UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Gabriela Muckenberger Saddi TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) CURITIBA 2010 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) CURITIBA 2010 Gabriela Muckenberger Saddi TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária. Professora Orientadora: M.V. MSc. Simone C. Monteiro Dallagnol Orientador Profissional: M.V. André de B. Obladen CURITIBA 2010 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel dos Santos Pró-Reitor administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel dos Santos Pró-Reitoria Acadêmica Profª. Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão Profª. Elizabeth Teresa Brunini Sbardelini Secretario Geral Sr. Bruno Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Dra. Ana Laura Angelli Coordenador do Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª. Dra. Ana Laura Angeli Orientadora do Estagio Curricular Obrigatório Profª. M.V. Msc. Simone Cristine Monteiro Dallagnol Orientador Profissional no Garra Hospital Veterinário M.V. André de Britto Obladen CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS Rua Sidney A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 82010-330 – Curitiba – Paraná Telefone: 3331-7700 TERMO DE APROVAÇÃO Gabriela Muckenberger Saddi TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médica Veterinária pela banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 30 de novembro de 2010. ________________________ Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná _________________________ Orientadora: Profª M.V. MSc. Simone Cristine Monteiro Dallagnol Universidade Tuiuti do Paraná _________________________ Profª M.V. MSc. PhD Neide Tanaka Universidade Tuiuti do Paraná _________________________ Prof. M.V. Esp. Milton Mikio Morishin Filho Universidade Tuiuti do Paraná APRESENTAÇÃO Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, Campus Barigüi, pela universitária Gabriela Muckenberger Saddi, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária, é composto de Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 02 de agosto a 08 de outubro de 2010, no Garra Hospital Veterinário, localizado no município de Curitiba – PR, bem como o relato de um caso que versa sobre Hemangiossarcoma ósseo canino. Dedico este trabalho à minha querida MANUELA, por ser minha razão de seguir, dia a dia, lutando em busca da realização dos meus sonhos. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, por ter me dado persistência e sabedoria para chegar até aqui. Aos meus queridos pais, por terem me possibilitado estes estudos e estarem sempre ao meu lado. Minha eterna gratidão por todos seus gestos de amor, pelo carinho e pelo conforto que sempre encontrei em seus braços e, sobretudo, pela inquestionável paciência comigo. A vocês, o meu amor. Agradeço muito à minha amada Manuela. Muitas vezes teve que compreender minha ausência, mas em momento algum deixou de estar em meu coração e em meu pensamento. É, com certeza, meu maior motivo de orgulho e minha maior conquista. Aos meus irmãos, avós, tios e primos, que sempre torceram por mim, agradeço pela indispensável colaboração na minha busca deste objetivo. Sem a ajuda de vocês, hoje eu não estaria aqui; muito obrigada. Aos meus mestres, por contribuírem na minha formação, não apenas como Médica Veterinária, mas principalmente como uma pessoa melhor. Por incansáveis vezes acreditarem mais em nosso potencial do que nós mesmos, e assim seguirem nos incentivando e dando conselhos. Agradecimentos aos professores Hartmann, Elza, Maia, Anderlise e especialmente à minha orientadora professora Simone, os quais demonstram imenso prazer em repassar seus conhecimentos, além do companheirismo e amizade. No Garra Hospital Veterinário, agradeço pela disponibilidade e pelo acolhimento. Aos médicos veterinários André, Élgio, Marco Antônio, Daniela e especialmente ao Bruno Tammenhain, sou grata por todo o conhecimento teórico e prático transmitidos e pela confiança em mim depositada. Aos demais funcionários do Hospital e aos meus colegas estagiários, obrigada pela paciência e troca de experiências. Aos animais, por serem estas criaturas incríveis, merecedores de todo o conhecimento em prol da sua saúde, ainda que inúmeras vezes tenham me mostrado que o melhor remédio é o carinho e o respeito a eles. Por fim, sou eternamente grata aos meus colegas e amigos da faculdade, com quem pude compartilhar cinco anos de experiências maravilhosas. Em especial, agradeço a Carolina, a Rúbia, a Fernanda, ao André e ao Dudu, por fazerem destes anos de faculdade, anos memoráveis e inigualáveis, mas principalmente por eu ter a certeza que daqui a outros cinco ou dez anos, eles serão os mesmo amigos-irmãos de hoje. A todos vocês, o meu sincero e eterno muito obrigada! RESUMO O estágio curricular supervisionado foi realizado no Garra Hospital Veterinário, situado no município de Curitiba – Pr. O período de estágio compreendeu de 2 de agosto a 08 de outubro de 2010, totalizando 360 horas. As atividades desenvolvidas na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais foram realização de consultas e retornos, realização de procedimentos ambulatoriais, cuidados com os pacientes sob internação, acompanhamento de exames imaginológicos, de exames laboratoriais, bem como acompanhamento de cirurgias, estas sob a orientação do M.V. André de Britto Obladen. O presente trabalho tem como objetivo discutir um caso clínico de neoplasia acompanhado durante o período de estágio, com revisão bibliográfica, sendo ele Hemangiossarcoma ósseo canino. Palavras-chave: hemangiossarcoma ósseo, neoplasia, canino. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................... 15 LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................. 17 LISTA DE QUADROS............................................................................................. 18 LISTA DE TABELAS............................................................................................... 19 LISTA DE FIGURAS............................................................................................... 20 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 22 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO............................................................ 23 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................................................................ 27 3.1 CASUÍSTICA..................................................................................................... 27 4 HEMANGIOSSARCOMA..................................................................................... 32 4.1 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 32 4.1.1 Introdução....................................................................................................... 32 4.1.3 Fisiopatologia.................................................................................................. 35 4.1.4 Sinais clínicos................................................................................................. 37 4.1.5 Aspectos Anatomopatológicos do HSA.......................................................... 38 4.1.6.1 Exame Hematológico................................................................................... 39 4.1.6.2 Exames de Imagem..................................................................................... 40 4.1.6.2.1 Diagnóstico Diferencial de HSA Ósseo.................................................... 42 4.1.6.3 Eletrocardiografia......................................................................................... 43 4.1.6.4 Citologia....................................................................................................... 43 4.1.6.5 Histopatologia.............................................................................................. 44 4.1.7 Estadiamento do HSA..................................................................................... 45 4.1.8 Tratamento...................................................................................................... 46 4.1.8.1 Cirurgia........................................................................................................ 47 4.1.8.3 Quimioterapia............................................................................................... 49 4.1.8.3.1 Quimioterapia metronômica...................................................................... 54 4.1.8.4 Imunoterapia................................................................................................ 55 4.1.9 Prognóstico..................................................................................................... 56 4.2 RELATO DE CASO........................................................................................... 57 4.2.1 Histórico.......................................................................................................... 57 4.2.2 Exame Físico.................................................................................................. 57 4.2.3 Exames complementares............................................................................... 57 4.2.4 Tratamento...................................................................................................... 61 4.2.4.1 Técnica Cirúrgica......................................................................................... 61 4.2.4.2 Pós-operatório............................................................................................. 65 4.2.4.3 Quimioterapia............................................................................................... 65 4.3 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO........................................................................... 67 5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 70 LISTA DE ABREVIATURAS µL Microlitro AAF Aspirado por Agulha Fina AC Adriamicina e Ciclofosfamida ALT Alanina Amino Transferase BID 2 Vezes ao Dia CID Coagulação Intravascular Disseminada Cm Centímetro dL Decilitro DMT Dose Máxima Tolerada FA Fosfatase Alcalina G Gramas GHV Garra Hospital Veterinário HSA Hemangiossarcoma IV Via Intra Venosa Kg Quilograma L5 5ª Vértebra Lombar L6 6ª Vértebra Lombar M.V. Médico Veterinário m² Metro Quadrado mg Miligrama RX Radiografia SID 1 Vez ao Dia TMN Tumor, Node, Metastasis U/L Unidades por Litro USCH Ultrassonografia de Contraste Harmônico VAC Vincristina, Adriamicina e Ciclofosfamida VBM Vacina Bacteriana Mista VCM Vincristina, Ciclofosfamida e Metrotexano VO Via Oral LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 PORCENTAGEM DOS ANIMAIS DAS ESPECIES CANINA E 18 FELINA ATENDIDOS NO GHV GRÁFICO 2 PORCENTAGEM DE MACHOS E FÊMEAS ATENDIDOS NO 18 GHV GRÁFICO 3 CASUISTICA DAS DOENÇAS ACOMPANHADAS NAS 19 CONSULTAS DO GHV GRÁFICO 4 CIRURGIAS ACOMPANHADAS NO GHV 20 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 ESTADIAMENTO CLÍNICO DO HSA CANINO 36 QUADRO 2 PROTOCOLOS QUIMIOTERÁPICOS PARA HSA CANINO 43 LISTA DE TABELAS TABELA 1 RELAÇÃO ENTRE PESO E SUPERFÍCIE CORPÓREA EM CÃES 41 TABELA 2 RELAÇÃO ENTRE PESO E SUPERFÍCIE CORPÓREA EM 41 GATOS LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 ENTRADA DO GARRA HOSPITAL VETERINÁRIO (GHV) 14 FIGURA 2 RECEPÇÃO DO GARRA HOSPITAL VETERINÁRIO 14 FIGURA 3 CONSULTÓRIO 2 DO GHV 15 FIGURA 4 SALA DE EXAMES RADIOGRÁFICOS DO GHV 15 FIGURA 5 INTERNAMENTO DO GHV 16 FIGURA 6 CENTRO CIRÚRGICO DO GHV 16 FIGURA 7 HEMANGIOSSARCOMA EM BAÇO DE UM CÃO 23 FIGURA 8 HEMANGIOSSARCOMA EM CORAÇÃO DE UM CÃO 24 FIGURA 9 METÁSTASES DE HEMANGIOSSARCOMA PARA O FÍGADO 26 (A) E PARA OS PULMÕES FIGURA 10 CORTE HISTOLÓGICO DE UM HEMANGIOSSARCOMA DE 35 UM CÃO. ESPAÇOS IRREGULARES CHEIOS DE SANGUE E CÉLULAS ENDOTELIAIS NEOPLÁSICAS FIGURA 11 RADIOGRAFIA DE FÊMUR, CÃO/ROTTWEILER, INCIDÊNCIA 48 MÉDIO-LATERAL DIREITA, PERIOSTEAL EPÍFISE NA MOSTRANDO DISTAL DO REAÇÃO FÊMUR COM DESTRUIÇÃO DA CORTICAL CAUDAL E TRIÂNGULO DE CODMAN EM FACE CAUDAL DISTAL FIGURA 12 RADIOGRAFIA DA PELVE, CÃO/ROTTWEILER, INCIDÊNCIA 49 VENTRO-DORSAL, MOSTRANDO LISE DE TERÇO DISTAL FEMORAL DIREITA FIGURA 13 RADIOGRAFIA DE TÓRAX, CÃO/ROTTWEILER, 50 INCIDÊNCIAS VENTRO-DORSAL (A) E LATERO-LATERAL ESQUERDA (B) SEM ALTERAÇÕES SUGESTIVAS DE METÁSTASE PULMONAR E DISCRETO AUMENTO DE LINFONODO ESTERNAL FIGURA 14 PREPARAÇÃO DO PACIENTE (CÃO/ROTTWEILER) PARA 52 PROCEDIMENTO DE AMPUTAÇÃO DE MEMBRO PÉLVICO FIGURA 15 INCISÃO DA PELE E SUBCUTÂNEO DO PROCEDIMENTO 52 DE DESARTICULAÇÃO (CÃO/ROTTWEILER) COXOFEMORAL FIGURA 16 LIGADURA PRÉVIA DE ARTÉRIAS E VEIAS MAIORES 53 FEMORAIS NO PROCEDIMENTO DE DESARTICULAÇÃO COXOFEMORAL (CÃO/ROTTWEILER) FIGURA 17 IMAGEM DA REGIÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL 53 APÓS DESARTICULAÇÃO (CÃO/ROTTWEILER) FIGURA 18 IMAGEM DO FEMUR EXCISADO. ÁREA AFETADA PELO 54 HSA OSSEO FIGURA 19 PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO DA DESARTICULAÇÃO 54 COXOFEMORAL FIGURA 20 FOTOMICROGRAFIA DE HSA ÓSSEO, ESPÉCIE CANINA, 55 RAÇA ROTTWEILER, PACIENTE SHE-RA 1 INTRODUÇÃO O presente relatório descrito pela acadêmica Gabriela Muckenberger Saddi do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, tem como finalidade abordar e discutir casos acompanhados durante o período de estágio curricular obrigatório, o qual foi realizado no Garra Hospital Veterinário, durante o período de 02 de agosto a 08 de outubro de 2010, sob orientação profissional do médico veterinário André de Britto Obladen, e sob orientação acadêmica da professora Msc. Simone Cristine Monteiro Dallagnol, responsável pela disciplina de Diagnóstico por Imagem da Universidade Tuiuti do Paraná. O estágio teve duração de 360 horas. Neste período foram acompanhadas e auxiliadas atividades na área de clínica médica, clínica cirúrgica, diagnóstico por imagem e exames laboratoriais. Neste relatório estão descritos o local de estágio com respectiva casuístic a desse período e o relato de um caso clínico determinado, bem como sua revisão bibliográfica. Estágio curricular obrigatório é o momento de o aluno aprimorar seus conhecimentos práticos através da base teórica ministrada durante todo o período letivo, crescendo assim como profissional e obtendo novas experiências. 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO O Garra Hospital Veterinário (FIGURA 1) foi fundado em 2009 e dispõe 24 horas de profissionais especialistas nas diferentes áreas. Está localizado à rua Pe. Germano Mayer, nº319, bairro Cristo Rei, Curitiba – PR. Apresenta uma estrutura que abrange uma recepção, dois consultórios, uma sala de radiografia (RX), uma sala de ultrassonografia, uma sala de esterilização de materiais acoplada à sala de cirurgia, uma ala de internamento, um laboratório de análises clínicas, área de banho e tosa, dois banheiros, lavanderia, escritório, além de uma cozinha e um quarto para os plantonistas A equipe médica atualmente é composta por cinco médicos veterinários fixos, distribuídos nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, diagnóstico por imagem, análises clínicas, oncologia e dermatologia, além dos demais médicos de outras especialidades que comparecem ao hospital quando solicitados. Conta-se ainda com duas recepcionistas, dois enfermeiros e plantonistas. O atendimento é realizado todos os dias da semana, 24 horas por dia, sendo que das 8:00 às 20:00 horas é horário normal e após às 20:00 horas é considerado plantão. FIGURA 1 - ENTRADA DO GARRA HOSPITAL VETERINÁRIO (GHV) FONTE: OBLADEN,2009. O cliente e o paciente chegam diretamente na recepção (FIGURA 2), onde fazem sua ficha cadastral e então são encaminhados a um dos consultórios (FIGURA 3). Quando indicado, o paciente é encaminhado para os outros setores, como a sala de exames radiográficos (FIGURA 4), internamento (FIGURA 5) ou cirurgia (FIGURA 6). FIGURA 2 - RECEPÇÃO DO GARRA HOSPITAL VETERINÁRIO FONTE: SADDI, 2010. Se for necessário algum exame complementar, o material (sangue, urina, fezes) é colhido e encaminhado ao Laboratório de Análises Clínicas ARS®, o qual oferece serviços terceirizados e é anexo ao Hospital, facilitando e agilizando o diagnóstico clínico. FIGURA 3 – CONSULTÓRIO HOSPITAL VETERINÁRIO 2 DO GARRA FONTE: SADDI, 2010. FIGURA 4 - SALA DE EXAMES RADIOGRÁFICOS DO GHV FONTE: OBLADEN,2009. FIGURA 5 – INTERNAMENTO DO GHV FONTE: SADDI, 2010. FIGURA 6 - CENTRO CIRÚRGICO DO GHV FONTE: SADDI, 2010. 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS As atividades desenvolvidas no Garra Hospital Veterinário neste período abrangeram todas as áreas. Durantes as consultas e reconsultas, os estagiários acompanham o veterinário responsável em todas as atividades, desde anamnese à protocolo de internamento ou cirurgia. Os exames de imagem também eram acompanhados pelos estagiários, desde o posicionamento do animal até a revelação das radiografias e análises das imagens radiográficas ou ultrassonográficas. Durantes as cirurgias, o estagiário responsável monitorava a anestesia e aferia os parâmetros do animal constantemente, além de ter a oportunidade de auxiliar na cirurgia, juntamente com os médicos responsáveis. Os estagiários também eram responsáveis pelos cuidados com os animais internados, desde elaboração do prontuário, medicações, aferição de parâmetros, realização de curativos e alimentação. Essas atividades eram realizadas conforme escala pré-determinada pelo orientador profissional, em esquema semanal por área do hospital, no período das 08:00 às 18:00 horas. 3.1 CASUÍSTICA No GHV foram atendidos durante o período de estágio 177 animais, sendo 153 cães e 24 gatos (GRÁFICO 1). Foram realizadas 95 consultas, 22 exames de imagem e 111 procedimentos cirúrgicos. Em diversos animais foi realizado mais de um procedimento, e alguns possuíam mais de uma afecção concomitantemente. A seguir, o GRÁFICO 2 representa a porcentagem de animais machos e fêmeas da espécie canina atendidos durante o estágio curricular obrigatório. NA seqüência, o GRÁFICO 3 representa as doenças observadas nas consultas acompanhadas no GHV, distribuídas pelas diversas áreas da medicina veterinária. GRÁFICO 1 – PORCENTAGEM DOS ANIMAIS DAS ESPÉCIES CANINA E FELINA ATENDIDOS NO GHV GRÁFICO 2 – PORCENTAGEM DE MACHOS E FÊMEAS (ESPÉCIE CANINA) ATENDIDOS NO GHV GRÁFICO 3 – CASUÍSTICA DAS DOENÇAS ACOMPANHADAS NAS CONSULTAS DO GHV (95 CASOS) As doenças infecciosas tiveram a maior incidência, com 20 casos (21,05%). Nelas estão inclusas as gastroenterites hemorrágicas, sem ou com causa determinada, além dos casos de Parvovirose, Cinomose, Leptospirose e até uma suspeita de Leishmaniose. As doenças urogenitais tiveram a segunda maior prevalência, com 17 casos (17,89%), abrangendo insuficiência renal, hiperplasia prostática, urólito vesical, criptorquidismo e piometra. As doenças oncológicas e dermatológicas tiveram igual casuística, com 13 casos cada uma (13,68%). As doenças oncológicas englobaram 4 casos de mastocitoma, 5 casos de tumores em vísceras, 1 caso de leucemia, 1 caso de hemangiossarcoma e 1 caso de condrossarcoma. Os tumores de mama não foram contabilizados por não terem sido realizados exames histopatológicos que concluíssem diagnósticos, mas tiveram grande incidência. As dermatopatias abrangeram escabiose, otite por Malassezia, demodiciose e dermatofitose. Foram atendidas 11 emergências (11,58%), sendo 8 casos de mordeduras e 3 casos de intoxicação. Acometimentos ortopédicos e articulares totalizaram 8 atendimentos (8,42%), entre discopatias, displasias coxofemoral, panosteíte e doença articular degenerativa. Doenças metabólicas e endócrinas totalizaram 4 casos (4,21%), igualmente às doenças dos sistemas circulatório e respiratório. Variaram entre insuficiência cardíaca, bronquite, edema pulmonar cardiogênico, hiperadrenocorticismo , hipoglicemia e diabetes melitus. Acometimentos gastrointestinais tiveram baixa ocorrência, com 3 casos (3,16%), sendo 2 de megaesôfago e 1 de gastrite medicamentosa. A menor prevalência foi de doenças hepáticas, com apenas 2 casos (2,11%): 1 de cálculos na vesícula biliar e 1 de hiperplasia hepática. O GRÁFICO 4, a seguir, representa os casos cirúrgicos acompanhados no GHV. Estão subdivididos pelas especialidades cirúrgicas e suas respectivas porcentagens. GRÁFICO 4 – CIRURGIAS ACOMPANHADOS NO GHV (111 CASOS) As cirurgias que apresentaram maior incidência são as urogenitais, pois englobam os casos de ovário-histerectomia terapêutica (8 casos) e eletiva (29 casos), cesarianas (3 casos), orquiectomia (11casos) e cistotomia (2 casos). Cirurgias ortopédicas também apresentam grande ocorrência. Foram 14 casos, distribuídos em duas amputação de membro, 7 fixações com fixador esquelético externo, duas denervações acetabulares, uma osteossíntese da sínfise mandibular, uma fixação mandibular com resina e 1 hemimandibulectomia. As limpezas dentárias (extração e remoção de tártaro) são práticas corriqueiras na clínica veterinária. Totalizaram 12 casos. Cirurgias oncológicas têm crescido diariamente. Neste período foram realizadas 2 esplenectomias, 1 amputação de membro devido a um hemangiossarcoma ósseo e 8 mastectomias totais unilaterais. Cirurgias de herniorrafia totalizaram 8 casos, entre hérnias diafragmática, umbilical, perineal e inguinal. Cirurgias do aparelho gastrointestinal (5 ocorrências) apresentaram casos de enterectomia, gastrotomia e correção de torção gástrica. Cirurgias otológicas não tiveram grande prevalência, com apenas 3 casos: uma ablação do conduto auditivo e dois oto-hematomas. . Cirurgias da pele e anexos também só apresentaram 3 casos: 1 flushing de glândula adeanal e 2 retiradas de cisto sebáceo. A área com menor prevalência de cirurgias foi a oftalmologia, com 2 casos: uma correção de protrusão da terceira pálpebra e uma enucleação. Os 22 exames acompanhados incluíram ultrassonografias e radiografias das diversas regiões anatômicas. 4 HEMANGIOSSARCOMA 4.1 REVISÃO DE LITERATURA 4.1.1 Introdução O hemangiossarcoma (HSA), também denominado hemangioendotelioma, angiossarcoma ou endotelioma maligno, é uma neoplasia maligna das células endoteliais vasculares (GARZOTTO & BERG, 2007; PINTO et al.,2007; THAMM, 2007; AMAYA, RODRÍGUES & JIMÉNEZ, 2008; COUTO, 2010). 4.1.2 Etiologia e predisposição A causa desta neoplasia ainda não foi esclarecida, entretanto, relato em humanos mostram sua associação com exposição ao dióxido de tório, aos arsênicos e ao cloreto de vinil. Sabe-se que, em cães, a exposição ultravioleta está associada ao aparecimento de HSA em indivíduos com pele menos pigmentada ou pêlos mais rarefeitos, como Beagles, Bulldogs brancos e o Pointer Inglês (FERRAZ et al., 2008). Segundo COUTO (2010), o HSA canino ocorre mais freqüentemente do que nas outras espécies. A maioria dos cães afetados é de grande porte, machos e idosos (8 a 10 anos de idade), porém THAMM (2007) afirma haver relatos em cães com menos de três anos de idade. As raças Pastor Alemão, Golden Retriever e Labrador Retriever os que apresentam alto risco para esta neoplasia (COUTO, 2010; THAMM, 2007; FERRAZ et al., 2008; FERNADES & DE NARDI, 2009). Nos felinos, os gatos domésticos de pêlo curto parecem possuir maior predileção ao HSA e a idade média é de 10,5 anos e, diferentemente dos cães, sem diferença na incidência entre os sexos (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Nos cães, o baço é usualmente o local mais acometido (FIGURA 7) (THAMM, 2007; FERNANDES & DE NARDI, 2009; FERRAZ et al., 2008), entretanto, fígado, átrio direito e pele são freqüentemente sítios primários desta neoplasia (FERRAZ et al., 2008; THAMM, 2007; GARZOTTO & BERG, 2007; CLIFFORD, MACKIN & HENRY, 2000). FIGURA 7 – HEMANGIOSSARCOMA EM BAÇO DE UM CÃO FONTE: FANKHAUSER, 2004. Aproximadamente 50% dos tumores se iniciam no baço, 25% no átrio direito, 13% no tecido subcutâneo, 5% no fígado, 5% no fígado-baço-átrio direito e 1 % a 2% simultaneamente em outros órgãos (rim, bexiga, osso, língua, próstata). Estes últimos são referidos como tumores múltiplos de origem indeterminável (COUTO, 2010). Outros locais primários descritos incluem a pele, o pulmão, a aorta, a cavidade oral, os músculos, os intestinos, a vulva, a vagina, a conjuntiva e o peritônio (PINTO et al., 2007). Das neoplasias que acometem o coração, o HSA cardíaco primário é o mais comum (FIGURA 8) (FANKHAUSER, 2004). FIGURA 8 – HEMANGIOSSARCOMA EM CORAÇÃO DE UM CÃO FONTE: FANKHAUSER, 2004. O hemangiossarcoma primário dos ossos é raro e provavelmente corresponde por menos de 5% de todos os tumores ósseos (STRAW, 2004; FERRAZ et al.,2008 ). Os terços distal e proximal dos ossos longos são mais comumente afetados, seguido pelos tumores de pelve, esterno, costela, maxila e vértebras (GARZOTTO & BERG, 2007). Para NORTH & BANKS (2009) os ossos usualmente acometidos são o terço proximal do úmero, fêmur, costelas, vértebras e escápula. SCHULTHEISS (2004) afirma que em um estudo realizado durante seis anos para avaliar os casos de HSA visceral e não visceral, apenas seis casos foram de HSA ósseo, e desses, quatro casos eram em membro pélvico, um no crânio e um em sítio inespecífico. Em cães, HSA não visceral ocorre menos comumente do que o HSA visceral (SCHULTHEISS, 2004). 4.1.3 Fisiopatologia O HSA é um tumor altamente metastático, sendo que absolutamente todos os cães acometidos desenvolverão doença metastática visível no período de seis meses após o diagnóstico (COUTO, 2010). Já SCHULTHEISS (2004) e FERNANDES & DE NARDI (2009) afirmam que 80% dos casos têm metástase no momento do diagnóstico clínico. De modo geral, o comportamento biológico desta neoplasia é altamente agressivo, e a maioria das formas anatômicas do tumor infiltram e metastatizam precocemente na doença. A exceção é constituída pelos hemangiossarcomas dérmico e conjuntival primários ou da terceira pálpebra, que possuem baixo potencial metastático (COUTO, 2010). As metástases podem estar amplamente disseminadas em diversos órgãos e regiões anatômicas, como pulmões, fígado, baço, coração, músculos esqueléticos, rins, cérebro, ossos, omento e mesentério (FIGURA 9) (STRAW, 2004; FERNANDES & DE NARDI, 2009; AMAYA, RODRÍGUEZ & JIMÉNEZ, 2008). A característica agressiva do HSA se deve à sua origem de células de vasos proporcionando, desta forma, rápida disseminação de células por via hematógena ou por implantação transabdominal (FERRAZ et al., 2008; FERNANDES & DE NARDI, 2009). Em cães, o HSA é o sarcoma com maiores chances de se disseminar para o cérebro, principalmente quando os pacientes apresentam metástases múltiplas ou pulmonares (FERNANDES & DE NARDI, 2009). FIGURA 9 – METÁSTASES DE HEMANGIOSSARCOMA PARA O FÍGADO (A) E PARA OS PULMÕES (B) FONTE: FANKHAUSER, 2004. Duas alterações comuns em cães com HSA, independentemente do sítio primário ou do estágio, são anemia e hemorragia espontânea (COUTO, 2010). A anemia geralmente resulta da hemorragia intracavitária ou hemólise microangiopática (HMA), enquanto a hemorragia espontânea é geralmente causada por coagulação intravascular disseminada (CID) ou trombocitopenia secundária à HMA (COUTO, 2010). A CID é uma complicação do HSA que deve ser reconhecida e tratada imediatamente pela alta taxa de mortalidade quando os pacientes apresentam essa síndrome. Devem-se tomar medidas de controle ou prevenção, por exemplo, usar heparina ou realizar transfusão sanguínea (FERNANDES & DE NARDI, 2009). No pré-operatório, é importante a realização de coagulograma para descartar a presença de CID (FERNANDES & DE NARDI, 2009; THAMM, 2007). 4.1.4 Sinais clínicos As queixas dos proprietários e os sinais clínicos na apresentação estão relacionados ao local de origem do tumor primário, ou à presença de lesões metastáticas, ou ao desenvolvimento de ruptura tumoral espontânea, coagulopatias ou arritmias cardíacas (COUTO, 2010). Podem ser observados, mais freqüentemente, sinais inespecíficos como fraqueza, abdômen distendido, pulso e respiração aumentados, mucosas pálidas e perda de peso. Os episódios de fraqueza comumente duram horas ou até mesmo dias até o restabelecimento do cão. Ascite também é percebida com freqüência (FERRAZ et al., 2008; THAMM, 2007; FERNANDES & DE NARDI, 2009; FANKHAUSER, 2004). A manifestação mais grave é a morte súbita decorrente de hemorragias severas na cavidade torácica ou abdominal provindas da ruptura do tumor (FERRAZ et al., 2008; FERNANDES & DE NARDI, 2009). Quando há envolvimento cardíaco, geralmente ocorre efusão pericárdica ou tamponamento cardíaco, havendo uma diminuição do retorno venoso ao coração devido à compressão exercida pelo aumento no volume de fluido no pericárdio. Os batimentos ficam abafados à auscultação, pode ocorrer arritmia e sinais de falha cardíaca direita. Colapso ou intolerância marcante ao exercício físico são comuns, podendo haver morte súbita (FERRAZ et al., 2008; FANKHAUSER, 2004). Cães com HSA cardíaco e hemopericárdio exibem sinais típicos eletrocardiográficos compatíveis com efusão pericárdica (diminuição da amplitude do complexo QRS, alternância elétrica) (THAMM, 2007; AMAYA, RODRÍGUES & JIMÉNEZ, 2008). Adicionalmente, cães com HSA esplênico freqüentemente são examinados devido à distensão abdominal secundária ao crescimento tumoral ou hemoperitônio. (COUTO,2010). Pode-se detectar, com freqüência, massa abdominal palpável (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Massas subcutâneas em áreas críticas podem causar claudicação (SCHULTHEISS, 2004). Tumores ósseos podem causar claudicação secundária à fraturas óssea e HSA vertebral pode causar dor ou paralisia (FANKHAUSER, 2004). HSA no trato urinário ou na cavidade nasal pode se apresentar como hematúria ou epistaxe, respectivamente. Convulsões podem ser a queixa de apresentação de HSA com metástase cerebral. Hemorragias ou petéquias nas membranas mucosas podem ocorrer em cães que desenvolvem a CID (FANKHAUSER, 2004). 4.1.5 Aspectos Anatomopatológicos do HSA Os HSA podem apresentar diferentes tamanhos. Seu aspecto externo varia de coloração cinza-claro a vermelho-escuro, geralmente são nodulares e macios, usualmente contém áreas de hemorragia e necrose, alguns são pobremente circunscritos e não-encapsulados, porém podem apresentar ruptura da cápsula que reveste o parênquima tumoral associada à hemorragia . Freqüentemente os HSA se aderem às estruturas adjacentes (FERNANDES & DE NARDI, 2009; THAMM, 2007). 4.1.6 Diagnóstico O diagnóstico de HSA canino fundamenta-se em histórico clínico, raça, idade, exames físico e hematológico, achados radiográficos ou ultrassonográficos, ecocardiograma, eletrocardiografia e abdominocentese quando indicado (SCHULTHEISS, 2004). O diagnóstico definitivo é realizado por biópsia incisional ou excisional do tumor primário ou da metástase (FERNANDES & DE NARDI, 2009; THAMM, 2007). A forma cutânea não invasiva é a única exceção, dispensando a realização desses exames complementares (FERRAZ et al., 2008). 4.1.6.1 Exame Hematológico Tanto em cães como em gatos, hemorragia intracavitária ou hemólise microangiopática pode ocasionar anemia regenerativa caracterizada por policromasia, anisocitose, reticulocitose e hemácias nucleadas no sangue periférico. Em cães e humanos pode ocorrer fragmentação das hemácias; em gatos isso ainda não foi documentado. A anemia é o achado hematológico mais comum em cães, mas o animal pode apresentar também leucocitose neutrofílica (FERNANDES & DE NARDI, 2009; FANKHAUSER, 2004) causada pelo estresse, necrose tumoral, ou resposta da medula óssea inespecíficas também podem estar presente (FANKHAUSER, 2004). Grandes massas esplênicas são frequentemente associados com hematopoiese extramedular. Portanto, metarrubócitos (aumento de glóbulos vermelhos nucleados no sangue circulante) pode ser observada no esfregaço de sangue periférico. Este é um dos indicadores mais confiáveis de neoplasia quando uma massa esplênica está presente (FANKHAUSER, 2004). Trombocitopenia é um achado comum, ocorrendo em 30-75% dos cães com HSA, e pode ser devido a processos imunomediados, seqüestro de plaquetas , uma hemorragia grave ou CID (FANKHAUSER, 2004). Os resultados dos testes bioquímicos podem estar dentro de intervalos de referência em cães com HSA ou podem refletir o envolvimento de órgãos específicos do sistema. Por exemplo, a fosfatase alcalina sérica e alanina transferase podem ser elevadas tanto com HSA primário hepático ou com metástase para o fígado. A hipoglicemia também tem sido relatado como uma síndrome paraneoplásica de HSA (FANKHAUSER, 2004). 4.1.6.2 Exames de Imagem Radiografia e ultrassonografia abdominais podem demonstrar efusão peritoneal secundária à hemorragia ou insuficiência cardíaca direita associada ao tamponamento cardíaco (FANKHAUSER,2004; FERRAZ et al., 2008). As radiografias abdominais também podem ser úteis na demonstração de esplenomegalia, hepatomegalia ou outras massas abdominais compatíveis com HSA primário ou metastático (FERNANDES & DE NARDI, 2009; HIDAKA et al., 2006). A ecografia abdominal é útil na avaliação do tumor primário e na detecção de metástases. HSA esplênico tem um padrão ecóico misto ou não-homogêneo, enquanto HSA hepático geralmente aparece hipoecóico ou anecóico na ultrassonografia. (THAMM, 2007; FERNANDES & DE NARDI, 2009). Ecocardiografias podem ser úteis em cães com suspeita de efusão pericárdica, e uma massa atrial direita pode ser vista em 65% a 90% dos casos (THAMM, 2007). FANKHAUSER (2004) cita que as radiografias torácicas devem ser feitas para avaliar os pulmões quanto à presença de metástases, e FERNANDES & DE NARDI (2009) afirmam que contribuem, em alguns casos, no diagnóstico de envolvimento cardíaco. Deve-se realizar o exame radiográfico nas posições ventrodorsal, lateral direita e esquerda. HSA metastático pode ser constituído de nódulos solitários ou difusos em padrão miliar. Massas de tecido mole na base do coração também podem ser evidentes na radiografia torácica (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Essas radiografias são tipicamente caracterizadas pela presença de infiltrados intersticiais ou alveolares, ao contrário das lesões metastáticas denominadas “balas de canhão” vistas em outros tumores (COUTO, 2010). Em cães com suspeita ou com HSA ósseo confirmado, uma busca completa por outros locais possíveis de HSA (ósseo ou de tecido mole, lesões primárias ou metastáticas) é indicada como parte do exame inicial. Indicar o local primário, clinicamente e na necropsia, freqüentemente é difícil (GARZOTTO & BERG, 2007; THAMM, 2007). No HSA ósseo primário, as radiografias revelam destruição maciça, muitas vezes com uma fratura patológica. O tumor se expande proximal e distalmente ao longo da cavidade medular, e é expresso como uma “bolha de sabão”, um crescimento expansivo (HIDAKA et al., 2006). Acredita-se que a forma de expansão é menos dolorosa e que os sintomas podem não se desenvolver até que uma fratura patológica ocorra (HIDAKA et al., 2006). PINTO et al. (2007) descreve um caso de HSA de meninges causando síndrome cauda eqüina em um Pastor Alemão no qual os métodos de diagnóstico foram a radiografia simples, a mielografia e a tomografia computadorizada,sendo que esta última, após a mielografia, que indicou a presença de uma neoformação no canal vertebral. Após laminectomia dos processos transversos de L5-L6 que confirmou a presença de uma massa comprimindo a medula, a análise histopatológica confirmou o diagnóstico de HSA de meninge como causador da síndrome da cauda eqüina. Outro estudo realizado na Universidade da Pensilvânia, visou verificar se a ultrassonografia de contraste harmônico (USCH) pode ser usado em cães para distinguir HSA esplênico do hematoma, detectando com precisão e caracterizando nódulos hepáticos. Os achados histológicos do baço de 19 cães avaliados foram comparados com as características da lesão ao USCH, resultando em 11 diagnósticos de HSA esplênico, sete hematomas e um sarcoma indiferenciado (IVANCIC, LONG & SEILER, 2009). 4.1.6.2.1 Diagnóstico Diferencial de HSA Ósseo Quando se suspeita de uma lesão primária óssea neoplásica, deve-se realizar um diagnóstico diferencial entre osteomielite bacteriana ou fúngica, infarto ósseo, extensão direta de tumores ósseos ou provenientes de tecidos moles, osteopatia hipertrófica, hipervitaminose A, reações periostais traumáticas e cistos ósseos aneurismais (KLEINER & SILVA, 2003). STRAW (2004) afirma que há uma lise óssea profunda, e as células malignas invadem de forma agressiva as estruturas adjacentes sadias. Entretanto, a lesão pode ser confundida com osteossarcoma telangiectásico, especialmente se o diagnóstico estiver apoiado em pequenas amostras de tecido. Em geral, a característica radiográfica dominante é a lise, porém, o HSA não apresenta característica radiográfica única, e o diagnóstico baseia-se na histopatologia. Deve ser ressaltada a importância de um amplo exame clínico e radiológico, assim como da biópsia excisional (KLEINER &SILVA, 2003). 4.1.6.3 Eletrocardiografia As arritmias cardíacas podem ocorrem com o HSA esplênico ou cardíaco, e podem acontecer antes, durante ou após a cirurgia em ambos os casos. Até 39% dos cães com HSA esplênico têm arritmias, sendo que a maioria delas são arritmias ventriculares pré-operatórias (FANKHAUSER, 2004). As arritmias são mais freqüentemente associadas à doença do baço do que com comprometimento cardíaco, mas ocorrem com tumores primários dos dois sítios (FANKHAUSER, 2004). A efusão pericárdica associada à tumores cardíacos pode resultar em diminuição da amplitude do complexo QRS e alternâncias elétricas (PÉREZ & OROZCO, 2010). 4.1.6.4 Citologia Os hemangiossarcomas podem ser diagnosticados citologicamente com base nos aspirados por agulha fina (AAF) ou esfregaços de impressão (COUTO,2010; FERNANDES & DE NARDI, 2009; FERRAZ et al., 2008), porém quando há presença de efusão, o diagnóstico por este método torna-se extremamente difícil. Durante este procedimento, existe o risco de transplantar células tumorais durante a aspiração ou de romper a cápsula do tumor, causando hemorragias. Mas essa transplantação tumoral provavelmente não afetará o tempo de sobrevida, por causa da natureza agressiva da doença (FERNANDES & DE NARDI, 2009; THAMM, 2007). A maioria das efusões são serossanguinolentas (ou apenas sanguinolentas) e usualmente não coagulam (SCHULTHEISS, 2004; FERNANDES & DE NARDI, 2009). O exame citológico da efusão revela, em geral, elementos sanguíneos (FERNANDES & DE NARDI, 2009), mas ainda assim as células neoplásicas podem ser vistas em 25% dos casos, e isso permite um diagnóstico presuntivo de HSA. Deve-se atentar, porém, para os resultados falso-positivos, que têm sido relatados em até 13% dos casos com este procedimento (FANKHAUSER, 2004). Abdominocentese ou pericardiocentese podem ser realizadas para prestar socorro clínico e para obter uma amostra de líquido para análise citológica (FANKHAUSER, 2004). As células neoplásicas são semelhantes às de outros sarcomas por serem fusiformes ou poliédricas; no entanto, elas são bastante grandes, têm núcleos grandes com padrão frouxo de cromatina e um ou mais nucléolos, e um citoplasma cinza-azulado, geralmente vacuolizado. Hemácias nucleadas estão freqüentemente presentes nas citologias de HSA (COUTO, 2010). 4.1.6.5 Histopatologia Ainda que muitos exames colaborem no diagnóstico do HSA, o diagnóstico definitivo deve ser baseado na histopatologia. É recomendada a esplenectomia ou a biópsia excisional de qualquer lesão suspeita baço, fígado e omento (FANKHAUSER, 2004). Geralmente contêm áreas de hemorragia e necrose. Histologicamante, HSAs consistem em espaços vasculares revestidos e alongados, roliços, com células endoteliais neoplásicas. Os núcleos são grandes e hipercromáticos e frequentemente são vistas figuras de mitose. As células neoplásicas têm pouco citoplasma e podem ser organizados em folhas ou em formas de espaços vasculares irregulares que estão cheios de sangue (FIGURA10) (FANKHAUSER, 2004). FIGURA 10 – CORTE HISTOLÓGICO DE UM HEMANGIOSSARCOMA DE UM CÃO. ESPAÇOS IRREGULARES CHEIOS DE SANGUE E CÉLULAS ENDOTELIAIS NEOPLÁSICAS FONTE: FANKHAUSER, 2004. 4.1.7 Estadiamento do HSA A realização de um adequado estadiamento dos tumores é particularmente importante. A definição precisa do estadiamento da neoplasia facilita a determinação do prognóstico para o cão e do protocolo terapêutico mais adequado. Costuma-se utilizar o sistema TMN (tumor, node, metastasis) como forma de classificação. (FERRAZ et al., 2008). Esse sistema caracteriza o tamanho do tumor, o envolvimento ou não de linfonodos e se há ou não metástases. O estadiamento clínico dos HSA em cães está disposto no quadro abaixo, sendo o estádio III é o mais comum (FERNADES & DE NARDI, 2009). QUADRO 1 – ESTADIAMENTO CLÍNICO DO HSA CANINO FONTE: FERNANDES E DE NARDI, 2009. 4.1.8 Tratamento O tratamento do câncer geralmente é uma abordagem multidiciplinar, envolvendo potencialmente cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou a combinação de dois ou mais destas opções (NORTH & BANKS, 2009). O HSA canino é um tumor agressivo que necessita de múltiplas modalidades de tratamento. Para todos os cães e gatos com HSA, o tratamento de eleição é a ressecção cirúrgica. Durante o transoperatório, é de fundamental importância a remoção do tumor com ampla margem de segurança (FERNANDES & DE NARDI, 2009). A fim de selecionar a melhor opção de tratamento, é importante sabe o diagnóstico histopatológico, o nível de malignidade de cada tratamento que está sendo considerado e quaisquer problemas médicos simultâneos. Para cada paciente tem que ser requisitado um mínimo de exames, como hemograma, bioquímico, urinálise e radiografia (NORTH & BANKS, 2009). 4.1.8.1 Cirurgia Cirurgia é a modalidade mais amplamente utilizada no controle de câncer localizado (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008) e tem sido o tratamento de escolha para o HSA (CLIFORD, MACKIN & HENRY, 2000). É necessário definir os limites de ressecção antes de iniciar a cirurgia com base no tipo de neoplasia, no comportamento esperado da lesão, na extensão da invasão local e na barreira propiciada pelos tecidos adjacentes. Tecidos pouco vascularizados, ricos em colágeno (por exemplo, cartilagem e fáscia muscular) resistem mais à invasão da neoplasia. Outros tecidos (por exemplo, tecido adiposo e subcutâneo) resistem menos à invasão (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Deve-se remover todo o tecido neoplásico, e se necessário pode-se utilizar enxerto para preencher as falhas maiores (FUNKHAUSER, 2004; THAMM, 2007; GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Neoplasias malignas requerem uma remoção com uma ampla margem de tecido saudável. Amplas margens normalmente referem-se a 2 – 3 cm de tecido macroscopicamente normal em torno da massa principal, mas em alguns casos, 1 – 2 cm é suficiente (NORTH & BANKS, 2009). Os tecidos saudáveis devem ser protegidos de contaminação por células neoplásicas utilizando campos cirúrgicos e esponjas de laparotomia. Trocar as luvas, os instrumentos e o campo cirúrgico quando necessário evitam a contaminação de tecido normal com células cancerígenas. Lavagem abundante da superfície da ferida também pode reduzir o risco de neoplasia residual. Cauterizar ou fazer eletrocoagulação de qualquer superfície exposta da neoplasia é outro cuidado que se deve ter (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Nos casos de HSAs ósseos primários no esqueleto apendicular, é necessária e realização de amputação completa. A técnica recomendada para membros pélvicos é a desarticulação coxofemoral (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Em casos de HSA esplênico, é exigido esplenectomia (FUNKHAUSER, 2004; THAMM, 2007). Em HSA cardíaco primário a pericardiectomia aberta ou por toracoscopia pode ser um procedimento paliativo, permitindo a fuga da efusão para o tórax, em vez de acumular no pericárdio, onde um pequeno volume pode facilmente restringir a função cardíaca (FUNKHAUSER, 2004; THAMM, 2007). FUNKHAUSER (2004) indica nefrectomia para os tumores renais afirma que cistectomia parcial pode ser feita para remover um tumor da bexiga. No entanto, todas as localizações primárias, exceto tumores cutâneos superficiais, têm um mau prognóstico a longo prazo e cirurgia é apenas para fins paliativos na maioria dos casos. 4.1.8.2 Radioterapia A radioterapia é muito útil no tratamento de neoplasias local e regional. Em alguns casos selecionados, ela é utilizada como tratamento paliativo de neoplasias disseminadas dolorosas (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Pode ser administrada como forma inicial de tratamento (radioterapia neoadjuvante), simultaneamente com outros tratamentos (radiação intra-operatória, quimioterapia) ou como tratamento pós-operatório (radioterapia adjuvante). A radioterapia neo-adjuvante pode reduzir o tamanho da massa tumoral, com menor necessidade de cirurgia e maior efetividade da quimioterapia adjuvante (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). A radioterapia combinada com outro tratamento aumenta a efetividade da radiação devido à radiossensibilização induzida por quimioterapia e minimiza a toxicidade da radiação aos tecidos normais, no caso da radiação intra-operatória. (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). A radiação deve ser aplicada em todos os tecidos potencialmente afetados (como linfonodos regionais e a própria neoplasia) e em uma margem de tecido normal. É mais efetiva em tumores menores e em células neoplásicas bem oxigenadas (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Raramente faz-se uso da radioterapia para os casos de HSA, em razão da localização anatômica e do alto grau de metástase. A radioterapia paliativa pode diminuir massas localizadas externamente. No entanto, sua aplicação não altera significativamente o tempo de sobrevida do paciente (FANKHAUSER, 2004; THAMM, 2007; FERNANDES & DE NARDI, 2009). Esse procedimento tem sido usado para controlar massas superficiais que não podem ser excisadas cirurgicamente e para aliviar a dor associada com neoplasias ósseas (FANKHAUSER, 2004). 4.1.8.3 Quimioterapia O objetivo da quimioterapia é reduzir o número de células malignas a zero (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Alguns tipos de câncer são notavelmente sensíveis à quimioterapia. Neoplasias linfóides e tumores venéreos transmissíveis com freqüência são efetivamente tratados, sendo que a maior parte dos outros tumores não-linfóides tem sensibilidade moderada. Contudo, a quimioterapia é útil no tratamento de vários tipos de neoplasias quando empregada como terapia adjuvante a outros tratamentos ou como tratamento paliativo (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). O tratamento quimioterápico dos tumores envolve a aplicação sistêmica ou regional de fármacos capazes de destruir as células neoplásicas ou interromper sua proliferação. Infelizmente, os quimioterápicos hoje disponíveis não são seletivos na destruição exclusiva de células tumorais. Já que um ou mais agentes quimioterápicos atua em um ou mais estádios do ciclo celular, as células e os tecidos com maiores taxas de divisão são os mais afetados (RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009). É importante realizar a contagem de células sanguíneas, incluindo plaquetas, previamente a cada tratamento. Cães com número de granulócitos inferior a 3000 células/µL devem ter a quimioterapia interrompida por três a cinco dias, podendo ser administrado antibiótico para pacientes que se mostrem febris (FERRAZ et al., 2008). Para que ocorra maior destruição das células tumorais, os quimioterápicos devem ser administrados em doses máximas toleradas (DMT) e durante o menor tempo possível. A posologia das medicações antineoplásicas baseia-se nas DMT e precisa ser ajustada ao estado do paciente, ao estadiamento da doença, ou à disfunção orgânica (RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009). Tradicionalmente, a posologia dos medicamentos era descrita em miligramas por quilograma (mg/kg). A padronização moderna mais confiável para a administração dos fármacos é em superfície corpórea, descrita em miligramas por metro quadrado (mg/m²) (RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009). As TABELAS 1 e 2 abaixo são normogramas consultados para a conversão de quilogramas (kg) em metros quadrados (m²) de superfície corpórea em cães e gatos. TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE PESO E SUPERFÍCIE CORPÓREA EM CÃES FONTE: RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009. TABELA 2 – RELAÇÃO ENTRE PESO E SUPERFÍCIE CORPÓREA EM GATOS FONTE: RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009. Alguns ajustes devem ser feitos para pacientes com pesos reais que variam amplamente em relação ao peso ideal, como ocorre nos animais obesos ou com grande acúmulo de líquido no terceiro espaço, como derrames pleurais,ascite e edema (RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009). A maior parte dos quimioterápicos é administrada via intravenosa ou oral. Esse procedimento é prático e pouco invasivo. Os quimioterápicos também podem ser administrados via intra-arterial ou intracavitária, com o intuito de aumentar a exposição da neoplasia ao medicamento. Estas medicações podem ser administradas antes (neo-adjuvante) ou após a cirurgia (adjuvante); não se conhece a seqüência ótima para a maioria das neoplasias (GILSON, PAGE & GAMBLIN, 2008). Em virtude da natureza altamente metastática da maioria dos casos de HSA, a quimioterapia tem sido considerada adjuvante no pós-operatório. Os protocolos mais usados são à base de doxorrubicina. Esse quimioterápico normalmente é utilizado como agente único ou em combinação com outros fármacos antiblásticos. Animais que recebem quimioterapia adjuvante com vincristina, doxorrubicina e ciclofosfamida (protocolo VAC), após cirurgia, apresentam média de sobrevida de 172 dias (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Os efeitos colaterais mais importantes que o protocolo VAC proporciona são neutropenia, cardiotoxicose e sinais gastrointestinais (que variam de leve à severo). Alguns cães apresentam hiperpigmetação e alopecia nas regiões periocular e na porção ventral do abdômen (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Cães com HSA tratados com cirurgia, doxorrubicina e ciclofosfamida (protocolo AC) apresentaram média de sobrevida de 285 dias. Os efeitos colaterais citados foram neutropenia suave a moderada, letargia, anorexia, gastroenterite hemorrágica, desidratação, febre, sepse e depressão severa. Com relativa freqüência, os cães neutropênicos desenvolveram sinais de gastroenterite. (FERNANDES & DE NARDI, 2009) A toxicidade com o protocolo AC parece ser mais leve do que com o protocolo VAC, especialmente em relação à mielossupressão. A vincristina no protocolo VAC pode ser um fator que aumenta a mielossupressão pelo sinergismo com a doxorrubicina e a ciclofosfamida (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Recentemente, a minociclina, um antibiótico antiangiogênico, usado na dose de 5 mg/kg VO a cada 24 horas, foi adicionado ao protocolo AC para cães com hemangiossarcoma, mas o tempo mediano de sobrevida foi de 170 dias, semelhante aos tempos medianos de sobrevida obtidos somente com quimioterapia (COUTO, 2010). Outras combinações, como vincristina, ciclofosfamida e metotrexano (VCM), têm produzido mínimo efeito, mas com alguma melhora no tempo de sobrevida (FERNANDES & DE NARDI, 2009). O quadro abaixo disponibiliza as doses e a freqüência de aplicação dos diversos protocolos acima mencionados. QUADRO 2 – PROTOCOLOS QUIMIOTERÁPICOS PARA O HSA CANINO FONTE: FERNANDES & DE NARDI, 2009. O intervalo para se repetir as administrações dos quimioterápicos depende da toxicidade nos tecidos normais. Para a maioria dos fármacos antineoplásicos imunossupressores, a leucopenia e a trombocitopenia tornam-se evidentes em hemogramas realizados em torno de 9 a 10 dias após o início do tratamento. O tempo de recuperação medular pode ter início retardado ou prolongado. Em geral, conclui-se no vigésimo oitavo dia em aproximadamente 90% dos casos (RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009). O intervalo necessário para assegurar a recuperação efetiva da atividade da medula óssea ou de outros efeitos tóxicos também pode permitir a recuperação e repovoamento das células tumorais residuais (RODASKI, DE NARDI & PIEKARZ, 2009). 4.1.8.3.1 Quimioterapia metronômica As drogas quimioterápicas são administradas em doses que são altas o suficiente para resultar em pausa para permitir a observação de efeitos colaterais e instituição de tratamento de suporte, se necessário. Nos últimos anos, os esforços para administrar a quimioterapia de uma forma mais contínua, com um período de pausa muito menor, ou nenhum, tem recebido um interesse crescente, e a prática passou a ser conhecida como quimioterapia metronômica (MUTSAERS, 2009). A base para o sucesso com essa abordagem, atualmente sob investigação, pode estar enraizada na exposição contínua de drogas para as células cancerígenas suscetíveis, a inibição do crescimento dos vasos sanguíneos do tumor (processo conhecido como angiogênese do tumor) e/ou alterações em imunologia de tumores (MUTSAERS, 2009). A dose máxima tolerada de quimioterapia padrão (DMT) causa a morte celular das células endoteliais dos vasos sanguíneos que alimentam o tumor em primeiro lugar, seguido por células tumorais. Mas os longos intervalos necessários entre os protocolos de DMT permitiu que os vasos sanguíneos danificados e, assim, o tumor, se recuperassem (MUTSAERS, 2009). Segundo estudos em Harvard Medical School, doses significativamente menores dadas com maior frequência em um horário prolongado mostrou-se muito mais eficaz, incluindo regressão completa do tumor, mesmo nos ratos que eram resistentes à droga quando usado em um protocolo de DMT (MUTSAERS, 2009). Ainda há muito a ser aprendido neste campo, especialmente no que diz respeito à otimização dos medicamentos adequados, dose, horário e aplicações tumor. No entanto, o baixo custo, facilidade de administração e perfil de toxicidade aceitável potencialmente associados a esta estratégia terapêutica fazem protocolos de quimioterapia metronômica atraentes e adequados para uso veterinário (MUTSAERS, 2009). Os resultados preliminares do ensaio clínico têm sido relatados, tanto na medicina humana e veterinária, incluindo o tratamento adjuvante de HSA esplênico em cães e de sarcomas de tecido mole incompletamente resseccionados. Estudos mais precisos ainda estão em andamento (MUTSAERS, 2009). 4.1.8.4 Imunoterapia Existem pouquíssimas pesquisas com o uso de imunoterapia. Estudos indicam que o uso de uma vacina bacteriana mista (VBM), após a cirurgia, mostrou algum aumento no tempo de sobrevida em cães com HSA esplênico (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Um estudo comparativo avaliou cães com HSA esplênico tratados c om quimioterapia (doxorrubicina e ciclofosfamida) e cães tratados com o mesmo protocolo quimioterápico combinando à imunoterapia (com lipossomo encapsulado) (FERNANDES & DE NARDI, 2009). Os resultados demonstraram que a média de sobrevida foi maior para os cães tratados com quimioterapia associada à imunoterapia, sendo 5,7 meses para os cães tratados apenas com quimioterapia e 9,1 meses para os cães que associaram os tratamentos (THAMM, 2007). 4.1.9 Prognóstico O prognóstico é ruim. Mesmo os animais com HSA clinicamente confinado à região óssea, ainda que o tumor possa ser completamente excisado, têm menos de 10% de probabilidade de sobrevida de até um ano (STRAW, 2004; THAMM, 2007). Tanto o HSA esplênico como o HSA atrial têm prognóstico desfavorável. Nos casos de HSA cutâneo, a sobrevida do paciente depende da localização da neoplasia: tumores confinados à derme, não invasivos, apresentam bom prognóstico, enquanto que os invasivos apresentam prognóstico desfavorável (FANKHAUSER, 2004; FERNANDES & DE NARDI, 2009). O prognóstico para o HSA canino depende da localização do nódulo, se o tumor está rompido ou não, da presença de nódulos linfáticos envolvidos e da presença de metástases, variando entre reservado e ruim (FERRAZ et al., 2008.) O tempo de sobrevida variam, mas em geral (exceto nos HSAs dérmicos e conjuntival ou da terceira pálpebra) são bastante curtos (aproximadamente 20 a 60 dias, com sobrevida de um ano menor que 10%) (COUTO, 2010). Os resultados do tratamento que combina cirurgia e quimioterapia adjuvante pós-operatória com doxorrubicina, protocolo AC e protocolo VAC são melhores do que só a cirurgia. Os tempos medianos de vida variam de 140 a 202 dias (COUTO, 2010). 4.2 RELATO DE CASO Pacinte: She-ra Idade: 7 anos Espécie: canina Raça: Rottweiler Sexo: Fêmea 4.2.1 Histórico O responsável pela paciente mencionada relatou que a mesma apresentava claudicação apoiando muito pouco o membro pélvico direito de início súbito, juntamente com apatia e emagrecimento progressivo há aproximadamente três dias. O proprietário relatava possibilidade de trauma associado à claudicação. 4.2.2 Exame Físico Notado no exame físico peso corporal (35kg) abaixo do padrão da raça (recomendado aproximadamente 40kg), mucosas hipocoradas e importante dor em articulação coxofemoral unilateral com discreto edema local. Os demais parâmetros encontravam-se dentro da normalidade. Entre os possíveis diagnósticos diferenciais estavam fratura de fêmur, displasia coxofemoral ou processo inflamatório/neoplásico ósseo. 4.2.3 Exames complementares Realizado exame radiográfico de pelve nas incidências médio-lateral (FIGURA 11) e ventro-dorsal (FIGURA 12), onde foi observado, em região distal do fêmur direito, adelgaçamento das corticais ósseas com sinal de triangulo de Codman associado à diminuição da radiopacidade óssea com discretas trabeculações. De acordo com a análise do radiologista, a impressão diagnóstica era de neoplasia óssea, sendo assim, foi realizado exame radiográfico de tórax nas incidências latero- lateral esquerda (FIGURA 13 A) e ventro-dorsal (FIGURA 13 B) para a avaliação de campos pulmonares e exclusão de possibilidade de neoplasia pulmonar metastática. Nos campos pulmonares não foi observado nenhuma alteração, silhueta cardíaca com tamanho, forma, radiopacidade e contorno dentro da normalidade e região de linfonodo esternal levemente aumentada. Sugeriu-se outra radiografia dentro de 30 dias para acompanhamento do linfonodo esternal. FIGURA 11 – RADIOGRAFIA DE FÊMUR, CÃO/ROTTWEILER, INCIDÊNCIA MÉDIOLATERAL DIREITA, MOSTRANDO REAÇÃO PERIOSTEAL NA EPÍFISE DISTAL DO FÊMUR COM DESTRUIÇÃO DA CORTICAL CAUDAL (SETAS AMARELAS) E TRIÂNGULO DE CODMAN EM FACE CAUDAL DISTAL. FONTE: SADDI, 2010. FIGURA 12 - RADIOGRAFIA DA PELVE, CÃO/ROTTWEILER, INCIDÊNCIA VENTRODORSAL, MOSTRANDO LISE DE TERÇO DISTAL FEMORAL DIREITA (CÍRCULO AMARELO). FONTE: SADDI, 2010. FIGURA 13 - RADIOGRAFIA DE TÓRAX, CÃO/ROTTWEILER, INCIDÊNCIAS VENTRODORSAL (A) E LATERO-LATERAL ESQUERDA (B), SEM ALTERAÇÕES SUGESTIVAS DE METÁSTASE PULMONAR E DISCRETO AUMENTO DE LINFONODO ESTERNAL (CÍRCULO AMARELO). A FONTE: SADDI, 2010. B Realizado hemograma completo, que evidenciou anemia regenerativa (eritrócitos 3,75 milhões/µL e hemoglobina 7,5g/dL, hemoglobina 8,8 g/dL, hematócrito de 22%). Observaram-se neutrófilos hipersegmentados e linfócitos reativos em número discreto. Exames bioquímicos dentro da normalidade (A.L.T. 26,0 U/L e creatinina 1,5d/L). Devido às alterações nos exames supracitados, o paciente foi submetido à transfusão sanguínea para posterior tratamento cirúrgico. 4.2.4 Tratamento Realizada cirurgia de amputação de membro pélvico direito por meio da técnica de desarticulação coxofemoral. Posteriormente à cirurgia, foi iniciado tratamento quimioterápico, detalhado em tópico a seguir (item 4.2.4.3). 4.2.4.1 Técnica Cirúrgica A técnica cirúrgica utilizada foi a amputação de membro pélvico com desarticulação coxofemoral. No protocolo anestésico associou-se 100mg de cetamina, 20mg de xilazina e 5mg de midazolan, diluídos em 20ml de solução de cloreto de sódio (soro fisiológico). Para indução, utilizou-se 1ml da associação anestésica para cada quilograma de peso vivo do animal. As imagens a seguir ilustram o procedimento cirúrgico da paciente (figuras 14 à 19). FIGURA 14 - PREPARAÇÃO DO PACIENTE (CÃO/ROTTWEILER) PARA PROCEDIMENTO DE AMPUTAÇÃO DE MEMBRO PÉLVICO. FONTE: SADDI,2010. FIGURA 15 - INCISÃO DA PELE E SUBCUTÂNEO DO PROCEDIMENTO DE DESARTICULAÇÃO COXOFEMORAL DA PACIENTE (CÃO/ROTTWEILER). FONTE: SADDI,2010. FIGURA 16 - LIGADURA PRÉVIA DE ARTÉRIAS E VEIAS MAIORES FEMORAIS NO PROCEDIMENTO DE DESARTICULAÇÃO COXOFEMORAL (CÃO/ROTTWEILER). FONTE: SADDI,2010. FIGURA 17 - IMAGEM DA REGIÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL APÓS DESARTICULAÇÃO (CÃO/ROTTWEILER). FONTE: SADDI,2010. FIGURA 18 – IMAGEM DO FÊMUR EXCISADO. ÁREA AFETADA PELO HSA ÓSSEO (CÍRCULO AMARELO). FONTE: SADDI,2010. FIGURA 19 – PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DA DESARTICULAÇÃO COXOFEMORAL (CÃO/ROTTWEILER). DRENO DE PENROSE PARA DRENAGEM DO ESPAÇO MORTO (SETA AMARELA). FONTE: SADDI,2010. 4.2.4.2 Pós-operatório Após o procedimento cirúrgico, o animal permaneceu internado no hospital para observação das suas condições. Foi estabelecido o seguinte protocolo para o internamento: Enrofloxacina 5mg/kg IM BID, Meloxican 0,1mg/kg IM SID e limpeza diária da ferida cirúrgica com solução fisiológica e pomada Iruxol uma vez ao dia. Apresentou gradativa melhora com o passar dos dias, recebendo alta médica em três dias. A mesma terapia foi prescrita para casa. Enviado fragmento ósseo para histopatologia, onde ficou confirmada a presença de lesões sugestivas de hemangiossarcoma (FIGURA 20). FIGURA 20 – FOTOMICROGRAFIA DE HSA ÓSSEO, ESPÉCIE CANINA, RAÇA ROTTWEILER, PACIENTE SHE-RA. FONTE: WERNER, 2010. 4.2.4.3 Quimioterapia Após 42 dias do procedimento cirúrgico, foi dado início ao protocolo de quimioterapia. Utilizado o protocolo VAC (vincristina, doxorrubicina e ciclofosfamida). As doses foram calculadas para 35 kg de peso corpóreo, que corresponde a 1,07m². No dia 1 foi aplicado doxorrubicina (50mg/m²) IV e ciclofosfamida (250mg/m²) IV. Nos dias 8 e 15 foi aplicado vincristina (0,75mg/m²) IV. Juntamente com a determinação do protocolo quimioterápico, foram realizados exames de sangue periódicos (hemograma completo e bioquímicos ALT, F.A., uréia e creatinina) anteriores a cada aplicação para confirmação do estado geral bom do paciente, estando assim apto a receber tais medicações. 4.3 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia altamente maligna originária do endotélio vascular. Acomete, predominantemente, cães idosos, com idade entre oito e 10 anos, e preferencialmente machos, sendo que as raças Pastor Alemão, Golden Retriever e Labrador Retriever apresentam alto risco para esta neoplasia. Constatouse, porém, um caso de hemangiossarcoma ósseo em uma fêmea da espécie canina, raça Rottweiler, com sete anos de idade. O HSA é um tumor altamente metastático, e diversos autores afirmam que a metástase é inevitável em um período de no máximo seis meses. Entretanto, os exames realizados na paciente não evidenciaram nenhuma alteração deste tipo até o presente momento. Observou-se, porém, em uma radiografia abdominal, um discreto aumento de região de linfonodo esternal, sugerindo-se acompanhamento. Os sinais clínicos apresentados pela paciente estavam relacionados com o local de lesão primária da neoplasia. Ao hemograma, evidenciou-se anemia, a qual é o achado hematológico mais comum em cães com HSA. Visto que o hemangiossarcoma primário dos ossos é raro e provavelmente corresponde por menos de 5% de todos os tumores ósseos, pode-se considerar que a paciente apresentou uma neoplasia rara, justificando este estudo detalhado. Em se tratando do HSA ósseo, os terços distal e proximal dos ossos longos são mais comumente afetados, condizente com os achados radiográficos da paciente. O exame histopatológico realmente é o melhor método de fazer um diagnóstico definitivo, pautando uma escolha adequada de tratamento. Para casos de HSA ósseo, o tratamento primariamente recomendado é a cirurgia de amputação total de membro, realizada na paciente através da técnica de desarticulação coxofemoral. Posteriormente à cirurgia, iniciou-se o protocolo quimioterápico VAC (vincristina, doxorrubicina e ciclofosfamida), já que os protocolos mais utilizados são à base de doxorrubicina. Porém, cita-se que o protocolo AC (doxorrubicina e ciclofosfamida) apresenta menor toxicidade, especialmente em relação à mielosupressão, quando comparado com o protocolo VAC. O prognóstico é muito ruim, e mesmo os animais com HSA clinicamente confinado à região óssea têm menos de 10% de probabilidade de sobreviver até um ano caso o tumor possa ser completamente excisado, desfavorecendo as expectativas quanto à sobrevida da paciente. Conclui-se que o HSA é uma neoplasia maligna e agressiva e os cães acometidos têm um prognóstico ruim. A cirurgia e a quimioterapia têm apresentado sucesso limitado em prolongar o tempo e a qualidade de sobrevida dos pacientes caninos com HSA. 5 CONCLUSÃO A realização do estágio curricular obrigatório no Garra Hospital Veterinário foi de fundamental importância para o futuro da carreira profissional da estagiária. Este é o momento em que realmente é possível analisar a rotina diária de um médico veterinário de pequenos animais. Aprender a lidar com diferentes comportamentos, tanto dos pacientes quanto dos proprietários, é um desafio constante nesta e em qualquer outra área da medicina veterinária. Diversas vezes o médico se depara com situações nas quais tem que remanejar seus protocolos corriqueiros para atender às mais diversas exigências dos proprietários. Manter-se atualizado e ter uma visão ampla de possibilidades é indispensável para o crescimento profissional, garantindo satisfação pessoal e, principalmente, do cliente. Adquirir conhecimentos, praticar o que foi aprendido em cinco anos de estudos, compartilhar experiências e ouvir atentamente os conselhos de profissionais que estão no mercado há muito tempo são os bônus do estágio obrigatório. Aproveitar ao máximo cada oportunidade de crescimento profissional dentro de um hospital é determinante para o futuro da carreira profissional. Além de conhecimento profissional, tem-se a oportunidade de crescimento pessoal, pois o contato com diversas pessoas e médicos veterinários que têm visões diferentes ensina a respeitar a opinião do próximo, sem ignorar seus próprios conceitos de ética e princípios morais. REFERÊNCIAS AMAYA, J.E.O.; RODRIGUÉZ, A.R; JIMÉNEZ, W.R. Hemangiossarcoma hepático con metástasis a útero em um felino. Reporte de um caso. Revista Colombiana de Ciências Pecuárias. p. 280 – 287, 2008. Disponível em: http:// rccp.uedea.edu.co. Acesso em 27 out. 2010. CLIFFORD, C.A.; MACKIN, A.J.; HENRY, C.J. 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