METODOLOGIA IPEV: Índice de Participação da Renda de Exportação / Faturamento do Varejo O IPEV avalia a participação dos países produtores de café no faturamento das vendas de café industrializado no varejo dos países importadores: essa participação, que se situava em torno de 50% na década de 80, declinou fortemente a partir dos anos 90, chegando a cair abaixo de 20% no período 2000-2004. O IPEV é = Valor das Exportações dos Países Produtores Valor das vendas no Varejo de café industrializado nos países Importadores. Para calcular o IPEV é necessário estimar-se: a) a renda obtida pelos Países Produtores através de suas exportações de Café; b) o faturamento das vendas de café industrializado no varejo dos Países Importadores. c) definir um volume comum aos Países Produtores e Países Importadores (em milhões de sacas de 60 Kg), próximo ao consumo final efetivo, no qual o volume de exportação é “expurgado” das variações anuais resultantes do movimento de formação de estoques. I - Parâmetros a) Renda de exportação dos Países Produtores de Café: Para estimá-la, é utilizado como proxy o “Preço Indicador Composto” publicado diariamente pela Organização Internacional do Café (OIC), multiplicado pelo volume (expurgado) das exportações dos Países produtores. Renda Países Produtores = Indicador Composto OIC ( U$cts/Lb ) x 1,32 ( fator de conversão em sacas /60 Kgs ) x Volume Exportação ( sacas de 60 Kgs ) b) Faturamento do Varejo dos Países Importadores com café industrializado: Para estimá-lo são utilizados como proxy os preços do Varejo nos EUA, periodicamente publicados pelo “Bureau of Labor Statistics”, os quais são complementados por dados levantados pela Valorização. A repartição do consumo final entre Café Torrado e Café Solúvel, expresso em sacas de café verde, é estimado na seguinte proporção: Café Torrado (e T&M): 85% ( equivalência café verde = 1,2 ) Café Solúvel (e extratos):15% ( equivalência café verde = 2,6 ) Varejo Cafés Industrializados = [ US Ave Retail Price ( U$cts/Lb ) x 120 ( fator de conversão em sacas/60 Kgs ) x Volume Exportação ( sacas de 60 Kgs ) x 85% ( participação C.Torrado/Consumo final ) ] = Subtotal 1 : Faturamento Café Torrado + [ US Ave Retail Price ( U$cts/Lb ) x 23 ( fator de conversão em sacas/60 Kgs ) x Volume Exportação ( sacas de 60 Kgs ) x 15% ( participação C.Solúvel/Consumo fina l) ] = Subtotal 2 : Faturamento Café Solúvel c) Volumes de Exportação e Consumo: O Consumo efetivo nos Países Importadores é estimado, a partir do critério de “Disappearance” ( Fluxos - Variação nos estoques ), com base nos dados publicados pela OIC para : - Exportações dos Países Produtores para todos os Destinos - Estoques visíveis nos portos dos Países Importadores A partir da estimativa do volume corrente, é construída uma serie retroativa com base numa taxa média de 1,25% a.a. de crescimento do consumo. Essa série, ao capturar ordens médias de grandeza, expurga naturalmente o impacto da formação de estoques (em Paises Importadores) que se reflete em volumes de Exportação dos Países Produtores superiores ou inferiores ao consumo efetivo. Ao mesmo, ela permite criar uma base comum para tornar compatíveis e comparáveis às exportações de Café Verde com as vendas de Café Industrializado ( Torrado e Solúvel). II - Observações Gerais A utilização de proxies sempre apresenta uma combinação de vantagens e desvantagens. Serão comentados abaixo alguns critérios utilizados para a sua adoção: a) “Preço Indicador Composto” da OIC: - por corresponder a uma média entre os preços do Arábica Lavado e do Robusta, e como o próprio preço do Arábica Natural brasileiro tradicionalmente varia no interior da Arbitragem Lavado/Robusta, o Indicador Composto pode ser considerado um bom estimador “blend médio” nos Países Importadores por ser uma média ponderada entre os principais componentes dos blends: Arábica Lavado, Robusta, e (implicitamente) Arábica Natural. Apesar de que o “Preço Composto”, por sua formulação, subestime o custo de blends como o escandinavo (onde é baixa a participação dos Robustos) e superestime o da Espanha (onde os Robustas representam mais de 60%), ele corresponde a uma média geral, fornecendo uma ordem de grandeza adequada para estimar o valor das exportações dos paises produtores. - pode-se também argumentar que por ser um indicador “X-Dock”, o PreçoComposto teria um viés de superestimação pelo fato das receitas de exportação dos Países Exportadores serem baseadas em preços FOB. Entretanto essa (ligeira) superestimação é compensada pelo fato de que aproximadamente 7% das exportações dos Países Produtores se realiza sob a forma de café industrializado Solúvel, para as quais o “Preço Composto” - adequado para os 93% exportados como Café Verde - é uma (ligeira) subestimativa . b) Preço de Varejo nos EUA: Os EUA são o mais aberto dentre os Países Importadores: o café não é objeto (diferentemente da Comunidade Européia e do Japão) de qualquer imposto na importação e no consumo, e publicam mensalmente as estatísticas com os preços médios do varejo. A utilização como proxy dos preços americanos para o conjunto dos Países Importadores apresenta uma série de vantagens, dentre as quais se destacam: a simplicidade e o fato de serem publicados regularmente. Analogamente ao caso do “Preço Composto”, os fatores de super e subestimação na utilização do preço médio de varejo americano, se compensam mutuamente: por não terem de repercutir impostos, os preços americanos tendem a ser menores que os do Japão e daqueles países da Comunidade Européia com IVA elevado (ex. Alemanha); mas apesar disso, países da Comunidade com blends mais intensivos em Robustas tendem a apresentar menores preços de varejo; os preços médios americanos, ainda que ligeiramente abaixo da média da OCDE, são muito superiores ao daqueles países que não estão na OCDE e que representam aproximadamente 30% do consumo em Países Importadores.