Florianópolis, 28 de junho de 2010, no 720 Fotos: Sônia Vill Informativo do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical) “Restrições orçamentárias” emperram a negociação sobre carreira Na reunião da semana passada, governo disse que projeto de lei será enviado ao Congresso no próximo dia 2 Página 8 Estudantes, transporte coletivo e tarifa em debate Artigos de opinião discutem sistema de transporte e movimento contra tarifa em Florianópolis Páginas 6 e 7 A carta sindical da Apufsc é uma conquista de todos Dirigentes de associações docentes avaliam a organização sindical no setor público federal Sindicatos debatem futuro do movimento docente Criação de federação nacional foi o tema central Uma reunião de emergência em Brasília da situação das várias ADs presentes, que impediu que o ministro do Trabalho viesse estão em processo de criação de entidades a Florianópolis no último dia 24, para fazer sindicais autônomas, para melhor defender a entrega formal do registro sindical da seus associados. Apufsc. A ausência, no entanto, não impeÀ tarde, os participantes do evento discudiu que o debate sobre o futuro do sindi- tiram o tema Federação: O novo sindicalismo calismo universitário fosse levado adiante universitário. Foram debatidas concepções a por representantes do Proifes, da Apufsc e respeito da federação que poderá reunir os de mais nove sindicatos (Adufrgs, Adurn, diversos sindicatos de professores que estão Sesduf-RR, ADUFC, ADUFG, Adunb, sendo criados em todo o país e reforçaram a APUB, APUBH e ADUFSCar). importância de construir um novo modelo Além dos representantes das associações que defenda nacionalmente as reivindicações docentes, a abertura do evento foi presti- e os interesses dos docentes das universidagiada pelo reitor da Universidade Federal des federais do Brasil. Usaram a palavra os da Fronteira Sul (UFFS), Dilvo Ristoff, pela presidentes do Proifes, Gil Vicente Reis de deputada estadual Ângela Albino (PCdoB), Figueiredo; da Apufsc, Armando de Melo Continua na página 3 pelo Superintentente da Delegacia Regional do Trabalho, Carlos Arthur Barbosa, pelo presidente da CUT Santa Catarina, Neudi Giachini, pelo Presidente da Força Sindical de Santa Catarina, Osvaldo Mafra, pelo representante da CTBNacional, Wellington Duarte e dirigentes de outras entidades. Durante a manhã, no auditório da Reitoria da UFSC, foi realizado o debate sobre a questão sindical no serviço público federal, com o relato Auditório da Reitoria, na solenidade do dia 24 Boletim da Apufsc Florianópolis, 28 de junho de 2010 Mostra Ambiental Professores aposentados passeiam na serra Organizada pela Comissão de Educação do Fórum do Maciço do Morro da Cruz e pelo Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Educação da UFSC, acontece nesta quartafeira, dia 30, a 6ª Mostra Ambiental das Escolas do Maciço do Morro da Cruz. Foi um sucesso o passeio dos docentes aposentados organizado pela Apufsc e coordenado pelo professor Ronaldo Salum na última quarta-feira, dia 23. Os professores e professoras que participaram do passeio tomaram o café da amanhã no Hotel Caldas de Imperatriz e visitaram a Estância Hidromineral Santa Rita, onde se pôde ver todo o processo desde a captação até o envasamento da água mineral, Depois, sob uma temperatura de cinco graus, o almoço foi servido no Galpão Tropeiro, em Taquaras, e o passeio prosseguiu com visitas a pousadas de região, até o café colonial no final da tarde em Rancho Queimado. Em breve, mais um passeio será realizado. Programação No auditório e hall da reitoria Quarta-feira, dia 30, 8 horas Socialização das Experiências de Estágio desenvolvidas nas Escolas do Maciço Quarta-feira, dia 30, 14 horas Abertura da Mostra Ambiental Quarta-feira, dia 30, 19 horas Mesa redonda sobre os projetos desenvolvidos pela UFSC junto ao Maciço Quinta e sexta-feira, 1º e 2 de julho, das 8 às 18 horas Espaço aberto para visitações à Mostra Ambiental Divulgação/ PMF 2 Cerca de 30 filiados da Apufsc-Sindcial passaram um dia diferente em Rancho Queimado Diretoria GESTÃO 2008/2010 Publicação semanal do Informativo do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical) entre em contato Endereço Sede da Apufsc, Campus Universitário, CEP 88040-900, Florianópolis/ SC Fone/fax (048) 3234-2844 Home page www.apufsc.ufsc.br E-mail [email protected] Presidente Armando de Melo Lisboa Vice-Presidente Rogério Portanova Secretário Geral Paulo César Philippi 1ª Secretária Alai Garcia Diniz Diretor Financeiro Carlos W. Mussi produção Diretor Financeiro Adjunto Ricardo Tramonte Jornalista Responsável Ney Pacheco (SC - 735 JP) Diretor de Divulgação e Imprensa José Francisco Fletes Projeto gráfico e editoração eletrônica Tadeu Meyer Martins (MTB/SC 03476-JP) Diretor de Promoções Sociais, Culturais e Científicas Nilton Branco Tiragem 3.500 exemplares Diretor de Assuntos de Aposentadoria Gerônimo W. Machado Impressão Gráfica Rio Sul Distribuição gratuita e dirigida O conteúdo dos artigos assinados é de responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da Apufsc Boletim da Apufsc Florianópolis, 28 de junho de 2010 3 Continuação da Capa Lisboa; da APUBH, José Lopes de Siqueira Neto, da Adurn, João Bosco Araújo da Costa; além do vicepresidente do Proifes, Eduardo Rolim de Oliveira; do diretor de Política Sindical da Adurn, Francisco Wellington Duarte; o 1º vice-presidente da Adufrgs, José Carlos Freitas Lemos; o diretor adjunto da Adufg, Walmirton Thadeu d´Alessandro ; a secretário Debate sobre a Federação foi realizado à tarde, no auditório do CCE, no campus da UFSC geral da Apub, Elizabeth Aparecida Bittencourt; a Sup. Para presidência da Adunb, Ana Lúcia federação. A direção do Proifes defende Federação para a representacão de proCarneiro Sarmento, Rogério Portanova, um modelo hibrido e gradativo, em que fessores individualmente e entidades vice-Presidente da Apufsc, Prudente de convivam o Proifes-Fórum, Sindicato e Fe- associativas que não reúnem condições Mello, advogado do escritório Defesa da deração, num processo que seria finalizado para transformarem-se em Sindicatos: “A Federação deve estimular o debate político Classe Trabalhadora e assessor jurídico da depois de 2012. O presidente da Apufsc, Armando Lis- nas universidades que sejam a base para a Apufsc, entre outros. Gil Vicente, presidente do Proifes, apre- boa, discorda da proposta do Proifes. Para formação de sindicatos locais autônomos sentou uma proposta de organização da ele, a organização e a construção deste novo e independentes e não repetir o erro do federação em três instâncias. A mais abran- modelo sindical deve ter como horizonte o modelo centralista da Andes baseado em gente inclui todos os professores associados Brasil inteiro e as mais de 50 universidades Seções Sindicais”. Eduardo Rolim, vice-Presidente do Proifes aos sindicatos que formam a entidade, federais existentes. Para Lisboa, a Andes caouvidos por intermédio de plebiscitos. A minha para o fim, sua extinção é questão de defendeu o Proifes-Sindicato para a represeninstância intermediária seria formada pelo tempo e a nova entidade não pode se formar tação de entidades associativas que estejam Conselho Deliberativo da federação, com- levando em conta somente os sindicatos que ainda sem condições de representação sindical. O Proifes-Sindicato funcionaria como posto por representantes de cada sindicato, já saíram da Andes. Prudente de Mello ressaltou alguns um grande guarda-chuva para abrigar quem de forma proporcional ao número de docentes sindicalizados. Por fim, a federação pontos nevrálgicos da forma de organiza- não quer ser representado pela Andes, mas teria uma diretoria executiva, encarregada ção federativa proposta por Gil Vicente, não teve possibilidade de romper instituciode administrar o dia-a-dia, e formada por relacionadas à resolução de eventuais di- nalmente com a entidade. Recém eleito presidente da Associação dos um representante indicado por cada sindi- vergências internas e os mecanismos que cato filiado e dividido em três coordenações: serão utilizados para tal, incluindo a pos- Docentes da Universidade do Rio Grande sibilidade de mais de uma chapa disputar do Norte (Adurn), João Bosco Araújo da geral, administrativa e financeira. Costa, defendeu que o processo de criação Já o presidente do Sindicato dos Profes- a direção da entidade. Rogério Portanova, vice-Presidente da da federação seja acelerado porque este é o sores das Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (APUBH), Apufsc criticou o modelo de Sindicato desejo da maioria dos professores. O Diretor de Política Sindical da Adurn, José Lopes de Siqueira Neto, defendeu a proposto pelo Proifes, o Proifes-Sindicato, organização de uma estrutura colegiada. A de abrangência nacional e inserido na Francisco Wellington Duarte defendeu que a discussão da forma de organização federação seria organizada então com um da Federação deve ter cada base sindical congresso anual que seria a instância máxima como ponto de partida. e teria participação proporcional ao número Todas as intervenções defenderam que de professores na base de cada sindicato. A a deflagração de greve só deve ocorrer segunda instância seria a plenária, composta depois de plebiscito envolvendo todos os por integrantes indicados por sindicato. A professores. entidade contaria ainda com os conselhos Também apontaram para a necessidade executivos (administrativo, político e sindide garantir a democracia interna da entidacal) com mandato de um ano. de a ser criada, para evitar o aparelhamento A lei determina que para criar uma por grupos político-partidários e assegurar federação são necessários cinco sindicatos que a vontade dos professores seja sempre legalmente registrados e oriundos de cinco respeitada e cumprida. estados diferentes. Este número ainda não O assunto continua em pauta e voltará foi alcançado pelas entidades que romperam a ser debatido em outras reuniões das com a Andes. Diante disso, está em debate entidades. a forma de encaminhar a construção da Siqueira Neto, da APUBH Fotos: Sônia Vill O novo sindicalismo universitário 4 Boletim da Apufsc Docentes de vários estados prestigiaram dia histórico da Apufsc-Sindical Almoço no imóvel recém-adquirido pela entidade celebrou os 35 anos da fundação, a conquista da carta sindical e o surgimento do novo sindicalismo universitário O cardápio teve, como prato principal, o peixe da estação: tainha assada com molho de camarões Os reitores da UFSC, Álvaro Prata (e) e da UFFS, Dilvo Ristoff (d), ambos associados da Apufsc, com o presidente da entidade Neste grupo, além dos catarinenses, professores do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Amazonas Nesta mesa Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Minas Gerais e São Carlos (SP) Os colegas de outros estados puderam apreciar a vista da cidade que se tem das sacadas do imóvel da Apufsc Aqui, ladeando o presidente da Apufsc, Bahia, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Roraima Bahia, Brasília, Ceará, Rio Grande do Norte e Goiás 5 Fotos: Sônia Vill Florianópolis, 28 de junho de 2010 Além dos sindicalistas e convidados de outras universidades, professores da UFSC também compareceram ao almoço. Acima, um grupo do Dep. de Enfermagem. Ao lado, do Dep. de Nutrição. Nas duas fotos abaixo, dirigentes da Apufsc, o advogado Prudente de Mello e professores de vários departamentos. 6 Boletim da Apufsc Florianópolis, 28 de junho de 2010 Opinião A manipulação do Movimento Estudantil em torno de uma causa bem escolhida Marcelo Carvalho* Os eventos recentes envolvendo estudantes e policiais suscita vários pontos para reflexão. O primeiro é que qualquer cidadão tem o direito de expressar sua opinião livremente. No entanto, convem observar que o exercício deste direito não pode violar o direito dos outros. Quando viola, faz-se necessário a intervenção do estado para garantir a normalidade. Temos aqui a seguinte dualidade: um policial que age de forma abusiva agredindo estudantes deve ser devidamente punido da mesma forma que também deve ser devidamente punido um manifestante que insiste em bloquear vias públicas, jogar bolas de gude em policiais, quebrar lixeiras ou se engajar em qualquer outro ato de vandalismo. Isto, contudo, não parece ser compartilhado por todos. Com efeito, em um artigo entitulado “Relato do ato do dia 2/6 – Em tempos de democracia militar”1, e publicado na página da Frente de Luta pelo Transporte Público – Florianópolis, vemos que alguns ao invés de condenar o vandalismo parecem relativizá-lo quando escrevem: “Para aqueles que lutam pelo direito a cidade todos os conflitos com a polícia e danos ao patrimônio que a polícia atribui aos supostos infiltrados, é consequência de uma revolta espontânea e justa gerada pela covardia do prefeito Dário Berger que se esconde atrás polícia para não debater com a população os problemas do transporte coletivo privado ...”1. O segundo ponto que pretendo analisar se refere aos possíveis objetivos da manifestação em si e que passam ao longe de uma simples discussão sobre o transporte público, visto que carrega uma forte componente ideológica. Isto fica evidente acessando alguns artigos de supostas lideranças do movimento.Vejamos o artigo, Florianópolis caminha pelos nebulosos labirintos do fascismo2, de autoria desconhecida. O autor, inconformado com a então pouca publicidade dada a causa da manifestação, critica várias instituições nestes termos: “Estão todos juntos nessa empreitada em busca da manutenção da “ordem e do direito de ir e vir”. (i) A imprensa golpista que quer transformar o terminal numa passarela; (ii) os empresários do transporte e seus pares; (iii) o ministério “público”; (iv) a polícia; (v) os “representantes do povo” que parasitam o Estado; (vi) a igreja que silencia e cala os fiéis; e infelizmente (vii) os sindicatos e trabalhadores. Estes últimos são incapazes de escrever uma moção de apoio, fazer uma paralização para fortalecer o movimento e muito menos uma greve de solidariedade”.2 Esta última linha é pertubadora pois lança dúvidas se a diretoria da APUFSC escreveu sua nota sobre os eventos na UDESC pressionada pelos organizadores da manifestação, o que indicaria uma total falta de independência da atual diretoria. Mas, voltando a análise do texto, o autor parece inconformado com a manutenção da “ordem” e do “direito de ir e vir”. Por que será? Não são estes exatamente os primeiros direitos que fascistas e comunistas negam aos cidadãos quando tomam o poder? Percebam ainda a crítica indiscriminada que o articulista faz a imprensa, aos políticos, a igreja, e aos sindicatos talvez pela percepção que os mesmos não estão unindo forças numa causa comum. Esta é uma velha tática subversiva, tentam atacar a imagem das instituições que não suportam a causa deles. Nisso, demonstram total falta de respeito à opinião contrária. A parte final do artigo2 é muito esclarecedora e demonstra o real objetivo dos organizadores das manifestações. Vejamos este trecho final que se segue: “Não obstante todos os obstáculos fascistas que se erguem e revelam o rosto mais cruel de nossa democracia totalitária, a manifestação e os/as manifestantes seguem bravamente por quatro semanas nas ruas de Florianópolis em busca de uma vida sem catracas. E não desistiremos! …Não podemos recuar… A absurda mobilização policial só revela o medo que toma conta da elite cretina dessa cidade. A organização popular põe a elite em constante estado de ameaça – a ameaça de que o povo tome o poder. Vale a pena repetir: Que as classes dominantes tremam diante de tal ameaça! Nada temos a perder a não ser nossos grilhões!”.2 Reparem nas expressões típicas dos militantes da agitação e subversão e o eterno apelo a luta de classes marxista com o objetivo bem declarado que é a tomada do poder pelo povo, entendido aqui como um golpe comunista. O ranço ideológico do autor é tão grande que ele denomina de fascista todos os que de uma forma ou outra não estejam alinhados a causa dele. É, também, de um cinismo extremo quando não tem pudor em se mostrar simpático a métodos violentos (existe a classe dominante a ser derrotada. Tremam!) como se, moralmente falando, o recurso à violência típico da condição de ser socialista/ comunista/fascista os diferenciassem em algo. Obviamente, a manifestação dos estudantes no seu aspecto externo não chega a ter um caráter revolucionário, mesmo quando alguns dos organizadores veladamente imprimem a manifestação um caráter de cunho ideológico como ficou claro pelo texto analisado. Talvez, a intenção seja mesmo a de exercitar os “donos” do movimento estudantil na tarefa de agregar os estudantes para causas que não sejam festas. Revela-se, assim, a manipulação do movimento estudantil em torno de uma causa bem escolhida, afinal, anualmente os organizadores tem tido êxito nesta empreitada. De forma análoga vemos a ação de outros movimentos e organizações como MST, Conlutas, Foro de São Paulo etc. com suas lideranças manipulando causas justas e atuando no paradigma gramsciano hegemonia/consenso para a construção pacífica(?) do grande(?) socialismo3. O terceiro e último ponto para análise se refere as possíveis causas que subordina todo o movimento estudantil a ideologia escancarada do agitador comunista que já deixou bem claro não hesita em violar o direito de ir e vir das pessoas, não respeita a opinião divergente e que abertamente tem por objetivo final a tomada do poder pelo povo que, como já mencionei, é uma clara alusão as já moribundas ditaduras comunistas. Em parte, isso se deve a uma histórica “tomada” da direção dos vários DCE’s por militantes de esquerda majoritariamente alinhados a ideologia marxista e suas degenerações. Isto é real e se afere da leitura de textos como estes que eu analisei onde, acreditando que estão falando para a claque habitual, os doutrinadores nem se dão ao trabalho de refinar seu discurso. Nisso, abusam de clichés o que torna fácil o trabalho de desmascarar suas reais intenções manipuladoras. E é aqui que se põe a questão natural: “Como os estudantes se deixaram então levar por esses manipuladores?”. Há algumas conjecturas, e.g. (i) um desinteresse natural por questões de natureza ideológica (o que os impede de perceberem a manipulação), (ii) desinformação acerca dos reais objetivos das lideranças do movimento estudantil, e (iii) a aceitação do ideal socialista como uma forma moralmente válida e justificada de se chegar a justiça social. Obviamente, a história dá fortes evidências que a conjectura (iii) é falsa4, o que, no entanto, não significa que os estudantes tenham conhecimento disso. Opções (i) e (ii) são intimamente correlatas e acredito que aí teremos a resposta, mas isso é algo que os estudantes devem refletir e por isso paro por aqui. De concreto, é hora de surgir um movimento estudantil independente, plural e que lute realmente por causas estudantis. Mesmo que ainda leve algum tempo para isso se consumar não se deve desanimar pois, “apesar dos manipuladores de agora, amanhã há de ser outro dia”. [1] , [2] http://www.fltcfloripa.libertar.org/ [3] “A revolução Gramscista no Ocidente”; Sérgio de Avellar Coutinho “A tomada do Poder: Gramsci e a Comunização do Brasil”; Anatoli Oliynik (www.ternuma.com.br/anatoli1001.htm) [4] “O Livro Negro do Comunismo”, Stèphane Courtois e outros; “From the Gulag to the Killing Fields: Personal Accounts of Political Violence and Repression in Communist States”, Paul Hollander * Professor do Departamento de Matemática Boletim da Apufsc Florianópolis, 28 de junho de 2010 7 Opinião Interesses privados dominam sistema de transporte O transporte público em Florianópolis estabelece-se a partir de acordos construídos ao longo do tempo entre operadores privados e poder concedente. Assim, a configuração do sistema obedece a uma lógica de territórios geográficos que são historicamente dominados pelos mesmos operadores, ou por aqueles que adquiriram, por meio de transações privadas, linhas dos operadores anteriores. Um exemplo é o domínio da área central pela empresa Transol, que incorporou linhas da antiga Trindadense em meados dos anos 80. Essa última, por sua vez, havia adquirido anteriormente a linha “Agronômica” da empresa Tanner. Tal processo de concentração teve regulação tímida do poder concedente, sendo antes marcado pela atuação dos governantes de plantão no sentido de facilitar as transações de linhas entre particulares. Não surpreende, portanto, que a intervenção da prefeitura para a implantação do sistema integrado da capital tenha se pautado pela manutenção dos interesses dos donatários das linhas. Tais interesses dominaram o processo de planejamento do sistema, tanto do ponto de vista da definição das linhas como do modelo de concessão. Pelo lado das linhas, preservou-se a lógica de territórios geográficos e sistema radial. Nessa lógica, as linhas convergem para a região central da cidade. Por conseguinte, surge a dificuldade de operação das poucas linhas que atravessam fronteiras territoriais de empresas, como aquelas que ligam dois terminais periféricos (TILAG-TICAN, TILAG-TIRIO) ou as que se dirigem para pólos geradores (Jd. Atlântico-UFSC, p.ex.). Nessas, a fórmula encontrada é a alternância de operador, seja com base no horário (no caso de linhas da alta frequência), seja por dia da operação (no caso de haver poucos horários por dia). Outro efeito negativo desse desenho é a necessidade de estocagem de veículos na região do aterro da Baía Sul, no centro. Tal área, antes proposta para equipamentos de lazer, foi tomada por um terminal cuja mera existência já havia sido questionada pelos primeiros proponentes de uma maior integração do sistema, em meados dos anos 1990. Também, não há avanço na necessária proposição de um sistema metropolitano, agravando a situação de concentração de ônibus no centro da cidade por conta das linhas que atendem as cidades vizinhas. Jorge Minella Werner Kraus Junior* Manifestações contra o aumento da tarifa tomaram as ruas de Florianópolis em maio Do ponto de vista do modelo de concessão, a manutenção dos interesses historicamente construídos foi conquistada de forma escandalosa. A aprovação da Lei 034/99 em sessão da Câmara Legislativa, realizada sob proteção de barreira policial, é um capítulo que ilustra bem o grau de compromisso das instâncias de poder (nesse caso, o Legislativo municipal) com a ordem estabelecida pelo conluio entre empresários e governantes. Pela lei, as empresas garantiram mais 10 anos de operação sem necessidade de se submeterem a processo licitatório, renováveis por mais 10 anos. Quando expirou o primeiro prazo em fevereiro último, a prefeitura resolveu não exercer a opção de renovação das concessões de linhas, escolhendo o processo licitatório que encontrase em debate neste momento. Um outro aspecto do modelo de concessão é o funcionamento do órgão regulador e gestor do sistema, isto é, a Secretaria Municipal de Transportes e Terminais (SMTT). Não raro, o titular da secretaria abdica do poder regulatório e de planejamento para manter tudo como se encontra. Essa relação próxima e de camaradagem entre a SMTT e as empresas atende a vários interesses, um dos quais pretensamente legítimo: com os poucos quadros disponíveis em seu corpo funcional e com o peso da responsabilidade pela operação do dia-a-dia dos ônibus, acaba havendo um interesse colimado entre o regulador e as concessionárias para que o serviço não pare. Outros interesses são representados por aquilo que se chama de “tomada o órgão regulador” pelas concessionárias. Tal efeito é comum no modelo de “agências reguladoras” que surgiu a reboque da onda de privatizações das décadas de 80 e 90. No caso do sistema integrado, seus efeitos mais visíveis são a recusa da SMTT em centralizar a arrecadação, delegandoa para o sindicato patronal, e a falta de proposições de linhas novas, transversais às várias regiões de domínio de cada empresa. Não por acaso, o SETUF, em vez de Sindicato das Empresas, pode ter sua sigla confundida com “Secretaria de Transportes Urbanos de Florianópolis”. A mudança da lógica do sistema, portanto, requer uma ruptura com o histórico envolvimento das empresas operadoras e o poder público. Exige, ainda, elementos que vão desde a criação de um órgão forte e independente de planejamento e gestão dos transportes, em nível metropolitano, até um redesenho das linhas do sistema, também com necessária abrangência para toda a grande Florianópolis, dado o alto grau de conurbação que caracteriza a região metropolitana. Por fim, e seguindo o modelo adotado em países como os Estados Unidos onde os transportes por ônibus são estatais, deve ser realizada a estatização da operação, a qual traria graus de liberdade muito importantes para que se possa realizar um planejamento e implantação de sistemas de transportes sem a interferência de interesses alheios à prestação de um serviço de alta qualidade. * Professor do Depto. de Automação e Sistemas 8 Boletim da Apufsc Florianópolis, 28 de junho de 2010 O governo não vai avançar na negociação sobre carreira dos docentes das instituições federais de ensino por conta de restrições orçamentárias. Esta foi a posição apresentada na reunião de negociação ocorrida na terça-feira passada, dia 22, entre Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Andes e Proifes. A secretária adjunta de Recursos Humanos, Maria do Socorro Gomes (Nina), abriu a reunião informando que uma reunião com o presidente da República definiu os parâmetros “do que seria possível conceder aos servidores públicos federais (SPF) neste ano de 2010, para além dos acordos já negociados anteriormente”. O volume de recursos disponíveis para tal seria reduzido e assim seriam possíveis apenas “alguns ajustes nas tabelas” dos SPF, desde que com repercussão orçamentária pouco significativa. A secretária ressaltou que não está autorizada a exceder os limites estabelecidos pelo governo. Disse ainda que a reestruturação da Carreira cumpre um papel importante, ao adequá-la à Constituição Federal, determinando que todo professor ingresse nas Instituições Federais do Ensino Superior no nível 1 da primeira classe da Carreira, regularizando uma situação que tem sido contestada inclusive pelo Ministério Público (a entrada de docentes diretamente em adjunto 1, contrariamente ao que dispõe a Constituição). O Proifes cobrou do governo resposta à proposta apresentada pela entidade ao MPOG em agosto de 2009. A entidade lembrou que, após a última reunião de negociação, ocorrida em novembro de 2009, enviou quatro ofícios ao MPOG solicitando a continuidade dos debates, sem ter resposta. Diferentemente do ocorrido em 2007 e 2008, desta vez não houve efetiva”, disse o Proifes. A secretaria Maria do Socorro explicou então que até o dia 2 de julho o governo irá encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei cujas linhas gerais seriam as seguintes: 1. Itens já constantes da ‘Síntese da Minuta’ já apresentada: – Regulamentação da Dedicação Exclusiva (DE), com a explicitação das atividades e situações excepcionais em que o docente pode exercer outras atividades que não as estritamente compatíveis com esse regime; – Ingresso no primeiro nível da primeira classe da Carreira reestruturada, de acordo com o que prevê a CF; Sônia Vill Carreira: governo diz que vai apresentar projeto no dia 2 de julho Gil Vicente, do Proifes, participou da reunião – Criação de uma gratificação de encargos de preceptoria, como já explicitado na ‘Síntese da Minuta’; – Retribuição adicional por projetos institucionais de pesquisa e extensão, de acordo com planos de trabalho definidos e recursos extra-orçamentários disponíveis; – Alongamento da Carreira, com a criação de mais uma classe e com o aumento remuneratório do teto da Carreira – a essa altura o representante do MEC, Marcos Aurélio, informou que esse novo teto será de R$ 14.967,36, a ser pago ao Professor Sênior 4 (ou D5, nível 4, conforme nomenclatura a ser definida); – Redução do interstício para progressão de 24 meses para 18 meses; – Instituição de ‘Adicional de Coordenação de Curso’. As Universidades definiriam autonomamente os novos cursos a serem criados e o governo criaria rubrica específica para o pagamento dos adicionais correspondentes às coordenações desses cursos, pagos em folha de pessoal. As FGs correspondentes não seriam mais pagas, retornando os recursos correspondentes para o MEC, para posterior definição de sua utilização. 2. Inovações em relação à posição anterior do governo: – Possibilidade de progressão acelerada, favorecendo os docentes que têm carga didática para além das 8h semanais de graduação previstas pela LDB; – Previsão de regra de transição para o enquadramento na carreira reestruturada dos docentes que progrediram para Associado após a criação dessa classe, em maio de 2006. Será feito um escalonamento desse enquadramento, “considerando-se para tal, exclusivamente, o “tempo que cada professor ficou represado com adjunto 4, doutor”, sem exigência de mais nenhuma avaliação acadêmica adicional. Os representantes do Proifes – o presidente Gil Vicente Reis de Figueiredo, o vice-presidente Eduardo Rolim de Oliveira e o diretor de Relações Sindicais, José de Siqueira Neto – fizeram dois questionamentos. O primeiro relativo à reestruturação da Carreira do EBTT, prevista no Termo de Acordo assinado pelo Proifes em 20 de março de 2008, tendo sido instituído, em 1º de dezembro de 2008, Grupo de Trabalho para tratar do assunto – sem que isso tivesse de fato acontecido. A segunda questão referia-se à possibilidade de se realizar uma nova reunião antes de 2 de julho, para que pudesse haver uma negociação concreta dos questionamentos que seriam apresentados pelos sindicatos. Seguiu-se um debate bastante duro, em que os representantes do Proifes – e também da Andes – manifestaram sua total divergência quanto à postura do Governo. Foi lembrado pelo Proifes que, em 2006, houve enquadramento na nova classe de ‘professor especial’ de docentes da Carreira do Ensino do 1º e 2º graus que estavam na classe E, nível 4 – no presente caso, pois, não se trata, mais uma vez, de ‘progressão’ e sim de ‘enquadramento’, sendo isso perfeitamente possível, como demonstrado por esse exemplo. Além disso, os representantes do Proifes alegaram que esse tratamento diferenciado e discriminatório dos aposentados é claramente ilegítimo e injusto, posto que esses professores, quando de sua aposentadoria, ocupavam o topo da Carreira então existente e só não puderam progredir porque o Estado não lhes disponibilizou outras classes e níveis, à época. Ao final da reunião, os representantes do governo afirmaram que iriam encaminhar o texto da sua proposta às entidades sindicais, detalhando os itens apresentados. Já a regra de transição para o enquadramento futuro dos professores associados será apresentada depois do Ministério do Planejamento terminar os estudos que está fazendo.