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V Roberto de Albuquerque Cavalcanti1
V Maria Alice Fernandes da Silva Gayo2
1 - Professor adjunto do Depto. de Cirurgia do CCS/UFPB.
2 - Aluna do curso de graduação em Psicologia do Unipê.
E-mail: [email protected]
Andragogia
na educação
universitária
Nosso sistema acadêmico se desenvolveu numa ordem inversa: assuntos e professores são os pontos de partida, e os
alunos são secundários.(...) O aluno é solicitado a se ajustar a
um currículo pré-estabelecido. (...) Grande parte do aprendizado consiste na transferência passiva para o estudante da experiência e conhecimento de outrem (...) nós aprendemos aquilo que nós fazemos. A experiência é o livro-texto vivo do adulto
aprendiz. (LINDERMAN, 1926., apud CAVALCANTI, 1999, p.01)
E
sta afirmação de Linderman, pesquisador da American Association for Adult Education, expressa sua
percepção, no início do século passado, de que o ensino formal utilizado na
época, para a maioria das atividades
educacionais, fôra concebido sobre
princípios inadequados. Linderman não
estava sozinho em suas críticas. Assim
expressava-se Carl Rogers, em artigo
publicado em 1964:
diretivos – sejam os conselhos
escolares locais, sejam as administrações universitárias – tendem a se agarrar tenazmente ao
passado, promovendo apenas
mudanças simbólicas. É provável que nossas escolas sejam
mais prejudiciais que benéficas
ao desenvolvimento da personalidade e exerçam uma influência
negativa sobre o pensamento
criador (ROGERS apud GOULART,
2001, p.82).
Num mundo em rápida mudança,
os professores e seus conselhos
No século XXI, é preciso vencer
essas resistências e abrir perspectivas,
novos paradigmas para a educação. Entre 1993 e 1996, a Comissão Internacional sobre Educação para o Século
XXI, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO), desenvolveu um estudo que
culminou na produção do “Relatório Jacques Delors”, publicado no Brasil com
o título “Educação – um tesouro a descobrir” em 1998, síntese do pensamento das
maiores autoridades mundiais sobre educação no final do século XX, sendo investido, portanto, de importância inquestionável para o planejamento de atividades
educacionais atuais e futuras. O documento
centra suas conclusões na premissa de que
a aprendizagem, neste século, deverá se
estender por toda a existência da pessoa,
correspondendo à perspectiva da “educação permanente”, “educação continuada”
ou “Andragogia”. O termo “Andragogia”
já fora sugerido em documento da UNESCO no início da década de 1970, com o
mesmo significado.
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Origem da Andragogia
O
vocábulo “Andragogia” foi inicialmente utilizado por Alexander
Kapp (1833), professor alemão, para
descrever elementos da Teoria de Educação de Platão. Voltou a ser utilizado
por Rosenstock (1921), para significar
o conjunto de filosofias, métodos e professores especiais necessários à educação de adultos. Na década de 1970, o
termo era comumente empregado na
França (Pierre Furter), Iugoslávia (Susan Savecevic) e Holanda para designar
a ciência da educação de adultos. O
nome de Malcolm Knowles surgiu nos
Estados Unidos da América, a partir de
1973, como um dos mais dedicados
autores a estudar o assunto.
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Pierre Furter (1973, p.23) definiu Andragogia como a filosofia, ciência
e a técnica da educação de adultos.
Propomos que, sob o nome de
“andragogia”, a universidade reconheça uma ciência da educação
dos homens; coisa que outras
universidades estrangeiras já fizeram primeiro na Iugoslávia, e, mais
recentemente, nos Países-Baixos.
Essa ciência deve se chamar andragogia e não mais pedagogia,
pois seu objetivo não é mais somente a formação da criança e do
adolescente, mas do homem durante toda a sua vida.
Essa ciência compreenderá tanto o estudo das formas de autodidatismo quanto daquelas em que
a intervenção de outrem (individual ou coletiva) aparece como indispensável (grifo nosso).
A palavra Andragogia deriva das
palavras gregas andros (homem) +
agein (conduzir) + logos (tratado, ciência), referindo-se à ciência da educação de adultos, em oposição à Pedagogia, também derivada dos vocábulos gregos paidós (criança) + agein
(conduzir) + logos (tratado ou ciência), obviamente referindo-se à ciência
da educação de crianças. A Andragogia deve ser entendida como a filosofia,
a ciência e a técnica da educação de
adultos.
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O adulto na ótica existencial-humanista
C
rianças e adultos são criaturas significativamente diferentes. Jean Jacques Rousseau foi o primeiro a perceber que crianças não são miniaturas de
adultos. O desenvolvimento psicológico que ocorre no ser humano ao longo
de sua vida produz modificações profundas, progressivas, mais intensas na
A
través da consciência, o adulto se
percebe como “ser livre, autônomo” e, como tal, capaz de tomar decisões, fazer escolhas, direcionar suas
ações para perseguir seus objetivos. Sua
consciência e liberdade o tornam sujeito de responsabilidade, tanto no sentido de saber como agir e reagir perante
os desafios e problemas existenciais,
como no de arcar com as conseqüências de seus atos e decisões.A experiência pessoal é outra dimensão psicológica do adulto. Durante sua vida, vivencia
fatos, aprendizados, acertos, erros, alguns gratificantes outros desagradáveis,
vivências essas exclusivamente suas,
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adolescência, mas nem por isso limitadas a essa idade, que transformam progressivamente a criança no adulto.
Considerados pela perspectiva da
Psicologia Existencial-Humanista, os princípios compreensíveis das condutas humanas adultas se concretizam na razão, liberdade e responsabilidade. Através da razão
o homem é capaz de conhecer o mundo e
a si mesmo e de conhecer que conhece
(reflexão), ter consciência. Através da consciência, ele “se identifica e se afirma como
pessoa, como indivíduo distinto e diferente dos demais, como portador de direitos
e deveres, e como criador de si próprio.”
(Bach, 1985, p.77).
subjetivas, que são incorporadas à sua
identidade, sua personalidade e sua maturidade psicológica. Marcados assim
pelas vivências, construindo-se e criando-se a si próprios, os adultos reagem
de forma pessoal diferente perante situações idênticas, o que precisa ser considerado na aprendizagem.
Finalmente, o adulto tem uma
tendência a atualização, no sentido de
estar sempre buscando a concretização
de suas potencialidades, o enriquecimento amplo de sua vida, no campo do
saber, do poder, do fazer, do ter, do sentir-se gratificado por suas conquistas.
Nessa busca, o adulto orienta seus es-
forços para atingir objetivos específicos, plenos de significado para si. No
dizer de Rollo May (1973, p.76), “o
homem não cresce como uma árvore,
mas realiza suas potencialidades somente quando planeja e escolhe conscientemente”.
Sujeito dessas características, que
vão interagir e interferir em todas suas
atividades, inclusive no aprendizado, o
adulto aprendiz requer uma filosofia educacional específica, realizada através de
técnicas que utilizem estas peculiaridades para potencializar seu aprendizado.
A Andragogia é a resposta para esta
necessidade educacional.
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ANDRAGOGIA
versus
PEDAGOGIA
C
oncebido no objetivo de educar crianças, o modelo pedagógico clássico tem como pilar mestre a total responsabilidade do professor sobre o processo educacional. Ele decide o que ensinar (prepara um programa), como fazelo (dispõe sobre o método) e como avaliar o progresso do aluno (...o aluno, ao
termino da disciplina, será capaz de...).
Ao aprendiz, cabe apenas o papel de
submissão e obediência. Durante as atividades didáticas, o professor age, toma
a iniciativa, fala e os alunos, cumprindo
o papel passivo que lhes cabe nesse planejamento, acompanham.
Diante das características psicológicas dos adultos, a Andragogia, diferentemente, tem o aluno como sujeito do
processo de ensino/aprendizagem, con-
siderado como agente capaz, autônomo,
responsável, dotado de inteligência,
consciência, experiência de vida e moti-
vação interna. O quadro a seguir compara as características das duas ciências segundo seis diferentes critérios:
Quadro 1- Comparação entre Pedagogia e Andragogia
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Pedagogia clássica na Universidade
E
ducandos que chegam à Universidade, em sua maioria, são adolescentes e adultos jovens, em ávida busca
por suas identidades e pela realização
de suas potencialidades. Ainda inseguros, esperando da Universidade o ensino “superior” prometido pelo ordenamento educacional vigente, se deparam
com o mero continuísmo da educação
fundamental e média: programas pré-organizados em períodos e disciplinas,
conteúdos selecionados e estabelecidos
unilateralmente pelos professores ou pela
instituição; são forçados a se ajustarem
a essa estrutura rígida, a ocupar o espaço de uma carteira que lhe é destinada
como objetos da ação educacional da instituição. Devem fazer silêncio, prestar
atenção à “performance” dos professores e memorizar os conteúdos com o
objetivo de responder perguntas nos testes de avaliação. Se tiverem dúvidas (e
coragem), poderão dirigir perguntas ao
alto do púlpito docente, é claro, com o
máximo de propriedade para não serem
ridicularizados por professores ou colegas de classe.
A atividade escolar consiste em
“aulas”, que os alunos “ouvem”,
e algumas vezes tomando notas,
e em exames em que se verificam
o que sabem, por meio de provas
escritas e orais. Marcam-se alguns “trabalhos” para casa e, em
casa, se supõe que o aluno “es-
tuda” o que corresponde em fixar
de memória o quanto lhe tem sido,
oralmente, ensinado nas aulas.
Esta pedagogia podia funcionar
perfeitamente numa escola da Idade Média. ( ANÍSIO TEIXEIRA.
1956, p.230)
Nesse ambiente hostil, castrador,
onde o professor ocupa o palco e os
alunos, a platéia, onde suas liberdades
e autonomias não podem ser exercidas,
suas inteligências são relegadas a segundo plano frente às exigências de memória, suas experiências e criatividade
são solenemente ignoradas e desestimuladas, os estudantes irão viver por
quatro, cinco ou seis anos, o exato período onde deverá ocorrer a consolidação de seus desenvolvimentos psicológicos. Será um tempo decisivo, que
marcará de modo indelével a postura
dos educandos frente aos desafios da
vida cotidiana.
A reação dos alunos a essa situação frustrante será variável, de acordo
com a índole e o grau de amadurecimento
de cada um deles. Alguns, mais imaturos e dependentes, aceitarão passivamente essa realidade, considerando que
a “instituição deve estar certa e as coisas são assim mesmo”. Esses estudantes, uma vez inseridos no processo, terão “sucesso” na vida escolar, boas notas, aprovações, prêmios acadêmicos.
Receberão seus diplomas e só então per-
ceberão a dura realidade de que não estão preparados para o mundo real. Outros, mais seguros de si e no propósito
de defender seus ideais e objetivos, entrarão em conflito com a instituição e com
professores. Rotulados de indisciplinados, serão punidos com faltas, suspensões, reprovações. Dentre esses, uns
poucos saberão superar as dificuldades,
mesmo sem ajuda, e extrair da Universidade, por iniciativa e persistência, aquilo que necessitam para realizar seus objetivos. Alguns outros seguirão a estrutura curricular de forma desinteressada
e irresponsável, desestimulados, chegando ao término de seus cursos em letárgica mediocridade.
Finalmente, muitos estudantes
promissores sucumbirão ao ambiente
inóspito, sentindo-se incapazes por não
conseguir a aprendizagem que esperam
e de que precisam, e sem aceitar abrir
mão de um mínimo de amor próprio para
se enquadrar às regras vigentes. O conflito psicológico resultante pode ser severo, levando em numerosos casos à depressão, abandono do curso e, inclusive, ao suicídio. No dizer de Hoirisch
(1993, p.26), “... o problema vai-se arrastando com grande ansiedade para o
aluno, e eclode alguns períodos adiante
através de episódios de depressão ou até
idéias e tentativas de suicídio diante das
pressões que enfrenta.”
Métodos andragógicos
O
processo
de
ensino/
aprendizagem, do ponto de vista
andragógico, procura tirar o máximo
proveito das características peculiares
dos adultos, discutidas acima, que já se
mostram incipientes nos adolescentes.
Os resultados de todo o processo são
potencializados, atingindo uma aprendizagem mais fácil, profunda, criativa.
Os professores na Andragogia
desempenham um papel diferente daque48
les do ensino clássico. Mais do que ser
um bom orador e conhecer o assunto a
ser ensinado, ele precisa ter habilidade
para lidar com pessoas, orientar, criar
empatia, incentivar, conduzir grupos de
estudos de modo discreto, na direção desejada. O ambiente de atividades andragógicas é diferente daquele da pedagogia clássica. Na disposição física, não há
lugar especial para o professor, que se
posta junto com os alunos, geralmente
dispostos em círculo numa sala ou em
volta de uma mesa de trabalho (circular). O processo é centrado no aluno,
não no professor.
O programa, esboçado pelo professor em linhas genéricas, será discutido, aprofundado, reformulado e finalmente aprovado por todo o grupo de trabalho. Daí em diante, o professor deverá apenas tornar o ambiente propício,
moderar as discussões, evitar desvios
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exagerados, mantendo presentes os objetivos traçados. O tutor andragógico
raramente responde a perguntas, ao contrário, utiliza seus conhecimentos para
produzir outras perguntas que, de modo
indutivo, levem os estudantes a descobrirem, eles próprios, as respostas. Tem
o cuidado, também, de jamais dizer que
o aluno está errado, ferindo sua autoestima. Procura, em vez disso, encontrar algo de certo na resposta do aluno e
reformular suas perguntas de modo a
induzir aproximações sucessivas à resposta correta. Nunca pode ser negligenciado o papel da segurança do aluno no
processo de aprendizagem.
A pessoa sadia interage, espontaneamente, com o ambiente,
através de pensamentos e interesses e se expressa independentemente do nível de conhecimento
que possui. Isto acontece se ela
não for mutilada pelo medo e na
medida em que se sente segura
o suficiente para a interação.
(MASLOW 1972, p.50-51).
Como bem frisado acima, é essencial tirar o máximo proveito da experiência de vida dos alunos. Essa fonte
de aprendizagem deverá ser explorada
exaustivamente através das quatro vias
utilizadas pela consciência humana para
processar as informações experienciais
– sensação, pensamento, emoção e intuição (Carl Jung). Métodos envolvendo
discussões de grupo, exercícios de simulação, aprendizagem baseada em problemas, discussões de casos são comumente utilizadas para atingir esse objetivo. O professor/tutor deverá ter sensibilidade e argúcia suficientes para perceber o clima de cada grupo, quebrar as
inibições, propor discussões e perguntas pontuais que produzam conflitos intelectuais a serem debatidos com mais
vigor e paixão.
O construtivismo encontra num
!
grupo andragógico um terreno fértil. O
método consiste na proposição de tarefas a serem resolvidas ou executadas,
bem como no fornecimento dos meios
para se chegar aos objetivos. Os alunos
deverão trabalhar, segundo suas visões
dos problemas e suas experiências anteriores, na construção de soluções adequadas. Essas soluções nunca serão homogêneas, visto que cada estudante ou
cada grupo toma um caminho diferente,
mas todas serão corretas. Numa discussão final, todo o grupo reunido terá uma
multiplicidade de caminhos para a solução, alargando seus horizontes e seus
paradigmas.1
A aprendizagem baseada em problemas (Problem-Based Learning –
PBL) é um método muito utilizado em
andragogia e que se aplica particularmente bem aos cursos de graduação
profissionalizantes, onde podemos sem
dúvida incluir a Psicologia. Consiste na
narração ou construção de um problema que será posto para o grupo de estudos solucionar. Para essa solução, serão necessários os conhecimentos objetivados pelo momento particular da
aprendizagem em que o problema é inserido. O grupo recebe um prazo para
pesquisar, os meios de pesquisa necessários (biblioteca, acesso à Internet, um
consultor especialista para tirar as dúvidas, responder perguntas). Decorrido o prazo, nova reunião terá lugar para
discussão profunda do problema, em
todos os aspectos envolvidos. Um problema psicológico, por exemplo, será
estudado do ponto de vista fisiológico,
psicanalítico, existencial, humanístico,
behaviorista. O conteúdo a ser discutido não terá fronteira de disciplinas, de
estruturação pedagógica, de séries ou
de períodos.
A avaliação é outro momento especial da andragogia. Fugindo do lugar
comum de premiar ou punir o aluno, reprová-lo ou aprová-lo, através de alguns
testes, meras verificações do condicionamento produzido pelo processo pedagógico (...o aluno será capaz de...), a
avaliação andragógica é contínua, constante, diagnóstica. Visa, a cada momento, detectar falhas (não compreensão de
conceitos, aprofundamento insuficiente
do raciocínio dedutivo ou indutivo na
discussão de problemas, falhas no interesse e participação, etc) de modo que
sejam prontamente corrigidas – utilizando-se desde reforço imediato dos con-
1 É como solicitar de vários arquitetos a construção de casas para famílias de classe média, com dois filhos de sexos diferentes, com garagem e piscina.
Não precisamos dizer que cada arquiteto tomará o material disponível e construirá uma casa diferente das demais, mas que todas atenderão às
necessidades que foram propostas.
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teúdos insatisfatórios, ajustes na programação e na trajetória para os objetivos,
chegando até à assistência psicológica
individual daqueles que não estejam lidando adequadamente com o desenrolar do
processo. As falhas não devem ser pesquisadas apenas no final de períodos,
quando se encontram acumuladas. Então
já não haverá tempo hábil para corrigir
as distorções, que passarão a compor o
patrimônio de experiências do aluno, ou
vão fazê-lo perder todo um período através da reprovação e da repetência.
Os próprios alunos serão envolvidos na avaliação. Serão solicitados a
atribuir honestamente notas uns aos
outros, estimulando a auto-avaliação,
capacidade importantíssima para o
aprendiz, no futuro, já fora da Universidade, que lhe permitirá perceber de imediato o momento em que seu desempenho se torne insatisfatório, levando-o a
buscar atualização de seus conhecimentos através da educação continuada.
Conclusão
C
onsiderando as informações, opiniões, conceitos e análises levantadas
dos documentos e fontes pesquisadas,
bem como experiências pessoais como
alunos recém-inseridos no contexto do
ensino superior, infere-se que a organização e a estrutura pedagógicas clássicas, ainda hoje utilizadas em algumas Universidades, são inadequadas para a realidade do conhecimento humano atual.
O mundo da cultura – aquele produzido a partir da ação humana –, cresce
rapidamente; o conhecimento existente
duplica a cada 5 anos e tende a crescer
em velocidades progressivamente maiores. As ciências naturais e aplicadas evoluem exponencialmente, tornando impossível a inclusão de todo o conhecimento
existente em programas educacionais. Um
programa construído hoje se encontra
incompleto e defasado no próximo semestre. Os cursos não podem ser cada vez
mais estendidos em duração para comportar os conhecimentos novos.
A solução para a Educação Universitária neste início de século XXI é a
educação permanente, a educação conti50
nuada, a andragogia. Os alunos precisam
aprender do modo mais rápido e eficiente, precisam dominar os conhecimentos
básicos ou clássicos a partir dos quais
estão se desenvolvendo as pesquisas e a
construção de novas informações e, sobretudo, precisam aprender a aprender,
para que possam, durante toda vida, independentes da Universidade, continuar
construindo o seu saber, e se manterem
atualizados e capazes de desenvolver a
contento o seu papel na sociedade.
O maior inconveniente da pedagogia clássica é limitar os alunos ao tamanho da Instituição ou de seus professores. Imagine-se o que seria do mundo
cultural se nenhum aluno tivesse crescido
além de Sócrates, Platão ou Aristóteles.
A pedagogia clássica ofusca a inteligência em favor da memória, condiciona os
alunos a repetir o conhecimento existente, desestimula a criatividade por absoluta falta de espaço e de incentivo.
A ANDRAGOGIA propõe uma
educação baseada na liberdade, nos moldes concebidos por Carl Rogers, na educação por toda a vida como preconizado
por Furter, no aproveitamento das experiências vivenciais dos adultos, tão valorizadas por Knowles. Por ser direcionada
ao aproveitamento das faculdades psicológicas específicas dos adolescentes e
adultos, possibilita uma convivência mais
harmônica entre estudantes e professores, e estudantes entre si, reduzindo as
tensões emocionais e evitando os desequilíbrios que levam a estados psicológicos preocupantes, tão freqüentes que induziram a Unesco a sugerir a criação de
unidades de apoio psicopedagógico em
todas as Instituições de Ensino Superior.
Embora não tenha se firmado ainda como ciência diversa da Pedagogia,
o termo ANDRAGOGIA continua sendo o mais apropriado e expressivo para
denominar as novas filosofias e técnicas
voltadas para a educação de adultos.
Sua utilização será importante para uma
maior assimilação e disseminação de
seus princípios e do “estado da arte”
dessa ciência entre estudantes e profissionais envolvidos na Educação Universitária e em outras formas de educação
de adultos.
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