PSICOPEDAGOGIA
E
SOCIOLOGIA
Nelize Vargas
Era uma vez um
pescador que saiu para
pescar. Depois de três dias e
três noites, não havia
conseguido pescar um só
peixe. Então disse:
- Vou jogar o anzol só
mais uma vez. Se nada
conseguir, então desisto.
Jogou o anzol, que veio
pesado. Satisfeito, foi
puxando, puxando,
enquanto pensava: .Que
peixe grande pesquei! .
Mas qual não foi seu
espanto, quando chegou à
tona
um burro morto!
O pescador não desistiu e
disse:
- Se tem um burro, tem
carga. Quem sabe encontro
uma carga de valor?
Jogou o anzol no rio, que
veio novamente pesado. Ele
dizia:
- Não falei? Agora vem a
carga!
Veio de fato um cesto,
mas estava cheio de areia e
lama. O pescador estava
cada vez mais ansioso e
pensou: .Se tem cesto,
tem carga. Vou tentar mais
uma vez..
Jogou mais uma vez o
anzol, que veio com uma
rede cheia de potes
quebrados. E o pescador, já
desanimado, pensou: .Mais
uma vez só. Quem sabe a
sorte esteja no fim?.
Jogou o anzol pela quarta vez. E puxou um jarro
de cobre. Feliz com a pescaria, disse:
- Eu sabia! Este jarro deve valer algum dinheiro!
Limpou-o bem e o destampou. Abriu-lhe a tampa
e... Assustado, deparou com um gênio saindo do
jarro.
O gênio avançou até ele para matá-lo. Então o
pescador falou:
- Gênio não mata! Gênio manda fazer três
pedidos... Eu o libertei e você quer me matar? Que
ingratidão!
O gênio então lhe
disse:
- Vou lhe contar minha
história. Um dia, um bruxo
malvado me prendeu neste
jarro e me jogou no fundo
do rio. Então eu pensei:
“Àquele que me libertar
vou oferecer todos os
tesouros da terra”..
Passaram-se cem anos e
ninguém me libertou. Então
pensei: .Àquele que libertar
vou mostrar os tesouros
ocultos da terra..
Passaram-se mais cem
anos e ninguém me
libertou.
Ainda com esperanças,
pensei: .Àquele que me
libertar vou satisfazer a três
pedidos..
Passaram-se quatrocentos
anos e ninguém me libertou.
Fiquei com raiva. Fiquei com
muita raiva e disse: .Agora não
quero mais. Vou matar aquele
que me libertar.. Você me
libertou. Vou matá-lo! O
pescador teve de pensar
rápido
e usar de muita astúcia. Disse
então:
- Você pensa que eu
acredito nesta história? Acha
que sou bobo? Você não saiu
desta garrafa.
Você estava escondido
atrás das árvores e agora
vem
com essa... Como pode um
gênio tão grande caber
dentro
desta garrafa?
E o gênio:
- É claro que saí!
- Não saiu!
- Saí!
- Não saiu!
- Saí!
- Então prove! Prove
que você, tão grande, saiu
dessa garrafa, para eu
acreditar que é mesmo um
gênio!
O gênio entrou na
garrafa. O pescador mais
que depressa a tampou de
novo e jogou-a no rio.
Analisemos os dois personagens dessa
história:
Podemos comparar o professor ao pescador,
quando
recebe em sua sala de aula um estudante com
múltiplas
reprovações, apático, sem interesse.
Podemos comparar o gênio ao estudante que
ficou tanto
tempo ignorado e por isso mesmo se tornou
alienado ao
sistema.
Esquematicamente:
O pescador lança o anzol
ao mar quatro vezes.
O professor faz muitas
tentativas de recuperar o
estudante fracassado.
Primeiro captura um burro
morto.
O professor tenta
recuperá-lo e só encontra
apatia e baixa estima.
Na segunda vez, um cesto
cheio de areia e lama.
O professor repete a
tentativa. O estudante se
revela, mas só expressa
rigidez na aprendizagem e
muitos vícios adquiridos.
No terceiro esforço, pesca
potes quebrados.
O professor tenta
novamente e o estudante,
desanimado, percebe sua
própria situação e regride.
Na quarta vez, o pescador
pesca um jarro de cobre.
Quando o abre, sai um gênio
que ameaça matá-lo.
Na quarta vez, o professor
consegue se vincular. Mas o
estudante desperta
sentimentos desordenados
e, misturando indisciplina e
dor, embaraça o professor.
O pescador usa de astúcia e
prende o gênio de novo no
jarro.
O professor torna o
estudante dependente dele e
o manipula, perdendo a
oportunidade do
desbloqueio.
O gênio confinado diz:
.Aquele que me libertar eu o
enriquecerei para sempre..
O estudante aprisionado por
bloqueios familiares, busca
na escola sua salvação e
quer oferecer amizade ao
professor.
“Passou-se um século e
ninguém me libertou. Àquele
que me libertar vou abrir os
tesouros ocultos da terra”..
“Passou-se um ano e ninguém
me salvou. Fui reprovado. Ao
professor que me ensinar vou
mostrar meus tesouros. Serei
o melhor estudante”.
“Ainda assim ninguém me
libertou. Àquele que me
libertar satisfarei três
Desejos”.
“Ainda assim ninguém me
salvou. Fui novamente
reprovado.
Ao professor que me
ensinar satisfarei três
desejos: serei comportado,
estudarei e passarei de ano.
“Ainda assim ninguém me
libertou. Daqui por diante,
quem me libertar, eu o
matarei.
“Embora com boas intenções,
ninguém se interessou por
mim. Daqui pra frente serei .o
cão. e nada mais conseguirão
comigo”.
O primeiro passo a ser observado é:
 A Escola e seus elementos: corpo docente; corpo
discente; corpo administrativo; corpo auxiliar.
Após a primeira observação segue-se:
 O
diagnóstico psicopedagógico institucional que
abrange a caracterização da escola, o professor e o
estudante enfocando:
- a escola : seu contexto (a comunidade onde está
inserida); sua estrutura (como funcionam os elementos);
seu processo (como e de que maneira o saber é
socializado).
-
o professor e o estudante: seu contexto (como e onde vive); sua
estrutura
(sua
origem
familiar,
social,
profissional
e
acadêmica);seu processo (de aprendizagem, de ensino, sua
organização interna e nível cognitivo).
Para finalizar, o psicopedagogo deverá analisar os:
Elementos do diagnóstico psicopedagógico: encaminhamento
(qual é a queixa); entrevista com o pessoal: administrativo,
docente, estudante; observações: do estudante em sala de aula, do
professor, do corpo administrativo; devolutiva das informações;
acompanhamento do processo evolutivo: da escola como um
sistema, do estudante (como aprendente e ensinante), do professor
(como ensinante e aprendente).
-



Por que será que o primeiro passo a ser dado
pelo psicopedagogo é o de “diagnosticar”
(investigar,pesquisar, conhecer) a escola ?
Qual o objetivo e a importância no trabalho de
diagnóstico psicopedagógico institucional?
Como conseguimos conduzir satisfatoriamente
um diagnóstico e intervenção psicopedagógica?
Pensar a escola à luz da Psicopedagogia
implica nos debruçarmos especialmente
sobre a formação do professor. Pode-se dizer,
por conseguinte, que uma das tarefas mais
importantes na ação psicopedagógica
preventiva é encontrar novas modalidades
para tornar essa formação mais eficiente.
RENDIMENTO NA ESCOLA
E
PSICOPEDAGOGIA
Quais são as causas do insucesso do
estudante na escola? Como
compreender o rendimento insatisfatório?
Quais as dificuldades dos estudante?
Como enfrentar a situação? Como ajudar
estudantes e educadores?
TEORIA RELACIONAL SISTÊMICA
.Vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas
como uma rede de fenômenos que estão profundamente
interconectados e são interdependentes.
(GASPARIAN . A Psicopedagogia Institucional Sistêmica)
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 Proteger a “saúde mental” do professor (sujeito a níveis
altos de estresse por fatores econômicos, sociais,
emocionais, pelas reais dificuldades de seu trabalho);
Proteger o clima de “saúde mental” de relacionamento
sadio entre as pessoas, sustentando uma base melhor nessa
comunicação entre eles, contribuindo assim para a
prevenção dos distúrbios.
- A Instituição tem a característica de se defender das
intromissões.
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 o jeito de se defender é isolar aqueles que incomodam;
 não devemos no entanto culpabilizar a escola, pois
toda instituição funciona assim por uma questão de defesa
de sua integração grupal.
-O psicopedagogo deverá:
 enxergar funções mais globais;
 entender esses fenômenos, caso contrário ele ficará neutralizado
na sua função;
 fazer intervenções que vão além das intervenções individuais
e atinjam grupos;
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 Atualizar seus conhecimentos pedagógicos e de
procedimentos para poder estar entendendo o quanto o uso
de determinados métodos ou procedimentos estão ou não:
- Favorecendo a harmonia dentro da sala de aula;
- Facilitando ou obstruindo o acontecimento da atividade;
- Criar um clima que seja favorecedor da tarefa;
- Trabalhar com o aluno sensibilizando-o para tudo o
que envolve o processo de aprendizagem;
- Sensibilizá-lo para o que acontece com ele também, pois é
mais fácil ver no outro, mas é importante estar vendo o
que acontece com ele mesmo, com as pessoas.
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 O psicopedagogo busca contribuição na psicanálise para
poder entender que os vínculos atuais sofrem influência
dos vínculos anteriores.:
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
entender que nãoNA
podemos nos
ESCOLA
- Tem que
desligar de
nosso medos, nossas rejeições, nossas preferências, e que
tudo isto tem raízes, marcas advindas dos nossos vínculos
anteriores.
Pichón . Riviére (psicanalista argentino . criador de uma
psicologia social) diz: .... todo encontro é um reencontro..
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 Esclarecer que em determinados momentos o professor, a
Faculdade não estão conseguindo lidar com esses aspectos
e estão obstacularizando o processo de aprender.
 A relação professor-estudante é “uma espécie de rede
sobre a qual nós construímos a possibilidade de atingir
outros níveis de conhecimento” (Ana Maria Muniz)
 Aprendemos dentro dos vínculos, não podemos nos
imaginar isoladamente. Fazemos coisas sozinhos, mas ao
analisar nossas ações encontramos o vínculo.
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
Exemplificando: o ato da leitura de um livro é feito, na
maioria das vezes enquanto sós, mas quando lemos
estabelecendo vínculos com o escritor, e a partir dessa
empatia, é que nos interessamos ou não pelo conteúdo...
Portanto é difícil separar o ser humano de uma relação
vincular.
- A tarefa da Psicopedagogia tem vários objetivos:
 embasar a didática e o currículo com um conhecimento
sobre o desenvolvimento;
 ajudar a manter a .saúde mental. dentro da Faculdade;
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
- Esse desconhecimento afetou sensivelmente a concepção
da Faculdade a respeito do que significa aprender, que
valor tem o erro no processo no processo de
aprendizagem, que significado tem a própria disciplina,
por exemplo, se a disciplina lida com aspectos que fazem
parte do desenvolvimento humano e assim devem ser
encarados, caso contrário pode acontecer um
distanciamento entre:
“Quem é a pessoa na verdade e o que a
Faculdade pretende”
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
- Nesse distanciamento os governos têm tido muitas
influências, ao manterem isoladas estas duas realidades
(aluno e ensino), através de currículos (?) com objetivos a
serem atingidos que na realidade não levam em conta a
modalidade do ritmo de desenvolvimento da pessoa.
- A Psicopedagogia na Faculdade poderia ter como
objetivo:
 Sensibilizar a Faculdade em termos de olhar para esse
desenvolvimento para poder entender todos os aspectos
que cruzam, que atravessam o processo de aprendizagem.
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 Preparar os professores para poderem lidar com
esses aspectos que não são sentidos só pelos estudantes,
mas por eles mesmos.
- O psicopedagogo deverá ajudar a Faculdade a tomar
consciência de que em geral ela não está bem
institucionalizada e, por isso, oscila entre atitudes
onipotentes (tomar conta de todos os problemas) ou
atitude expulsiva.
 Não deverá culpabilizar a Faculdade, uma pessoa com
problema, angustia muito o adulto, traz sentimento de
impotência ao adulto que está próximo dele (pais, professores);
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 Existem diferentes formas de reação frente à onipotência:
-“assumo...”
-“quero compartilhar com outro a responsabilidade”;
- ...”quero escutar do outro uma opinião e orientação que
permitam ter uma atuação mais eficiente a respeito dessa
pessoa com dificuldades”.
 Ajudar a Faculdade transitar esses diferentes estilos de
relacionamento com o problema;
Ajudar a Faculdade a poder tomar a palavra de clínico como
um elemento que a ajuda interagir melhor com a pessoa;
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
 Tirar proveito do que sabem a respeito da pessoa e do
que está ocorrendo com ela.
PONTOS IMPORTANTES:
- Os professores,algumas vezes, não tem conseguido
acompanhar o conhecimento sobre o desenvolvimento
humano.
- Paradoxalmente uma grande parte dos problemas que se
produzem na aprendizagem têm a ver com esse
desenvolvimento humano.
ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO
NA
ESCOLA
-Os professores tem incorporado muita coisa sobre:
a) metodologia das ciências;
b) tem se atualizado;
c) tem tentado aprimorar métodos para o ensino da
Matemática, do Português, etc.
- Mas não acompanharam o crescimento da Psicologia do
Desenvolvimento, e isso fez com que o ensino estivesse
muito longe das possibilidades do aluno em alcançá-lo em
virtude da fase de desenvolvimento que atravessa.
vínculos, investimentos
na aprendizagem
estruturas de
pensamento
conteúdos
acadêmicos
papéis assumidos
Favorecer a reelaboração das relações do sujeito com
o processo de aprendizagem e suas dificuldades.
 Devolver ao sujeito seu prazer de aprender
 Propiciar condições para que o sujeito desenvolva sua
autonomia.
QUEM É QUEM
Era uma vez uma escola que
tinha 04 educadores:
TODO MUNDO, ALGUÉM,
QUALQUER UM e NINGUÉM.
Havia um importante
trabalho a ser feito, mas...
TODO MUNDO estava certo
de que ALGUÉM faria.
QUALQUER UM
Poderia tê-lo feito, mas
NINGUÉM o fez.
ALGUÉM ficou
Zangado com isso, pois
Era um trabalho de
TODO MUNDO.
TODO MUNDO pensou que
QUAQLUER UM poderia fazê-lo,
Mas NINGUÉM imaginou que
TODO MUNDO não o faria.
A história termina
Com TODO MUNDO
Culpando ALGUÉM.
Quando realmente
NINGUÉM poderia
Responsabilizar QUALQUER UM.
Vocês, que são tão inteligentes,
Saberão distinguir, observar, a
imensa diferença que separa estes
dois verbos: ver e contemplar?
Ver é ação mecânica dos olhos
Focalizando a vista, é enxergar.
Contemplar, entretanto, é ação da
alma que se esforça por tudo registrar.
Quem apenas enxerga, vê por alto,
Não está empenhado em observar,
Conhece as coisas só pela metade.
Nunca será capaz de analisar...
Quem, ao contrário, se concentra fundo
Na difícil ação de contemplar
Percebe coisas que aos outros escapam,
Aprende tudo o que a vida ensinar.
Se, por exemplo, quando estou na praia,
Dirijo a vista sem me interessar,
Vejo somente uma extensão da areia,
Mas adiante, uma expansão do mar.
Mas se procuro com honestidade
A paisagem marinha penetrar,
Surge de cada lado um novo encanto,
Enxergo coisas de maravilhar!
Vejo o esplendor do sol sobre as montanhas,
Seu trêmulo reflexo sobre o mar,
Vejo a alva espuma na crista das ondas
E o castelo das nuvens se formar!
Vagamente esfumada na neblina,
A suave curva da serra azulada.
E O revoar pausado e majestoso
Dos corvos lá na abóbada anilada...
E o verde rendilhado das palmeiras,
Onde a brisa murmura seu segredo,
E a branca vela de um barquinho ao longe,
Que parece um barquinho de brinquedo!
Experimentem contemplar as coisas,
Penetrar-lhe o íntimo sentido,
Exercitar a alma e a inteligência
Em perceber-lhes todo o colorido!
Se assim fizerem, isto eu lhes garanto,
Fontes de encanto brotarão da terra!
E então compreenderão, mudos de espanto,
Toda a beleza que exata vida encerra!
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Dar primeiro, pedir depois
Fazer primeiro, mandar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
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