l Desemprego: dilema do graduado africano 1 Este jornal faz parte da edição do SAVANA do MARÇO - ABRIL/2015 dia 30lde Abril de o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico o académico l 2015, pelo que não deve ser vendido separadamente – PÁGINAS 10/12 MARÇO - ABRIL - 2015 Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva Ano I Edição N.o 16 www.apolitecnica.ac.mz l Periodicidade: BIMESTRAL Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA PROF. DOUTOR NARCISO MATOS NOMEADO PRÓ-REITOR – ÚLTIMA FUNDE entrega salas de aula – PÁGINA 3 2 l MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l Desemprego: dilema do graduado africano Editorial 1 Este jornal faz parte da edição do SAVANA do MARÇO - ABRIL/2015 dia 30lde Abril de o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico o académico l 2015, pelo que não deve ser vendido separadamente – PÁGINAS 10/12 Ano I Edição N.o 16 www.apolitecnica.ac.mz MARÇO - ABRIL - 2015 l Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva Periodicidade: BIMESTRAL Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA PROF. DOUTOR NARCISO MATOS NOMEADO PRÓ-REITOR – ÚLTIMA FUNDE entrega salas de aula – PÁGINA 3 NES TA EDIÇÃO 16 ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA 25 DE JUNHO FUNDE entrega salas de aula Pág. 3 SOBRE RECURSOS NATURAIS, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Oração de Sapiência marca abertura do ano lectivo na A Politécnica Págs. 4/5 A Politécnica em Jornadas Científicas Págs. 6/7 ISHT graduou mais de 100 técnicos superiores Págs. 8/9 MERCADO DE EMPREGO PARA JOVENS Desfasamento de competências principal obstáculo de acesso em África Págs. 10/12 A Politécnica campeã do Ensino Médio e Superior Pág. 15 Prof. Doutor Narciso Matos nomeado Pró-Reitor Pág. 16 ACINCET AHCIF FICHA TÉCNICA Desemprego: o dilema do graduado T odos nós que andamos no mundo da Educação sabemos que existe sempre um “gap” entre aquilo que a escola oferece e as reais necessidades do mercado de trabalho, que também são heterogéneas. Actualmente, o que se tenta fazer é reduzir para o mínimo essa lacuna para que os graduados tenham maior empregabilidade quando saem da escola. As estratégias para a redução desse “gap” são diversificadas. Vão desde os estágios de finalistas dentro das empresas para, à partida, se familiarizarem com a prática empresarial ou organizacional até à concepção de currículos baseados em competências, geralmente de estilo modular, onde se valoriza o saber fazer e o saber ser e estar em substituição do paradigma assente em disciplinas, muitas vezes essencialmente teóricas. Num artigo que, com a devida vénia, retiramos da publicação “African Economic Outlook” e reproduzimos excertos nesta edição, também se discute esse dilema. E uma das suas premissas de base é que a educação não é o maior ponto de estrangulamento para o emprego juvenil em África, mas sim a falta de educação e os desfasamentos de competências são os principais obstáculos para os jovens no mercado de trabalho na maioria dos países africanos. O referido estudo realça que um elevado número de vagas, aliado à existência de desemprego de larga escala, confirma os desfasamentos de competências. Embora haja elevados níveis de jovens desempregados e uma oferta crescente de trabalho, muitas empresas em África têm dificuldades em preencher as vagas disponíveis. O artigo aponta ainda que uma total ausência de competências também representa um problema, mas os desfasamentos de competências parecem mais relevantes. Num inquérito entre especialistas de 37 países africanos, acerca dos maiores desafios que os jovens enfrentam nos mercados de trabalho, 54% declararam o desfasamento de competências entre os que procuram emprego têm para oferecer e o que os empregadores precisam como um grande obstáculo, sendo que 41% foram declarados com carência geral de competências. Argumenta-se que os desfasamentos de competências apontam para uma fraca qualidade na educação e ausência de interligação entre os sistemas educativos e as entidades empregadoras, um problema subjacente. As agências de recrutamento e de trabalho temporário inquiridas relataram uma carência geral de educação direccionada e grandes discrepâncias, frequentes, entre os perfis dos candidatos e as competências exigidas para o trabalho. Uma escassez de funcionários técnicos e mecânicos ou electricistas coexiste com um excedente de funcionários de auditoria, vendas e comunicação. Na indústria transformadora, em particular, muitas das vagas que ficam por preencher são a um nível que não exige educação terciária e não oferecem os salários que os graduados universitários esperam. O que é exigido, ao invés, são competências técnicas necessárias para fazer a manutenção do equipamento e supervisionar trabalhadores não qualificados. Os sistemas educativos em África têm de se tornar mais diversificados para fazer face às necessidades de uma série de níveis de competências e de educação. Afirma-se que as universidades africanas não educam para as necessidades africanas. Os graduados em áreas técnicas, tais como engenharia e tecnologia da informação e comunicação (TIC) têm muito menos problemas em encontrar emprego do que os das ciências sociais ou das humanidades. Simultaneamente, estes últimos cursos apresentam números de inscrição e conclusão muito maiores e, consequentemente, números muito maiores de desemprego. De acordo com as agências de recrutamento e de trabalho temporário africanas, os sectores onde é mais difícil encontrar candidatos com educação terciária são aqueles que requerem qualificações técnicas específicas, tais como as indústrias extractivas, a logística, as indústrias químicas e farmacêuticas, a indústria transformadora no geral e a agro indústria. Os articulistas ficam totalmente perplexos ao notar que apesar da vantagem comparativa de África na agricultura e a grande potencialidade de comércio internacional de produtos agrícolas transformados, há um reduzido número de diplomados na área da agricultura, o que é surpreendente. “Tendo 2% dos estudantes a especializarem-se em agricultura, esta disciplina ocupa o mesmo lugar entre os graduados em África, que entre os europeus, embora a agricultura contribua com 13% para o PIB africano, em comparação com 1,4% na Europa (ambos valores para 2010, Banco Mundial, 2011c). A agro indústria é um dos poucos sectores nos quais é quase impossível encontrar candidatos com elevado nível dirigente em África, segundo uma grande empresa de recrutamento activa em muitos países africanos. Dado o importante papel que as indústrias extractivas desempenham em muitos países africanos, a falta de diplomados disponíveis para trabalhar no sector é igualmente surpreendente”. E a receita que se deixa é a seguinte: as universidades devem educar tendo em conta os mercados africanos, melhorando a educação nas áreas técnicas e na agricultura e também a qualidade. Esta abordagem inclui igualmente mais e melhor orientação para os alunos, no sentido de os guiar para empregos no sector privado, afastando-os da inscrição em disciplinas tradicionais de admissão no sector público, como as artes, as humanidades e as ciências sociais. A expansão não é suficiente. A qualidade e a relevância da educação têm de ser melhoradas para reduzir os desfasamentos de competências. A análise anterior demonstrou que o nível de desemprego prolongado é especialmente elevado no nível secundário, sugerindo graves desfasamentos de competências. A maior parte da educação secundária geral em África tem seguido há muito o ideal de fornecer os pré-requisitos para uma educação académica ou um emprego de colarinho branco (escritório) no sector formal (e urbano). Os articulistas lançam alguns avisos à navegação: tendo quase 200 milhões de pessoas com idades entre os 15 e os 24 anos, África possui a população mais jovem do mundo. E esta população continua a crescer rapidamente. O número de jovens em África duplicará até 2045. Entre 2000 e 2008, a população africana em idade activa (15 aos 64 anos) aumentou de 443 milhões para 550 milhões; um acréscimo de 25%. Em termos anuais, trata-se de um crescimento de 13 milhões, ou seja 2,7% por ano (Banco Mundial, 2011a). A manter-se esta tendência, a população activa do continente será de mil milhões de pessoas em 2040, tornando-se a maior do mundo e ultrapassando tanto a população chinesa, como a indiana (McKinsey, 2010). n o académico Textos: Prof. Doutor Lourenço do Rosário [email protected] PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE POLITÉCNICA JORNAL UNIVERSITÁRIO D'A POLITÉCNICA Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 Endereço físico: Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 1011 Email: [email protected] Prof. Doutor João Mosca [email protected] Telefone: +258 21 352 750 - Fax: +258 21 352 701 Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Cel: +258 82 3285250 +258 82 3133700 +258 82 3126180 Lic. Arcénia Chale [email protected] Site: www.apolitecnica.ac.mz Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Assessor: Leandro Paul [email protected] Tiragem: 5.000 exemplares Layout: FDS www.fimdesemana.co.mz MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 3 EM FOCO ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA 25 DE JUNHO FUNDE entrega salas de aula A Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE), procedeu no mês de Abril último à entrega parcial da Escola Primária Completa 25 de Junho ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo, depois de efectuar obras de reabilitação e apetrechamento das salas de aula e ao bloco administrativo. C om o objectivo de implementar um novo modelo de gestão em cinco (5) escolas da cidade de Maputo, elevando, deste modo, os seus padrões de qualidade e desempenho e fazendo com que se equiparem às privadas, a FUNDE recebeu do Conselho Municipal em 2013 a escola para gerir. Intervindo na cerimónia, o Presidente da FUNDE, Professor Doutor Lourenço do Rosário, explicou que esta parceria, a primeira do género na área da Educação, enquadra-se no âmbito da transferência de funções e competências de gestão das escolas primárias do Governo da Cidade de Maputo para a edilidade. “Queremos implementar as nossas práticas de gestão privada nas escolas públicas, fazendo com que os docentes possam participar nos nossos planos de formação, permitir que os alunos façam parte das nossas actividades de desporto e cultura. Vamos interagir com o Município para que os pais, encarregados de educação, comunidade, agentes económicos locais, entre outros intervenientes olhem para esta escola como um modelo a seguir no meio de tantas que existem à volta”, afirmou o Presidente da FUNDE. Já o Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, David Simango, congratulou a iniciativa da FUNDE e referiu que a mesma vai permitir que os alunos aprendam em melhores condições e num ambiente são. “A Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação compreendeu o alcance da descentralização da gestão das escolas primárias e colocou-se à disposição do Conselho Municipal da Cidade de Maputo para prestar o seu contributo neste domínio, emprestando a sua experiência”, disse David Simango. Num outro passo da sua alocução afirmou ainda ter ficado “muito sensibilizado com a iniciativa, nova no país. Os professores e crianças começam desde já a desfrutar dos resultados desta colaboração. Ninguém foi prejudicado. As crianças estudam em boas condições, em termos de infra-estruturas. Os professores contam com as capacitações para melhor desempenho da sua missão de educar e ensinar. A direcção da escola conta com assessoria permanente na sua tarefa de gerir a escola para o seu bom desempenho”. O Presidente do Município da Cidade de Maputo terminou a sua alocução apelando aos alunos, professores e encarregados de educação para que todos contribuam para que este projecto vá avante e juntos fortalecerem esta parceria. Por sua vez, os alunos agradeceram o gesto da Universida- de Politécnica e do Município da Cidade de Maputo: “nós as crianças, alunos desta escola, a direcção, os professores, apresentamos a nossa grande satisfação com o novo visual que caracteriza a nossa escola. Louvamos o apoio incondicional da Universidade Politécnica. No início parecia um sonho, agora é uma realidade”. As crianças lançaram um apelo para a necessidade da criação de uma biblioteca escolar para melhorar as suas habilidades de leitura e escrita. Os alunos foram ainda mais longe, afirmando que cabe a eles, como utentes, conservar a escola, mantendo-a sempre limpa e bonita. A intervenção da FUNDE na Escola Primária Completa 25 de Junho consistiu na construção do muro de vedação, aquisição de carteiras, reabilitação e pintura de três blocos de salas de aula e da área administrativa, revisão da instalação eléctrica, substituição da anterior cobertura e colocação de tecto falso, montagem de dois tanques de água de 2.500 litros cada, o melhoramento dos campos de actividades desportivas, a reabilitação dos sanitários e colocação de rampas para deficientes, entre outras obras de vulto. De salientar que a Escola Primária Completa 25 de Junho, localizada no bairro 25 de Junho, distrito Municipal KaMubukwana, lecciona da 1ª à 7ª classe e conta com um universo de 925 alunos, assistidos por 23 professores. n 4 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO SOBRE RECURSOS NATURAIS, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Oração de Sapiência marca abertura do “Recursos Naturais, Educação e Desenvolvimento” foi o tema escolhido para a Oração de Sapiência realizada em Março último no Anfiteatro da Universidade Politécnica, em Maputo, por ocasião da abertura do ano lectivo de 2015. A mesma foi proferida pelo Prof. Doutor Pedro Gutemberg, Presidente da Vale Moçambique, e incidiu sobre os desafios para a implementação de um projecto de investimento. P erante o Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Prof. Doutor Lourenço do Rosário, o Vice-Reitor, Prof. Doutor Armando Jorge Lopes, personalidades, corpo docente, alunos, funcionários, entre outros convidados, o Prof. Doutor Pedro Gutemberg dissertou sobre os desafios para a implementação de um projecto de investimento. A Professora Doutora Rosânia da Silva procedeu ao elogio académico e, uma vez criadas as condições para a Oração de Sapiência, o Prof. Doutor Pedro Gutemberg iniciou a sua intervenção sobre os desafios para a implementação de um projecto de investimento. Na sua dissertação, o presidente da Vale Moçambique explicou que o investimento significa a aplicação de capital em meios de produção, visando o aumento da capacidade produtiva em bens de capital. “O investimento produtivo se realiza quando a taxa de lucro sobre o capital supera ou é, pelo menos, igual à taxa de juros ou quando os lucros sejam maiores ou iguais ao capital investido”, afirmou o Prof. Doutor Pedro Gutemberg. Sobre os principais aspectos a serem observados para a garantia de um investimento produtivo, Pedro Gutemberg mencionou a sustentabilidade económica, social, ambiental e institucional, frisando que o ciclo para a realização de um investimento deve obedecer quatro etapas principais, nomeadamente: a planificação, execução, verificação e acção. Com uma vasta experiência na área de gestão e em multinacionais do segmento mineiro, Pedro Gutemberg iniciou a sua carreira como consultor especializado em metalurgia, desenhou estratégias de players continua na pág. 5 »» MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 5 EM FOCO ano lectivo na Universidade Politécnica «« Continuado da pág. 4 de commodities metálicas e foi responsável pelo marketing técnico e desenvolvimento de no- vos negócios nas empresas em que fez parte. Entre 2005 e 2010 ocupou vários cargos de chefia na Vale, tais como Director de Estraté- gia, Director de Marketing, Director do Manganês e Director de Marketing Bulk Materials, em Singapura. Formado em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal Fluminense, o presidente da Vale Moçambique tem grau de mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), PhD na Universidade de McGill, em Montreal, no Canadá, e MBA pela Mckinsey & Company, de Espanha. n IMEP de Nacala abre com dois cursos técnicos O Instituto Médio Politécnico (IMEP) de Nacala iniciou este ano com dois cursos técnicos, nomeadamente, de Gestão e Contabilidade e Construção Civil, corporizados por duas turmas, as primeiras. Segundo a Lica. Beatriz Irene Langa, Presidente da Comissão Instaladora do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala (ISPUNA), as aulas nesta instituição estão a decorrer normalmente, contando com 169 estudantes, distribuídos por seis cursos, sendo 45 em Administração e Gestão de Empresas; 2 em Ciências Jurídicas; 35 em Contabilidade e Auditoria; 18 em Engenharia Civil; 21 em Engenharia Eléctrica; 26 em Engenharia Informática e Telecomunicações. De acordo com a Lica. Beatriz Langa, o ISPUNA conta este ano com 56 professores. Em relação às obras de construção do campus universitário de Nacala, a Presidente da Comissão Instaladora do ISPUNA referiu que já foi concluída a edificação do campo de jogos e respectivos balneários. Terminaram igualmente as obras de construção das instalações do Moza Banco dentro do campus de Nacala. Recorde-se que o Campus Universitário de Nacala terá capacidade para albergar dois mil estudantes. Para além das salas de aula e serviço administrativo, terá também laboratórios de engenharias, informática, auditório, biblioteca, agência bancária, de modo a facilitar pagamentos de serviços, espaço recreativo e campo polidesportivo. n 6 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO A Politécnica em Jornadas Científicas A Universidade Politécnica, através da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT) realiza esta semana as Jornadas Científicas, cujo lema é “A Politécnica e a Promoção da Cidadania”, comportando um conjunto de 32 temas relacionados com o lema em apreço, bem como matérias associadas aos diferentes cursos leccionados nos seis departamentos da escola. O Professor Doutor Carlos Davide Cassimo Sotomane, Director da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias, falando ao “O Académico”, disse que no evento participarão 64 estudantes como oradores, para apresentarem suas pesquisas e relatórios de trabalhos teórico-práticos, e 70 docentes como oradores e moderadores de sessões paralelas que vão decorrer durante as jornadas. Segundo o Director da ESGCT, o envolvimento de docentes e estudantes neste processo superou as expectativas iniciais, o que é de encorajar, destacando ainda a participa- ção nestas jornadas de duas instituições económico-financeiras, nomeadamente, a Autoridade Tributária de Moçambique e o Banco de Moçambique. O Dr. Rosário Fernandes, que vai apresentar o tema intitulado”O Papel da Universidade na Educação. Aspectos Legais e Comunicação sobre Imposto”. O Banco de Moçambique colabora nestas jornadas com três temas, assim intitulados (i) Regulamentação Cambial – Desenvolvimentos Recentes e Desafios, (ii) A importância das Centrais de Informação de Crédito e da Reputação Creditícia no Acesso ao Crédito, (iii) A experiência do Banco de Moçambique na Formulação da Política Monetária em Moçambique. Outro aspecto de realce é o facto de a abertura das jornadas ser presidida pelo Vice-Reitor, Professor Catedrático Armando Jorge Pereira Lopes, sendo este o primeiro acto de fórum científico presidido por este cientista da nossa Universidade. Siga a entrevista no estilo de pergunta-resposta. - Quando é que arrancou o ano lectivo de 2015? - As aulas na ESGCT ini- ciaram no dia 16 de Fevereiro, em Maputo, e, no dia 9 de Março, no Pólo de Xai-Xai, após a realização de um conjunto de actividades preparatórias associadas ao processo de ensino e aprendizagem, como a admissão de novos ingressos, mudanças de curso, inscrições, organização do serviço docente, elaboração de horários e o calendário de encontros da direcção e outros colectivos da Escola e criadas todas as condições, em cumprimento do calendário escolar aprovado pelo Magnífico Reitor. - Como estão a decorrer as aulas no ano lectivo de 2015? - As actividades lectivas na ESGCT, em Maputo, estão a decorrer sem sobressaltos, embora por razões organizacionais ligadas ao ajustamento do rácio estudante-docente tivesse que, no decurso das aulas, se rever a composição das turmas e o número dos alunos nas diferentes discicontinua na pág. 7 »» NO ENSINO PRESENCIAL INICIADO EM 2014 Pólo de Xai-Xai abriu dois novos cursos O Pólo de Xai-Xai abriu este ano lectivo dois novos cursos de ensino presencial, nomeadamente o de Engenharia Eléctrica e o de Contabilidade e Auditoria. Segundo o Lic. Arnaldo Nhanombe, Coordenador da Unidade, no presente ano foram ali matriculados, no ensino presencial aberto em 2014, 37 novos alunos, contra um pouco mais de 20 registados no ano passado, tendo transitado para 2015 vinte e dois alunos. Leccionam no Pólo de Xai-Xai e neste regime16 professores, todos a tempo parcial. À pergunta sobre como estavam a decorrer as aulas naquela unidade, o Lic. Arnaldo Nhanombe respondeu da seguinte forma: “Bom, para mim, pessoalmente, é um pouco difícil fazer um raio X ou uma radiografia (balanço) da experiência da introdução do ensino presencial feita no ano passado na Unidade de Gaza – Pólo de Xai-Xai, porque estou cá como coordenador-responsável desde Outubro do ano passado, quando ia a iniciar o último dos quatro módulos anuais. Chegado cá, acompanhei e procurei começar a entender e perceber o funcionamento do mesmo, cujas aulas decorrem no sistema modular e no período pós-laboral. Os professores já estavam devidamente distribuídos e existiam três turmas: de Engenharia Civil, de Ciências Jurídicas e de Gestão Financeira e Bancária”. Em relação ao balanço sobre o arranque do regime presencial em Xai-Xai, Nhanombe disse o seguinte: “Em 2014 procurou-se manter o bom nome da nossa tão amada e querida universidade, sem pecar contra o lema: «humanismo, rigor e profissionalismo». Procuramos encorajar os docentes a dar mais de si e tudo fizemos para manter e levar até ao final do ano os estudantes que entraram, quer no primeiro, assim como no terceiro módulo. Procuramos fazer «lobbies» com a rádio e televisão locais, no intuito de dar a conhecer mais a nossa presença aqui no «Império de Gaza». Recomendamos e orientamos, quer os docentes, bem como os estudantes a serem embaixadores da universidade, onde quer que estejam, pois a mesma é ainda muito pouco conhecida a nível da província de Gaza. Fizemos campanhas pelas escolas secundárias e por alguns distritos com a finalidade de angariar mais e muitos estudantes para nós. Os cursos ministrados no regime presencial foram: Engenharia Civil, Gestão Financeira e Bancária e Ciências Jurídicas”. No concernente ao ano lectivo de 2015 disse que o mesmo arrancou a 9 de Março, com um ligeiro atraso de uma semana, dado que o mesmo deveria ter iniciado a 02 de Março. O Coordenador do Pólo de Xai-Xai da Universidade Politécnica afirmou ainda que “no presente ano as aulas estão a decorrer num ambiente calmo e acelerado. Acelerado porque o regime que cá se está a obser- var não é o semestral, mas sim o modular/tutorial, que está centrado no estudante. Entretanto, exige muito do docente no cumprimento das horas e dos conteúdos a dar. As mesmas ainda decorrem no período pós-laboral. Há empenho de todos estudantes e docentes e os resultados são promissores. O número de cursos e de estudantes aumentou e, por conta disso, há aulas inclusive aos sábados, facto que nos levou a solicitarmos (alugarmos) mais quatro salas do Centro de Formação de Professores de Inhamissa – IFP, sobretudo quando os estudantes da ESA (Escola Superior Aberta) também têm aulas aos sábados. De um modo geral, o que se precisa é melhorar a internet e a sala de informática, apetrechar a biblioteca com dicionários, enciclopédias, equipar as salas de aula com carteiras e cadeiras e, num futuro próximo, senão breve, instalar-se um laboratório local para as engenharias eléctrica e civil”. Falando de outros aspectos relacionados com a instituição, que em 2015 deverá intensificar as actividades já em curso, o nosso interlocutor enumerou as seguintes: introdução da segunda edição de mestrado em GRH (Gestão de Recursos Humanos), “manter o nosso tão conhecido perfil de qualidade, boas parcerias e credibilidade, continuar a oferecer licenciaturas à distância, só este ano introduziu três novos cursos, embora ainda não tenha candidatos inscritos, nomeadamente: Educação de Infância, Ensino de Matemática e Física e Ensino de Geografia e História; criar grupos de interesse: desporto e cultura; colocar uma placa de publicidade na entrada da instituição, com o propósito de fazermo-nos e darmo-nos a conhecer, continuar com os programas de campanha pelas escolas e pelos distritos; pôr em prática e observar todas as orientações e indicações vindas da Sede-Maputo, pois nós somos um braço de lá. Enfim, continuar a formar, na perspectiva de fornecer e oferecer ao mercado quadros com competência e mérito que detenham o saber fazer”. n MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 7 EM FOCO ISUTE lança campanha “um aluno, uma árvore” O ISUTE – Instituto Superior Universitário de Tete realizou no passado dia 24 de Abril o “baptismo de caloiros” do IMEP e do Ensino Superior. No mesmo dia foi lançada a campanha “um aluno, uma árvore”, onde os alunos do Ensino Secundário do IMEP e os do primeiro semestre do Ensino Superior plantaram uma árvore de fruta que cada um se comprometeu a cuidar, enquanto permanecer na instituição. S egundo a Mestre Maria Juliana, nova Directora do Instituto Superior Universitário de Tete (ISUTE), neste 1º de Maio “iremos participar na marcha alusiva ao dia e seguido de uma confraternização académica do ISUTE. No dia 30 de Maio teremos a Feira de Saúde, cujo lema é “Uma mente sã, num corpo são, forma um ser são”. Esta feira irá decorrer, em princípio, na Praça da Independência ou no pavilhão do Conselho Municipal da Cidade de Tete. Dizemos em princípio porque ainda estamos a aguardar pela resposta do Município, assim como a posição dos nossos parceiros no apoio ao evento. Estão previstos como parceiros o Serviço Distrital de «« Continuado da pág. 6 plinas e cursos. Este ajustamento implicou uma mexida no ordenamento dos horários, nova distribuição de salas e mobilidade dos estudantes, num caso ou noutro. - Que actividades estão a ser desenvolvidas para o efeito? - No ano lectivo escolar de 2015, neste primeiro semestre, em cumprimento das actividades previamente programadas a nível do corpo docente, estão a ser desenvolvidas acções de assistência às aulas, reuniões de grupos de disciplina, reuniões dos departamentos com respectivos docentes e conselheiros de turma, formação do corpo docente em matérias de natureza pedagógica, pesquisa e tecnologias de informação e comunicação. Para os estudantes, além dos estágios curriculares realizam visitas de estudo e práticas laboratoriais e empresariais, em preparação dos trabalhos de fim de curso ou relatórios de disciplinas do curso. - Quantos novos alunos foram matriculados este ano na ESGCT? E quantos transitaram de ano em 2014? A escola abriu novos cursos? Quais as áreas abrangidas? Com quantos professores contam em 2015? - A ESGCT conseguiu para o presente semestre matricular Saúde, Mulher e Acção Social, Visão Mundial, Conselho Municipal, Rádio Moçambique, Rádio Sirti, TVM, STV, Polícia de Trânsito e Polícia Camarária. Neste mesmo dia os estudantes e docentes de Psicologia aplicarão testes psicológicos”. Siga a conversa com a Mestre Maria Juliana, Directora do ISUTE, em discurso directo. - Como estão a decorrer as aulas do ano lectivo de 2015? - As aulas do ano lectivo de 2015, apesar das dificuldades vividas no início, estão a decorrer normalmente. No ISUTE existem dois regimes: modulares e semestrais (tutoriais e não tutoriais). - Que actividades foram desenvolvidas para esse efeito? 520 novos ingressos. Esta meta está aquém da fixada pela administração do IPS, Lda, ou seja, a previsão inicial de 650 novos ingressos não foi cumprida. Neste momento, do ponto de vista estatístico, a ESGCT possui cerca de 1946 estudantes. Deste número, 1426 estudantes transitaram de ano em 2014. Estes estudantes são assistidos por 238 docentes, sendo 30 doutores (13%), 101 mestres (42%) e 107 licenciados (45%). O Pólo de Xai-Xai matriculou 37 novos ingressos, contra 60 previstos e renovou 17 inscrições. Portanto, o Pólo de Xa-Xai possui 54 estudantes, assistidos por 16 docentes (dois mestres e 14 licenciados), distribuídos pelos seguintes cursos: Ciências Jurídicas, Engenharia Civil, Gestão Financeira e Bancária, Engenharia Eléctrica e Contabilidade e Auditoria. Estes dois últimos são novos cursos. Contrariamente à situação de Xai-Xai, a ESGCT em Maputo não abriu nenhum novo curso. - Quais são as outras novidades que a ESGCT traz para o ano de 2015? - A ESGCT tem também projectado realizar, entre os dias 28 e 30 de Abril, Jornadas Científicas, cujo lema é “A Politécnica e a Promoção da Cidadania”, em que serão abordados 32 temas relacionados com o lema - Houve uma preparação prévia para o arranque do ano lectivo, consistindo em encontros com docentes e estudantes para o esclarecimento do que são tutoriais, possíveis dúvidas existentes sobre o regulamento de avaliação, entre outras questões. - Quando é que arrancou o ano lectivo de 2015? - O ano lectivo no ISUTE teve o seu início, para os cursos modulares, no dia 23 de Fevereiro, enquanto que os cursos em regime semestral começaram no dia 2 de Março. - Quantos novos alunos foram matriculados este ano no ISUTE? - Para 2015 foram matriculados 80 novos estudantes, sendo 10 (dez) do curso de Psicologia, em apreço, bem como matérias associadas aos diferentes cursos leccionadas nos seis departamentos da escola. Participam nesta actividade 64 estudantes, como oradores, para apresentarem suas pesquisas e relatórios 35 (trinta e cinco) para o curso de Engenharia Civil, 18 (dezoito) do curso de Engenharia Eléctrica e 17 (dezassete) para o curso de Administração e Gestão de Empresas. - Qual é o número de estudantes que transitaram de ano em 2014? - Transitou de ano em 2014 um total de 187 (cento e oitenta e sete) estudantes. - O Instituto abriu novos cursos? Quais as áreas abrangidas? - Para 2015 o Instituto não abriu novos cursos este ano. - Com quantos professores contam em 2015? - A Unidade conta com 81 docentes, dos quais seis são docentes a tempo inteiro. - Em que estágio se encontra o projecto de construção de instalações de raiz para o ISUTE? - No dia 27 arrancam as obras de construção do campo de desportos. E actualmente o bloco B encontra-se na fase de finalização, uma vez que a obra foi entregue incompleta. de trabalhos teórico-práticos, e 70 docentes como oradores e moderadores de sessões paralelas que vão decorrer durante as jornadas. O envolvimento de docentes e estudantes neste processo superou as expectativas - Quais são as outras novidades que o ISUTE traz para o ano de 2015? - No dia 24 de Abril, o ISUTE vai ter o “baptismo de caloiros” do IMEP e do Ensino Superior. Neste mesmo dia lançar-se-á a campanha “um aluno, uma árvore”, onde os alunos do Ensino Secundário, do IMEP e os do primeiro semestre do Ensino Superior irão plantar uma árvore de fruta que cada um se comprometerá a cuidá-la, enquanto permanecer na instituição. - Tem algo a acrescentar que não tenha sido mencionado nas questões colocadas? - Foram já divulgados os termos de referência para a candidatura de construção e exploração do centro social. No segundo semestre, em Setembro, prevemos organizar um feira de tecnologias, onde os cursos existentes nesta Unidade Orgânica irão fazer demonstrações e prestação de serviços e assessorias aos interessados. n iniciais, o que é de encorajar. Nestas Jornadas Científicas importa, com a devida vénia, referir a participação de duas instituições económico-financeiras, nomeadamente, a Autoridade Tributária de Moçambique e o Banco de Moçambique, com destaque para a presença do Presidente da Autoridade Tributária de Moçambique. - Tem algo a acrescentar que não tenha sido mencionado nas questões colocadas? - Outras actividades a realçar são: (i) Oração de Sapiência, na Universidade Politécnica, proferida pelo Professor Doutor Pedro Gutemberg, Presidente da multinacional Vale Moçambique, no dia 5 de Março de 2015, como marco da abertura do presente ano lectivo, cujo tema foi ”Recursos Naturais, Educação e Desenvolvimento”; (ii) Encontro do Reitor com os estudantes do primeiro ano, a 17 de Fevereiro de 2015; (iii) Acolhimento da feira do livro sob os auspícios da Biblioteca Central; (iv) Participação nas actividades da feira do CADE em Maio; (v) Participação no torneio desportivo para assinalar o dia do Campus Universitário de Maputo, 13 de Abril; (vi) Recolha junto da comunidade da ESGCT de artigos não perecíveis para doação às vítimas das calamidades naturais. n 8 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l REPORTAGEM A N ICA E O N E N Ã Â D A AÇ RG DA IM U O I EL D S A DE ER U R G DA IV – Q O ISHT – I UN A Instituto Superior N U A NIC de Humanidades D C e Tecnologias em TÉ I L Quelimane, na província O P ISHT graduou mais da Zambézia, graduou, no mês de Março último, 114 licenciados em diversas áreas do saber, nomeadamente em Administração e Gestão de Empresas, Construção Civil, Ciências Jurídicas, Contabilidade e Auditoria, Ciências de Comunicação, Informática de Gestão, Ciências de Educação, Gestão de Recursos Humanos e uma mestra em Gestão Educacional. N a sua mensagem, os graduados reiteraram o seu compromisso em participar no desenvolvimento do país, ajudando a resolver os problemas que as comunidades enfrentam nas zo- nas recônditas e nos centros urbanos, através da aplicação dos conhecimentos adquiridos ao IMEP de Maputo já tem Oficina de Informática O Instituto Médio Politécnico (IMEP) de Maputo passou a partir do presente ano a dispor de uma Oficina de Informática que, sendo uma área técnica, se destina à realização das aulas práticas. Segundo a Lica. Isabel Zandamela, Directora-Geral Adjunta dos IMEP’s e Escolas Secundárias da Universidade Politécnica, que nos forneceu a informação, o Laboratório de Informática da Escola Secundária das Acácias/ESDA I, onde funciona o 1º Ciclo, também beneficiou de uma reforma profunda. A Directora-Geral Adjunta dos IMEP’s e Escolas Secundárias da Universidade Politécnica disse, igualmente, que foi criada uma sala para educação visual, um laboratório para as práticas de Física, Química e Biologia e uma sala de estudo. Siga a entrevista que “O Académico” manteve com a Lica. Isabel Zandamela: - Quando iniciou o presente ano lectivo nos IMEP’s e nas Escolas Secundárias? - O ano lectivo de 2015 nos IMEP’s teve início no dia 9 de Fevereiro de 2015 e, nas Escolas Secundárias da Universidade Politécnica (ESDP), no dia 10 do mesmo mês, antecedido pela cerimónia de abertura so- lene, em cada unidade. - Como estão a decorrer as aulas do ano lectivo de 2015 nos IMEP’s e nas Escolas Secundárias? - As aulas iniciaram tranquilamente e estão a decorrer em pleno, sendo que, no presente ano lectivo, o IMEP alargou o seu raio de actuação e abriu, em Nacala, com os Cursos de Construção Civil, de Contabilidade e de Gestão. - Quantos novos alunos foram matriculados este ano nos IMEP’s? E nas Escolas Secundárias em 2015? - Para o presente ano lectivo matriculou-se um total de 875 novos ingressos, dos quais 417 nos IMEP’s e 458 nas ESDP. Este grupo de alunos veio juntar-se aos 1087 alunos internos, o que totaliza um efectivo de 1962 alunos, nos dois segmentos. - Qual é o aproveitamento pedagógico obtido em 2014 nos IMEP’s e nas Escolas Secundárias? - No que diz respeito ao aproveitamento no ano lectivo de 2014, a nível dos IMEP’s, a Unidade de Tete teve 93%, Nampula teve 83%, Quelimane teve 95% e Maputo teve 80.5% de aprovações. Quanto às ESDP, a Unidade de Tete teve 96%, Nampula teve 95%, Nacala teve 100%, Quelimane teve 91% e Maputo teve 88% de aprovações. - Os IMEP’s abriram novos cursos? Quais as áreas abrangidas? - A nível dos IMEP’s foi aberto um novo Curso Técnico Médio de Electrónica, cuja implementação-piloto coube às Unidades de Tete e Nacala. De referir que este Curso, numa primeira fase, reveste-se de um carácter de responsabilidade social e é financiado pela VALE, no contexto da parceria que existe entre esta empresa e a FUNDE, sendo que a área de gestão pedagógica e do Registo Académico estão sob a responsabilidade do IMEP. Em relação ao Ensino Secundário Geral, na Unidade de Quelimane, a Escola Secundária Lourenço do Rosário introduziu a 10ª classe, uma vez que, na sua tradição, leccionava-se apenas a 11ª e 12ª classes. - Com quantos professores contam em 2015? - Para a leccionação de aulas no presente ano lectivo, em todos IMEP’s estão em exercício 176 professores e nas Escolas Secundárias da Universidade Politécnica 168 professores, o que totaliza um universo de 344 professores do Ensino Médio (Técnico-Profissional e Secundário Geral), em todas as unidades. - Quais são as outras novidades que os IMEP’s e as Escolas Secundárias trazem para o ano de 2015? - Para 2015, o IMEP de Maputo passou a dispor de uma Oficina de Informática, que, sendo uma área técnica, se destina à realização das aulas práticas. O Laboratório de Informática da Escola Secundária das Acácias/ESDA I, onde funciona o 1º Ciclo, contou com uma reforma profunda. De referir, também, a criação de uma sala para educação visual, um laboratório para as práticas de Física, Química e Biologia e uma sala de estudo. Por parte do Ensino Secundário Geral, Nampula está a preparar a sua primeira grande festa (o Baile dos Finalistas) dos alunos da 12ª classe, cerimónia que já vem acontecendo apenas na Escola Secundária das Acácias, em Maputo, e vai assumindo uma grande dimensão. No contexto da celebração dos 20 anos da Universidade Politécnica, estão sendo preparadas as Olimpíadas Científicas de Português e de Matemática, a nível dos IMEP’s e das ESDP, previstas para o mês de Agosto. De um modo geral, estão sendo envidados esforços para a dinamização da área desportiva e cultural, um pouco por todas as unidades, sendo que, no final do ano passado, realizou-se o Torneio Lourenço do Rosário em Maputo, depois de termos participado, pela primeira vez, no Básquete Show. Em Quelimane, participámos do Campeonato Regional de Andebol. Assim sendo, estão Continua na pág. seguinte »» MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 9 REPORTAGEM de 100 técnicos superiores longo dos anos da sua formação. Reconheceram também os desafios que têm pela frente no seu dia-a-dia, pelo facto de terem concluído mais uma etapa da sua formação que lhes exigirá maior responsabilidade na sua actividade e no saber ser e estar com as comunidades que vão servir. Esta cerimónia de graduação foi dirigida pelo Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário, com presença de diversas personalidades, entre as quais o governador da província da Zambézia, Abdul Razak. Razak referiu que aquela graduação era um acto importante pelo facto de os graduados poderem contribuir para o desenvolvimento da província e do país em geral. O governante apelou aos graduados para continuarem com as várias etapas da sua formação, considerando que a graduação constitui o início de uma nova era estudantil, num mundo global em que se assistem a várias mutações e onde são bem sucedidos aqueles que continuam a aumentar os seus conhecimentos, mantendo-se actualizados para participarem da melhor forma nos grandes desafios da sociedade. “Os desafios que têm nas vossas profissões são os desafios que a província e o país enfrentam”, disse Abdul Razak, exortando, uma vez mais, os graduados para se empenharem com determinação no exercício das suas missões, para que o povo aprecie os esforços da nova geração nas acções de desenvolvimento do país. A Universidade Politécnica completa este ano 20 anos de existência e foi a primeira instituição do ensino superior a estabelecer uma delegação em Quelimane. n ISHT tem nova directora Trata-se da Mestre Seana José Insa Daúd, que substitui no cargo a Mestre Maria Juliana previstos torneios desportivos que serão acompanhados de música e dança pelos próprios alunos, para a animação. De referir que o grupo coral destes dois segmentos, em Nampula e Quelimane, estão a preparar-se para o Festival que vai acontecer em Outubro, no âmbito da Celebração dos 20 Anos da Universidade Politécnica. - Tem algo a acrescentar que não tenha sido mencionado nas questões colocadas? - Apenas referir que o Ensino Médio (Técnico-Profissional e Secundário Geral) na Universidade Politécnica registou e continua a registar um considerável crescimento ao longo dos anos, desde a abertura do primeiro IMEP, em 1998, em Quelimane, sendo que, nos últimos seis anos, o ritmo foi um pouco mais acelerado, ao apostar-se, também, no Ensino Secundário Geral. Reconhecendo que qualquer crescimento representa a intensificação de desafios, a nossa principal aposta é continuarmos oferecendo um ensino e educação de qualidade aos nossos alunos, garantirmos condições técnicas e de infraestruturas necessárias para a prossecução desta nobre causa. Para tal contamos também com a colaboração, dedicação e comprometimento de toda a comunidade escolar (direcção, alunos, professores, pais e encarregados de educação).n A Mestre Seana José Insa Daúd é natural de Montepuez, província de Cabo Delgado-Norte de Moçambique. Casada, Gestora Educacional, desenvolve as suas actividades na criação e implementação de programas de interação voltados principalmente para os interesses das comunidades menos favorecidas no âmbito académico e desenvolvimento sustentável e cidadania. Realiza projectos e programas educacionais voltados a paradigmas inovadores para o ensino básico e secundário geral. Participou na elaboração da brochura intitulada “Ilha de Moçambique - Património Mundial”. Autora da tese “Factores que contribuem para a Degradação da Ilha de Moçambique”, ela participou no secretariado do “Plano de Gestão e Conservação da Ilha de Moçambique”. Actualmtente desempenha a função de Directora do Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias da Universidade Politécnica, desde o mês de Março de 2015. Até à data da sua nomeação era Directora de Cooperação e Relações Públicas da Universidade Lúrio, cargo que assegurou de 2011 a Fevereiro de 2015. Como Directora realizou diversas tarefas, entre as quais coordenar e gerir a cooperação nacional e internacional da Universidade; Criar e executar vários programas e projectos académicos de interação social, cultural e desportivos; Promover e realizar cursos de curta duração; Realizar e promover congressos nacionais e internacionais; Agenciamento de viagens e promoção da imagem e marca da Universidade além-fronteiras. Ainda como Directora teve a honra de criar os seguintes programas de interação: Moldando Mentes (2014) - Um programa da Universidade Lúrio para apetrechar as bibliotecas públicas e escolares da província do Niassa; Comboio da Paz e do Desenvolvimento (2014) - Realização de Feira de Saúde no Comboio em Movimento; Fórum Interactivo para o Desenvolvimento da Região (2013) – Forúm anual para discussão sobre o Desenvol- vimento da Região Norte de Moçambique. Jornadas Interactivas Agrárias (2011) - Um programa de interação em que participam especialistas da área agrária, estudantes, docentes e comunidade de pequenos agricultores para discussão de aspectos ligados ao desenvolvimento agrário na região do distrito de Sanga- província do Niassa-Moçambique. Já desempenhou o papel de Assessora do Reitor para a coordenação com os pólos e competia-lhe, dentre várias funções, coordenar as actividades entre as Faculdades e Reitoria; documentar e assessorar o Reitor sobre as diferentes actividades relacionadas com as Faculdades. No Museu Nacional de Etnologia, onde trabalhou um ano e meio, desempenhou o cargo de Chefe de Departamento de Investigação e durante esse período foi sua responsabilidade realizar pesquisas e colecta do acervo museológico e gerir a respectiva biblioteca. Na Ilha de Moçambique, onde viveu 2 anos, Seana Daúd foi técnica para o turismo cultural, no Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique (GACIM), órgão tutelado pelo Ministério da Cultura, e tinha como função criar e executar actividades que visam a promoção do Património Cultural da Humanidade; Inventariar expressões e manifestações culturais da Ilha de Moçambique; Incentivar a preservação do património cultural tangível e intangível. Foi docente de História na Escola Secundária da Ilha de Moçambique, desempenhou actividades voltadas à capacitação básica sobre língua Inglesa a funcionários de restaurantes e hotéis na Ilha de Moçambique. Em 2007 foi convocada pela Presidência da República de Moçambique para fazer parte do grupo que iria efectuar estudos na China para a criação de Zonas Económicas Especiais. Mais tarde a primeira Zona Económica Especial foi criada nos distritos de Nacala-Porto e Nacala-à-Velha, província de Nampula. No mesmo ano foi convidada, como Consultora, para realizar estudos sobre Patrimónios Culturais – em Beijing – China, com a participação de 20 países da África, Europa, Arábia Saudita e Ásia. n 10 10 MARÇO - ABRIL/2015 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l REPORTAGEM MERCADO DE EMPREGO PARA JOVENS Relevância da formação nas universidades africanas A análise sugere que muito do desemprego e até do desânimo observado entre os jovens instruídos é, de forma lata, um fenómeno transitório e resultado de ficar na fila à espera de bons empregos por parte dos que apresentam uma melhor situação. No entanto, a duração desta transição, que pode, não raras vezes, levar anos, e a forte ligação entre área de estudo e taxa de desemprego, sugere um sério desfasamento entre as competências que os jovens trazem consigo quando saem do sistema educativo e as que são procuradas pelos mercados de trabalho. Um elevado número de vagas, aliado à existência de desemprego de larga escala confirma os desfasamentos de competências. Embora haja elevados níveis de jovens desempregados e uma oferta crescente de trabalho, muitas empresas em África têm dificuldades em preencher as vagas disponíveis. No Egipto, por exemplo, cerca de 1,5 milhão de jovens estão desempregados (OIT 2011b), enquanto, por outro lado, o sector privado não consegue preencher 600.000 vagas. Na África do Sul, a situação é ainda mais extrema, com três milhões de jovens NEET e 600.000 diplomados universitários desempregados contra 800.000 vagas (The Economist, 2012a). Um inquérito no seio de agências de recrutamento e de trabalho temporário levado a cabo para o presente relatório em nove países africanos revela que estas agências têm maiores dificuldades em encontrar candidatos adequados com educação terciária na África do Sul e na Tunísia do que em países com rendimentos muito inferiores, tais como o Quénia, o Gana e até o Níger. Os desfasamentos não estão confinados aos graduados universitários, mas também afectam gravemente jovens com educação secundária. No geral, o desemprego prolongado é mais elevado entre os jovens com educação secundária do que entre os que possuem educação terciária. Considerando que o desemprego prolongado Desfasamento de competências A educação não é o maior ponto de estrangulamento para o emprego juvenil em África, mas é um dos grandes. Especialistas na matéria consideram que a falta de educação e os desfasamentos de competências são os principais obstáculos para os jovens no mercado de trabalho na maioria dos países africanos. Um estudo feito sobre o emprego para jovens em África estabeleceu uma série de factos acerca do emprego e educação juvenil: • As hipóteses de ter emprego assalariado, em vez de emprego vulnerável, são significativamente maiores para os jovens com maior nível de educação. Para os que se encontram empregados, os salários são mais elevados. • A educação superior está relacionada com um maior emprego entre os jovens, mas com um menor emprego entre os adultos. • Entre os que possuem educação superior, a taxa de desemprego varia segundo a área educativa escolhida. • O desânimo e a não inclusão na população activa são mais elevados entre os jovens com nenhum, ou apenas um baixo nível de educação. é muito inferior entre adultos com educação secundária do que entre os que possuem educação primária ou menos, os desfasamentos aparentam ser um problema sério para os jovens com educação secundária. Entre os jovens não empregados, os que possuem educação secundária apresentam a proporção mais elevada de inquiridos a responder “não preenche os requisitos dos empregadores” como o motivo para não estarem a trabalhar. Uma total ausência de competências também representa um problema, mas os desfasamentos de competências parecem mais relevantes. Num inquérito entre especialistas de 37 países africanos acerca dos maiores desafios que os jovens enfrentam nos mercados de trabalho, 54% declararam o desfasamento de competências entre os que procuram emprego e têm para oferecer e o que os empregadores precisam como sendo um grande obstáculo. 41% é a fasquia identificada com uma carência geral de competências. Os desfasamentos de competências apontam para uma fraca qualidade na educação e para a ausência de interligação entre os sistemas educativos e as entidades empregadoras como os problemas subjacentes. As agências de recrutamento e de trabalho temporário inquiridas relataram uma carência geral de educação direccionada e grandes discrepâncias frequentes entre os perfis dos candidatos e as competências exigidas para um trabalho. Uma escassez de funcionários técnicos e mecânicos ou elec- tricistas coexiste com um excedente de funcionários de auditoria, vendas e comunicação. Na indústria transformadora, em particular, muitas das vagas que ficam por preencher são a um nível que não exige educação terciária e não aufere os salários que os graduados universitários esperam. O que é exigido, ao invés, são as competências técnicas necessárias para fazer a manutenção do equipamento e supervisionar trabalhadores não qualificados. Os sistemas educativos em África têm de se tornar mais diversificados para fazer face às necessidades de uma série de níveis de competências e de educação. No nível terciário, os jovens africanos são confrontados com um sistema universitário que se tem tradicionalmente centrado na educação para o emprego no sector público, preocupando-se pouco com as necessidades do sector privado. Muitas vezes, um diploma de uma instituição terciária é um requisito de admissão para o emprego públi- co, sem grandes preocupações quanto a um conjunto específico de competências. Simultaneamente, a educação terciária em áreas técnicas tende a ser significativamente mais dispendiosa do que nas ciências sociais, o que torna a expansão de tais faculdades um maior desafio para as instituições públicas de ensino. As instituições privadas poderiam preencher esta lacuna, deixando ao governo as funções de controlo de qualidade e supervisão. Como resultado, as universidades africanas não educam para as necessidades africanas. Os graduados em áreas técnicas, tais como engenharia e tecnologia da informação e comunicação (TIC), têm muito menos problemas em encontrar emprego do que os das ciências sociais ou das humanidades. Simultaneamente, estes últimos cursos apresentam números de inscrição e conclusão muito maiores e, consequentemente, números muito maiores de desemprego. De acordo com as agências de recrutamento e de trabalho temporário africanas, os sectores onde é mais difícil encontrar candidatos com educação terciária são aqueles que requerem qualificações técnicas específicas, tais como as indústrias extractivas, a logística, as indústrias químicas e farmacêuticas, a indústria transformadora no geral e a agro-indústria Dada a vantagem comparativa de África na agricultura e a grande potencialidade de comércio internacional de produtos agrícolas transformados, o reduzido número de diplomados na área da agricultura é surpreendente. Tendo 2% dos estudantes a especializarem-se em agricultura, esta disciplina ocupa o mesmo lugar entre os graduados em África que entre os europeus, embora a agricultura contribua com 13% para o PIB africano, em comparação com 1,4% na Europa (ambos valores para 2010, Banco Mundial, 2011c). A agro-indústria é um dos poucos sectores nos quais é quase impossível encontrar candidatos com elevado nível dirigente em África, segundo uma grande empresa de recrutamento activa em muitos países africanos. Dado o importante papel que as indústrias extractivas desempenham em muitos países africanos, a falta de diplomados disponíveis para trabalhar no sector é igualmente surpreendente. Num registo positivo, alguns sectores representam histórias de sucesso educativo. As áreas com menos problemas em encontrar candidatos são os negócios bancários, a educação, o Continua na pág. seguinte »» 11 11 MARÇO--ABRIL/2015 ABRIL/2015 MARÇO l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l REPORTAGEM principal obstáculo de acesso em África comércio, as TIC e as telecomunicações. Os negócios bancários, as TIC e as telecomunicações, em particular, são sectores em rápido crescimento, o que sugere que a interligação entre as necessidades da indústria e a educação terciária funciona bem nestas áreas. ALTERAÇÃO DOS CURRICULA Com o objectivo de estreitar as lacunas de competências e, assim, adequar a oferta de graduados com educação superior às presentes necessidades do mercado de trabalho, alguns países alteraram os currículos educativos. Em 2008, o governo etíope introduziu uma política concebida para alterar o equilíbrio das disciplinas em todas as universidades públicas no sentido de menos humanidades e mais ciências e tecnologias, numa proporção de 70:30. A estratégia baseia-se numa avaliação de que os graduados em medicina, engenharia e tecnologias têm, geralmente, melhores oportunidades de emprego dentro e fora do país do que os diplomados em ciências sociais e, até certo ponto, em ciências naturais (UNECA, 2011). As universidades devem educar tendo em conta os mercados africanos, melhorando a educação nas áreas técnicas e na agricultura e também a qualidade. Esta abordagem inclui, igualmente, mais e melhor orientação para os alunos, no sentido de os guiar para empregos no sector privado, afastando-os da inscrição em disciplinas tradicionais de admissão no sector público, como as artes, as humanidades e as ciências sociais. Abaixo do nível terciário, o enfoque deve ser na expansão da educação de nível secundário. Os retornos na educação primária são reduzidos. Os académicos acreditaram durante muito tempo que os retornos na educação eram lineares, i.e., aumentavam continuamente por cada ano de educação obtida (ver, por exemplo, Psacharopoulos e Patrinos, 2002). Todavia, dados mais recentes (ver Kuépié et al., 2009 para resultados da África Ocidental urbana, Dias e Posel, 2007 para a África do Sul e Teal, 2011, para uma discussão dos dados africanos), incluindo a análise deste inquérito sugerem que os retornos não são contínuos em anos de educação, mas sim relacionados com o nível de educação alcançado. A probabilidade de ter um emprego assalariado, assim como ganhar um salário que permita viver, aumenta fortemente com uma educação secundária. A educação primária faz alguma diferença, em comparação com nenhuma educação, em termos das oportunidades no mercado de trabalho. Por outras palavras, os retornos na educação são positivos e marcadamente convexos. Teal (2011) observa, por conseguinte, que: “Se a função dos rendimentos é, de facto, convexa, por forma a que os retornos marginais na educação sejam menores para os indivíduos com menos educação, dar prioridade ao investimento na educação primária pode ter pouco impacto nos rendimentos, a não ser que os indivíduos afectados pelas reformas avancem para níveis superiores de educação”. O facto dências actuais, 59% dos jovens com idades entre os 20 e os 24 anos possuirão educação secundária em 2030, em contraste com os 42% de hoje. Dado o elevado crescimento populacional africano, isto traduz-se em 137 milhões de jovens entre os 20 e os 24 anos com educação secundária e 12 milhões com educação terciária em 2030. Apesar desta expansão vigorosa, persistem grandes lacunas na qualidade da educação oferecida. Dezassete países, incluindo o Mali, o Níger, a Etiópia, o Senegal, a Costa do Marfim, a Nigéria e Angola, entre outros, apresentam taxas de literacia inferiores a 75% (Banco Mundial 2012b). O aumento do número de diplomados do ensino superior tem sido, muitas vezes, à custa da qualidade, visto que a despesa por aluno tem vindo a decrescer por toda a África. Num espaço de dez anos (1999 a 2009), o número de gradua- de tantas crianças e jovens não avançarem da educação primária para a secundária, não obstante a acentuada convexidade dos retornos na educação, sugere que existem fortes barreiras, tais como os custos elevados e a fraca qualidade das escolas primárias, que não preparam adequadamente para o ensino secundário. Os jovens em África (e na África Subsahariana em especial) possuem um perfil educativo muito fraco em comparação com outras regiões do mundo. Na África Subsahariana, a taxa de inscrição bruta no ensino secundário é de 35% e, no ensino terciário, é de apenas 6%. Embora estes níveis sejam muito baixos em relação a outras regiões, reflectem um rápido crescimento ao longo das últimas décadas. Com base nas ten- dos do ensino superior em países de rendimento baixo da África Subsahariana quase triplicou (de 1,6 milhão para 4,9 milhões). Espera-se que este número atinja os 9,6 milhões em 2020. EXPANSÃO NÃO É SUFICIENTE A expansão não é suficiente. A qualidade e a relevância da educação têm de ser melhoradas para reduzir os desfasamentos de competências. A análise anterior demonstrou que o nível de desemprego prolongado é especialmente elevado no nível secundário, sugerindo graves desfasamentos de competências. A maior parte da educação secundária geral em África tem seguido há muito o ideal de fornecer os pré-requisitos para uma educação académica ou um emprego de colarinho branco (escritório) no sector formal (e urbano). Porém, como comprovado pelas secções anteriores, apenas uma pequena minoria dos jovens tem acesso a qualquer uma destas opções. Além disso, o conjunto de competências que muitos empregadores formais procuram é mais prático e direccionado do que a maioria das escolas fornece, incluindo competências comportamentais e interpessoais, assim como uma familiaridade básica com conceitos relevantes para o negócio. O desenvolvimento das competências técnicas e profissionais (TVSD) poderá potencialmente dar aos jovens competências mais direccionadas e melhores hipóteses no mercado de trabalho. As competências podem ser obtidas ou através de instituições estruturadas e especializadas ou através da experiência prática no trabalho, ou de ambas – a formação dita “dupla”. Numa avaliação de programas de formação em 90 países, Fares e Puerto (2009) verificam que os programas que combinam formação no trabalho com formação na sala de aula e facultam um misto de soft skills (competências comportamentais) e de hard skills (competências técnicas ou administrativas) podem ter um impacto positivo significativo sobre o emprego e os rendimentos dos participantes. A formação dupla, como estágios e aprendizagens, permite aos jovens aplicar as teorias aprendidas na sala de aula em ambientes reais, desenvolver competências profissionais, tais como gestão do tempo e profissionalismo, e ganhar experiência prática (Angel-Urdinola et al., 2010). A nossa análise dos inquéritos às forças de trabalho e às famílias observa maiores retornos marginais na formação profissional do que na educação secundária geral em cinco países de oito africanos. Kuépié et al. (2009) atestam que os retornos na educação profissional são mais elevados do que na educação secundária na África Ocidental urbana. No entanto, o TVSD (Desenvolvimento das Competências Técnicas e Profissionais) oferecido pelos governos padeceu de negligência e irrelevância. O TVSD representa menos de 5% da formação entre os jovens africanos (AEO, 2008). Nos locais onde existem, os sistemas de TVSD em África sofrem de uma escassez de pessoal qualificado, equipamento obsoleto, programas mal adaptados e fracas ligações com o mercado de trabalho. Predomina, ao invés, a aprendizagem tradicional no sector informal. Por exemplo, no Senegal, cerca de 400.000 jovens encontram-se em aprendizagem anualmente, em comparação com cerca de 7.000 graduados dos centros de formação profissional formais; e até 80% do desenvolvimento de competências no Gana é feito através do sistema de aprendizagem (AEO, 2008). Nos sectores urbanos informais da África Ocidental, as aprendizagens em pequenas empresas (informais) e a aprendizagem no trabalho perfazem mais de 90% da formação dos jovens trabalhadores (Nordman e Pasquier-Doumer, 2011). O sector informal é também um importante beneficiário da formação profissional. Kuépié et al. (2009) mostram que os retornos na formação profissional são mais elevados no sector informal, enfatizando a importância de competências práticas para este sector. Dada a importância do sector informal, os sistemas de TVSD (Desenvolvimento das Competências Técnicas e Profissionais) devem adaptar-se às suas necessidades em termos de competências e de estrutura do curso, especialmente nas áreas rurais. Tendo em conta o muito amplo sector informal nos mercados de trabalho africanos, deve ser sublinhada a disponibilização de formação profissional com vista à qualificação dos trabalhadores neste sector. Mas a disponibilização de TVSD públicos tem sido muitas vezes inadequada, pois os cursos são rígidos e direccionados para empregos de colarinho branco no sector assalariado urbano (Adams, 2008). Um TVSD não reactivo representa um desafio especial nas áreas rurais, onde este tipo de educação poderia ter um impacto significativo na vida dos Continua na pág. 12 »» 12 12 MARÇO - ABRIL/2015 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l REPORTAGEM Continua na pág. seguinte »» pobres, aumentando as competências agrícolas e a produtividade. Investigação levada a cabo na Tanzânia, em 2011, revelou que, dos 23 centros de formação profissional, em áreas rurais directamente geridos e financiados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, apenas três ofereciam formação ligada ao sector agrícola. Na maioria dos países africanos, a situação é ainda mais extrema, como no Malawi, onde não há formação agrícola nos centros profissionais (Dalla Valle 2012). Um relatório recente do Banco Mundial encontra problemas semelhantes no Uganda, onde a formação profissional fornecida pelo governo não alcança os jovens na economia rural não agrícola, pois está demasiado centrada em formação pós-secundária formal, oferecendo cursos de longa duração, que as pessoas em empresas do sector informal não podem frequentar sem perderem a sua fonte de subsistência (Bakiene et al., 2012). SISTEMAS DE CERTIFICACÃO DE COMPETÊNCIAS Em vez de excluírem a formação para o sector informal, os governos deveriam tratar da fraca identificação dos que procuram emprego introduzindo sistemas de certificação de competências que comprovem as competências e, assim, facilitem o reconhecimento e a comparação no mercado de trabalho, reduzindo a informação assimétrica entre os que procuram emprego e os empregadores (AEO, 2008; Banco Mundial, 2010). A certificação e o reconhecimento contribuem para a construção de um histórico de emprego que favorecerá o acesso a melhores oportunidades de emprego no sector formal. O Benim, por exemplo, criou um Vocational Skill Certificate (diploma nacional que atesta a obtenção do nível de trabalhador especializado por meio de uma aprendizagem tradicional reformada) e o Occupational Skill Certificate (certificado que atesta a conclusão de uma aprendizagem) de modo a reconhecer as competências adquiridas em aprendizagens informais. Implementou igualmente um mecanismo consultivo envolvendo a Federação Nacional de Artesãos, grupos de artesãos locais e o ministério de tutela para orientar o processo (AEO, 2008). Para serem bem sucedidos, os sistemas de TVSD (Desenvolvimento das Competências Técnicas e Profissionais) precisam de uma visão clara do resultado pretendido e têm de estar centrados em sectores com perspectivas de emprego promissoras. Em muitos países africanos, a responsabilidade por um TVSD está espalhada por um sem-número de ministérios e agências e não está integrada no sistema de educação geral. No Egipto, por exemplo, os centros de TVSD são geridos por um total de 22 ministérios e agências, dependendo da área de especialização do respectivo centro (AEO, 2008, nota de país, Egipto). Além disso, dois ministérios lidam com questões relacionadas com a educação, nomeadamente, o ministério da Educação e o ministério da Educação Superior, e também estão envolvidos no desenvolvimento de políticas e quadros específicos dos TVSD. Reconhecendo a necessidade de coerência, foi criado o Supreme Council for Human Resource Development (Conselho Supremo para o Desenvolvimento dos Recursos Humanos) em 2000. Contudo, a coerência continua a ser uma obra em curso. Os sistemas de TVSD devem fornecer à economia as competências de que esta necessita. Na África do Sul, as autoridades de formação educacional de sector (SETA), criadas pelo National Development Act de 1998, pretendem identificar as necessidades de competências nos sectores industriais (incluindo escassez e lacunas de competências), assim como as restrições à utilização eficaz das competências em relação aos objectivos da estratégia nacional de desenvolvimento de competências. Todas as iniciativas de formação nas empresas são centradas nas competências, dependendo das competências específicas exigidas pelo mundo do trabalho (AEO, 2008). Todos os países africanos deveriam fortalecer as parcerias com o sector privado em todos os níveis educativos. A edição de 2008 do AEO mostrou que um envolvimento mais aprofundado dos empregadores na disponibilização de formação no trabalho pode potencialmente aumentar a relevância, bem como a relação custo/eficácia dos sistemas de formação. Uma estreita coordenação com o sector privado garante que os sistemas de TVSD estão alinhados com as necessidades de competências do mercado de trabalho. As parcerias com a indústria ajudam a definir de forma exacta as qualificações para cada ofício e o conteúdo das normas profissionais relevantes. Além disso, os programas oferecidos pelo sector privado, tais como formação no trabalho ou estágios, permitem quer às empresas, quer aos trabalhadores obter informações sobre o outro lado do mercado e eliminar as restrições relativas a problemas de assimetria de informação, tais como a qualidade não identificada dos trabalhadores, da parte dos empregadores e os tipos de competências desconhecidos exigidos ou abertura de canais formais para um emprego, por parte dos trabalhadores (Attanasio et al., 2009). EMPRESAS LONGE DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL África segue as pisadas de outras regiões do mundo na proporção de empresas que oferecem formação aos seus funcionários. Menos de um terço das empresas formais na África Subsahariana e na região do Médio Oriente e Norte de África (MENA) oferece programas de formação aos seus funcionários efectivos. Embora esta análise não seja restrita aos jovens, revela que há margem para melhorias no envolvimento das empresas quanto à formação e à educação. Tanto as empresas como os governos têm de batalhar por uma mais estreita cooperação e um envolvimento mais marcado das empresas na educação dos jovens. Como foi demonstrado por edições sucessivas do African Economic Outlook, a taxa de crescimento de África foi superior à taxa global ao longo da última década. Contudo, um crescimento elevado não é suficiente para garantir emprego produtivo para todos. Grandes segmentos da população, e especialmente os jovens, podem ficar para trás e sentir-se frustrados. Na ausência de um processo político que lhes permita expressar as suas opiniões e produzir alterações às políticas, a instabilidade pode ser o resultado, tal como aconteceu num passado recente em certos países do Norte de África. Este é um momento oportuno para redireccionar a agenda política dos governos africanos no sentido de uma estratégia de crescimento sustentável inclusiva e criadora de emprego, destinada sobretudo a lidar com as necessidades especiais dos jovens. África tem vindo a apresentar um rápido crescimento económico. De 2001 a 2010, seis das dez economias mundiais de crescimento mais rápido eram da África Subsahariana. O Continente Africano resistiu bem à crise financeira de 2008, com muitas economias a crescerem já a níveis próximos das respectivas médias pré-crise. Admitindo que a presente turbulência nos mercados dos países desenvolvidos passará sem consequências graves para África, as perspectivas para a década vindoura apresentam-se igualmente boas. AUMENTO DA POPULAÇÃO Tendo quase 200 milhões de pessoas com idades entre os 15 e os 24 anos, África possui a população mais jovem do mundo. E esta população continua a crescer rapidamente. O número de jovens em África duplicará até 2045. Entre 2000 e 2008, a população africana em idade activa (15 aos 64 anos) aumentou de 443 milhões para 550 milhões; um acréscimo de 25%. Em termos anuais, trata-se de um crescimento de 13 milhões, ou seja 2,7% por ano (Banco Mundial, 2011a). A manter-se esta tendência, a população activa do continente será de mil milhões de pessoas em 2040, tornando-se a maior do mundo e ultrapassando tanto a população chinesa, como a indiana (McKinsey, 2010). E a população jovem de África não só está a crescer rapidamente, como também está a obter uma melhor educação. Com base nas tendências actuais, 59% dos jovens com idades entre os 20 e os 24 anos terão concluído o ensino secundário em 2030, em contraste com os 42% de hoje em dia, o que se traduzirá por 137 milhões de jovens entre os 20 e os 24 anos a possuir educação secundária e 12 milhões a possuir educação terciária em 2030. Embora persistam desníveis significativos de qualidade, estas tendências oferecem uma oportunidade incomparável para o desenvolvimento económico e social, se os talentos deste reservatório de capital humano em rápido crescimento forem recolhidos e canalizados para os sectores produtivos da economia. No entanto, podem também representar um risco significativo e uma ameaça à coesão social e à estabilidade política, caso África não consiga criar oportunidades económicas e de emprego suficientes para suportar condições de vida condignas para este grupo. DESEMPREGO JUVENIL CRESCE Apesar de terem sido criados muitos empregos, não têm sido suficientes para o número de jovens que procuram trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, entre 2000 e 2008, África tenha criado 73 milhões de empregos, mas apenas 16 milhões para jovens com idades entre os 15 e os 24 anos. Como resultado, muitos jovens africanos acabam desempregados ou, mais frequentemente, subempregados em empregos informais com baixa produtividade e baixo salário. Dos desempregados em África, 60% são jovens e as taxas de desemprego juvenil são o dobro das de desemprego adulto na maioria dos países africanos. O problema é especialmente grave em países de rendimento médio (PRM). Em 2009, no Norte de África, o desemprego juvenil era de 23.4% e a proporção da taxa de desemprego juvenil para a de desemprego adulto estava estimada em 3,8%. Na África do Sul, o desemprego juvenil era de 48% e a proporção da taxa de desemprego juvenil para a de desemprego adulto estava estimada em 2.5%. Entre os jovens empregados, a proporção de trabalho informal é significativamente superior à dos adultos. EMPREGOS DESADEQUADOS Os custos de um emprego desadequado são elevados. A pobreza é a consequência mais óbvia. Em média, 72% da população jovem em África vive com menos de 2 USD por dia. A incidência da pobreza entre os jovens na Nigéria, na Etiópia, no Uganda, na Zâmbia e no Burundi é superior a 80% (Banco Mundial, 2009). As mais elevadas taxas de pobreza verificam-se entre mulheres jovens e jovens que moram em áreas rurais. Porém, os custos são mais profundos. Os primeiros anos no mercado de trabalho, as competências desenvolvidas e a experiência então acumulada afectam consideravelmente o desenvolvimento profissional futuro dos jovens. Longos períodos de desemprego ou subemprego em trabalhos informais podem “prejudicar permanentemente o potencial produtivo futuro e, portanto, as oportunidades de emprego” (Guarcello et al., 2007). Para os poucos que conseguem obter um emprego no sector formal, que oferece salários crescentes, o desemprego inicial pode ter efeitos negativos significativos no rendimento vitalício (OCDE, 2010). Em estados frágeis, a falta de emprego adequado está entre os maiores riscos para a estabilidade. n (IN African Economic Outlook) 13 MARÇO - ABRIL/2015 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO Potencialidades e diferenças individuais são importantes na educação inclusiva - defende o Professor Doutor Carlos Davide Sotomane no seminário sobre a matéria organizado pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) O Professor Auxiliar da Universidade Politécnica e Director da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), Professor Doutor Carlos Davide Sotomane, defendeu que para que a educação inclusiva seja bem sucedida “é imprescindível que a escola regular tenha um sistema educacional que permita aos alunos envolvidos progredir adequadamente a partir das suas potencialidades e diferenças individuais”. tentar viabilizar a “utopia” da educação inclusiva, a instituição escolar é desafiada a mudar, adequando-se a essa nova realidade, mediante transformações de ordem física, relacional e pedagógica na sua estrutura e no seu funcionamento. Ele cita o caso de uma pesquisa levada a cabo na província de Cabo Delgado, em 2004 pelo então ISPU, actual Universidade Politécnica, que mostrou que existe um crescente número de crianças com NEE que são integradas em turmas regulares de ensino, mesmo carecendo de atendimento especial. “Os docentes O Professor Doutor Carlos Davide Sotomane fez esta dissertação durante o Seminário sobre Formação em Educação Inclusiva organizado pela UEM e realizado em Abril, em Maputo, onde apresentou as experiências de formação em Educação Inclusiva realizadas pela Universidade Politécnica. “A educação especial não é mais um subsistema paralelo que se encarrega de determinados alunos, mas um conjunto de recursos especiais a serviço da educação geral, em benefício de todos”, disse Sotomane na sua intervenção. Segundo o Director da ESGCT a inclusão de crianças com Necessidades Especiais de Educação (NEE) implica a formação e qualificação dos professores, elaboração e adaptação de esquemas curriculares a orientação e intervenção psicopedagógica, a inovação e investigação educativa dos processos integradores, a adaptação dos recursos humanos e materiais e ainda mobilização de famílias e a sociedade de um modo geral. “Isto quer dizer que a criação de condições para o desenvolvimento de escolas inclusivas implica transformação no sistema educativo tanto na organização do sistema e no funcionamento como nas práticas e isso engloba a equidade, acesso, a formação, revisão curricular, dos métodos, das metodologias e do controlo e da avaliação dos programas. É a escola a adaptar-se ao aluno e não o inverso”, afirmou. Conforme referiu estas recomendações têm a ver com a formação dos professores uma vez que se verifica que estão a formar muitos professores, mas dão pouca atenção à área das Necessidades Educativas Especiais. “Por isso, as instituições de formação dos professores, devem rever o currículo de formação dos professores; Criar condições que permitam as adaptações curriculares necessárias; Que os professores orien- tem os seus alunos, no sentido de acolher e compreender as limitações dos colegas para que haja uma melhor interacção social entre todos”. Para Sotomane a inclusão de alunos com deficiências e/ou com necessidades educacionais especiais no ensino regular é uma proposta em ascensão ainda não totalmente consolidada, sendo defendida e apoiada por muitos, mas criticada por outros tantos que a vêm com poucas chances de viabilização efectiva. Para que trabalham com estas turmas, muitas vezes vêem-se em dificuldades de desenvolver as suas actividades educativas em turmas com estas características dado que não possuem formação específica na área e, o que acontece é que em algum momento do Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA) estas crianças com NEE são abandonadas à sua sorte, indo, no final do ano, engrossar os índices de desperdícios escolares. Portanto, a existência cada vez mais de alunos portadores de necessidades educativas especiais, tais como: deficientes auditivos, portadores da Síndrome de Down, deficientes sociais e invisuais, nas salas de aula, denotavam e desencadeavam nos professores a insegurança, a sensação de ansiedade/medo, insatisfação, falta de preparo e por conseguinte, comportamento de rejeição”. Contou que o desafio colocado à Universidade Politécnica de formar técnicos superiores em educação inclusiva partiu de uma constatação prática. “Ou seja, o curso Superior de Bacharelato em Educação Inclusiva surge da necessidade de se preencher uma lacuna existente nesta área para professores do Ensino Primário do 1º Grau no Sistema Nacional de Educação, dado que a formação de professores nos Institutos de Magistério Primário (actuais institutos de formação de professores), não aborda de forma aprofundada o atendimento de crianças com necessidades educativas especiais (NEE)”. Diante deste quadro e considerando que a inclusão bem-sucedida de alunos portadores de necessidades especiais na escola regular requer um sistema educacional inclusivo, portanto, uma escola transformada. A Direcção da Universidade Politécnica desenhou um programa para qualificar professores em exercício para assistir com eficiência essas crianças. O programa foi apoiado pela Caritas de Moçambique. Informou que a referida experiência foi bem-sucedida. “Tratou-se de facto de uma experiência bem-sucedida. O ponto de partida para que a experiência tivesse o êxito que na altura alcançou partiu do pressuposto de que era necessário identificar os princípios ou premissas que podiam sustentar no ponto de vista teórico a dinâmica do curso. Neste sentido foram adoptados, a partir da revisão da literatura os seguintes princípios: (i) Currículo aberto, que permite adaptações curriculares e respeito às especificações dos alunos. Exigência de nova forma de pensar a educação; (ii) Individualização do ensino. Partir das capacidades de cada aluno, considerando e aceitando que, se cada um aprende de forma distinta, também será preciso pensar numa proposta de currículo e avaliação que considere isso. Significa a individualização dos alvos, da didáctica e da avaliação; Continua na pág. 14 »» 14 14 MARÇO - ABRIL/2015 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO (iii) Sistema educacional inclusivo, portanto, uma escola transformada; (iv)Sistema bi-docência, parte-se da premissa de que dois docentes trabalham no contexto de grupo, os dois são professores de todos os alunos e atendem às necessidades de todos os alunos. (v)Investimento em materiais pedagógicos e componentes didácticos de aprendizagem; (vi) Trabalho colectivo dentro do contexto de ambiente escolar. Significou pensar em vivências de aprendizagem bem-sucedidas na Educação Especial na perspectiva inclusiva. Isto conduziu, primeiramente, aos técnicos que conceberam os programas à necessidade de reflectir sobre quais princípios precisam ser considerados para sua implementação com foco no sucesso da aprendizagem. Ou seja, nesta perspectiva, quais condições, elementos e possibilidades, precisam ser considerados para a inclusão de alunos com NEE na rede regular de ensino”. Segundo o orador, estes princípios permitiram conceber o plano de estudos utilizado para os referidos cursos que incorporaram as seguintes disciplinas: Português, Matemática, cultura Moçambicana, introdução à língua de sinais, sociologia da educação, expressões, observação e avaliação no contexto escolar, saúde, higiene e nutrição da criança, metodologias de ensino/didácticas, psicologia de desenvolvimento e aprendizagem, desenvolvimento e gestão curricular, construção de materiais didácticos, inglês, educação físico motora, metodologia de investigação em educação, tecnologias de informação e comunicação, introdução ao sistema braille e seminário sobre gestão e liderança. “Pela composição das disciplinas do curso, pode-se constatar facilmente a relação que se procurou estabelecer entre a formação teórica e prática nos domínios técnico-científico e psicopedagógico para criar condições para o desenvolvimento de competências profissionais para o exercício da Educação Inclusiva, sendo a sua finalidade orientada para: (i) A formação do professor em Educação Inclusiva baseada em princípios que lhe permitam intervir técnica e pedagogicamente de modo crítico, criativo e de compromisso com a educação das crianças com NEE em turmas regulares de ensino. (ii)A Formação do professor como profissional e técnico preparado e orientado no sentido da valorização da Educação como um direito e bem social fundamental para as sociedades contemporâneas e da moçambicana em particular. Estimulados a superar os desafios, formou-se uma turma de 39 alunos, sendo 6 do sexo feminino e 33 do sexo masculino. Todos os alunos provenientes de 13 distritos da Província de Cabo Delgado. O quadro de disciplinas foi estruturado numa organização modular, que comportou ao todo 7 módulos, com total de 1300 horas que incluíram seminários e trabalhos relacionados com o estágio pré-profissional. Cada módulo foi composto no mínimo de três e máximo de 4 disciplinas. Os materiais de estudo tanto para alunos como para docentes foram constituídos basicamente de textos de apoio organizados por docentes especializados com vista a dar corpo ao conteúdo preconizado nos planos temáticos. Os docentes foram recrutados dentre os técnicos superiores com experiência em docência e em matérias afins e noutros casos fora da província de Cabo Delgado”, disse o Professor Doutor Carlos Sotomane. Acrescentou que dos graduados esperava-se serem capazes de: (i) Conceber, desenvolver e avaliar projectos curriculares para classes do ensino básico que integram crianças com necessidades educativas especiais; (ii) Desenvolver projectos de intervenção adaptados à especialidade das crianças com NEE, promovendo estratégias diversificadas de ensinoaprendizagem; (iii)Produzir e gerir recursos materiais para o funcionamento das escolas com crianças com NEE. O Director da ESGCT disse ainda que muitos dos graduados trabalham no ensino básico em turmas que integrem crianças com NEE e noutros contextos sócio – educativos com crianças com NEE. Ou seja, em escolas públicas ou privadas que tenham Educação Inclusiva, escolas públicas ou privadas o ensino especial e em instituições que desenvolvem actividades extracurriculares para crianças com NEE. Dentre os constrangimentos, referiu-se ao problema da falta de experiência em trabalho de aprendizagem adoptando o sistema de ensino por módulos, tendo sido mencionados em reuniões de balanço os seguintes entraves: (i) Articulação inadequada entre os docentes, causada por exiguidade de tempo devido ao carácter intensivo do curso; (ii) Ritmo acelerado de tratamento dos conteúdos programáticos; (iii)Qualidade exigente dos textos de apoio em relação ao nível de conhecimentos dos alunos; (iv)Baixo nível de ingresso e de assimilação das matérias pelos alunos, sobretudo na fase inicial do curso. n 15 15 MARÇO- -ABRIL/2015 ABRIL/2015 MARÇO l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l DESPORTO PERSPECTIVAS-2015 DAS ACTIVIDADES DESPORTIVAS “Este vai ser ano de muito trabalho” - Mestre Hélio de Sousa, técnico principal da Universidade Politécnica “O ano de 2015 vai ser de muito trabalho, porque só assim poderemos atingir com dignidade os nossos objectivos”, disse ao “O Académico” o técnico principal da Universidade Politécnica, Mestre Hélio de Sousa, quando instado a fazer o balanço das actividades do ano passado e as perspectivas desportivas desta instituição de ensino superior no presente ano. Leia a entrevista em discurso directo: - Como avalia o ano desportivo na A Politécnica em 2014? - Foi um ano positivo. Conseguimos movimentar mais modalidades desportivas na Universidade e aumentámos o número de equipas no desporto de competição. A nível do - Quais são as actividades na área desportiva que vão ser desenvolvidas ao longo de 2015 nas várias vertentes? - Continuaremos a dinamizar o desporto nas unidades orgânicas e através destas junto das comunidades circunvizinhas, “2014 foi um ano positivo. Conseguimos movimentar mais modalidades desportivas na Universidade e aumentamos o número de equipas no desporto de competição. A nível do desporto estudantil, tivemos movimento significativo em todas as unidades orgânicas” desporto estudantil tivemos um movimento significativo em todas as unidades orgânicas. Em termos de resultados, os mais expressivos foram a conquista do Campeonato Nacional do Ensino Médio e Superior, em femininos, na modalidade de Basquetebol, e o apuramento da nossa equipa do ISHT – Quelimane, para o Nacional de Andebol. Junta-se a estas conquistas o apuramento de Moçambique, através da Universidade Politécnica, para o Mundial das Universidades que terá lugar em Julho próximo. Também, reabrimos a turma de basquetebol da Escola do Desporto. no âmbito das nossas acções de extensão universitária. Também vamos trabalhar na consolidação do desporto de competição, procurando maior afirmação a nível das nossas participações. - Quais as inovações introduzidas para o ano de 2015 na área do desporto? - Inovações como tal não diria. Podemos falar da introdução de modelos de gestão desportiva mais actuais, do melhoramento das técnicas de treinamento, a partir de acções de formação que se pretende oferecer ao pessoal técnico e da presença mais regular e intensa nas principais manifestações desportivas do País. - Que desafios se colocam a esta área em 2015? - Consolidar o projecto desportivo, que envolve a introdução da modalidade de voleibol; manter o nome da Universidade Politécnica como referência obrigatória no basquetebol feminino de competição; assegurar a hegemonia nos escalões de formação no basquetebol de competição; conquistar a hegemonia no desporto estudantil nacional; consolidar a escola do desporto, que passa pela abertura da turma de futsal. - Quais são as perspectivas para o desenvolvimento do desporto na Politécnica em 2015? - São muito boas, tendo em conta que o desporto acompanha o crescimento da Universi- “Em 2015, vamos trabalhar na consolidação do desporto de competição, procurando maior afirmação a nível das nossas participações” dade. A instituição está a crescer de forma sólida e responsável, o desporto deve trilhar os mesmos passos. - Tem alguma coisa a acrescentar em relação ao sector que não tenha sido abarcada nas anteriores questões? - O ano de 2015 vai ser de muito trabalho, porque só assim poderemos atingir com dignidade os nossos objectivos. n A Politécnica é campeã do Ensino Médio e Superior Terminou a 13 de Dezembro de 2014 o Campeonato Nacional do ensino Médio e Superior, que movimentou as modalidades de atletismo, basquetebol, futebol de onze, futsal e voleibol. Participaram na prova as representações das províncias de Gaza, Inhambane, Manica, Maputo-cidade, Maputo província, Tete, Sofala e Zambézia. A Universidade Politécnica participou no evento na qualidade de representante da cidade de Maputo, e competiu em basquetebol feminino e masculino. Inicialmente estava prevista a participação da equipa de Futsal da Universidade Politécnica, mas no dia do sorteio as outras províncias não aceitaram a inscrição, alegando que somente podiam participar os vencedores das provas provinciais realizadas no ano de 2013. A equipa de basquetebol feminino desta instituição do ensino superior venceu novamente a prova e a de masculinos ficou em segundo lugar. A classificação geral na modalidade de basquetebol foi a seguinte: EM FEMININOS EM MASCULINOS 1º - A Politécnica 1º - ISTEG da Província de Maputo 2º - A Politécnica 3º - Uni Zambeze de Sofala 4º - UCM de Manica 5º - USTM de Gaza 6º - UEM de Gaza 2º - IFPM de Maputo Província 3º - ISCTAC da Beira 4º - ISCTEM de Maputo 5º - UEM de Gaza Nas outras modalidades sagraram-se vencedores as equipas das seguintes províncias: atletismo feminino - Província de Maputo, atletismo masculino - Província de Maputo, futebol de onze - Manica. O futsal foi ganho pela Província de Maputo, o voleibol feminino, pela Província de Manica e o voleibol masculino pela Província de Manica. n 16 MARÇO - ABRIL/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l UNIVERSIDADE POLITÉCNICA www.apolitecnica.ac.mz MARÇO - ABRIL - 2015 A POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA Prof. Doutor Narciso Matos nomeado Pró-Reitor O Professor Doutor Narciso Matos foi empossado em Abril último para o cargo de Pró-Reitor para o Desenvolvimento Institucional da Universidade Politécnica, a primeira instituição privada de ensino superior no país, que este ano completa 20 anos de existência. A indicação de Narciso Matos para este cargo acontece numa altura em que a Universidade Politécnica está numa fase de transição pois, depois de consolidar a sua implantação no país, pretende apostar na área de investigação. Segundo o Reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço de Rosário, a figura de Pró-Reitor, prevista nos Estatutos, é chamada sempre que houver um programa específico a ser cumprido, daí a indicação de Narciso Matos, que deverá ajudar a universidade a definir estratégias para o desenvolvimento da instituição. “Completamos 20 anos de existência e, naturalmente, estamos numa fase de transição. Cumprimos todo o programa de consolidação das nossas instalações, equipamentos e bibliotecas e, a partir de agora, temos que aplicar os recursos l financeiros em programas de formação acelerada do nosso corpo docente e na investigação científica”, explicou o Magnífico Reitor. Acrescentou que nenhuma universidade pode considerar-se como tal se não tiver todos estes fatores completos. Mais adiante, o Professor Doutor Lourenço do Rosário referiu que é imprescindível que as universidades apostem na investigação se quiserem afirmar-se como tal. “O Pró-Reitor vai trabalhar de forma transversal com todos os sectores da universidade para optimizar estes objectivos”. Por seu turno, o Professor Doutor Narciso Matos disse encarar o cargo de Pró-Reitor com tranquilidade na medida em que a Universidade Politécnica é uma instituição já consolidada, com história e trajectória de sucesso. “É, sem dúvida, uma responsabilidade para mim. Porém, encaro-a com tranquilidade. Os desafios que vêm pela frente são de uma instituição que está a crescer ao ritmo do País e do ensino superior. Há necessidade de a Universidade Politécnica definir e lutar pelo seu lugar nesse universo de instituições de ensino superior”, afirmou o novo Pró-Reitor. “Encaro o momento com satisfação. É uma enorme responsabilidade que o Magnífico Reitor me confiou e devo retribuir esta confiança correspondendo bem aos objectivos para os quais o cargo me foi confiado. A minha expectativa em relação ao cargo é ver a Universidade continuar a crescer, tendo para tal, a colaboração de todos os dirigentes e todos que fazem parte da família Politécnica, desde o corpo directivo, os estudantes, o corpo docente e os demais funcionários desta instituição”, disse Matos. Ainda nas palavras do novo Pró-Reitor, para o desenvolvimento institucional o seu contributo será de se juntar àquela máquina institucional, colher as experiências de cada pessoa directa ou indirectamente envolvida com esta família para garantir a continuidade do sucesso da universidade e a respectiva sustentabilidade. A cerimónia de tomada de posse do Pró-Reitor contou com a participação de elementos do corpo directivo e administrativo da instituição, do corpo docente, representantes dos estudantes, entre outros. n CARTOON DO CRISÓSTOMO o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l