação com o 1º Ciclo, realizámos o convívio de “São Martinho” onde
introduzimos os Jogos Tradicionais. Assistimos à apresentação, em PowerPoint, da
“Lenda de S. Martinho”. No final, terminámos com um lanche-convívio. No Projeto
“Experiências Cruzadas” foi feita a troca de correspondência em que cada criança disse
onde vivia e desenhou a sua casa. Foi ainda elaborado um placard para expormos os
trabalhos que realizámos e que enviámos.
Durante este mês, devido a uma história que contamos, surgiu o Projeto “Os
Sapos” através de uma das crianças que nos perguntou se nós achávamos que os sapos
mudavam de cor. Com esta iniciativa, foi elaborado um quadro onde foram registados
todos os passos deste Projeto, de tudo o que estudámos e descobrimos. Este Projeto
contou também com e envolvimento dos pais/encarregados de educação que se
80
Avaliação das Planificações
mostraram colaborantes com todas as solicitações feitas por nós. Sendo um Projeto a
longo prazo, manteve-se o seu desenvolvimento até a curiosidade das crianças estar
satisfeita. Este Projeto englobou todas as áreas de conteúdo da Educação Pré-escolar.
Após a sua conclusão, foi apresentado a todos os alunos do 1º Ciclo, de Constantim.
Avaliação do mês de dezembro
O mês de dezembro foi o mês de magia, alegria e muita excitação por parte de
todas as crianças. Daí termos de gerir da melhor forma toda esta agitação para conseguir
desenvolver as atividades previstas para o mês em curso. Assim, realizaram-se muitas
atividades. No que se refere ao Projeto “Experiências Cruzadas”, foram trocadas
atividades relacionadas com o Natal como sendo postais e canções. Quanto ao Projeto
“Jerónimo Saltarico” foram lidas duas histórias. Foram histórias interessantes onde
fizemos vários registos. Em relação ao Projeto “Passezinho”, desenvolvemos alguns
jogos relacionados com a saúde mental e oral. Este Projeto suscitou muito interesse por
parte de todo o grupo. No que se refere ao Projeto “Leitura em Contexto Familiar”,
optámos por selecionar histórias da época natalícia, deixando ao critério dos
pais/encarregados de educação e das crianças, a escolha dos livros para realizarem os
seus trabalhos. Mais uma vez os pais/encarregados de educação apresentaram trabalhos
muito interessantes (que fizemos questão de enviar, mensalmente, para o e-mail da
biblioteca escolar do Agrupamento). Neste mês, duas das mães, chegaram inclusive a
preparar biscoitos de Natal, levando todos os materiais necessários para a execução da
atividade que, neste caso, foi enfeitar o pinheiro com biscoitos de Natal e o lanche do
Pai Natal.
No Projeto “Postais de Natal”, realizámos esta atividade em articulação com o 1º
Ciclo, fazendo todo o trabalho de expressão plástica, na nossa sala, com os alunos da
manhã e da tarde. Optámos por reutilizar materiais. Neste mês e como era habitual,
realizaram-se muitas atividades na área da expressão plástica e, mais uma vez,
reutilizámos materiais, convencionámos a árvore de Natal, elaborámos postais e
convites alusivos ao Natal, cartões de Boas Festas e decorámos um suporte para uma
vela. Durante este mês também fomos preparando a festa de Natal que iria ser realizada
81
Avaliação das Planificações
no Centro Social e Paroquial de Constantim. A festa constava de canções, teatro e
recitação de quadras. Ao Pré-escolar coube a parte das danças e canções. Verificámos
bastante entusiasmo por parte do grupo na preparação desta atividade. Para a festa
foram feitos, pelas crianças, os convites para serem enviados aos pais/encarregados de
educação e às entidades locais. No dia da festa fomos surpreendidos pela visita dos
motards de Constantim que presentearam as crianças. Da parte da tarde desenrolou-se a
festa onde foram apresentadas todas as atividades planeadas. A festa terminou com o
Pai Natal a distribuir os presentes, oferecidos pela Junta de Freguesia de Constantim
com lanche-convívio de iguarias do Natal que foi oferecido, a todos os presentes, pelos
pais/encarregados de educação e docentes.
Avaliação do mês de janeiro
Durante este mês as crianças continuaram a vivenciar inúmeras atividades. No
que se refere a novos Projetos, foi introduzido o Projeto “Era uma vez com a
Matemática” que consistia em ler a história “A Alice no Pais das Maravilhas” e que,
posteriormente, seria escolhido um ou vários conceitos matemáticos para trabalhar com
o grupo. Em conjunto com os dois colegas de Matemática do 2º Ciclo, reunimos para
chegarmos a um acordo sobre qual o tipo de jogo a fazer e testar com as crianças.
Pensámos que esta história foi muito interessante e abordava vários temas podendo
facilmente serem trabalhados com o grupo. Durante este mês fizemos a leitura e a
exploração da história e foi dividida em três partes porque, só assim, se conseguia que
as crianças captassem a mensagem, estivessem atentas e envolvidas até ao final de cada
leitura. As crianças fizeram o registo do que mais gostaram.
Foi uma atividade bastante interessante e em que todo o grupo esteve envolvido.
Ficou decidido com o grupo que, no 2º período, se faria o jogo para se poder aplicar.
Em relação ao Projeto “Jerónimo Saltarico”, foram contadas três histórias, todas elas
foram registadas pelo grupo. Notou-se uma evolução por parte do grupo em relação ao
desenho. As crianças estiveram mais perfeitas a desenhar e também começaram a pintar
melhor. Além destas histórias, foi também visualizado e depois recontado por algumas
crianças do grupo, a história do “Pobre Boneco de Neve” em PowerPoint. Pesquisámos
82
Avaliação das Planificações
na Internet como se encontra o estado do tempo. Foi elaborado o painel do inverno em
que todo o grupo participou. Foi trabalhado o “Boneco de Neve” em termos
matemáticos, que consistia em recortar o boneco e montá-lo, em três formas possíveis,
utilizando as formas geométricas (circulo, triangulo e oval). Em relação à articulação
aprendemos a “Canção dos Reis”, elaboramos as coroas e fomos cantar os Reis com o
1º Ciclo ao Centro Paroquial de Constantim. No que diz respeito ao Projeto
“Passezinho” foram realizados, todas as semanas, jogos relacionados com a atividade
física, saúde mental e educação alimentar. No Projeto “Contexto Familiar”, os
pais/encarregados de educação continuaram a requisitar livros e a elaborar trabalhos
interessantes que divulgámos junto da biblioteca escolar.
83
11. Conclusão
Conclusão
11. Conclusão
A
prática
pedagógica
é
uma
parte
fundamental
da
formação
dos
professores/educadores onde é feito o contacto com a realidade do ensino. Na nossa
perspetiva a Educação Pré-escolar é fundamental para o desenvolvimento completo da
criança pois é a primeira etapa da educação básica. Todas as crianças deveriam ter a
oportunidade de passar por este nível de ensino. Podemos comprovar ao longo deste
trabalho que relata a nossa prática pedagógica durante o ano letivo 2010/2011. É a partir
dela que se formam indivíduos/cidadãos e se adquirem as competências, que ganham
suportes e alicerces para prosseguirem nas suas vidas com sucesso. É uma etapa que não
deverá ser anulada na vida da criança.
Ao longo deste ano letivo pudemos confirmar que, apesar de termos tido um
grupo bastante reduzido, conseguimos demonstrar como se pode trabalhar com crianças
dos 3 aos 6 anos de uma forma lúdica mas sempre com a intenção de as estimular ao
máximo para que tirem o máximo de aproveitamento. Durante este ano julgamos que
foi desenvolvida uma prática pedagógica muito completa e coerente.
Começámos por fazer uma breve observação do grupo de crianças e dos seus
contextos familiares. Depois fizemos um estudo do meio/comunidade onde se insere o
Jardim-de-Infância e Instituição, para fazer a elaboração do Projeto Curricular de Grupo
(PCG) tendo presente o Projeto Educativo (PE) do Agrupamento onde se insere, ou seja,
Agrupamento de Escolas Monsenhor Jerónimo do Amaral. Segue-se a atividade
educativa em Jardim-de-Infância onde abordámos as orientações curriculares. Para
Vasconcelos (1990), pretende-se que estas orientações sejam “ponto de apoio” para uma
Educação Pré-escolar enquanto primeira etapa da educação básica, estrutura de suporte
de uma educação que se desenvolve ao longo da vida. Poderão contribuir para que a
Educação Pré-escolar se torne motor de cidadania, alicerce de uma vida social,
emocional e intelectual, que seja um todo integrado e dinâmico para todas as crianças e
não apenas para algumas.
Fizemos ainda referência à planificação, à importância da avaliação e do
Currículo em Jardim-de-Infância. Descobrimos que existe bastante discrepância no
modo de atuar ao nível da Educação Pré-escolar o que, por vezes, suscita dúvidas sobre
85
Conclusão
a sua eficácia. Não podemos deixar de focar o modelo pedagógico utilizado por nós,
pois, na nossa perspetiva, este método de trabalho elaborado e completo, tendo sempre
em linha de conta os interesses do grupo, torna as crianças cada vez mais livres e
autónomas. Este modelo também tem outro aspeto importante que é o facto de fazer
uma grande articulação com as famílias que, como vimos, foram imensas as atividades e
Projetos em que estas foram envolvidas. Abordámos modos e instrumentos de avaliação
em Jardim-de-Infância tão importante como em qualquer outro nível de ensino,
tornando-se fundamental no trabalho dos bons profissionais em educação. Fazemos
também referência ao perfil específico de desempenho profissional do educador de
infância que nos diz que, enquanto educadores, devemos avaliar formativamente a nossa
intervenção pedagógica, o ambiente educativo e os processos adotados e ainda avaliar o
desenvolvimento de cada criança e do grupo em geral.
Todo o trabalho desenvolvido com o grupo de crianças foi planeado e avaliado
conjuntamente connosco, o que comprova que as crianças participaram em todas as
decisões. As planificações, assim como as reuniões de avaliação com o grupo, foram
muito importantes, as crianças tiveram sempre presentes em todas as decisões e deram
imensas opiniões. Visto ser um grupo pequeno, também nós podemos dar mais atenção
e apoio mais individualizado. Tivemos a preocupação constante de preencher tanto o
plano de trabalho como o diário de grupo, sempre em conjunto, e tivemos em atenção o
facto de afixarmos tudo no placard correspondente. Estes momentos ajudam-nos a
recolher os interesses e saberes do grupo de crianças para partirmos para novas
aprendizagens. Desenvolveram-se também trabalhos de Projeto em que todo o grupo
participou, partindo dos interesses das crianças em que o educador alarga e
contextualiza fomentando a curiosidade e o desejo de saber mais. Estas atividades foram
supervisionadas por nós e tiveram o empenho de todo o grupo.
Terminamos assim a nossa pequena reflexão, pequena porque, no nosso
entender, haveria muito para dizer sobre Crianças/Educação Pré-escolar. Salientamos
mais uma vez a importância da Educação Pré-escolar como primeira etapa na
preparação do futuro das nossas crianças. Julgamos acima de tudo que o educador é que
tem de fazer a diferença, pois, este ano e apesar da infelicidade para nós de só termos
nove crianças no grupo, conseguimos, no entanto, trabalhar imenso e fazer com que
todas as crianças desenvolvessem ao máximo as suas competências. Ficou assim
86
Conclusão
provado, na nossa opinião, que a Educação Pré-escolar ao contrário do que se possa
pensar, não se resume a “tomar conta”.
Assim, apenas nos resta afirmar que fica a vontade em continuar, pois na
Educação Pré-escolar, vivenciam-se situações maravilhosas e criam-se laços que duram
uma eternidade. Mas para que isso aconteça é preciso…
Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
Os homens esqueceram esta verdade.
Mas tu não deves esquecê-la.
Ficas sempre responsável por aquele que cativaste.
Antoine de Saint-Exupéry
87
12. Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
12. Referências Bibliográficas
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Pré-Escolar. Departamento da Educação Básica. Núcleo de Educação Pré89
Referências Bibliográficas
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Anexos
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Anexo 1
Anexo 2
Anexo 3
Anexo 4
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COMO APRENDEM AS CRIANÇAS EM IDADE PRÉ