UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação de Recursos Naturais Eveline Aparecida Feliciano Orientadora: Profa. Dra. Fátima R. G. Salimena Material apresentado a disciplina de “Estágio em Docência” Complementação da aula prática ministrada na disciplina de Fanerógamas do curso de Ciências Biológicas da UFJF EUDICOTILEDÔNEAS ASTERÍDEAS EUASTERÍDEAS I EUASTERÍDEAS II SINAPOMORFIA DO GRUPO Corolas gamopétalas; Androceu isostêmone ou oligostêmone; Gineceu sincárpico; Corolas zigomórficas em muitas famílias associadas com mecanismos de polinização especializados; Ocorrência de iridóides, alcalóides, acetilenos e lactonas sesquiterpênicas contra herbivoria. Principais ordens com suas principais famílias estudadas em aula: EUASTERÍDEAS I Gentianales Rubiaceae Apocynaceae Lamiales Verbenaceae Lamiaceae Solanales Solanaceae Convolvulaceae EUASTERÍDEAS II Asterales Asteraceae Cladograma segundo Judd et al., 1999 EUASTERÍDEAS I ORDEM GENTIANALES Possui cerca de 5 famílias e cerca de 14200 espécies. As 5 famílias são muito bem representadas no Brasil. Características em comum da Ordem Gentianales Folhas opostas ou verticiladas; Estípulas presentes ou reduzidas a linha estipular; Pêlos glandulares (coleteres) na face abaxial das estípulas ou na base dos pecíolos; Corola gamopétala actinomorfa; Endosperma nuclear; Algumas famílias apresentam floema intra-xilemático e alcalóides e iridóides ou ambos. GENTIANALES RUBIACEAE, A. L. de Jussieu É a família mais importante da ordem com cerca de 550 gêneros e 9000 espécies. No Brasil ocorrem cerca de 130 gêneros com cerca de 1500 spp. Em nossa flora ocorre em quase todas as formações naturais. Possui distribuição cosmopolita, concentrada nos trópicos. RUBIACEAE São ervas, subarbustos, arbustos ou árvores, menos frequentemente lianas. Folhas opostas, menos frequentemente verticiladas, simples, quase sempre com estípulas interpeciolares. RUBIACEAE Inflorescência geralmente cimosa, às vezes formando glomérulo ou reduzida a uma única flor. RUBIACEAE Flores diclamídeas, cálice 4-5 mero. Disco nectarífero presente ou não. Isostêmone, anteras rimosas. Coffea arabica Ovário ínfero 2(-5)-carpelar; (1-)2(-5)-locular. Fruto cápsula, esquizocarpo, drupa ou baga. GENTIANALES APOCYNACEAE A. L. de Jussieu A família inclui aproximadamente 400 gêneros e 3700 espécies. No Brasil ocorrem cerca de 90 gêneros e 850 espécies. Possui distribuição predominantemente pantropical, mas com representantes também na zona temperada. A monofilia da família só se deve com a inclusão de Asclepiadaceae, famílias intimamente relacionadas. APOCYNACEAE Flor em corte longitudinal, estames inclusos. Diclamídeas, corola actinomorfa ou ligeiramente zigomorfa. Gineceu com ovário súpero, dialicarpelar, bicarpelar, 1-2 lóculos. Diagrama floral. Estame apendiculado. Fruto apocárpico com 2 frutículos. Sementes. APOCYNACEAE A família apresenta ervas, arbustos, árvores e lianas, geralmente latescentes. Com folhas opostas ou verticiladas, sem estípulas; inflorescências racemosas ou cimosas às vezes uniflora. Muitas espécies são cultivadas como ornamentais. Outras espécies são árvores fornecedoras de madeira de boa qualidade. ORDEM LAMIALES As Lamiales são um grupo bem representado no Brasil, sendo que das 23 famílias da ordem, 14 ocorrem aqui. SINAPOMORFIAS DO GRUPO Corola zigomorfa, geralmente bilabiada; Androceu oligostêmone; Presença de iridóides como defesa química; Especialização na polinização por insetos particulares e aves. LAMIALES LAMIACEAE, Lindley Lamiaceae possui distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 300 gêneros e 7500 espécies, no Brasil ocorrem 26 gêneros e cerca de 350 espécies. LAMIACEAE São ervas ou arbustos, incomum árvores, comumente aromáticos, com ramos geralmente quadrangulares. Folhas opostas ou menos frequentemente verticiladas ou alternas, simples, raramente compostas, sem estípulas, margem serreada. Fruto baga ou esquizocarpo. LAMIACEAE Flores zigomorfas, diclamídeas. Ovário súpero, bicarpelar, bilocular ou tetralocular pelo desenvolvimento de um falso septo, estilete ginobásico; 2 óvulos por carpelo. Inflorescência geralmente cimosa, congesta. Cálice pentâmero, gamossépalo, persistente na frutificação. LAMIALES VERBENACEAE, Jaume St.-Hilaire Nesta família estão incluídas cerca de 36 gêneros e 1000 espécies. No Brasil ocorrem 17 gêneros com 250 espécies. Possui distribuição pantropical, mas principalmente neotropical. Nos cerrados e campos rupestres brasileiros são bastante comuns espécies de Lippia e Stachytarpheta. VERBENACEAE Folhas opostas, raramente verticiladas, simples, sem estípulas, margem geralmente serreada. Flores zigomorfas, diclamídeas; cálice pentâmero, gamossépalo, geralmente persistente na frutificação. VERBENACEAE Inflorescência racemosa. Corola pentâmera gamopétala, bilabiada. Ovário súpero, bicarpelar, bilocular ou tetralocular pelo desenvolvimento de um falso septo; estilete terminal; 2 óvulos por carpelo. Fruto drupa ou esquizocarpo. LAMIALES Estudos recentes em filogenia evidenciaram que Lamiaceae apenas formaria um grupo monofilético com a inclusão de alguns gêneros da família Verbenaceae, os quais apresentam estilete terminal. Característica utilizada anteriormente para separar as duas famílias. Com isto, ampliou-se a circunscrição e o número de gêneros em Lamiaceae. Agora Lamiaceae poderá ser distinta de Verbenaceae por possuir inflorescência cimosa e pólen com exina não espessada próximo à abertura. ORDEM SOLANALES Possui cerca de 5 famílias, das quais 4 ocorrem no Brasil. Caracterizam-se pelas: Folhas alternas; Flores actinomorfas, pentâmeras; Isostêmones; Ovário súpero geralmente 2carpelar; Maioria das famílias apresentam floema interno; Nesta ordem não ocorrem iridóides. SOLANALES SOLANACEAE, A. L. de Jussieu Possui distribuição cosmopolita, concentrada na região neotropical, incluindo cerca de 150 gêneros e 3000 espécies. No Brasil ocorrem 32 gêneros e 350 espécies. SOLANACEAE Ervas a árvores com óvulos relativamente numerosos, sem látex, e com alcalóides que podem ser muito tóxicos. Anteras com deiscência poricida ou rimosa. Corola gamopétala, pentâmera. SOLANACEAE Flores actinomorfas, diclamídeas. Cálice pentâmero, gamossépalo. Inflorescência cimosa, às vezes reduzida a uma única flor. Ovário súpero, bicarpelar, bilocular, raramente tetralocular. Diagrama floral. Sementes. Estilete terminal. SOLANACEAE Fruto baga ou cápsula Muitas espécies são utilizadas para a alimentação humana Algumas espécies são tóxicas Outras são invasoras de culturas SOLANALES SOLANALES CONVOLVULACEAE, A. L. de Jussieu Possui distribuição cosmopolita, incluindo cerca de 50 gêneros e 2000 espécies. No Brasil ocorrem 18 gêneros e 300 espécies. São ervas ou subarbustos ou mais frequentemente lianas sem gavinhas. Raramente holoparasitas afilas ou árvores ou arbustos, às vezes latescentes. Possuem folhas alternas, simples, sem estípulas, margem inteira. CONVOLVULACEAE Cálice (3-)5-mero, dialissépalo ou raramente gamossépalo. Flores actinomorfas, diclamídeas. Estames isostêmones, heterodínamos, anteras rimosas. Diagrama floral. Ovário súpero 2carpelar, 2-locular, raramente tetralocular ou unilocular, com 1 a 2 óvulos por lóculo. Corola (3-)5-mera, gamopétala, com estrias evidentes no centro de cada pétala. CONVOLVULACEAE As Convolvulaceae são muito comuns como lianas de bordas de florestas, principalmente espécies de Ipomoea, Evolvulus, Jacquemontia e Merremia. Apresentam fruto do tipo cápsula. Convolvulaceae é uma família monofilética, conforme tem sido evidenciado em trabalhos recentes, desde que seja incluído o gênero Cuscuta considerado como constituindo uma família à parte Cuscutaceae. EUASTERÍDEAS II ORDEM ASTERALES Possui 11 famílias e cerca de 25000 espécies. Características: Tegumento único, parede do megasporângio fina; Flores simpétalas, isostêmone; Estames proximamente associados a completamente adnatos; Estilete alongado para apresentar pólen ao visitante; Reserva de inulina, presença de ácidos elágicos; Polinização especializada; Monofilia também é suportada por sítios de restrição de cpDNA, e seqüência de rbcL e atpB. ASTERALES ASTERACEAE, Dumortier É a maior família das Eudicotiledôneas com cerca de 1600 gêneros e 23000 espécies. No Brasil a família está bem representada com 300 gêneros e 2000 espécies. Tem distribuição cosmopolita e hábitos e folhas extremamente variados, mas são principalmente ervas de formações abertas. Asteraceae tem sido tradicionalmente reconhecida como um grupo natural e os trabalhos recentes em filogenia confirmam este fato. ASTERACEAE Inflorescência do tipo capítulo. Flores tubulosas, pentâmeras. Flores liguladas. Cálice modificado “pappus”. Brácteas involucrais. Ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, com 1 óvulo. ASTERACEAE Apresentam inulina como carboidrato de reserva, e um conjunto de armas químicas como as lactonas sesquiterpênicas, acetilenos, canais laticíferos e resiníferos, contra a herbivoria. Pólen tricelular. Fruto geralmente do tipo aquênio, com “pappus” geralmente persistente, auxiliando na dispersão pelo vento ou animais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HEYWOOD, V. H. 1993. Flowering Plants of the World. Updated Edition. Oxford Univ. Press, New York. 336 p. JOLY, A. B. 1977. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. São Paulo. 4ª edição. Companhia Editora Nacional. 776 p. JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOGG, E. A. & STEVENS, P. F. 1999. Plant Systematics: A Phylogenetic Approach. Sinauer Associates, Inc. Sunderland, M.A USA. 466 p. PIRANI, J. R. B.; MELLO-SILVA, R. & TAKEO SANO, P. 2000. Apostila: Taxonomia de Fanerógamas. Instituto de Biociências, Departamento de Botânica, Universidade de São Paulo. 125 p. SOUZA, V. C. & LORENZI, H. 2005. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 640 p.