O que é
alfabetização ?
( PARECE DESNECESSÁRIO)
Qualquer pessoa responderia que
alfabetizar corresponde à ação de
ensinar a ler e a escrever
O que é
LER
e
ESCREVER ?
A alfabetização considerada como o ensino
das habilidades de “codificação” e
“decodificação” foi transposta para a sala de
aula, no final do século XIX, mediante a
criação de diferentes métodos de
alfabetização
Métodos sintéticos (silábicos ou fônicos)
X
Métodos analíticos (global)
que padronizaram a aprendizagem da leitura e da
escrita
As cartilhas relacionadas a esses métodos
passaram a ser amplamente utilizadas como livro
didático para o ensino nessa área.
Graciliano Ramos, em seu livro
autobiográfico Infância,
lembra que se alfabetizou – ainda no final
do século XIX, início do século XX –
através da carta do ABC
Respirei, meti-me na soletração, guiado por Mocinha.
Gaguejei sílabas um mês. No fim da carta elas se
reuniam, formavam sentenças graves, arrevesadas, que
me atordoavam. Eu não lia direito, mas, arfando
penosamente, conseguia mastigar os conceitos sisudos:
“A preguiça é a chave da pobreza – Quem não ouve
conselhos raras vezes acerta – Fala pouco
e bem: ter-te-ão por alguém. Esse Terteão para mim era
um homem, e não pude saber que fazia ele na página
final da carta. – Mocinha, quem é Terteão? Mocinha
estranhou a pergunta. Não havia pensado que Terteão
fosse homem. Talvez fosse. Mocinha confessou
honestamente que não conhecia Terteão. E eu fiquei
triste, remoendo a promessa de meu pai, aguardando
novas decepções.
A partir da década de 1980, o ensino da
leitura
e
da
escrita
centrado
no
desenvolvimento das referidas habilidades,
desenvolvido
com
o
apoio
de
material
pedagógico que priorizava a memorização de
sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas,
passou a ser amplamente criticado.

No
campo
da
Psicologia,
foram
muito
importantes as contribuições dos estudos
sobre
a
psicogênese
da
língua
escrita,
desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana
Teberosky (1984).
Rompendo com a concepção de língua escrita
como código
Nos últimos vinte anos, principalmente a partir
da década de 1990, o conceito de
alfabetização passou a ser vinculado
a outro fenômeno: o letramento.

Esse mesmo termo é definido no Dicionário
Houaiss (2001)
“como um conjunto de práticas que denotam a
capacidade de uso de diferentes tipos de
material escrito”.

No Brasil, o termo letramento não substituiu
a
palavra
alfabetização,
associada a ela.
mas
aparece
“alfabetizar e letrar são duas ações distintas,
mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal
seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a
ler e escrever no contexto das práticas sociais
da leitura e da escrita, de modo que o
indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo,
alfabetizado e letrado” (p. 47).
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica,
1998.
Para a formação de leitores e escritores
competentes, é importante a interação com
diferentes gêneros textuais, com base em
contextos diversificados de comunicação.
ESCOLA

criando atividades em que os alunos sejam
solicitados a ler e produzir diferentes textos;
que os alunos desenvolvam autonomia para ler e
escrever seus próprios textos;
que as crianças se apropriem do sistema de escrita
alfabético, e essa apropriação não se dá, pelo
menos para a maioria das pessoas,
espontaneamente, valendo-se do contato com
textos diversos.

um trabalho sistemático de reflexão sobre o
sistema de escrita alfabético não pode ser
feito apenas através da leitura e da produção
de textos.

o desenvolvimento de um ensino no nível da
palavra, que leve o aluno a perceber que o
que a escrita representa (nota no papel) é sua
pauta sonora, e não o seu significado, e que
o faz através da relação fonema/grafema.
Diariamente
 uma reflexão sobre suas propriedades:
quantidade de letras e sílabas, ordem e
posição das letras, etc.
 a comparação entre palavras quanto à
quantidade de letras e sílabas e à presença de
letras e sílabas iguais;
a exploração de rimas e aliteração (palavras que
possuem o mesmo som em distintas posições
(inicial e final, por exemplo)
Essas atividades de reflexão sobre as palavras
podem estar inseridas na leitura e na
produção de textos, uma vez que são muitos
os gêneros que favorecem esse trabalho,
como os poemas, as parlendas, as cantigas,
etc
O que são gêneros?

Podemos dizer que os gêneros são formas
culturais e cognitivas de ação social,
estabilizadas
ao
longo
da
história,
corporificadas de modo particular na
linguagem,
caracterizadas
pela
função
sociocomunicativa que preenchem (BAKHTIN,
2000; MARCUSCHI, 2000, 2002).

Assim, na escola, seria um equívoco trabalhar
com os gêneros como se fossem “moldes”
prontos, que o aluno só teria de “preencher”,
sem levar em conta a situação de interação.

Em sociedade, são múltiplos e diversificados
os usos da leitura. Lê-se para conhecer. Lêse para ficar informado. Lê-se para aprimorar
a sensibilidade estética. Lê-se para fantasiar
e imaginar. Lê-se para resolver problemas. E
lê-se também para criticar e, dessa forma,
desenvolver posicionamento diante dos fatos
e das idéias que circulam através dos textos
(SILVA, 1998, p. 27).

Em sociedade, são múltiplos e diversificados
os gêneros que lemos, escrevemos,
falamos/dizemos e ouvimos

A escola deve, portanto, proporcionar aos alunos
o contato com uma grande diversidade de
gêneros orais e escritos, abrangendo várias
esferas de circulação: a familiar ou pessoal –
cartas pessoais, bilhetes, diários, e-mails
pessoais, listas de compras, etc. –; a literária –
fábulas, contos, lendas da tradição oral, peças
teatrais, poemas, romances, crônicas, contos de
fadas, poemas de cordel, etc. –; a midiática –
notícias, reportagens, anúncios publicitários,
charges, cartas do leitor, artigos de opinião....

Por isso, não é preciso esperar que a criança
esteja alfabetizada para deixá-la entrar em
contato com textos dos mais diversos
gêneros. Este é, a propósito, o princípio
básico da proposta de alfabetizar letrando: a
apropriação do sistema de escrita e a
inserção nas práticas de leitura e escrita se
dariam de forma simultânea e complementar.

A resposta seria um “claro que sim”,
justificado pelo fato de que os gêneros nos
são inescapáveis: sempre que falamos e
escrevemos, fazemos isso por meio de
gêneros; e sempre que ouvimos ou lemos,
ouvimos gêneros orais (conversas, palestras,
entrevistas, anúncios radiofônicos, novelas de
tevê, discussões, etc.), e lemos gêneros
escritos (bulas, receitas, poemas, notícias,
avisos, entrevistas, etc.).

A resposta seria “em todas as práticas de
leitura e de escrita”, além das práticas orais
que envolvem a escrita, de alguma maneira,
como no caso das apresentações orais que
tiveram a escrita como base ou da contação
de histórias que já foram registradas na
tradição escrita.
A ESCOLA É OBRIGATÓRIA....
PORTANTO,
TEM PAPEL RELEVANTE EM SUA FORMAÇÃO
COMO
DIREITO
• O direito à Educação Básica é garantido a
todos os brasileiros e, segundo prevê a Lei
9.394, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional,
“tem por finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe
a
formação
comum
indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores” (Art. 22)
Dentre outros direitos, é prioritário o ensino da
leitura e escrita, tal como previsto no artigo 32:
• Art. 32. O ensino fundamental obrigatório,
com duração de 9 (nove) anos, gratuito na
escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos
de idade, terá por objetivo a formação básica
do cidadão, mediante:
I- o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
escrita e do cálculo;
II- a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que
se fundamenta a sociedade;
III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e
habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que
se assenta a vida social.
Para atender às exigências previstas nas
Diretrizes, torna-se necessário delimitar os
diferentes conhecimentos e as capacidades
básicas que estão subjacentes aos direitos
LEITURA
ANO 1 ANO 2 ANO 3
Ler textos não-verbais, em diferentes suportes.
Ler textos (poemas, canções, tirinhas, textos de tradição
oral,dentre outros), com autonomia.
Compreender textos lidos por outras pessoas, de
diferentes gêneros e com diferentes propósitos.
Antecipar sentidos e ativar conhecimentos prévios relativos
aos textos a serem lidos pelo professor ou pelas crianças.
I/A
I/A
A/C
A/C
A/C
C
I/A
A/C
A/C
I/A
A/C
A/C
Reconhecer finalidades de textos lidos pelo professor ou
pelas crianças.
ler em voz alta, com fluência, em diferentes situações.
I/A
A/C
A/C
I
A
C
Localizar informações explícitas em textos de diferentes
gêneros, temáticas, lidos pelo professor ou outro leitor
experiente.
Localizar informações explícitas em textos de diferentes
gêneros, temáticas, lidos com autonomia.
I/A
A/C
C
I
A/C
A/C
Realizar inferências em textos de diferentes gêneros e
temáticas, lidos pelo professor ou outro leitor experiente.
I/A
A/C
A/C
Realizar inferências em textos de diferentes gêneros e
temáticas,lidos com autonomia.
Estabelecer relações lógicas entre partes de textos de
diferentes gêneros e temáticas, lidos pelo professor ou outro
leitor experiente
Estabelecer relações lógicas entre partes de textos de
diferentes gêneros e temáticas, lidos com autonomia.
Apreender assuntos/temas tratados em textos de diferentes
gêneros, lidos pelo professor ou outro leitor experiente.
Apreender assuntos/temas tratados em textos de diferentes
gêneros, lidos com autonomia.
Interpretar frases e expressões em textos de diferentes
gêneros e temáticas, lidos pelo professor ou outro leitor
experiente.
Interpretar frases e expressões em textos de diferentes
gêneros e temáticas, lidos com autonomia.
Estabelecer relação de intertextualidade entre textos.
Relacionar textos verbais e não-verbais, construindo
sentidos.
Saber procurar no dicionário os significados das palavras e
a acepção mais adequada ao contexto de uso.
I
I/A
A/C
I/A
A/C
A/C
I
A
A/C
I/A
A/C
C
I
A
A/C
I/A
A/C
A/C
I/A
A/C
A/C
I
I/A
I/A
A/C
C
A/C
I
A
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Conceituando alfabetização e letramento